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Introdução à Administração em Bibliotecas Antônio de Souza Silva Júnior Curso Técnico em Biblioteconomia Educação a Distância 2016 EXPEDIENTE Professor Autor Antonio de Souza Silva Jr Design Instrucional Deyvid Souza Nascimento Maria de Fátima Duarte Angeiras Renata Marques de Otero Terezinha Mônica Sinício Beltrão Revisão de Língua Portuguesa Letícia Garcia Diagramação Izabela Cavalcanti Coordenação Hugo Carlos Cavalcanti Coordenação Executiva George Bento Catunda Coordenação Geral Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação (Rede e-Tec Brasil). Dezembro, 2016 S586i Silva Júnior, Antônio de Souza. Introdução à Administração em Bibliotecas: Curso Técnico em Biblioteconomia: Educação a distância / Mariana Melo. – Recife: Secretaria Executiva de Educação Profissional de Pernambuco, 2016. 59 p.: il. Inclui referências bibliográficas. 1. Educação a distância. 2. Biblioteca - Administração. 3. Biblioteca - Planejamento. I. Silva Júnior, Antônio de Souza. II. Título. III. Secretaria Executiva de Educação Profissional de Pernambuco. IV. Rede e-Tec Brasil. CDU – 025 Catalogação na fonte Bibliotecário Hugo Carlos Cavalcanti, CRB4-2129 Sumário Introdução ........................................................................................................................................ 4 1.Competência 01 | Compreender os fundamentos das Teorias Clássicas de Administração ............. 5 2.Competência 02 | Compreender os fundamentos das Teorias Contemporâneas da Administração ........................................................................................................................................................ 21 3.Competência 03 | Conhecer o Planejamento Estratégico: Missão, Objetivo e Valores nas Organizações ................................................................................................................................... 35 4.Competência 4 | Compreender as Teorias Comportamentais na Organização .............................. 47 Conclusão ........................................................................................................................................ 57 Referências ..................................................................................................................................... 58 Minicurrículo do Professor .............................................................................................................. 59 4 Introdução A partir de agora iniciaremos nosso estudo sobre a disciplina de Introdução à Administração em Bibliotecas. Alguns de vocês podem até estar se perguntando: por que estudar administração se o curso é Técnico em Biblioteconomia? Em que este assunto me será válido? Pois bem, o estudo desta disciplina tem o caráter importante. As bibliotecas são organizações e como tais devem ser geridas. Neste sentido, as teorias e práticas administrativas se encaixam neste ambiente organizacional. Para discutir sobre este assunto, na primeira competência abordaremos sobre os Fundamentos das Teorias Clássicas de Administração, a fim de saber as primeiras ideias e como elas foram implementadas nas organizações. Na segunda competência, estudaremos os fundamentos das Teorias Contemporâneas de Administração e debateremos como as teorias e práticas administrativas evoluíram para o que conhecemos hoje. Na terceira competência, veremos o planejamento estratégico, como ferramenta de gestão administrativa através da missão, objetivo e valores nas organizações. Por fim, compreenderemos as teorias comportamentais na organização e o papel do técnico em biblioteca para este contexto. Convido todos para este estudo! 5 1.Competência 01 | Compreender os fundamentos das Teorias Clássicas de Administração Você já assistiu ao filme “Tempos Modernos” de Charlie Chaplin, lançado em 1936? Figura 1 - Cartaz do Filme “Tempos Modernos” Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Tempos_Modernos Descrição: Cartaz do filme “Tempos Modernos” com o desenho do ator Charlie Chaplin em pé manuseando duas chaves de energia Se ainda não o assistiu, assista! www.youtube.com/watch?v=0gY0JR6s38g Este filme ajuda a ilustrar muito do que vamos discutir nesta competência. Chaplin, na sua genialidade, retrata a industrialização americana vivida naquele momento. A luta das grandes corporações em aplicar os preceitos da administração clássica para aumentar sua produção e, consequentemente, suas vendas. Mas, como isto tudo aconteceu? Devido à intensificação do comércio, a partir do século XVII, os indivíduos passaram a abandonar o Competência 01 https://pt.wikipedia.org/wiki/Tempos_Modernos 6 trabalho nos campos agrícolas, especialmente quem tinha uma habilidade de produção, como os mestres-artesãos, padeiros, ourives, carpinteiros, tecelões, entre outros. Esses profissionais abriram pequenos negócios. As oficinas de trabalho eram montadas na própria moradia. Estes pequenos produtores eram donos da matéria-prima e das ferramentas utilizadas no trabalho. Figura 2 - Oficina de mestre artesão Fonte: http://cienciasnaturaisdinamica.blogspot.com.br/ Descrição: em uma sala, com muitos materiais de sapataria, em volta da mesa há dois homens sentados em duas cadeiras trabalhando manualmente, enquanto ao lado deles um garoto, em pé, engraxa uma bota preta. Pouco a pouco, para ajudar na produção, ajudantes e aprendizes começaram a ser contratados. Nestas oficinas, cada trabalhador era responsável por todo o processo produtivo. A produção era artesanal. Do início ao fim da produção de um produto, poucas pessoas participavam. As relações entre patrão e empregado eram informais, a ponto do mestre ajudar na formação do seu aprendiz para que este, no futuro, também abrisse seu negócio. Com o passar do tempo, a economia de mercado, através do comércio, foi se consolidando e o preço dos produtos migrou do preço “justo” para o preço de mercado. O comércio passou a visar o lucro. Competência 01 7 VOCÊ SABIA? O conceito de preço “justo” é retratado nesta época quando os comerciantes guiavam seus negócios guiados por fortes valores cristãos. Neste tempo a Igreja Católica condenava os lucros exorbitantes. Assim, as corporações de ofício formavam seus preços de acordo com a soma da matéria-prima e da mão de obra empregada na obtenção da mercadoria. Acesse o link http://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-usura-justo-preco.htm e saiba mais. Mas, com a abertura dos negócios dos antigos aprendizes, aumentou também a concorrência. E, para manter o monopólio, os mestres-artesãos limitaram cada vez mais a passagem de aprendizes ao grau de mestre o que reduziu e muito a abertura de pequenos estabelecimentos autônomos. Isso fez com que houvesse a concentração do mercado em torno de algumas indústrias manufatureiras. Esse contexto permitiu o acontecimento da Revolução industrial e a organização das primeiras fábricas. No período de 1840 a 1873, a Inglaterra surgia como maior potência econômica, em especial na construção frenética de estradas de ferro e exportação de carvão, ferro e aço. Figura 3 - Máquina a vapor Fonte: www.fem.unicamp.br/ Descrição: A figura retrata um desenho de uma máquina a vapor do século 19 VOCÊ SABIA? A Revolução Industrial surgiu na Inglaterra através dodesenvolvimento de máquinas a vapor para aprimorar a produção. Com isso, a produção de mercadorias aumentou, assim como os lucros dos empresários. As fabricas começaram, então, a se espalhar pela Inglaterra, já que o comércio era uma importante base da economia. Logo, a burguesia inglesa começou a aperfeiçoar suas máquinas e a investir nas indústrias. Os camponeses que foram trabalhar nas fábricas formaram uma nova classe social: o proletariado. Saiba mais em www.infoescola.com/historia/revolucao-industrial/ Competência 01 http://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-usura-justo-preco.htm http://www.infoescola.com/sociologia/classes-sociais/ http://www.infoescola.com/sociologia/proletariado/ 8 Porém, na contramão do crescimento das fábricas, para os trabalhadores havia salários irrisórios, turnos de trabalho de até 16 horas, condições precárias e exploração do trabalho infantil. Isso tudo fez eclodir várias revoltas por partes dos trabalhadores. Este contexto se consolidou na Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918). Com a Inglaterra envolvida territorialmente nesta, os Estados Unidos começaram a exportar para os países europeus, o que impulsionou e muito sua economia a ponto deste país se tornar a principal potência econômica mundial. Figura 4 - Homens na trincheira Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/ Descrição: em uma trincheira típica da primeira guerra mundial vários soldados posam para fotos, alguns deles estão feridos. VOCÊ SABIA? A Primeira Guerra Mundial ocorreu entre os anos de 1914 e 1918 e nenhuma das guerras europeias que a precederam havia assumido dimensões tão catastróficas. Esta guerra ficou marcada pela mudança do conceito de guerra, com o uso de novas armas com alto poder destrutivo, como bombas, aviões, tanques e metralhadoras. A guerra de posição, marcada pelo uso das trincheiras, tornou-se um símbolo da Primeira Guerra. Os milhões de mortos ao longo dos cinco anos de guerra expuseram o potencial catastrófico. O ano de 1917 marcou a entrada dos Estados Unidos. Saiba mais em http://brasilescola.uol.com.br/historiag/primeira-guerra.htm Competência 01 