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Ferramentas BIM em Gestão de Projetos

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AULA 2 
FERRAMENTAS BIM EM 
GESTÃO DE PROJETOS
Prof. Norimar Ferraro 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Em uma época de mudanças drásticas, são os que têm capacidade de 
aprender que herdarão o futuro. Quanto aos que já aprenderam e se 
julgam cultos, estes se descobrirão equipados para viver em um mundo 
que não existe mais. (Eric Hoffer) 
Nesta aula poderemos compreender com mais propriedade os conceitos 
mais importantes da tecnologia BIM. Entenderemos de que forma ela se insere 
em todo o ciclo de vida de uma edificação e como os profissionais a utilizam. Será 
vista também a importância do trabalho colaborativo, um dos principais 
diferenciais dos sistemas BIM. 
BIM é uma abreviação do termo Building Information Modelling, cuja 
tradução seria “modelagem da informação da construção”, o que não nos permite 
entender com precisão a que exatamente ela se refere. Trata-se de um termo que 
serve mais para denominação de tecnologia. Para uma compreensão mais 
profunda, devemos entender as diversas implicações de seu uso em relação ao 
processo de projeto, construção e uso de uma edificação. Este é o conteúdo que 
será visto nesta aula. 
TEMA 1 – O QUE NÃO É TECNOLOGIA BIM 
Se analisarmos a definição da tecnologia BIM, dentre os mais diversos 
autores, é difícil sua compreensão. Não se pode ter uma precisa noção, 
justamente por se tratar de um processo e não exatamente um mero software que 
realiza diversas funções. Suas definições tentam descrevê-la de forma sintética, 
quando na verdade é necessária uma análise de como ela se aplica nas diversas 
etapas do ciclo de vida das edificações. 
Dentre as definições existentes, uma delas (BIM..., 2019) descreve o BIM 
como 
um conjunto de políticas, processos e tecnologias que, combinados, 
geram uma metodologia para gerenciar o processo de projetar uma 
edificação ou instalação e ensaiar seu desempenho, gerenciar as suas 
informações e dados, utilizando plataformas digitais (baseadas em 
objetos virtuais), através de todo seu ciclo de vida. 
Pode-se perceber que, ao entender o sentido das palavras, uma série de 
dúvidas e outras definições se tornam necessárias para sua compreensão. Assim 
sendo, iniciaremos a sua descrição, entendendo primeiro o que não é tecnologia 
BIM. Isso possibilita, de maneira mais clara, a diferenciação dos sistemas de 
 
 
3 
softwares em uso, como o CAD, que gerenciam e trabalham informações de modo 
restrito. 
Como um primeiro aspecto, devemos entender que nem tudo que é 3D é 
BIM, mas, se for BIM, tem que necessariamente ser 3D. Isso porque muitos 
softwares possuem uma ampla capacidade de modelagem, inclusive com 
denominações de elementos construtivos, porém não vão além da simples 
geometria e identificação dos objetos. São bons para a visualização da edificação, 
mas não servem para as análises, simulações do objeto, ou mesmo a integração 
dos dados do projeto, condição fundamental para a tecnologia BIM. 
Existem alguns softwares que utilizam múltiplas referências 2D do projeto 
e emulam modelos tridimensionais, porém, não permitem a extração automática 
de quantidades, nem é possível analisar ou simular com base nesse modelo 
virtual, não se encaixando também no conceito BIM. 
Como visto anteriormente, a parametrização é um conceito de grande 
importância para a tecnologia BIM. Existem no mercado alguns softwares que são 
capazes de realizar projetos nas diferentes disciplinas (arquitetura/ estruturas/ 
instalações), mas cujos objetos ou elementos geométricos não têm a capacidade 
paramétrica de modificá-los de forma inteligente. Isso faz com que seu uso seja 
bastante demorado, quando as alterações se tornam necessárias. As 
incompatibilidades e inconsistências dos projetos também não são facilmente 
detectadas. Eastman (2011) acrescenta, no caso de parametrização, que um 
sistema que não tem suporte para comportamento não seria uma tecnologia BIM. 
Em outras palavras, um software que não permite que seus objetos possam ser 
ajustados em suas dimensões ou posicionamento no modelo não utilizaria a 
inteligência paramétrica. No caso citado antes, no capítulo da parametrização, no 
qual a janela seria inserida somente numa parede, devemos levar em conta que 
a altura do peitoril da janela está referente ao objeto parede. Assim, a alteração 
da informação referente à sua dimensão altera os dois objetos simultaneamente. 
Outro conceito importante é a atualização automática de todos os desenhos 
e tabelas de dados extraídos do projeto, para cada alteração que seja necessária. 
Sem isso, a verificação de incompatibilidades e a revisão do projeto pode ser 
precária, se não houver extremo cuidado, durante o processo, de acompanhar 
todas as interferências. 
As soluções BIM utilizam, além do modelo virtual da edificação e suas 
vistas geométricas, tabelas e planilhas que traduzem as informações numéricas 
 
