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Terapia Cognitivo Comportamental-Principais Conceitos

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Nossos e-book são registrados e catalogados 
Internacional Standard book Number (ISBN) 
Agência Brasileira do ISBN 
 
Serra, Ana Maria. 
Terapia Cognitivo-Comportamental: Principais Fundamentos. Ana Maria Serra. Portal 
Educação. São Paulo. 2017. 
 
 
 
Bibliografia 
ISBN 
 
1. Psicologia. 2. Terapia cognitiva. 3. Fundamentos. 4. Cognitivo. 5. Psicopatologia. 
6. Comportamental. 
 
 
 
 
 
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Direitos desta obra 
Portal educação. Todos os direitos reservados. 
 
Homepage 
www.portaleducacao.com.br 
 
Autoria 
Portal Educação 
 
Autor 
Ana Maria Serra 
 
Revisão Técnica e pedagógico 
Portal Educação 
 
Revisão Textual 
Portal Educação 
 
Projeto gráfico 
Portal Educação 
 
Ilustração da capa 
Portal Educação 
 
Publicação 
2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.portaleducacao.com.br/
 
www.portaleducacao.com.br 
 
 
SOBRE O AUTOR 
 
ANA MARIA SERRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
o PhD em Psicologia e Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) 
pelo Institute of Psychiatry da Universidade de Londres, Reino Unido. 
o Mestre pela Universidade de Illinois, EUA. 
o Fundadora e atual diretora clínica e pedagógica do Instituto de Terapia Cognitiva 
(ITC), o primeiro de seu gênero no país, hoje reconhecido nacional e 
internacionalmente como referência em TCC no Brasil. 
o Coordenadora do Curso de Pós-Graduação Especialização em TCC pelo ITC, 
reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC). 
o Presidente fundadora e atual presidente honorária da Associação Brasileira de 
Psicoterapia Cognitiva (ABPC), fundada em 1997. 
Psicóloga Forense. 
o Delegada para o Brasil da International Association of Cognitive Psychotherapy 
(IACP). 
 
 
 
 
 
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APRESENTAÇÃO DO E-BOOK AO ALUNO 
 
Caro (a) aluno (a), 
 Este material foi desenvolvido para complementar seus conhecimentos sobre o 
tema Terapia Cognitivo-Comportamental: Principais Fundamentos. 
 Para trazer uma melhor experiência de leitura, o seu material foi desenvolvido com 
objetos/ícones, como: saiba mais, dicionário, espaço para anotações, exercícios, entre 
outros. No decorrer da leitura, você será convidado a refletir sobre o tema, cuja 
finalidade é contribuir com a sua formação profissional e pessoal. 
 Para alcançar os objetivos propostos neste material, lembramos que sua dedicação 
e comprometimento são elementos fundamentais para o sucesso. 
 Participe dos fóruns, relate suas experiências relativas ao tema estudado, interaja 
com os participantes e, principalmente, pratique o que aprendeu e esteja atualizado 
com os assuntos relacionados à sua área de atuação. 
Neste material, você encontrará: 
 indicação de material complementar; 
 dicas; 
 saiba mais; 
 atenção; 
 dicionário com explicação do termo/palavra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Antes de iniciar a leitura, reflita? 
 
 Você sabe quais são os dois campos que atua a Psicoterapia comportamental? 
 O psicólogo graduado pode atuar no campo da psicoterapia cognitivo 
comportamental? 
 Você sabe qual é a finalidade da terapia cognitiva para o paciente? 
 Você usa algum modelo de processamento humano de informação? 
 As emoções e pensamentos são controláveis? 
São essas e outras questões que você encontrará neste material, então vamos a 
leitura? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Índice 
 
Introdução ............................................................................................................... 8 
1.1 Definição de Psicoterapia ..................................................................................... 10 
1.2 O que é Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) .............................................. 12 
2 Fatores Históricos para o Surgimento da Terapia Cognitiva (TC) e da Terapia 
Cognitivo-Comportamental (TCC) ........................................................................... 17 
2.1 Eventos precursores ao surgimento da Terapia Cognitivo-Comportamental ...... 17 
2.2 A proposição da Terapia Cognitivo-Comportamental por Beck ........................... 22 
2.3 Pressupostos fundamentais da Terapia Cognitivo-Comportamental .................. 25 
2.4 A Hipótese de Vulnerabilidade Cognitiva ............................................................. 26 
2.5 Testemunhos......................................................................................................... 26 
3 Conceitos e Preconceitos ..................................................................................... 28 
3.1 Preconceitos sobre a Terapia Cognitivo-Comportamental no Brasil ................... 28 
3.2 Origem do nome “Terapia Cognitiva” ................................................................... 32 
4 O Modelo Cognitivo ............................................................................................. 32 
4.1 Princípio Cognitivo Básico ..................................................................................... 32 
4.2 Flexibilidade cognitiva ........................................................................................... 34 
4.3 Modelo cognitivo de psicopatologia ..................................................................... 36 
4.4 Modelo de processamento humano de informação ............................................ 38 
Conclusão ............................................................................................................... 39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
Figura 1. Dr. Aaron Temkin Beck 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Nessa época, ele se dizia quase evangelizador, em sua tentativa de converter a 
Psicoterapia à Psicanálise. Mas então, como ainda é hoje, a Psicanálise não era aceita 
pela academia, devido ao fato de não adotar o método científico e não conduzir 
pesquisas. Ele decidiu, então, emprestar da academia o método científico e conduzir 
pesquisas a fim de comprovar a teoria psicanalítica, pensando que, dessa forma, seus 
colegas acadêmicos teriam que aceitar a Psicanálise. 
 
