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ELETROFISIOLOGIA-CARDÍACA-AVALIAÇÃO-E-INTERVENÇÕES-TECNOLÓGICAS-NAS-URGÊNCIAS-E-EMERGÊNCIAS-CARDIOLÓGICAS

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3 
2 A ANATOMIA DO CORAÇÃO ............................................................. 4 
2.1 Estruturas cardíacas ................................................................... 10 
3 ARRITMIAS CARDÍACAS ................................................................. 19 
3.1 Fisiopatologia .............................................................................. 20 
4 ATIVIDADE ELÉTRICA DO CORAÇÃO ............................................ 28 
5 ELETROCARDIOGRAMA ................................................................. 34 
6 FUNÇÕES BÁSICAS DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ............... 39 
7 PARADA CARDIOPULMONAR ......................................................... 42 
7.1 Diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar................................ 45 
7.2 Estabelecer compressão torácica ............................................... 47 
7.3 Estabelecer via aérea ................................................................. 48 
7.4 Terapias elétricas ........................................................................ 49 
7.5 Vias para administração de medicamento .................................. 51 
7.6 Medicações usadas no tratamento da PCR ................................ 52 
7.7 Intervenções do enfermeiro ......................................................... 55 
8 REFERÊNCIAS ................................................................................. 58 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão 
a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as 
perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 A ANATOMIA DO CORAÇÃO 
O coração é uma bomba muscular que produz a força necessária para o 
sangue circular. Segundo VanPutte, Regan e Russo (2016), as funções do coração 
são as seguintes: 
1. Gerar pressão arterial: os movimentos de contração e relaxamento do 
coração geram pressão, que possibilita ao sangue circular; 
2. Garantir o fluxo unidirecional: as valvas cardíacas se abrem para a 
passagem do sangue e se fecham para impedir o seu refluxo; assim, o sangue 
segue em apenas uma direção (fluxo unidirecional); 
3. Regular o fornecimento de sangue: a frequência com que ocorrem as 
contrações cardíacas aumenta conforme a demanda dos tecidos e também 
depende do estado em que a pessoa se encontra — em repouso ou realizando 
exercícios — e das mudanças de posição do corpo (deitado, em pé ou sentado). 
O coração é um órgão com o tamanho aproximado de um punho fechado e 
a forma de um cone arredondado. Localiza-se entre os dois pulmões, dentro da 
cavidade torácica, na região conhecida como mediastino. A sua base é voltada para 
a região posterior e para cima, e o ápice, para a região anterior, inferior e para a 
esquerda. (TORTORA E DERRICKSON 2017). 
 
5 
 
 
 
Externamente, o coração é recoberto pelo pericárdio, uma membrana dupla 
composta pelo pericárdio fibroso e pelo pericárdio seroso. O pericárdio fibroso tem 
a função de manter o coração no lugar. Já a função do pericárdio seroso é reduzir 
o atrito do coração com as estruturas adjacentes durante os batimentos cardíacos. 
O pericárdio seroso é composto por duas lâminas e um pequeno espaço entre elas, 
a cavidade pericárdica, preenchida com o líquido pericárdico. A lâmina parietal é 
aquela que faz limite com o pericárdio fibroso, e a lâmina visceral faz limite com a 
parede do coração. (TORTORA E DERRICKSON 2017). 
 
 
 
6 
 
Segundo VanPutte, Regan e Russo (2016) a parede do coração tem três 
camadas: 
 O epicárdio é a camada externa e protege contra o atrito; 
 O miocárdio é uma camada de músculo liso e faz a contração (batimentos 
cardíacos); e 
 O endocárdio é uma camada fina que recobre toda a parte interna do 
coração e protege o miocárdio do atrito com o sangue. 
A parte interna do coração é constituída por quatro compartimentos 
(câmaras), sendo dois átrios e dois ventrículos. Os átrios são as câmaras 
superiores do coração, e os ventrículos, as inferiores. Cada átrio se comunica com 
um ventrículo localizado do mesmo lado do coração, direito ou esquerdo. Essa 
comunicação é realizada pela abertura de estruturas chamadas de valvas 
atrioventriculares (valvas AV). Os ventrículos não se comunicam: eles são 
separados pelo septo interventricular. De igual modo, os átrios também não se 
comunicam, pois são separados pelo septo interatrial. (TORTORA E DERRICKSON 
2017). 
No átrio direito chegam as veias cavas inferior e superior e o seio coronário, 
trazendo o sangue venoso (rico em gás carbônico) da circulação sistêmica. No átrio 
esquerdo chegam as quatro veias pulmonares, trazendo o sangue oxigenado 
(sangue arterial) da circulação pulmonar. Do ventrículo direito sai o tronco pulmonar 
que leva o sangue venoso para o pulmão, e do ventrículo esquerdo sai a artéria 
aorta, que distribui o sangue arterial para as coronárias do coração e para os tecidos 
de todo o corpo. (TORTORA E DERRICKSON 2017). 
 