 
4 
das geometrias e propriedades dos elementos construtivos. Essas tabelas devem 
obrigatoriamente se atualizar nos sistemas BIM, quando feitas alterações em sua 
geometria e vice-versa. Uma alteração no valor da tabela também altera a 
geometria. Sendo assim, as soluções 3D que não atuam como gestores de 
bancos de dados integrados não são BIM. 
Nos temas subsequentes veremos duas características de grande 
importância na tecnologia BIM, a saber: modelo compartilhado e trabalho 
colaborativo. Isso significa que o modelo 3D BIM deve permitir que vários 
profissionais trabalhem simultaneamente no mesmo objeto, como também que 
exista a interação deles durante o processo. 
Nesta aula veremos também os diferentes ciclos de vida de uma edificação, 
desde a concepção até seu uso. Por definição, o BIM deve atuar em todas as 
suas fases, e as soluções que não as contemplam não podem ser 
consideradas BIM. 
Como conclusão do tema, podemos definir, de forma básica, uma solução 
BIM, aquela que possui um modelo 3D compartilhado, contendo informações 
igualmente compartilhadas e manipuladas. Deve permitir um trabalho colaborativo 
dentre os diferentes ciclos de vida da edificação. Suas informações devem 
também ser armazenadas e atualizadas de forma automática, podendo ser 
exportadas para diferentes softwares e bancos de dados. 
TEMA 2 – O MODELO BIM (MODELO FEDERADO) 
Anteriormente citamos que os sistemas CAD até então utilizados 
trabalhariam com o projeto como representação gráfica e que os profissionais 
envolvidos trabalhariam de forma isolada; nestes, as informações são meramente 
coletadas, desenhadas e distribuídas entre os projetistas, num intenso fluxo de 
informações. Isso torna o processo de compatibilização das interferências um 
trabalho de extremo cuidado e propenso a problemas na construção, quando 
ausente ou feito de forma parcial ou deficiente. 
Na seguinte ilustração podemos entender o fluxo de informações 
comparativas entre os sistemas de projetos antes do BIM (modelo não 
compartilhado) e o modelo BIM (compartilhado ou federado): 
 
 
 