http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/ http://brasilescola.uol.com.br/historiag/a-vida-nas-trincheiras.htm 9 Ainda antes do início da Guerra, as fábricas praticavam as relações informais e sistemas de produção em que cada trabalhador era responsável por todo o processo produtivo. Frederick Taylor, um engenheiro americano, acreditava que este tipo de processo impactava negativamente na produtividade das fábricas. Ele, então, escreveu sobre o que ele chamou de “Administração Científica”, que foram as primeiras ideias administrativas então publicadas. O marco foi no início do século XX, através do livro “Princípios de Administração Científica”, em 1911, e a obra “Administração Geral e Industrial”, de 1916, escrita por Henri Fayol. Estes são os pioneiros do que chamamos de racionalização do trabalho. A importância do gestor é bastante destacada nesta teoria, uma vez que ele precisa planejar todo o processo de produção. Figura 5 - Livros clássicos da administração Fonte: https://www.estantevirtual.com.br/fundamentallivros/Frederick-Winslow-Taylor- Pricipios-de-Administracao-Cientifica-328829605 e http://produto.mercadolivre.com.br /MLB-782789595-livro-administraco-industrial-e-geral-henri-fayol-_JM Descrição: Foto da capa dos livros de Taylor, Princípios da Administração Científica, e do de Fayol, Administração Industrial e Geral. A função primordial do gestor é determinar a única maneira certa de executar o trabalho, com eficiência, tanto em relação à estrutura interna quanto em relação aos movimentos realizados pelos funcionários. E qual é a relação entre a Primeira Guerra Mundial e a Economia Mundial? Competência 01 https://www.estantevirtual.com.br/fundamentallivros/Frederick-Winslow-Taylor-Pricipios-de-Administracao-Cientifica-328829605 https://www.estantevirtual.com.br/fundamentallivros/Frederick-Winslow-Taylor-Pricipios-de-Administracao-Cientifica-328829605 10 Pois é, nesta escola o gestor deveria estudar os movimentos necessários à sua execução de modo a simplificá-los e reduzi-los ao mínimo. Então, eram estabelecidos movimentos e tempos-padrão. Aos operários cabia apenas executar o trabalho da mesma forma em que ele foi treinado. Sem discussão. Isto acontecia porque se tinha a crença de que o ser humano é um ser eminentemente racional e que, ao tomar uma decisão, conhece todos os cursos de ação disponíveis, bem como suas consequências. Por essa razão, ele pode escolher sempre a melhor alternativa e maximizar os resultados de sua decisão. Ou seja, se o gestor tinha dentro dele a capacidade de refletir e decidir sobre a melhor maneira de se realizar uma tarefa, o funcionário não precisaria “pensar”, apenas “executar”. Para garantir que o funcionário executasse tal qual determinado, existia a figura do supervisor, que monitorava a produção. Para ser mais eficiente neste monitoramento, ele era responsável por um grupo pequeno de funcionários. O supervisor seguia, detalhadamente, o trabalho dos subordinados em todas as suas fases. A Administração Científica pregava que quanto mais dividido for o trabalho, mais eficiente será a empresa. O trabalho, então, era dividido de forma que cada funcionário executava apenas uma tarefa. E se especializava nesta, como apertador de parafusos, por exemplo. Como o sistema era volante, o funcionário se posicionava no seu lugar e passava todo seu expediente apertando os parafusos dos componentes que via pela esteira, aproveitando o exemplo anterior. Para incentivar o funcionário a produzir cada vez mais utilizava-se o incentivo monetário em que se pagava mais àquele que produzisse mais. O principal aplicador destas técnicas foi Henry Ford através do Fordismo. Sobre o Fordismo você pode saber mais assistindo a este vídeo www.youtube.com/watch?v=al9AZjSbIF8 Competência 01 http://www.youtube.com/watch?v=al9AZjSbIF8 11 Você viu agora há pouco que na Administração Científica o gestor precisava planejar todo o processo produtivo, identificando a única maneira certa de se realizar uma tarefa. Pois bem, baseado nesta perspectiva, a empresa WE realizou alguns estudos na fábrica de equipamentos telefônicos de Hawthorne, a partir de 1923. Esses estudos tinham por objetivo identificar os efeitos da intensidade de luz na produtividade dos funcionários. Se quiser saber mais sobre a experiência de Hawthorne acesse: www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/a-importancia-da-experiencia-de- hawthorne-para-a-administracao/64266/ Acreditava-se que a eficiência seria influenciada por movimentos dispendiosos e ineficientes, fadiga e deficiência do ambiente físico, como no caso da iluminação. Os resultados foram surpreendentes, pois o esperado era que diante da diferença de iluminação houvesse diferença no nível de produtividade. À medida que a iluminação variasse, a produtividade também sofreria variação. Todavia, a variação da produção não acompanhou a variação da iluminação. Os operários passaram a produzir mais, independentemente da variação de iluminação A surpresa foi que como os funcionários eram vistos como parte da máquina, pois não pensavam só executavam, e seus sentimentos também eram ignorados, imaginava-se que a produção cairia. Esse contexto foi o limite que hoje conhecemos entre as teorias Clássicas de Administração e a Escola de Relações Humanas. Neste ponto, o psicólogo industrial Elton Mayo chegou à conclusão de que a produtividade dos trabalhadores era determinada por padrões e comportamentos informais estabelecidos pelo grupo de trabalho. Esses padrões e comportamentos são influenciados por elementos que os funcionáriostrazem em sua cultura e também em hábitos próprios, que refletem características de sua socialização. Foi visto que o indivíduo é condicionado pelo sistema social e pelas demandas de ordem biológica. Assim, todo indivíduo possui necessidades de segurança, afeto, aprovação social, prestígio e autorrealização. A reunião em grupos visa atender necessidades de segurança, aprovação social e afeto. Competência 01 12 A esta reunião chamou-se de grupos informais que eram um conjunto pequeno de indivíduos e que se comunicavam direta e frequentemente. E surgiam quando as interações informais entre determinados indivíduos começam a se intensificar. Com isso, foi possibilitada uma maior participação dos funcionários quanto à decisão que desse origem à tarefa que devesse executar. Havia certa liberdade de opinar sobre o próprio trabalho, contribuindo para o seu aperfeiçoamento. E, ao invés do controle por supervisão, como visto na administração científica, o controle era por resultados obtidos. Caro (a) aluno (a), você pode observar que tanto na Escola Clássica quanto na Escola de Relações Humanas o foco era nos procedimentos de produção e, posteriormente, nas relações informais. Mas, com o tempo, observou-se que essas questões provocavam uma discrepância entre o modelo oficial e as práticas informais, ou seja, não se respeitava a formalidade, mas sim as decisões eram tomadas em função da afetividade entre os indivíduos. Isto gerava problemas dentro das organizações. Nesse sentido, a partir das ideias de Max Weber, a burocracia foi trazida para a vivência organizacional. Mas, calma, não pense que foi o início dos problemas da organização, uma vez que Organização informal: não prevista em regulamentos e organogramas. Tinha caráter espontâneo e extraoficial. E, para motivar os indivíduos, o foco sairia do incentivo financeiro para o incentivo psicossocial. Onde se estimularia o contato dos indivíduos entre os grupos. Competência 01 13 tanto se critica a burocracia, até hoje. Figura 6 - Max Weber Fonte: www.estudoadministracao.com.br/ Descrição: Retrato de Max Weber VOCÊ SABIA? O alemão Max Weber, representado na figura acima, sociólogo, foi um dos mais importantes pensadores da nossa era, elaborou um conceito de burocracia baseado em elementos jurídicos do século 19, para indicar funções da administração pública, que era guiada por normas, atribuições específicas, esferas de competência bem delimitadas e critérios de seleção de funcionários. Para saber mais acesse http://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/burocracia-max- weber-e-o-significado-de-burocracia.htm A Escola Estruturalista teve o foco de melhorar os processos organizacionais internos. Esse movimento partiu do pressuposto de que a organização é composta de diversas partes que devem trabalhar em conjunto para o alcance do resultado da organização. Os principais objetivos com isto eram sobrepor a lógica científica sobre a lógica mágica, mística ou intuitiva, utilizar metodologias racionais visando ao aprimoramento dos processos de produção e profissionalização das relações de trabalho. Competência 01 http://www.estudoadministracao.com.br/ http://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/burocracia-max-weber-e-o-significado-de-burocracia.htm http://educacao.uol.com.br/disciplinas/sociologia/burocracia-max-weber-e-o-significado-de-burocracia.htm 14 Você pode aprofundar seus estudos lendo diretamente a obra de Weber em www.cfa.org.br/servicos/publicacoes/o-que-e-a- burocracia/livro_burocracia_diagramacao_final.pdf Na sua essência a burocracia tenta evitar a arbitrariedade, o confronto entre indivíduos e grupos e os abusos de poder. Seu principal objetivo é o de organizar a atividade humana, de modo justo, para o atingimento das metas organizacionais. Para isso, promovia os seguintes aspectos: Existência de funções definidas e competências rigorosamente determinadas