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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS 
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ARAGUAÍNA 
CURSO LINCECIATURA EM FÍSICA 
 
 
 
 
 
 
JANNYNY DE OLIVEIRA FOGAÇA RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
MULHERES NA FÍSICA: A PRESENÇA FEMININA NO CURSO DE 
LICENCIATURA EM FÍSICA DA UFT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARAGUAÍNA (TO) 
2018
1 
 
JANNYNY DE OLIVEIRA FOGAÇA RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MULHERES NA FÍSICA: A PRESENÇA FEMININA NO CURSO DE 
LICENCIATURA EM FÍSICA DA UFT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à UFT - Universidade Federal do Tocantins - 
Campus Universitário de Araguaína para obtenção do título de 
Licenciatura em Física, sob orientação da Prof.(a) Dra. Sheyse 
Martins de Carvalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARAGUAÍNA (TO) 
2018 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
JANNYNY DE OLIVEIRA FOGAÇA RODRIGUES 
 
 
 
 
MULHERES NA FÍSICA: A PRESENÇA FEMININA NO CURSO DE 
LICENCIATURA EM FÍSICA DA UFT 
 
 
 
Monografia foi avaliada e apresentada à UFT – Universidade Federal 
do Tocantins – Campus Universitário de Araguaína, Curso de Física, 
para obtenção do título de Licenciatura em Física e aprovada em sua 
forma final pela Orientadora e pela Banca Examinadora. 
 
 
 
 
Data de Apresentação: 19/07/2018. 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
________________________________________ 
Prof.(a) Dr. (a) Sheyse Martins de Carvalho – Orientadora – UFT 
 
 
 
 
________________________________________ 
Prof.(a) Dr. (a) Regina Lelis de Sousa - UFT 
 
 
 
 
________________________________________ 
Prof.(a) Lídia Cruz de Araújo - UFT 
 
 
 
 
 
 
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Dedico à memória do meu avô Manoel de Oliveira e do meu primo 
Ezequiel de Oliveira. Vocês continuam vivos em meu coração. 
 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço primeiro a Deus por ter me carregado no colo nos momentos em que me 
faltaram forças para prosseguir. 
Aos meus avós. Vocês foram, são e sempre serão meus ídolos, exemplos de caráter e 
honestidade. 
À minha família, em especial ao meu esposo Genivaldo Gomes. Obrigada pela 
dedicação, amor, carinho e compreensão. Às mulheres da minha vida: Maria José, Maria da 
Conceição e Simone. O que sou hoje é um reflexo da dedicação de vocês; sou grata por tudo 
que vocês têm feito e fazem por mim. Minhas amigas, irmãs e, na maioria das vezes, minhas 
mãezonas. Amo muito vocês! 
Ao colegiado de Física na figura dos professores: Matheus, Regina, Sheyse, Lídia, 
Cláudia, Liliana, Alexandro, Cabral, Edison, Nilo e Anderson. Prof. (a) Regina, sua dedicação 
e amor pela profissão contagia quem está ao seu redor, você me fez querer seguir na área de 
licenciatura e me fez ter vontade de atuar como professora. Prof. Edison, obrigada pelas 
monitorias em disciplinas que, na maioria das vezes, nem eram suas. Prof. Alexandro, sou 
grata por ter me compreendido no momento mais difícil de minha vida, sua forma de agir foi 
fundamental para que eu permanecesse no curso em um momento que eu queria sumir. Prof. 
(a) Sheyse, gratidão define o que sinto nesse exato momento, você foi mais que uma 
orientadora e sem você a realização desse projeto não seria possível. 
Aos amigos que fiz ao longo do curso: Fernanda, Joyce, Jacó, Thiago, Anderson, 
Denisia e prof. (a) Renata Dionysio. Obrigada por me abraçarem e enxugarem minhas 
lágrimas nos momentos em que precisei. 
Aos meus colegas de curso: Allan, Dannyella e Xaieny. Sem o nosso grupo de estudo 
não seria possível a aprovação em disciplinas tão complexas. Vocês são mais que colegas, são 
amigos que levarei no coração para o resto da vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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“Eu vou tentar, sempre! E acreditar que sou capaz de levantar uma 
vez mais. Eu vou seguir, sempre! Saber que ao menos eu tentei e vou 
tentar mais uma vez...”. 
(Diane Eve Warren e Gloria M. Estefa) 
 
 
 
7 
 
RESUMO 
 
 
Estudos recentes mostram que a presença feminina ainda é bastante reduzida nas carreiras 
científicas. As mulheres continuam segregadas em cursos feminizados, as poucas que optam 
pelas ciências exatas, como a Física, encontram inúmeras barreiras para permanecerem e 
avançarem na carreira. Este trabalho tem como objetivo investigar a participação feminina no 
curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e, assim, 
contribuir para o debate de questões de gênero dentro do meio acadêmico; principalmente na 
busca de Políticas Públicas que favoreçam a permanência das mulheres na carreira de Física. 
Através de dados fornecidos pela Secretaria Acadêmica foi realizada uma análise quantitativa 
acerca da trajetória dessas mulheres dentro do Curso de Licenciatura em Física na UFT. Os 
resultados obtidos apontaram um curso cuja predominância é masculina, mas com a 
participação de mulheres que tendem a desistir menos que os homens e a resistir mais, apesar 
dos obstáculos encontrados. 
 
 
Palavras-Chave: Gênero, Física, Educação Superior. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
ABSTRACT 
 
 
Recent studies show that the female presence is still quite reduced in scientific careers. 
Women remain segregated in feminine courses, the few who opt for the exact sciences, such 
as physics, find numerous barriers to staying and advancing their careers. This study aims to 
investigate the female participation in the degree course in Physics of the Federal University 
of Tocantins and thus contribute to the debate of gender issues within the academic 
environment and especially in the pursuit of policies that favor the permanence of women in 
the career of Physics. Through data provided by the academic secretariat a quantitative 
analysis was carried out on the trajectory of these women within our course. The results 
obtained pointed to a course of masculine dominance, but with the participation of women 
who tend to give up less than men and to resist more, despite the obstacles encountered. 
 
Keywords: Gender, Physics, Higher Education. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 2.1: Retrato de Marie Curie em 1920............................................................................17 
Figura 2.2: Retrato de Emmy Noether......................................................................................18 
Figura 2.3: Retrato de Lise Meitner..........................................................................................19 
Figura 2.4: Retrato de Chien Shiung Wu..................................................................................19 
Figura 2.5: Yolande Monteux, primeira física formada no Brasil............................................21 
Figura 2.6: Retrato de Sonja Aschauer......................................................................................22 
Figura 2.7: Retrato de Elisa Frota Pessoa.................................................................................23 
Figura 2.8: Retrato de Neusa em Turim....................................................................................23 
Figura 2.9: Y. Fujimoto, Marta MantovanI, Neusa, Gaetano Amato e César 
Lattes.........................................................................................................................................24 
Figura 2.10: Percentual de mulheres em diversos níveis na carreira no mundo.......................26 
Figura 2.11: Percentual de pesquisadores dos sexos feminino e masculino bolsistas.............27 
Figura 2.12: Percentual de pesquisadores dos sexos feminino e masculino bolsistas de PIBIC, 
IC, Mestrado, Doutorado e PQ em 2012...................................................................................27 
Figura 4.1:Acadêmicos matriculados em 2018/1 da UFT........................................................32 
Figura 4.2: Acadêmicos ingressantes em Física da UFT de 2009 a março de 2018.................32 
Figura 4.3: Acadêmicos formados de 2009 a março de 2018...................................................33 
Figura 4.4: Evasão no Curso de Física de 2009 a março de 2018...........................................34 
Figura 4.5: Atual situação acadêmica de mulheres ingressantes na Física da UFT..................35 
Figura 4.6: Atual situação acadêmica de homens ingressantes na Física da UFT....................35 
 
Quadro 1 – Dados acadêmicos dos Ingressantes no ano de 2009............................................36 
Quadro 2 – Dados acadêmicos dos Ingressantes no ano de 2010............................................37 
Quadro 3 – Dados acadêmicos dos Ingressantes no ano de 2011............................................37 
Quadro 4 – Dados acadêmicos dos Ingressantes no ano de 2012............................................38 
Quadro 5 – Dados acadêmicos dos Ingressantes no ano de 2013............................................38 
Quadro 6 – Dados acadêmicos dos Ingressantes no ano de 2014............................................38 
Quadro 7 – Dados acadêmicos dos Ingressantes no ano de 2015............................................39 
Quadro 8 – Dados acadêmicos dos Ingressantes no ano de 2016............................................39 
Quadro 9 – Dados acadêmicos dos Ingressantes no ano de 2017............................................39 
Quadro 10 – Dados acadêmicos dos Ingressantes no ano de 2012..........................................39 
 