5 
Figura 1 – Comparação entre modelo tradicional de projetos e modelo 
compartilhado 
 
Fonte: CBIC, 2016 
Percebe-se, na imagem à esquerda, a necessidade de troca intensa de 
informações entre diferentes atores do trabalho projetual. Nesse modelo, toda e 
qualquer alteração no projeto deve ser compartilhada entre os diferentes atores, 
a fim de que não haja incompatibilidades ou erros de projeto. Erros e omissões 
nos documentos impressos ou digitais compartilhados levam frequentemente a 
problemas na execução da obra e também a disputas judiciais. 
Por outro lado, no modelo BIM denominado compartilhado ou federado, 
todos os atores trabalham em um mesmo modelo tridimensional virtual, 
possibilitando, assim, a divisão do trabalho e a percepção imediata das alterações 
em qualquer disciplina. 
Historicamente, o BIM se desenvolveu em algumas fases definidas: o BIM 
1.0, a fase mais antiga na qual o modelo virtual era desenvolvido em uma 
plataforma,com atualização automática de desenhos, vistas etc., sem, contudo, 
ter a participação de diferentes profissionais em um modelo compartilhado. O BIM 
2.0, que passou a integrar esses profissionais em um modelo compartilhado, 
inclusive incluindo informações relativas ao cronograma e custos, tendo, porém, 
problemas na interoperabilidade (a ser vista em breve), que trata do intercâmbio 
das informações entre diferentes softwares. A fase atual, BIM 3.0, evoluiu para a 
integração de todos os agentes envolvidos no empreendimento e resolve a 
 
 
6 
questão de interoperabilidade por meio de protocolos IFC (Industry information 
classes), também explicados em breve. 
Com base nessas definições citadas, entende-se o grau de maturidade que 
as empresas possuem em relação ao uso do BIM. A migração para os sistemas 
BIM não é de modo algum isenta de dificuldades. Por isso, no início da transição, 
muitas empresas se limitam a trabalhar dentre os modelos BIM 1.0, e uma 
empresa que atua nessa condição se diz trabalhar em BIM nível 1. Somente após 
adquirirem experiência com as ferramentas e realizarem o treinamento da equipe, 
sentem-se seguras para avançar em modelos BIM 2 e 3.0, ou níveis 2 e 3. 
A dificuldade de se trabalhar em um modelo compartilhado é a de que todos 
os profissionais envolvidos devem, sobretudo, ter plena capacitação de trabalho 
com os softwares, a fim de promover um trabalho produtivo. Segundo, deve-se 
definir de modo antecipado a qualidade de informações e modelagem dos 
modelos compartilhados (LOD – level of development), a ser visto posteriormente. 
É preciso garantir que informações e a que nível de detalhe serão compartilhadas. 
Por último, deve haver uma gerência do projeto como um todo, responsável pela 
definição da qualidade e do fluxo de trabalho BIM. 
TEMA 3 – O TRABALHO COLABORATIVO 
O trabalho colaborativo é com certeza um dos pontos mais importantes e 
salientados sobre as vantagens do BIM, tanto em livros como palestras. A 
indústria da construção civil é caracterizada pelo fato do processo de projeto e 
construção raramente ser feito dentro de uma mesma empresa. Isso implica na 
troca de informações e consequentemente em diferenças de metodologias e 
velocidade de trabalho, bem como sua qualidade. 
O projeto tradicional em CAD não facilitava a integração dos agentes 
envolvidos nos projetos e obra, o que, de certa forma, representava um esforço 
maior, tornando o trabalho mais moroso e complexo. Mesmo com o surgimento 
de softwares 3D mais “inteligentes”, a integração dos diversos agentes ainda era 
inócua e deficiente. Apenas com o surgimento do BIM foi possível o trabalho 
colaborativo em um modelo único e virtual. 
Nos modelos compartilhados iniciais, a troca de informações do modelo 
virtual era feita de “mão única”, em que as informações se originavam em uma 
disciplina (arquitetura, por exemplo) e as demais só conseguiriam importá-las. 
Somente a partir da criação das IFC, classes ou famílias que definem o modelo 
 