por leis e regulamentos; Os membros da organização têm direitos e deveres delimitados por regras e regulamentos; Existe uma hierarquia definida por regras explícitas e as prerrogativas de cada cargo e função são definidas legalmente O recrutamento é feito por regras previamente estabelecidas, garantindo-se a igualdade na contratação; Remuneração deve ser igual para o exercício da cargos e funções semelhantes; O avanço na carreira deve ser regulado por normas; Há uma separação completa entre a função e as características pessoais do indivíduo que a ocupa. Veja que os aspectos apresentados visam dar justiça e igualdade nas relações entre os indivíduos na organização. Você percebeu que as escolas anteriores não falavam em conflitos. Por quê? Por que para estas o conflito deveria ser negado, já que existia uma única melhor maneira de se realizar uma tarefa e caberia ao gestor a função de planejar esta realização. Ao funcionário caberia apenas a sua E por que a Burocracia? Competência 01 15 execução. Mas, a Escola Estruturalista entende que há diversas maneiras de se realizar uma atividade. Assim, o conflito entre grupos é um processo social fundamental e pode ser usado como elemento propulsor do desenvolvimento, uma vez que na discussão as ideias podem ser melhoradas. Caberia ao gestor administrar estes conflitos de forma que estes se mantenham no âmbito das ideias e não sejam levados para o lado pessoal. E sobre a motivação dos funcionários? Você pode estar se perguntando. A Escola Estruturalista juntou os dois incentivos anteriores, monetários e psicossociais. Pois, entende que o ambiente organizacional, o clima de trabalho, além da questão financeira, são importantes para a motivação humana. Vale lembrar que a Escola Estruturalista trouxe para o conhecimento dos gestores a ideia de que o todo é formado por diversas partes. Estas partes, então, devem estar integradas para o atingimento do objetivo da organização. Incentivos Mistos = Incentivos Monetários + Incentivos Psicossociais Competência 01 16 Figura 7 - O todo organizacional e suas partes Fonte: O autor (2016) Descrição: várias elipses estão em volta da palavra “Organização”, cada uma com a palavra Marketing, Recursos Humanos, Finanças, Pesquisa e Produção. A Biblioteca é uma unidade de informação que precisa ser gerida. Gerir esta unidade é muito mais do que gerenciar seus acervos. É estudar as necessidades dos usuários, os processos de compra e permuta de livro, os processos técnicos, os processos de empréstimo, os processos de gestão de pessoas e muito mais. A gerência não pode se limitar apenas aos acervos e empréstimos. É preciso entender a quem a biblioteca atende, quais os principais serviços oferecidos em função dos seus usuários e criar um ambiente em que estes se sintam acolhidos e nada falte. O papel do técnico em biblioteconomia é fundamental para dar este suporte à gestão, também nas atividades administrativas. Muitas bibliotecas enfrentam problemas neste aspecto. Abaixo é possível ler estas reportagens que representam exemplos do que estamos conversando. Marketing Produção Pesquisa Recursos Humanos Finanças Organização E o que todas estas teorias administrativas têm haver com a Biblioteca? Competência 01 17 Mesmo bem-aparelhada, Biblioteca Nacional é prejudicada pela burocracia Ela já foi um monumento vazio em meio à agitação constante da Esplanada dos Ministérios. Hoje, um ano e quatro meses depois de abrir as portas, a Biblioteca Nacional de Brasília ainda não segue o padrão das demais, com incontáveis estantes forradas de encadernações de todas ascores, tamanhos e texturas. Lá dentro, ainda impera o silêncio sepulcral de jovens estudando, concentrados. É possível ver exposições no hall do segundo andar, participar de cursos no auditório, usar um dos 51 computadores disponíveis, levar as crianças para brincar no espaço infantil ou simplesmente se encantar com os corredores envidraçados, que revelam as formas exuberantes do centro da cidade. Ler e fazer pesquisas, porém, é complicado, a não ser que o leitor tenha levado o próprio material: o acervo ainda não está aberto aos usuários. “Inaugurar sem acervo é muito chato. Os estudantes sentem falta de fazer consultas”, reclama a estudante de jornalismo Nayara Young, 23 anos, que precisa alugar volumes em outros locais e levar até a biblioteca. O que separa os estudantes de suas fontes de pesquisa tem um nome: burocracia. Antes de serem liberadas ao público, as obras precisam ganhar tarjas magnéticas — assim como os tótens de segurança, que avisam caso algum livro seja levado indevidamente. O Ministério da Cultura tem verba de R$ 2,2 milhões para repassar ao espaço e custear a compra desses equipamentos, de estantes e livros. Mas, para a liberação do dinheiro, a Secretaria de Cultura e a Fundação Biblioteca Nacional precisam assinar um convênio, paralisado por pendências judiciais. Não há previsão para a resolução do problema. “Com esse dinheiro, já teríamos disponibilizado e aumentado nosso acervo”, afirma o diretor da instituição, Antônio Miranda. Prioridades Até o momento, cerca de 13 mil volumes foram catalogados e, segundo o poeta e professor que dirige a biblioteca, existem 70 à espera da análise dos funcionários da casa. Miranda diz que o objetivo é aumentar a coleção brasiliana (documentos que tratem de aspectos da cultura brasileira), especialmente a literatura contemporânea, produzida após 1960. Outra prioridade é a coleção brasilianista, de obras que tratam do Brasil, porém produzidas por estrangeiros. Competência 01 18 Também há interesse em projetos acadêmicos defendidos por brasileiros no exterior, além de livros de conterrâneos que tenham sido publicados em outras línguas. “Nossa biblioteca é híbrida, conta com acervo físico e acervo virtual. Queremos colocar nossos leitores em contato com bibliotecas de todo o mundo”, avisa. Mesmo sem estantes repletas, a tranquilidade e o conforto do espaço atraem jovens, a maioria se preparando para provas de concurso. “As cadeiras são muito confortáveis”, elogia Erick Amorim, economista de 25 anos. “O espaço é silencioso, as regras são respeitadas e é possível estudar horas sem se dispersar”, emenda o estudante de geofísica Rômulo Arthou, 26. O ponto fraco foi unanimidade entre os entrevistados: todos acham que a biblioteca deveria funcionar até mais tarde. Servidores alegam que seria necessário criar um terceiro turno para atender frequentadores até mais tarde, mas mesmo diante da dificuldade, essa possibilidade não está descartada. Um outro problema costuma ocorrer horas após o café da manhã ou durante o almoço. Se a fome bater, não adianta procurar: não há lanchonete, cantina ou restaurante para fazer um lanche. Os próprios funcionários admitem que levam comida de casa, caso contrário ficam famintos durante o expediente. “Ou é preciso comprar pipoca do vendedor que fica lá fora”, brinca Erick Amorim. De acordo com a Secretaria de Cultura, o projeto base para o restaurante está sendo alterado, pois o espaço previsto anteriormente era sofisticado e incompatível com a renda de estudantes. A antiga licitação também estipulava que uma única empresa fornecesse alimentação para todos os órgãos de cultura, o que foi considerado pouco democrático. Para resolver os dois impasses, a proposta está sendo revista e o novo processo licitatório tem previsão de começar entre maio e junho. Segurança, outro caso a se cuidar O ambiente é silencioso e avesso a conversas de corredor, e talvez por isso a notícia não se espalhe: muitos dos frequentadores da biblioteca já tiveram pequenas demonstrações de que circular pelo local à noite pode ser perigoso. O estudante de administração Felipe Curado, 28 anos, sentiu na pele o risco que as escuras ruelas dos estacionamentos escondem. Há cerca de um mês, enquanto seguia em direção ao carro, percebeu que um homem bem-vestido se aproximou demais. Foi questão de tempo até que o estranho avançasse sobre ele e os dois começassem a lutar. Competência 01 19 Capoeirista, Felipe conseguiu se defender, até que um segundo homem entrou na briga. A intenção era levar a mochila em que ele carregava o laptop. A confusão só terminou quando um outro frequentador da biblioteca viu a cena e gritou. Os dois assaltantes fugiram correndo por uma avenida próxima. “Soube na faculdade que uma outra menina que frequenta a biblioteca teve o computador roubado”, revela. A advogada Priscila Menezes, 28 anos, costuma sair pouco antes de a biblioteca fechar as portas, às 21h. Ela sempre percebe a presença de pessoas em atitude suspeita ou de usuários de drogas nas redondezas. “Uma vez, estava seguindo para o carro e vi uns 10 adolescentes vindo na minha direção. Tive que sair correndo.” Segundo ela, como o estacionamento está sempre cheio, as vagas próximas ao prédio são escassas e é preciso andar por minutos, em meio à escuridão, para chegar ao carro. Sua colega, a advogada Raquel Camurça, 28 anos, emenda que o medo dos roubos e da violência vem gerando solidariedade entre os frequentadores. www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2010/05/02/interna_cidadesdf,189978/mesmo-bem- aparelhada-biblioteca-nacional-e-prejudicada-pela-burocracia.shtml www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2010/05/02/interna_cidadesdf,189978/mesmo-bem- Troca de lâmpadas em biblioteca de Quiririm esbarra em burocracia Identificado há mais de quatro meses, o problema com as lâmpadas queimadas da sala de estudos e leituras