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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – LINHA DE FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM COMÉRCIO EXTERIOR ISABUR JUNQUEIRA DE OLVEIRA MACHADO ANÁLISE POTENCIAL DE MERCADO: Um estudo de caso da marca Divina Comadre SÃO LEOPOLDO 2017 Isabur Junqueira de Oliveira Machado ANÁLISE POTENCIAL DE MERCADO: Um estudo de caso da marca Divina Comadre Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Graduado em Administração, pelo Curso de Administração – Linha de formação específica em Comércio Exterior da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Orientadora: Profª. Ms. Rosana Roth São Leopoldo 2017 RESUMO O presente estudo possui como objetivo analisar a potencialidade de Portugal como mercado-alvo para as exportações de vestuário da marca Divina Comadre. Para alcançar este objetivo, foram analisadas informações relacionadas ao ambiente interno da empresa, às variáveis macro e microambientais do mercado português e as estratégias de marketing internacional, de acordo com conceitos de marketing, marketing internacional e composto de marketing. Para a coleta de dados, foi realizada uma entrevista qualitativa com a empresa e também com a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções, além do envio de questionários a órgãos do setor em Portugal e levantamento de informações através de publicações e websites. Desta forma, o estudo apresenta os principais pontos fortes e fracos da empresa, bem como o panorama do setor têxtil e de confecções no mundo e em Portugal, com o intuito de situar a empresa com relação ao mercado-alvo analisado no que tange às suas oportunidades e ameaças. Sendo assim, através da análise das possíveis estratégias de produto, preço, praça e promoção, e suas adaptações para inserção no país, foi possível identificar que há viabilidade para exportações da empresa no mercado-alvo, propondo estratégias compatíveis com o cenário português. Palavras-chave: Vestuário. Portugal. Potencial. Exportações. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Exportações brasileiras para Portugal: Materiais têxteis e suas obras (2016). ....................................................................................................................... 14 Figura 2 – Matriz SWOT ............................................................................................ 24 Figura 3 – Cadeia produtiva têxtil brasileira .............................................................. 65 Figura 4 – Exportações brasileiras por segmento (2016) – Valor FOB ..................... 66 Figura 5 – Balança comercial têxtil e confecções – Série histórica (2006-2016) ...... 68 Figura 6 – Produção têxtil – Mundo ........................................................................... 69 Figura 7 – Produção de vestuário - Mundo ............................................................... 69 Figura 8 – Mapa de Portugal ..................................................................................... 71 Figura 9 – Balança comercial (Série histórica) .......................................................... 74 Figura 10 – Estilista Mariama Schneider ................................................................... 94 Figura 11 – Atelier Divina Comadre .......................................................................... 94 Figura 12 – Processo de criação ............................................................................... 95 Figura 13 – Provador – Atelier Divina Comadre ...................................................... 100 Figura 14 – Convite do evento ................................................................................ 112 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Conteúdo do plano de marketing ........................................................... 22 Quadro 2 – Forças propulsoras ................................................................................. 27 Quadro 3 – Forças restritivas .................................................................................... 27 Quadro 4 – Aspectos do ambiente demográfico ....................................................... 29 Quadro 5 – Estágios de desenvolvimento de mercado ............................................. 30 Quadro 6 – Dimensões do comportamento cultural .................................................. 31 Quadro 7 – Tendências tecnológicas ........................................................................ 33 Quadro 8 – Intermediários de marketing ................................................................... 36 Quadro 9 – Tipos de público ..................................................................................... 37 Quadro 10 – Modelo de análise dos componentes do produto para adaptação ....... 40 Quadro 11 – Fatores que influenciam na tomada de decisão de preço .................... 44 Quadro 12 – Composto de promoção ....................................................................... 46 Quadro 13 – Roteiro para entrevista – Empresa ....................................................... 55 Quadro 14 – Roteiro para entrevista – ABIT ............................................................. 57 Quadro 15 – Roteiro utilizado na elaboração do questionário destinado às organizações atuantes no setor em Portugal ............................................................ 59 Quadro 16 – Categorias da análise de conteúdo ...................................................... 63 Quadro 17 – Acordos entre Portugal e Brasil ............................................................ 77 Quadro 18 – Principais concorrentes em Portugal .................................................... 84 Quadro 19 – Concorrentes com produtos similares .................................................. 87 Quadro 20 – Importadores e distribuidores do setor têxtil e de vestuário português . 91 Quadro 21 – Coleção Céu ......................................................................................... 96 Quadro 22 – Coleção Renda-se ................................................................................ 97 Quadro 23 – Coleção Xodó ....................................................................................... 98 Quadro 24 – Matriz SWOT ...................................................................................... 101 Quadro 25 – Quadro síntese da análise .................................................................. 117 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Produção por região (ton) ........................................................................ 65 Tabela 2 – Better life index (Portugal x Brasil) .......................................................... 72 Tabela 3 – Importações portuguesas de origem brasileira ........................................ 75 Tabela 4 – Exportações portuguesas para a nação brasileira................................... 75 Tabela 5 – Venda de vestuário em Portugal (exceto jeans) ...................................... 81 Tabela 6 – Principais marcas de moda feminina no mercado português (% de participação em termos de valor) .............................................................................. 82 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA .............................................................................. 10 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 12 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 12 1.2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................12 1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 16 2.1 CONCEITOS DE MARKETING ........................................................................... 16 2.1.1 Conceitos Centrais de Marketing .................................................................. 17 2.1.1 Planejamento Estratégico de Marketing ....................................................... 20 2.1.3 Plano de Marketing......................................................................................... 21 2.1.4 Análise SWOT ................................................................................................. 23 2.2 MARKETING INTERNACIONAL ......................................................................... 24 2.2.1 Ambiente de Marketing Internacional ........................................................... 26 2.2.2 Macroambiente ............................................................................................... 28 2.2.2.1 Ambiente Demográfico .................................................................................. 28 2.2.2.2 Ambiente Econômico..................................................................................... 29 2.2.2.3 Ambiente Sociocultural .................................................................................. 30 2.2.2.4 Ambiente Natural ........................................................................................... 32 2.2.2.5 Ambiente Tecnológico ................................................................................... 32 2.2.2.6 Ambiente Político-Legal ................................................................................. 33 2.2.3 Microambiente ................................................................................................ 34 2.2.3.1 Empresa ........................................................................................................ 34 2.2.3.2 Fornecedores ................................................................................................ 35 2.2.3.3 Intermediários de Marketing .......................................................................... 