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UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO RENATA KLAFKE MACEDO ANÁLISE DE POTENCIAL DE MERCADO: Um estudo de caso da cachaçaria Weber Haus São Leopoldo 2015 RENATA KLAFKE MACEDO ANÁLISE DE POTENCIAL DE MERCADO: Um estudo de caso da cachaçaria Weber Haus Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Orientadora: Profª Ms. Rosana Roth Noswitz São Leopoldo 2015 Dedico este trabalho à minha mãe, Clarisse Maria Macedo, e ao meu pai, Ricardo da Silva Macedo, por toda dedicação e incentivos depositados em mim, assim como, pela incansável ajuda sob todas as formas. AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente a Deus por ter me dado força e saúde para realizar este sonho, minha formação acadêmica. À minha mãe, Clarisse Maria Macedo, por sempre acreditar em mim e por ser minha maior incentivadora na busca da superação de desafios, demonstrando maestria na didática da vida. Ao meu falecido pai, Ricardo da Silva Macedo, agradeço pela mensagem que deixou em minha vida, de que só mudaremos a nós e ao mundo com estudo e conhecimento, onde ficou guardado em mim que tudo aquilo que ele me transmitiu e ensinou foi aquilo que nunca teve. Às minhas irmãs e sobrinhas, agradeço pela compreensão na ausência e estresse do caminho, ao carinho e entendimento nas minhas falhas. Ao meu terapeuta Antônio Jane Cardoso, agradeço pela incansável dedicação para meu crescimento pessoal, humano, profissional, assim como, pela transferência de conhecimentos que foi altamente aproveitada nesta jornada. À professora mestre Rosana Roth Noswitz, pela dedicação, confiança, orientação e pelos profundos conhecimentos transmitidos. A todos os amigos que, de alguma forma, contribuíram para que a realização deste objetivo fosse possível. RESUMO O presente estudo almeja identificar a análise do potencial do mercado do Chile para a empresa Weber Haus, para isso foi feita uma análise interna e externa da empresa, considerando sua história e intenções de mercado. Para alcançar este objetivo, foi realizada uma entrevista do tipo qualitativa, através de dados coletados por meio de uma entrevista estruturada à empresa e um questionário aplicado a um especialista de cachaça no Brasil. Além disso, foram pesquisadas informações em documentos da empresa, em revistas, jornais, e websites. O estudo promove a exposição dos aspectos referentes à análise do mercado do Chile, elementos do composto de marketing, fundamentais para o sucesso da internacionalização da empresa, bem como as barreiras comerciais ao comércio internacional. Apresenta também um panorama do mercado mundial, nacional e chileno de cachaça, situando a empresa dentro deste contexto. A conclusão fundamental que se extrai deste trabalho se refere a real possibilidade da empresa, objeto deste estudo, de se internacionalizar. Foi possível demonstrar que, através de uma pesquisa aprofundada da empresa e do mercado-alvo, bem como das estratégias existentes de marketing, torna-se viável para a mesma inserir seu produto no mercado chileno. Palavras-chave : Mercado. Chile. Potencial. Cachaça. Exportação. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Principais estados produtores (em Volume) ............................................. 73 Figura 2 – Mapa do Chile .......................................................................................... 76 Figura 3 – Processo de destilação em alambique de cobre. ..................................... 86 Figura 4 – Processo de fabricação da cachaça. ........................................................ 86 Figura 5 – Cachaça Weber Haus 12 Anos Extra Premium (lote 48) ......................... 89 Figura 6 – Weber Haus com sua cachaça no mercado japonês ............................... 90 Figura 7 – Astro do Hollywood é presenteado com cachaça Weber Haus ................ 91 Figura 8 – Cachaça Orgânica Gold premiada a China .............................................. 91 Figura 9 – Produtos da empresa Weber Haus utilizados para exportação ............... 92 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Valor das importações chilenas de produtos do agronegócio ................. 17 Gráfico 2 – Estudo das diferenças culturais entre Brasil e Chile ............................... 38 Gráfico 3 – Ranking mundial de destilados (em milhões litros) ................................. 70 Gráfico 4 – Principais países de destino em valor (US$) .......................................... 71 Gráfico 5 – Principais países de destino em volume (litros) ...................................... 71 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Variáveis do macroambiente .................................................................. 32 Quadro 2 – Metodologia da pesquisa do trabalho ..................................................... 59 Quadro 3 – Roteiro da entrevista aplicada à Weber Haus ........................................ 62 Quadro 4 – Questionário aplicado aos especialistas de cachaça ............................. 65 Quadro 5 – Diferenças entre cachaças industriais e artesanais................................ 75 Quadro 6 – Matriz SWOT da empresa Weber Haus ................................................. 93 Quadro 7 – Quadro síntese das estratégias de produto e promoção ...................... 110 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA .............................................................................. 13 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 19 1.2.1 Objetivo Geral .............................. ................................................................... 19 1.2.2 Objetivos Específicos ....................... ............................................................. 19 1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 19 2 CONCEITO DE MARKETING ........................... ..................................................... 24 2.1 MARKETING ....................................................................................................... 24 2.1.1 Conceitos Centrais de Marketing ............. ..................................................... 25 2.1.2 Planejamento Estratégico de Marketing ....... ................................................ 26 2.1.3 Plano de Marketing........................... .............................................................. 27 2.2 MARKETING INTERNACIONAL ......................................................................... 28 2.2.1 Sistema de Comércio Internacional ........... ................................................... 30 2.2.2. Ambiente de Marketing Internacional ........ .................................................. 30 2.3 MACROAMBIENTE ............................................................................................. 31 2.3.1 Ambiente Socioeconômico ..................... ...................................................... 32 2.3.2 Ambiente Político Legal ..................... ............................................................ 33 2.3.3 Ambiente Cultural............................ ............................................................... 34 2.3.4 Ambiente Tecnológico ........................ ........................................................... 38 2.3.5 Ambiente Demográfico ........................ ..........................................................39 2.4 MICROAMBIENTE .............................................................................................. 40 2.4.1 Consumidores ................................ ................................................................ 41 2.4.2 Concorrentes ................................ .................................................................. 41 2.4.3 Fornecedores ................................ .................................................................. 42 2.4.4 Canais de Distribuição ...................... ............................................................. 43 2.5 ESTRATÉGIAS DE MARKETING INTERNACIONAL ......................................... 44 2.5.1 O Programa de Marketing Global .............. .................................................... 45 2.5.2 Produto ..................................... ....................................................................... 46 2.5.3 Preço ....................................... ........................................................................ 50 2.5.4 Promoção .................................... .................................................................... 51 2.5.5 Praça........................................ ........................................................................ 55 3 MÉTODO ................................................................................................................ 59 3.1 TIPOS DE PESQUISA ........................................................................................ 60 10 3.2 UNIDADE DE ANÁLISE ...................................................................................... 61 3.3 SELEÇÃO DOS SUJEITOS ................................................................................ 61 3.4 COLETA DE DADOS .......................................................................................... 61 3.4.1 Questionário ................................ ................................................................... 64 3.5 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 65 3.6 COLETA DOS DADOS........................................................................................ 66 3.7 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ................................................................................ 