 
 
 
 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
 
O ciclo cardíaco envolve todos as etapas para a ocorrência de um batimento 
cardíaco. Em um ciclo cardíaco normal, ocorre a contração dos dois átrios (sístole 
atrial) enquanto os dois ventrículos relaxam (diástole ventricular), e, a seguir, os 
dois átrios relaxam (diástole atrial), enquanto ocorre a contração dos ventrículos 
(sístole ventricular). (TORTORA E DERRICKSON 2017). 
 
 A fase de contração é chamada de sístole. 
 A fase de relaxamento é chamada de diástole. 
 
9 
 
 O ciclo cardíaco é composto pela sístole e pela diástole das câmaras 
cardíacas, promovendo o bombeamento do sangue e, assim, a circulação. 
(DERRICKSON 2017). 
 
 
 
10 
 
No primeiro momento, todas as câmaras estão relaxadas. No segundo 
momento, ocorre a sístole dos átrios, levando ao enchimento dos ventrículos. O 
sangue flui pelas valvas atrioventriculares que estão abertas. No terceiro momento, 
os átrios relaxam e as valvas AV se fecham para impedir o retorno do sangue. 
Ocorre, então, a sístole dos ventrículos, ejetando o sangue para fora do coração. 
Nesse momento, as válvulas semilunares da artéria aorta e do tronco pulmonar 
estão abertas para permitir a passagem do sangue. (TORTORA E DERRICKSON 
2017). 
2.1 Estruturas cardíacas 
Quando usamos o termo estruturas cardíacas, logo o associamos ao 
principal órgão do sistema cardiovascular, que é o coração. No entanto, para que o 
coração possa realizar bem suas funções, outros elementos são fundamentais, 
como o sangue e os vasos sanguíneos. Por isso, antes de falarmos do coração, 
vamos abordar brevemente esses dois importantes componentes desse sistema. 
(FOX, 2007). 
 
Sangue e vasos sanguíneos 
Conforme Fox (2007), o sangue é composto por duas porções: uma célula, 
também denominada elementos figurados, e outra líquida, conhecida como plasma. 
Os elementos figurados são células transportadas peloplasma. Entre as células 
mais numerosas estão os eritrócitos, os leucócitos e as plaquetas. Os eritrócitos, 
também chamados de hemácias, são as células vermelhas do sangue, que contêm 
hemoglobina e transportam oxigênio. 
Os leucócitos são as células brancas e atuam na defesa do corpo contra 
microrganismos invasores. As plaquetas são fragmentos celulares que atuam na 
coagulação sanguínea (STANFIELD, 2013). 
Já o plasma é um líquido de cor palha constituído por água, proteínas e 
solutos dissolvidos (FOX, 2007). 
 
11 
 
O sangue é transportado em nosso corpo pelos vasos sanguíneos. Ele 
segue um percurso circular, saindo do coração em direção aos mais diversos órgãos 
para depois retornar ao coração. (FOX, 2007). 
Segundo Stanfield (2013, p. 421) os vasos sanguíneos “[...] se ramificam 
repetidamente, tornando-se mais numerosos e de menor diâmetro, como os ramos 
de uma árvore se tornam menores e mais numerosos ao se afastarem do tronco. ” 
Os três principais tipos de vasos sanguíneos são os arteriais, os capilares 
e os vênulas. O arterial é o vaso que recebe o sangue do coração e distribui para 
os demais órgãos e leva o sangue até os vasos capilares. Nas paredes finas dos 
capilares ocorre a difusão de gases e metabólitos. Em seguida, esse sangue irá 
para as vênulas, que levam o sangue de volta ao coração (STANFIELD, 2013). 
 