35 2.2.3.4 Concorrentes ................................................................................................. 36 2.2.3.5 Público ........................................................................................................... 37 2.2.3.6 Clientes ......................................................................................................... 37 2.3 O PROGRAMA DE MARKETING GLOBAL ........................................................ 38 2.3.1 Produto ............................................................................................................ 39 2.3.1.1 Marca ............................................................................................................ 41 2.3.1.2 Design ........................................................................................................... 42 7 2.3.1.3 Embalagem ................................................................................................... 43 2.3.3 Preço ............................................................................................................... 43 2.3.3 Promoção ........................................................................................................ 46 2.3.4 Praça................................................................................................................ 49 2.3.4.1 Desenvolvimento e Gestão de Canais .......................................................... 51 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 52 3.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO .......................................................................... 52 3.2 DEFINIÇÕES DA UNIDADE-CASO .................................................................... 53 3.3 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS .................................................................... 53 3.3.1 Dados Primários ............................................................................................. 54 3.3.2 Dados Secundários ........................................................................................ 60 3.4 TÉCNICA DE ANÁLISE DE DADOS ................................................................... 61 3.4.1 Categorias de Conteúdo ................................................................................ 62 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................... 64 4.1 PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E DE CONFECÇÕES .................................... 64 4.1.1 Contexto Nacional .......................................................................................... 64 4.1.2 Contexto Internacional ................................................................................... 68 4.1.3 Portugal ........................................................................................................... 70 4.1.3.1 Análise do Ambiente Demográfico ................................................................ 70 4.1.3.2 Análise do Ambiente Econômico ................................................................... 73 4.1.3.3 Análise do Ambiente Político-Legal ............................................................... 76 4.1.3.4 Análise do Ambiente Cultural e de Negócios ................................................ 79 4.1.3.5 Microambiente ............................................................................................... 80 4.2 A EMPRESA ....................................................................................................... 93 4.2.1 A Divina Comadre .......................................................................................... 93 4.2.2 Processo de Criação e Produção ................................................................. 95 4.2.3 Linhas de Produto .......................................................................................... 96 4.2.4 Processo de Vendas ...................................................................................... 99 4.3 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS E QUESTIONÁRIO ......................................... 100 4.3.1 Análise SWOT ............................................................................................... 101 4.3.2 Análise das Estratégias de Marketing (4 P’s) ............................................ 103 4.3.3 Recomendações ........................................................................................... 114 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 119 5.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO .............................................................................. 122 8 5.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .................................................. 123 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 125 9 1 INTRODUÇÃO A crescente globalização da economia mundial e desenvolvimento do comércio internacional tornam cada vez mais necessária a busca ao acesso a novos mercados através da internacionalização de empresas, como forma de ganho competitivo, diminuição de risco na operação, expansão de mercados e sobrevivência no atual contexto econômico. O Brasil possuía, até a década de 1990, uma economia de comércio exterior fechada, como consequência da proteção da indústria nacional. A reformulação de políticas comerciais e abertura de mercado, entretanto, permitiram ao Brasil desenvolvimento econômico, bem como aumento de competitividade da indústria nacional. (LOPEZ; GAMA, 2007). Atualmente no país existem diversos benefícios fiscais paraempresas que decidem exportar, como forma de fomentar a participação do Brasil no mercado mundial e tornar o produto brasileiro mais acessível no exterior, como a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), por exemplo, na exportação de produtos industrializados, como vestuário. (BRASIL, 2016a). Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2013), questões como melhor distribuição de renda, desenvolvimento de varejos e shoppings centers e maior agilidade nos lançamentos das roupas são fatores que fortaleceram o comércio de vestuário no Brasil. Além disso, destaca-se que a tecnologia se torna cada vez mais importante neste setor, tanto no que se refere à produção e gerenciamento do negócio, como também é uma das principais ferramentas de comunicação com os clientes finais. O consumo de produtos de vestuário não se dá apenas por uma necessidade básica do ser humano, mas também por questões culturais, como status econômico e identidade, por exemplo. A diversificação desse setor é bastante grande, com influências desde o artesanato até a alta tecnologia, o que leva o empreendedor a decidir entre os mais diversos nichos e segmentos de atuação no mercado, bem como formas de atuação que podem variar desde grandes cadeias de loja e varejo, até lojas especializadas e exclusivas, como no caso do objeto deste estudo, a marca Divina Comadre. 10 Segundo Kotler e Keller (2013, p. 17), na orientação para marketing, “A tarefa não é mais encontrar os clientes certos para seus produtos, mas sim os produtos certos para seus clientes”. A partir do próximo capítulo, este trabalho irá apresentar a definição do problema, objetivos e justificativa. No aspecto teórico, o estudo irá abordar conceitos de Marketing, Marketing Internacional, Macroambiente, Microambiente e Estratégias de Marketing Internacional. Por fim, serão delineados os métodos utilizados para coleta e análise de dados desta pesquisa, bem como apresentados os resultados desta análise e as considerações finais. 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA O atual contexto do setor têxtil e de confecções brasileiro apresenta forte representatividade na economia do país. A cadeia produtiva têxtil brasileira é completa, uma vez que possui desde auto-suficiência na produção do algodão à tecelagem, fiação e desfiles de moda de extrema importância no cenário da moda mundial. Além disso, o Brasil possui o 4º maior parque produtivo do mundo, obtendo, em 2015, faturamento de USD 36,2 bilhões, dos quais USD 1,8 bilhões foram provenientes exclusivamente da exportação. Existem no país, atualmente, 33 mil empresas formais voltadas diretamente ao setor têxtil e de confecções – fundamentalmente pequenas e médias empresas -, com 1,5 milhões de empregados diretos. (ABIT, 2016a). A crescente modernização e inovação dos meios de comunicação têm feito com que o consumidor final fique cada vez mais próximo do negócio, o que traz ao empreendedor oportunidade de maior desenvolvimento de sua imagem e crescimento de negócio. Torna-se de suma importância, portanto, a análise do empreendedor quanto à preferência dos seus consumidores finais. Atualmente, um dos principais conceitos centrais do marketing está diretamente relacionado à criação de valores e satisfação para os clientes. (KOTLER; KELLER, 2013). Mesmo sendo responsável por uma alta representatividade na economia brasileira, no âmbito do comércio internacional o setor têxtil e de confecções brasileiro ainda não possui relevância coerente, uma vez que o país ocupa o 23º lugar no ranking de exportadores de produtos têxteis e de vestuário, tendo participação de apenas 0,5% no mercado mundial (ABIT, [2015?]). Os desafios à 11 internacionalização das empresas brasileiras variam desde isolamento geográfico e linguístico, até o próprio perfil cultural do empreendedor brasileiro e sua percepção psicológica. (ROCHA, 2003). A Divina Comadre é uma marca gaúcha de moda feminina criada em 2012, pela estilista Mariama Schneider, com um conceito bastante diferenciado relacionando qualidade, criatividade e identidade. “Elaborada longe das pretensões da moda e feita com todo o cuidado para durar, cada peça busca se encaixar dentro do dia a dia feminino e gera