 
7 
virtual, é que foi possível passar-se para um modelo compartilhado inteligente o 
suficiente para proporcionar sua interoperabilidade, e assim o trabalho 
colaborativo mais eficiente. Foi possível, com esse avanço, o trabalho de troca de 
informações em “mão dupla”. 
Porém, o trabalho colaborativo envolve a questão da troca de informações 
e a confiança decorrente dela. É sabido que as empresas de projeto e construção 
desenvolvem, há tempos, objetos e templates próprios, a fim de otimizar seu 
trabalho de produção de projetos. Mesmo na era do uso do CAD, os escritórios 
desenvolviam blocos de desenho próprios, que implicavam em custo de produção. 
O mesmo ocorre com os modelos BIM, nos quais há objetos e “famílias” próprias, 
desenvolvidas com a experiência e custo das empresas. Por isso, só se pode 
pensar em trabalho colaborativo que seja de modo totalmente “integrado”. 
Informações, famílias e componentes seriam armazenados em um servidor único, 
ou mesmo na “nuvem”, que supririam todos os modelos multidisciplinares e a troca 
justa de dados e informações. Não obstante, é um processo irreversível na 
construção civil e as empresas ou se adaptarão ou serão extintas. 
Talvez você esteja perguntando, mas como funciona, na prática, esse 
trabalho colaborativo dentro do software? Como citado, no trabalho colaborativo, 
o modelo federado ou compartilhado é acessado por meio de um servidor central. 
Esse modelo é também chamado modelo central. Com base nele, outros 
submodelos virtuais do projeto são criados e dependentes do modelo central. 
Podem estar armazenados dentro da rede de um escritório, ou em uma rede 
externa ou “nuvem”. Isso permite o trabalho integrado com profissionais de 
diferentes localidades em uma cidade e até mesmo em outros países. Um projeto 
sendo elaborado no Brasil pode ter colaboradores situados na Austrália, por 
exemplo. 
No início do trabalho, um escritório cria o modelo central e, após isso, 
distribui o modelo para outros profissionais, que terão permissões totais ou 
parciais de interferir no modelo central. Essas permissões podem se referir, por 
exemplo, ao trabalho em um pavimento específico ou a uma parte das instalações, 
como hidráulica ou elétrica. No software Revit, a designação das partes a serem 
trabalhadas são denominadas worksets, como ilustrado na Figura 2: 
 
 
 
8 
Figura 2 – Organização de compartilhamento do modelo central BIM 
 
Fonte: Campos Netto, 2016 
A criação dos worksets permite a coordenação entre os vários membros da 
equipe, que podem alterar o modelo central somente mediante à solicitação de 
permissões. Os worksets são flexíveis e permitem diferentes organizações de 
projetos e colaboração, dependendo da complexidade do projeto e da intenção do 
seu coordenador. 
TEMA 4 – OS SISTEMAS BIM E O CICLO DE VIDA DO EMPREENDIMENTO 
Temos visto, até aqui, que os sistemas BIM não são meramente uma 
ferramenta de substituição ao CAD, que basicamente é utilizado apenas em 
projetos. O BIM atuaria em todo o ciclo de vida de um empreendimento, desde a 
sua concepção à sua utilização. Iremos descrever nesse tema, com mais 
precisão, quais são as fases de um empreendimento. 
Numa descrição mais ampla, uma edificação possui três fases distintas, a 
saber: pré-obra, obra e pós-obra. 
Quadro 1 – Fases do ciclo de vida de um empreendimento 
PRÉ-OBRA 
CONCEPÇÃO E VIABILIDADE 
PROJETO 
LICITAÇÃO E CONTRATAÇÃO 
OBRA CONSTRUÇÃO 
 PÓS-OBRA 
COMISSIONAMENTO 
USO E OPERAÇÃO 
MANUTENÇÃO E MONITORAMENTO 
DESCOMISSIONAMENTO 
 
