Buscar

Toxoplasmose: Definição, Sintomas e Prevenção

Prévia do material em texto

Disciplina: Microbiologia
Toxoplasmose
 
 
 
 
Microbiologia: Toxoplasmose
 
 
Sumário
1.	 Introdução	4
2. Definição	4
2.1 Taxonomia	5
3.	Sintomas	6
4.	Morfologia	7
4.1 Traquizoítos	7
4.2 Bradizoítos	7
4.3 Oocistos	8
5.	 Ciclo Biológico	9
5.1 Fase Assexuada	10
5.2 Fase Sexuada	11
6.	 Diagnóstico e Imunidade	12
7.	 Toxoplasmose e gestação	13
8.	 Neurotoxoplasmose	15
9.	 Toxoplasmose Ocular	16
10. Considerações Finais	17
Bibliografia	18
1. Introdução
 Em 1908 Charles Nicolle e Louis Manceaux descreveram um organismo que conhecemos como toxoplasmose. A toxoplasmose é uma doença causada pelo protozoário Toxoplasmose gondii que geralmente é difundido por via oral no consumo de alimentos crus ou mal passados, a reprodução desse parasita ocorre entre os felinos, por isso todos devem evitar a exposição a fezes de gato, a melhor prevenção para doença consiste em cozinhar bem os alimentos e higiene. Um cuidado maior deve ser feito em mulheres grávidas para não contrair a doença durante a gestação.
 Estima-se que 50% da população mundial está infectada com toxoplasmose sem apresentar sintomas, segundo o Instituto Adolf Lutz no Brasil 1 a cada 3 pessoas estão infectadas. 
 Na maioria dos casos não precisam de tratamento, pois o sistema imunológico do indivíduo protege o corpo para não haver manifestação do protozoário, e em apenas casos agudos pode levar a morte.
 Sendo assim, será simplificado a seguir o que é a toxoplasmose, os cuidados, prevenção e tratamento da doença.
 2. Definição
 Toxoplasmose é uma doença infecciosa (não contagiosa) por protozoários comuns em países tropicais e com clima quente, pode ser causado por via oral com os parasitas, ou ser toxoplasmose congênita, quando o bebê recebe a doença da mãe e em raros casos em transfusão de sangue. O primeiro a descrever o organismo no Brasil foi Magarinos Tôrres em 1927. Em 1941 Albert Sabin (estadunidense) confirmou que há transmissão de mãe para filho durante a gravidez. 
 Esse protozoário é encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se hospedar em humanos e outros animais. “Os felinos eliminam no ambiente o oocisto, que vai para o tecido do boi e formar o cisto. Aí aqueles carnívoros que vão se alimentar desses animais, como o homem que faz um churrasco mal passado, pode se infectar com essa carne”, explicou a pesquisadora Maria Regina Reis Amendoeira, chefe do Laboratório de Toxoplasmose do Instituto Oswaldo Cruz (IOC).
 A profilaxia é simples, consiste em: não ingerir carnes cruas ou malcozidas; comer apenas vegetais e frutas bem lavados; ferver a água consumida; evitar contato com fezes de gato, a grávida pode evitar a doença fazendo o acompanhamento médico adequado (pré- natal) e pessoas com deficiência imunológica a prevenção pode ser necessária com o uso de medicação dependendo de uma análise individual de cada caso.
2.1 Taxonomia
 Reino: Protista
 Sub-reino: Protozoa 
 Filo: Apicomplexa
 Ordem: Eucoccidiida
 Família: Sarcocystidae
 Gênero: Toxoplasma
 Espécie: Toxoplasma Gondii
3. Sintomas 
 Uma grande parte da população contém o parasita, mas não apresenta sintoma sistema imunológico encontra-se fortalecido. 
 Os sintomas são variados e dependem dos estágios da infecção que pode ser aguda crônica. Na maioria das vezes se apresenta com febre, dor de cabeça, confusão mental, alteração nos gânglios linfáticos, falta de coordenação e convulsão.
 Os cistos crescem e podem afetar negativamente as estruturas dos músculos, o cérebro, no coração ou na retina, levando alterações neurológicas, problemas cardíacos ou cegueira. Os cistos permanecem no portador, mas devido à imunidade não se manifestam e combatem oocistos que possam ser ingeridos. Se o indivíduo desenvolver ou for medicado para imunodeficiência, como após transplantes de órgãos, doenças auto--imunes ou na AIDS, as formas ativas podem ser reativadas a partir dos cistos.
 Nas mulheres gestantes que contraem a toxoplasmose pode ocorrer aborto ou nascimento de criança com icterícia e crises convulsivas.
 A toxoplasmose é um parasita intestinal de felídeos e tecidual (intracelular) dos demais hospedeiros, por isso o único local conhecido de reprodução do parasita é entre os felinos. No entanto, o parasita pode infectar grande parte dos animais de sangue quente, incluindo o ser humano.
4. Morfologia
4.1 Traquizoítos
 
