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estagio 2 2021 seção 1 extrema MG

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1º VARA CRIMINAL DA COMARCA DE EXTREMA - MG
Nono Ninho, brasileiro, casado, CPF 02352458-00 portador da cédula de identidade nº: 611485795200 - SSPMG, residente na rua Olaides Borges nº65 bairro Fontes , cidade de Vargem/SP, através de seu advogado (documento incluso), vem à presença de Vossa Excelência, mui respeitosamente, requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, com fundamento no art. 5º, inciso LXV, da Constituição da República Federativa do Brasil, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
I DOS FATOS
No dia 05 de janeiro de 2020 por volta das 9 horas da manhã, Sétimo Silva sofreu um assalto a mão armada, onde levaram seu relógio da marca o seu relógio da marca Funlerim, enquanto caminhava pelas ruas da cidade de Extrema/MG. Fato esse que fez com que SÉTIMO se deslocasse até a delegacia de polícia civil mais próxima, ainda em Extrema/MG, e lá comunicasse os fatos e também, fez a descrição do autor do roubo, bem como os trajes que usava na ocasião da ação.
Por volta das 8h da manhã do dia seguinte (segunda-feira, dia 6), na cidade vizinha, de nome Vargem, no estado de São Paulo, que é separada de Extrema/MG por uma rua, um policial, que havia sido informado por parte do próprio SÉTIMO sobre o crime sofrido naquela outra cidade mineira, fortuitamente avistou um homem, de nome NONO NINHO, que possuía as mesmas características físicas descritas e, ainda, estava utilizando um relógio da mesma marca daquele subtraído no dia anterior, o que levou o agente estatal a dar voz de prisão em flagrante a NONO, o qual fora encaminhado à Delegacia de Polícia Civil de Vargem, vindo a prisão a ser ratificada por parte da autoridade policial, com esteio no inciso IV do art. 302 do Código Penal (ratificação do APF anexo). Passadas apenas 2 horas do encarceramento, o Auto de Prisão em Flagrante Delito (APFD) foi encaminhado ao Fórum da Comarca de Extrema/MG (1ª Vara Criminal), que ainda não realiza audiência de custódia, tendo o delegado, para tanto, alegado tratar-se de localidade na qual a vítima possuía residência.
II DOS FUNDAMENTOS
A PRISÃO EM FLAGRANTE:
Art. 5º, LXV, da CFArt.
 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;.
Conforme se pode perceber pela narrativa acima, não se encontram presentes os permissivos do artigo 302 do CPP, assim não se deu de forma lícita a prisão do requerente, sendo imperativo o relaxamento da constrição cautelar, nos termos do art. 5º, inciso LXV, da Constituição da República.
Trata-se de pedido de relaxamento de prisão impetrada pelo advogado de Nono Ninho, ao fundamento de que foi preso em flagrante em 06 de janeiro de 2020, dia seguinte ao delito, pela prática em tese do delito de roubo majorado ad instar do artigo 157, §2º, inciso I e II do Código Penal.
Aduz que padece de constrangimento ilegal, ao fundamento de que não praticou o delito, sendo o flagrante ilegal diante da ausência dos requisitos dispostos no artigo 302 do Código de processo Penal, inexistindo o flagrante pois, o acusado foi detido no dia seguinte ao ato ilícito.
 Segundo Nucci (2016, p. 353),
 Também neste contexto não se pode conferir à expressão ‘logo depois’ uma larga extensão, sob pena de se frustrar o conteúdo da prisão em flagrante. Trata-se de uma situação de imediatidade, que não comporta mais do que algumas horas para findar-se. O bom senso da autoridade – policial e judiciária –, em suma, terminará por determinar se é caso de prisão em flagrante.
“Não pode ser considerada em flagrante a prisão levada a efeito por mera casualidade, distante do local da cena delituosa, se seus executores ignoravam, até então, fosse o detido o autor do crime que averiguavam (TJSP, RT 527/304; STF, RTJ 35/171, 70/76, 106/996, 115/188 e 117/639; TACrimSP, RT 786/651 e 788/600).” (DAMÁSIO. CPP Comentado, p. 390).
A LAVRATURA DO AUTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE:
Lavratura do auto: “A atribuição para a lavratura do auto de prisão em flagrante é da autoridade do lugar em que se efetivou a prisão (CPP, arts. 290 e 308), devendo os atos subsequentes ser praticados pela autoridade do local em que o crime se consumou.” (CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal, p. 113).
Neste caso, a ato ilícito foi praticado na cidade de ExtremaMG, e a prisão do acusado em Vargem/SP, divisa com o Estado de Minas Gerais.
Restou que tal prisão em flagrante foi realizada de forma ilegal, por apresentar duas espécies de vícios: de natureza material (quando não há configuração da situação de flagrante prevista no art. 302 do CPP) e de natureza formal (quando ocorre irregularidade na lavratura do auto de prisão em flagrante, ou seja, foi realizado em desconformidade com as determinações do art. 304 e seguintes do CPP).
III DOS PEDIDOS
Isso posto, requer o imediato relaxamento da prisão ilegal, com a consequente expedição de alvará de soltura, após ouvido o D. Representante do Ministério Público.
O requerente compromete-se a comparecer a todos os atos de persecução penal, ocasião em que provará sua inocência.
Termos em que, colocando-se à disposição para maiores esclarecimentos, pede e espera deferimento.
Extrema, 07 de Abril de 2021
Assinado Digitalmente

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