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Doença de Chagas Causada pelo Trypanosoma cruzi. Vetor: Triatoma – tem hábitos noturnos e vivem nas casas de pau a pique – hematófago. Difícil tratamento. Introdução Trypanosoma cruzi: protozoário agente etiológico da doença de Chagas (tripanossomíase americana ou esquizotripanose). Frequente nas Américas. 18 países da América Latina e presente em 22 países. Brasil: MA até o RS, numa espécie de corredor correspondente a Floresta Amazônica, Mata Atlântica e estado de SC. Hospedeiro Vertebrado Nos hospedeiros vertebrados e na cultura de tecidos são encontradas intracelularmente as formas amastigotas e extracelularmente as formas tripomastigotas presentes no sangue circulante. Ciclo Biológico O ciclo biológico do tipo heteroxênico passando o parasito por uma fase de multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado e extracelular no inseto vetor (triatomíneos). Os hospedeiros primitivos de T. cruzi na natureza foram o tatu, o tamanduá e o bicho preguiça. • O vetor ingere o sangue e evacua, quando ele evacua, ele deixa nas suas fezes o parasito. A pessoa coça e passa as fezes na região onde o barbeiro picou. Ciclo Biológico no Hospedeiro Vertebrado Considerando o mecanismo natural de infecção pelo T. cruzi, os tripomastigotas metacíclicas eliminados nas fezes e urina do vetor, durante ou logo após o repasto sanguíneo, penetram pelo local da picada e interagem com células do SMF da pele ou das mucosas. Neste local, ocorre a transformação dos tripomastigotas em amastigotas, que aí se multiplicam por divisão binária simples longitudinal. • SMF – sistema mononuclear fagocitário. Sintomatologia muito importante. Várias as possibilidades de sintomas. Na maioria das vezes: doença assintomática. • Cultura: determinado fragmento do individuo que esteja infectado. Coloca em um meio que o protozoário precisa para se sobreviver. Epidemiologia Molecular do T. cruzi T. cruzi é um parasito diploide (2n) que se multiplica por divisão binária simples. No entanto, a possibilidade de reprodução sexual deste parasito não é completamente descartada. Mecanismo de Transmissão A infecção ocorre pela penetração de tripomastigotas metacíclicos (eliminados nas fezes ou na urina de triatomíneos, durante o hematofagismo) em solução de continuidade da pele ou mucosa íntegra. Transfusão sanguínea: constitui o segundo mecanismo de importância epidemiológica na transmissão da doença de Chagas. Transmissão congênita: a transmissão ocorre quando existem ninhos de amastigotas na placenta, que liberam tripomastigotas que alcançam à circulação fetal. Acidentes de laboratório: a contaminação pode ocorrer por contato do parasito com a pele lesada, mucosa oral ou ocular ou autoinoculação. Transmissão oral: amamentação, animais ingerindo triatomíneos infectados, canibalismo entre diferentes espécies de animais, pessoas ingerindo alimentos contaminados com fezes ou urina de triatomíneos infectados. Transplante: pode desencadear fase aguda grave, pois o indivíduo que recebe um órgão transplantado infectado faz uso de drogas imunossupressoras e, consequentemente, torna-se menos resistente à infecção. Coito: já foi demonstrado experimentalmente e nunca foi comprovado na espécie humana. A doença – Fase Aguda Pode ser sintomática (aparente) ou assintomática (inaparente). Esta é mais frequente. Ambas estão relacionadas com o estado imunológico do hospedeiro. Inicia-se através das manifestações locais, quando o T. cruzi penetra na conjuntiva (sinal de Romaña) ou na pele (chagoma de inoculação), os linfonodos-satélites são comprometidos. Febre, edema localizado e generalizado, poliadenia, hepatomegalia, esplenomegalia e, às vezes, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas. As perturbações neurológicas são raras e consequência da meningoencefalite que ocorre apenas em crianças muito jovens e em pacientes imunossuprimidos. Fase Crônica – Assintomática Forma indeterminada. Após a fase aguda, os sobreviventes passam por um longo período assintomático (10 a 30 anos). Esta fase é chamada de forma indeterminada (latente) e caracterizada pelos seguintes parâmetros: 1) Positividade de exames sorológicos e/ou parasitológicos; 2) Ausência de sintomas e/ou sinais da doença; 3) Eletrocardiograma convencional normal; 4) Coração, esôfago e cólon radiologicamente normais. Fase Crônica – Sintomática Certo número de chagásicos após permanecerem assintomáticos por vários anos, com o decorrer do tempo apresentam sintomatologia relacionada com o sistema cardiocirculatório (forma cardíaca), digestivo (forma digestiva), ou ambos (forma cardiodigestiva ou mista). Defesa do Organismo Na fase aguda da doença o indivíduo apresenta alta parasitemia. • Temia = sangue. O parasito é encontrado no sangue de maneira elevada. A parasitemia aumenta e depois reduz, onde o paciente desenvolve a fase crônica da doença. Forma Cardíaca A forma cardíaca atinge cerca de 20 a 40% dos pacientes no centro-oeste e sudeste do Brasil. Na cardiopatia chagásica crônica sintomática, o fato clínico principal é a insuficiência cardíaca congestiva (ICC). ICC: isto se deve à diminuição da massa muscular que se encontra muito destruída devido à substituição por áreas de fibrose interrompendo fibras e fascículos; a destruição do SNA simpático e parassimpático. Retorno venoso fica prejudicado. Edema em MMII. Forma Digestiva Brasil: 7 a 11% dos casos. Alterações morfológicas e funcionais importantes: a incoordenação motora (aperistalte, discinesia) caracterizando o megaesôago e o megacólon. Megaesôfago: pode surgir em qualquer idade. Epidemiologia: 20 e 40 anos. Aparece mais no sexo masculino. Na zona rural endêmica é mais comum no sexo feminino. Sintomas: disfagia, odinofagia, dor retroesternal, regurgitação, pirose (azia), soluço, tosse e sialose. O megacólon: dilatações dos cólons (sigmoide e reto) e são mais frequentes depois do esôfago. Forma Mista Forma cardíaca + Forma intestinal. Doença de Chagas Transfusional Período de incubação: 20 a 40 dias. A febre é o sintoma mais frequente, encontrado em 60 a 80% dos pacientes, sendo muitas vezes o único sintoma observado. Doença de Chagas Congênita (DCC) A transmissão pode ocorrer em qualquer momento da gravidez causando abortamentos, partos prematuros com nascimento de bebes com baixo peso (1.500 a 2.000g) e também nati-mortalidade. A placenta pode apresentar alterações, como aumento de volume, de peso e de coloração. Apresenta-se pálida, edemaciada. Doença de Chagas no Paciente Imunossuprimido Doença oportunista do HIV. A reativação da doença tem sido também verificada em leucemia, doença de Hodgkin e em casos de transplantes. Pode evoluir de maneira mais rápida. Diagnóstico Clínico A origem do paciente. Sinal de Romaña e/ou Chagoma de inoculação. Febre irregular ou ausente. Adenopatia satélite ou generalizada. Hepatoesplenomegalia. Taquicardia. Edema generalizado ou dos pés. **Fazem suspeitar de fase aguda de doença de Chagas. Diagnóstico Laboratorial Os métodos de diagnósticos laboratorial apresentam diferentes resultados se aplicados na fase aguda ou crônica da infecção. Fase aguda: alta parasitemia, presença de anticorpos inespecíficos e inicio de formação de anticorpos específicos (IgM e IgG) que podem atingir níveis elevados. • Fase aguda: tem alta parasitemia. • Fase crônica: sorologia. Fase Aguda Exames parasitológicos Exame de sangue a fresco com gota de sangue colocada entre lâmina e lamínula. Exame de sangue em gota espessa. Tem mais chances de detectar o parasito do que o método anterior. Esfregaço sanguíneo corado pelo Giemsa. Cultura de sangue ou material de biópsia. Métodos de concentração:Entre os métodos de concentração podem ser usados o exame de creme leucocitário obtido pós centrifugação em tudo capilar com o sangue colhido com anticoagulante, ou o método de Strout em tubo de