Fonte: wikipedia. 
 
 
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Figura 2. Psicanálise 
 
 
 
 
 
 
 E assim ele fez. Porém, como veremos mais adiante, na tentativa de comprovar 
empiricamente os princípios psicanalíticos, seus resultados, na realidade, o 
desconfirmaram. Com base em seus dados, ele acabou propondo um novo modelo de 
depressão – o modelo cognitivo de depressão – que, evoluindo em seus aspectos 
teóricos e aplicados, resultou na proposição de um novo sistema de psicoterapia, que 
ele denominou de Terapia Cognitiva. 
Figura 3. Depressão 
 
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 Vejamos, a seguir, um pouco dessa história e dos fundamentos principais daquela 
que é hoje a psicoterapia de escolha por clínicos ao redor do mundo, a Terapia 
Cognitivo-Comportamental ou, como é conhecida, a TCC. 
 
Figura 4. Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) 
 
 
1.1 Definição de Psicoterapia 
 
 Definir “Psicoterapia” não é uma tarefa fácil. O conceito de Psicoterapia aparenta 
ser um conceito que todos nós, da área de Saúde Mental, conhecemos bem. Mas defini-
lo demonstra-se complexo. A seguir, uma tentativa de definição, em que priorizo alguns 
aspectos práticos. 
Terapia 
Cognitiva 
 
T 
c 
c 
Comportamental 
 
 
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Psicoterapia refere-se: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Por meio da vida e de uma perspectiva transcultural/social/econômica, 
com a finalidade de explicar, predizer, e aliviar transtornos, deficiências e 
angústias, bem como promover adaptação, ajustamento e desenvolvimento pessoal, 
por meio de: 
 métodos 
 técnicas de avaliação planejamento 
 intervenção 
 monitoramento e, 
 manutenção de ganhos. 
 
 Essa definição, por sua vez, envolve conceitos e práticas que também requerem 
uma definição aprofundada. Embora, ainda que breve, a definição acima deixa clara a 
 Dicionário 
 Predizer: 
Dizer 
antecipadamente, 
prever, profetizar. 
 
 
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utilidade e relevância da Psicoterapia para o campo geral da Saúde Mental e para o bem 
comum. Passemos, então, a apresentar a TCC. 
 
1.2 O que é Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) 
 
 A TCC representa uma abordagem teórico-clínica no campo das Psicoterapias e da 
Psicologia Clínica, que tem como foco os processos cognitivos, como: 
 a percepção, 
 a representação, 
 a avaliação, 
 o raciocínio, 
 a atenção, 
 a atribuição de significado, entre outros. 
 
 É uma forma de psicoterapia fundamentada em um paradigma de 
processamento de informação, como um modelo de funcionamento humano. 
 Representa uma forma de terapia propriamente, em que o objetivo central é o: 
 
 
 
 Resultante das emoções e comportamentos disfuncionais, o disfuncional 
conceituado como tudo o que impede a realização de suas metas pelo sujeito. 
Áreas de transtornos em que a TCC é aplicável com resultados: 
 
 
 
Depressão, transtornos de ansiedade, 
dependência química, ideação e 
comportamentos suicidas, transtornos 
alimentares, transtornos de 
personalidade, psicoses, entre outros. 
 
Tratamento de falhas em processos cognitivos 
 
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 Sendo o modelo indicado ao atendimento de crianças, adolescentes e adultos, 
individualmente ou em grupo. Em resumo, a TCC é aplicável, com base em estudos de 
eficácia, a todas as classes de transtorno para as quais algum outro modelo 
psicoterápico seja indicado. 
 
Os objetivos centrais da TCC são: 
 
 Progressivamente, o terapeuta empreenderá esforços a fim de alcançar os 
seguintes objetivos centrais: 
 restaurar a flexibilidade cognitiva no(s) paciente(s), que defino como capacitá-
lo a buscar formas alternativas de interpretação do real interno e externo, com 
a intenção de modular emoções e comportamentos; 
 promover a reestruturação cognitiva do paciente. 
 
 
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 Promover a generalização e manutenção dos ganhos 
terapêuticos representa um dos últimos objetivos do 
processe clínico. Além de promover a reestruturação 
cognitiva e a flexibilidade cognitiva, são necessários esforços 
no sentido de promover a generalização e a manutenção dos 
ganhos terapêuticos, para que o paciente possa finalizar o 
processo clínico, mas manter o progresso alcançado e manter 
ativas as novas habilidades adquiridas ao longo do processo. 
 
 Desenvolver habilidades para resolução de problemas. Estudos demonstram 
que depressivos, ansiosos, dependentes químicos, pacientes com 
ideação e comportamentos suicidas, e portadores de outros 
transtornos, apresentam um deficit em habilidades de resolução de 
problemas. Portanto, um aspecto importante no processo clínico é: 
 Isto é, o paciente nos procura com uma estrutura 
cognitiva própria, ou o seu sistema de esquemas e 
crenças disfuncionais, localizado em nível 
inconsciente, e que favorecendo a instalação do 
transtorno do qual ele é portador. 
 