67 3.8 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................ 67 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........... ................................ 69 4.1 MERCADO MUNDIAL E DO BRASIL ................................................................. 69 4.1.1 Tipos de Cachaça ............................ ............................................................... 74 4.2 MERCADO DO CHILE ........................................................................................ 75 4.2.1 Análise do Ambiente Econômico, Político e Leg al...................................... 76 4.2.2 Barreiras Tarifárias e Não-Tarifárias ....... ..................................................... 80 4.2.3 Análise do Ambiente Cultural e de Negócios .. ............................................ 81 4.2.4 Práticas Comerciais ......................... .............................................................. 82 4.3 EMPRESA WEBER HAUS .................................................................................. 84 4.3.1 Processo de Produção ........................ ........................................................... 85 4.3.2 Linha de Produtos ........................... ............................................................... 86 4.3.3 Comércio Exterior da Empresa ................ ..................................................... 87 4.4 ANÁLISE DA ENTREVISTA ................................................................................ 93 4.4.1 Análise da Entrevista na Empresa ............ .................................................... 93 4.4.2 Análise dos Questionários ................... ....................................................... 103 4.4.3 Propostas e Estratégias dos 4P’s para o Merca do Chileno ..................... 107 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................ ..................................................... 112 5.1 Limitações do Estudo .......................... ........................................................... 114 5.2 Sugestões para Pesquisas Futuras .............. ................................................. 114 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 115 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ........................... ................................................. 120 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AO ESPECIALISTA EM CACHAÇA ................................................................................................................................ 121 APÊNDICE B – TERMO DE CONFIDENCIALIDADE PARA COLETA DE INFORMAÇÕES DE EMPRESA/INSTITUIÇÃO ................ ..................................... 122 APÊNDICE C – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA USO DE IMAGE M............... 123 APÊNDICE D – TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA UTILIZAÇÃO D E OBRA FOTOGRÁFICA ....................................... ............................................................... 124 11 ANEXO A – INSTALAÇÕES DA CACHAÇARIA WEBER HAUS/IVOT I-RS ......... 125 ANEXO B – ALGUMAS PREMIAÇÕES DA CACHAÇARIA WEBER HA US ........ 126 ANEXO C – CERTIFICADO DE EXCELÊNCIA DE QUALIDADE DA EMPRESA WEBER HAUS ........................................ ................................................................ 127 12 1 INTRODUÇÃO Com o crescimento acelerado do comércio internacional e a visão globalizada, existirá um só parâmetro para medir o sucesso de uma empresa: a participação no mercado internacional. As empresas bem-sucedidas chegarão ao sucesso, encontrando mercado em todo o mundo. Desta forma, o processo de internacionalização torna-se cada vez mais evidente. Não querer ampliar o tamanho da empresa, não significa que seus dirigentes não devam estar atentos às mudanças que ocorrem na produção da indústria, dentro e fora de seu país, para as quais é necessário planejar e se adaptar, a fim de enfrentar a concorrência. As fronteiras geográficas ainda são as mesmas, mas as distâncias que separam vendedores e compradores mudaram muito, pois, com o advento de novas tecnologias, a integração das rotas comerciais e a abertura de novos mercados e novos produtos, o mundo tem se tornado diferente, mas próximo. A todo momento, percebe-se, em todos os lugares, produtos vindos de países muito diversos e distantes. No passado, a indústria nacional era protegida por barreiras que hoje já não existem, isso faz com que empresas estrangeiras possam vir concorrer com as empresas brasileiras aqui dentro do próprio país. Desta forma, os produtos de fabricação nacional enfrentam a concorrência tanto interna, como de outros países. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) (BRASIL, 2015i), em relação à internacionalização afirma que esta leva ao desenvolvimento das empresas, pois as obriga a se modernizarem, seja para conquistar novos mercados, seja para preservar suas posições no mercado interno. O comércio exterior adquire, cada vez mais, importância para o empreendedor que queira realmente crescer, assim como para a economia brasileira, mediante o ingresso de divisas e geração de emprego e renda. Com o crescimento da produção e da exportação de cachaça no Brasil, surgem oportunidades e desafios para buscar a inserção em novos países. O produto em questão vem ganhando, gradativamente, status, através das cachaças de maior valor agregado, além disso, a produção da cachaça está fortemente atrelada à identidade e à cultura brasileira. A história da cachaça remonta aos antigos egípcios,que a utilizavam na cura de várias moléstias, através da inalação de vapores líquidos aromatizados e 13 fermentados. Há registros na Grécia de produção de água ardente, que então da Europa vai para o Oriente Médio, através da expansão do Império Romano. Os árabes desenvolveram os primeiros equipamentos para a destilação, semelhante aos que se conhece hoje. (DANNEMANN, 2013). O conhecimento sobre destilação se expandiu pelo mundo, resultando em diversos tipos de destilados que hoje são conhecidos. No fluxograma de produção da cachaça a partir da matéria-prima no campo, o primeiro passo é o corte e a extração da garapa (ou caldo), que precisa ser bastante limpa para obter um produto de qualidade. No Brasil, a cana-de-açúcar atinge um teor ideal de sacarose a partir do mês de junho, quando começa a ser cortada. Outro fator importante sobre o corte é que se deve evitá-lo enquanto a cana estiver verde, pois isso contribui para a produção de metanol, um tipo de álcool indesejável em qualquer cachaça, devido à sua alta toxidade, podendo provocar, inclusive, cegueira e morte em quem consumir. (CORTES..., 2015). A aguardente de cana-de-açúcar (cachaça) é conhecida mundialmente como uma bebida alcoólica tipicamente brasileira, sendo apreciada e normalmente consumida como um drinque popularmente conhecido como caipirinha. O atual perfil de seus consumidores deixou de vincular o produto à ideia de bebida desvalorizada e de baixa qualidade, sendo comparada a destilados nobres como uísque e vodca. Características que só serão bem aproveitadas se acompanhadas por uma ferramenta especial: a tecnologia. Desta forma, a tecnologia aumenta a capacidade produtiva da cachaça. “O nome cachaça hoje é um toque de requinte. Cachaça hoje é uma coisa muito nobre, muito chique, muito elegante de se beber”, afirma César Rosa, presidente do Instituto Brasileiro de Cachaça. (WEB LUXO, 2015). 1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA O contexto atual da cachaça conta com características peculiares. O mercado acompanha a consolidação da Indicação Geográfica (IG) e o momento da operacionalização dessa ferramenta. Além disso, o setor tem alcançado maior valorização no mercado interno. Atualmente, o Brasil conta com uma capacidade instalada de 1,2 bilhões de litros. De acordo com estimativas do Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), há 40 mil produtores brasileiros e quatro mil marcas no país, 14 sendo que 99% são produtores de micro e pequeno porte. Sozinho, o setor reúne mais de 600 mil empregos diretos e indiretos. (NÚMEROS..., 2015). Dentre as principais regiões produtoras estão: São Paulo, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Paraíba, e, dentre as consumidoras, São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Ceará, Bahia e Minas Gerais. Apesar do domínio da cerveja na participação total do mercado de bebidas alcoólicas, a cachaça ocupa a segunda opção entre as bebidas mais consumidas no país. Considerando-se as bebidas destiladas, em volume, o produto ocupa a primeira posição no Brasil. Essa situação, retratada em 2011 pela Euromonitor International, significou mais de 81% do total. (NÚMEROS..., 2015). O mercado é bastante diversificado, compreendendo desde redes de supermercados, feiras livres, lojas especializadas, panificadoras, restaurantes, hotéis, bares, cafeterias, academias de ginástica, até lanchonetes e restaurantes industriais. A preferência do mercado deve ser objeto de acompanhamento constante pelo empreendedor e orientará a variedade dos produtos ofertados, juntamente com a disponibilidade de matéria-prima (preços, quantidade e qualidade). Alguns fatores são fundamentais para o posicionamento no mercado: • Qualidade – produto absolutamente condizente com as normas sanitárias de fabricação, embalagem, estocagem e comercialização; • Preço – remunerando adequadamente os envolvidos no processo produtivo, sem onerar o consumidor final; • Apresentação – identificar a embalagem, forma e quantidade mais adequadas à comercialização, transmitindo higiene, qualidade e segurança ao consumidor. (NÚMEROS..., 2015). Verifica-se a grande força da classe empresarial brasileira, tendo o país