diversas possibilidades de uso”. (DIVINA COMADRE, 2016). Conforme informações oficiais da empresa, a marca iniciou a sua atuação através da confecção específica de vestidos colecionáveis, mas hoje apresenta uma gama maior de produtos, como blusas, macacões, vestidos longos e curtos modelados de acordo com a necessidade de cada consumidora. Atualmente, as vendas são feitas no próprio atelier da marca, em Porto Alegre, ou através do envio dos produtos diretamente às clientes. No que diz respeito a Portugal, a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP, 2015), com base em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), cita que 10% das exportações do país em 2015 (aproximadamente USD 4,8 bilhões) foram provenientes do setor têxtil e de vestuário, sendo esta considerada uma das mais importantes indústrias para a economia portuguesa. No que diz respeito às importações, no mesmo ano, o setor foi responsável por aproximadamente USD 3,8 bilhões. Do volume de negócios das empresas da indústria de transformação em Portugal, 8% foram provenientes deste setor, sendo que o mesmo também é responsável por 19% do potencial empregador desta indústria. Percebe-se, no relacionamento Brasil-Portugal, um desenvolvimento que ultrapassa apenas as dimensões históricas de colonização. “Há interesse mútuo em valer-se do capital político bilateral para criar aprofundar os fluxos de comércio e de investimentos e para criar novas parcerias nos campos científico, tecnológico, cultural e educacional”. (BRASIL, 2016b). Em 2016, o Brasil exportou USD 654,0 milhões para Portugal, enquanto importou do país USD 639,8 milhões. Das exportações no mesmo ano, USD 20,4 milhões foram provenientes de materiais têxteis e suas obras. (BRASIL, 2017a). Para a internacionalização do mercado português deste setor em específico, o empreendedor brasileiro possui, no Brasil, como uma das principais fontes de 12 informação, o Programa de Internacionalização da Indústria de Moda Brasileira, conduzido pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (ABIT) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (APEX), que possui como objetivo a atuação conjunta com as empresas do setor no Brasil para alcance do mercado internacional. (TEXBRASIL, 2016). Além disso, a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, com sede em Lisboa, também possui como principal função a fomentação das relações comerciais entre Brasil e Portugal. Considerando que a Divina Comadre é uma microempresa que possui como um de seus objetivos a internacionalização da marca e diante dos dados de comércio bilateral Brasil-Portugal, bem como semelhanças culturais e linguísticas entre os dois países, percebe-se a necessidade da elaboração de uma análise potencial de mercado, para verificação da potencialidade do objetivo, através de um estudo de caso do empreendimento estudado. Tendo como base o contexto supracitado, apresenta-se como problema de pesquisa: Quais estratégias de marketing internacional (produto, preço, praça e promoção) podem ser utilizadas pela marca Divina Comadre para entrar no mercado português? 1.2 OBJETIVOS Conforme Roesch (2013), na formulação dos objetivos, o autor do projeto fixa os padrões de sucesso de sua pesquisa, bem como orienta a estrutura do mesmo. A seguir serão apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos deste estudo. 1.2.1 Objetivo Geral Identificação e análise das estratégias de marketing internacional (produto, preço, praça e promoção) para a marca Divina Comadreentrar no mercado português. 1.2.2 Objetivos Específicos Apresentar o ambiente interno da empresa Divina Comadre; 13 apresentar e analisar as variáveis de micro e macro ambiente do mercado português; identificar as oportunidades e as ameaças para a internacionalização da marca Divina Comadre no mercado têxtil e de confecções português. 1.3 JUSTIFICATIVA A participação das micro e pequenas empresas na economia brasileira tem sido bastante significativa nos últimos anos. Em 2014, segundo o SEBRAE, mais de um quarto do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro foi proveniente da participação das mesmas na economia do país. Se considerarmos apenas o segmento de comércio, a representação destas empresas na economia fica mais evidente ainda: As Micro e Pequenas Empresas já são as principais geradoras de riqueza no comércio no Brasil (53,4% do PIB deste setor). (...) Os dados demonstram a importância de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte, inclusive os Microempreendedores Individuais. Isoladamente, uma empresa representa pouco. Mas juntas, elas são decisivas para a economia e não se pode pensar no desenvolvimento do Brasil sem elas. (SEBRAE, 2014, p. 6). No que diz respeito ao comércio internacional, as micro e pequenas empresas obtiveram um crescimento em suas exportações de 2,7% em 2014 em comparação ao ano de 2013, sendo que 59,4% das empresas exportadoras naquele ano encaixavam-se nesta categoria, totalizando USD 2 bilhões em exportações. A concentração destas exportações se dá em produtos de baixo valor tecnológico, como calçados, vestuário, têxteis e produtos de médio valor tecnológico. Ao se analisar o setor têxtil e de confecções como segmento separado, verifica-se que “vestuário para mulheres e meninas” foi o principal produto exportado em 2014 pelas microempresas brasileiras, contribuindo com 2,4% do total exportado. (SEBRAE, 2015). No que diz respeito a Portugal, segundo a Comissão Europeia (EUROPEAN COMISSION, 2016, p. 1), A economia portuguesa manteve uma trajetória de recuperação moderada desde o início do segundo semestre de 2013, num contexto de crescente confiança das empresas e dos consumidores e de melhoria das condições de financiamento. A recuperação foi inicialmente liderada pelas exportações, mas tornou consumo privado. Em 2015, a economia portuguesa registrou um aumento no Produto Interno Bruto de 1,5%, registrando aumentos tanto no consumo priva apresentando crescimento de 2,6% e 0,6%, respectivamente. No que tange comércio internacional, 7,2% nas importações, obtendo como corrente e de capital. (AICEP, 2016). A escolha de Portugal, em consideração a relevância do país internacionais. Segundo o Grupo Banco Mundial (2016), na análise de tempo e custo para importações e exportações, Portugal está em 1º lugar no ranking, juntamente com outros 16 países. Dentre as exportações brasileiras do Portugal, verifica-se a predominância de fibras têxteis vegetais em segundo lugar, do algodão. Nota analisamos a categoria de vestuário e seus acessórios (exceto em 2016, participação de Apresenta-se, abaixo, um capítulo da Nomenclatura Comum do Mercocul (NCM) Figura 1 – Exportações brasileiras par exportações, mas tornou-se depois mais abrangente com o aumento do consumo privado. 2015, a economia portuguesa registrou um aumento no Produto Interno Bruto de 1,5%, registrando aumentos tanto no consumo privado apresentando crescimento de 2,6% e 0,6%, respectivamente. No que tange mércio internacional, este apresentou um aumento de 5,2% nas exportações e 7,2% nas importações, obtendo como consequência saldo positivo na balança de capital. (AICEP, 2016). olha de Portugal, como mercado destino para este estudo também leva em consideração a relevância do país quanto a regulamentação dos seus negócios internacionais. Segundo o Grupo Banco Mundial (2016), na análise de tempo e custo para importações e exportações, Portugal está em 1º lugar no ranking, juntamente as exportações brasileiras do setor têxtil e de confecções para se a predominância de fibras têxteis vegetais, em primeiro lugar em segundo lugar, do algodão. Nota-se a oportunidade deste setor analisamos a categoria de vestuário e seus acessórios (exceto participação de 11,04% no total de materiais têxteis e suas obras. , um gráfico com a participação das exportações de cada da Nomenclatura Comum do Mercocul (NCM). Exportações brasileiras para Portugal: Materiais têxteis e (2016). Fonte: Brasil (2017a) 14 se depois mais abrangente com o aumento do 2015, a economia portuguesa registrou um aumento no Produto Interno do como no público, apresentando crescimento de 2,6% e 0,6%, respectivamente. No que tange ao um aumento de 5,2% nas exportações e saldo positivo na balança como mercado destino para este estudo também leva regulamentação dos seus negócios internacionais. Segundo o Grupo Banco Mundial (2016), na análise de tempo e custo para importações e exportações, Portugal está em 1º lugar no ranking, juntamente setor têxtil e de confecções para em primeiro lugar, e, se a oportunidade deste setor, quando malha), que obteve, no total de materiais têxteis e suas obras. gráfico com a participação das exportações de cada a Portugal: Materiais têxteis e suas obras 15 Desta forma, este trabalho almeja analisar e indicar estratégias de marketing internacional para a empresa Divina Comadre, de forma a contribuir para o seu desenvolvimento como negócio e permitir a obtenção de informações que auxiliem a tomada de decisão em relação à internacionalização. Além disso, este estudo visa contribuir com a indústria têxtil e de confecções e empresas que tenham interesse no mercado-alvo analisado, desta forma, destinando-se tanto à comunidade acadêmica, como também aos empresários interessados no tema. Quanto à viabilidade deste estudo, justifica-se a disponibilidade da empresa Divina Comadre na divulgação e entrega de dados para análise, bem como informações concebidas pelo SEBRAE, pela Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), pelo Setor de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores (SECOM),, pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (ABIT), consultas ao referencial teórico apresentado e orientação da Professora Rosana Roth. Destaca-se, também, a relevância da localização da loja da Divina Comadre, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, possibilitando visitação para entrevistas e coleta de dados, o que permitiu melhor entendimento e conhecimento da microempresa e seus objetivos com a internacionalização. Para a Divina Comadre, portanto, este estudo de caso se justifica pela oportunidade de utilizar as informações referentes à análise do ambiente interno da empresa como do ambiente externo, a fim de viabilizar possível internacionalização do negócio, contribuindo assim para o desenvolvimento da marca e de seu contato com o mercado exterior. Destaca-se também a possibilidade de outras empresas utilizarem as informações contidas neste trabalho, tanto no que tange à internacionalização, quanto ao que diz respeito aos dados relacionados a Portugal. Por fim, justifica-se a importância da contribuição desta análise devido à possibilidade do aumento de empresas exportadoras brasileiras, de forma a complementar à balança comercial do Brasil e, consequentemente, aumentar o desenvolvimento econômico do país. Como base para esse objetivo, o estudo utilizará conceitos teóricos de marketing, marketing internacional e estratégias de marketing internacional, que serão apresentados na fundamentação teórica. 