 Devido ao pequeno tamanho e sua forma de banana ou meia lua (demonstrado na figura 1), são poucos resistentes ao pH gástrico e podem ser facilmente confundidos com restos celulares ou corpos apoptóticos. Nos taquizoítos é possível distinguir núcleo e citoplasma e o microrganismo lembra um plasmócito em miniatura, sendo o núcleo excêntrico. Se multiplica rapidamente dentro do vacúolo citoplasmático de várias células.Figura 1. Taquizoíto
Traquizoíto
 O consumo de leite cru com alguns de taquizoítos do parasita, principalmente de cabras, pode ser em forma de infecção, mas rara, pois a cabra tem de se infectar durante a lactação para que tenha a possibilidade de passagem de taquizoítos para o leite. 
4.2 Bradizoítos
 
 Os microrganismos contidos nos cistos são chamados bradizoítos (Figura 2) por serem formas de multiplicação lenta ou de repouso. Os cistos medem de 20 ~20 μm e cisto = 3000 bradizoítos. Encontrada em vários tecidos (muscular, nervoso, retina). Entra em contato com o ser humano na ingestão de carne crua contaminada, geralmente, do porco. Tem metabolismo lento (endodiogenia) e são encontrados na fase crônica da doença. Figura 2: Bradizoíto
4.3 Oocistos
 Os oocistos (Figura 3) são esféricos e de pouca resistência (parede dupla) e produzidos no intestino dos felinos. Os oocistos esporulados são elipsoides, não são infecciosos antes da esporulação, eles aparecem nas fezes dos gatos entre 3-5 dias após os cistos teciduais ou entre 20-34 dias após a ingestão dos oocistos. Eles apresentam membrana dupla de grande resistência. Quando são eliminados amadurecem em 2 esporocistos. O período de incubação varia de 10 a 23 dias após a ingestão de carne mal cozida, e de 5 a 20 dias após ingestão de oocistos (Jone et al., 2001); Os gatos podem adquirir a infecção por ingestão de carne contaminada por pseudocistos ou de oocistos eliminados por outros gatos. Figura 3. Oocistos
 