 Dicionário 
 Deficit: 
Eficiência que se 
pode medir, 
quantitativa ou 
qualitativamente. 
 
Na terapia, um dos aspectos mais 
importante, além da evolução e 
melhoria é manter o progresso do 
paciente. 
 
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O processo de resolução de problemas envolve, basicamente, a: 
 identificação do problema, 
 a definição de uma meta, 
 a geração de estratégias para se atingir a meta, 
 a seleção e implementação da estratégia, ou, 
 estratégias, selecionadas, e o monitoramento de resultados 
 
 Caso o sujeito atinja sua meta, o processo estará finalizado. 
Caso não a atinja, ele volta ao segundo e terceiro passos, isto 
é, redefinir a meta e novas estratégias, repetindo o mesmo 
processo. Em TCC, o paciente e o terapeuta, conjuntamente, 
elaboram uma lista de problemas e metas, com o objetivo 
explícito de dotar o paciente de recursos próprios, para que 
ele se torne um solucionador eficiente e independente de 
problemas em sua vida. 
 Prevenir recaídas e conduzir um programa de follow-up. 
 
Imagem 5. Follow up 
 Diversas estratégias clínicas são aplicadas a 
fim de prevenir recaídas após o término do 
processo. Além disso, o paciente é convidado a 
comparecer a três ou quatro sessões de follow-up, 
ou acompanhamento, durante o ano que sucede a 
terminação. Caso o paciente apresente 
eventualmente alguma dificuldade na sessão de 
follow-up, podem ser agendadas sessões de reforço, após 
as quais se repete o processo de terminação. 
Caso o paciente não atinja a meta, 
redefina e reveja as estratégias. 
Ajude o seu paciente a buscar solução 
eficiente para atingir as metas do 
tratamento. 
 Dicionário 
 Follow up: 
Acompanhamento, 
revisão e avaliação 
dos objetivos e das 
metas traçadas 
durante o 
tratamento. 
 
 
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TC, TCC e Terapia Comportamental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Com frequência, profissionais e leigos nos perguntam se TC e TCC referem-se à 
mesma abordagem ou se são diferentes. Alguns, ainda, as comparam com 
uma outra abordagem, a Terapia Comportamental. Inicialmente, 
internacionalmente e no Brasil, a abordagem cognitiva proposta por Beck 
chamava-se Terapia Cognitiva, conforme ele mesmo explica, um pouco mais 
adiante. Aos poucos, internacionalmente, a TC começou a ser rotulada de 
TCC, podendo ambos os nomes ser utilizados intercambiavelmente. Aqui no 
Brasil, todavia, profissionais e estudantes ainda se referem ao termo TCC como se 
significasse a soma de duas abordagens: 
o a cognitiva; 
o a comportamental. 
 
 Sendo uma proposição inviável, devido à incompatibilidade entre as abordagens, 
conforme veremos mais à frente. 
 A TCC, ou também ainda chamada de TC por muitos, adota modelo: 
COMPORTAMENTAL 
COGNITIVA 
 Dicionário: 
Intercambiavelmente: 
Pode-se usar o mesmo 
nome sem alterar a 
proposta da terapia. 
 
Tornar o paciente autônomo para o exercício das 
habilidades adquiridas no processo clínico. 
 
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 cognitivo de personalidade 
 instalação de psicopatologias. 
 
 Aplicado cognitivo-comportamental e conceitua cognições como eventos mentais. 
 Propõe a primazia das cognições sobre emoções e comportamentos e propõe a 
intervenção sobre cognições e comportamentos para mudar cognições. 
 
 A Terapia Comportamental, ao contrário, adota um modelo comportamental de 
personalidade e de psicopatologia, conceitua cognições como comportamentos 
encobertos, não aceita a primazia das cognições sobre emoções e comportamentos, e 
atua sobre comportamentos para mudar comportamentos. 
 
 Intervenções sobre cognições são incompatíveis com o modelo da terapia 
comportamental. 
2 FATORES HISTÓRICOS PARA O SURGIMENTO DA TERAPIA COGNITIVA (TC) E 
DA TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL (TCC) 
 
2.1 Eventos precursores ao surgimento da Terapia Cognitivo-
Comportamental 
 
Ascensão das Ciências Cognitivas. 
 
responsável por 
mudar o 
comportamento
comportamento
 
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 Durante a Segunda Guerra Mundial, surgiram os primeiros esforços para a 
construção de computadores, inaugurando a era da informática na ciência, e 
promovendo a ascensão das ciências cognitivas, cujo objetivo era desenvolver a 
inteligência artificial. 
 
Figura 6. Inteligência artificial 
 
 
 Nesse sentido, as ciências cognitivas foram convocadas com a finalidadede 
decompor os processos cognitivos em seus elementos formadores, a fim de mimetizá-
los artificialmente. 
 
 Nessa mesma época, em 1950, Jean Piaget publicou sua obra, “Epistemologia 
genética”, em que propõe sua teoria de desenvolvimento cognitivo em crianças e 
enfatiza as bases do construtivismo na ciência psicológica. Nessa época, Piaget e sua 
teoria ganhavam a atenção da Psicologia acadêmica nos Estados Unidos. Em 1955, outra 
importante publicação, de George Kelly, intitulada “Psicologia dos construtos pessoais” 
também influenciou a proposta da TCC por Beck. 
 Observou-se ainda, nessa época, uma convergência surpreendente entre 
psicanalistas e behavioristas, em sua insatisfação com os próprios modelos de: 
 depressão, modelo psicanalítico da agressão retroflexa 
 comportamental do condicionamento operante. 
 