16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 CONCEITOS DE MARKETING O conceito de marketing envolve a identificação e o suprimento das necessidades do ser humano de forma lucrativa. (KOTLER; KELLER, 2013). Desta forma, o marketing é responsável por transformar uma necessidadeparticular e específica do cliente em uma possibilidade de negócio para a empresa. Conforme afirmam Ferrell e Hartline (2009, p. 6), “Por meio das atividades de marketing, os consumidores conseguem comprar carros da Coréia do Sul e vinhos da África do Sul, e as organizações podem auferir lucro viável”. Já, conforme a American Marketing Association (AMA, 2013), o marketing é a atividade que compreende a criação, comunicação, entrega e troca de valores com clientes, fornecedores, parceiros e sociedade. Verifica-se que o conceito atual de marketing considera como um de seus principais pilares o cliente e sua satisfação como meio de alcançar os objetivos da empresa. Aspectos como manutenção de relacionamento e lealdade também são de suma importância neste âmbito. (TREZ, 2013). “De maneira ideal, o marketing deveria resultar em um cliente disposto a comprar”. (DRUCKER, 1973, p. 64-65, apud KOTLER; KELLER, 2013, p. 4). No atual contexto competitivo global, as empresas precisam buscar, por meio do marketing, diferentes formas de atrair demanda e superar seus concorrentes, através do desenvolvimento de sua relação com os clientes e sua capacidade de atraí-los. Para Ferrell e Hartline (2009), todas as organizações, independente de possuir objetivo lucrativo ou não, precisam de planejamento estratégico e marketing para obter sucesso. A dificuldade de obter sucesso nessa empreitada é consequência de alguns fatores específicos, como o controle da distribuição de produtos por grandes empresas e multinacionais, franquias, hipermercados e supermercados, o aumento significativo na quantidade de diferentes marcas para um mesmo produto, o impacto da tecnologia digital e a alta fragmentação dos mercados, decorrente da necessidade de inovação das empresas e consequente criação de diversos nichos e segmentos de mercado diferentes. (KOTLER; BES, 2015). 17 Torna-se de suma importância, portanto, o entendimento dos conceitos centrais do marketing, que serão apresentados no subcapítulo seguinte. 2.1.1 Conceitos Centrais de Marketing Para Kotler e Keller (2013), existem conceitos centrais básicos para o entendimento da base do marketing, que serão apresentados abaixo: a) Necessidade, desejo e demanda Conforme já analisado anteriormente, a necessidade do cliente é um dos principais aspectos do marketing atual. Conforme afirmam Kotler e Keller (2013, p. 8): Alguns clientes têm necessidades das quais nem sempre estão cientes, ou que não conseguem expressar. (...). O profissional de marketing precisa pesquisar mais fundo. Podemos distinguir cinco tipos de necessidade: 1. Necessidades declaradas (o cliente quer um carro econômico); 2. Necessidades reais (o cliente quer um carro cujo custo de manutenção seja baixo - e não seu preço inicial); 3. Necessidades não declaradas (o cliente espera um bom atendimento por parte do revendedor); 4. Necessidade de “algo mais” (o cliente gostaria que o revendedor incluísse um sistema de GPS); 5. Necessidades secretas (o cliente quer ser visto pelos amigos como um consumidor inteligente). b) Mercado-alvo, posicionamento e segmentação Para Ferrell e Hartline (2009, p. 7), “Em seu nível mais básico, mercado é um conjunto de compradores e vendedores”. Como os consumidores possuem as mais diferentes necessidades, é muito raro que uma empresa consiga satisfazer a necessidade de todos. Por isso, é necessária a divisão do mercado em segmentos de atuação, através da análise da preferência dos consumidores e o possível mix de produtos e serviços que estes clientes possam necessitar, desenvolvendo e posicionando, assim, a sua oferta aos consumidores. (KOTLER; KELLER, 2013). Para Neves et al. (2004 apud GALÃO; CRESCITELLI; BACCARO, 2011), um dos principais objetivos do marketing atualmente é o encontro de segmentos com possibilidade e expectativa de crescimento, através do desenvolvimento de produtos adaptados às constantes mudanças. 18 c) Ofertas e marcas A oferta é o resultado oferecido pela empresa após a análise das necessidades e preferências do consumidor. Quando esta oferta é de uma fonte conhecida, torna-se uma marca. O objetivo da empresa, desta forma, é estabelecer uma marca sólida e conhecida. (KOTLER; KELLER, 2013). d) Valor e satisfação Quando se analisa o porquê dos consumidores escolherem um produto específico, de acordo com Ferrell e Hartline (2009, p. 103), devemos considerar que: A pergunta “por que” envolve a identificação dos benefícios básicos oferecidos pelos produtos da empresa. (...) Essa pergunta é importante porque os consumidores podem comprar os produtos da empresa para satisfazer necessidades que a empresa nunca levou em consideração. Desta forma, entende-se que a oferta de uma empresa será bem sucedida quando, através da análise das necessidades do consumidor, proporcionar na compra valor e satisfação ao cliente. (KOTLER; KELLER, 2013). e) Canais de marketing Segundo Kotler e Keller (2013), para atingir um mercado-alvo específico, a empresa possui três tipos de canais de marketing, sendo estes: canais de comunicação (jornais, revistas, rádio e televisão); canais de distribuição (apresentação, venda e entrega de produtos); e canais de serviços (armazéns, transportadores, bancos e companhias de seguro). Madruga et al. (2011) entendem como terceiro canal de marketing os canais de relacionamento, que, muito além de permitir transações com compradores potenciais, também são uma via de mão dupla no relacionamento. Ao considerarmos a internet como um canal de relacionamento, por exemplo, verifica-se a possibilidade de uma relação bem mais estreita com o consumidor final, possibilitando diversas interações. f) Canais de suprimento “A cadeia de suprimentos (supply-chain) é um canal mais longo, que se estende das matérias-primas aos componentes de produtos finais – que são levados aos compradores finais”. (KOTLER; KELLER, 2013, p. 9). Este conceito de cadeia 19 de suprimento surgiu como consequência da necessidade de uma visão mais abrangente da logística. Desta forma, percebe-se que são diversas as atividades que fazem parte do objetivo de entregar o produto na hora e lugar certos e de acordo com as especificações do cliente. A cadeia de suprimentos, portanto, engloba toda e a rede de cooperação responsável pela entrega do produto ao cliente final (matéria-prima, transformação, armazenamento, distribuição, comercialização e pós-venda). (COELHO et al., 2015). g) Concorrência Um dos aspectos de suma importância na análise do ambiente externo à empresa é a sua concorrência. “A concorrência abrange todas as ofertas e os substitutos rivais, reais e potenciais que um comprador possa considerar”. (KOTLER; KELLER, 2013, p. 10). Segundo Ferrell e Hartline (2009, p. 107), existem quatro tipos básicos de concorrência: 1. Concorrentes de marca, que comercializam produtos similares em características e benefícios para os mesmos consumidores a preços semelhantes. 2. Concorrentes de produto, que competem na mesma classe de produto, mas com produtos diferentes em característica, benefício e preço. 3. Concorrentes genéricos, que comercializam produtos muito diferentes que resolvem o mesmo problema ou satisfazem a mesma necessidade básica do consumidor. 4. Concorrentes de orçamento anual, que competem pelos limitados recursos financeiros dos mesmos consumidores. h) Ambiente de marketing De acordo com Kotler e Keller (2013), o ambiente de marketing possui duas divisões: o microambiente e o macroambiente. O microambiente é formado por participantes imediatos na produção e desenvolvimento dos produtos, como: empresa, fornecedores, distribuidores, revendedores, e clientes. O macroambiente, por outro lado, possui seis componentes: ambientes demográfico, econômico, sociocultural, natural, tecnológico e político-legal. Considerando estes conceitos centrais apresentadosanteriormente, surge a necessidade da empresa em analisar e delinear seu planejamento estratégico de marketing, conforme podemos verificar a seguir. 