 
9 
A fase de pré-obra compreende as fases de criação, projeto e preparação 
para a construção da edificação. Um projeto normalmente se inicia nas etapas de 
concepção e conceituação, nas quais, em empreendimentos de maior porte, o 
arquiteto, o proprietário, investidores e mesmo profissionais de venda e marketing 
interagem no sentido de se estudar a viabilidade e o briefing1 do projeto. Essa fase 
é de fundamental importância para o sucesso da obra e nela são vistos aspectos 
que influenciam a configuração do edifício, seus aspectos estéticos e funcionais, 
e, em consequência, seu custo. Ao contrário do que normalmente se imagina, os 
softwares BIM possuem ferramentas de modelagem de massas conceituais 
(sólidos básicos para concepção rápida de alternativas de projeto), equivalentes 
a modeladores tridimensionais tradicionais, e de apresentação por meio de 
imagens renderizadas2. Porém, estes não se resumem apenas a isso, pois 
permitem a produção de dados como áreas, custos e especificações, integrando 
com planilhas de custos, e possibilitando uma rápida avaliação financeira do 
empreendimento. Os modelos básicos elaborados pelas ferramentas BIM 
permitem também simulações e avaliações preliminares, como insolação, por 
exemplo, que já na fase conceitual irá conduzir a soluções de projeto mais 
sustentáveis. 
As primeiras avaliações de custo,desenvolvidas nessa fase de concepção, 
são baseadas normalmente em dados históricos conhecidos, como custo por 
metro quadrado de edificações, que são genéricos. As ferramentas BIM podem 
fornecer, com rapidez, mesmo nas fases preliminares, alternativas de sistemas 
construtivos, mais precisas em relação às estimativas de custo por m2. 
Não somente o custo é importante na fase de viabilidade, mas os estudos 
iniciais podem revelar os riscos e o nível de aceitação ou rejeição do projeto. 
Nessa questão, as simulações e análises elaboradas com rapidez pelos sistemas 
BIM são cruciais para a tomada de decisões. Quanto mais se aproxima das fases 
finais do projeto para alterações projetuais, maior será a dificuldade e o custo 
dessas modificações. 
Após a fase inicial de concepção, temos todas as fases de desenvolvimento 
de projetos arquitetônicos e complementares e nelas o BIM mostra a sua força. 
Requer, entretanto, uma mudança metodológica na forma de se projetar para que 
 
1 Traduzido do inglês como “instruções”, o briefing é um conjunto de informações ou uma coleta 
de dados passados em uma reunião para o desenvolvimento de um trabalho ou documento. 
2 Imagens renderizadas são vistas realistas de um projeto em realidade virtual, calculadas por 
software. 
 
 
10 
se tenha pleno uso de seus recursos. O modelo central e o trabalho colaborativo 
conduzem a uma redução significativa de trabalho e retrabalho, pois evita a 
necessidade de se iniciar novos desenhos e novos modelos tridimensionais a 
cada fase e tipo de projeto. Leva, inclusive, a uma redução do trabalho de 
compatibilização de projetos, antes realizada em sua maior parte somente após a 
conclusão dos projetos. A compatibilização é fundamental para se evitar erros na 
execução de obras, e no Brasil ainda é feita de modo precário no sistema atual de 
se projetar e construir, pois implica custos. 
Um aspecto importante na fase de projetos é o atendimento às normas de 
desempenho de edificações (ABNT NBR 15575/2013), envolvendo a 
responsabilidade dos projetistas e contratantes. Os sistemas BIM, por meio da 
especificação mais detalhada da informação dos sistemas construtivos e todos os 
componentes, favorecem seu atendimento. 
No que se refere à fase de licitação e contratação, podemos afirmar que 
os sistemas BIM têm sua contribuição no sentido de proporcionar uma maior 
exatidão de orçamentos e especificações. No caso de obras públicas, garante 
também uma maior transparência nas licitações, contribuindo para a redução na 
corrupção nessas áreas. 
A fase de construção propriamente dita tem como um dos principais 
desafios o sucesso no planejamento das etapas construtivas, de forma a garantir 
o cumprimento dos prazos contratuais. O modelo BIM elaborado na fase de 
projeto não contempla esse estudo e deve ser desenvolvido com base nele um 
modelo adaptado a essa tarefa. O planejamento do canteiro de obras, com seus 
espaços para maquinários e alojamentos, dimensionamento das equipes de 
trabalho, a fabricação e montagem de componentes, podem ser planejados e 
controlados com base em um modelo BIM específico para essa fase. 
Normalmente, esse modelo não é contratado na fase de projeto, porém realizado 
pelas próprias construtoras nas fases iniciais da obra. Alguns softwares BIM 
permitem inclusive a visualização da sequência das atividades programadas, por 
meio de animações virtuais. 
Após a conclusão da obra, que denominamos anteriormente de pós-obra, 
pode ser desenvolvido um modelo BIM que servirá de base de dados e referência 
para a gestão do uso, operação e manutenção da edificação. Esse modelo BIM 
contemplará não só a especificação dos elementos construtivos da arquitetura, 
mas a relação dos componentes dos sistemas de projetos complementares. Pode 
 