 
10 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................................ 3 
2.1 Mulheres na sociedade ....................................................................................................... 3 
2.2 Mulheres na Ciência .......................................................................................................... 5 
 2.3 Mulheres da Física no Brasil.......................................................................................20 
 2.4 A realidade em dados....................................................................................................24 
 2.5 Principais barreiras e dificuldades para permanência feminina no Curso de 
Física.........................................................................................................................................27 
3 METODOLOGIA DA PESQUISA .................................................................................... 30 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 32 
4.1 Análise dos dados para cada ano ..................................................................................... 36 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 40 
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Por séculos as mulheres não tiveram voz ativa na sociedade. O trabalho feminino 
sempre existiu, mas não era devidamente reconhecido. Foi durante a Primeira e Segunda 
Guerra Mundial, entre os anos de 1914 a 1945, que essa história começou a mudar. Com a ida 
dos homens para as batalhas, as mulheres tonaram-se as responsáveis pelas suas famílias, 
passando a trabalhar fora de casa. Logo se tornaram a mão de obra preferida das indústrias, 
que passaram a pagar para elas metade do valor que seria pago aos homens. 
A luta da mulher pela liberdade pode ser dividida em três momentos importantes: a 
luta pelos direitos democráticos entre os séculos XVIII e XIX, a liberdade sexual trazida com 
a popularização do anticoncepcional na década 60 e a luta pela igualdade no trabalho nos anos 
de 1970. 
No meio científico, o início também não foi fácil para as mulheres. Muitas cientistas 
brilhantes não foram aceitas em universidades pelo simples fato de serem mulher. Ao se 
formarem, se submetiam a trabalhar em locais precários, sem assistentes e muitas vezes seus 
nomes eram excluídos das publicações. 
Mesmo tendo se passado séculos, ainda há padrões ditados pela antiga sociedade que 
continuam assombrando o gênero feminino. Há profissões que são tidas para muitos como 
“profissão masculina” e esse é o caso de áreas como as ciências exatas, mais especificamente 
da Física. Esse comportamento é o resultado de anos de uma hierarquia patriarcal dominada 
por homens, que faz com que a mulher permaneça segregada em áreas do conhecimento e 
cursos feminizados, sofrendo preconceito e discriminação sexista quando ingressam em áreas 
como a Física. 
Nos últimos anos, percebemos um aumento das discussões de gênero nas áreas 
científicas. No caso da Física, os dados encontrados nas principais referências mostram que 
mesmo as mulheres sendo responsáveis pela maior porcentagem de ingressos, matrículas e 
conclusão nos cursos de graduação, isso não se reflete no curso de Física. Segundo os dados, 
a presença feminina ainda é menor que a masculina e diminui a cada etapa da carreira 
acadêmica. Vemos então, como um objeto de investigação necessário, a presença das 
mulheres na ciência e as barreiras que limitam essa presença. 
Diante desta realidade, este trabalho se propõe a estudar a participação das mulheres 
no curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal do Tocantins (UFT), procurando 
compreender e comparar a realidade do curso com o que é retratado nas principais referências. 
O curso é voltado para formação de professores de Física e apresenta em seu corpo docente 
12 
 
uma equidade de mulheres e homens. Além disso, curiosamente o curso apresenta um número 
significativo de mulheres, o que fez com que nos despertasse o desejo de realizar a pesquisa 
quantitativa apresentada aqui. A intenção inicial era buscar a realidade em números e 
confirmar se realmente no curso de licenciatura em Física da UFT a presença feminina é 
comparável à masculina, como se faz parecer. 
Realizamos um levantamento bibliográfico acerca das mulheres na sociedade, no meio 
científico e, em particular, na Física. O estudo da história nos auxilia a entender o presente, 
identificar os fatores históricos e culturais que contribuíram e contribuem para a atual 
situação. Além disso, precisamos conhecer quais eram as barreiras encontradas por elas para 
que consigamos analisar as barreiras atuais. Acreditamos que ao se conhecer e espalhar a 
história das mulheres pioneiras na ciência, estaremos contribuindo para o incentivo da prática 
científica das mulheres. 
Buscamos referências de estudos voltados à questão de gênero na Física encontramos 
dados fornecidos pelas agências de fomento do país que destacam as diferenças entre os 
gêneros durante a evolução na carreira científica. Além de estudos recentes sobre as principais 
dificuldades encontradas pelas mulheres, fatores que favorecem a desistência do curso de 
Física e fatores que podem contribuir para permanência. 
Realizamos uma pesquisa quantitativa através de dados fornecidos pela Secretaria 
Acadêmica do campus Cimba da UFT. Os dados são referentes às estudantes do curso de 
Licenciatura em Física, desde a abertura do curso na instituição em 2009 até março de 2018. 
A análise dos dados foi feita buscando estudar de que forma se dá a presença das mulheres no 
curso. 
Pretendemos, portanto, mostrar a importância dos debates de assuntos relacionados às 
questões de gênero, dar início aos estudos voltados à presença feminina no nosso curso e 
chamar a atençãopara estas questões. Fortalecer o estudo de gênero pode nos ajudar a 
identificar as barreiras e empecilhos enfrentados pelas mulheres na Física e contribuir para 
definirmos ações que busquem reverter os problemas. Além disso, acreditamos que uma das 
formas de estimular cada vez mais as mulheres a ingressarem nas carreiras científicas está na 
experiência escolar, através do professor na Educação Básica, estimulando as meninas à 
prática científica. 
No capítulo dois apresentamos um breve histórico sobre as mulheres na Ciência e na 
Física e um levantamento de dados atual que visa descrever a evolução da participação 
feminina na carreira de Física. No capítulo três apresentamos a metodologia utilizada na 
realização deste trabalho e discutimos os dados referentes ao curso de Física da UFT. No 
13 
 
capítulo quatro realizamos nossas conclusões e considerações finais. 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
Ao se estudar questões de gênero estamos verificando, através da História, a posição 
das mulheres na sociedade e quais as barreiras encontradas por elas para se manterem no meio 
científico e no mercado de trabalho. Neste capítulo buscamos recuperar elementos históricos e 
teóricos da introdução da mulher na ciência e como ela ocorreu. 
 
2.1 Mulheres na Sociedade 
 
A Idade Média foi uma época dominada pelos homens e as mulheres eram seres 
submissos, dependentes do pai e do marido, e juridicamente protegidas. A forma como as 
mulheres eram tratadas tinha justificativa na religião e no costume da época. O sexo feminino 
era tratado como um ser inferior, tal forma de tratamento tinha o apoio da Igreja Católica que 
dominava o mundo nessa época. Essa forma de pensamento permaneceu no período medieval. 
De acordo com Sousa (2004), os homens: senhores feudais, cavalheiros, padres e monges 
predominaram no poder durante a época greco-romana e a Idade Média. Algumas mulheres 
exerciam funções importantes fora do lar, sendo abadessas, rainhas e dirigentes empresariais, 
algumas figuras femininas foram santas canonizadas pela Igreja Católica, esse status era 
difícil de ser conseguido na época principalmente por uma mulher. 
Ao longo da história as mulheres foram mantidas em condição inferior a do homem, 
no qual cabia a ela total submissão e obediência a figura masculina. Por séculos os homens 
foram os responsáveis pelo sustento da família, eles eram considerados a mente pensante do 
núcleo familiar, tomava as decisões sozinho, sem consultar os outros membros da família. As 
mulheres que precisavam trabalhar para sustentar suas famílias eram mal vistas pela 
sociedade, pois essas fugiam ao costume da época. Elas só podiam atuar como costureiras e 
vendedoras de comidas. Segundo Saffioti (1976), no século XVII na Inglaterra e na França as 
mulheres podiam exercer atividades comerciais, portanto as atividades femininas se limitavam 
no trabalho de mulheres negociantes. Nos demais assuntos tanto de trabalho, quanto de vida 
pessoal, a mulher sempre foi considerada menor e incapaz, necessitando da tutela de um 
homem, marido ou não. 
O ensino ainda era um privilégio destinado aos homens. Poucas mulheres se 
14 
 
aventuravam nesse mundo, as que queriam adquirir conhecimento como os homens, eram 
excluídas pela sociedade, devido o costume da época e eram vistas como anormais pela 
população. Segundo Tosi (1997, p. 376), “O direito à educação havia se tornado a 
reivindicação primordial das mulheres a partir da polêmica iniciada por Christine de Pizan no 
começo do século XV na França, conhecida como a Querelle des Femmes (querela das 
mulheres), que durou quatro séculos.” 
A história da mulher começa a mudar com a Primeira e Segunda Guerra Mundial (nos 
anos entre 1914 a 1945). Os homens tiveram quer ir para frente de batalhas, assim as 
mulheres não tiveram outra saída, a não ser assumir o lugar de seus maridos no mercado de 
trabalho. Com os novos acontecimentos cabia a elas o sustento de suas famílias. Foi o início 
da guerra que introduziu a mulher no mercado de trabalho, mas, foram as consequências 
dessas guerras que as mantiveram trabalhando dentro e fora de casa. Devido os confrontos de 
batalhas durante a guerra, muitos homens foram mortos e outra grande parte que sobreviveu, 
voltava para casa incapacitados de trabalhar e sustentar suas famílias, fazendo com que a 
figura feminina fosse obrigada a mudar sua postura diante da sociedade. A necessidade de 
mão de obra qualificada também favoreceu a educação para as mulheres e o aumento da 
presença feminina nas universidades. 
No final da década de 60 incentivadas pelo aumento do uso do anticoncepcional, a 
mulher passa conquistar também sua liberdade sexual. Nos anos de 1970 as mulheres travam 
uma nova batalha, uma luta que ainda está em andamento, a luta por igualdade de direitos no 
trabalho. Além de lutar por salários iguais a mulher luta também pelo direito de permanecer 
na profissão que desejar sem sofrer qualquer tipo de discriminação e preconceito. 
 