o 6º maior PIB mundial, perdendo tão somente para os EUA, China, Japão, Alemanha e França. Desta forma, o Brasil, apesar de possuir abundantes recursos naturais e mão de obra barata, não possui uma cultura exportadora, mesmo estando entre as dez maiores economias do mundo. (TANAKA, 2014). O país representa menos de 1% no comércio internacional e a maior parte das empresas exportadoras brasileiras é de grande porte ou multinacionais. O Brasil é detentor de inúmeras médias e pequenas empresas, as quais, por falta de informação, de capacidade produtiva, incentivos fiscais, competitividade, ou mesmo 15 por medo de correr riscos, têm como mercado consumidor apenas o mercado interno. A internacionalização leva ao desenvolvimento da empresa, pois a obriga a se modernizar, mesmo que apenas para garantir o seu lugar no mercado interno. (WELLNER, 2014). Sendo assim, o comércio exterior se torna cada vez mais relevante para a empresa que queira crescer, para a economia do país e também para a geração de emprego e renda. Na cidade de Ivoti, no Rio Grande do Sul, descendentes de alemães fundaram a Cachaçaria Weber Haus. “Quando chegaram da Alemanha, seus bisavôs, adquiriram terras nesta cidade, onde plantavam mandioca, da qual produziam farinha e cana-de-açúcar”. (WEBER HAUS, 2015). Conforme a história publicada no site da Cachaçaria Weber Haus (2015), a família deu início a fabricação de cachaça em 1848, para consumo próprio. Onde contruiu um alambique, que consistia em um galpão com um engenho no meio, o qual se movimentava por meio de quatro mulas. Que conforme o tempo foi passando, foi se modernizando e passando o negócio de pai para filhos, gerando longividade nos negócios e união entre a empresa familiar. Fazendo uso de processo manual, desde a escolha do tipo correto de cana-de-açúcar, que se adaptou ao solo da região, até o corte manual. Onde também utilizavam o processo manual no tratamento ecologicamente correto dado ao canavial. Hoje, com 35 premiações, a agroindústria é reconhecida como a cachaça mais premiada do Brasil e com duas certificações importante como orgânica e rastreabilidade (Inmetro) de toda a sua produção, sendo uma das primeiras agroindústrias a receber o selo da agricultura familiar do Brasil Produtos produzidos pela agroindústria cachaça e licores sucos de uva e açúcar mascavo. (WEBER HAUS, 2015). A cachaçaria gaúcha Weber Haus adquiriu em novembro de 2014 um novo equipamento de moagem da cana-de-açúcar que permitirá dobrar a sua produção. Com a melhora no processo de extração do açúcar da cana, a estimativa é aumentar a produção nesta safra. No ano anterior, o alambique produziu 255 mil litros de cachaça. “Com a nova tecnologia, é possível retirar mais açúcar da cana, já que a mesma é prensada mais de uma vez. A cana-de-açúcar passa por água quente, o que permite a extração de uma maior porcentagem de açúcar da fibra da planta”, esclarece o diretor da Weber Haus, Evandro Weber. (WEBER HAUS, 2015). 16 A cachaçaria também está entre os alambiques brasileiros escolhidos por um dos maiores especialistas em degustação de bebidas do Brasil para integrar o livro Engenhos de Ouro. Renato Frascino lançou a obra em São Paulo, no Itaim Bibi. O livro da editora InBook leva o leitor a uma viagem pelas cachaçarias brasileiras retratando histórias e estilos de cachaça. “É uma leitura obrigatória para os amantes da bebida símbolo do país e um retrato fiel da história dos alambiques no país. Ficamos muito felizes de fazer parte desta história”, destaca o diretor da Weber Haus, Evandro Weber. (WEBER HAUS, 2015). Conforme dados extraídos do site da empresa, a cachaçaria gaúcha Weber Haus está no foco do comércio internacional de alimentose bebidas. Verifica-se que a empresa gaúcha foi um dos destaques da feira de Anuga, que aconteceu em outubro de 2015, Colônia, na Alemanha, com a sua “Seleção de Cachaças”. (WEBER HAUS, 2015). No que diz respeito ao mercado chileno para produtos agrícolas brasileiros, pode-se observar pelo gráfico 1, a seguir, que o Chile tem como principal produto de importação agrícola as carnes de bovino desossadas, frescas ou refrigeradas, que alcançaram, em 2011, a cifra de US$ 779,7 milhões. O Brasil está bem posicionado no fornecimento do produto ao Chile, sendo responsável por 26,51% do referido mercado. Entretanto, o Brasil deixa de aproveitar a oportunidade de se tornar um dos principais fornecedores de outros açúcares de cana ao país, pois, apesar de ter participação de 29,7% no mercado mundial, fornece para o Chile somente 0,7% da quantidade importada pelo país. Outros produtos brasileiros que têm mais de 90% de participação no mercado chileno são o açúcar de cana e o suco de laranja. Para uma análise mais apurada do intercâmbio comercial agrícola do Chile, serão apresentadas as quatro tabelas a seguir (BRASIL, 2014, p. 135): • Tabela V-A – produtos nos quais o Brasil participa com mais de 1% do comércio mundial obtendo, no mercado em questão, participação superior à que possui no mercado mundial; • Tabela V-B – produtos nos quais o Brasil participa com mais de 1% do comércio mundial obtendo, no mercado em questão, participação inferior à que possui no mercado mundial; • Tabela V-C – produtos que o Brasil não exporta para o mercado em questão, mas possui participação igual ou superior a 1% no mercado mundial; 17 • Tabela V-D – produtos que o Brasil exporta ou não para o mercado em questão e possui participação inferior a 1% no mercado mundial. O gráfico 1 mostra a distribuição das importações do Chile de acordo com critérios das quatro tabelas mencionadas, ou seja, a participação do valor das importações apresentadas em cada tabela no total importado pelo mercado em análise. Gráfico 1 – Valor das importações chilenas de produtos do agronegócio Fonte: Brasil (2014, p. 135) Nos últimos anos, houve uma evolução bastante positiva do comércio Brasil- Chile, que apresentou taxas de crescimento anual de cerca de 27% em 2003, 46% em 2004 e 34% em 2005, com saldos igualmente crescentes para o Brasil. A pauta de exportações brasileiras para o Chile é bastante ampla, incorporando produtos manufaturados diversos (automóveis, calçados, maquinários, químicos, medicamentos) e produtos primários (petróleo, carne bovina, café). O Brasil coloca- se atualmente como o quarto sócio comercial do Chile, logo após EUA, China e Japão, superando a Argentina. 18 No primeiro trimestre de 2006, posicionava-se em segundo lugar. Esses resultados do comércio bilateral podem ser explicados pela complementaridade existente entre as economias brasileira e chilena e, também, pelo amadurecimento do Acordo de Complementação Econômica nº 35 - Mercosul/Chile (ACE-35), em vigor desde 1996, que já permite tarifa alfandegária zero para mais de 97% do universo dos produtos comercializados. As exportações brasileiras beneficiaram-se do bom momento da economia chilena nestes últimos anos, com crescimento da economia, elevação da renda e consumo. Em relação às empresas brasileiras, o Chile desperta interesse na área comercial pelo fato de sustentar uma economia aberta, apresentando estabilidade macroeconômica, clareza e simplicidade de regras, assim como, consumidores de poder aquisitivo relativamente elevado para produtos finais, apesar de apresentar também um mercado muito competitivo em termos de negócios. Para o Chile, o Brasil é um fornecedor de produtos variados, com boa relação preço/qualidade e com proximidade física, minimizando custos de transportes. (BRASIL, 2007, p. 2). O empresariado brasileiro, no Chile, pode contar com ampla assistência do Setor de Promoção Comercial (SECOM) da Embaixada do Brasil em Santiago, assim como, contar com os serviços oferecidos pela BrazilTradeNet, rede de promoção comercial do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, a qual foi criada para falicitar o intercâmbio de informações na área comercial e de investimentos entre empresas brasileiras e sócios potenciais no mundo. (BRASIL, 2007). Levando em consideração que a empresa está em busca de novos mercados para exportação de seus produtos, a Weber Haus tem procurado meios de ingressar nesses mercados externos. Tendo em vista a capacidade e o desejo da empresa para realizar a inserção no mercado chileno, pois o mesmo apresenta um crescimento da economia, renda e consumo, ou seja, é considerado um mercado potencial. Desta forma, vê-se a necessidade da elaboração da análise do potencial de mercado do Chile, através de um estudo de caso. Um estudo de caso “é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. (YIN, 2005, p. 32). Diante deste contexto, coloca-se como problema de pesquisa: Quais são as estratégias de produto, preço, praça e promoção para a entrada da Weber Haus no mercado chileno? 19 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Apresentar e analisar as estratégias de produto, preço, praça e promoção para a entrada dos produtos da empresa Weber Haus no mercado chileno. 1.2.2 Objetivos Específicos • Identificar as oportunidades e ameaças da Weber Haus inserir-se em um novo mercado através da exportação. • Analisar o ambiente interno da empresa e suas perspectivas. • Analisar o mercado de cachaça no mundo. • Apresentar o micro e o macro ambiente do mercado chileno. 