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MARCELA DE CASTRO E CASTRO – MÓDULO VIII - NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO As ações dos médicos durante e logo depois do nascimento do indivíduo é essencial para fazer a transição da vida fetal dependente para a neonatal não dependente, sendo prioridade a estabilização respiratória. Manter o RN ainda no introito da vagina e retirá-lo aos poucos é essencial para evitar uma mudança brusca de volemia, antes do clampeamento do cordão umbilical. 0. Colher a história materna 1. Avaliação da vitalidade ao nascer Imediatamente após o nascimento é necessário fazer as perguntas a seguir: Gestação a termo? Ausência de mecônio? Respirando ou chorando? Tônus muscular bom? Se todas as respostas forem SIM significa que o RN não necessita de manobras de reanimação. A avaliação da coloração da pele e das mucosas do RN não é mais avaliada na sala de parto, pois a cor delas é subjetiva e não tem relação com a saturação de oxigênio no nascimento. 2. Contato precoce mãe-filho O RN a termo com boa vitalidade deve ser secado e posicionado sobre o abdome da mãe, pele a pele, ou ao nível da placenta por, no mínimo um minuto e sendo ideal até o cordão umbilical parar de pulsar (aproximadamente três minutos após o nascimento), para só então realizar-se o clampeamento. 3. Clampeamento do cordão umbilical Ao se passar 3 minutos, idealmente, pois é o momento que se para a pulsação dos vasos umbilicais (evitando anemia), deve-se fixar um clamp à distância de 2 a 3 cm do anel umbilical e outro clamp próximo a porção placentária (para evitar a ejeção de sangue), envolve- se o coto com gaze embebida em álcool etílico 70% ou clorexidina alcoólica 0,5%. Em RN de extremo baixo peso utiliza-se soro fisiológico. É importante verificar a presença de duas artérias e uma veia umbilical, pois a presença de artéria única indica anomalias congênitas. 4. Aplicação do escore de Apgar Simultaneamente nesse primeiro momento, é aplicado o escore de Apgar no 1° minuto de vida, 5°, 10° 15° e 20° minuto de vida. Se o escore é inferior a sete no 5° minuto, recomenda-se sua aplicação a cada 5 minutos, até completar 20 minutos de vida. 5. Manutenção do calor corporal Após o clampeamento do cordão, o RN poderá ser mantido sobre o abdome e/ou tórax materno, usando o corpo da mãe como fonte de calor, sendo que a posição que o neonato for colocado deve permitir movimentos respiratórios efetivos. O contato pele a pele após o nascimento, em RN a termo e que nascem com respiração espontânea, em uma temperatura ambiente de 26°, reduz os riscos de hipotermia, desde que cobertos com campos preaquecidos, prevenindo o resfriamento do RN, o qual acarreta um consumo de oxigênio 3 vezes maior que o normal. Nesse momento pode se iniciar a amamentação. 6. Amamentação na sala de parto A OMS recomenda que o aleitamento materno seja feito desde a primeira hora de vida, pois está associado a menor mortalidade neonatal, maior tempo de amamentação, melhor relação mãe-filho e menor risco de hemorragia materna. 8. Prevenção da oftalmia gonocócica A Chlamydia, embora cause oftalmia menos grave, é o agente ocular mais prevalente adquirido no canal de parto. Então, deve-se retirar o verniz caseoso da região ocular com gaze seca ou umedecida com água, sendo contraindicado o uso de soro fisiológico ou qualquer MARCELA DE CASTRO E CASTRO – MÓDULO VIII - NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO outra solução salina. Afastar as pálpebras e instilar uma gota de nitrato de prata a 1% no fundo do saco lacrimal inferior de cada olho. A seguir, massagear suavemente as pálpebras deslizando-as sobre o globo ocular para fazer com que o nitrato de prata banhe toda a conjuntiva. Se o nitrato cair fora do globo ocular ou se houver dúvida, repetir o procedimento. Limpar com gaze seca o excesso que ficar na pele das pálpebras. A profilaxia deve ser realizada na primeira hora após o nascimento, tanto no parto vaginal quanto cesáreo. 9. Antropometria Realizar exame físico simplificado incluído peso, comprimento, perímetro cefálico, torácico e abdominal. 10. Vitamina K Administrar 1g de vitamina K por via intramuscular ou subcutânea ao nascimento. É interessante fazer esse processo, pois há pequena passagem de vitamina K pela placenta, ausência de flora intestinal para produzi- la e o leite humano tem baixas quantidades. 11. Compatibilidade sanguínea Coletar sangue da mãe e do cordão umbilical para determinar os antígenos dos sistemas ABO e Rh. Não é necessário realizar o teste de Coombs direto de rotina. No caso de mãe Rh negativo, deve-se realizar pesquisa de anticorpos anti-D por meio do Coombs indireto na mãe e Coombs direto no sangue do cordão umbilical. 12. Sorologia Coletar sangue materno para determinar a sorologia para sífilis. Caso a gestante não tenha realizado o exame para HIV no último trimestre ou o resultado não esteja disponível, se az o teste rápido. Deve-se administrar zidovudina antes do parto, caso o teste seja positivo. 