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 Clínicos questionavam a validade desses modelos como modelos de depressão 
clínica, argumentando que estes pareciam bem na teoria, mas não pareciam descrever 
adequadamente a experiência real de depressão clínica que seus pacientes relatavam 
em consultório. 
 
Imagem 7. Depressão 
 
 O contexto, na realidade, sinalizava uma transição generalizada para a perspectiva 
cognitiva de processamento de informação, com clínicos defendendo uma abordagem 
mais cognitiva aos transtornos emocionais. 
Durante as décadas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Em 1962, Albert Ellis propôs a Rational Emotive Therapy (RET – Terapia Racional 
Emotiva, em português), a primeira psicoterapia contemporânea com clara ênfase 
cognitiva, tomando construtos cognitivos como base dos transtornos psicológicos. A RET 
teve uma influência sobre os primeiros trabalhos de Beck com depressão, mas essa 
influência reduziu-se gradualmente, sendo que, com o tempo, as duas abordagens já 
tinham muito pouco em comum. 
 
Imagem 8. Albert Bandura 
Fonte: wikipedia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Publicou duas obras seminais, em 1969, “Princípios de modificação do 
comportamento”, e, em 1971, a “Teoria da aprendizagem social”, propondo os 
processos cognitivos como cruciais na aquisição e regulação do comportamento. 
 
Quem é Aaron Beck? 
 
 
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Graduou-se em ciências políticas pela Brown 
university. Graduou-se em medicina pela 
universidade de Yale, onde completou sua 
residência em neurologia. 
 
Obteve seu Certificado em Psiquiatria 
 
Tornou-se professor de Psiquiatria, no Departamento 
de Psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade da 
Pensilvânia, Filadélfia. 
 
Criou e atuou como diretor do Centro de Terapia Cognitiva da 
Universidade da Pensilvânia, onde deu início à abordagem que, 
quarenta anos mais tarde, lhe valeriam uma indicação ao Prêmio 
Nobel, em 2005, e a obtenção do Prêmio Lasker de Medicina, o mais 
prestigioso prêmio na área. 
 Beck Institute for cognitive Behavioral Therapy 
 
Afastou-se do centro, fundando, com sua filha, Judith 
Beck. O instituto estava localizado em Bala Cynwid, 
subúrbio de Filadélfia. 
 Voltou à Universidade da Pensilvânia como professor 
emérito, com um financiamento de 10 anos do 
National Institute of Mental Health (NIMH), dos 
Estados Unidos. 
 
Ganhou, através dos anos de atuação, inúmeros prêmios 
e honrarias de instituições em todo o mundo. 
 
 
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2.2 A proposição da Terapia Cognitivo-Comportamental por Beck 
 
 Ao contrário do que muitos afirmam, a influência mais importante para a proposição 
da Terapia Cognitiva foram os experimentos e observações clínicas do próprio Beck. 
Figura 9. Experimentos e observações clinicas 
 
 
 
 
 
 
 
 Na área de seus experimentos, o Dr. Beck, inicialmente, investigou o modelo 
psicanalítico de depressão da agressão retroflexa, com resultados negativos. Em 
seguida, explorou o conteúdo dos sonhos, buscando dados que confirmassem o modelo 
psicanalítico da depressão. 
 Porém, seus resultados foram novamente negativos; nos sonhos de depressivos 
moderados a severos, encontrou apenas conteúdo geral de rejeição, desapontamento 
ou críticas, que não sustentavam a hipótese motivacional da necessidade de sofrer ou 
masoquismo, do modelo da agressão retroflexa. 
 
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Figura 10. Resultado do experimento 
 
 
 
 
 
 
 
 Nesse ponto, ele se perguntou se conteúdos negativos estavam presentes 
somente nos sonhos dos depressivos, ou se também estavam presentes em material 
ideacional durante a vigília. Verificou que conteúdos negativos estavam também 
presentes na ideação de depressivos durante a vigília. 
 Nessa época, o Dr. Beck e importantes colegas desenvolveram uma escala de 
depressão, o Beck Depression Inventory (BDI – Inventário de Depressão de Beck, em 
português), que se tornaria a escala de depressão mais utilizada em pesquisa em todo o 
mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 Ele, então, voltou aos seus estudos empíricos e conduziu estudos de manipulação 
de humor e desempenho. Em ambiente experimental, os pesquisadores ofereciam a 
depressivos graves e moderados uma experiência de sucesso. A hipótese inicial era de 
que, se a depressão representasse um processo motivado de autoagressão, então, 
diante de uma experiência de sucesso, o humor de depressivos deveria cair ainda mais. 
Escala de Beck de Humor e desempenho 
Novo experimento - 
Resultados negativos 
 
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Porém, seus resultados contrariaram a hipótese inicial: diante de uma experiência de 
sucesso, depressivos experimentavam uma elevação do humor! Reagiam da mesma 
forma que reagem as demais pessoas. 
 