1.3 JUSTIFICATIVA Com o passar dos anos, a cachaça vem ganhando seu espaço no mundo, acompanhando o processo de internacionalização e globalização em todos os setores. Portanto a cachaça possui uma peculiaridade, devido ao aumento das campanhas do Governo e de entidades sociais contra o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e a rigidez da Lei Seca, torna-se um fator relevante a inserção em outros mercados. (CACHAÇA..., 2014). Sendo que, a discriminação da cachaça pelo próprio brasileiro ainda é bastante comum, apesar desta realidade estar mudando aos poucos, considera-se que, atualmente, a questão da internacionalização no Brasil é muito importante, principalmente no que tange às médias e pequenas empresas, pois estas têm demonstrado crescente interesse pelo comércio internacional, apesar de muitas vezes não terem informações suficientes, ou estrutura adequada para iniciar este processo. (SEBRAE, 2015). No que diz respeito à diversificação do mercado, a estratégia de destinar uma parcela da produção para o mercado interno e outra para o mercado externo, permite que a empresa amplie sua base de clientes, o que significa correr menos 20 riscos, pois, quanto maior o número de mercados ela atingir, menos dependente ela será. (BARROS, 2015). Quanto ao aumento da produtividade, quando uma empresa começa a exportar, sua produção aumenta numérica e qualitativamente. Isso ocorre devido à redução da capacidade ociosa existente, que é obtida por meio da revisão dos processos produtivos, pois com o aumento da produção, naturalmente, aumenta também a capacidade de negociação para a compra de matéria-prima. Com isso o custo de fabricação das mercadorias tende a diminuir, tornando a empresa mais competitiva e aumentando a margem de lucro. (BRASIL, 2015h). Pode-se dizer também, que a melhoria da qualidade do produto é outra vantagem bastante perceptível, uma vez que, a empresa tem que adaptar seu produto às exigências do mercado ao qual se destina, o que abriga a mesma a aperfeiçoá-lo. As empresas que exportam podem utilizar mecanismos que contribuem para uma diminuição dos tributos que normalmente são devidosnas operações no mercado interno, chamados de incentivos fiscais. “Os incentivos fiscais são benefícios destinados a eliminar os tributos sobre os produtos nas operações normais do mercado interno”. (BRASIL, 2015g). “Quando se trata de exportação, é importante que o produto possa alcançar o mercado internacional em condições de competir em preço e, por isso, ela pode compensar o recolhimento dos impostos internos”. (BRASIL, 2015g). Este estudo torna-se relevante para entender a importância da inserção da cachaçaria Weber Haus no mercado chileno, pois, de acordo com os dados extraídos do site da empresa, a mesma vem apresentando inúmeros atributos que a diferenciam no mercado da cachaça, como, também, vem aprimorando seu processo de produção para melhor atender suas demandas. A cachaçaria gaúcha Weber Haus adquiriu em novembro de 2014 um novo equipamento de moagem da cana-de-açúcar que permitirá dobrar a sua produção. Com a melhora no processo de extração do açúcar da cana, a estimativa é aumentar a produção nesta safra. No ano anterior, o alambique produziu 255 mil litros de cachaça. “Com a nova tecnologia, é possível retirar mais açúcar da cana, já que a mesma é prensada mais de uma vez. A cana-de-açúcar passa por água quente, o 21 que permite a extração de uma maior porcentagem de açúcar da fibra da planta”, esclarece o diretor da Weber Haus, Evandro Weber. (WEBER HAUS, 2015). A cachaçaria também está entre os alambiques brasileiros escolhidos por um dos maiores especialistas em degustação de bebidas do Brasil para integrar o livro Engenhos de Ouro. Renato Frascino lançou a obra em São Paulo, no Itaim Bibi. O livro da editora InBook leva o leitor a uma viagem pelas cachaçarias brasileiras retratando histórias e estilos de cachaça. “É uma leitura obrigatória para os amantes da bebida símbolo do país e um retrato fiel da história dos alambiques no país. Ficamos muito felizes de fazer parte desta história”, destaca o diretor da Weber Haus, Evandro Weber. (WEBER HAUS, 2015). Quanto ao mercado do Chile, este torna-se cada vez mais atraente no que diz respeito a novas oportunidades. O Chile desperta interesse na área comercial pelo fato de sustentar uma economia aberta, com estabilidade macroeconômica, clareza e simplicidade de regras, consumidores de poder aquisitivo relativamente elevado para produtos finais, embora com um mercado muito competitivo em termos de negócios. Pelo lado chileno, o Brasil é um fornecedor de produtos variados, com boa relação preço/qualidade e com proximidade física que barateia custos de transportes. (BRASIL, 2007, p. 3). Pelo fato do Chile apresentar um estilo mais aberto a outras culturas e também pelos fatores já mencionados acima, acredita-se que através deste estudo exista uma grande possibilidade de o Chile ser um mercado potencial para a compra de cachaças, criando boas expectativas de ingresso no país. O ritmo de crescimento da economia se reflete, também, no excelente comportamento das vendas do comércio varejista, que cresceu 7,4% em 2005, 2,4% a mais do que em 2004. As vendas nacionais, em 2005, totalizaram um montante de US$ 29.755 e em 2004 US$ 27.374. As vendas per capita, em 2005, foram de US$ 1.830, superando em 60% a média de uma década atrás. Atualmente, o Chile se assemelha às cifras de países desenvolvidos, no que se refere ao gasto per capita no comércio de bens, que, em 2005, foi de US$ 3,00 por cada US$ 10,00 da renda per capita. Os principais setores, responsáveis pela expansão no consumo correspondem ao setor de alimentação e bebidas, cujas vendas estão estimadas, em 2005, ao redor de US$ 15.000 milhões, seguido pelo setor de vestuário, calçados e têxteis, com US$ 6.000 milhões. Os principais fatores que contribuem para a expansão do consumo são a criação de novos empregos, o aumento real dos salários a um ritmo de 1,8% nos últimos 12 meses, a valorização do peso chileno 22 em relação ao dólar, a redução das tarifas alfandegárias dos bens de consumo duráveis. (BRASIL, 2007). Em 2005, o Brasil foi o terceiro maior fornecedor chileno e o sexto maior mercado para as exportações chilenas. Os três maiores fornecedores foram EUA, Argentina e Brasil, com vendas, respectivamente, de US$ 4,427 bilhões (participação de mercado de 14,6%), US$ 4,407 bilhões (14,5%) e US$ 3,526 bilhões (11,6%). Os principais mercados para as exportações chilenas foram: EUA (US$ 6,25 bilhões e participação de mercado de 15,8%); Japão (US$ 4,54 bilhões e 11,5%); China (US$ 4,39 bilhões e 11,1%); Países Baixos (US$ 2,30 bilhões e 5,8%); Coréia do Sul (US$ 2,25 bilhões e 5,7%); e Brasil (US$ 1,73 bilhão e 4,4%). Desse modo, o Brasil deslocou a Argentina da posição de quarto maior parceiro comercial do Chile, com participação de 7,5% no total do comércio exterior chileno, situando-se logo após os Estados Unidos (15,3%), China (9,6%) e Japão (7,8%). Outros parceiros comerciais importantes do Chile foram Argentina (7,2 %), Coréia do Sul (4,6%), Países Baixos (3,5%), México (3,3%), Itália (3,1%), Alemanha (2,9%), França (2,9%) e Peru (2,6%). (BRASIL, 2007). Para avaliar a relevância deste estudo, deve-se levar em consideração que não só a empresa é beneficiada com a exportação, mas toda a estrutura que a envolve, incluindo o governo, os colaboradores e a comunidade. Isto ocorre porque a internacionalização, mesmo que apenas através da exportação, exige uma sólida estrutura da empresa, visão global e novos conceitos em gestão, aprimoramento da qualidade de seus produtos e melhor qualificação de funcionários. Uma empresa que atende as exigências de nível global está mais preparada para enfrentar a concorrência local e oferecer melhores produtos e serviços ao consumidor interno. Desta forma, este trabalho irá contribuir para a cachaçaria Weber Haus, já que a mesma está em busca de novas estratégias para diversificar seus mercados consumidores e ingressar no complexo mercado global. Auxiliará, também, outras empresas a conhecerem o potencial do mercado chileno, quando almejarem exportar sua produção para aquele país, pois, apesar de ser um estudo de caso, apresenta a análise interna e externa do mercado. Para o governo, quanto mais as indústrias brasileiras se desenvolverem a níveis internacionais, e se posicionarem estrategicamente no mercado externo, aumentando o volume das exportações, maior será a possibilidade de superávit na balança comercial. (BRASIL, 2015). A importância deste estudo é relevante por contribuir para a cachaçaria Weber Haus, assim como, para o mercado global, pois auxiliará com a análise do 23 potencial de mercado de exportações e também contribuirá para a imagem do Brasil como país com potencial exportador. No capítulo a seguir serão apresentados os conceitos de marketing, subdivididos em conceitos centrais de marketing, planejamento de marketing estratégico, planos de marketing, marketing internacional, sistema de comércio internacional, análise do ambiente internacional, macroambiente, microambiente e estratégias de marketing internacional. 24 2 CONCEITO DE MARKETING 2.1 MARKETING Através do envolvimento de inúmeras atividades, pessoas e organizações estão envolvidas formal ou informalmente atuando no marketing, pois este está por toda parte. Podendo ser considerado, no sentido abrangente e cumpridor do seu papel, fundamental para o sucesso de qualquer organização. (KOTLER; KELLER, 2012, p. 1). Conforme Kotler e Keller (2012, p. 3), “o marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais. Uma das mais sucintas e melhores definições de marketing é a de suprir necessidades gerando lucro”. Porém, conforme Copetti et al. (2011), em 1935, a American Marketing Association (AMA) o definiu como sendo o resultado das atividades empresariais que dirigiam o fluxo dos bens e serviços até os consumidores. Isto significava, que,naquela época, o marketing era visto como uma estrada ao longo no qual bens e serviços viajavam desde os produtores até os clientes e usuários. Já atualmente falando, esse mesmo marketing é considerado tão básico, não podendo ser entendido como uma função separada, ou seja, o marketing é considerado atualmente, em relação ao resultado final, como parte do negócio total. Assim como, a definição de marketing global é “o segmento de negócios preocupado com o planejamento, promoção, distribuição, preço e serviços desejados pelos consumidores intermediários e finais”. (MACHADO; ROTH, 2014, p. 26). O marketing pode ser observado de diversas formas, portanto existem duas percepções sob as quais o mesmo é entendido, a perspectiva social que cita que o marketing é um processo no qual os indivíduos e grupos adquirem o que necessitam e desejam, por meio da criação da oferta e da livre troca de produtos de valor entre si, de acordo com Kotler e Keller (2012), na perspectiva gerencial o marketing é visto como a arte de vender produtos. Não subestimando a venda do produto, mas sim salientando que isso é o resultado final e que antes desse resultado acontecer, muitas etapas de marketing são necessárias para que o resultado venha a acontecer. 