[...], as mulheres mantiveram-se majoritariamente concentradas em um leque restrito 
de atividades, voltadas para serviços pessoais, serviço doméstico, administração 
pública, comércio e distribuição de alimentos/vestuário, indústria têxtil e de 
confecção e montagem de componentes eletroeletrônicos. Essa era a razão, para 
muitos, de não se poder medir comparativamente o nível de produtividade feminino 
e masculino, nem tampouco falar de "salário igual para trabalho igual", velha 
bandeira transnacional do movimento de mulheres. Agora, ao que parece, a mão-de-
obra feminina estaria, de fato, substituindo a masculina em ramos e funções antes 
bastante mais sexuados. Só que a mais ampla e diversificada (por postos) mixidade 
no mercado de trabalho estaria se fazendo com base em uma grande redução de 
salários. (LAVINAS, 1997, p 02.). 
 
 
 
Até hoje ouvimos falar sobre profissões que são ditas destinadas aos homens, ou que 
são próprias para homens. As ciências exatas e isso incluem a Física, que é uma delas. Mesmo 
a presença feminina crescendo de forma significativa nesse meio, as escolhas profissionais 
15 
 
ainda são influenciadas pelos papéis de gênero. 
 
Entre as diversas esferas profissionais, a ausência das mulheres parece 
especialmente notável na ciência e na tecnologia, particularmente nos campos das 
ciências físicas e na engenharia, e as mulheres que optam pelo estudo na área das 
ciências frequentemente acabam assumindo aquelas ocupações consideradas menos 
desafiadoras. As mulheres estão sub-representadas na física. De todas as ciências, a 
física é uma área na qual o aumento do número de mulheres tem sido 
particularmente lento. (AGRELLO e GARG, 2009, p. 02). 
 
 
Mesmo com séculos de batalhas travadas por igualdade entre os gêneros, é comum ver 
preconceitos estabelecidos, como este de que, a sociedade acaba qualificando deveres que 
devem ser executados apenas por homens e tarefas que são adequadas as mulheres. Tudo isto 
é consequência de séculos de uma doutrina patriarcal, onde o homem é tido como autoridade 
máxima, e onde a questão biológica colocava a mulher como inferior. 
 
2.2 Mulheres na Ciência 
 
A participação feminina na ciência não se deu de maneira fácil e rápida. Historiadores 
em estudos de gênero e ciência vêm trazendo a tona muitas contribuições e realizações 
femininas nesta área e discutindo as barreiras por elas enfrentadas. Sabemos que em várias 
civilizações antigas as mulheres participavam ativamente, como no caso da medicina por 
exemplo. Na Grécia antiga, elas tinham acesso ao estudo da filosofia natural. Durante a Idade 
Média, os conventos eram os lugares onde as mulheres tinham acesso à educação e até mesmo 
a pesquisa acadêmica. Mesmo assim, o número de mulheres que conseguiam ter qualquer tipo 
de educação científica era muito pequeno. 
Enquanto os meninos tinham uma educação invejável, com direito a várias linhas de 
conhecimentos,às meninas eram ensinadas tarefas do lar, como: cuidados coma a casa, como 
cuidar dos filhos e dos esposos. Elas não tinham direito ao estudo, cabia apenas obediência 
aos pais e irmãos enquanto solteiras e total submissão aos esposos quando casadas. Vários 
fatos contribuíam para esta situação: religião, costumes da época, e até mesmo a questão 
biológica era usada contra as mulheres. 
Com o surgimento das primeiras universidades por volta do século XI, as mulheres 
foram também excluídas da educação universitária. Segundo Yannoulas (2007), a primeira 
universidade europeia a admitir mulheres como estudantes foi a de Zurique, em 1865. 
Entretanto, existe um conflito de informações e pelo que sabemos, existia uma exceção, a 
16 
 
Universidade italiana de Bolonha. Desde sua fundação por volta de 1088, a universidade de 
Bolonha, já admitia que mulheres participassem das palestras. A primeira mulher a conseguir 
uma vaga na universidade numa área científica foi a italiana, Laura Bassi, por volta do século 
XVIII. 
Segundo Bandeira (2008, p. 2014), “o feminino foi omitido das comunidades 
científicas, isto é, dos espaços acadêmicos e institucionais produtores de ciência e de 
conhecimento (...), mesmo durante a Revolução Científica do século XVII e XVIII”. 
Foi somente no final do século XIX que a participação feminina começou a se fazer 
notável. As mulheres no início excluídas da educação científica formal, eram admitidas nas 
sociedades eruditas. A última universidade Europeia a liberar o ensino para as mulheres foi a 
universidade da Prússia, em 1884. Em 1908, todas as restrições que ainda eram impostas para 
a educação das mulheres foram eliminadas. 
Mesmo assim, a ciência moderna do século XIX continuava vendo a mulher como 
inferior ao homem, evidenciando a invisibilidade da mulher e dificultando sua produção 
científica, apesar do aumento de sua participação acadêmica. Segundo Silva (2008), a ciência 
do século XIX, era masculina e permitida aos que tinham classe social alta, sendo que isso 
não incluía as mulheres, como descreve: 
 
Declarada, portanto, as origens e os fundamentos da Ciência Moderna. É uma 
ciência masculina, androcêntrica, branca, ocidental e localizada nas classes mais 
abastadas da sociedade moderna, que se auto-institui como supremacia sobre todos 
os outros saberes, passando a se expressar, imediatamente, na linguagem e nas 
abordagens teórico-metodológicas, decidindo o que conhecer, para que conhecer e 
quem pode conhecer. Estabelece-se assim, a exclusão das mulheres no processo de 
construção do conhecimento científico (p. 135). 
 
No século XX, a participação da mulher na Universidade é aumentada e com isso sua 
presença nas áreas de ciências naturais e exatas também. A ciência continua sendo masculina, 
já que os homens continuam sendo maioria e donos dos cargos superiores e de poder. As 
discussões sobre gênero e ciência, começam a serem feitas por volta da década de 1980, 
conforme o aumento do número de mulheres nas Universidades e das batalhas que as 
mulheres vinham enfrentando para permanecer no meio. Além das lutas feministas que 
vinham sendo travadas ao longo dos anos por direitos iguais em várias esferas da sociedade. 
Da forma como a história vem sendo contada, é como se a presença feminina pouco 
tivesse contribuído com as pesquisas e descobertas históricas da Ciência. Nas escolas não se é 
discutido os feitos históricos de mulheres cientistas. Segundo Mary C. et al (2007) apud 
Agrello e Garg (2009, p. 07), “Essa é uma tradição um pouco complexa. Quando se pede as 
17 
 
meninas que desenhem um cientista, quase todas desenham um homem, uma figura de óculos, 
como Einstein”. Isso reflete a visão que nossa sociedade possui sobre as mulheres e as 
posições que elas ocupam. O que se precisa de fato é do reconhecimento dos serviços 
prestados por estas mulheres em nome das ciências exatas, é falar sobre as mulheres cientistas 
que venceram o Prêmio Nobel, é falar de tantas outras que mesmo não tendo essa honra 
fizeram contribuições incríveis para o desenvolvimento científico. 
Essas mulheres enfrentaram muitos obstáculos por viverem em uma época onde 
mulheres cientista eram vistas como aberrações. Para poder desenvolver suas pesquisas 
muitas vezes se sujeitavam a trabalhar em porões e sem nem um tipo de remuneração, por 
fugir a regra onde os homens eram as mentes pensantes, e a mulheres o seres delicados e 
incapazes de atuar em tal área de conhecimento. 
Dentre as pioneiras da ciência no mundo, citaremos algumas dessas mulheres que se 
destacaram não só pelo pioneirismo, mas também pela sua trajetória como cientista. 
Acreditamos que para aumentar o número de mulheres nas áreas científicas, precisamos 
mostrar para as novas gerações de meninas que ciência pode ser feita independente do gênero 
e que existem sim muitas mulheres que marcaram a história da Física apesar das barreiras e 
machismo presente no meio. 
Figura 2.1 - Retrato de Marie Curie em 1920. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Marie_Curie 
Um grande exemplo, de representatividade feminina foi, Marie Curie, nascida na 
Polônia em 1867, mais tarde se naturalizou francesa. Nascida com o nome de Marie 
Skolodowska, obteve seu diploma em “Licenciée ès Sciences Physiques“, em 1893, ocupando 
o primeiro lugar da turma. 
Marie começou a carreira científica investigando propriedades magnéticas, simetria de 
cristais e magnetismo. Conduziu pesquisas pioneiras no ramo de radioatividade. Foi a 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Marie_Curie
18 
 
primeira mulher a ser premiada com o Nobel e a primeira pessoa e única mulher a ganhar o 
prêmio duas vezes, um da Física e outro da Química. Foi a primeira mulher a ser admitida 
como professora na Universidade de Paris. 
Ciente da sua posição social como pesquisadora, Marie durante a Primeira guerra 
mundial, formou mais de 150 enfermeiras radiologistas em seu laboratório. 
Figura 2.2 - Retrato de Emmy Noether. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Disponível em: https://www.thefamouspeople.com/profiles/emmy-noether-507.php 
 
Outra importante mulher para a história da ciência, é Emmy Noether, conhecida 
também como mãe da álgebra moderna. Proveniente de uma família de acadêmicos alemãs e 
judeus, Emmy não teve uma trajetória fácil também. Ao optar pela matemática, Emmy 
adentrou em um meio extremamente machista e que a impediu de conquistar a posição de 
professora na Universidade de Gottingen por ser mulher. Seu amigo e já então famoso 
matemático, Hilbert, reconheceu a situação de Emmy e publicou: “Não vejo em que o sexo da 
candidata possa ser um argumento contra sua admissão como professora. Afinal, somos uma 
universidade e não casa de banhos”. 
O teorema de Noether (demonstrado em 1918), como ficou conhecido seu mais 
importante teorema é muito usado na física, se tornou um dos importantes pilares da física 
moderna e contemporânea, unificando as leis universais de conservação e as simetrias na 
natureza (FILHO, 2015). 
 
