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Petição inicial - Ação Indenizatória

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE FLORIANÓPOLIS – SANTA CATARINA
GABRIELA, brasileira, modelo fotográfica, estado civil, portadora da Carteira de Identidade nº xx.xxx.xxx-x, inscrita no CPF sob o nº xxx.xxx.xxx-xx, residente e domiciliada na Rua xxx, Cidade de Florianópolis, no Estado de Santa Catarina, CEP xx.xxx-xxx por intermédio de seus advogados, conforme instrumento procuratório anexo, com escritório profissional situado na Rua xxx, e-mail xxxxx@hotmail.com, onde os documentos de estilo (art. 287 do CPC/15), vem à presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS PATRIMONIAIS E EXTRAPARTRIMONIAIS, em face de BELA MUSA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CPNJ nº xx.xxx.xxx/xxxx-xx, com sede na Rua xxx, cidade de xxx, Estado de Santa Catarina, CEP xx.xxx-xxx, e-mail xxx@hotmail.com, pelas razões de fato e de direito que passa a expor.
1. DOS FATOS
Ocorre que, aos seus 19 anos de idade, a autora fora convidada a participar de uma campanha da marca Realeza, na qual prestaria o serviço de modelo fotográfica, vestindo roupas e acessórios da marca. Conforme pré-determinado em contrato assinado pelas partes, Gabriela, para autorizar a divulgação de sua imagem em campanhas publicitárias, receberia 10 (dez) parcelas de R$10.000,00 (dez mil reais), que seriam pagas conforme fossem realizadas as sessões fotográficas, totalizando o montante de R$100.000,00 (cem mil reais) ao final das sessões.
Pois bem, após dois meses de contrato a autora já havia realizado duas sessões. Portanto, já havia recebido R$20.000,00 (vinte mil reais) pagos pela empresa de roupas e acessórios.
Entretanto, pouco antes de realizar a terceira sessão, a requerente contratou os serviços da empresa Bela Musa, atuante no ramo de serviços estéticos, a fim de realizar um procedimento a laser para retirada total de uma pequena marca na perna direita, desse modo, foi estipulado pelas partes, através de um contrato, o pagamento de R$8.000,00 (oito mil reais) pelo procedimento, em 4 (quatro) parcelas de R$2.000,00 (dois mil reais).
Conseguinte, foi realizada uma sessão, da qual apresentou resultados positivos na diminuição. Contudo, ao realizar a segunda sessão, o funcionário da empresa ré executou a aplicação do laser na perna esquerda (ao invés da direita), além disso, a potência do instrumento estava desregulada, o que resultou em uma queimadura extremamente grave na pele de Gabriela, na qual tivera que ser levada às pressas para o hospital. Após o fato, a marca de roupas Realeza reincidiu unilateralmente o contrato de serviço com a requerente, interrompendo os respectivos pagamentos, alegando não ser possível divulgar a marca pela modelo, uma vez que apresentava uma cicatriz na perna, que não havia no tempo de contratação.
Após o ocorrido, Gabriela solicitou a interrupção do contrato com a empresa ré, porém, o contrato permaneceu vigente. Assim, conforme extratos anexo, a modelo continuou pagando as parcelas referente ao procedimento, mediante cobranças mensais em seu cartão de crédito.
No mais, a autora arcou com o valor de R$18.000,00 (dezoito mil reais) em um novo tratamento estético para remoção da nova cicatriz, contudo, mesmo após este procedimento a parte não conseguiu removê-la completamente, conforme exposto por laudo médico juntado, o que causará transtornos para sempre, como a própria relatou.
Diante dos fatos, não restando outra alternativa de ser indenizada, quanto a todos os prejuízos que sofreu, a autora não vê outra possibilidade senão pela propositura da presente demanda.
2. DO FUNDAMENTO JURÍDICO
2.1 Relação de consumo
A autora se qualifica na qualidade de consumidora dos serviços prestados pela ré, por ser destinatária final do serviço ofertado pela requerida. Desse modo, cabe a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, considerando a comprovação de qualificação da parte, pela existência da parte consumidora e fornecedora.
Nos termos expostos pelos artigos 2º e 3º do CDC:
“Art. 2. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.”
“Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.”
“Art. 3. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.”
2.2 Responsabilidade civil
A presente ação de indenização por danos patrimoniais e extrapatrimoniais, resta preconizada no artigo 5º, incisos V e X da Constituição Federal, bem como os artigos 186, 927 e 402 do Código Civil.
Conforme demonstrado pelos fatos narrados, o nexo causal e a conduta da ré são evidentes, tendo em vista que a ação comissiva do funcionário em realizar o procedimento na perna errada, caracterizou uma nova cicatriz na cliente, da qual resultou na rescisão do contrato com a empresa Realeza e perda do valor que ainda seria pago pela mesma, referente aos serviços que seriam prestados pela modelo, mais o valor desembolsado para novo tratamento da retirada da cicatriz.