25 Para Kotler e Keller (2012, p. 4), “os profissionais de marketing se envolvem na gestão da troca de diferentes tipos de produtos: bens, serviços, eventos, experiências, pessoas, lugares, propriedades, organizações, informações e ideias”. 2.1.1 Conceitos Centrais de Marketing Segundo Copetti et al. (2011, p. 13), o marketing se baseia nos seguintes conceitos centrais: (a) necessidades, desejos e demandas; (b) produtos; (c) valor, custo e satisfação; (d) troca e transações; (e) relacionamentos e redes; (f) mercados e (g) empresas e consumidores potenciais. Cada conceito está diretamente relacionado. a) A necessidade pode ser entendida como a maneira de satisfazermos alguma vontade momentânea. Os desejos podem ser considerados carências específicas que atendem as necessidades. Já a demanda pode ser considerada o desejo aliado a habilidade e disponibilidade de compra. b) Os produtos são entendidos como qualquer coisa, tangível ou intangível, que possa objeto de troca entre pessoas ou organizações. c) No que se refere ao valor, custo e satisfação, o valor pode ser descrito como o valor que um produto fornece ao cliente, a satisfação representa o menor custo possível pago pelo cliente e o custo representa o quando o comprador acredita que o produto irá satisfazer aos seus desejos. d) A troca pode ser entendida como o ato de obter algo que é de alguém, diferente da transação que é a troca de valor entre duas ou mais partes, envolvendo várias dimensões, como: pelo menos duas coisas de valor, condições de acordo, tempo e local da negociação. e) A construção de relações satisfatórias em longo prazo com consumidores, fornecedores e distribuidores para reter sua preferência e negócios é considerada relacionamento. Portanto para que esse relacionamento ocorra são necessárias a utilização de redes, que é formada pela empresa e todos os stakeholders que a apoiam. f) Mercado se refere a todos os consumidores potenciais que compartilham de uma necessidade ou desejo específico. g) As empresas e consumidores potenciais são aqueles que estão dispostos e habilitados para fazer uma troca que satisfaça a necessidade ou desejo. Existem dois tipos de clientes que participam de trocas comerciais: os compradores organizacionais e os consumidores. 26 2.1.2 Planejamento Estratégico de Marketing “A estratégia é um meio para atingir os fins, os objetivos da empresa”. (LAS CASAS, 1999, p. 2). Estratégia é o plano para obter os melhores retornos dos recursos, a seleção do tipo de negócio para se envolver e o esquema para obter uma posição favorável no mundo dos negócios. Para que o papel central do planejamento de marketing seja entendido, é necessário que exista uma administração de marketing bem-sucedida, portanto, para que se tenha essa boa administração, é necessário que existam pessoas com capacidades diferenciadas como: saber entender, criar, entregar e manter valor para o cliente. Empresas que focam no cliente e estão organizadas para responder eficientemente às constantes mudanças nas necessidades dos mesmos, conseguem entregar e fazer um marketing com excelência. Kotler e Keller (2012, p. 39) afirmam ser essencial assegurar que as atividades corretas sejam selecionadas e executadas, portanto, os profissionais de marketing devem dar prioridade ao planejamento estratégico principalmente em três etapas, conforme segue: 1) administrar os negócios da empresa como uma carteira de investimentos; 2) avaliar os pontos fortes de cada negócio, considerando a taxa de crescimento do mercado e a posição competitiva da empresa nesse mercado; e 3) estabelecer uma estratégia. Desta forma, segundo Kotler e Keller (2012, p. 39), “a empresa deve desenvolver um plano de ação para cada um de seus negócios a fim de atingir seus objetivos de longo prazo”. De acordo com Las Casas (1999, p. 97), o planejamento estratégico é caracterizado por cinco importantes aspectos: o planejamento estratégico é um processo; é caracterizado por uma análise de dados internos e externos; é orientado diretamente para o concorrente; ocorre em vários níveis; e por último, é um processo multifuncional. 27 2.1.3 Plano de Marketing Para Kotler e Keller (2012, p. 39), “o plano de marketing é o instrumento central para direcionar e coordenar o esforço de marketing. Ele Funciona em dois níveis: estratégico e tático”. Em relação ao plano de marketing estratégico, este estabelece os mercados- alvo e a proposta de valor a ser estabelecida com base em uma análise das melhores oportunidades de mercado. Já em relação ao plano de marketing tático, diz respeito às táticas de marketing utilizadas, incluindo as características do produto, promoção merchandising, determinação de preço, canais de venda e serviço. Entendido como um documento escrito que resume o que o profissional de marketing sabe em relação ao mercado e também apresenta como a empresa deve se planejar para alcançar seus objetivos, o plano de marketing contém as diretrizes táticas dos programas de marketing, bem como, as diretrizes para a alocação de fundos para o planejamento ao longo do período, sendo considerado um dos produtos mais importantes do processo de marketing. Desta forma, comparado ao passado, estes planos de marketing vêm sendo muito mais bem elaborados e realistas, voltando-se cada vez mais para os clientes e concorrentes. O planejamento, de acordo com Kotler e Keller (2006), vem se tornando um processo contínuo para poder alcançar as respostas e mudanças rápidas nas condições do mercado. Do mesmo modo, o processo e o conteúdo referentes ao plano de marketing variam constantemente entre as empresas. Recebendo diversos nomes, como por exemplo: plano de negócios, plano de marketing, e, algumas vezes até plano de batalha. Os planos de marketing em sua maioria são anuais, onde podem ser construídos mais complexos com até 50 páginas, aos mais simples e enxutos com apenas cinco páginas. Em relação ao conteúdo do plano de marketing, este deve conter os seguintes aspectos, conforme Kotler e Keller (2006, p. 59): � Resumo Executivo e Sumário – O plano de marketing deve ser iniciado com um breve resumo das principais metas e recomendações. O resumo executivo permite que a alta administração compreenda o direcionamento geral do plano. Um sumário deve se seguir a esse resumo, delineando o restante dos planos com os seus fundamentos e detalhes operacionais. � Análise da Situação – Essa sessão apresenta os antecedentes relevantes quanto a vendas, custos, lucros, mercado, 28 concorrentes e quanto a várias forças que atuam no macroambiente. Como o mercadoestá definido, qual é o seu tamanho e com que velocidade está crescendo? Quais são as tendências relevantes que o influenciam? Qual é a oferta de produto e quais são os problemas críticos que a empresa enfrenta? Informações históricas pertinentes podem ser incluídas para proporcionar contexto. Tais informações são usadas na condução de uma análise SWOT (oportunidades/ameaças, forças/fraquezas). � Estratégia de Marketing – Aqui o gerente de produto define a missão e os objetivos financeiros e de marketing do plano. Define, também, quais grupos e necessidades o produto deve satisfazer. Em seguida estabelece o posicionamento competitivo da linha de produtos, que orientará o plano de ação para alcançar os objetivos. Tudo isso é feito com informações prestadas por outras áreas organizacionais, como compras, produção, vendas, finanças e recursos humanos; assim, assegura-se que a empresa proporcionará o suporte apropriado para uma implementação eficaz. A estratégia de marketing deve ser especificada no que diz respeito ao tipo de estratégia de branding e de cliente a ser empregada. � Projeções Financeiras – Projeções financeiras incluem previsão de vendas e de despesas e uma análise do ponto de equilíbrio. No lado da receita, elas mostram a previsão de vendas e de volume por mês e por categoria de produto. No lado das despesas, mostram a previsão de custos de marketing, desdobrados em categorias. A análise do ponto de equilíbrio mostra quantas unidades devem ser vendidas mensalmente para compensar os custos fixos mensais e os custos variáveis médios por unidade. � Controles – A última sessão do plano de marketing descreve os controles para o seu monitoramento. As metas e o orçamento são especificados detalhadamente para cada mês ou trimestre. A alta administração pode analisar os resultados a cada período e tomar as ações corretivas cabíveis. Algumas medições internas e externas serão necessárias para avaliar o progresso e sugerir possíveis modificações. Algumas organizações incluem planos de contingencia que descrevem as atitudes que a gerencia tomaria em resposta a eventos adversos específicos, como guerra de preços ou greves. 