13. Identificação e segurança O Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 10 do Capitulo 1) regulamenta a identificação do RN mediante o registro de sua impressão plantar e digital. Também são colocadas pulseiras na mãe e no RN. Assim o neonato deve ficar junto à mãe e pode ser transportado para o alojamento conjunto. ESCALA DE APGAR A escala ou índice de Apgar foi elaborado por uma médica inglesa: Dra. Virgínia Apgar, anestesiologista. Ele é utilizado para avaliar a vitalidade imediata após o parto, avaliando condições fisiológicas e a capacidade de resposta. Nele são avaliados 5 sinais objetivos, no quais são adicionados de 0 a 2 pontos para cada sinal. Os sinais avaliados são: coloração de pele, pulso, irritabilidade reflexa, esforço respiratório e tônus muscular. Tudo indicado das tabelas abaixo: A escala de Apgar está relacionada significativamente com a mortalidade nos primeiros 28 dias de vida do bebê. Vários fatores podem interferir para uma pontuação mais baixa, tais como idade gestacional, medicações, d o e n ç a s n e u r o m u s c u l a r e s e a p r ó p r i a c o n d i ç ã o cardiopulmonar do recém-nascido O boletim de Apgar de primeiro minuto, geralmente correlaciona-se com o PH de cordão umbilical e traduz uma asfixia intraparto. Apgar de quinto minuto correlaciona-se melhor com as eventuais sequelas neurológicas. O boletim deve ser repetido a cada 5 minutos até que atinja uma nota maior ou igual a 7. Um boletim de Apgar de primeiro minuto igual a 10 não é comum, pois o RN apresenta certo grau de acrocianose (extremidades cianóticas), com grande frequência. O escore de Apgar menor que 7 é considerado indicativo de asfixia perinatal pelos pediatras, sendo MARCELA DE CASTRO E CASTRO – MÓDULO VIII - NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO este o racional para a escolha deste valor de Apgar para determinar sofrimento fetal ou não. O escore deixou de ser usado com o objetivo de determinar a reanimação neonatal e passou a ser usado para avaliar a resposta do RN às manobras realizadas. Pontuação: • 0-3: Asfixia grave - Este RN requer vigorosa e imediata reanimação • 4-6: Asfixia moderada - É necessário estimular por sucção e leves palmadinhas no calcanhar ou fricção do tórax, se houve resposta do RN significa que ele estava em apneia primária. Se a FC for menor que 100, deve-se iniciar máscara com pressão positiva. Além disso, este bebê está em acidose, sendo recomendado a utilização de sonda nasogástrica para esvaziar o conteúdo. • 7: Asfixia leve - Além de seguir o fluxograma normal, deve-se estimular a respiração e oxigenação sobre a face. • 8-10: Boa vitalidade - Este valor é encontrado em 90% dos RN com 1 minuto após o parto. Deve ser realizado o fluxograma de atendimentonormalmente. ESCALA DE NEW BALLARD (NBS) Essa escala analisa 12 parâmetros, dos quais 6 são neurológicos (postura, ângulo de flexão do punho, retração do braço, ângulo poplíteo, sinal de xale e calcanhar orelha) e 6 são físicos (pele, lânugo, superfície plantar, glândula mamária, olhos/orelha, genital). A cada parâmetro atribui-se uma pontuação e a somatória vai atribuir uma estimativa da idade gestacional. Este método é uma aprimoração que vai permitir a identificação da IG a partir de 20 semanas. Além disso, pode ser feito até 96 horas de vida, é rápido, pode ser realizado em RN doentes. PARÂMETROS NEUROLÓGICOS Postura – Com o RN em repouso, observar a atitude dos 4 membros 0 deflexão total dos 4 membros 1 flexão ligeira dos quadris e joelhos 2 flexão moderada dos MI e discreta flexão do AB 3 membros inferiores em flexão, quadris abduzidos, com membros superiores com alguma flexão 4 os 4 membros apresentam flexão igual e forte Ângulo de flexão do punho – Flexionar a mão sobre o punho, exercendo pressão suficiente para obter o máximo de flexão possível. Medir o ângulo entre a iminência hipotênar e a face anterior do antebraço. Retração do braço – Flexionar o máximo do antebraço durante 5 segundos, em seguida estender ao máximo tracionando as mãos, em seguida se solta e observa o ângulo entre o braço e antebraço. Ângulo poplíteo – Com o RN em decúbito dorsal e a pelve apoiada na superfície da mesa de exame, a perna é flexionada por completo sobre a coxa com uma das mãos, e com a outra mão a perna é estendida, observando-se o ângulo obtido. Sinal de xale – Com o RN em decúbito dorsal, segurar umas das mãos e levá-la o máximo possível em direção ao ombro do lado contralateral. Permite-se levantar o cotovelo sobre o corpo. A contagem de pontos se faz segundo a localização do cotovelo. - 1 cotovelo ultrapassa a linha axilar do lado oposto 0 cotovelo atinge a linha a linha axilar anterior contralateral 1 permanece entre a linha axilar contralateral e a linha média 2 cotovelo na linha média do tórax 3 cotovelo não chega à linha média do tórax Manobra calcanhar-orelha - Levar um dos pés ao máximo possível em direção à cabeça, mantendo a pelve sobre a mesa. Atribua os pontos conforme a figura. MARCELA DE CASTRO E CASTRO – MÓDULO VIII - NASCIMENTO, CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO PARÂMETROS FÍSICOS -1 0 1 2 3 4 5 ESCALA DE CAPURRO Quando se está em alojamento conjunto, é a escala mais recomendada a se seguir. Inclusive, é o índice mais utilizado no Brasil e na América Latina. Um dos pontos negativos seria que não é possível calcular a idade gestacional de RN com menos de 29 semanas. Faz a somatória dos pontos da tabela abaixo, no resultado acrescenta-se 204 e divide-se por 7.
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