Figura 11. Customização dos experimentos 
 
 
 O Dr. Beck então se perguntou se esses resultados refletiriam realmente a 
necessidade de sofrer, ou simplesmente refletiriam padrões cognitivos negativos gerais 
e inespecíficos? 
 Interessantemente, as observações clínicas do Dr. Beck eram consistentes com os 
seus resultados empíricos. Ele observou que, durante a livre associação, pacientes não 
estavam relatando um fluxo de pensamentos, automáticos, pré-conscientes, rápidos, 
específicos ao contexto, em um autodiálogo ininterrupto. 
 Ele, então, questionou a validade da livre associação. Esses fluxos de pensamentos 
pré-conscientes, em um autodiálogo contínuo, sugeriam que a “livre associação”, na 
realidade, não era tão livre quanto se pensava! Ao contrário, investigando mais 
atentamente, ele notou que tais fluxos de pensamentos automáticos e pré-conscientes 
eram fundamentais para a conceituação do transtorno do paciente. 
 
 
 
 
 
 
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 E funcionavam como uma variável mediacional, ou intermediária, entre a ideação 
do paciente e a sua resposta emocional e comportamental. Além disso, 
contrariando a hipótese motivacional da depressão, tais pensamentos automáticos 
expressavam uma negatividade, ou pessimismo, geral do indivíduo contra si, o 
ambiente e o futuro. 
 Com base nos dados obtidos em seus estudos e em suas observações clínicas. O 
Dr. Beck propôs o modelo cognitivo de depressão, que, evoluindo em seus aspectos 
teórico e aplicado, resultou na proposição de um novo sistema de psicoterapia, que 
ele chamou de Terapia Cognitiva, hoje mais conhecida como Terapia Cognitivo-
Comportamental. 
 
2.3 Pressupostos fundamentais da Terapia Cognitivo-Comportamental 
 
Antes de iniciarmos o tema, pensemos? 
 Quais são os pressupostos fundamentais do novo modelo de Beck? 
Primeiro, Beck afirma que a negatividade geral do depressivo não era um sintoma da 
depressão, mas, sim, a sua causa. Tal negatividade desempenhava uma função central 
na instalação e manutenção da depressão. 
 Beck faz, então, a proposição revolucionária, que ainda hoje causasurpresa e 
desconforto entre alguns profissionais: a proposição de que a cognição, e não a emoção, 
representa o fator essencial na depressão. Nesse sentido, para ele: 
 Beck propõe ainda as noções de erros cognitivos típicos e de esquemas, como 
elementos fundamentais do novo modelo. Erros cognitivos típicos referem-se a 
distorções comuns que as pessoas em geral cometem; mas os depressivos as cometem 
com maior frequência e resistem à desconfirmação. Esquemas, por sua vez, referem-se 
a superestruturas inconscientes que, implicitamente, organizam nossa percepção do 
real. Veremos mais sobre esquemas adiante. 
 Dicionário 
 Ideação: 
Faculdade de 
compreender; 
de conhecer 
algo; 
formação de 
ideias. 
 
 
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2.4 A Hipótese de Vulnerabilidade Cognitiva 
 
 Beck propõe a Hipótese de Vulnerabilidade Cognitiva como a pedra fundamental do 
novo modelo. Segundo ele, depressivos, ansiosos e portadores de outros transtornos 
emocionais “sofrem” de uma vulnerabilidade cognitiva, ou seja, uma tendência 
aumentada a cometer erros e distorções ao processar o real interno e externo. 
Cometem especialmente três erros de processamento: 
 
 
 
 
2.5 Testemunhos 
 
 Na seguinte comunicação pessoal a Paul Salkovskis, em 1992, o Dr. Beck descreve 
como, em suas próprias palavras, ele viu a emergência da TCC: 
1 
2 3 
Superestrutura 
inconscientes Resistência a 
desconfirmação 
Distorções 
comuns 
 Percepção do 
real 
 
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 O professor David Goldberg, do Institute of Psychiatry, da Universidade de Londres, 
também escreveu um comentário interessante, em 1996: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Outro comentário interessante foi feito, em 1994, pelo professor Hans Eysenck, do 
Institute of Psychiatry, da Universidade de Londres, um dos criadores do behaviorismo 
clínico. Em uma de nossas conversas informais, perguntei-lhe se ele acreditava que a 
Terapia Cognitiva tivera sua origem no behaviorismo, ao que ele respondeu: 
 
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3 CONCEITOS E PRECONCEITOS 
 
3.1 Preconceitos sobre a Terapia Cognitivo-Comportamental no Brasil 
 
 Devido a diversas razões, mas principalmente devido à sua recente presença no 
Brasil, a TCC tem sido alvo de preconceitos ou distorções, que refletem apenas o 
desconhecimento por parte de profissionais sobre o que é e como realmente atua essa 
abordagem. 
Algumas das distorções que mais frequentemente observamos seguem: 
 
. 
. 
. 
 