2.2 MARKETING INTERNACIONAL O marketing internacional é de extrema importância para empresas que pretendem se expandir no mercado, buscando através de exportações uma maior visibilidade e diferenciação. Desta forma, para que aconteça o marketing internacional a empresa precisa primeiramente estar ciente das principais atividades de marketing, assim como, das suas estratégias e também do entendimento de que 29 somente após ter incorporado suas atividades de exportação conseguirá entender os compostos de marketing. Para que a busca da competitividade e expansão de novos mercados tenha assertividade, é necessário que as empresas tenham uma estratégia de marketing diferenciada. No contexto de Machado e Roth (2014), pode-se observar que os autores citam que é necessário as empresas adaptarem seus produtos e visualizarem sua promoção nos mercados estrangeiros. Para que a empresa obtenha sucesso nesta etapa, é preciso que tenha predisposição para reconhecer que existem culturas e demandas distintas no mercado almejado, sendo fundamental a avaliação, independente de cada mercado. “Esta fase é caracterizada como orientação policêntrica. A orientação policêntrica é o composto da etnocêntrica”. (MACHADO; ROTH, 2014, p. 36). De acordo com Machado e Roth (2014, p. 36), “o termo policêntrico descreve a crença ou premissa da administração na singularidade de cada país em que a empresa atua”. Antes de decidir se parte ou não para a operação internacional, a empresa deve compreender o ambiente de marketing internacional. Esse ambiente mudou bastante nas últimas décadas, criando novas oportunidades, bem como novos problemas. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 490). Segundo Cateora, Gilly e Graham (2013, p. 32): O desafio do marketing internacional é desenvolver planos estratégicos competitivos nesses mercados cada vez mais globais. Para um número crescente de empresas, ser internacional não é mais um luxo, mas uma necessidade para sua sobrevivência econômica. Essas e outras questões que estão influenciando a economia, o comércio, os mercados e a concorrência em âmbito mundial. Ainda em relação aos desafios do marketing internacional, o desafio do profissional desta área é mais complicado do que o do profissional de marketing doméstico, pois, o primeiro precisa lidar com pelo menos dois níveis de incertezas incontroláveis, e não com um. Sendo que a incerteza é criada pelas variáveis incontroláveis de todos os ambientes comerciais e empresariais, mas cada país em que a empresa atua apresentará um conjunto específico de variáveis incontroláveis. (CATEORA; GILLY; GRAHAM, 2013). 30 2.2.1 Sistema de Comércio Internacional Quando se vende para outro país, se enfrenta diversas restrições comerciais, na medida em que o Governo pode cobrar tarifas, impostos sobre determinados produtos destinados a aumentar sua receita e também com o intuito de proteger as empresas nacionais, podendo também serem estabelecidas cotas e limitações em relação às quantidades de mercadorias recebidas por tais países para determinados tipos e categorias de produtos. Conforme sugestão de Kotler e Armstrong (2007, p. 490), a empresa que estiver pensando em atuar no mercado externo deve, primeiro, entender o sistema de comércio internacional, podendo também a empresa interessada em exportar, enfrentar barreiras comerciais não-tarifárias. Dentre estas pode-se citar: a discriminação contra as propostas das empresas estrangeiras ou padrões restritivos de produtos que contrariam as características dos produtos estrangeiros. Em contrapartida, existem também algumas forças que ajudam no comércio entre as nações, assim como alguns tratados regionais de livre comércio, podendo ser citado: Acordo Geral de Tarifa e Comércio (General Agreement on Tariffs and Trade – Gatt), entre outros. 2.2.2. Ambiente de Marketing Internacional Conforme Machado e Roth (2014, p. 37), uma empresa, de fato, não internacionaliza seus produtos e serviços. Na realidade, uma empresa internacionaliza suas vantagens competitivas e sua capacidade de compreender a dinâmica dos mercados no exterior. Assim, após a empresa realizar uma análise interna e identificar os motivos para iniciar um planejamento para mercados externos, cabe agora uma análise detida nas oportunidades e ameaças do ambiente internacional de negócios. No que diz respeito sobre o risco em determinado mercado, este pode ser gerado pela falta de informação, portanto, para que uma empresa possa decidir em internacionalizar, ela precisa recolher o máximo possível de informações sobre o mercado no qual deseja atuar, considerando, principalmente, as possíveis dificuldades encontradas no mesmo, bem como, as diferenças culturais existentes. Em contrapartida, conforme as colocações de Machado e Roth (2014), os gestores 31 de marketing das empresas devem oferecer estratégias para a expansão internacional, levando em consideração os elementos que os mesmos gerenciam e controlam, considerando que tais elementos gerenciáveis são direcionados para um contexto em que as respostas nem sempre são controláveis, os quais são representados pelo ambiente externo a empresa. Conforme Machado e Roth (2014, p. 37), em relação a análise de mercados no exterior: uma adequada análise de mercados no exterior auxilia a empresa em: (1) identificar possíveis mercados-alvo para entrada e expansão; (2) em definir o momento mais adequado para o ingresso; e (3) a estabelecer a estratégia de entrada mais correta para a extensão ou criação de uma vantagem competitiva nos mercados escolhidos. Ainda, no que diz respeito ao desenvolvimento de produtos e serviços para atender mercados externos, uma correta análise do ambiente de negóciosde um mercado auxilia a empresa em detectar a necessidade de adaptações ou a possibilidade de padronização de sua oferta internacional. Como cada empresa possui suas particularidades, torna-se relevante lembrar que cada empresa possui fatores críticos ao seu sucesso e que estes fatores devem ser avaliados com prioridade na análise de oportunidades e ameaças nos seus mercados-alvos. 2.3 MACROAMBIENTE O macroambiente corresponde às variáveis que não podem ser controladas pelas empresas, pois as estas não conseguem fazer a gestão sobre elas. Portanto, se as organizações conseguirem, como comentam Copetti et al. (2011), prever as megatendências do cenário de negócios, conseguirão minimizar as ameaças e aproveitar as oportunidades perante este ambiente. Diante deste contexto, para ser feita a análise do ambiente internacional de negócios, é necessário compreender as principais variáveis que o compõem, as quais devem ser exploradas pelos gestores das empresas em processo de internacionalização. No quadro 1 são apresentadas as principais variáveis do ambiente internacional de negócios. 32 Quadro 1 – Variáveis do macroambiente Variáveis Socioeconômicas São variáveis que analisam as condições de negócios que influenciam os padrões de gastos e produção, como: índices de crescimento econômico, diferenciais de taxas de câmbio, assim como o poder de compra da população e também a concorrência. Variáveis Políticas Legais Dizem respeito às leis que regem o comércio internacional, órgãos governamentais do país em análise, em relação aos fatores que afetam de alguma forma as decisões mercadológicas, assim como, as marcas, patentes e o controle sobre a transferência de recursos. Variáveis Culturais Nestas variáveis, são analisadas as oportunidades do mercado que se deseja atuar, assim como, a necessidade de adaptações para atuar em tal mercado. A análise cultural também contempla a observação dos valores, crenças e particularidades dos indivíduos que participam do mercado que se deseja atingir. Variáveis Tecnológicas Podem ser consideradas as variáveis mais drásticas que moldam o destino da empresa que busca se internacionalizar, pois, através desta variável, é identificada a disponibilidade da informação e as ferramentas tecnológicas disponíveis que auxiliam as atividades comerciais e de produção. Variáveis Demográficas Essas variáveis dizem respeito ao tamanho e taxa de crescimento da populacional de diferentes cidades, regiões e países. A distribuição das faixas etárias e a sua composição étnica, os graus de instrução, os padrões familiares e as características das diferentes regiões. Fonte: Elaborado pela pesquisadora (2015) com base em Kotler e Armstrong (2007) 2.3.1 Ambiente Socioeconômico “A empresa internacional deve estudar a economia de cada país. Dois fatores econômicos refletem a atratividade de um país como um mercado: a estrutura industrial e a distribuição de renda”. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 492). Os fatores que afetam o poder de compra e os hábitos de gastos do consumidor, ou seja, aqueles fatores que afetam o poder de compra de uma economia dependem da distribuição da renda, dos preços, da poupança, do endividamento e da disponibilidade de crédito, são conhecidos como fatores econômicos. Em relação à distribuição de renda, ao analisar este aspecto, segundo 33 Copetti et al. (2011), pode-se verificar que esta difere de região para região, dependendo da estrutura econômica e onde está baseada, se é no setor de serviços, por exemplo, na agricultura ou na indústria. A distribuição de renda pode ser considerada em termos de países, onde haverá aqueles em que a população pode possuir uma renda alta, média, baixa ou muito baixa. Já no que diz respeito ao nível de preços, este pode sofrer influência da inflação, que refletirá em uma redução na quantidade comprada. Em relação à poupança, esta sofre influência dos aspectos culturais e também da disponibilidade de renda da população de determinado país. Portanto, em contrapartida, os consumidores podem aumentar sua capacidade de adquirir por meio de empréstimos ou financiamentos, isso quando a quantidade de crédito disponível no mercado aumenta, gerando por consequência um nível maior de endividamento. (COPETTI et al., 2011). 