da biblioteca municipal de Quiririm ainda não têm uma data definitiva para ser solucionado. Aproximadamente 11 luminárias com 22 lâmpadas estão queimadas ou com problemas, dificultando a leitura. A situação da biblioteca, localizada dentro do Parque Municipal de Quiririm, ao lado do Correios, é de conhecimento da prefeitura municipal de Taubaté que, através de sua assessoria de comunicação informou que o pedido de reposição das lâmpadas já foi feito e ressaltou que no pedido foi indicado a urgência, entretanto, a assessoria informou que o problema é de cunho burocrático. Segundo a assessoria, a licitação para compras de novas lâmpadas foi feita, mas entraves no edital barram a solução rápida da troca de lâmpadas. Ainda via assessoria municipal, não se pode marcar uma data específica para a troca das lâmpadas, mas o pedido com urgência será resolvido assim que o entrave burocrático for concluído. http://quiririmnews.com.br/troca-de-lampadas-em-biblioteca-de-quiririm-esbarra-em-burocracia/#. WADamfkrLIU Competência 01 http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2010/05/02/interna_cidadesdf,189978/mesmo-bem-aparelhada-biblioteca-nacional-e-prejudicada-pela-burocracia.shtml http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2010/05/02/interna_cidadesdf,189978/mesmo-bem-aparelhada-biblioteca-nacional-e-prejudicada-pela-burocracia.shtml http://quiririmnews.com.br/troca-de-lampadas-em-biblioteca-de-quiririm-esbarra-em-burocracia/#. WADamfkrLIU http://quiririmnews.com.br/troca-de-lampadas-em-biblioteca-de-quiririm-esbarra-em-burocracia/#. WADamfkrLIU 20 Observe nos casos que para gerir a biblioteca é preciso considerar os procedimentos legais para aquisição dos livros, os espaços de estudo e interação dos usuários e até mesmo como será realizada a segurançaneste espaço. E o papel do técnico é também dar suporte, para o gestor bibliotecário, a estas atividades. O não atendimento a estes aspectos pode levar a biblioteca a ter sérios problemas como no caso relatado abaixo. Veja que neste caso, a reportagem se referiu a um mal entendimento sobre o que é a burocracia e a culpou pelos problemas enfrentados. Mas será que isto é certo mesmo? Será que é culpa da burocracia? Por quê? Agora, no Encontro Presencial 1 você vai abordar este caso! Vamos ao trabalho! Competência 01 21 2.Competência 02 | Compreender os fundamentos das Teorias Contemporâneas da Administração A partir dos estudos de Von Bertalanffy (1950, 1956), os estudiosos da administração perceberam que a organização é um complexo de elementos em interação e em intercâmbio contínuo com o ambiente. Neste sentido, a organização é um sistema aberto que deve se adaptar ao seu meio ambiente. VOCÊ SABIA? Karl Ludwig von Bertalanffy (1901 - 1972) foi um biólogo austríaco criador da teoria geral dos sistemas em que defende a ideia de que o organismo é um todo maior que a soma das suas partes. Criticava a separação entre o estudo das áreas de conhecimento, sugeria que se deve estudar sistemas globalmente, de forma a envolver todas as suas interdependências, pois cada um dos elementos, ao serem reunidos para constituir uma unidade funcional maior, desenvolvem qualidades que não se encontram em seus componentes isolados. Em 1968 publica a sua obra fundamental - General System Theory - onde demonstra a aplicação da sua teoria à Matemática, às Ciências da Natureza, às Ciências Sociais, etc. Saiba mais em https://teiadogestor.wordpress.com/2011/04/12/ludwig-v-bertalanffy/ Este conceito de interação com o ambiente externo anda não tinha sido vivenciado pelas organizações. Durante as escolas apresentadas na competência 1, os gestores se preocupavam com os processos internos. Mas, como que as organizações perceberam que dependiam mutuamente umas das outras? A Segunda Guerra Mundial ajudou a idealizar este pensamento, uma vez que os países entenderam que são mutuamente dependentes e as modificações realizadas em uma parte do sistema refletiam-se nas outras partes. Este contexto tanto se aplica à interdependência entre as organizações, quanto às partes que formam uma única organização. Assim como as peças de dominó em pé, enfileiradas. Competência 02 https://pt.wikipedia.org/wiki/1901 https://pt.wikipedia.org/wiki/1972 https://pt.wikipedia.org/wiki/Biologia https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_dos_sistemas https://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_dos_sistemas https://pt.wikipedia.org/wiki/Organismo 22 Figura 8 - Peças de dominó Fonte: http://dialogandorh.blogspot.com.br/ Descrição: Peças de dominó em pé, enfileiradas, e a primeira está caindo sobre a segunda. Agora entendemos porque quando ocorre uma crise em uma grande empresa ou um grupo de empresas, isto afeta as empresas que fazem parte da cadeia produtiva, o que afeta a economia daquele país e afeta a economia dos países que têm relação comercial com este. Um belo exemplo é a recente crise econômica que o mundo passou em 2008. Você sabe o que foi esta? A crise de 2008 A causa da crise que vivemos foi o desequilíbrio na maior economia do mundo, os Estados Unidos. E os ataques de 11 de setembro têm a ver com isso. "Depois da ofensiva terrorista, o governo americano se envolveu em duas grandes guerras, no Iraque e Afeganistão, e começou a gastar mais do que deveria", diz Simão Davi Silber, professor do departamento de economia da Universidade de São Paulo (USP). Para piorar a situação, ao mesmo tempo em que o país investia dinheiro na guerra, a economia interna já não ia muito bem - uma das razões é que os Estados Unidos estavam importando mais do que exportando. Em vez de conter os gastos, os americanos receberam ajuda de países como China e Inglaterra. Com o dinheiro injetado pelo exterior, os bancos passaram a oferecer mais crédito, inclusive a clientes considerados de risco. Aproveitando-se da grande oferta a baixas taxas de juros, os consumidores compraram muito, principalmente imóveis, que começaram a valorizar. "A expansão do crédito financiou a bolha imobiliária, já que a grande procura elevou o preço dos imóveis", diz Silber. Porém, depois disso, chegou uma hora em que a taxa de juros começou a subir, diminuindo a procura pelos imóveis e derrubando os preços. Com isso, começou a inadimplência - afinal, as pessoas já não viam sentido em continuar pagando hipotecas exorbitantes quando as propriedades estavam valendo cada vez menos. Competência 02 23 Dentro das organizações isto também ocorre. Pode-se afirmar que: Para as organizações se manterem “vivas” neste sistema há um modelo que é chamado de LIGA, composto pela Latência, Integração, Geração e atingimento dos objetivos e Adaptação. Figura 9 - Modelo LIGA Fonte: O autor (2016) Descrição: Em um círculo estão escritas, uma embaixo da outra, as seguintes palavras L – valores, I – integração, G – objetivos e A - adaptação Nesse momento, faltou dinheiro aos bancos, que em um primeiro momento foram ajudados pelo governo americano. Só que, ao mesmo tempo, surgiram críticas a essa política de socorro aos banqueiros. Frente à pressão política, a Casa Branca decidiu que não ia mais interferir, deixando o banco Lehman Brothers quebrar. O fechamento do quarto maior banco de crédito dos Estados Unidos causou pânico e travou o crédito. Chegou a crise, que prejudica também o nosso país. "Sem crédito internacional, também diminui o crédito no Brasil, caem as exportações e o preço das nossas mercadorias aumenta o risco e a taxa de juros", explica Silber. O economista também afirma que as recessões são recorrentes, mas essa é maior do que de costume. "Uma crise dessa intensidade não é comum, a mais parecida com ela foi a de 1929", afirma Silber. http://novaescola.org.br/conteudo/363/o-que-causou-a-crise-economica-mundial-entre-2008-e-2009 A organização é um conjunto formado por partes diferenciadas, que têm funções diversas, mas que são interdependentes. L - valores I - integração G - objetivos A - adaptação Competência 02 24 Funciona desta forma: dentro da organização são fornecidos valores (L) que permitem aos indivíduos integrarem-se na sociedade (I), buscando atingir objetivos (G), e, para tanto, contribuindo para a adaptação dele, produzindo os recursos fundamentais (A). Este é chamado de Modelo LIGA Latência: forma como o sistema se sustenta e se reproduz; como transmite os valores e padrões culturais; garante o processo de socialização; comportamentos “positivos”; Integração: assegura coordenação e coerência entre indivíduos e grupos; garante que as diversas partes (diferenciadas e isoladas) não fiquem isoladas; Gerar e atingir objetivos: estabelece metas e objetivos e implementação de meios (sistema burocrático) visando atingi-los; Adaptação: organização busca recursos para a sua sobrevivência. Sobre o Modelo LIGA podemos destacar dois aspectos Tendo em vista a sua inserção social e as relações de poder às quais está submetido nas diversas instituições que frequenta (família, colégio, igreja), o indivíduo incorpora os valores sociais prescritos e regras de comportamento. Essas regras e valores internalizados por ele regularão sua ação e suas tentativas de atingir seus objetivos individuais, que também são fornecidos pelos valores do sistema social (organização) ao qual pertence. Os valores oferecem aos indivíduos expectativas de papéis (como devem comportar-se) e objetivos a serem atingidos (o que eles podem esperar ser e como atingir esses objetivos). Ao ingressarem nas organizações,os indivíduos obedecerão