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Toxoplasma Gondii Protozoário de distribuição geográfica mundial. Alta prevalência sorológica, podendo atingir mais de 80% da população em determinados países. Os casos de doença com manifestação clínica são pouco frequentes. A forma mais grave é encontrada em crianças recém- nascidas. Sequelas neurológicas geralmente associadas a encefalite, coriorretinite e hidrocefalia. Altas taxas de morbidade e mortalidade. Apresenta quadro grave de evolução em indivíduos com o sistema imune comprometido. Toxoplasmose É uma zoonose. Infecção é muito frequente em várias espécies de animais: mamíferos (principalmente carneiro, cobra e porco) e aves. O gato e outros felídeos são os hospedeiros definitivos. O ser humano e os outros animais são os hospedeiros intermediários ou incompletos. Morfologia e Hábitat T. gondii pode ser encontrado em vários tecidos, células (exceto hemácias) e líquidos orgânicos. O parasito apresenta uma morfologia múltipla, dependendo do hábitat e do estágio evolutivo. As formas infectantes que o parasita apresenta durante o ciclo biológico são: bradizoítos e esporozoítos. Formas infectantes do T. gondii Taquizoíto: é a forma encontrada durante a fase aguda da infecção. É uma forma móvel (por deslizamento), de multiplicação rápida. os taquizoítos são pouco resistentes à ação do suco gástrico. Bradizoíto ou cistozoíto: é a forma encontrada em células permanentes de vários tecidos (nervoso, retina, musculares, esqueléticos e cardíacos), geralmente durante a fase crônica da infecção. Oocistos: é a forma de resistência que possui uma parede dupla bastante resistente às condições do meio ambiente. Os oocistos são produzidos nas células intestinais de felídeos não imunes e eliminados imaturos junto com as fezes. A reprodução assexuada vai acontecer no intestino dos felídeos, onde forma o oocisto que será evacuado, o qual passa por um processo de evolução e podemos levá-lo à boca. Ciclo biológico Desenvolve-se em duas fases distintas. Fase assexuada: em vários tecidos de diversos hospedeiros (aves, mamíferos, inclusive gatos e outros felídeos). Fase sexuada (ou coccidiana): nas células do epitélio intestinal de gatos e outros felídeos não imunes. T. gondii apresenta um ciclo heteroxeno, no qual os gatos são considerados por possuírem simultaneamente um ciclo sexuado (células epiteliais do intestino) e um ciclo assexuado (outros tecidos). * O gato pode ser o hospedeiro definitivo e/ou intermediário. O homem, outros mamíferos e aves são considerados os hospedeiros intermediários ou incompletos, pois possuem apenas o ciclo assexuado. Fase Assexuada O homem ingere o parasito: 1) Oocistos maduros contendo esporozoítos encontrados em alimentos ou água contaminada. 2) Cistos contendo bradizoítos encontrados na carne crua. Boi também é hospedeiro intermediário. 3) Ou taquizoítos eliminados no leite. Os taquizoítos que chegam ao estômago são, na sua maior parte, destruídos pelo suco gástrico. Podem também penetrar na mucosa oral. Cada esporozoíto ou bradizoíto (após diferenciação para taquizoítos) sofrerá multiplicação intracelular, após rápida passagem pelo epitélio intestinal e invadira vários tipos de células do organismo. Fase Sexuada Ocorre somente nas células epiteliais do intestino delgado de gatos e outros felídeos não imunes. Ocorre uma fase reprodutiva previa por merogonia (esquizogonia) seguida por outra sexuada (gametogoria) do parasito. Um gato não imune, infectando-se oralmente com oocistos, cistos ou taquizoítos desenvolverá o ciclo sexuado. Transmissão Em algumas regiões 40 a 80% dos adultos aparentemente apresentam-se positivos para toxoplasmose, em testes sorológicos. O ser humano adquire a infecção por três vias principais: 1) Ingestão de oocistos presentes em água, verduras mal lavadas, solo ou disseminados mecanicamente por moscas, baratas, etc. 2) Ingestão de cistos encontrados em carne crua ou mal cozida, especialmente de porcos, ovinos e caprinos. 