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 Com relação ao primeiro preconceito, ou seja, de que a TCC seria 
derivada do Behaviorismo, ou uma abordagem Neo-Behaviorista), note-
se que, da perspectiva epistemológica, a TCC é filiada ao Racionalismo, 
enquanto que o Behaviorismo é filiado ao Positivismo. O Dr. Beck criou a 
Terapia Cognitiva atuando como psicanalista. Ao propor a TCC, ele utiliza 
sua experiência passada como psicanalista, mantendo, na nova 
abordagem, muito de sua forma anterior de raciocínio clínico. 
 O método científico da academia, adotado pela Terapia 
Comportamental, é igualmente adotado por Beck, em razão de 
seu objetivo de comprovar cientificamente a Psicanálise. O modelo teórico e 
aplicado da TCC sofreu o maior impacto do treinamento psicanalítico anterior de 
Beck e da Psicologia Fenomenológica. 
 Uma fonte adicional de incompatibilidade entre as duas abordagens decorre de 
que o Behaviorismo: 
o conceitua cognições como comportamentos encobertos e as intervenções visam 
a mudanças comportamentais. 
 
 Enquanto que a TCC conceitua cognições como eventos mentais e intervenções 
sobre cognições e comportamentos que visam a mudanças cognitivas. 
 Fundamental para o modelo da TCC é a hipótese da “Primazia das Cognições” sobre 
as emoções e os comportamentos. 
 
 
 
 
 
 
 Dicionário 
 Epistemológico: 
Teoria do 
conhecimento que 
analisa as relações 
entre sujeito e 
objeto. Exemplo: 
Infância – quarto 
escuro. Vida 
adulto possível 
fobia 
 
Na Terapia Comportamental, como cognições são 
conceituadas como comportamentos encobertos, a “Primazia 
das Cognições” torna-se inviável. 
 Dicionário 
Fenomenológica: 
Análise e descrição 
comparativa de 
fenômenos de 
tudo que pode ser 
observado. 
 
 
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Figura 12. Terapia Comportamental 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Com relação aos demais preconceitos, embora a TCC seja altamente treinável, 
devido ao seu caráter objetivo e estruturado, a proficiência na oferta da TCC não é 
alcançada facilmente. 
 
 
 
 
 
 
 O caráter curto do processo clínico em TCC não favorece o deslocamento de 
sintomas ou uma intervenção superficial. Ao contrário, a intervenção cognitiva visa a 
mudanças ao nível do sistema de esquemas e crenças do paciente; uma vez dispondo 
de um novo sistema de esquemas e crenças, o paciente passa a processar informação 
de uma nova forma. Além disso, os estudos longitudinais de eficácia demonstram que 
os ganhos terapêuticos se mantêm ao longo do tempo. 
 
Exige treinamento formal e prolongado, mesmo para terapeutas experientes em outras abordagens, 
até que o novo terapeuta esteja suficientemente preparado para atuar de forma independente. 
AO CONTRÁRIO 
 
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Figura 13. Terapeutas no Brasil 
 
 
 
 
 
 
 No Brasil, terapeutas comportamentais, que antes se classificavam até mesmo 
como comportamentalistas radicais, passaram a se apresentar como terapeutas 
cognitivo-comportamentais. Terapeutas comportamentais não são naturalmente 
terapeutas cognitivo-comportamentais, principalmente devido ao fato de que os 
modelos teóricos e aplicados das duas abordagens não são 
apenas diferentes, mas também incompatíveis e 
irreconciliáveis. Da mesma forma, em relação a 
acadêmicos. 
 
 Ter Expertise em uma determinada área de produção de 
conhecimento científico não confere automaticamente ao 
acadêmico expertise na área específica da TCC. 
Os Terapeutas comportamentais não 
são terapeutas cognitivos. Os modelos 
teóricos são incompatíveis e 
irreconciliáveis ou harmônicos 
(irreconciliáveis). 
 
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3.2 Origem do nome “Terapia Cognitiva” 
 
 Em 1976, o Dr. Aaron Beck escreveu sobre o nome que escolhera para o novo 
sistema de psicoterapia que havia proposto: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 O MODELO COGNITIVO 
 
4.1 Princípio Cognitivo Básico 
 
 Os pensamentos automáticos, involuntários, pré-conscientes, em vários fluxos 
paralelos de processamento, refletem a ativação da crença básica e o significado 
atribuído pelo sujeito ao real. Constituem o objeto central de intervenção em TCC. 
 
 
 
 
 
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Figura 14 – Princípio Cognitivo Básico. 
 
 
 
 
 
 
 
 A TCC fundamenta-se na proposição, essencialmente construtivista, de que nossas 
respostas emocionais e comportamentais não são influenciadas diretamente por 
eventos internos e externos, mas pela forma como processamos, representamos, 
interpretamos e atribuímos significado aos eventos. Em outras palavras, segundo o 
caráter construtivista do modelo cognitivo-comportamental, ao processar um evento, 
na realidade, as pessoas “constroem” esse evento, interpretando-o à luz de experiências 
passadas e das regularidades que percebem no real interno e externo. Experiências 
passadas e regularidades do real, conforme percebidas pelo sujeito, estão armazenadas, 
em forma de esquemas e crenças, em sua memória implícita, ou inconsciente. 
Para ilustrar esse princípio básico, tomemos o seguinte exemplo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Os pensamentos automáticos pré-conscientescumprem uma importante 
função no modelo de intervenção da TCC. Como visto, as respostas emocionais e 
ANÁLISE DE CASO 
 Uma pessoa passa casualmente por um amigo que não a cumprimenta. Se ela pensar “ele 
não quer mais ser meu amigo...”, sua emoção poderá ser de tristeza, e seu comportamento, 
afastar-se do amigo. No entanto, se, diante da mesma situação, ela pensar “o que será que 
ocorreu? O que eu fiz a ele?!” Sua emoção será de ansiedade e seu comportamento poderá ser 
de questionar o amigo. Porém, se, ao passar pelo amigo que não a cumprimenta, ela pensar 
“acho que ele não me viu”, seu estado emocional e seu comportamento seguirão inalterados. 
 