 
11 
detalhar também a especificação do mobiliário adquirido, com informações de 
fabricantes, modelos, garantias, custos etc. O importante nesse modelo é a 
organização dessas informações, que devem fornecer sua exata localização 
dentro da edificação. 
Considerando-se o longo tempo de vida útil de uma edificação, pode-se 
imaginar todas as mudanças que ocorrem, bem como seu desgaste e 
necessidade de renovação. Para aqueles que trabalham com a manutenção dos 
edifícios, o modelo BIM traz vantagens diversas. Primeiro, possibilita um melhor 
uso do espaço, visto que sua visualização no modelo proporciona seu 
gerenciamento e otimização das instalações. Favorece também a criação de 
programas de manutenção predial mais efetivos, bem como uma análise 
energética constante e que possa ser aprimorada com o surgimento de novas 
tecnologias nessa área. Por último, ainda se relacionando à manutenção, os 
proprietários podem tomar decisões de compra, entendendo melhor onde esses 
custos são distribuídos. 
Com base nessas considerações, podemos classificar os modelos BIM em 
quatro categorias básicas: 
 Modelo BIM de projeto ou modelos autorais – referem-se à cada uma 
das disciplinas de projetos, sejam de arquitetura ou complementares. Eles 
definem a edificação a ser construída, tendo como objetivo a coordenação 
entre as diferentes disciplinas, análises diversas, como custos e de 
desempenho, bem como a produção de toda a documentação que será 
utilizada na fase de construção. 
 Modelo BIM de planejamento ou de construção – são específicos para 
a fase de construção, sendo mais propriamente utilizados para o 
planejamento das etapas construtivas e controle do cronograma da obra, 
chamada de planejamento 4D, como veremos no tema seguinte. Esse 
modelo pode ser acompanhado de animações das etapas construtivas, 
demonstrando seu encadeamento de atividades programadas. 
 Modelo BIM de produção ou de construção para canteiro – utilizado 
para o planejamento do canteiro de obras e os recursos que sejam 
necessários para a execução, como posicionamento de gruas, barracões 
de materiais e empregados, entre outros. Embora esses recursos não 
façam parte da obra em si, são fundamentais para a execução. 
 
 
12 
 Modelo BIM de operação e manutenção – tem a finalidade específica na 
gestão das informações da obra já edificada, contendo especificações e 
quantificações do projeto já construído (as built). Deve corresponder com 
fidelidade à obra construída para que seja efetivo. 
TEMA 5 – AS DIMENSÕES BIM 
O entendimento do ciclo de vida das edificações e os modelos 
correspondentes à cada uma de suas partes, levou, de uma maneira ampla, a se 
criar uma terminologia para descrever o modelo referente à cada uma das suas 
etapas. Essa terminologia classifica as informações dos modelos como sendo 
dimensões BIM. Ela surgiu com base nas denominações 2D para bidimensional e 
3D para tridimensional, porém, seu significado para o BIM atualmente vai muito 
mais além do que as simples informações geométricas. Cada denominação deve 
levar em conta também o nível de detalhamento de informações (LOD), que será 
visto em breve. 
Essa classificação não é um consenso e possui variações, de acordo com 
o autor. A terminologia classifica em dimensões chamadas 3D a 7D, sendo que 
as variações de definição ocorrem nas dimensões 6D e 7D. As dimensões 1D e 
2D normalmente não aparecem, por se referirem mais às questões textuais e 
documentais, que estariam inseridas nas demais dimensões. Existe também a 
referência a uma dimensão 8D, que trataria da prevenção de acidentes durante a 
obra. Veremos a seguir o significado de cada uma delas: 
 3D – é a dimensão das informações referentes ao modelo virtual 
(tridimensional) do projeto. É a informação gráfica e não gráfica do projeto, 
que será compartilhada no trabalho colaborativo. Conforme a etapa de 
desenvolvimento do projeto, ela será cada vez mais elaborada e detalhada. 
 4D – é a dimensão referente às etapas de projeto e construção e seu 
cronograma de desenvolvimento e execução.Na fase de licitação, esse tipo 
de informação pode permitir que os conceitos iniciais sejam explorados e 
comunicados para inspirar confiança na capacidade da equipe de cumprir 
o trabalho. 
 5D – quando se acresce a dimensão do custo, associada às dimensões 
anteriores, possibilita-se visualizar a progressão das atividades de projeto 
e construção em relação a seu custo ao longo do tempo de execução. 
 
