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Traumatologia do terço médio da face (MAXILA) Aula 3 - Noções de traumatologia - Marcus Heleno Fraturas parciais do seguimento fixo da face: · Fratura alveolar – pode ser trauma ou em exodontia. · Fratura da abóbada palatina – parece que a pessoa tem fenda palatina. · Afundamento do seio maxilar – a parede anterior é fina e quebra-se mais fácil pode ser também em exodontias. · Fratura do ramo ascendente da maxila · Fratura da tuberosidade maxilar Fraturas completas do seguimento fixo da face: · Vertical ou intermaxilar (lannelongue) + comum · Transversais: Le Fort l ou Guérrin - Transversal acima das raizes dentárias Le Fort ll ou Piramidal - Fratura dos ossos nasais e processo frontal da maxila Le Fort lll ou Disjunção crânio orofacial - Ocorrem nas suturas zigomaticofrontal, frontomaxilar e nasofrontal, soalho de órbita etmoide e esfenoide – solta o crânio da face. Sinais e sintomas das fraturas de maxila · Edema em terço médio facial · Blefarohematoma (nas pálpebras) – exclusivo de le fort III · Epistaxe · Desoclusão dentária · Mobilidade maxilar · Aumento do terço médio facial · Mordida aberta anterior Sinal patognomónico Le fort III: Sinal de Battle - Hematoma bilateral atrás da orelha + blefarohematoma (roxo nas pálpebras) Fraturas atípicas do seguimento fixo da face São as fraturas produzidas por arma de fogo, que comprometem vários ossos, apresentando perda de substância de tecido duro e mole. Fratura de Walther: Composta por uma fratura tipo vertical ou intermaxilar, associada a uma le fort I, II e III, dividindo a face em 4 segmentos. Fratura de Huet: Fratura lateral, em profundidade, que apresenta 2 linhas de fraturas verticais (região de pré molares e molares), unidas por um a fratura de soalho de órbita. Fratura de Besseureau: localizada na região anterior da face com as mesmas características da Huet, onde as linhas verticais parte da região dos caninos contornando a abertura piriforme até a unirem-se na região de sutura frontonasal. É uma fratura de que interessa em profundidade pois inclui toda a estrutura do nariz até o osso etmoide. Fraturas do complexo zigomático (knight e North 1961) Grupo l - Apresenta imagem radiográfica sem significado clínico. Grupo ll - Golpe direto sobre o arco, causando uma dobra com deformidade angular típica, dividindo o arco em três fragmentos sem comprometer o seio maxilar e a órbita. Geralmente o paciente apresenta um trismo – não abre a boca. Grupo lll - Ocorre fratura sem rotação do corpo do zigoma com deslocamento para dentro, para trás e para baixo, promovendo um aplainamento da região geniana e um degrau palpável na região infra-orbitária, com ligeiro deslocamento da sutura frontozigomática. Grupo lV - O corpo do zigoma fraturado encontra-se deslocado para trás, para dentro e para baixo. Quando o paciente está de frente, podemos observar uma rotação medial que pode ser ser para fora da eminência zigomática ou para dentro da sutura frontozigomática, com a margem infra-orbitária deslocada para baixo formando um degrau. Grupo V - O corpo do zigoma encontra-se fraturado e rodado lateralmente com deslocamento para dentro e para trás. Pode estar deslocado para dentro da proeminência zigomática e para cima da margem infra-orbitária ou para dentro da proeminência zigomática e para fora da sutura frontozigomática. Grupo Vl - Estão inclusas as fraturas complexas do complexo zigomático, onde existem linhas adicionais no seguimento principal. (Parece quebra cabeça) – pior fratura. Fraturas Nasais 1- Fratura isolada de um osso nasal com deslocamento ínferolateral. 2- Fratura com separação dos ossos nasais na linha mediana e no processo frontal da maxila. O septo nasal se mantém intacto. 3- Fratura em “livro aberto” onde ocorre além da separação dos ossos nasais na linha mediana e no processo frontal da maxila, o septo nasal fratura-se, ocasionando um “espalhamento” dos ossos nasais. Fratura muito comum em crianças. 4- Fratura dos dois ossos nasais, com deslocamento póstero-inferior. 