 
 
 
 
 
https://www.thefamouspeople.com/profiles/emmy-noether-507.php
19 
 
Figura 2.3 - Retrato de Lise Meitner. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Disponível em: http://www.documentarytube.com/articles/lise-meitner--the-forgotten-woman-
who-should-have-won-nobel-prize 
 
Lise Meitner, outra importante representação feminina, sobreviveu a Alemanha 
nazista e aos grupos de pesquisa que não a aceitavam por ser mulher. Lise nasceu em Viena 
mas se naturalizou sueca, foi pioneira no estudo da fissão nuclear. Foi assistente de Max 
Planck e trabalhou com o químico Otto Hahn em pesquisas sobre radioatividade e bombardeio 
de urânio. Otto hahn venceu o prêmio Nobel de química em 1944, e Lise foi considerada 
injustiçada pela academia sueca por não ter compartilhado o Nobel com Hahn. Apesar de ter 
sido a criadora da fissão nuclear,ela se recusou a participar dos projetos de construção de 
armas nucleares. Em sua lápide escreveram: “Lise Meitner, fisicista que nunca abandonou sua 
humanidade”. 
Figura 2.4 - Retrato de Chien Shiung Wu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Disponível em: https://www.biography.com/people/chien-shiung-wu-053116 
http://www.documentarytube.com/articles/lise-meitner--the-forgotten-woman-who-should-have-won-nobel-prize
http://www.documentarytube.com/articles/lise-meitner--the-forgotten-woman-who-should-have-won-nobel-prize
https://www.biography.com/people/chien-shiung-wu-053116
20 
 
 
Chien Shiung Wu, mais conhecida como Madame Wu, graduou-se em física em 1934 
pela Universidade Central de Nanjing. Doutorou-se em 1940, pela Universidade da 
Califórnia. E foi a primeira mulher docente de física na Universidade de Princeton. 
Durante a Segunda Guerra Mundial (1944), trabalhou como física nuclear juntamente 
a outros cientistas no projeto Manhattan, na separação de isótopos de Urânio. Wu foi 
catedrática de Física na Universidade de Columbia, recebeu numerosos prêmios e doutorados 
honoris causa. Foi a primeira mulher presidente da Sociedade Americana de Física e recebeu a 
medalha nacional de Ciências dos Estados Unidos. 
Seus experimentos que contradiziam o hipotético princípio de conservação de 
paridade, rendeu a seus colegas, Tsung Dao Lee e Chen Ning Yang, o Prêmio Nobel de 1957. 
Chien Shiung Wu, portanto, ganhou o prêmio Wolf da Física em 1978. 
 Durante anos consecutivos, Madame Wu, lutou contra os preconceitos de gênero, que 
buscavam sempre minimizar a importância das conquistas das mulheres que se dedicavam a 
ciência. Quando chamada de professora Yuan, referente ao nome do seu marido, ela 
imediatamente respondia e pedia que fosse chamada de Professora Wu. Em 1975, consegue 
um reajuste de salário e passa a receber o mesmo que os seus colegas homens (CHIANG, 
2014). 
Existem muitas outras mulheres que fazem parte da história da ciência e todas elas nos 
servem de inspiração. Citamos apenas alguns nomes, de forma a exemplificar as barreiras 
encontradas por elas e a dedicação dessas mulheres em fazer parte do mundo científico. 
 Muitas mulheres enfrentaram grandes dificuldades por viverem em uma época onde 
cientistas do gênero feminino não eram bem vistas pela população em geral. Essas mulheres 
não devem ser esquecidas, devem sim serem lembradas como exemplo de força e dedicação a 
ciência. Devemos reconhecer que é graças a coragem e luta destas pioneiras, hoje as 
mulheres estão cada vez mais fazendo parte do meio científico e os problemas sobre gênero 
na ciência vem sendo discutido. 
 
2.3 Mulheres da Física no Brasil 
 
No Brasil não foi diferente, até o século XIX a educação Brasileira sofria muita 
influência da Igreja Católica e o ensino misto era proibido. Mesmo com a regulamentação do 
ensino gratuito as mulheres eram limitadas ao ensino fundamental, onde tinham um ensino 
 
21 
 
voltado aos afazeres domésticos. Como descreve Azevedo e Ferreira (2006, p. 235), “Em 
1827, a primeira lei imperial sobre ensino determinou a gratuidade da instrução primária a 
todos os cidadãos, estabelecendo a criação de escolas para meninas, nas quais aprenderiam a 
ler e a escrever [...]” . 
Foi em 19 de abril de 1879, cinquenta e dois anos mais tarde, que D. Pedro II assinou 
um novo decreto onde as mulheres passariam a ter acesso também a Universidade. Conhecida 
como a Reforma Leôncio de Carvalho, decreto n.º 7247, a reforma abriu as portas do ensino 
superior às mulheres no Brasil (RAGO, 2000). Em 1888, Delmira Secundina da Costa, Maria 
Coelho da Silva Sobrinho e Maria Fragoso, graduam-se em direito no Recife. Tivemos 
também algumas mulheres que ingressaram no curso de medicina e concluíram o curso por 
volta de 1988-1989, algumas delas são: Rita Lobato Velho Lopes, Ermelinda Lopes de 
Vasconcelos e Antonieta César Dias. 
A presença feminina nos cursos de áreas exatas se deu vinte anos mais tarde, com a 
primeira mulher que se formou em engenharia, Edwiges Maria Becker em 1917. 
A presença de mulheres nas áreas de exatas ocorre com mais de duas décadas de 
atraso se comparado com as áreas da saúde e do Direito. A primeira mulher a se 
formar em Engenharia foi Edwiges Maria Becker, em 1919, pela Escola Politécnica 
do Rio de Janeiro. Após a formatura de Edwiges ocorre um vácuo que é suprido pela 
graduação, em 1926, de Carmen Portinho. Esta engenheira civil torna-se, além de 
profissional brilhante em sua área, uma militante no movimento dos direitos civis e 
de reconhecimento profissional (URL). (BARBOSA E LIMA, 2013, p. 39 e 40). 
Figura 2.5 - Yolande Monteux (4ª da esq. para a dir.), primeira física formada no 
Brasil, ao lado do físico Gleb Wataghin. Na foto, a equipe da FFCL-USP aguarda o embarque 
em avião cedido pela FAB para experiências sobre os raios cósmicos. Década de 1940, acervo 
histórico do IFUSP. 
 
 
Fonte: Disponível em: http://www.ipt.br/institucional/campanhas/39-
ipeteana_e_a_primeira_fisica_brasileira.htm 
A primeira mulher a se graduar no curso de Física no Brasil foi Yolande Monteux 
http://www.ipt.br/institucional/campanhas/39-ipeteana_e_a_primeira_fisica_brasileira.htm
http://www.ipt.br/institucional/campanhas/39-ipeteana_e_a_primeira_fisica_brasileira.htm
22 
 
(1910-1990). Yolande se formou pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da 
Universidade de São Paulo (USP) em 1937. Foi uma das pioneiras no estudo de Raios 
Cósmicos tendo como professor orientador Gleb Wataghin (Vide Fig. 2.5). 
 Assim como Yolande, outras cinco mulheres se formaram pela mesma universidade 
entre os anos de 1937 e 1944, são elas: Zillah Barreto de Mesquita, Maria Heloisa 
Fagundes Gomes, Maria Izabel Fagundes Gomes, Sonja Ashauer e Elza Furtado 
Gomide. Dentre elas, se destaca a primeira brasileira a se tornar doutora em Física, Sonja 
Ashauer (1923-1948). Logo após sua formatura em 1943, Sonja foi contratada como 
assistente de Wataghin para trabalhar com núcleos e partículas elementares em temperaturas 
muito altas. Em 1945, Sonja consegue uma bolsa do conselho britânico para realizar seu 
doutorado na Inglaterra com o célebre físico Paul Dirac. Infelizmente Sonja veio a falecer 
logo após o término do seu doutorado, quando retornava a São Paulo, de um possível caso de 
pneumonia. 
Figura 2.6 - Retrato de Sonja Aschauer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Disponível em: http://mulheresnaciencia-mc.blogspot.com/2014/10/sonja-ashauer-primeira-
brasileira.html 
 
 
Já no estado do Rio de Janeiro, a primeira mulher a se graduar em Física foi Elisa 
Frota Pessoa, em 1944 pela Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil, que 
atualmente se chama Universidade Federal do Rio de Janeiro. Elisa foi uma das fundadoras do 
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). 
 