 
5. Ciclo Biológico
Figura 4. Ideograma do ciclo da toxoplasmose
De acordo com a figura 4, temos:
1a. Os ovos de toxoplasmose são eliminados nas fezes do gato, ficando no ambiente uma média de 5 dias.
1b. Os gatos podem ser infectados novamente ao ingerir alimentos contaminados com os ovos.
2. Outros animais podem ingerir os ovos em solo, água ou areia para gatos contaminada e contrair a infecção.
3. Pouco depois que os ovos forem consumidos, esses ovos liberam taquizoítos.
4. Os taquizoítos se espalham pelo corpo do animal e formam cistos no tecido nervoso e muscular.
5. Os gatos são infectados depois de comer animais que contêm esses cistos.
6a. As pessoas podem ser infectadas ao comer carne mal cozida contendo esses cistos.
6b. As pessoas também podem infectar-se se ingerirem alimentos, água ou outros materiais (como solo) contaminados com fezes de gato ou tocar em areia para gatos domésticos e depois levar a mão à boca.
7. Em casos raros, as pessoas são infectadas ao fazerem uma transfusão de sangue ou transplante de órgão que contenha o parasita.
8. Em casos raros, a infecção é transmitida da mãe para o feto.
9. Nas pessoas, os parasitas formam cistos em tecidos, geralmente no músculo e no coração, cérebro e olhos. 
5.1 Fase Assexuada
· Em uma ingestão de taquizoítos em carnes cruas ou mal cozidas, os traquizoítos são destruídos ao chegar no estômago, mas aderem e penetram na mucosa oral.
· Os oocistosatravessam o estômago e liberam esporozoítos e bradizoítos que penetram nas células da mucosa local.
· Após oito horas de ingestão do agente infectante, que já estão interiorizadas nas células do hospedeiro dentro do vacúolo, iniciando a reprodução assexuada.
· Ocorre a fase proliferativa, em que a multiplicação é rápida caracterizando em uma fase aguda, depois disso por uma ação imunitária desaparece os traquizoítos do sangue e dos órgãos, iniciando a formação dos cistozoítos que protegem os bradizoítos no interior, essa multiplicação lenta caracteriza a fase crônica.
5.2 Fase Sexuada
· Inicia quando um felino ingere taquizoítos, que conseguem ultrapassar a barreira do suco gástrico e assim completam a fase sexuada. Os felinos podem se contaminar com oocistos, cujos estes, liberam esporozoítos no intestino, fazendo o ciclo se dividir em 2 fases: assexuada ou merogonia e fase sexuada ou gametogonia.
· Na fase assexuada o agente infectante penetra no epitélio intestinal, a célula hospedeira se rompe e libera merozoítos, que penetram em outras células epiteliais, originando assim os gametócitos (como ocorre na figura 5).
· O gametócito feminino (macrogametócito) amadurece e transforma-se em gametócito masculino (microgametócito) em que esse, por sua vez, se transforma em dois flagelos, que irão formar um ovo ou zigoto, formando um oocisto que será eliminado nas fezes.
Gato – 1 ª hospedeiro
Rato – 2ª hospedeiro
Figura 5. Fase Sexuada
6. Diagnóstico e Imunidade
· Imunidade humoral 
IgM 	IgG após a infecção do hospedeiro.
As imunoglobulinas do IgG são detectadas dentro de 8 a 12 dias a partir do momento da infecção. A produção de IgM é de curta duração.
· Imunidade celular
Quando ocorre a infecção, os macrófagos englobam os taquizoítos, onde os parasitas causam a multiplicação, inibida através da fusão entre fagossomos e lisossomos que são estimulados.
· Teste Elisa – IgG para avidez
Avalia a afinidade da ligação do Ag à IgG 
Avidez < 30% = IgG de baixa afinidade – infecção recente < 16 semanas
Sem avidez > 60% = IgG de alta afinidade – infecção antiga > 16 semanas
Sem avidez entre 30 – 60 % = inconclusivo
· Diagnóstico no feto
Amniocentese – Após 18 semanas de gestação 
 Teste PCR – DNA de toxoplasma gondii
Cordocentese – IgM para toxoplasma gondii no sangue fetal
Obs.: Lembrando que quem teve toxoplasmose deve esperar 1 ano após a cura para doar sangue
7. Toxoplasmose e gestação
· Congênita ou Transplacentária- Quando a grávida estiver na fase aguda pode contaminar o feto com traquizoítos. 
	Trimestre Gestacional
	1ª
	2ª
	3ª
	
Aborto
	Aborto ou nascimento prematuro. A criança pode nascer normal ou com anomalias.
	A criança pode nascer normal e apresentar sinais da doença no futuro.Tabela 1 - Trimestre Gestacional
· Sequelas nos bebês
Hepatoesplenomegalia, icterícia, edemas pulmonares, miocardite, retardo mental, meningoencefalite, calcificações cerebrais, hepatoesplenomegalia, lesões do SNC, linfadenopatia generalizada, lesões oculares e pneumonite.
· Incidência
Primeiro Trimestre – 10 a 15%
Segundo Trimestre – 30%
Terceiro Trimestre – 60%
· Testes sorológicos
ELISA, IFI, teste de Sabin- Feldmam e hemaglutinação passiva.
· Investigação de comprometimento fetal
USG morfológica do 1ª e 3ª trimestre
Microcefalia ou hidrocefalia, hidropsia, hepatoesplenomegalia, placentomegalia
· Interpretação da sorologia para IgG e IgM
	IgG
	IgM
	Interpretação
	Negativa
	Negativa
	Susceptibilidade
	Positiva
	Negativa
	Imunidade
	Negativa ou Positiva
	Positiva
	Possibilidade da doença ativa
Tabela 2:Interpretação
 
 Na toxoplasmose congênita no RN é: pirimetamina (daraprim) 2 mg/Kg/dia, via oral, nos primeiros dois dias, seguido por 1 mg/Kg/dia por dois ou seis meses e, após, 1 mg/Kg/dia três vezes por semana; associada à sulfadiazina na dose de 100 mg/Kg/dia, via oral, de 12/12 horas; ácido folínico 10 a 20 mg/dia, via oral, três vezes por semana (até completar um ano de tratamento). 
8. Neurotoxoplasmose
 