5- Fratura cominutiva dos ossos nasais e das partes anteriores dos processos frontais da maxila e do septo nasal. Na maioria das vezes ocorre deslocamento para baixo e para trás. 6- Fratura do septo nasal com separação dos ossos do processo frontal da maxila e elevação do dorso do nariz. – fratura em “s” 7- Fratura com esmagamento do nariz e comprometimento do espaço infra-orbitário. Sinais e Sintomas: · Assimetria nasal · Edema · Parestesia · Epistaxe · Blefarohematoma · Secamente do dorso nasal e alargamento da base do nariz · Obstrução nasal · Enfisema subcutâneo · Telecanto traumático Tratamento: Redução incruenta com fórceps de Ash Redução das paredes laterais e septo nasal Princípios de tratamento das fraturas Kazanjlan de acordo com a finalidade terapêutica, levou em consideração a presença de dentes. Classe l - Paciente com fratura apresente dentes em ambos os lados fraturados, ou seja, em ambas as arcadas dentárias, sem outros fatores complicadores. Método de tratamento incruento (redução fechada e odontossíntese). Classe ll - Paciente com fratura apresenta dentes somente em um dos lados da fratura. Método de tratamento será cruento. Classe lll - Paciente edentado em ambos os lados da fratura. Tratamento cruento com aparalogia que promove fixação rígida dos fragmentos. Tratamento: · Incruento: - conservador não precisa de cirurgia. - Bloqueio máximo-mandibular para fratura Le Fort l. · Cruento: precisa de cirurgia. - Redução e fixação para todos os tipos de fratura. Acesso: Le Fort l - Acesso intra-oral Le Fort ll - Acesso intra-oral, sub-ciliar e coronal Le Fort lll - Acesso coronal, sub-ciliar e intra-oral Bandagens estão em desuso. Geralmente a bandagem de Barton se usa para luxação de ATM. Bandagem de Gibson usada para lipo de papada e bichectomia. Métodos e técnicas de contenção e imobilização das fraturas faciais Osteossíntese e fios de aço - Utilizada para fazer a contenção dos fragmentos ósseos durante uma cirurgia (imobilização semi-rígida) Placa e parafusos - São placas confeccionadas de titânio, anatômicas, biocompatíveis, atóxicas que geralmente não requerem remoção em segundo tempo cirúrgico. Mini placas absorvíveis (lactosorb) : utilizado em crianças e adolescentes. Marcas comerciais de placa: Nacionais: PRONN, SYNTECH, MTD Importadas: AO (SYNTHES), TECNICARE (LEIBINGER), W (LORENTZ) Instrumental: chaves, parafusos, template, guia de broca, profundímetro. Avaliação radiológica: Radiografias específicas Tomografias bidimensionais Tomografias tridimensionais PROJEÇÃO PÓSTERO-ANTERIOR DE MANDÍBULA · Sínfese, corpo e ramo da mandíbula. · Deslocamento mesial e lateral de segmentos fraturados. · Assimetria no desenvolvimento da mandíbula. · Parede lateral dos seios maxilares. · Fratura com deslocamento do septo nasal. PROJEÇÃO PÓSTERO-ANTERIOR OBLÍQUA DA FACE (PROJEÇÃO DE WATERS) · Fratura de maxila, seio maxilar, assoalho da órbita, rebordo infraorbitario, arco zigomático e parede lateral da órbita HIRTZ PARA ARCO ZIGOMÁTICO (SUBMENTO-VÉRTIX) · Incidência pouco penetrada. · Arcos zigomáticos. · Deslocamento mesial ou lateral dos segmentos fraturados. PROJEÇÃO LATERAL DOS OSSOS NASAIS · Fraturas dos ossos nasais. · Fratura da espinha nasal anterior. · Fratura do processo frontal da maxila. · São visualizados tecidos moles. Fraturas da Mandíbula “Você pode fazer com odontossintese dependendo da fratura.” Linhas de resistência: Áreas onde ocorrem uma condensação do trabeculado ósseo esponjoso, modificando a morfologia dos osteoblastos de acordo com a direção da força. Responsáveis por você tomar pancada, o seu corpo vai absorver a pancada e transmitir para a base do crânio fazendo com que você diminua a incidência de fratura. (Receber, absorver e transmitir a força.) Direção do bisel da fratura: Se o bisel é favorável, os músculos fazem com que os blocos ósseos fraturados vão de encontro um com o outro, então não tem deslocamento do blocoósseo, pode-se fazer somente uma odontossíntese. Quando o bisel é desfavorável, essa ação muscular promove automaticamente o deslocamento do bloco ósseo, então vai ter que fazer um acesso cirúrgico pra fazer a redução, contenção e imobilização da fratura. *Geralmente a incidência que mais se usa é a lateral