às regras do sistema. Assim, a ordem social é mantida. Valores Sociais e Adaptação. Competência 02 25 Figura 10 - Grupo social Fonte: www.portal-administracao.com/ Descrição: Várias pessoas, em círculos, estendem e tocam suas mãos conjuntamente. Em relação à adaptação, as organizações passam a ser vistas como sistemas abertos. Isto significa que para realizar o processamento de insumos para transformá-los em produtos ou serviços são postas algumas entradas, tais como energia, informação, recursos materiais, recursos humanos, etc. Após este processamento, a organização coloca seus produtos ou serviços no ambiente. A partir da avaliação do seu mercado consumidor, a organização tem a oportunidade de corrigir os seus desvios em relação ao ambiente externo. A isto se chama retroalimentação. A entrada de insumos, o processamento, as saídas e a retroalimentação são cíclicas, ocorrendo frequentemente. Figura 11 - Peça quebra-cabeça Fonte: http://culturadaorganizacao.blogspot.com.br/ Descrição: uma mão segura e encaixa a última peça de um quebra-cabeça. Complementarmente à teoria dos Sistemas Abertos, a Teoria Contingencial traz a noção de Competência 02 26 adaptação contínua da organização ao ambiente. Todo e qualquer tipo de organização precisa estar atento às demandas que surgem, sejam tecnológicas, sejam dos consumidores, sejam de ordem legal, etc. Muitas mudanças ocorrem ao longo do tempo e dentro da Teoria Contingencial é preciso atender a elas, de modo a tornar a empresa competitiva no mercado. Conforme podemos ler na reportagem abaixo, as empresas precisam se reinventar para manter seus negócios em crescimento. Como nos casos da indústria de papel e no mercado imobiliário. www.diariodocomercio.com.br/noticia.php?id=125554 A adaptação pode também ser feita pensando no público que a organização atende. O caso da Whirlpool ilustra isto. A adaptação é fundamental para a sobrevivência das organizações. O caso da Barilla Com a intenção de acelerar os resultados, algumas empresas preferem fechar parcerias locais. É o caminho trilhado pela italiana Barilla, líder no mercado de massas com o grão de trigo duro no Brasil. O problema, para a Barilla, é que o consumidor brasileiro prefere outro tipo de macarrão: quase 97% das vendas do produto são de grão tenro. Entrar nesse segmento, portanto, é o único jeito de ganhar relevância no país, terceiro maior mercado da empresa. A saída foi terceirizar a produção de macarrão de grão tenro para a mineira Vilma Alimentos, num processo acompanhado de perto pela matriz. O próprio Guido Barilla, presidente e membro da quarta geração da família fundadora, visitou consumidores brasileiros antes de criar a primeira receita local da companhia em 136 anos de história. “Já temos 7% das vendas de massa mole nas capitais do Sudeste e do Sul”, diz Maurízio Scarpa, presidente da Barilla no Brasil. Nos últimos 12 meses, as vendas no país aumentaram 65%. Em alguns casos, ouvir o cliente local pode dar fôlego a uma categoria em declínio. Para reanimar o mercado de rum, que encolheu 10% desde 2008, a fabricante francesa de bebidas Pernod Ricard lançou em abril deste ano o Montilla Esquente – Mel e Limão, a primeira alteração no produto à venda no país desde 1950. A ideia é agradar aos jovens que misturam Montilla com refrigerante para quebrar o sabor amargo. Esses consumidores queriam algo já pronto para beber. A bebida chegou a Recife e Fortaleza e estará em todo o país até dezembro. “Ouvir mais o cliente brasileiro é o único jeito de crescer”, diz Patricia Cardoso, gerente de marketing da Pernod Ricard. http://exame.abril.com.br/revista-exame/os-clientes-mandam/ Competência 02 http://www.exame.com.br/topicos/barilla http://www.exame.com.br/topicos/barilla http://www.exame.com.br/topicos/pernod-ricard http://www.exame.com.br/topicos/pernod-ricard http://exame.abril.com.br/revista-exame/os-clientes-mandam/ 27 A maneira que a organização desenvolve as atividades afeta o modo da adaptação. Então, surgem os conceitos de empresa mecânica e empresa orgânica. Estes dois extremos seriam tipos ideais. O modelo mecânico prevê que uma divisão administrativa segundo a qual cada indivíduo desempenha a tarefa precisamente definida que lhe é atribuída. Há uma hierarquia clara de controle em relação ao desenvolvimento do trabalho dos indivíduos pela chefia, a autoridade de comando é centralizada, cabendo aos trabalhadores quase que apenas a obediência às ordens. As tarefas são padronizadas. Este modelo é percebido e adequado a situações relativamente estáveis de mercado e tecnologia. Já o Sistema orgânico valoriza a expertise e autonomia do trabalhador que detém o conhecimento especializado. Permite, com isso, o ajuste contínuo e redefinição das tarefas, favorecendo um ambiente de criatividade e inovações. O trabalho é desenvolvido por equipes multifuncionais com possibilidades de interação a qualquer nível. Este modelo é percebido e adequado às condições de mercado turbulentas, grande concorrência, mudanças tecnológicas rápidas e trabalhos que demandem alto grau de intelectualidade. A melhor resposta seria depende. Pois, deve haver uma adequação da estrutura da organização ao seu meio ambiente de negócios. A partir do diagnóstico do meio ambiente, ajusta-se a estrutura organizacional a ele. Vamos estudar um pouco de estrutura agora? Existem dois tipos mais comuns. A estrutura funcional tem as linhas de comando bem determinadas e que são representadas pelos níveis hierárquicos. Observa-se claramente que nos níveis mais elevados há menos ocupantes. Cada conjunto desmembrado representa uma função dentro da organização. Esta estrutura, Mas, qual seria então o modelo mais adequado? Competência 02 28 portanto, possibilita elevado nível de especialização. Estas funções variam de acordo com o negócio. É o que comumente se chama de departamento. Figura 12 - estrutura funcional Fonte: O autor (2016) Descrição: quadrado superior centralizado com o nome diretor, abaixo quatro quadros lado a lado em que em cada um está escrito, respectivamente, coordenador técnico, coordenador financeiro, coordenador administrativo, coordenador cultural. O outro tipo de estrutura conhecido, embora menos utilizado, é o Matricial ou Projetizado. Esta possui linhas de comando que se modificam de acordo com o projeto que está sendo desenvolvido. Terminado o projeto, o pessoal retorna aos seus departamentos, onde desempenha atividades preestabelecidas, participa de programas de treinamento e espera novas designações. Esta configuração é muito utilizada em empresas de alta competitividade, como as empresas de tecnologia. Este tipo é o mais utilizado nas bibliotecas brasileiras. Competência 02 29 Figura 13 - estrutura projetizada Fonte: O autor (2016) Descrição: quadrado superior centralizado com o nome executivo-chefe, abaixo quatro quadros lado a lado em que em cada um está escrito, gerente de projetos, e abaixo de cada um destes quadros há respectivamente, dois quadros três quadros, dois quadros e dois quadros. Todos com a palavra analista de projetos escrita. Observe que graficamente não há mudanças, apenas nos nomes dos cargos que são ocupados. Mas, isto faz toda a diferença. Diferente da estrutura funcional, a projetizada se divide em função dos projetos a serem desenvolvidos. E cada equipe de projeto lida com todas as funções dentro do seu projeto. A ideia desta estrutura é dar mais agilidade para desenvolver demandas específicas. Definir qual a estrutura a ser adotada é uma decisão importante, uma vez que esta definirá como os processos de trabalhoserão desenvolvidos. Todo este contexto apresentado até agora aponta para uma acirrada competitividade no mercado, Competência 02 30 em que várias (e em algumas vezes rápidas) mudanças, aliadas às inovações tecnológicas, forçam as organizações a buscarem ferramentas que permitam a adaptação. Isto é o que a Escola de Desenvolvimento Organizacional chama de “A Era da mudança”. Mudança organizacional é um conjunto de alterações na situação ou no ambiente de trabalho de uma organização, entendendo ambiente de trabalho como ambiente técnico, social e cultural. Na concepção taylorista, conforme vimos na competência anterior, a qualificação profissional acima de certo nível era vista como prejudicial. Na atualidade valoriza-se a aprendizagem, autonomia, flexibilidade e mudança. Hoje, valoriza-se o conhecimento como insumo mais importante no desenvolvimento dos trabalhos. Como temos muitos fatores dinâmicos, a capacidade de interpretar rapidamente as informações complexas, dar sentido a elas e agir passa a ser fonte de criação de valor para a organização. A mudança ocorre nos métodos de operação, através das maneiras em que o trabalho é realizado, a localização do trabalho, a disposição das áreas de trabalho, na natureza da fábrica e das instalações, maquinaria, ferramentas e equipamentos e nas práticas de segurança e manutenção. Também pelas mudanças nos produtos, modificando a especificação dos produtos, os materiais componentes e os padrões de qualidade. Mudanças na organização na sua estrutura e atribuição de responsabilidades, nos níveis de supervisão, no tamanho e natureza dos grupos de trabalho, na supervisão dos grupos de trabalho e na colocação de indivíduos em tarefas específicas. Por fim, mudanças no ambiente de trabalho, através das condições de trabalho, nos sistemas de recompensa e punição, nos padrões de desempenho e nas diretrizes e métodos de ação. Para alcançar este nível