20 2.1.1 Planejamento Estratégico de Marketing O marketing estratégico possui como premissa a integração da perspectiva de mercado e a tomada de decisões através de um contexto de longo prazo. Constituem-se como aspectos básicos da estratégia competitiva, a visão de longo prazo, delineamento de metas, objetivos e ações para alcance do resultado, posicionamento estratégico, reconhecimento do valor da competição e a necessidade de superação dos concorrentes. (TREZ, 2013). De acordo com Ferrell e Hartline (2009), o início do planejamento estratégico contempla uma análise dos ambientes internos e externos à organização. O desenvolvimento do planejamento pelas organizações engloba a orientação para o consumidor e a harmonia com a missão e meta da empresa e os planos de outras áreas funcionais da mesma, como produção, finanças, recursos humanos e outros. Para Kotler e Keller (2013), são três as atividades chave para o processo de planejamento estratégico: gerenciamento dos negócios da empresa da mesma forma que uma carteira de investimentos, avaliação de pontos fracos e fortes de cada negócio e estabelecimento de uma estratégia (plano de ação) para atingir os objetivos em longo prazo. Desta forma, para que se obtenha um planejamento de marketing bem sucedido, é necessário que a empresa possua um bom gerenciamento e pessoas com capacidades para desenvolver as atividades acima citadas, como criar, entregar e comunicar valor ao cliente final, suprindo necessidades específicas destes consumidores. Destaca-se também, dentro do planejamento estratégico de marketing, a importância da identificação de mudanças potenciais dentre as necessidades dos consumidores e a adaptação a essas variações, tanto atuais como futuras. (FERRELL; HARTLINE, 2009). Nesse contexto, ressalta-se a importância da diferenciação entre estratégias de marketing e marketing estratégico. Conforme Varadarajan (2009 apud TREZ, 2013), o primeiro conceito se refere ao conjunto de decisões e escolhas relacionadas ao mercado e ao atendimento das necessidades dos consumidores- alvo. “Nos modelos mais tradicionais de planejamento estratégico, após a definição das estratégias centrais, todas as áreas funcionais trabalham no desdobramento das estratégicas específicas”. (TREZ, 2013, p. 12). 21 O segundo conceito relacionado ao marketing estratégico, de acordo com o mesmo autor, é bem mais recente e engloba o estabelecimento de vantagens competitivas através da identificação e análise dos recursos e capacidade da empresa. Desta forma, através da abordagem deste conceito, o marketing estratégico se torna uma ferramenta de orientação para as decisões e coordenação de relacionamentos interfuncionais e interorganizacionais. Através do Planejamento Estratégico da organização e da estratégia da unidade de negócios serão desenvolvidos os planos de marketing das outras áreas funcionais da empresa. O conceito do plano de marketing será apresentado a seguir. 2.1.3 Plano de Marketing Segundo Kotler e Keller (2013, p. 39), “O plano de marketing é o instrumento central para direcionar e coordenar o esforço de marketing”. De forma mais detalhada, podemos verificar que “Um plano de marketing é um documento escrito que fornece um esquema de atividades de marketing da organização, incluindo a implementação, a avaliação e o controle destas atividades”. (FERRELL; HARTLINE, 2009, p. 32). De acordo com Kotler e Keller (2013), existem dois níveis de plano de marketing: estratégico e tático. Enquanto o primeiro compreende o estabelecimento do mercado-alvo e proposta de valor, o segundo específica as táticas de marketing, como: característica dos produtos, promoção, comercialização, preço e canais de venda e serviços. O plano de marketing possui diversos propósitos diferentes, desde a explicação de como a empresa atingirá as metas e os objetivos estabelecidos, até a descrição do papel de cada empregado da empresa e como será a alocação de recursos, responsabilidades, cronograma e atividades. (FERRELL; HARTLINE, 2009). No contexto contemporâneo atual, verifica-se a necessidade, por parte dos gerentes de marketing das organizações, da tomada de decisões referentes à despesa, mix de marketing (produto, preço, praça e promoção) e alocação de recursos, de forma a transformar as estratégias delineadas anteriormente em objetivos viáveis, permeando toda a estrutura da empresa. Cada vez mais se percebe a cobrança de resultados econômicos e financeiros, justificando, portanto, a necessidade de um plano de marketing que contemple a divisão do orçamento de 22 marketing entre as diversas ferramentas do mix de marketing. (MADRUGA et al., 2011). Desta forma, o plano de marketing cada vez está sendo mais direcionado para aspectos como clientes e concorrentes, com uma fundamentação mais realista, visando responder às mudanças nas necessidades do mercado. No que tange à extensão e ao formato, destaca-se que o plano de marketing pode variar de acordo com cada empresa. (KOTLER; KELLER, 2013). No quadro 1 será apresentada a estrutura referente ao conteúdo de um plano de marketing. Quadro 1 – Conteúdo do plano de marketing Resumo executivo e sumário Resumo dedicado às principais metas e recomendações da empresa, definindo o direcionamento do plano, seguido por um sumário. Análise da situação Antecedentes relacionados a aspectos como: vendas, custos, lucro, mercado, concorrentes e forças do macroambiente, utilizadas na condução da análise SWOT. Estratégias de marketing Definição da missão e objetivos financeiros e de marketing e estabelecimento de posicionamento competitivo. Projeções financeiras Definição da previsão de vendas e das despesas e análise do ponto de equilíbrio. Controles Descrição dos controles para monitoramento do plano. Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2016) com base em Kotler e Keller (2013). A estrutura apresentada acima pode variar brevemente de acordo com o autor pesquisado. Para Ferrell e Hartline (2009), a exemplificação de uma estrutura de plano de marketing abrange, por exemplo, uma parte específica para análise SWOT, com estabelecimento de vantagens competitivas e foco estratégico, e outra parte relacionada à implementação do marketing e às questões estruturais e atividades do marketing tático. Destaca-se que o plano de marketing deve ser adaptado e ajustado de acordo com as necessidades e especificações de cada situação. Verifica-se, portanto, como premissa para a confecção de um bom plano de marketing a elaboração de uma análise SWOT visando o entendimento do ambiente interno e externo à empresa. A seguir serão apresentados os principais conceitos referentes a esta ferramenta fundamental do marketing. 23 2.1.4 Análise SWOT A análise SWOT compreende a avaliação e monitoramento do ambiente interno da empresa, através de suas forças e fraquezas, e do seu ambiente externo, através das oportunidades e ameaças. (KOTLER; KELLER, 2013). De acordo com Ferrell e Hartline (2009), os aspectos internos relacionados às forças e fraquezas da empresa possuem como dimensões fundamentais desempenho, recursos financeiros, recursos humanos, instalações, capacidade produtiva, participação no mercado, percepções do consumidor, qualidade, disponibilização do produto e comunicação organizacional. Por outro lado, em relação ao ambiente externo, a análise compreende o mercado, através de consumidores e concorrências, bem como condições econômicas, tendências sociais e tecnológicas e regulamentações governamentais. Para Kotler e Keller (2013), no que se refere ao ambiente externo, existem três fontes principais de oportunidades: oferecimento de algo que possui oferta escassa; oferecimento de algo já existentede uma maneira inovadora ou superior; e, por fim, a criação de um produto ou serviço totalmente novo. A utilização com sucesso da análise SWOT depende da identificação de quatro questões: 1. A avaliação das forças e fraquezas deve enxergar além dos produtos e recursos da empresa oferecidos para examinar os processos de negócios que são fundamentais para satisfazer as necessidades dos consumidores. Isso geralmente implica oferecer ‘soluções’ para os problemas dos consumidores, em vez de produtos específicos. 2. A realização das metas e dos objetivos da empresa depende de sua habilidade em criar capacidades, combinando suas forças com oportunidades no ambiente. As capacidades tornam-se vantagens competitivas se oferecerem aos consumidores um valor melhor que as ofertas dos concorrentes. 3. As empresas podem frequentemente converter pontos fracos em fortes, ou mesmo em capacidades, ao investir estrategicamente em áreas fundamentais (atendimento ao consumidor, pesquisa e desenvolvimento, cadeia de suprimentos eficiente e treinamento de pessoal, por exemplo). Do mesmo modo, ameaças sempre podem ser convertidas em oportunidades se os recursos adequados estiverem disponíveis. 4. Pontos fracos que não puderem ser convertidos em forças tornam-se limitações da empresa. Limitações que forem óbvias e significativas para os consumidores ou outros stakeholders devem ser minimizadas por meio de escolhas estratégicas eficazes. (FERRELL; HARTLINE, 2009, p. 137). 24 Desta forma, com relação à estruturação da matriz SWOT, a Figura 2 apresenta um modelo identificando os quatro elementos. Figura 2 – Matriz SWOT Fonte: Adaptado pela pesquisadora com base em Ferrell e Hartline (2009). A análise do ambiente externo à empresa pode estar se referindo tanto ao mercado doméstico, como também ao mercado internacional, dependendo do nível de internacionalização da mesma. Desta forma, como esta pesquisa visa à análise da potencialidade de um mercado no exterior, torna-se essencial o entendimento dos conceitos relacionados ao marketing internacional, que serão apresentados a seguir. 