 
13 
Dessa forma, consegue-se maior precisão e previsão no que se relaciona 
às estimativas do projeto, às mudanças de materiais e equipamentos. A 
adição de informações de custo pode ser extremamente útil, não apenas 
na fase de design, mas também mais cedo, permitindo que a viabilidade da 
obra seja avaliada desde o início. 
 6D – a dimensão 6D do BIM refere-se à questão da sustentabilidade, ou 
seja, à análise da performance energética da edificação. Entendendo-se 
que o conceito de sustentabilidade é mais amplo que o simples 
desempenho energético do edifício, podemos ampliar a dimensão à toda 
tecnologia capaz de contribuir à sustentabilidade. Essa dimensão não se 
refere somente às análises feitas durante a etapa de projeto, mas também 
à sua ocupação pós-obra. 
 7D – como última dimensão, ela está relacionada à gestão do 
empreendimento. É a etapa do ciclo de vida pós-obra, sendo a mais longa 
delas. É o modelo como construído (as built), e não traz consigo apenas as 
informações do que foi projetado, mas efetivamente construído. Isso 
implica num nível de detalhamento maior do modelo, pois, como visto, trata 
de toda a gestão e operação da edificação construída. 
Na Figura 3 há um quadro com resumo das dimensões BIM e palavras-
chave das relações com o ciclo de vida da obra: 
Figura 3 – As dimensões BIM 
 
FINALIZANDO 
Nesta aula conseguimos nos aproximar do entendimento do conceito BIM, 
principalmente nos aspectos de como essa tecnologia se utiliza do trabalho 
colaborativo, com base em um modelo virtual e compartilhado da edificação. 
 
 
14 
Pudemos esclarecer o ciclo de vida da edificação, relacionando-o com os diversos 
aspectos dos modelos e dimensões BIM. Em breve compreenderemos melhor a 
importância e os benefícios dessa tecnologia. 
 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
BIM e suas potencialidades. IV ENCONTRO NACIONAL DE SEGURANÇA E 
SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. Anais..., 2018. 
Disponível em: <https://cbic.org.br/relacoestrabalhistas/wp-
content/uploads/sites/27/2018/10/1-Dionisio.pdf>. Acesso em: 22 maio 2019. 
CAMPOS NETTO, C. Autodesk Revit Architecture 2016 conceitos e 
aplicações. São Paulo, Érica, 2016. 
CBIC – CÂMARA BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO. 
Implementação Bim – Partes 1 a 5: implementação do BIM para construtoras e 
incorporadoras. Brasília: 2016. 
EASTMAN, C.; TEICHOLZ, P.; SACKS, R.; LISTON, K. A guide to building 
information modeling for owners, managers, engineers and contractors. 
Londres: Whurr Publishing, 2011. 
MANZIONE, L. Proposição de uma estrutura conceitual de gestão de 
processo de projeto colaborativo com o uso de BIM. Tese (Doutorado) – 
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. 
THE FUTURE of BIM Will Not Be BIM — and It's Coming Faster than You Think, 
Bill Allen. Autodesk University, 23 nov. 2016. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=xq6yKyauu-o>. Acesso em: 13 jun. 2019.

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