de desenvolvimento, as organizações devem investir esforços no planejamento, pois é através dele que estas mudanças podem ser realizadas com mais segurança e eficiência. Competência 02 31 Com isso, podemos então refletir sobre que adaptações as bibliotecas deveriam realizar para atender as demandas dos seus usuários? Acesse o link abaixo, leia a reportagem e assista ao vídeo para continuarmos. http://exame.abril.com.br/tecnologia/livros-empoeirados-conheca-a-biblioteca-do-futuro/ Especialistas, ao redor do mudo têm discutido qual o futuro da biblioteca e como ela deve se adaptar às demandas. Paulo Herkenhoff, crítico de arte Marco Streefkerk, diretor da DEN Foundation (Dutch Knowledge Center for Digital Heritage) Acho que a era digital é uma era que vai ser determinada pelo leitor e pela leitura, mais que pelo objeto. Estar atento ao leitor me parece uma das chaves para o futuro da biblioteca. Se quisermos permanecer como sociedade, nós precisamos de instituições que sejam capazes de representar simbolicamente nossa diversidade, nossos conflitos, nossas diferenças. Quais são as contradições, quais são os conflitos? Tudo isso deve estar dentro dessa instituição. O futuro da biblioteca poderia ser esse lugar onde uma rede de subjetividades se construa como um processo coletivo. Esse lugar é virtual, mas é um lugar com vontade de ser esse lugar e, por isso, exigirá fineza política para que não seja partidário, mas um projeto de estado. Houve uma discussão na Holanda sobre o futuro das bibliotecas e não se chegou a uma resposta. Há muitas opiniões sobre como será esse futuro e acho importante que a biblioteca discuta, mas que abra essa discussão para a sociedade. O que é esperado da Biblioteca? Que serviços especiais ela deve oferecer? Ainda acho que as pessoas gostam de estar juntas. Aprender é uma atividade social, não é algo que se pode fazer apenas em casa, na frente do computador. Competência 02 32 John K. Tsebe, diretor da Biblioteca Nacional da África do Sul Fonte: www.ufrgs.br/blogdabc/especialistas-falam-sobre-o-futuro-das/ Já é possível observar algumas bibliotecas ao redor do mundo mudando seu conceito sobre o seu papel. Entendendo que não é apenas realizar o processamento técnico de documentos para circulação, mas atender a necessidade informacional dos seus usuários. Leia o caso abaixo: Figura 14 - Fachada da Biblioteca Dokk1 Fonte: www.dw.com/pt-br/ Descrição: Fachada, em vidro, com o letreiro DOKK1. Os livros estarão sempre aí, por isso devemos preservar o livro de papel. Ao mesmo tempo, devemos garantir a digitalização e o acesso a conteúdo virtual – talvez no sistema de computação em nuvens. É preciso que esse conteúdo seja acessado da forma mais universal possível. Minha visão é que a Biblioteca Nacional como um objeto físico, como uma construção, sempre existirá, porque se você olhar para qualquer país do mundo, a Biblioteca Nacional sempre será a maior biblioteca daquele país, em termos de espaço físico. É o lugar onde as pessoas podem ir, interagir, compartilhar ideias. O formato digital é importante, mas não vai substituir o livro físico. Acredito que devemos promover um equilíbrio entre as obras impressas e as virtuais – as que são digitalizadas ou as que já nascem digitais. Competência 02 33 A biblioteca do futuro A biblioteca DOKK 1, na dinamarquesa Aaarhus, representa o novo conceito de biblioteca: um local para todos aqueles com fome de conhecimento. A cidade industrial e portuária no sul do país será a Capital Europeia da Cultura de 2017, e, para isso, toda a zona portuária ganhou um projeto arquitetônico completamente novo. E a DOKK 1 está lá, aberta 24 horas e sendo ponto de encontro para jovens e adultos. A transformação num centro de conhecimento foi perfeitamente bem sucedida. Na biblioteca, não se pode apenas emprestar livros, CDs ou DVDs, mas também estender o passaporte, entregar a declaração do imposto de renda ou emitir a carteira de motorista. A maior biblioteca pública da Escandinávia, inaugurada há alguns meses, é tanto um centro de serviços para o cidadão quanto espaço de conhecimento. Enquanto esperam para serem atendidas, as pessoas leem ou estudam. A DOKK 1 abriu a cidade de Aarhus para novas possibilidades. Tudo é gratuito e equipado com novas e modernas tecnologias, que incluem uma impressora 3D. Ali, ler romances, escutar música e jogar xadrez no computador é tão importante quanto estudar livros especializados. "As bibliotecas do futuro devem realmente inspirar as pessoas, mesmo sem livros", constata Knud Schulz, diretor-geral da DOKK 1. Foram mais de dez anos de planejamento e implementação. Por todos os lados, há espaço para encontros e trocas. Uma área para pais e filhos, sala de brincadeiras, sala de leitura com vista para o porto e zonas de silêncio para estudo dão ao local um caráter cosmopolita. Para Schulz, o futuro está na aprendizagem ao longo de toda a vida e no intercâmbio de conhecimentos entre gerações – e este é o principal objetivo de seu trabalho na biblioteca. Até um ateliê com máquinas de costura e equipamentos profissionais faz parte da DOKK 1, mostra ele. Jovens poderiam aprender com pessoas mais velhas como consertar uma torradeira estragada em vez de comprar uma nova, acrescenta. O conhecimento se forma em espaços que propiciam trocas entre as pessoas", diz Schulz. Um conceito que a Biblioteca de Colônia já começou a adotar, fazendo do aprendizado uma forma de diversão. www.dw.com/pt-br/a-biblioteca-do-futuro/a-18836204 Competência 02 http://www.dw.com/pt-br/a-biblioteca-do-futuro/a-1883620434 Agora que lemos sobre a biblioteca do futuro vamos discutir em grupo? Leiam o texto no link https://indexadora.com/2012/04/27/10-mudancas-que-esperamos-da- biblioteca-do-futuro/ e discuta cada ponto com seus colegas. Depois escreva no fórum como o profissional técnico em biblioteconomia está envolvido em cada um dos tópicos apresentados. Biblioteca do futuro: https://bsf.org.br/2016/09/23/o-futuro-dos-servicos-de-biblioteca-em-3-visualizacoes/ http://brasil.elpais.com/brasil/2015/06/13/cultura/1434216067_290976.html Competência 02 https://indexadora.com/2012/04/27/10-mudancas-que-esperamos-da-biblioteca-do-futuro/ https://indexadora.com/2012/04/27/10-mudancas-que-esperamos-da-biblioteca-do-futuro/ https://bsf.org.br/2016/09/23/o-futuro-dos-servicos-de-biblioteca-em-3-visualizacoes/ http://brasil.elpais.com/brasil/2015/06/13/cultura/1434216067_290976.html 35 3.Competência 03 | Conhecer o Planejamento: Missão, Objetivo e Valores nas Organizações Nesta competência estudaremos o planejamento estratégico. Antes de tudo vamos refletir sobre a palavra PLANEJAMENTO. Com certeza você sabe o que significa e até mesmo entende a importância disso para a organização. Mas, o que de fato é planejar? Planejar pode ser entendido como refletir e estruturar todas as ações que serão realizadas para alcançar um objetivo. Então, antes de iniciar a execução das atividades de um projeto, por exemplo, é preciso pensar e discutir sobre todas as ações que serão necessárias executar e estruturá-las de uma maneira otimizada em função dos prazos, custo, qualidade, expectativa dos clientes, etc. Parece simples e lógico. Mas, se prestarmos atenção, observaremos que há uma dificuldade enorme em pararmos para pensar no que tem que fazer. Há uma ânsia em iniciar a execução, para não perder tempo. O texto abaixo reflete este pensamento. Competência 03 A Gestão de Projetos no contexto brasileiro: dá certo? A gestão de projetos é temática presente nos discursos dos gestores de diversas organizações, sejam públicas ou privadas. Faz sentido, porque esta ferramenta auxilia no desenvolvimento dos projetos organizacionais, através do planejamento das ações que darão vida à concretização dos objetivos determinados. Mas, aí incorre o grande problema: Planejar. Debruçar-se sobre o que vai ser realizado, identificando cada etapa, cada recurso, cada responsável e os respectivos prazos. Quando iniciadas as discussões, depois de um tempo observa-se que a sensação dos envolvidos é que está se perdendo tempo. Ao invés de pensar no que fazer ou no que deveria se fazer. Alguns pensam. E por isso, apesar de se perceber a importância da gestão de projetos no contexto organizacional, esta ainda não é apropriadamente aplicada. 