 
REAL COGNIÇÕES EMOÇÕES COMPORTAMENTOS 
 
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comportamentais de uma pessoa são função dos conteúdos de seus pensamentos 
automáticos. 
 Daí decorre que, para modular emoções e comportamentos, os pensamentos 
automáticos são o alvo central de intervenção. Seus conteúdos, a princípio pré-
conscientes, podem ser acessados à consciência e podem ser questionados, 
desafiados e deliberadamente alterados, com o objetivo de modular ou normalizar 
emoções e comportamentos. 
 
4.2 Flexibilidade cognitiva 
 
 O objetivo inicial da intervenção em TCC – fase da intervenção funcional – é a 
instalação, ou, em alguns pacientes, a restauração, do que denomino de flexibilidade 
cognitiva, que defino como a capacidade de tomar os primeiros pensamentos que nos 
ocorrem frente a situações (sobre nós mesmos, o mundo ou o futuro) apenas como 
hipóteses, e procurar interpretações alternativas, em vez de ficar presos à primeira 
interpretação que nos ocorre, que não é necessariamente a mais realista ou funcional. 
 
 O objetivo é dotar o paciente de flexibilidade para que ele possa buscar formas 
alternativas de interpretar e representar um evento, ou um feixe de eventos, internos 
ou externos, e, dessa forma, possa modular emoções e comportamentos. Muitas vezes, 
o simples fato de buscar uma interpretação alternativa diante de um evento, em virtude 
do deslocamento de atenção, já reduz a valência emocional do pensamento original. 
 Deve-se notar que o ser humano é funcional (eficiente, produtivo, sociável, 
hábil na resolução de problemas) quando suas emoções estão em sua linha 
basal ou ponto de repouso. Nesse sentido, a flexibilidade cognitiva cumpre um 
importante papel adaptativo, ao promover o retorno à linha basal emocional, ou 
ponto de repouso emocional, e, dessa forma, devolver a funcionalidade ao 
indivíduo. 
 Emoções adversas, em princípio, são funcionais. Fazem parte de uma ampla 
gama de emoções humanas. O disfuncional é, uma vez mobilizada uma emoção 
adversa, permanecer nela e não ser capaz de voltar à linha de base emocional. Diante 
 Dicionário 
 Basal: 
É o mesmo que 
princípio e base 
de uma linha de 
pesquisa ou de 
método. 
 
 
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de um evento adverso, as cognições, que refletem como o sujeito interpreta um evento, 
podem resultar em: 
o ativação emocional, no caso da ansiedade, 
o queda de humor, no caso da tristeza ou depressão. 
 
Figura 14. Cérebro, informação e processamento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A flexibilidade cognitiva, quando presente, obriga o sujeito a, em vista de uma 
mobilização emocional adversa, automaticamente buscar interpretações alternativas, o 
que reflete seu esforço para retornar à linha basal emocional. 
 
Figura 15. Transtornos emocionais 
 
 
 Indivíduos com transtornos emocionais são, portanto, aqueles que, em virtude de 
experiências e modelação, perderam a flexibilidade cognitiva e a consequente 
 
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capacidade para, quando mobilizados por uma emoção adversa, modular emoções e 
comportamentos, retornar à linha de base e readquirir a funcionalidade. 
 
4.3 Modelo cognitivo de psicopatologia 
 
 Conforme vimos anteriormente, a hipótese de vulnerabilidade cognitiva explica 
a instalação e a manutenção de transtornos afetivos. Por vulnerabilidade cognitiva, 
referimo-nos a uma rigidez do sistema de esquemas e crenças, ou uma tendência 
aumentada, do indivíduo, a cometer: 
 
 
 
 O modelo cognitivo de instalação e manutenção das psicopatologias se 
fundamenta na hipótese de que esquemas e crenças disfuncionais, gradualmente 
menos flexíveis, predispõem indivíduos cognitivamente vulneráveis ao 
desenvolvimento de transtornos. 
 
Imagem 16. Indivíduo com transtorno 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Durante o desenvolvimento, com base em experiências e em regularidades do 
real, conforme observadas pelo indivíduo, um sistema de esquemas e crenças é 
Distorção ao processar a informação 
 
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continuamente construído, no nível inconsciente, também referido como memória 
implícita. A percepção do real pelo indivíduo é organizada em esquemas e o 
conteúdo da representação do real reflete-se, no nível pré-consciente, em forma de 
pensamentos automáticos, que implicam emoções e comportamentos. 
 Quando, em resultado de experiências ou modelação por outros, o sistema de 
esquemas e crenças perde sua flexibilidade e, consequentemente, sua 
funcionalidade, distorções de representação refletem-se no pré-consciente em 
forma de pensamentos automáticos negativos, que resultam em emoções e 
comportamentos adversos e, muitas vezes, em transtornos emocionais. 
 O terapeuta cognitivo-comportamental atua de duas formas: 
 
 
 
Figura 17. Flexibilidades cognitivas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 O paciente, sem a flexibilidade cognitiva para buscar novas formas de 
processamento e sujeito à ação de fatores biológicos, motivacionais e sociais, 
permanece preso às emoções e aos comportamentos adversos, condição que 
corresponde à definição de transtornos afetivos, isto é, estados de alteração 
emocional e comportamental duradouros e persistentes. 
 