 
 
Figura 2.7 - Retrato de Elisa Frota Pessoa. 
http://mulheresnaciencia-mc.blogspot.com/2014/10/sonja-ashauer-primeira-brasileira.html
http://mulheresnaciencia-mc.blogspot.com/2014/10/sonja-ashauer-primeira-brasileira.html
23 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Disponível em: http://mulheresnaciencia-mc.blogspot.com/2014/11/elisa-frota-pessoa.html 
 
 
Em 1945, pela mesma universidade onde Elisa se formou no Rio de Janeiro, Neusa 
Amato (1926-2015) conclui o curso de bacharelado em Física e mais tarde também o de 
licenciatura. Por volta de 1950, o físico César Lattes convida Neusa para se juntar ao CBPF 
como pesquisadora voluntária. Nas horas vagas Neusa trabalhava nas escolas de Ensino 
Médio e era paga como professora, sendo contratada pelo CBPF em 1951 e permanecendo lá 
até sua aposentadoria. Colaborou com Lattes e Elisa em muitos trabalhos e curiosamente, o 
primeiro artigo publicado por pesquisadores do CBPF teve Neusa e Elisa como autoras. 
 
Figura 2.8 - Retrato de Neusa em Turim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Disponível em: http://neusaamato.blogspot.com/p/vida-e-obra-de-neusa-amato.htmlhttp://mulheresnaciencia-mc.blogspot.com/2014/11/elisa-frota-pessoa.html
http://neusaamato.blogspot.com/p/vida-e-obra-de-neusa-amato.html
24 
 
Figura 2.9 - Y. Fujimoto (membro da CBJ), Marta MantovanI, Neusa, Gaetano Amato 
e César Lattes. 
 
 
Fonte: Disponível em: http://cbpfindex.cbpf.br/publication_pdfs/cs00107.2007_12_06_14_33_48.pdf 
 
 
Com a expansão do sistema universitário, nas décadas de 50 e 60, outras mulheres 
também concluem seu doutorado em outras regiões do país. Podemos destacar algumas delas: 
Amélia Império Hamburger, Yvonne Mascarenhas, Victória Hercowitz, Alice Maciel e a 
argentina Suzana de Souza Barros. Todas reconhecidas como pioneiras da Física no nosso 
país. 
Segundo Leta (2003), a expansão da comunidade científica e da ciência faz parte da 
história recente do Brasil. Era muito limitado o número de instituições voltadas para a ciência 
até o século XX, com a edição do Plano Estratégico de Desenvolvimento Nacional no final 
dos anos de 1960 a questão científica e tecnológica surgiu como presença constante no 
planejamento nacional. Foi também nos anos de 1980 e 1990 que as mulheres brasileiras 
aumentaram sua participação na ciência brasileira. 
E dessa forma que a presença feminina foi sendo inserida dentro da Física no Brasil. 
Conhecer um pouco sobre a vida dessas percursoras, nos inspira e nos faz pensar nas 
dificuldades por elas encontradas para fazer ciência num país agrícola e escravocrata, levando 
em conta o pioneirismo e o fato de serem mulheres. 
 
 
http://cbpfindex.cbpf.br/publication_pdfs/cs00107.2007_12_06_14_33_48.pdf
25 
 
2.4 A realidade em dados 
 
Desde que a primeira mulher concluiu o curso de Física no Brasil em 1937, a presença 
feminina na área vem só aumentando, mesmo que muito lentamente. Enquanto que em outras 
áreas de conhecimento a presença feminina vem crescendo tanto que em alguns casos, 
ultrapassa a participação masculina. 
Este não é um problema exclusivo do Brasil, a ausência de mulheres na Física é uma 
preocupação mundial. Segundo Olinto (2011), análises feitas mostram que a participação 
feminina tem crescido em diversos segmentos profissionais, e que atualmente as mulheres 
estão presentes em todos os setores do mercado de trabalho, atingiram cargos de alta 
responsabilidade. Este, no entanto, não é o caso das ciências “duras” (Física, Matemática e 
Engenharia), o número de mulheres que atuam nessa carreira é bem pequeno se comparadas 
aos homens. 
Com o objetivo de se obter dados sobre a participação das mulheres na Física nos 
diferentes níveis de carreira, identificar as principais barreiras que representam empecilhos 
para as mulheres e definir ações que revertam o problema, muito estudo vem sendo feito 
recentemente. 
Em 2002, foi realizado em Paris a primeira conferência de mulheres na Física, IUPAP 
(International Conference on women in Physics), onde se discutiram as barreiras encontradas 
pelas mulheres na carreira de Física. Dados de setenta e cinco países foram recolhidos e os 
resultados são mostrados na Fig. 2.10. Os dados estão agrupados por região: América do 
Norte, América Latina, África, Oceania, Ásia, Europa Oriental, Europa Anglo Saxã, Europa 
Latina e Oriente Médio. 
Segundo os dados mundiais mostrados na Fig. 2.10, o percentual de mulheres diminui 
à medida que elas avançam na carreira. Este fenômeno ficou conhecido como “efeito tesoura” 
(ou “Scissors Diagram” em inglês), como forma de ressaltar que as mulheres são “cortadas” 
para fora da carreira e representa uma perda de mão de obra qualificada. 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Figura 2.10 - Percentual de mulheres nos diversos níveis da carreira nas diversas 
regiões do mundo. 
 (Undergrad=Graduação, Grad=Doutorado e Professional=Docente) Fonte: IUPAP-DATA, 2002. 
 
No Brasil, em 2003 foi criada pela Sociedade Brasileira de Física (SBF) a Comissão 
de Relações de Gênero. Em 2011, ficaram estabelecidas metas como, o levantamento e análise 
de dados relacionados a gênero, utilizando como base estudos feitos pela SBF e órgãos 
financiadores de pesquisa e pós-graduação, como CNPq, Capes e outras fundações de amparo 
a pesquisa. 
Verificando como os percentuais de bolsistas produtividade em pesquisa de ambos os 
sexos evoluíram nos anos entre 2001 e 2012, a comissão criada pela SBF, analisou o 
comportamento das bolsas ao longo do tempo como mostra os resultados apresentados nas 
Figs. 2.11 e 2.12. Podemos perceber que o percentual de bolsistas do sexo feminino está em 
torno de 11% há mais de uma década. Sinais de ausência de crescimento da presença feminina 
nas bolsas de produtividade e pesquisa já haviam sido sugeridas anteriormente (COTTA, 
CALDAS, BARBOSA, 2009). Parece existir um equilíbrio estável do fluxo de mulheres, mas 
isso não é real como visto na Fig. 2.12, pois o percentual de mulheres diminui à medida que 
avançam na carreira (BARBOSA, CALDAS, 2002). 
Muitos são os fatores que devem ser levados em conta para explicar a razão pela qual 
as mulheres evadem ao longo da carreira de Física. Com certeza, um dos principais é a 
maternidade. Para contornar este problema, recentemente, a Capes e o CNPq determinaram a 
criação da licença a maternidade para bolsistas de pós graduação e ampliaram também para as 
bolsistas de produtividade e pesquisa. 
 
 
 
27 
 
Figura 2.11 - Percentual de pesquisadores dos sexos feminino (rosa) e masculino 
(azul) bolsistas de 2001 a 2012. 
 
Fonte: CNPq. 
 
Figura 2.12 - Percentual de pesquisadores dos sexos feminino (rosa) e masculino 
(azul) (b) bolsistas de PIBIC, IC, Mestrado, Doutorado e PQ em 2012. 
 
 
Fonte: CNPq. 
 
Mesmo a presença feminina sendo ainda pequena é importante destacar que quando 
realizado estudo quantitativo comparando publicações e orientações em diversos níveis de 
pesquisadores de ambos os sexos, se observou que se equiparavam (DUARTE, BARBOSA, 
ARENZON, 2015; ARENZON, DUARTE, CAVALCANTI, BARBOSA, 2013). 
Diante dos resultados encontrados nestas pesquisas, percebemos que a presença 
28 
 
feminina é pequena em comparação a masculina, e que a medida em que analisamos níveis 
mais avançados só diminui. Mesmo com o aumento de mulheres nas Universidades e no curso 
de física, as mulheres têm dificuldades de se manter na carreira. 
Acreditamos que para resolver este problema mais estudos e pesquisas devem ser 
realizados. Para que se consiga investigar quais os problemas reais envolvidos nessa diferença 
de gênero dentro da carreira e para que se possa pensar em políticas específicas voltadas para 
o problema. Outras políticas além da licença a maternidade devem ser criadas, e para isso 
precisamos identificar quais são as barreiras encontradas. Novas estratégias devem ser criadas 
para que um número maior de mulheres possam alcançar o topo da carreira assim como os 
homens e dessa forma cada vez mais pensar em políticas que favoreçam essa presença, que 
atualmente é pensada por maioria de homens. E dessa forma contribuir para participação 
qualificada e maior de mulheres na Física brasileira. 
 