36 E por que é importante planejar? Vive-se a era da informação. A escala e a velocidade com que a informação é difundida, comunicada e usada, por meio do uso intenso das tecnologias de informação e comunicação (TICs) é impressionante. Figura 15 - Velocidade da conexão Fonte: http://cbn.globoradio.globo.com/ Descrição: mapa mundo com linhas interconectando alguns países entre si Como estudado na competência anterior, aliado à acirrada competitividade do mercado, as rápidas A cultura que os gestores organizacionais brasileiros têm de serem “apagadores de incêndios” é um grande dificultador da implantação desta prática. Então, tenta-se de todas as formas adequar o método para esta realidade. Os resultados são prejudicados, o que reforça a necessidade de se apagar cada vez mais “incêndios”. Isto pode ser um indicador do baixo nível de maturidade das organizações brasileiras, nas pesquisas publicadas. É preciso ter em mente: mais do que a mudança na prática organizacional, a gestão de projetos é uma mudança nos pressupostos da prática, um fazer diferente, que necessita de direcionamentos diferentes para que possa ser bem sucedida. Se este entendimento não for internalizado, esta prática não trará maiores resultados. http://lunagestao.blogspot.com.br/2016/02/a-gestao-de-projetos-no-contexto.html Competência 03 37 mudanças e as inovações tecnológicas forçam as organizações a buscar ferramentas que permitam a adaptação a estas demandas. Qualquer caminho serve para quem não sabe onde quer chegar, não é mesmo? Este dito popular se encaixa muito bem no próximo conceito a ser estudado. Os objetivos estratégicos. Os objetivos estratégicos são os objetivos que são traçados e vão nortear todas as ações organizacionais, em cada área de atuação da organização. Então, todos os projetos desenvolvidos na organização devem ajudar a atender os objetivos traçados. Mas, por que isto? Porque ações isoladas podem não trazer resultados consistentes. Quando eu tenho várias ações conjuntas visando atingir determinado objetivo a chance de sucesso aumenta consideravelmente. Veremos o caso de dois objetivos: Uma biblioteca traçou dois grandes objetivos estratégicos para o período de 2 anos: 1. Ampliar a oferta de informações para seu usuário; 2. Ampliar o número de usuários. Tendo em mente estes dois objetivos, os projetos e ações organizacionais agora têm um foco determinado. Para o objetivo 1, pode-se: realizar compra de livros, revistas e mídias digitais. Pode-se também assinar com bases de dados digitais. Veja que estas ações estão interligadas e juntas darão mais força para a ampliação da oferta de informações. Já para o objetivo 2, pode-se: criar eventos de exposição, rodas de leitura, exibição de filmes, por exemplo. Veja que se a gestão da biblioteca conseguir realizar estas ações, de fato, vai atrair o público à biblioteca, possibilitando ampliar o número de usuários. Competência 03 38 Este contexto demonstra o processo dinâmico da administração. São cinco processos compreendidos: Figura 16 - processo dinâmico da Administração Fonte: o autor (2016) Descrição: com um quadro escrito “Liderança” no meio, outros quatro quadros em cada extremidade deste quadro central estão escritos, em cada um, Planejamento, Organização, Execução e Controle. Há setas em todas as direções ligando estes quadros. O Planejamento é o processo de definir objetivos, atividades e recursos. Neste momento a organização precisa determinar o que se pretende alcançar. É importante a clarificação dos objetivos. Eles têm que ser concretos, mesmo que seja algo intangível a ser alcançado. É preciso saber, exatamente, o que se pretende alcançar. Com isto, definir as atividades que precisarão ser executadas para que este objetivo seja atingido de maneira mais eficiente. É importante, também, identificar os recursos necessários para as atividades que serão executadas. Deve ser conduzida por um gestor da organização, mas com a participação direta de colaboradores de diversos cargos e níveis. Organização é o processo de dispor os recursos em uma estrutura que facilite a realização dos objetivos. É criar os meios para que as definições do planejamento possam ocorrer. Seja no aspecto humano ou dos recursos materiais. Planejamento Organização Liderança Controle Execução Toda organização precisa ter bem desenvolvidos estes cinco processos Competência 03 39 A Execução consiste na realização das atividades conforme planejado, por meio da aplicação dos recursos tangíveis e intangíveis. É onde todos os envolvidos irão executar as atividades que lhe cabem, dentro do prazo e expectativa de desempenho definidos. Neste momento, é importante manter o foco no que foi planejado. De fato, procurar executar a atividade conforme definido nas etapas anteriores, pois, muitas vezes, no momento da execução as pessoas tendema deixar de lado o que foi definido e executar as atividades de maneira aleatória. Depois, vão dizer que o planejamento não dá certo... Então, procure ser o mais fiel ao planejado. Mas, e se houver mudanças não planejadas e que requerem modificações nas atividades? Bom, sobre isto vamos discutir na etapa seguinte. No Controle procura-se assegurar a realização de objetivos, através da comparação entre as atividades realizadas com as planejadas. E se forem requeridas mudanças nas atividades estas podem ser feitas, mas vale refletir sobre o porquê das mudanças. Será que foi o contexto que mudou ou que o planejamento inicial não previu muitas coisas? Assim fazemos uma checagem para identificar se as ações executadas estão ocorrendo dentro dos parâmetros determinados e se outros problemas ou oportunidades não identificados estão acontecendo. Com isso, pode-se fazer alterações necessárias para dar andamento às ações. Figura 17 - pensando Fonte: http://larpadrejoao.xpg.uol.com.br/ Descrição: homem pensando, refletindo, questionando. O papel da Liderança compreende a coordenação, direção, motivação comunicação das pessoas para possibilitar a realização dos objetivos organizacionais. Ele é de sua importância. Sem alguém Competência 03 40 para guiar a organização os objetivos e as responsabilidades ficarão confusos, de modo que os resultados alcançados nunca serão os mesmos. Figura 18 - liderança organizacional Fonte: www.jrmcoaching.com.br/blog/ Descrição: uma mulher, comemora com os braços levantados, à frente de várias outras pessoas da sua equipe, que também estão de braços levantados comemorando. Preste atenção que o Planejamento se mostra como a base deste processo. Através dele todo o resto é estruturado. Mas, em que consiste o planejamento estratégico? Significa estruturar o processo de planejamento de uma organização, a fim de definir seus objetivos estratégicos e, assim, conquistar seus objetivos. Para dar início ao planejamento, a organização desenvolve dois tipos de análises: a primeira análise, ambiental, a segunda análise, interna. Vamos conhecer primeiro a análise do ambiente. Também chamada de análise ambiental consiste em identificar informações sobre os aspectos externos à organização. A identificação destas informações fará com que a organização conheça melhor o ambiente ao qual está inserida ou pretende se inserir. Este conhecimento é fundamental, pois ela dará base para a estruturação das ações organizacionais. Vejo no exemplo da Biblioteca 10 de Helsinki, que através de um estudo detalhado dos usuários e das tecnologias pode revolucionar Competência 03 http://www.jrmcoaching.com.br/blog/ 41 o que se entende por biblioteca. Observe que os serviços oferecidos, as tecnologias empregadas, bem como a destinação dos espaços estão diretamente ligados às necessidades dos usuários. Este processo é imprescindível para a manutenção da função social das bibliotecas. Para isso, é preciso ter bem claro a quem a biblioteca vai atender, para assim identificar a necessidade informacional deste público, bem como todo o processo para dar suporte a isto. As novas bibliotecas já não são templos Na Biblioteca 10 de Helsinki é possível ler deitado na rede, fazer negócios, costurar à máquina, dançar, digitalizar formatos obsoletos, como fitas cassete e VHS, tocar guitarra ou tirar uma soneca. É possível fazer praticamente qualquer coisa que jamais se pensaria em fazer em uma biblioteca. E tudo porque seu diretor, Kari Lämsä, pensou que no novo mundo há pouco espaço para as velhas bibliotecas e um espaço enorme para as inovadoras: “Temos de redefinir o papel que desempenhamos. Temos de ajudar as pessoas, ser amigáveis, às vezes somos muito formais e oficiais. Temos de decidir junto com os usuários que materiais adquirimos e do que necessitam. Eu não vejo a biblioteca como uma sala de estar, mas como uma cozinha, onde cada um traz ingredientes e cada dia sai um cardápio diferente”. Eles disseram definitivamente adeus ao depósito de livros. O sucesso de Lämsä pode ser medido: a biblioteca recebe 2.000 usuários por dia em uma cidade com 600.000 habitantes e 36 bibliotecas. A metade de seus usuários tem entre 25 e 35 anos. “Cerca de 75% dos usuários vêm para outras coisas que não o empréstimo de materiais. Conseguimos atrair novos perfis, como trabalhadores autônomos, artistas ou artesãos.” http://revistapontocom.org.br/materias/qual-o-futuro-das-bibliotecas-tradicionais Quem são estes indivíduos? Quais as suas características? Que tipo de serviço eles procuram? A que classe social eles pertencem? Competência 03 42 Estas questões dirão muito! Saber as características dos clientes ou usuários indicará como se organizar para atender melhor a necessidade destes indivíduos. No caso da biblioteca é a necessidade informacional. Então, fará diferença se a biblioteca for especializada, se for a biblioteca de um Tribunal de Justiça ou de uma Universidade, por exemplo. São necessidades diferentes. Ou mesmo se é uma biblioteca comunitária ou de um Instituto de Pesquisa em Saúde. Se ela é frequentada por pesquisadores, advogados ou estudantes de ensino fundamental. Todas estas questões precisam ser levadas em consideração na estruturação da biblioteca para estar de acordo com a necessidade informacional dos seus usuários. Por fim, deve-se fazer uma análise da tecnologia que pode ser empregada dentro da biblioteca. Para isto, vale saber qual o orçamento que se tem para investir. Quando se fala de tecnologia inclui tanto os softwares que serão usados quanto os equipamentos. A análise da concorrência é outro aspecto. Conhecer quem são as empresas que disputam os clientes com você, o que eles oferecem, quais são seus diferenciais. Sem conhecer os concorrentes, perde-se um importante parâmetro para tomada de decisão. No nosso contexto educacional, ver as bibliotecas