2.2 MARKETING INTERNACIONAL A atual conjuntura econômica torna cada vez mais necessária a adaptação das empresas no mercado global. O marketing internacional surgiu como consequência da necessidade das empresas de adaptação a esta nova realidade, decorrente do aumento de competitividade e abertura de mercados. Esta necessidade de adaptação justifica-se, de acordo com Keegan e Green (2009), pelo fato de que os países do mundo diferem em diversos aspectos e, consequentemente, uma técnica de marketing bem sucedida em um país não necessariamente vai funcionar de forma automática em outro. Para Pipkin (2010), este novo contexto, decorrente da globalização econômica, coloca o marketing OportunidadesForças Fraquezas Ameaças EquivalenteEquivalente ConverterConverter Minimiza/Evita Minimiza/Evita 25 internacional como área de conhecimento fundamental para o sucesso da inserção das empresas em mercados estrangeiros. Levitt (1983) abordou o tema de globalização do mercado mundial através de seu artigo “The Globalization of Markets”, defendendo que os consumidores estariam dispostos a sacrificar seus gostos particulares por um preço baixo e qualidade alta, de forma que a tendência era de que o mercado mundial fosse homogêneo. Este conceito de marketing global foi considerado, por muitos autores da época, simplista. Para Keegan e Green (2009, p. 5), por exemplo, “Cabe ao marketing global apreender a reconhecer até que ponto os planos e programas de marketing podem ser estendidos ao mundo inteiro, bem como até que ponto eles têm de ser adaptados”. De fato, são diversos os pontos a serem observados e analisados pelo profissional de marketing ao optar pela internacionalização, como preferências e necessidades dos consumidores, concorrentes, canais de distribuição e comunicação. “O profissional de marketing deve ser capaz de pensar globalmente e atuar localmente”. (KEEGAN; GREEN, 2009, p. 6). Conceitualmente, o marketing internacional é responsável pelas atividades empresariais relacionadas ao planejamento, precificação, promoção e direcionamento de produtos e serviços de uma empresa para atender às necessidades dos consumidores em diferentes países, com o objetivo de obter lucro através deste processo. (CATEORA; GILLY; GRAHAM, 2013). Czinkota e Ronkainen (2008) trazem os conceitos de “satisfação” e “troca” como princípios mercadológicos utilizados no marketing internacional. De acordo com Lima et al. (2007), assim como no marketing doméstico, o objetivo do marketing internacional é atender a necessidade dos consumidores de forma lucrativa. A complexidade deste conceito surge, entretanto, quando avaliamos que estes clientes se encontram em outros países, com outras línguas, gostos, tradições e possuam outra legislação e ética, por exemplo. “O desafio do profissional de marketing internacional é mais complicado do que o do profissional de marketing doméstico, pois o primeiro precisa lidar com pelo menos dois níveis de incerteza incontrolável”. (CATEORA; GILLY; GRAHAM, 2013, p. 11). Pipkin (2010) também aborda a importância dos diferentes níveis de incerteza, uma vez se tratando de um ambiente estrangeiro, como forças e estrutura político-legais e ambiente econômico. 26 Verifica-se, portanto, que a atividade de marketing internacional necessita de adaptação do plano de marketing da empresa ao mercado externo. Segundo Cobra (2009, p. 241), Fazer marketing internacional é mais do que simplesmente exportar produtos. Isso implica em pesquisa de mercado, em criar parcerias confiáveis e, sobretudo, montar um sistema de distribuição não apenas para vender esporadicamente, mas para criar uma preferência da marca. Desta forma, ressalta-se a importância da análise do ambiente de marketing internacional para um maior entendimento relacionado a estas diferenças. O tópico a seguir apresenta este tema e suas definições. 2.2.1 Ambiente de Marketing Internacional Na análise de internacionalização de uma empresa, o profissional de marketing internacional tem como premissa a consideração de diversos fatores internos e externos à empresa. “Após a empresa realizar uma análise interna e identificar os motivos para iniciar um planejamento para mercados externos, cabe agora uma análise detida nas oportunidades e ameaças do ambiente internacional de negócios”. (MACHADO; ROTH, 2014, p. 25). No que tange à integração e ao marketing no ambiente global, para Keegan e Green (2009), existem duas forças principais que afetam a entrada da empresa em mercados estrangeiros, sendo elas: a propulsora e a restritiva. No Quadro 2 serão apresentadas as principais forças propulsoras, que sujeitam às empresas à expansão em mercados estrangeiros. 27 Quadro 2 – Forças propulsoras Acordos econômicos regionais Acordos que aceleram a integração entre os países, como Mercosul e GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) e a União Europeia. Necessidades e desejos do mercado Aspectos comuns à natureza humana e padrões universais que oportunizam o atendimento de mercados globais. Tecnologia Por “não possuir nacionalidade”, a tecnologia é um fator universal que, uma vez desenvolvida, é disponibilizada no mundo todo. Melhorias de comunicação e transporte Crescimento de novas tecnologias relacionadas à comunicação e ao transporte, que facilitam a integração entre os países independente da distância. Custo de desenvolvimento de produto Pressão para a globalização recorrente de produtos que demandam grandes investimentos e períodos mais longos para desenvolvimento. Qualidade Melhoria de qualidade dos produtos decorrentes da alta concorrência global. Tendências econômicas mundiais Crescimento da economia mundial oportunizou a expansão das empresas globalmente e reduziu a resistênciaà entrada destas empresas em mercados estrangeiros. A privatização também é responsável por abertura de mercados anteriormente fechados. Alavancagem Vantagens que podem ser usufruídas pela empresa que decide fazer negócios em outros mercados, como economia de escala, transferência de experiência, utilização de recursos e estratégia global. Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2016) com base em Keegan e Green (2009). Em contrapartida às forças propulsoras apresentadas no quadro acima, existem as forças restritivas, que retardam a inserção das empresas no mercado global. (KEEGAN; GREEN, 2009). Estas forças serão apresentadas no Quadro 3. Quadro 3 – Forças restritivas Miopia administrativa e cultura organizacional Não aproveitamento das oportunidades de internacionalização pela Administração com visão “estreita”. Controles nacionais Controle e proteção do mercado nacional feito pelo Governo, através de barreiras tarifárias e não tarifárias, por exemplo. Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2016) com base em Keegan e Green (2009). Podemos observar, desta forma, que são diversas as variáveis positivas e negativas relacionadas à expansão das empresas em mercados internacionais. Neste âmbito, destaca-se que o profissional de marketing deverá tomar decisões e propor estratégias derivadas de aspectos que ele gerencia e controla, mas baseados em um contexto não controlável pela empresa no ambiente internacional, como: forças econômicas, competitivas, político-legais, culturais, geografia e infraestrutura, estrutura de distribuição e nível de tecnologia. (MACHADO; ROTH, 2014). 28 Conforme Kotler e Keller (2013), o ambiente de marketing é dividido em macroambiente e microambiente. A seguir serão apresentados estes conceitos dentro do âmbito internacional. 2.2.2 Macroambiente Um dos pontos de maior importância na decisão de internacionalizar uma empresa é a realização de análise detalhada do ambiente externo a esta. Nesse âmbito, a análise do mercado internacional possui como premissa ajudar a empresa a: (1) identificar possíveis mercados-alvo para expansão; (2) em definir o momento mais adequado para ingresso; e (3) a estabelecer uma estratégia de entrada mais correta para a extensão ou criação de vantagem competitiva nos mercados escolhidos. (MACHADO; ROTH, 2014, p. 27). De acordo com Kotler e Keller (2013), a análise do macroambiente contempla o entendimento das necessidades e tendências dos consumidores e o atendimento destas. Para isso, surge a necessidade do profissional de marketing de identificar as principais forças e tendências não controláveis que, consequentemente, apresentarão às empresas oportunidades e ameaças ligadas ao ambiente externo. Para estes autores, o macroambiente está divido em seis vertentes: ambientes demográfico, econômico, sociocultural, natural, tecnológico e político- legal. A seguir serão apresentados cada um destes itens e seus principais aspectos, iniciando a análise pelo ambiente demográfico. 2.2.2.1 Ambiente Demográfico O ambiente demográfico apresenta as variáveis referentes à população, definindo a mesma como principal componente de qualquer mercado. Para Kotler e Keller (2013), estes indicadores costumam ser previsíveis. “Os fatores demográficos fornecem os dados sobre o número de consumidores potenciais para um produto ou serviço, sua distribuição territorial e sua composição por sexo, idade, classe social, religião, entre outros”. (PINHO, 2008, p. 28). No Quadro 4 serão apresentados os principais aspectos a serem levados em consideração pelo profissional de marketing na análise do ambiente demográfico. 