2.3.2 Ambiente Político Legal De acordo com Machado e Roth (2014, p. 47), a análise do ambiente político e legal de mercados-alvo no exterior, nos últimos anos, tem adquirido um papel de grande relevância, principalmente quando uma empresa pretende ingressar em um mercado específico por meio de estratégias de maior envolvimento. [...]. Algumas variáveis importantes do ambiente político de um país são mais facilmente identificadas e outras requerem um assessoramento especializado para uma análise mais efetiva de seus impactos no planejamento de internacionalização da empresa. Alguns exemplos de elementos do ambiente político são apresentados a seguir, pois apontam a atratividade ou não de um país para entrantes estrangeiros: � Estabilidade política : análise da estrutura de governo, das ideologias predominantes, da alternância no poder político e no exercício da democracia. � Regulamentação governamental : identificação das regras para os investimentos estrangeiros; análise do nível de controle dos governos locais sobre a propriedade privada; existência de compras governamentais; e controles financeiros sobre transferências de lucros e capitais. 34 � Conflitos de interesse : análise do grau de interferência e de conflitos entre os interesses públicos com os privados; análise da interferência da religião no governo e na justiça do país; grau de liberdade da imprensa local; o respeito aos contratos e às decisões judiciais; e o risco de expropriação. � Corrupção : análise do nível de informalidade na economia; a transparência nas práticas envolvendo órgãos públicos; nível de controle e punição a casos de corrupção. Já em relação ao ambiente legal, o sistema jurídico vigente no país do mercado analisado é considerado o aspecto mais relevante, assim como a forma como os operadores do direito desempenham suas funções. Conforme comentam Machado e Roth (2014), “o sistema jurídico dos países normalmente pode ser dividido em países que seguem a civil law (direito civil) e países que seguem a common law (direito comum)”. No que diz respeito ao direito comum, este é representado pelo sistema jurídico baseado na jurisprudência, onde as decisões judiciais são tomadas como base em decisões passadas, sendo a principal fonte de direito. São exemplos de países que adotam esse sistema os anglo-saxônicos, como os Estados Unidos. Em relação ao direito civil, este é aquele sistema jurídico no qual as leis aplicadas à sociedade estão predefinidas em códigos, ou seja, o direito é codificado, podendo citar o Brasil e muitos outros, como a China, por exemplo. Em alguns países, há uma forte influência da religião na justiça, como é o caso de alguns países islâmicos, e árabes-muçulmanos, onde a charia, ou a lei da religião islâmica, que deve ser observada em todas as decisões jurídicas como fonte de direito fundamental. 2.3.3 Ambiente Cultural Cada país tem seus próprios costumes, normas e tabus. Ao elaborarem as estratégias de marketing global, as empresas devem entender como a cultura afeta as reações dos consumidores em cada um dos seus mercados globais. Por outro lado, elas também devem entender como as estratégias afetam as culturas locais. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 498). Com base em Machado e Roth (2014, p. 48), tentar compreender a cultura de um determinado país tem sido um dos maiores desafios impostos aos gestores que necessitam formular estratégias para a entrada de empresas ou a inserção de 35 produtos e serviços em um determinado mercado. Pode-se afirmar que a culturarepresenta, provavelmente, a última grande fronteira aos negócios globais. Em relação ao impacto da cultura na estratégia de marketing, a empresa vendedora deve verificar antes de planejar seu programa de marketing, como os consumidores de diferentes países utilizam determinados produtos, e o que pensam a respeito dos mesmos, pois, frequentemente, ocorrem surpresas em relação a percepção do consumidor, versus ao que a empresa entende que os consumidores pensam. Considerando que as normas e os comportamentos de negócios também variam de país para país, conforme citado por Kotler e Armstrong (2007), entender as tradições, os comportamentos culturais e as preferências dos consumidores é fundamental para ajudar as empresas a evitar erros constrangedores, assim como, tirar proveito de oportunidades transculturais. Para se analisar o ambiente cultural de um determinado mercado, existem algumas dificuldades, talvez a maior delas, para um gestor, seja analisar aspectos como: língua, região, alimentação e os costumes de uma determinada população. Porém, conforme Machado e Roth (2014), a análise dos elementos da cultura, contribuem menos para decifrar as ameaças e oportunidades no mercado desejado, se comparada aos demais. Os elementos da cultura de uma sociedade mais difíceis de compreender são aqueles menos visíveis como, por exemplo, a maneira como os gestores de um país avaliam suas decisões, como se posicionam diante das incertezas, e se são mais orientados para resultados ou para relacionamentos. Ou seja, são necessários ao gestor anos de experiência e muito desprendimento de preconceitos culturais para realizar uma análise do ambiente cultural adequada. (MACHADO; ROTH, 2014, p. 48). O modelo desenvolvido pelo professor holandês Geert Hofstede, para avaliar a variável cultura no ambiente organizacional, mostra-se excelente ferramenta. Trata-se de um estudo sobre a influência que a cultura tem no local de trabalho. Ele analisou uma extensa base de dados coletados de colaboradores da multinacional IBM em suas filiais, em mais de 70 países, no período de 1967 a 1973. Como resultado da pesquisa, o autor definiu quatro dimensões da cultura nacional. 36 Conforme Keegan e Green (2013, p. 102), “o antropólogo organizacional Geert Hofstede argumentou que as culturas das diferentes nações podem ser comparadas segundo quatro dimenções”. Sendo elas: Individualismo versus Coletivismo: nas culturas individuais, cada membro preocupa-se com seu próprio interesse e da sua família. O coletivismo ocorre quando prevalecem sentimentos e preocupações em relação à coletividade. Nas sociedades individualistas todos devem ser tratados de igual forma e a identidade está baseada no indivíduo. Já na sociedade coletivista, a distinção entre grupos está enraizada nas pessoas e os interesses do grupo estão acima dos interesses individuais. Além disso, a harmonia com o ambiente social é considerada grande virtude. Com uma pontuação de 23 pontos, o Chile é um país extremamente coletivista. Isso se apresenta na fidelidade aos familiares e pessoas próximas. A sociedade valoriza fortes vínculos sociais onde cada indivíduo tem responsabilidade sobre os outros. Os chilenos não costumam confrontar e, em sua comunicação, um “sim” nem sempre significa uma concordância. Um bom relacionamento pessoal é a chave do sucesso na condução dos negócios. Reservar um tempo para construir estes relacionamentos é muito importante, por isso não é recomendável iniciar uma conversa já falando de negócios no primeiro encontro. Masculinidade versus Feminilidade: a masculinidade retrata a sociedade que espera que o homem seja forte, competitivo, ambicioso e materialista, enquanto a mulher deve se preocupar com questões referentes à qualidade de vida, valorizar os relacionamentos e se mostrar sensível com o bem-estar do próximo. Por outro lado, a feminilidade pressupõe que a figura tanto do homem quanto da mulher seja equilibrada, na qual nenhum se sobrepõe ao outro. O Chile é visto como uma sociedade de feminilidade, já que possui um índice baixo de masculinidade (28 pontos). Indica a necessidade de “pertencimento” em um grupo social. Conflitos são solucionados com negociação, tempo livre e flexibilidade. Distância de poder: é o grau de desigualdade entre pessoas que a população de um país considera como normal – de relativamente igual (pequena distância de poder) à extremamente desigual (grande distância de poder). Hofstede aponta que nos países onde o índice é elevado, existe uma dependência significativa dos subordinados em relação às suas chefias. Nesta dimensão, o Chile atingiu 63 pontos. É uma sociedade em que a desigualdade é aceita, uma cadeia 37 rígida de comandos e protocolos são observados. Existe uma estrutura social hierárquica e símbolos de status são utilizados para destacar diferença de poderes. Aversão à incerteza: é a medida do quanto as pessoas em um país preferem situações estruturadas, ao invés de situações desestruturadas. Situações estruturadas são aquelas em que há crença em verdades absolutas e regras rígidas de comportamento, que podem estar escritas ou serem impostas por tradição. Países que possuem alta pontuação neste item apresentam um nível elevado de ansiedade, nervosismo, estresse e agressividade. Neste aspecto o Chile obteve 86 pontos, índice mais alto da América Latina. Isso aponta o quanto esta sociedade precisa de regras rígidas e um sistema legal bem-estruturado. O objetivo fundamental para eles é controlar tudo para eliminar os imprevistos. Como resultado desta aversão a incerteza, esta sociedade não aceita facilmente as mudanças e os riscos, exceto se isso trouxer benefícios para o coletivo. Na orientação para curto prazo é dado importância aos valores orientados para o passado e presente, como por exemplo, respeito pela tradição e cumprimento das obrigações sociais. Já a orientação para longo prazo é a presença de valores orientados para o futuro, como perseverança