como concorrentes não se aplica tanto. Apesar de ocorrer, no sentido de que um aluno pode decidir estudar em uma universidade ou outra por conta da estrutura da biblioteca de uma delas. Como já vimos, em outros países a biblioteca pode ser o diferencial entre as instituições de ensino superior. Por outro lado, a análise da concorrência nos interessa, pois com isto pode-se observar o que as outras bibliotecas estão fazendo para atrair seus públicos, e assim buscar melhorar seus próprios processos internos. Veja o caso da Biblioteca na Dinamarca, que tomou como referências as ações promovidas pelas bibliotecas alemãs. A adaptação, neste caso, se dá pela necessidade de manter os usuários satisfeitos com os serviços oferecidos. Competência 03 43 Depois que a organização analisou os aspectos externos a ela, é preciso analisar seus aspectos internos. Não se chegará a lugar nenhum sem se conhecer, sem conhecer seus pontos fracos e fortes. É preciso esse conhecimento para que se intensifique os pontos fortes e sejam ajustados os fracos. Para efetuarmos a análise do ambiente interno de uma organização, com foco em uma biblioteca, alguns aspectos devem ser destacados: - Quanto às funções a serem analisadas: refere-se à análise das macro funções de uma empresa, ou seja, marketing, finanças, processamento técnico, recursos humanos, etc. Na área de marketing deve-se diagnosticar o desempenho da marca, promoção e propaganda. Um burburinho em inúmeras línguas preenche uma das salas da Kölner Volkshochschule, em frente à Biblioteca Municipal de Colônia. Uma "sala de conversação" foi criada na escola para servir de ponto de encontro de refugiados e de todos aqueles que ainda precisam dominar o idioma alemão. Aqui, todos podem aproveitar gratuitamente as ofertas da BibliotecaMunicipal, utilizar programas de aprendizado nos computadores ou emprestar livros e jogos. Além de um espaço de encontro, a "sala de conversação" é palco de leituras em diversos idiomas e disponibiliza materiais didáticos em diferentes línguas. Mentores auxiliam famílias sírias, afegãs e romenas a se adaptar à cidade e à Alemanha. A biblioteca de Colônia é reconhecida na Alemanha por suas inovações. Em 2015, ela recebeu o título de Biblioteca do Ano, por sua ousadia com projetos midiáticos e pela estratégia de transformar o local num espaço de encontros e não apenas de empréstimo de livros. A ideia não é nova: o conceito de "Makerspace" vem dos Estados Unidos e especialmente da Escandinávia. Na Finlândia e na Dinamarca, as bibliotecas públicas têm como papel serem espaços de conhecimento para todos. Na Dinamarca, é lei que toda comunidade tenha uma biblioteca em bom estado. E para isso não há economia de verbas, como na Alemanha, por exemplo, onde muitas bibliotecas municipais já precisaram ser fechadas. Para atrair o público jovem, o Estado de bem-estar social dinamarquês criou locais vivos e atrativos, nos quais o empréstimo de livros e mídias tornou-se quase secundário. www.pesquisamundi.org/2015/11/a-biblioteca-do-futuro.html Competência 03 44 Ainda há grande importância quanto à pesquisa dos usuários, por ser relevante às definições abordadas durante este caderno. Na função financeira a análise do sistema planejamento e controle financeiro/contábil (estrutura da área financeira, relatórios contábeis/financeiros, fluxo de caixa, controles e orçamentos, etc.). Na área de processamento técnico devemos analisar a eficiência da sua capacidade produtiva no processamento das obras e outros serviços oferecidos dentro da biblioteca. Deve ser analisada também a área de recursos humanos. Deve-se considerar as atitudes da alta administração quanto ao fator humano da empresa, quanto à rotatividade dos empregados, ao índice de absenteísmo, à eficácia dos programas de recrutamento, seleção, treinamento e desenvolvimento. - Quanto aos aspectos organizacionais: em relação aos aspectos organizacionais podemos salientar: A definição de qual estrutura organizacional se mostra mais adequada; Os sistemas de informações que serão ou são utilizados; A tecnologia e os equipamentos que serão utilizados; As divisões de áreas dentro da biblioteca. A análise pode ser realizada através de consultores externos, em conjunto com os indivíduos da biblioteca, e também através dos registros históricos, em que podem ser observadas as ações positivas e negativas tomadas ao longo de um período de tempo. Assim, a organização pode definir sua Visão e Missão. A Visão indica as pretensões em relação ao futuro. Em geral, está relacionada ao posicionamento da Competência 03 45 organização em relação ao mercado, como, por exemplo, em cinco anos ser a biblioteca número um em base de dados especializadas para pesquisas científicas. Observe que há um determinante de tempo, no caso acima cinco anos, pois ao longo do tempo os objetivos mudam, principalmente quando este é atendido. A missão indica a razão de ser daquela organização. O que esta pretende oferecer ao mercado e aos seus clientes / usuários, como atender as necessidades informacionais dos nossos usuários através dos serviços de referência e circulação. A Biblioteca é subdividida em setores informacionais (relativos ao acervo) e em setores técnico-administrativos (relativos à gestão). Os setores técnico-administrativos são: A) Administração; B) Processamento Técnico; C) Referência; D) Circulação de Materiais/Balcão de Empréstimo e Devolução Pesquise mais sobre cada um destes setores! Link: http://pt.slideshare.net/LucianoLLC/basico-de-auxiliar-de-biblioteca Neste caso, a missão desta biblioteca está clara: oferecer serviços de consulta de informações e empréstimos de obras. A partir da análise destes pontos, a organização pode definir a sua vantagem competitiva. O que é isto? Este diferencial pode estar relacionado à uma questão física ou estrutura, como um prédio com alta tecnologia, computadores de ponta, livros especializados, acesso à base de dados especializada, localização da organização, etc. Como também o diferencial pode ser a existência de profissionais bem treinados, com amplo Vantagem competitiva é o diferencial que uma organização possui e que faz com que ela possa se destacar perante o seu cliente ou usuário Competência 03 http://pt.slideshare.net/LucianoLLC/basico-de-auxiliar-de-biblioteca 46 conhecimento sobre as informações que os usuários procuram ou a oferta de serviços específicos, como normalização dos trabalhos. Você poderá conhecer mais sobre alguns destes serviços na disciplina de Serviço de Referência e Informação no próximo módulo. É importante que a organização conheça seus pontos fortes e seus clientes para definir qual será sua vantagem competitiva. Qual seria a vantagem competitiva em um contexto de uma biblioteca? Vamos refletir sobre isto? Discuta em sala com seus colegas e poste seu comentário no fórum do encontro presencial 2! Competência 03 47 4.Competência 4 | Compreender as Teorias Comportamentais na Organização Dentro do contexto de mudança e adaptação que estudamos até agora é preciso criar um ambiente que gere motivos para que o trabalhador busque sua satisfação e se sinta motivado a executar seu trabalho. No atual contexto da sociedade informacional, a capacidade de pensar dos indivíduos é valorizada. As organizações dependem cada vez mais dos seus colaboradores, não só por sua força de trabalho, mas pela sua capacidade de resolução de problemas. Figura 19 - motivação humana nas organizações Fonte: http://projeteideias.blogspot.com.br/ Descrição: em cima de uma montanha, um homem ergue os braços abertos. Ao seu lado está escrita a palavra motivação. A adaptação das organizações é realizada pelos seus colaboradores. São eles que modificam suas ações e, consequentemente, a prática organizacional. Os trabalhos em grupos são mais valorizados e equipes interdisciplinares são incentivadas para pensar sobre os problemas da organização. Uma vez que os empregados buscam satisfação e desenvolvimento pessoal no trabalho, as organizações precisam manter um modelo de gestão que favoreça a este ambiente. O grau de empenho e esforço de um indivíduo depende da sua motivação! Competência 04 http://projeteideias.blogspot.com.br/ 48 E as pessoas não fazem as mesmas coisas pelas mesmas razões, cada um está voltado para a satisfação de seus próprios fatores motivacionais. Como vimos na primeira competência, no desenvolvimento das teorias administrativas, a motivação foi vista como um meio de conquistar a eficiência organizacional através do desempenho dos seus colaboradores. De início, com a questão financeira, depois com os incentivos psicossociais. A maior força que a organização possui para desenvolver suas ações vem das pessoas. Desde então, o estudo da motivação no trabalho passou a pesquisar sobre o que instiga as pessoas a agirem a fim de obter um melhor desempenho das capacidades humanas na organização. A partir da publicação do artigo “A Theory of Human Motivation”, em 1943, por Abraham Maslow, os estudos sobre o entendimento e as formas de motivação humana para a gestão de pessoas se consolidaram e muitas teorias surgiram neste cenário com um princípio básico - a busca por eficiência na organização. Esta teoria se tornou a precursora da gestão de pessoas, apesar de não ter tido o propósito organizacional. Maslow diz que a motivação do indivíduo depende do atendimento às necessidades humanas. Primeiro das mais básicas, depois das mais complexas.
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