29 Quadro 4 – Aspectos do ambiente demográfico Crescimento da população mundial Diz respeito ao alto crescimento populacional nos últimos anos, principalmente nos países menos desenvolvidos e com maiores dificuldades. Se não houver poder de compra, este crescimento não indica necessariamente um aumento nos negócios. Faixa etária da população Subdividida em seis grupos: pré-escolares, crianças em idade escolar, adolescentes, adultos jovens, adultos de meia-idade e idosos. O ambiente de marketing é delineado pelas faixas etárias com maior população. Mercados étnicos e outros Diz respeito à composição étnica e racial de cada mercado e suas preferências e hábitos de compra. Grau de instrução Subdivido em cinco grupos: analfabetos, indivíduos com ensino médio incompleto, indivíduos com ensino médio completo, pessoas com diplomas universitários e pós-graduados. Padrões familiares Diz respeito aos diversos padrões familiares não tradicionais (marido, mulher e filhos), como: solteiros, viúvos, casais homossexuais, famílias com apenas um adulto, entre outros. Fonte: Elabora pela pesquisadora (2016) com base em Kotler e Keller (2013). Destaca-se que, por exemplo, o aspecto de grau de instrução da população está diretamente relacionado ao nível econômico da mesma, uma vez que diz respeito ao acesso à educação que, em muitos casos, pode ser paga, como no caso das escolas e faculdades particulares no Brasil. Desta forma, é importante também a análise do ambiente econômico, que será apresentada a seguir. 2.2.2.2 Ambiente Econômico O ambiente econômico está relacionado ao poder de compra dos consumidores. Economicamente, este aspecto depende de fatores como: distribuição de renda, preços, poupança, endividamento e disponibilidade de crédito. (KOTLER; KELLER, 2013). De acordo com Machado e Roth (2014), o aspecto econômico de um país é uma das principais premissas para a análise do potencial e viabilidade do mesmo. Segundo Czinkota e Ronkainen (2008, p. 78), Em razão do grande número de alternativas que valem a pena, a análise inicial do mercado deve ser feita de forma eficiente e, ainda assim, com base em uma ampla gama de critérios econômicos, de forma que estabeleça uma estimativa preliminar do potencial de mercado. 30 No que tange ao estágio de desenvolvimento econômico dos mercados internacionais, Keegan e Green (2009) dividem os países em cinco níveis, apresentados no Quadro 5. Quadro 5 – Estágios de desenvolvimento de mercado Países de baixa renda Possuem o PIB per capita inferior a USD 825,00, industrialização limitada, altas taxas de natalidade, baixas taxas de alfabetização, dependência de ajuda estrangeira e instabilidade política. Países de renda média baixa Possuem o PIB per capita entre USD 826,00 e USD 3.255,00, com estágios iniciais de industrialização. Países de renda média alta Possuem PIB per capita entre USD 3.256,00 e USD 10.065,00, em desenvolvimento ou em fase de industrialização. Países de alta renda Possuem o PIB per capita superior a USD 10.066,00, são industrializados e processo de crescimento econômico sustentado (com exceção das nações ricas em petróleo). Países inviáveis Possuem problemas econômicos, sociais e políticos graves, como baixa renda e inexistência de crescimento que, consequentemente, os tornam não atrativos para investimentos estrangeiros. Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2016) com base em Keegan e Green (2009). Verifica-se, portanto, que as principais variáveis do ambiente econômico que devem ser analisadas para verificação do potencial de mercado são: taxa de juros, PIB, taxa de inflação, taxa de câmbio, infraestrutura, balanço de pagamentos, balança comercial, crescimento econômico e renda nacional. (MACHADO; ROTH, 2014). 2.2.2.3 Ambiente Sociocultural É através do ambiente sociocultural que definimos a nossa visão de nós mesmos e das outras pessoas, das organizações, sociedade, natureza e do universo como um todo. “De modo geral, os padrões de consumo costumam refletir a atitude social”. (KOTLER; KELLER, 2013, p. 82). Cateora, Gilly e Graham (2013) analisam que, levando em consideração o escopo do marketing, relacionado, principalmente, à satisfação das necessidades dos clientes, a análise e o entendimentodo ambiente cultural são de suma importância no marketing internacional, principalmente ao avaliarmos que cultura se relaciona ao projeto de vida em determinado grupo. Para Czinkota e Ronkainen (2008, p. 42), “O desafio do gerente de marketing é lidar com as diferenças de 31 valores e atitudes, e os subsequentes padrões comportamentais que governam a interação humana”. Para Hofstede (1991), são cinco as dimensões do comportamento cultural, as quais são apresentadas no Quadro 6: Quadro 6 – Dimensões do comportamento cultural Distância do poder Refere-se aos diferentes níveis de tolerância em relação às diferenças na distribuição econômica, política e social da população. Individualismo Refere-se ao grau de independência da sociedade em relação aos seus membros (individualismo x coletivismo). Masculinidade Refere-se à valorização de aspectos mais masculinos em algumas sociedades, como competição e sucesso, por exemplo. Aversão à incerteza Refere-se à incerteza em relação ao futuro e como a sociedade lida com isso. Orientação para longo prazo Refere-se ao desenvolvimento de relacionamentos em sociedades que possuem orientação para longo prazo, em detrimento da objetividade. Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2016) com base em Hofstede (1991). As dimensões apresentadas acima têm como intuito ajudar a empresa a entender as principais diferenças entre os participantes das mais diferentes culturas. Além disso, destaca-se que são elementos culturais de suma importância na análise do ambiente cultural, no que tange ao marketing internacional: linguagem (verbal e não-verbal), religião, valores e atitudes, maneiras e costumes, elementos materiais, estética, educação, instituições sociais e, por fim, fontes de conhecimento cultural. (CZINKOTA; RONKAINEN, 2008). Já de acordo com Kotler e Keller (2013), são de fundamental análise no ambiente cultural a persistência de valores culturais centrais (transmitidos de pais para filhos e reforçados em instituições sociais) e secundários (mais propensos à mudanças). É importante ressaltar, por fim, a existência e importância das subculturas dentro do ambiente sociocultural. Para Kotler e Keller (2013), estes são grupos que possuem valores compartilhados dentro de uma sociedade. Ou seja, estes indivíduos provavelmente terão padrões de consumo bastante parecidos, como adolescentes, por exemplo, que, após a conquista, podem se tornar clientes por uma vida toda. 32 2.2.2.4 Ambiente Natural O ambiente natural tem ganhado cada vez mais destaque no mundo contemporâneo. Preocupações com o meio ambiente, clima e os recursos naturais estão cada vez se tornando um dos principais focos dos negócios sustentáveis. “Grandes oportunidades aguardam aqueles que forem capazes de conciliar prosperidade e proteção ambiental”. (KOTLER; KELLER, 2013, p. 83). Para Cateora, Gilly e Graham (2013, p. 71): O desenvolvimento sustentável não está relacionado ao meio ambiente ou à economia ou à sociedade. Está relacionado a atingir um equilíbrio duradouro entre todos os três. Mais e mais empresas abraçam a ideia do desenvolvimento sustentável como uma grande oportunidade de ‘ganho mútuo’. Por isso, atualmente, é reconhecida a necessidade da integração da prática sustentável e das questões ambientais nas estratégias da empresa, principalmente, quando levamos em considerações quatro tendências atuais do ambiente natural: escassez de matérias-primas, custo mais elevado de energia, níveis mais altos de poluição e a mudança no papel dos governos. (KOTLER; KELLER, 2013). 2.2.2.5 Ambiente Tecnológico As evoluções tecnológicas das últimas décadas têm mudado cada vez mais a maneira através da qual os consumidores vivem e, consequentemente, a maneira como os profissionais de marketing operam e devem operar para satisfazer às suas necessidades. Tanto em primeiro plano, criando novas oportunidades de marketing (avanços mais perceptíveis ao consumidor), como também em segundo plano (quando não são necessariamente tão perceptíveis ao consumidor, mas tornam as atividades de marketing mais eficientes e eficazes). (FERRELL; HARTLINE, 2009). Segundo Kotler e Keller (2013), referente ao ambiente tecnológico, são quatro as tendências que devem ser acompanhadas pelo profissional de marketing. (Quadro 7). 33 Quadro 7 – Tendências tecnológicas Aceleração do ritmo das mudanças tecnológicas Encolhimento do intervalo de tempo entre novos projetos e sua respectiva implementação, bem como lançamento e pico de produção. Oportunidades ilimitadas para inovação Desenvolvimento de trabalhos em áreas como biotecnologia, computação, microeletrônica e robótica. Variação nos orçamentos P&D Aumento do investimento em desenvolvimento em detrimento da pesquisa, principalmente nos Estados Unidos. Maior regulamentação dos avanços tecnológicos Maior poder de investigação e proibição em relação a produtos com potencialidade perigosa. Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2016) com base em Kotler e Keller (2013). Verifica-se que a evolução e o desenvolvimento da tecnologia trazem como consequência uma necessidade cada vez maior de regulamentações e legislações. Por isso, é de fundamental importância a análise do ambiente político-legal internacional não apenas em relação à tecnologia, mas como um todo. Esta análise será apresentada a seguir. 