2.5 Principais barreiras e dificuldades para permanência feminina no Curso de Física 
 
Ainda existem muitos pontos a serem explorados nos estudos sobre gênero e Física, e 
muitas pesquisas vêm sendo realizadas nessa área atualmente. Investigar quais os fatores que 
motivam as meninas a optarem por carreiras científicas, como motivá-las, quais as 
dificuldades encontradas, quais as percepções das mulheres na carreira de Física quanto as 
questões de gênero no ambiente acadêmico, são importantes para aumentar o debate destas 
questões. E auxiliam na criação de políticas educacionais que enfatizem o acesso e a 
permanência das mulheres nas ciências. 
 Para Allegro e Garg (2009), entre os diversos campos profissionais, a carência de 
mulheres parece ser mais visível nas Ciências Naturais e Exatas, em especial na Física. As 
autoras afirmam que é necessária uma mudançana percepção das meninas sobre os cientistas 
e sobre as mulheres na ciência. Este processo deve ser iniciado com a escolarização e 
socializado desde muito cedo. Podemos destacar, portanto, segundo as autoras, os principais 
fatores que favorecem o ingresso de mulheres no meio científico: 
• Papel do professor na Educação Básica; 
• Experiência escolar ; 
• Incentivo da prática científica. 
 Além de buscar entender como contribuir para que mais meninas optem pela carreira 
científica e necessário também refletir sobre a permanência delas. Para Londero, Sorpreso e 
29 
 
Santos (2014), a permanência das mulheres no curso de licenciatura em Física é limitada, os 
autores apontam um alto índice de desistência de mulheres nos cursos de graduação em Física 
e procuram compreender os fatores que levaram as estudantes de um determinado curso de 
licenciatura em Física a desistirem ou permanecerem nele. 
 Entre os fatores encontrados por eles, destacamos os que contribuem para desistência: 
• Falta de afinidade com a matemática; 
• Disponibilidade de tempo/dedicação; 
• A troca de curso era o principal objetivo; 
• Questões familiares. 
 A falta de aptidão com o cálculo é um dos fatores de maior destaque além das questões 
familiares, o que sugere que para as estudantes esta afinidade seja um fator primordial para a 
permanência no curso. Fazendo supor que um ensino de Física matematizado seja responsável 
por essa visão. A pesquisa também revelou que a disponibilidade de tempo é um outro fator 
necessário para permanência no curso, sendo assim, as mulheres que trabalham ou precisam 
se dedicar a família e filhos não dispõem do tempo necessário que o curso exige. Os autores 
também evidenciam o fato de que algumas vezes a Física não é o curso desejado, sendo a 
aprovação posterior em outros cursos o fator responsável pela desistência. 
 Os autores também apontam fatores que podem ser responsáveis pela permanência no 
curso: 
• Inserção em atividades acadêmicas; 
• Aptidão pessoal e ensino público. 
 De acordo com a pesquisa, programas institucionais como o PIBID (Programa 
Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência) e Iniciação Científica, permitem um maior 
engajamento das estudantes no curso de Física, sendo assim, servem como políticas de 
incentivo para o aumento de estudantes nas áreas científicas. Além disso, a aptidão pessoal e o 
ensino público gratuito também contribuem. 
 Segundo Pinto e Amorim (2015), em trabalho que analisa as experiências acadêmicas 
de cinco jovens mulheres estudantes do curso de Física da Instituição Federal de Educação 
Superior (IFES), apontam as principais dificuldades de cunho sexista: 
• Não sentir se a vontade no curso 
• Sem receptividade, socialização, ambiente frio e hostil; 
 Para as autoras, o preconceito e a discriminação de gênero, reproduzidos de diversas 
formas, podem se constituir em obstáculos para o sucesso das mulheres na Física. Todas as 
30 
 
entrevistadas possuíam boas expectativas em relação ao curso, porém suas experiências 
revelaram cenários difíceis. Uma das principais dificuldades citadas por elas foi a de não se 
sentirem a vontade em meio a tantos homens, que não interagem e nem cultivam um ambiente 
acolhedor. 
 O estudo realizado por Londero et al. (2014), também ressalta que, segundo sua 
pesquisa, não poderia afirmar que questões de gênero foram responsáveis pela desistência de 
estudantes do curso de licenciatura investigado por eles. Mas que, por outro lado, aspectos 
sobre estas questões poderiam ser identificadas nos discursos das estudantes. Mostrando que a 
presença das mulheres nos cursos superiores também depende das condições sociais a que 
elas são submetidas e a imagem social do papel da mulher. 
A falta de motivação das mulheres para o ingresso na Física, e ciências exatas em 
geral, inicia-se em casa. Com o incentivo de brincadeiras “femininas” (como por exemplo, 
brincadeiras que incentivem a posição da mulher como mãe, quem cuida da casa, filhos e 
marido), deixando bem claro o que é para mulheres e o que não é. Essa descriminação perdura 
durante a educação básica, onde destaca-se cientistas homens, deixando esquecidas as 
mulheres que fizeram grandes descobertas pela ciência. Esquecem, por exemplo, de citar que 
a primeira e única cientista a ganhar o Prêmio Nobel duas vezes em duas áreas da ciência 
(Física e Química), foi uma mulher (Marie Curie). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
3 METODOLOGIA DA PESQUISA 
 
Este trabalho apresenta uma pesquisa exploratória sobre a participação feminina nas 
carreiras científicas como é o caso da área da Física, “Define-se pesquisa exploratória, na 
qualidade de parte integrante da pesquisa principal, como o estudo preliminar realizado com a 
finalidade de melhor adequar o instrumento de medida à realidade que se pretende conhecer.” 
(PIOVESAN e TEMPORINI, 1995, p.15). Com a intenção de proporcionar maior 
familiaridade com o tema, buscando torná-lo mais explícito e claro. 
Também se caracteriza como descritiva devido ao fato de que, estamos procurando 
descrever características de um determinado grupo, nesse caso gênero, proporcionando novas 
visões sobre uma realidade já conhecida, “A pesquisa descritiva expõe as características de 
determinada população ou de determinado fenômeno, mas não tem o compromisso de 
explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação.” (VIEIRA, 
2002, p. 65). Quanto a abordagem, optamos por uma pesquisa quantitativa, onde estamos 
interessados em quantificar os dados coletados e a análise deles, através tratamento 
estatístico. 
A pesquisa quantitativa pelo uso da quantificação, tanto na coleta quanto no 
tratamento das informações, utilizando-se técnicas estatísticas, objetivando 
resultados que evitem possíveis distorções de análise e interpretação, possibilitando 
uma maior margem de segurança. (DALFOVO, LANA, SILVEIRA, 2008, p. 10). 
O primeiro passo do trabalho foi realizar um levantamento bibliográfico a cerca das 
questões de gênero e ciências, sendo essa uma etapa fundamental e que nos forneceu o 
embasamento do trabalho. Durante este processo, percebemos a necessidade de falar sobre a 
história das mulheres que fizeram parte da história da ciência e por muito tempo ficaram 
excluídas ou apagadas. Percebemos também que mesmo o estudo sobre mulheres na ciência 
estar ganhando mais atenção atualmente, ainda são poucas as referências encontradas. Ainda 
dentro do levantamento bibliográfico, buscamos encontrar dados sobre a presença das 
mulheres na carreira de Física. Os dados encontrados nas referências, são fornecidos em sua 
maioria pelo CNPq, Capes e SBF. 
O segundo passo foi realizar a pesquisa quantitativa, através de dados coletados junto 
a secretaria acadêmica da Universidade Federal do Tocantins, para assim obter uma visão real 
da participação das mulheres no curso objeto de nossa investigação. Os dados fornecidos pela 
secretaria continham informações sobre os acadêmicos do curso de licenciatura em Física, 
32 
 
desde 2009, até março de 2018. Foram fornecidos através de tabelas no Excel e apresentavam 
informações do tipo, alunos que ingressaram por ano, idade, gênero, alunos que se formaram, 
e alunos que evadiram. 
O curso de Licenciatura em Física do Campus Universitário de Araguaína, da 
Universidade Federal do Tocantins (UFT), foi implantado em 2009, juntamente com os cursos 
de Licenciatura em Química e Licenciatura em Biologia (licenciaturas em Ciências Naturais), 
através do suporte financeiro do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão 
das Universidades Federais (REUNI). Onde os cursos têm núcleo curricular comum durante 
três semestres. A partir do quarto período, as grades curriculares dos cursos são distintas. É 
importante destacar também, que o corpo docente do curso, conta com quatorze professores 
efetivos, sendo sete do sexo feminino e setedo sexo masculino. 
Por ano o curso oferece 60 vagas, 30 para o matutino e 30 para o noturno, com uma 
entrada por ano para cada turno. A primeira turma a ingressar no curso foi no segundo 
semestre de 2009. Até a presente dada, já foram dezoito turmas ingressantes. 
A análise dos dados obtidos e a comparação com os dados encontrados nas principais 
referências são apresentados no capítulo seguinte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
Segundo os dados obtidos pela Secretária acadêmica do Campus Araguaína, 457 
pessoas ingressaram no curso de Física até março de 2018. Desse total, 31,73% são do gênero 
feminino e 68,27% do gênero masculino. O que deixa claro o fato de que o número de 
mulheres que optam pelo curso ainda ser pequena em relação ao número de homens. 
Apresentaremos abaixo, os resultados obtidos através da análise dos dados fornecidos pela 
Secretaria Acadêmica. 
Figura 4.1 - Acadêmicos matriculados em 2018/1 no Curso de Licenciatura em Física 
na UFT. 
 