3) Passagem transplacentária, sendo que o risco deste tipo de transmissão cresce de 14% no primeiro trimestre da gestação após a infecção materna primária até 59% no último trimestre da gestação. Patogenia T. gondii geralmente parasita seus hospedeiros (definitivo e intermediário), sem produzir sinais clínicos. Apenas em raras ocasiões o parasito causa manifestação clínicas graves. Taquizoítos de T. gondii podem disseminar a partir do local da infecção para linfonodos mesentéricos e para outros órgãos mais distantes através da linfa ou do sangue. Definitivo: gato e felídeos Toxoplasmose transplacentária ou pré-natal Para que se instale uma toxoplasmose transplacentária é necessário que a gestante esteja na fase aguda da doença ou tenha havido uma reativação da infecção durante a gravidez associada a imunodepressão acentuada. A parasitemia por T. gondii durante a gestação pode causar placentite e alguns taquizoítos podem atravessar a placenta e disseminar tecidos fetais. • Parasitemia: encontrar o taquizoíto na corrente sanguínea. Alterações fetais na gravidez Primeiro trimestre da gestação. Segundo trimestre da gestação: aborto ou nascimento prematuro, podendo a criança apresentar-se normal ou já com anomalias graves típicas. Terceiro trimestre da gestação a criança pode nascer normal e apresentar evidências da doença alguns dias, semanas ou meses após o nascimento. Lesões: nistagmo, estrabismo, catarata. Na idade adulta poderá haver uma eventual reativação das formas latentes, levando a uma toxoplasmose ocular. * Reativação da doença por queda no sistema imune. Toxoplasmose adquirida ou pós-natal Dependendo da virulência da cepa, estado de imunidade da pessoa, a toxoplasmose pós-natal pode apresentar desde casos benignos ou assintomáticos (a maioria) até casos de morte. - Ganglionar ou Febril Aguda - É a forma mais frequente. Encontrada tanto em crianças quanto em adultos. Há um comprometimento ganglionar, generalizando ou não com febre alta. Pode ainda ocorrer mialgia, dor abdominal, hepatoesplenomegalia, mal-estar e exantema. - Ocular - A coriorretinite é a lesão mais frequentemente associada à toxoplasmose. A toxoplasmose ocular ativa consiste em um foco coagulativo e necrótico bem definido da retina. Pode estar presente uma inflamação difusa da retina e da coroide. – Encefalite – Manifestação clínica rara em indivíduos imunocompetentes. condição observada frequentemente em indivíduos com AIDS ou em pacientes utilizando drogas imunossupressoras. Reativação de cistos (SNC) em indivíduos com infecções latentes. Neurotoxoplasmose Sinais e sintomas generalizados ou focais. Principal causa de déficit neurológico local e pacientes com SIDA. TC: típicas lesões hipodensas com captação anelar de contraste. Líquor e sorologia não servem para o diagnóstico. Não adianta fazer punção lombar de neurotoxo. Toxoplasmose e doenças psiquiátricas Provável associação entre a presença de anticorpos para T. gondii e desordens neuropsiquiátricas em pacientes imunocompetentes particularmente a esquizofrenia. Diagnóstico Clínico ou laboratorial. O diagnóstico clínico não é fácil de se realizar. Demonstração do parasito O diagnóstico de toxoplasmose é realizado rotineiramente com base em testes sorológicos. A demonstração do parasito é utilizada em raras situações: durante a fase aguda ou reativação, em amostras de liquido amniótico ou líquido cefalorraquidiano (pacientes imunodeficientes). A utilização de testes sorológicos torna possível caracterizar a fase da doença pela detecção de diferentes classes de anticorpos. Toxoplasmose no recém-nascido O método de escolha é a pesquisa dos anticorpos do tipo IgM nosoro do recém-nascido. IgM não atravessa barreira placentária. * Ou seja, se o bebê apresentar IgM, quer dizer que é dele e não da mãe. * IgG talvez ele tenha tido a infecção. (?) IgG atravessa. para comprovar a infecção no recém-nascido utilizando as reações de RSF, RIFI ou ELISA, as recomendações são: 1) Título de anticorpos IgG no recém-nascido ser maior que o título da mãe em pelo menos duas diluições. Nasceu o neném, dosa a mãe e o neném – o IgG do bebê é maior que o da mãe no primeiro teste e depois no segundo teste, então é dele, ele que foi infectado e produziu. 