Destarte, a responsabilidade da queimadura pelo funcionário da empresa, é objetiva, já que independe de comprovação de dolo ou culpa, ainda, que por negligência de ajustes ou manutenção na máquina a laser foi agravada a queimadura na autora, conforme exposto no art. 14, caput, do Código de Defesa do Consumidor:
“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”
Assim, a parte requerida, deve ser condenada a indenizar a requerente por todos as perdas e danos sofridos decorrentes dos fatos expostos, conforme artigo 186, 927 e 402, do Código Civil.
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
“Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.”
“Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.”
Contudo, é de extrema importância salientar que, conforme a Súmula 387, do Supremo Tribunal Federa, é possível e lícita a cumulação das indenizações de dano estético e moral, ainda que decorrentes do mesmo fato.
“Súmula N. 387 - É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.”
2.3 Dos danos patrimoniais
No caso presente, fica claro o dever de indenizar a autora em danos emergente e cessantes, em decorrência da queimadura causado pela ré, resultando na cicatriz em sua perna esquerda.
No mais, com relação ao dano emergente, ou seja, o que a parte efetivamente perdeu ou teve que arcar com seu dinheiro para reparar o prejuízo causado por outra pessoa, como no caso demonstrado.
Desta forma, deve ser ressarcido o valor de R$8.000,00 (oito mil reais) referente as sessões restantes que continuaram a serem cobradas em seu cartão de crédito - conforme extratos juntados - mesmo após o requerimento de cancelamento do contrato pela autora.
Bem como, diante da responsabilidade objetiva, deve ser ressarcido o montante de R$18.000,00 (dezoito mil reais), referente ao novo tratamento que teve de ser realizado em decorrência dos danos causados pela ré, conforme contrato juntado nos autos.
Por último, resta evidenciado o dano patrimonial, em relação ao contratocom a marca Realeza ter sido rescindido exclusivamente por conta da queimadura causada pela ré, o que não iria acontecer, senão por este fato.
Assim, com base no art. 402, do Código Civil:
“Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.”
Segundo o artigo, resta devidamente comprovado em que a parte autora deixou de ganhar o valor pactuado com a marca Realeza, em que possuíam um contrato de trabalhos futuros e certos, conforme contrato juntado.
Como a autora realizou apenas duas sessões fotográficas no valor de R$20.000,00 (vinte mil reais) antes do dano, desse modo, ficou pendente a consumação de mais oito sessões para a campanha, o que totalizariam o montante de R$80.000,00 (oitenta mil reais), valor este que a requerente deixou de ganhar por conta do dano sofrido com a requerida.
Motivos pelos quais, cabe a indenização pelos danos materiais sofridos e lucros cessantes.
2.4 Dos danos extrapatrimoniais
Como explicitado anteriormente, a autora merece ser indenizada diante responsabilidade civil objetiva da ré e da ofensa direta a integridade da autora, como expõe o art. 5º, V e X da Constituição Federal:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”
Ainda, o dano psiquicamente causado, causará a vítima o sofrimento prolongado, conforme laudo médico juntado a autora terá permanentemente a queimadura em sua pela, dificultando assim a continuidade de sua carreira de modelo fotográfica, causando então um grave abalo em sua vida pessoal e profissional.
Portanto, se faz necessária a aplicação de indenização por danos morais, considerando o ato negligente que causou o dano na requerida, de acordo com o art. 186, do Código Civil.
Já o dano estético, que foi devidamente sofrido pela parte autora, considerando o sofrimento decorrente de uma marca corporal, que causa desconforto, dor em seu íntimo, gerando uma grande aflição social e, neste caso profissional também, ofendendo sua integridade física.
Em concordância com a Súmula 387/STJ é possível a cumulação de pedidos de dano estético com dano moral.
Quanto ao quatum indenizatório, deve se ter como base a extensão do dano, como, todos os sentimentos negativos que a autora sentirá pelo resto de sua vida. Sendo razoável o montante de R$20.000,00 (vinte mil reais) para cada dano - dano moral e estético -. A fim de se possibilitar o mínimo de conforto à autora, diante de tantos prejuízos.
3. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência que:
1. A citação da requerente, nos termos do Art. 18 da Lei nº 9.099/1995, para que querendo, possa contestar a presente ação no prazo da lei, sob pena de revelia e confissão “ficta”;
2. produção de provas: testemunhal, para demonstração dos elementos que compõem a responsabilidade civil, bem como para demonstrar os abalos psíquicos e estéticos;
3. No mérito, procedência dos pedidos exordiais, consistentes em condenação da requerida ao pagamento de indenização por danos patrimoniais R$ 106.000,00 (cento e seis mil reais) e extrapatrimoniais 40.000,00 (quarenta mil reais); 
3. Condene a ré ao pagamento de custas e honorários advocatícios, a serem arbitrados por V. Excelência, nos termos do art. 82, § 2º e 85, ambos do CPC;
Dá-se à causa o valor de R$146.000,00 (cento e quarenta e seis mil reais).
Termos em que, pede deferimento.
Florianópolis, 06 de Abril de 2021.
Nome do Advogado
OAB nº xxx
 (assinatura eletrônica)

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