 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
Dos alunos matriculados em 2018/1, temos um total de 124 alunos distribuídos nos 
diferentes períodos do curso, onde 63,7% são do gênero masculino (vide Fig. 4.1), e pouco 
mais de um terço dos acadêmicos são do gênero feminino. Podendo ser observado que o 
resultado obtido aqui não é diferente das bibliografias pesquisadas, onde consta que o curso 
de Física é dominado pela figura masculina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
63,71%
36,29%
Homens.
Mulheres.
34 
 
Figura 4.2 - Acadêmicos ingressantes no Curso de Licenciatura em Física da UFT. 
 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
Na Fig. 4.2 mostramos os dados gerais dos acadêmicos ingressantes no curso de 
Licenciatura em Física da UFT, entre o ano de 2009 a março de 2018. Calculamos a 
porcentagem de mulheres e homens que ingressaram no curso por ano, com objetivo de 
mostrar tal diferença. 
Se observarmos a evolução dos dados com o tempo, podemos observar que em quase 
uma década a presença feminina no curso não cresceu muito, se compararmos com o aumento 
das mulheres em outras áreas de conhecimento, como humanas. 
De acordo com a Fig. 4.2, podemos perceber que até o ano de 2012 a quantidade de 
mulheres ingressantes aumenta, chegando a 40% do total, sendo o ano com maior ingresso de 
mulheres da história do curso. Nos anos seguintes, o ingresso delas passa a apresentar uma 
certa oscilação nos valores, tendo uma queda nos anos de 2016 e 2017. Mesmo assim, esse 
número é alto em comparação com as médias de outras instituições, cerca de 23,5% para os 
cursos de licenciatura em Física. A média de mulheres ingressantes no curso de Física da UFT 
é de 31,37%. Portanto, em quase dez anos do curso sendo analisados, os homens estão sempre 
em número significativamente maior, sendo mais da metade dos ingressantes. 
 
 
76,67%
76,67%
75,86%
60%
63,46%
65,71%
62,50%
72,73%
71,43%
62,07%
23,33%
23,33%
24,14%
40%
36,54%
34,71%
37,50%
27,27%
28,57%
37,93%
2009.
2010.
2011.
2012.
2013.
2014.
2015.
2016.
2017.
2018.
Mulheres.
Homens.
35 
 
Figura 4.3 - Acadêmicos formados no curso de Licenciatura em Física desde 2009 a 
março de 2018 pela UFT. 
 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
 
Na Fig. 4.3 mostramos os dados gerais dos acadêmicos que se formaram no curso de 
Licenciatura em Física da UFT, entre o ano de 2009 a março de 2018. Calculamos a 
porcentagem de mulheres e homens que concluíram o curso por ano. Os dados obtidos sobre 
os formandos têm início a partir de 2013, quando as primeiras turmas completaram os quatro 
anos necessários para a conclusão do curso. Vemos que o número de homens formados é 
maior que o número de mulheres. Entretanto, se levarmos em conta que o número de homens 
que entram também é bem maior, o cenário muda bastante. Como veremos mais adiante. 
Nos resultados a seguir consideramos como forma de evasão, a mobilidade acadêmica, 
desistências, transferência interna, os alunos desvinculados e os declinantes. Para facilitar a 
compreensão dos nossos resultados e esclarecer qualquer confusão que possa ocorrer, 
especificamos abaixo algumas modalidades de evasão consideradas. 
Segundo o Guia do aluno da Universidade Federal do Tocantins Campus Cimba: 
Foram classificados como desvinculados os alunos que tiveram sua matrícula 
cancelada pela Secretaria Acadêmica. Pode ocorrer quando: 
• O aluno deixa de renovar sua matrícula por dois semestres, consecutivos ou não; 
• Se reprovado em todas disciplinas e dois semestres, consecutivos ou não; 
• Se reprovado em todas as disciplinas no primeiro período; 
• Extrapolar o período de integralização curricular, ocorrendo jubilamento. 
Desistentes: incluem os alunos que desistiram do curso e cancelaram a matricula. 
Como transferência interna, foram classificados os alunos que pediram mudança de 
curso, campus ou reingresso. 
Segundo a Secretária acadêmica dessa mesma Instituição: 
57,90%
62,80%
68,50%
73,80%
78,70%
42,10%
37,20%
31,50%
26,20%
23,30%
2013.
2014.
2015.
2016.
2017.
Mulheres.
Homens.
36 
 
Mobilidade Acadêmica: é o mesmo que Reopção de cursos. 
• Reopção de curso é o processo pelo qual o estudante que estiver matriculado no 
CICLO DE FORMAÇÃO GERAL dos cursos interdisciplinares do Reuni poderá optar 
por outra formação dentro da mesma área de conhecimento. 
Declinantes: incluem os alunos que foram aprovados no processo seletivo, realizaram 
a matricula, mas desistiram antes do início do primeiro período. 
Os dados foram organizados por ano, separados por gênero. Sendo que, de acordo com 
os dados fornecidos pela Secretaria Acadêmica, a evasão do curso tem início no ano de 2011. 
Figura 4.4 - Evasão no Curso de Licenciatura em Física da UFT de 2009/2 a março de 
2018. 
 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
 
A Fig. 4.4 ilustra os dados dos acadêmicos que evadiram durante o curso de 2009 a 
março de 2018. Como podemos ver em nossos resultados, o curso apresenta um alto número 
de evasão. 
Figura 4.5 - Atual situação acadêmica de mulheres ingressantes no Curso. 
 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
57,24%
69,05%
58,62%
68,97%
69,84%
70,97%
80,85%
42,85%
30,95%
41,38%
31,03%
30,16%
29,03%
19,15%
2011.
2012.
2013.
2014.
2015.
2016.
2017.
Mulheres.
Homens.
14,58%
31,25%54,17%
Formadas.
Cursando.
Outros
37 
 
Figura 4.6 - Atual situação acadêmica dos homens ingressantes no Curso. 
 
 
 
 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
 
As Figs. 4.5 e 4.6 foram construídas com base no total de mulheres e homens que 
passaram pelo curso de licenciatura em Física da UFT ao longo dos anos, até o presente 
momento. A Fig. 4.5 ilustra os resultados obtidos quando analisamos a partir do total de 
mulheres que passaram pelo curso, qual o percentual delas que se formaram, qual o percentual 
que ainda se encontra em formação, ou seja, cursando e qual o percentual que se encontra em 
outra situação (“outros” na legenda da figura, abrange os casos de desistência, mobilidade e 
transferência interna). A mesma análise foi feita para o total de homens que passaram pelo 
curso, e os resultados são mostrados na Fig. 4.6. 
De acordo com estes dois gráficos podemos perceber que as mulheres apesar de 
ingressarem em número menor que o número de homens, possuem uma tendência maior de 
permanecer no curso. 
A evasão no curso de licenciatura em Física da UFT é um problema grave, que precisa 
ser estudado. Este problema parte de ambos os gêneros, mas os homens não só ingressam 
mais, como também desistem mais do curso que as mulheres. Podemos perceber que dentre 
as mulheres que entram no curso e de homens, a porcentagem das mulheres que conseguem se 
formar é ligeiramente maior que os dos homens que concluem o curso. Para entendermos a 
altaevasão e o motivo pelo qual os homens desistem mais que as mulheres, seria necessário 
um estudo mais aprofundado sobre o caso, levando em consideração questões sociais e 
espaciais, mas este não é o objetivo do nosso trabalho. 
 
11,89%
30,55%
57,56%
Formados.
Cursando.
Outros.
38 
 
4.1 Análise dos dados para cada ano 
 
Nesta seção apresentamos uma análise mais detalhada dos resultados obtidos. 
Separamos a análise por ano, onde acompanhamos os alunos (mulheres e homens) 
ingressantes de cada ano e suas trajetórias ao longo do curso. 
A primeira turma do Curso de licenciatura da UFT, teve seu ingresso no ano de 2009, 
no segundo semestre. A Turma era de 30 alunos onde apenas 7 eram mulheres. Segundo os 
dados obtidos, apenas 2 mulheres conseguiram se formar e 3 foram desvinculadas. Se 
compararmos com os homens ingressantes deste mesmo ano veremos que a quantidade de 
homens que conseguiram se formar é pequena em comparação aos que foram desvinculados 
(Vide Quadro 1). No caso da turma de 2009, podemos perceber que em relação ao número de 
mulheres que entraram, a porcentagem das que concluíram o curso é maior que a dos homens, 
característica está que já foi apresentada anteriormente. 
 
Quadro 1 - Dados acadêmicos dos ingressantes no ano de 2009. 
2009 Ingressantes Formadas Desvinculados Desistentes Mobilidade 
acadêmica 
Mulheres 7 2 3 - 2 
Homens 23 4 14 2 2 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
 
No ano de 2010, tivemos duas entradas durante o ano, totalizando 60 alunos. Destes, 
19 eram mulheres e 41 homens (Vide Quadro 2). Vemos que em relação ao número de 
mulheres que ingressam, elas se formam mais que os homens. De 19 mulheres ingressantes, 
42,10% concluíram o curso, ou seja, um pouco menos da metade. Enquanto que para os 
homens, de 41 ingressantes 26,83% se formaram. 
 