 Uma infecção no cérebro de pessoas com baixa imunidade causada pelo toxoplasma gondii, transmitida principalmente por gatos. A neurotoxoplasmose é uma doença grave que se instala no cérebro (Figura 6) ou no sistema nervoso central podendo ocasionar danos na visão.
 A neurotoxoplasmose torna-se mais comum em pessoas com uma contagem de linfócitos CD4 abaixo de 100 cel/mm³. Sua incidência foi reduzida inicialmente com a introdução da profilaxia com sulfametoxazol e trimetoprima.
 Os sintomas consistem em vômitos, febre, fraqueza muscular, letargia, cefaleia, coma, gagueira e convulsões. O diagnóstico pode ser feito coma exames de tomografia computadorizada ou ressonância magnética, também pode perceber a ausência do parasita quando não há anticorpos IgG anti-T. gondii no soro e liquor, ou quando há presença de imunoglobulinas IgA específicas no liquor e IgG na saliva podem configurar encefalite toxoplasmática.
 O tratamento precoce é essencial para a cura do paciente, com a descoberta da doença em estágio inicial pode haver melhora no máximo de 15 dias, são utilizado comumente a sulfadiazina, o ácido folínico e a pirimetamina (daraprim). É importante ressaltar que em pacientes imunossuprimidos deve haver um acompanhamento no tratamento para evitar a recidiva da doença.
Figura 6. Tomografia Computadorizada
9. Toxoplasmose Ocular
 A toxoplasmose ocular é uma manifestação rara, mas avançada da doença, que deve ter tratamento imediato para ocorrer uma reversão no quadro clínico do indivíduo.
 O protozoário se aloja na parte anterior do olho (Figura 7), então o médico realiza um mapeamento de retina e um exame do fundo do olho identificando possíveis lesões na retina ou na coróide.
 Os sintomas que da toxoplasmose ocular não são específicos, sendo os principais: fotofobia, moscas volantes, pontos pretos, olhos vermelhos e em casos incomuns a diminuição da visão.
 O protozoário pode causar sequelas nos pacientes tais como: cicatrizes e diminuição da visão.
 
 Figura 7. Toxoplasmose Ocular
10. Considerações Finais
 A toxoplasmose apesar de não haver a cura, muitas pessoas podem conviver com o parasita e não ter nenhuma manifestação da doença, ou com sintomas leves. O diagnóstico deve ser feito no estágio inicial, pois a doença de forma aguda pode trazer ao individuo sérias complicações e até mesmo a morte.
 A toxoplasmose em mulheres grávidas pode e deve ser evitada, por ventura se o feto tiver contato com a doença, o tratamento deve ser iniciado imediatamente.
 Caso o diagnóstico confirme a presença do protozoário no organismo, deve iniciar o tratamento imediato para não haver um agravamento no quadro clínico, neurotoxoplasmose e toxoplasmose ocular apresentam sérios riscos ao indivíduo.
 O individuo infectado pode durante o tratamento manter o seu gato de estimação (hospedeiro do taxoplasma gondii) e ficar atento aos cuidados básicos, como manter as caixas de areia do gato ao ar livre e ao manuseá-las com luvas. O tratamento deve ser feito com responsabilidade para não haver uma reinfecção.
Bibliografia
Caso do Serviço de Neurocirurgia da Santa Casa de Limeira (Chefe Prof. Antonio Augusto Roth-Vargas), gentilmente contribuído pelos Drs. Marcelo Senna Xavier de Lima, Paulo Roland Kaleff e Hoyama da Costa Pereira. Imagens tomográficas por obséquio dos Drs. Caio Sauer e Lúcio Schoenmann do Nascimento, Centro de Diagnóstico por Imagem (CDI), Limeira, SP. 
Torgerson, Paul R; Mastroiacovo, Pierpaolo (2013). «The global burden of congenital toxoplasmosis: a systematic review»
Diniz EMA. Infecções congênitas. Parte 2: Aspectos neonatais. In: Isfer EV, Sanchez RC, Saito M, editores. Medicina Fetal: diagnóstico pré-natal e conduta. Rio de Janeiro: Revinter; 1996. p. 545-80.
2020 Merck Sharp & Dohme Corp., subsidiária da Merck & Co., Inc., Kenilworth, NJ, EUA
https://saude.gov.br/saude-de-a-z/toxoplasmose
McOrist A.L., Jackson M. & Bird A.R. A comparison of five methodsfor extraction of bacterial DNA from human faecal samples.J. Microbiol. Methods, 50:131-139, 2002.
2

Continue navegando