4.4 Modelo de processamento humano de informação 
 
 A TCC reflete um paradigma de processamento de informação como um modelo de 
funcionamento humano. O modelo inclui estruturas, processos e produtos, envolvidos 
na representação, interpretação e atribuição de significado ao real interno e externo. 
Inicialmente, o sujeito processa sensorialmente o real interno ou externo. Os elementos 
derivados do processamento sensorial são, então, organizados em esquemas, sendo o 
resultado do processamento esquemático a representação do real pelo sujeito. 
 
Figura 18. Estrutura e processos neural 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A representação do real reflete-se, no nível pré-consciente, em vários fluxos 
paralelos de pensamentos automáticos, cujo conteúdo determina as respostas 
emocionais e comportamentais do indivíduo. 
O modelo propõe, portanto, a presença de três níveis de processamento: 
 Nível inconsciente, onde está localizado nosso sistema de esquemas e crenças; 
 
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 O nível pré-consciente, onde ocorrem os pensamentos automáticos, em vários 
fluxos paralelos; 
 Nível consciente, cujo conteúdo conhecemos e que admite apenas um fluxo de 
processamento a cada momento. 
CONCLUSÃO 
 
 Judith Beck, em 2008, publicou um pequeno artigo intitulado “Quem é o terapeuta 
cognitivo”, no Boletim da Academia de Terapia Cognitiva (Academy of Cognitive 
Therapy). Nesse artigo, ela enumera as características que definem um terapeuta 
cognitivo e são necessárias para se alcançar a propagada eficácia da TC. Ela distingue 
entre reais terapeutas cognitivos e aqueles que apenas se limitam a questionar os 
pensamentos automáticos de seus pacientes. A estes últimos, ela recomenda que 
completem um curso de treinamento formal e prolongado, a fim de capacitar-se para 
atuar independentemente como terapeutas cognitivos. 
 A TCC surgiuhá poucas décadas, mas, nesse curto espaço de tempo, logrou tornar-
se o mais validado e reconhecido sistema de psicoterapia, refletindo hoje o que há de 
melhor no estágio atual do pensamento e da prática da Psicoterapia. A validação de sua 
eficácia confere-lhe o justificado prestígio. Sua alta treinabilidade a torna um modelo 
acessível a profissionais de saúde e de saúde mental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LITERATURA RECOMENDADA 
 
 
BECK, A. T.; RUSH, A. J.; SHAW, B. F.; EMERY, G. Terapia cognitiva da depressão. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1997. 
 
* BECK, J. Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artes 
Médicas, 2013. 
 
* SALKOVSKIS, P. (Ed.) Fronteiras da terapia cognitiva. Organizadora da edição 
brasileira: Ana M. Serra. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. 
 
* SERRA, A. M. (Ed.). Terapia cognitiva: módulos 1 a 8, Revista Psicologia Brasil. São 
Paulo: Ed. Criarp, 2006. Disponível em: www.itcbr.com. 
 
* ______. Terapia cognitiva com casais. In: PAYÁ, R. et al. Intercâmbio das psicoterapias. 
São Paulo: Ed. Roca, 2011. 
 
* ______. Teoria e terapia cognitiva. In: ZANELATTO, N. A.; LARANJEIRA, R. (Org.). O 
tratamento da dependência química e as terapias cognitivo-comportamentais: um 
guia para terapeutas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. 
 
(*) Obras mais representativas e importantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: 
 
BECK, A. T.; FREEMAN, A. Terapia cognitiva dos transtornos de personalidade. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1997. 
 
BORDIN, S.; SERRA, A. M.; FIGLIE, N. B.; LARANJEIRA, R. Terapia cognitiva na 
dependência química. In: FIGLIE, N. B.; BORDIN, S.; LARANJEIRA, R. (Org.). 
Aconselhamento em dependência química. 2. ed. São Paulo: Ed. Roca, 2010. 
 
CASTAÑON, G. O que é cognitivismo. São Paulo: Ed. EPU, 2008. 
 
DATTILIO, F.; FREEMAN, A. (Eds.). Intervenções cognitivo-comportamentais em 
situações de crise. Supervisão da edição brasileira Ana M. Serra. Porto Alegre: Artes 
Médicas, 2003. 
 
REINECKE, M. A.; DATTILIO, F. M.; FREEMAN, A. Terapia cognitiva com crianças e 
adolescentes. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. 
 
SERRA, A. M. Caminhos de conciliação. Revista Diálogos, Ciência e Profissão, n. 1, p. 24-
28, abr. 2004. 
 
______. Terapia cognitiva: um novo conceito em psicoterapia. Revista Psicologia Brasil, 
São Paulo, ano 3, n. 20, 2005. 
 
______. Terapia cognitiva: um novo conceito em psicoterapia. Apostila do Curso de 
Especialização em Terapia Cognitiva. Instituto de Terapia Cognitiva: São Paulo, 2006. 
 
______. Terapia cognitiva: construção do pensamento. Revista Psique, Ed. Especial. São 
Paulo: Editora Escala, 2007. 
 
 
 
 
 
 
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