2) Elevação significativa dos títulos de anticorpos IgG no recém-nascido em amostras sucessivas, coletadas em intervalos de 15 dias. 3) Persistência da reação positiva no lactente, após 6 meses de nascimento. Mãe foi infectada, produziu IgM, produziu IgG, mas não passou infecção para o bebe. Então o IgG circulante dela é também circulante no bebê. Toxoplasmose no adulto Devem ser realizados testes sorológicos em pacientes suspeitos de toxoplasmose aguda, a intervalos de 2 a 3 semanas. Recomenda-se utilizar pelo menos dois métodos preferencialmente ELISA ou RIFI. Nos casos de viragem sorológica (teste negativo torna-se positivo) ou uma ascensão constante de título, indicará infecção aguda. – EM RESUMO – IgM (-) IgG (+) - infecção crônica e imunidade. IgM (+) IgG (+) - infecção recente ou aguda. Porque começou a produzir primeiro a IgM da infecção aguda e depois a IgG. IgM (+) IgG (-) - infecção aguda. IgM (-) IgG (-) - paciente susceptível. IgM e IgG positivos, caso ocorra aumento de 4x ou mais dos títulos de IgG, comparando a fase inicial dos sintomas com a fase de convalescência. Para saber mesmo se tem infecção aguda – tem que ir dosando o IgG para ver se os títulos aumentarão, ou fazer um teste de avidez. Toxoplasmose ocular Diagnóstico da toxoplasmose ocular: dados clínicos, pesquisa de anticorpos e exame de fundo de olho para se observar as lesões na retina. Opcionalmente, o diagnóstico imunológico pode ser feito avaliando a produção intraocular de anticorpos. Toxoplasmose em indivíduos imunodeficientes Pelo fato de a doença envolver mais frequentemente a reativação da primoinfecção, recomenda-se que sejam realizados testes sorológicos anti-IgG em pacientes de risco, no início da evolução da AIDS. Em pacientes imunodeficientes com suspeita de toxoplasmose, além de teste sorológico, recomenda-se a utilização da tomografia para a localização de lesões cerebrais. Suspeita de toxoplasmose: pode desenvolver neurotoxoplasmose. Epidemiologia Tanto os felídeos domésticos, como os selvagens (jaguar, jaguatirica) são os únicos animais que podem realizar o ciclo sexuado, eliminando após a primo-infecção milhões de oocistos imaturos nas fezes. O carnivorismo (ingestão de carne contendo bradizoítos) e a disseminação de oocistos na água e no solo interfere na ampla destruição desse protozoário. Tratamento Incurável: persistência dos cistos nos tecidos do hospedeiro. Para que ocorra cura radical, os bradizoítos devem ser eliminados. Os medicamentos utilizados atuam apenas contra as formas proliferativas (taquizoítos). Os medicamentos usados são: Toxoplasmose aguda assintomática: associação pirimetamina com a sulfadiazina ou a sulfadiazina (Fansidar). Toxoplasmose aguda em gestantes: tem como objetivo diminuir a incidência e a gravidade da toxoplasmose no feto. O tratamento deve ser administrado em caso de soroconversão ou infecção aguda, mesmo que a gestante seja assintomática. Toxoplasmose ocular ativa: a terapêutica é baseada principalmente na administração oral de anti-inflamatório (prednisona) e antiparasitários. As associações mais usadas são: 1) Pirimetamina, sulfadiazina e prednisona (alcança 85% de cura, sendo a associação mais usada). 2) Cloridrato de clindamicina, sulfadiazina e prednisona (alcança 93% de cura). 3) Espiromicina, sulfadiazina e melicarten (alcança 65% de cura). 4) Azitromicinas: bom resultado sem causar efeitos colaterais. Encefalite em imunodeficientes: associação de pirimetamina e sulfadiazina ou pirimetamina e clindamicina. Esta última associação: pacientes que não toleram a primeira. Tratamento em gestantes Primeiro trimestre: Espiromicina – deve ser mantida ate o final da gestação, caso a infecção fetal seja descartada. Segundo trimestre: caso haja infecção fetal – sulfadiazina + pirimetamina + ácido fólinico intercalando com espiromicina. Último mês: pesar risco benefício do esquema tríplice pelo risco de hiperbillirrubimenia neontal. Profilaxia “Vivendo o homem num mar de toxoplasma” torna-se difícil a aplicação de medidas profiláticas. Podem ser inferidos alguns procedimentos: 1) Beber apenas água filtrada e /ou fervida. 2) Controlar a população de gatos. 3) Os criadores de gatos devem manter os animais dentro de casa e alimentá-los com carne cozida ou seca, ou com ração de boa qualidade. 4) Incinerar todas as fezes dos gatos. 5) Proteger as caixas de areia em escolas infantis, para evitar que os gatos defequem nesse local. 6) Não se alimentar de carne crua ou mal cozida de qualquer animal ou leite cru. 7) Fazer o exame sorológico pré-natal trimestral para toxoplasmose em todas as gestantes com ou sem histórico de enfartamento ganglionar ou aberto. 8) Tratamento das grávidas em fase aguda. 9) Desenvolvimento de vacinas: sem nenhum resultado preventivo concreto até o momento.
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