Quadro 2 - Dados acadêmicos dos ingressantes no ano de 2010. 
2010 Ingressantes Formadas Desvinculados Desistentes Mobilidade 
acadêmica 
Mulheres 19 8 5 1 5 
Homens 41 11 21 4 5 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
Dos alunos ingressantes em 2011, 14 eram mulheres e 44 eram homens (Vide Quadro 
39 
 
3). Deste total de homens, um pouco mais da metade foram desvinculados do curso, dois 
desistiram e 4 ainda estão cursando. Vemos aqui, um alto número de homens que evadiram. 
No caso das mulheres, quase metade delas foram desvinculadas ou desistiram e apenas 4 delas 
conseguiram se formar. 
 
Quadro 3 - Dados acadêmicos dos ingressantes no ano de 2011. 
2011 Ingressantes Formadas Desvinculados Desistentes Mobilidade 
acadêmica 
Mulheres 14 4 4 2 4 
Homens 44 7 23 7 3 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
O ano de 2012 é o que a presença feminina atingiu maior número de toda este período 
que foi avaliado, foram 20 mulheres e 30 homens (Vide Quadro 4). Infelizmente, o número de 
mulheres que desistiram ou foram desvinculadas chega a metade e o número das que 
conseguiram se formar, é pequeno. 
Para os ingressantes de 2012, a porcentagem de homens que conseguem se formar em 
relação ao número de homens que entraram no curso, é maior do que para o caso das 
mulheres. 
 
Quadro 4 - Dados acadêmicos dos ingressantes no ano de 2012. 
2012 Ingressantes Formadas Desvinculados Desistentes Declinantes Mobilidade 
acadêmica 
Mulheres 20 3 9 2 2 4 
Homens 30 9 17 1 1 2 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
Para o ano de 2013, verificamos um cenário bastante semelhante ao dos ingressantes 
de 2012, sendo que neste caso o número de mulheres que conseguem se formar em relação a 
quantidade de mulheres que ingressam no curso, volta a ser superior que a porcentagem de 
homens que se formaram em relação aos que ingressaram. Portanto, mais uma vez a tendência 
que vêm sendo notada no decorrer da pesquisa, de que mulheres resistem mais que homens, se 
faz presente. Das turmas de 2013, 2 mulheres e 2 homens estão no curso atualmente. 
 
 
40 
 
Quadro 5 - Dados acadêmicos dos ingressantes no ano de 2013. 
2013 Ingressantes Formadas Desvinculados Desistentes Declinantes Mobilidade 
acadêmica 
Mulheres 19 4 7 1 - 5 
Homens 33 5 18 4 3 1 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
Em 2014 o curso não conseguiu completar o quadro de vagas, tendo como total de 
ingressantes apenas 35 alunos. Até o presente momento apenas um homem concluiu o curso, 
14 deles ainda estão cursando e 4 mulheres continuam no curso, mas nenhuma se formou. 
Metade delas foram desvinculadas ou desistiram e duas saíram para mobilidade acadêmica 
(Vide Quadro 6). 
 
 Quadro 6 - Dados acadêmicos dos ingressantes no ano de 2014. 
2014 Ingressantes Formadas Desvinculados Desistentes Mobilidade 
acadêmica 
Mulheres 12 - 4 2 2 
Homens 23 1 6 2 - 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
 
Para os anos seguintes, 2015, 2016, 2017 e 2018, ainda é difícil concluir qualquer 
coisa quanto a evasão e formação das mulheres. O que podemos destacar é que até o momento 
em que realizamos este levantamento, o número de desvinculados e desistentes já é grande 
para ambos os gêneros. Quanto aos ingressantes, o curso continua não conseguindo preencher 
todas as 60 vagas oferecidas durante o ano e o número de mulheres continua praticamente o 
mesmo, uma média de cerca de 13 mulheres por ano (Vide Quadros 7, 8, 9 e 10). 
 
Quadro 7 - Dados acadêmicos dos ingressantes no ano de 2015. 
2015 Ingressantes Formadas Desvinculados Desistentes Transferência 
interna 
Mobilidade 
acadêmica 
Mulheres 12 - 4 - - 2 
Homens 20 - 7 4 1 1 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
41 
 
Quadro 8 - Dados acadêmicos dos ingressantes no ano de2016. 
2016 Ingressantes Formadas Desvinculados Desistentes Declinantes Mobilidade 
acadêmica 
Mulheres 15 - 5 1 - 1 
Homens 40 - 11 5 1 6 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
Quadro 9 - Dados acadêmicos dos ingressantes no ano de2017. 
2017 Ingressantes Formadas Desvinculados Desistentes Declinantes Mobilidade 
acadêmica 
Mulheres 16 - - 1 - - 
Homens 40 - - 5 5 - 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
Tabela 10 - Dados acadêmicos dos ingressantes no ano de 2018/1. 
2018 Ingressantes Formadas Desvinculados Desistentes Declinantes Mobilidade 
acadêmica 
Mulheres 11 - - - 1 - 
Homens 18 - - - 1 - 
Fonte: Elaborado pela acadêmica e sua orientadora. 
 
Portanto, percebe-se através dos dados obtidos que o ingresso e permanência das 
mulheres no curso de Física continuam pequeno, não mudou muito desde sua criação no ano 
de 2009. É preciso mudar o panorama atual se quisermos que haja um aumento das mulheres 
cientistas na sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Mesmo tendo crescido a participação feminina em diversas áreas do conhecimento, 
tendo muitas vezes ultrapassado a presença masculina, o mesmo não aconteceu com a Física. 
O número de mulheres é bem inferior se comparado dos homens, mostrando que as mulheres 
continuam segregadas em áreas de conhecimento e cursos que são considerados mais 
feminizados. 
Vimos que é necessária uma mudança na percepção das meninas sobre os cientistas e 
cientistas mulheres, um maior incentivo por parte dos professores da Educação Básica , um 
maior contato com a experimentação e com a ciência, para que mais meninas se sintam 
motivadas a optar pelas carreiras científicas. Além disso, para que haja uma demanda de 
mulheres em cursos de predominância masculina é preciso mudanças atitudinais também nas 
universidades, desenvolvendo políticas específicas de combate a preconceitos e 
discriminação. 
Além do problema de ingresso no curso, temos também o de permanência. Segundo os 
dados apresentados pelas agências de fomento do pais, a porcentagem de mulheres diminui 
cada etapa da carreira acadêmica e em cada nível de promoção no exercício da profissão, 
como oefeito tesoura. 
Dentre os fatores encontrados nas referenciais, que mais favorecem a desistência das 
mulheres ao longo do curso estão: a falta de tempo para dedicar-se ao curso ( além do fato do 
curso exigir bastante tempo de dedicação, as mulheres na maioria das vezes possuem dupla e 
até tripla jornada de trabalho), a falta de afinidade com a matemática e a maternidade. 
Portanto, conciliar carreira e família representa o maior obstáculo. 
Diante de todas essas discussões e debates recentes, nosso trabalho buscou estudar a 
realidade das mulheres no curso de Licenciatura em Física da UFT. Através da pesquisa 
quantitativa realizada, podemos ver que a presença feminina em nosso curso vem 
aumentando. Nos dados dos anos de 2012 e 2017, vimos que a porcentagem de mulheres 
chegou próximo aos 40% dos ingressantes no curso, é um número muito bom e isso nos faz 
acreditar na possibilidade de alcançarmos quem sabe, os 50%. 
Através da análise dos dados obtidos percebemos também que as mulheres em geral, 
tendem a permanecer no curso muito mais que os homens, e se compararmos a quantidade de 
mulheres que ingressam com as que conseguem concluir o curso, percebemos que elas se 
formam mais que os homens também. O que torna curioso o curso de Física em nossa 
instituição, as mulheres ingressantes no curso tendem a se formar 1,77% a mais que os 
43 
 
homens, marcando assim um grande número de evasão masculina e uma persistência maior 
por parte do gênero feminino. Essa realidade parece ser bem característica do nosso curso, e 
seria necessário um estudo mais detalhado e qualitativo, levando em conta questões sociais, 
culturais e espaciais, que não foram levadas em conta neste trabalho. 
Quando analisamos o caso das turmas que ingressaram no ano de 2012, já que este foi 
o ano com maior ingresso de mulheres, percebemos que houve muita desistência por parte das 
meninas. Ou seja, elas ingressaram em um número maior mas desistiram ao longo do curso. 
Seria importante como passo seguinte desta pesquisa, uma análise qualitativa, buscando 
compreender os motivos que as levam a desistirem do curso. Este resultado obtido, coincide 
com aqueles encontrados nas principais bibliografias, e é uma evidência do efeito tesoura, 
mais uma vez cortando as mulheres da carreira acadêmica. Outra análise necessária que 
podemos realizar mais tarde, é observar quantas destas mulheres que permanecem no curso 
participam dos programas como PIBID e iniciação científica, e verificar se o envolvimento 
nestes programas é realmente um dos fatores que favorecem a permanência delas na Física. 
Identificar essa participação e esse crescimento é só um primeiro passo no longo 
trabalho que encontraremos pela frente. Identificar que as mulheres estão cada vez mais 
presentes na Física e entender a necessidade de fortalecermos sua presença, só faz com que os 
debates e estudos continuem sendo feitos e consequentemente mais políticas serão pensadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
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