oblíqua de mandíbula* - o lado fraturado é sempre o lado que está - as forças musculares são responsáveis pela movimentação do bloco ósseo. Classificações: Típicas: Oriundas do mundo civil (acidente, agressão, queda da própria altura). Atípicas: Armas de fogo - PAF Ação do agente etiológico: Direta: Diretamente no local do trauma (pancada no nariz, fraturou o nariz) Indireta: Fraturou o queixo e fraturou parassíntese. Contragolpe: Pancada na mandíbula do lado direito, fraturou o côndilo do lado esquerdo. Traço de fratura: 1 traço de fratura: simples 2 traços de fratura: duplas Vários traços de fratura: cominutivo Pedaços de ossos ao ar: fratura exposta Fraturas parciais: Pega só uma porção do osso. Fraturas completas: Pega toda a extensão do osso. Fraturas incompletas ou em galho verde: Comum em colo de côndilo, somente em ossos longos. (Pra gente somente em colo de côndilo, dobra uma porção e fratura a outra). Fraturas de côndilo (Classificadas por região) 1.Fratura de côndilo - grande maioria 2.Fratura coronoíde 3.Fratura de ramo 4.Fratura de ângulo mandibular 5.Fratura de corpo 6.Fratura de parassíntese (é a mais lateral) 7.Fratura de processo alveolar 8.Fratura de sínfise (bem no meio) – entre os centrais inferiores. Tratamentos: · Redução – realinhar o traço da fratura. Pode ser em: Cruenta: com acesso cirúrgico Fechada: sem acesso cirúrgico · Contensão (fixação) – meio de manter os traços alinhados. (maxila vai até aqui). Pode ser em : Fio de aço: semi-rígida, requer bloqueio maxilo-mandibular. Placas e parafusos: interna rígida. – o que é? Fixação interna rígida: Sistema de 1,5mm: traumatismo de terço médio superior de face. Sistema de 2,0mm: indicado para grande maioria dos traumas faciais e em cirurgia ortognática. Sistema de 2,7mm: traumatismos mandibulares complexos e para reconstrução mandibular. · Imobilização – meio de proporcionar a cicatrização óssea sem movimentos. (como mandíbula é um osso móvel, é preciso imobilizar). Barra de Erich e Odontossínteses. – O que é? Barra de Erich: Barras de metal maleável, que deve ser presa aos dentes através de fios de aço, muito utilizada para bloqueio intermaxilar pós cirúrgico. Odontossínteses: Método utilizado para conter fraturas através de amarrias de fios de aço utilizando os dentes. Indicada para tratamentos de fraturas faciais e bloqueio intermaxilar. Necessário 2 dentes aproveitáveis de cada lado da arcada utilizadas para ajustes horizontais nos segmentos fraturados. Em escada, anéis de aço e ivej. Sinais e sintomas: Sinais e sintomas de fraturas condilianas: Assimetria facial, desvio da mandíbula para lado fraturado na abertura bucal, limitação dos movimentos mandibulares, dor, trismo, mordida abertura anterior, maloclusão dentária. Sinais e sintomas de fraturas do ramo: Mesmas sintomatologias, as vezes se consegue fazer intra oral. Aparece equimose: somente extravasamento de sangue sem edema (não tá inchado), crepitação e parestesia do lábio inferior e mento. Sinais e sintomas de fraturas do ângulo: Mesmos sintomas com crepitação e limitação de movimentos. Sinais e sintomas de fraturas do corpo: Mesmos sintomas mais equimose do vestíbulo bucal e assoalho da boca, parestesia do lábio inferior. Sinais e sintomas de fraturas do parassinfisária: Mesmas sintomatologias. Geralmente causa parestesia. (Risco de obstrução das vias aéreas). E Ptose de língua. – existe risco de obstrução das vias aéreas – parassinfisária bilateral. Sinais e sintomas de fratura de sínfise mandibular: Mesmas sintomatologias mais mobilidade dental, edema e parestesia do lábio inferior. Sinais e sintomas de fraturas do processo coronóide: Desvio da mandíbula para o lado afetado durante a abertura, limitação dos movimentos mandibulares, dor, maloclusão e trismo. – muito rara. Tratamentos: Na maioria dos casos o tratamento consiste na limitação dos movimentos mandibulares e dieta liquida e pastosa por 7 a 14 dias. - quando há trismo, indica-se fixação ou remoção do processo coronóide. - em ambos os casos a fisioterapia tem que ser instituída para limitar a formação de tecido fibroso cicatricial entre o processo coronóide e o arco zigomático.