2.2.2.6 Ambiente Político-Legal Segundo Kotler e Keller (2013, p. 86), “O ambiente político-legal é formado por leis, órgãos governamentais, e grupos de pressão que influenciam várias organizações e indivíduos”. Para estes autores, as tendências deste ambiente são o aumento da legislação que regulariza os negócios e o crescimento de grupos de interesses especiais. No marketing internacional, de acordo com Czinkota e Ronkainen (2008), deve-se levar em consideração tanto o ambiente político-legal no país de origem, como também no país de destino. Na origem, devem ser levados em consideração aspectos como: embargos ou sanções comerciais, controles de exportação, controles de importação e regulamentação da prática internacional de negócios. Além disso, mesmo que algumas regulamentações não tenham sido criadas exatamente para impactar nas transações internacionais, essas podem afetar as oportunidades no exterior, como legislação de salário mínimo e regulamentações domésticas de segurança. Em relação ao país de destino, os aspectos importantes do ambiente político- legal são: riscos, estabilidade política do país-alvo, diferenças e restrições legais. (CZINKOTA; RONKAINEN, 2008). Além destes pontos, Machado e Roth (2014) 34 complementam este assunto ressaltando também a importância da análise dos conflitos de interesse e corrupção no país-alvo escolhido. Quanto maior o envolvimento pretendido pela empresa no exterior, maior tem sido a relevância da análise do ambiente político-legal das empresas nos últimos anos, principalmente quando estes métodos de entrada envolvem acordos contratuais e, consequentemente, governo local e sistema jurídico do país-alvo. (MACHADO; ROTH, 2014). Conforme exposto anteriormente, a análise do ambiente de marketing é composta pelo macroambiente e também pelo microambiente. (KOTLER; KELLER, 2013). A seguir serão apresentados os principais conceitos relacionados ao microambiente. 2.2.3 Microambiente Para Kotler e Armstrong (2015, p. 73), o microambiente se constitui de “Agentes próximos à empresa que afetam sua capacidade de atender a seus clientes. São eles: a própria empresa, fornecedores, intermediários de marketing, mercado de clientes, concorrentes e públicos”. Para Madruga et al. (2011), a análise do microambiente é de suma importância e deve ser feita detalhadamente, uma vez que seu resultado impactará na concepção e planejamento das estratégias e táticas de marketing. O sucesso do marketing requer a construção de relacionamentocom outros departamentos da empresa, fornecedores, intermediários de marketing, concorrentes, vários públicos e clientes, que se combinam para formar a cadeia de valor da empresa. (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 73). A seguir serão apresentados os conceitos e definições dos agentes componentes do microambiente. 2.2.3.1 Empresa Ao analisarmos o microambiente, de acordo com Kotler e Armstrong (2015), um dos primeiros aspectos a ser levado em consideração é a própria empresa no que tange aos grupos que formam seu ambiente interno, como alta administração, departamento financeiro, pesquisa & desenvolvimento, compras, entre outros. Neste 35 âmbito, é de suma importância que todos os departamentos entendam e compartilhem a responsabilidade de atender as necessidades dos clientes e da criação de valores e satisfação dos mesmos. 2.2.3.2 Fornecedores A importância dos fornecedores deriva do fato de que são eles que fornecem os recursos necessários para a produção de bens e serviços que, consequentemente, vão satisfazer a necessidade dos clientes finais. Disponibilidade e custos de suprimentos são pontos importantes para a análise dos profissionais de marketing, uma vez que impactam diretamente na entrega de produtos e na satisfação do cliente. (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). De acordo com Basta et al. (2006), os fornecedores serão influenciados, através do marketing, a oferecer soluções diferenciadas para agregar valor ao produto final. Isto se dá com o objetivo de dificultar a mudança de seus clientes para a concorrência, diminuindo custos com mudanças e, por fim, tornando a organização mais lucrativa. “Hoje, a maioria das empresas trata seus fornecedores como parceiros na criação e entrega de valor para o cliente”. (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 74). 2.2.3.3 Intermediários de Marketing Podemos considerar como intermediários de marketing àqueles que possuem como atividade fazer chegar às mãos dos consumidores finais os produtos e serviços produzidos pela empresa. (BASTA et al., 2006). De acordo com Kotler e Armstrong (2015), as atividades dos intermediários de marketing compreendem a promoção, venda e distribuição dos produtos e serviços, através de revendedores, operadores logísticos, agências de serviços de marketing, e intermediários financeiros. O Quadro 8 apresenta uma breve definição de cada um destes intermediários de marketing. 36 Quadro 8 – Intermediários de marketing Revendedores Responsáveis por ajudar a empresa a encontrar potenciais clientes ou realizar a venda. Operadores logísticos Responsáveis por ajudar a empresa a estocar e transportar suas mercadorias da origem ao destino. Agências de serviços de marketing Responsáveis pela definição do público-alvo e promoção dos produtos. Intermediários financeiros Responsáveis por auxiliar nas transações financeiras e realização de seguros. Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2016) com base em Kotler e Armstrong (2015). Observa-se, portanto, que, assim como no caso dos fornecedores, os intermediários do marketing são parceiros da empresa, pois também auxiliam na criação de valor para seus consumidores. 2.2.3.4 Concorrentes De acordo com Kotler e Armstrong (2015), além de atender de forma satisfatória as necessidades de seus consumidores, um dos objetivos dos profissionais de marketing é a obtenção de vantagens estratégicas em relação aos seus concorrentes, de forma a posicionar o produto ou serviço agressivamente. Neste âmbito, justifica-se que cada empresa utilize seu tamanho e posicionamento no setor específico para definir suas estratégias em relação aos concorrentes. Dentro desse contexto, para Basta et al. (2006), a análise dos concorrentes também deve abordar um caráter prospectivo, ou seja, deve tentar prever qual será a evolução dos concorrentes, qual a possibilidade de novos entrantes neste setor nos próximos anos e qual é o principal papel dos produtos substitutos. A análise da concorrência, de acordo com Ferrell e Hartline (2009, p. 108-109), consiste nas seguintes etapas: 1. Identificação: Identificar todos os atuais e potenciais concorrentes da marca, de produtos, genéricos e de orçamento total. 2. Características: centralizada nos concorrentes principais através da avaliação de tamanho, crescimento, lucratividade, objetivos, estratégias e mercados-alvo de cada um. 3. Avaliação: Avaliar os pontos fortes e fracos de cada concorrente importante, incluindo as principais capacidades e vulnerabilidades de cada um dentro de suas áreas funcionais (marketing, pesquisa e desenvolvimento, produção, recursos humanos, etc.). 4. Capacidades: Focalizar a análise nas capacidades de marketing de cada concorrente importante, em termos de produto, distribuição, promoção e preço. 37 5. Respostas: Fazer uma avaliação das estratégias e respostas mais prováveis de cada concorrente importante em diferentes situações ambientais, bem como suas reações aos próprios esforços de marketing da empresa. 2.2.3.5 Público A definição de público consiste em qualquer grupo que tenha real ou potencial interesse em que a organização consiga atingir seus objetivos e metas, podendo impactar nesta capacidade da empresa. (KOTLER; ARMSTRONG, 2015). Para estes autores, o público é dividido em sete categorias diferentes, que serão apresentadas no Quadro 9. Quadro 9 – Tipos de público Públicos financeiros Responsáveis por influenciar a capacidade da empresa de obter fundos, como bancos e analistas de investimento. Públicos ligados à mídia Responsáveis por publicar notícias, artigos e editoriais, como jornais, revistas e internet, por exemplo. Públicos governamentais Responsáveis por medidas governamentais, relacionadas, por exemplo, à segurança do produto e propaganda enganosa. Públicos voltados para a ação cidadã Associações dos consumidores, grupos ambientais e grupos minoritários, por exemplo. Públicos locais Associações comunitárias, bem como moradores da região na qual a empresa está localizada. Público geral A postura do público geral em relação aos produtos oferecidos está diretamente relacionada à imagem pública da empresa. Públicos internos Ambiente interno da empresa, incluindo funcionários, gerentes, conselho de administração e também voluntários. Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2016) com base em Kotler e Armstrong (2015). Através do quadro acima, podemos verificar que o conceito de público é bastante abrangente e pode, ou não, englobar os consumidores finais dos produtos e serviços oferecidos pela empresa. Justifica-se, portanto, uma análise relacionada somente aos clientes. Os conceitos desta análise serão apresentados a seguir. 2.2.3.6 Clientes De acordo com Kotler e Armstrong (2015), os principais agentes do microambiente são os clientes, uma vez que o objetivo de toda a cadeia de valor acima definida é, por fim, atender as necessidades dos clientes e satisfazê-los. 38 A definição de quem são os consumidores atuais e potenciais de uma empresa requer uma análise relacionada à definição de mercado-alvo. Para tanto, cabe à empresa pesquisar questões relacionadas a características demográficas, geográficas e psicográficas. Além disso, é característica importante, neste contexto, a análise da viabilidade de clientes e mercados potenciais a serem conquistados no futuro. (FERRELL; HARTLINE, 2009). Para Kotler e Armstrong (2015), são cinco os potenciais tipos de mercado que a empresa pode atender: Mercados consumidores: Compra de produtos e serviços para consumo pessoal; Mercados organizacionais: Compra de produtos e serviços para processamento ou uso no processo de produção; Mercados de revenda: Compra de produtos e serviços com o objetivo de revendê-los para obter lucro; Mercados governamentais: Compra de produtos e serviços para transferência aos que necessitam deste apoio governamental ou para utilização em serviços
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