hemólise. Inoculação do sangue (0,5mL) ou creme leucocitário em camundongos jovens, preferencialmente de linhagens isogênicas, muito suscetíveis à infecção. O xenodiagnóstico e a hemocultura são métodos muito sensíveis na fase aguda. Exames sorológicos Evidencia a presença de anticorpos específicos no soro do paciente. Reação de precipitação ou preceptina: em desuso não recomendada. Reação de imunofluorescência indireta (RIFI): apresenta alta sensibilidade a partir do 15° dia de infecção, detectando anticorpos da classe IgM. RIFI é uma reação sorológica de escolha para o diagnóstico da fase aguda. Enzime-linked immunosorbent assay (ELISA): detecta classes específicas de anticorpos. É indicada para o diagnóstico de fase aguda, utilizando-se conjugado anti- IgM. • Pode ser feito na fase aguda, mas tem que ter o cálculo correto do tempo para o paciente possuir anticorpo. Fase Crônica Exames parasitológicos – sendo a parasitemia da fase crônica subpatente e muito escassa, a detecção do parasito se dá por métodos parasitológicos indiretos. Xenodiagnósticos – é o método de diagnostico indireto empregado quando se quer detectar o parasito na fase crônica da doença. Hemocultura – quando realizado em paralelo com o xenodiagnóstico, pode apresentar maior sensibilidade. Reação em cadeia da polimerase (PCR) Consiste na amplificação in vitro de fragmentos de DNA de T. cruzi presentes em amostras de sangue, soro ou tecidos do paciente infectado. Esta técnica é de alta sensibilidade, pois é capaz de detectar quantidades de DNA 10 vezes menores ao de uma única célula parasita. Exames sorológicos Reação de fixação de complemento (RFC) ou de Guerreiro e Manchado. É feita om antígeno homólogo (extrato de formas de cultura do parasito sob diferentes preparações). Reações de imunofluorescência indireta (RIFI) – é uma reação muito sensível e a mais utilizada atualmente. Reação de Hemaglutinação indireta (RHA) – técnica muito simples e sensível (mais de 90%) muito utilizada para o diagnóstico de fase aguda e crônica. O antígeno é obtido em formas de cultura do parasito por vários métodos de preparação. Enzime-linked immunosorbent assay (ELISA). Critérios de Cura Os critérios clínicos são de valor limitado, especialmente na fase crônica da infecção. Considera-se curado todo paciente que apresentar além da negativação parasitológica (xenodiagnóstico, hemocultura e PCR), negativação da sorologia convencional LMCO e pesquisa de AATV. Epidemiologia Endêmica em 22 países da América Latina. Presença dos triatomíneos: do sul dos EUA até a Patagônia na Argentina. 3 milhões de brasileiros. Profilaxia A profilaxia da doença de Chagas está intimamente ligada à melhora das condições de vida do camponês, bem como à modificação do hábito de destruição da fauna e da flora. 1) Melhoria das habitações rurais; 2) Combate ao barbeiro; 3) Controle do doador de sangue; 4) Controle de transmissão congênita; 5) Vacinação: a vacinação da doença de Chagas continua em fase de estudos e tem resultados contraditórios e pouco promissores. Tratamento A terapêutica da doença de Chagas continua parcialmente ineficaz. Nenhuma droga consegue suprimir a infecção pelo T. cruzi e promover uma cura definitiva em todos os pacientes tratados. Entre as inúmeras drogas testadas, duas têm sido usadas, com cautela e acompanhamento criterioso, sendo elas: nifurtimox (Lampit) e o benzonidazol (Rochagan). Nos casos crônicos, apesar da pouca eficiência dos medicamentos, aconselha-se o seu emprego. Nifutimox: age contra as formas sanguíneas e parcialmente contra as formas teciduais. Benzonidazol: possui efeitos apenas contra as formas sanguíneas. Os efeitos colaterais observados são: anorexia, perda de peso, vertigens, dermatites urticariformes, cefaleia, sonolência e dores abdominais, hiperexcitabilidade, depressão medular, polineuropatia (mais frequente em idosos e de efeito cumulativo).
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