e realizações de obrigações pessoais. Esta dimensão significa a busca da virtude por parte da sociedade. Com 31 pontos, o Chile tem uma dimensão cultural orientada a curto prazo. Isso se manifesta no respeito deles pelas tradições e pequena propensão a poupar para o futuro. Há uma grande preocupação em estabelecer a verdade absoluta. Também foi desenvolvida a sexta dimensão: uma espécie de “sociedade indulgente X sociedade comedida”. Neste item é possível avaliar o quanto as pessoas de determinado país tentam controlar os seus impulsos. Um índice mais baixo de controle retrata uma sociedade mais impulsiva, disposta a gastar dinheiro e que gosta de aproveitar a vida. Por outro lado, existem as pessoas que são mais comedidas e reservadas. Nesta dimensão, o Chile obteve 68 pontos, mostrando-se uma sociedade com orientação indulgente. Esta comparação entre Chile e Brasil é apresentada no gráfico 2 a seguir: 38 Gráfico 2 – Estudo das diferenças culturais entre Brasil e Chile Fonte: The Hofstede Centre (WHAT..., 2014) 2.3.4 Ambiente Tecnológico Através da análise do ambiente tecnológico, torna-se possível verificar a disponibilidade da tecnologia da informação, bem como as ferramentas tecnológicas disponíveis para a realização das atividades produtivas e comerciais. O ambiente tecnológico muda rapidamente, gerando novas tecnologias que acabam por abrir novos mercados e oportunidades. Portanto, conforme as ideias de Kotler e Armstrong (2007), o ambiente tecnológico pode ser considerado a forma mais drástica que molda nosso destino, pois a tecnologia gerou maravilhas como os antibióticos, as cirurgias feitas através de robôs, assim como os produtos eletrônicos miniaturizados, como os laptops e a internet. Mas não pode ser esquecido que essa mesma tecnologia também trouxe coisas horríveis, como os mísseis nucleares, as armas químicas eos rifles usados em assaltos. Copetti et al. (2011, p. 22) explicam sobre o ambiente tecnológico: O desenvolvimento do conhecimento cada vez mais sofisticado neste âmbito é significativo, considerando que afeta a competitividade das empresas. Novas tecnologias são sinônimos de oportunidades, portanto os profissionais de marketing devem observar algumas tendências, tais como: rapidez das mudanças, orçamentos elevados para planejamento e desenvolvimento, concentração em 39 aprimoramentos de produtos/serviços, regulamentação crescente das patentes. Além disso o avanço tecnológico molda as crenças, os valores e o comportamento das pessoas. Em contrapartida, o desempenho dos parques industriais das empresas é altamente influenciado pelo fator tecnologia. Sendo que, para os setores industriais, a alta tecnologia é extremamente relevante, pois permite a automatização de seus complexos produtivos e a racionalização das tarefas administrativas, com a ajuda de Hardwares e Softwares adequados, que acabam por impactar positivamente na qualidade dos produtos/serviços e, por consequência, no preço final praticado. (COPETTI et al., 2011, p. 22). 2.3.5 Ambiente Demográfico Ligado diretamente à população, o ambiente demográfico deve ser considerado importante, pois, é através dele, que as decisões mais assertivas quanto às estratégias de marketing são tomadas, levando em consideração que são as pessoas que representam o mercado. As ideias de Copetti et al. (2011) mostram que os interesses dos profissionais de marketing são vários em relação a este aspecto, sendo os principais: o tamanho e taxa de crescimento populacional de diferentes cidades, regiões e países; a distribuição das faixas etárias e a sua composição étnica; os graus de instrução; os padrões familiares; e as características das diferentes regiões. As taxas de crescimento da populacional são importantes, pois constituem um parâmetro para que os países planejem seus índices de crescimento de emprego, de produtos, serviços e moradia. Por outro lado, quando existe o crescimento populacional, significa que há um crescimento de mercado, e, como consequência da demanda, oportunizando que as empresas ampliem suas vendas. (COPETTI et al., 2011, p. 20). Já em relação à distribuição das faixas etárias, esta apresenta mudanças, pois houve uma queda nos índices de mortalidade e um crescimento de natalidade, ficando a população mundial com a maioria de jovens. A composição étnica, conforme a ideia de Copetti et al. (2011), é um fator que merece atenção dos 40 executivos de marketing, pois os desejos e hábitos de compra específicos das pessoas variam de acordo com as suas regiões. Os níveis de instrução da população devem ser considerados, pois afetam a empregabilidade das pessoas, que se reflete na renda e nos níveis de emprego ou desemprego, pois, quanto mais as pessoas estudarem, mais treinadas estiverem, melhores serão suas chances de trabalho. (COPETTI et al., 2011, p. 21). No ponto de vista dos movimentos regionais, principalmente de um país para o outro, estes podem mostrar uma mudança na força de trabalho e um perfil novo de consumidor. De acordo com Copetti et al. (2011), através das migrações internas, principalmente do campo para a cidade, as cidades também sofrem, o que reflete no crescimento dos centros urbanos e acabam por criar oportunidades e também desafios de negócios para as empresas. 2.4 MICROAMBIENTE O microambiente da empresa é construído pelos agentes próximos a empresa que afetam sua capacidade de atender seus clientes, sendo eles; a própria empresa, fornecedores, intermediários de marketing, mercados de clientes, concorrentes e públicos. (KOTLER; ARMSTRONG, 2007, p. 56). A análise interna da empresa pode ser feita através da ferramenta SWOT, podendo assim verificar como a mesma lida com suas forças e fraquezas, ameaças e oportunidades. A Sigla SWOT provém dos termos em inglês strengths, weeknes, opportunities, threats, que significam respectivamente: forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. (KOTLER; KELLER, 2012). A construção da matriz SWOT permite analisar os pontos fortes e fracos da organização, assim como, entender as oportunidades e ameaças que tal mercado pode apresentar. Conforme Pipkin (2000), o microambiente consiste na influência dos próprios objetivos e recursos da empresa. Os objetivos são as metas que direcionam as decisões de marketing, de forma que, os recursos identificam os limites para as ações. O microambiente define o quanto é possível, para a empresa, investir no mercado que está sendo prospectado, abrangendo os agentes que estão mais 41 próximos da empresa: a própria empresa, os concorrentes e intermediários, facilitadores e clientes. 2.4.1 Consumidores Conforme Kotler e Armstrong (2007, p. 57), “as empresas precisam estudar detalhadamente os cinco tipos de mercados e clientes”: 1) Os mercados consumidores consistem em indivíduos e famílias que compram bens e serviços para o consumo pessoal. 2) Os mercados organizacionais compram bens e serviços para processamento posterior ou para o uso em seu processo de produção. 3) Os mercados revendedores compram bens e serviços para revendê-los com uma margem de lucro. 4) Os mercados governamentais são constituídos de órgão governamentais que compram bens e serviços para transferi-los a outros que necessitam deles ou para produzir serviços públicos. 5) Os mercados internacionais consistem em compradores em outros países, incluindo consumidores, produtores, revendedores e governos. Cada um destes mercados possui características especiais que exigem um cuidadoso estudo por parte do vendedor. Desta forma, atender os clientes com excelência por meio de funcionários qualificados, torna-se cada vez mais importante, assim como, disponibilizar produtos e serviços de qualidade, são fundamentais para a empresa que pretende se aproximar do seu consumidor. Portanto, na visão de Copetti et al. (2011, p. 25), “é extremamente importante, através de pesquisas de mercado, monitorar e acompanhar os desejos e as necessidades dos compradores, pois é através do cliente que a empresa se mantém, gerando receita”. 2.4.2 Concorrentes Para que uma empresa seja bem-sucedida, conforme o conceito de marketing, ela deve oferecer mais valor e satisfação para seus clientes do que para seus concorrentes. Neste contexto, Kotler e Armstrong (2007) salientam que os profissionais de marketing devem fazer mais do que simplesmente se adaptar às necessidades de seus consumidores-alvo; devem posicionar agressivamente suas 42 ofertas para obter vantagens estratégicas em relação aos seus concorrentes, sendo lembrados e ficando na mente dos seus consumidores. Contudo, não existe uma estratégia competitiva de marketing ideal para todas as empresas, pois estas devem considerar em suas estratégias seu tamanho e posição em relação aos seus concorrentes no setor em comparação. Conforme Kotler e Armstrong (1998), as organizações devem sempre estar monitorando as estratégias de seus concorrentes. “As empresas precisam saber responder a cinco perguntas sobre os concorrentes: Quem são nossos concorrentes? Quais suas estratégias? Quais seus objetivos? Quais suas forças e fraquezas? Quais seus padrões de reação?” (KOTLER; ARMSTRONG, 1998, p. 165). Entende-se por concorrentes as organizações que produzem produtos/serviços, iguais ou semelhantes. Eles devem receber especial atenção dos gestores de marketing, quanto aos pontos positivos e negativos de seus produtos/serviços, o posicionamento de mercado e as vantagens estratégicas. (COPETTI et al. 2011, p. 24). A caracterização dos concorrentes não é dada somente para aqueles que oferecem produtos e serviços no momento presente, mas também por aqueles que proporcionarão estes, no momento futuro. Desta forma, conforme a ideia de Copetti
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