Coração 
Segundo Vilela (2018) o coração se caracteriza por ser um órgão muscular 
oco, localizado na parte central do tórax, levemente deslocado à esquerda. Em um 
adulto, seu peso gira em torno de 400 g, tendo a dimensão aproximada de um punho 
fechado. O coração chega a bombear cinco litros de sangue por minuto, mesmo 
tempo que leva para o sangue circular por todo o corpo e voltar (FOX, 2007). 
O coração é envolvido por um saco membranoso bastante resistente, 
chamado de pericárdio, e é coberto pelo músculo cardíaco, chamado de miocárdio 
(SILVERTHORN, 2017). 
Stanfield (2013) afirma que a função do coração é gerar força, que move o 
sangue ao longo dos vasos sanguíneos para chegar aos demais órgãos. 
Ward e Linden (2014) apontam que o coração tem um marca-passo 
intrínseco, que faz com que ele não necessite de estímulo nervoso para bater 
normalmente, embora seja regulado pelo sistema nervoso autônomo. 
A estrutura do coração é formada por quatro câmaras: duas superiores e 
duas inferiores. As câmaras superiores são chamadas de átrios, e é nessa região 
que entra o sangue que retorna ao coração pelos vasos. Nas câmaras inferiores, 
 
12 
 
também denominadas ventrículos, o sangue chega dos átrios gerando a força que 
move o mesmo do coração para os vasos (STANFIELD, 2013). 
Além de ser dividido em câmaras, o coração também pode ser separado 
por lado: metade direita e metade esquerda. O átrio e o ventrículo direito formam o 
coração direito, enquanto o átrio e o ventrículo esquerdo formam o coração 
esquerdo. Essa divisão é importante porque a comunicação entre as cavidades 
ocorre somente entre átrios e ventrículos que estão do mesmo lado, não havendo 
outra forma de comunicação no coração. O coração direito se comunica a partir da 
válvula tricúspide e o coração esquerdo a partir da válvula bicúspide ou mitral. (FOX, 
2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
Os átrios e ventrículos de cada lado são separados por uma parede 
chamada de septo. Essa parede tem a função de impedir a mistura do sangue do 
coração direito com o sangue do coração esquerdo. O septo interatrial separa os 
átrios e o septo interventricular separa os ventrículos. Outros importantes elementos 
estruturais do coração são o seu polo superior, chamado de base, e o seu polo 
inferior, que é mais estreito, chamado de ápice. (FOX, 2007). 
Percurso do fluxo sanguíneo Stanfield (2013) afirma que, embora o número 
de vasos sanguíneos torne complexa a estrutura do sistema cardiovascular, a 
disposição do sistema é conceitualmente simples. Essas vias por onde ocorre a 
circulação sanguínea pode ser dividida em dois grandes sistemas: a grande 
circulação, ou circulação sistêmica, e a pequena circulação, ou circulação pulmonar. 
A circulação sistêmica leva o sangue oxigenado para órgãos e tecidos, enquanto a 
circulação pulmonar leva o sangue para ser oxigenado pelos pulmões. Outra 
diferença entre os circuitos são os lados: o coração direito vai enviar o sangue para 
a circulação pulmonar, já o esquerdo para a sistêmica, sendo que o sangue de um 
lado nunca se mistura com o outro (WARD; LINDEN, 2014). Em comum, ambos 
possuem uma densa rede de capilares, onde vai ocorrer a troca de nutrientes e 
gases. 
Sobre essa atividade, Stanfield (2013, p. 421) discorre: 
Nos capilares pulmonares, o oxigênio se move do ar para o 
sangue nos pulmões, enquanto o gás carbônico sai do sangue. Ao sair dos 
capilares pulmonares, o sangue é relativamente rico em oxigênio e é 
denominado sangue oxigenado. Os leitos capilares do circuito sistêmico se 
localizam em todos os órgãos e tecidos. Nesses órgãos e tecidos, as 
células consomem oxigênio e geram gás carbônico; assim, enquanto o 
sangue percorre os capilares sistêmicos, o oxigênio sai do sangue e o gás 
carbônico entra no sangue. O sangue que deixa os capilares sistêmicos é 
denominado sangue desoxigenado, por ser relativamente pobre em 
oxigênio. 
 
O sangue oxigenado tem coloração vermelha viva, e o desoxigenado é mais 
escuro. Na literatura, o sangue desoxigenado, para ser diferenciado, recebe o nome 
de sangue azul, pois confere à veia uma coloração azulada. (FOX, 2007). 
 
14 
 
Segundo Stanfield (2013), o fluxo em série ocorre da seguinte forma: 
 Através da aorta, o ventrículo esquerdo bombeia o sangue oxigenado 
aos capilares de todos os órgãos e tecidos da circulação sistêmica; 
 O sangue se torna desoxigenado nos capilares sistêmicos, retornando 
ao coração pelas veias cavas; a veia cava superior conduz o sangue que está acima 
do músculo diafragma, e a inferior, o sangue que está abaixo; 
 Do átrio direito, o sangue atravessa a válvula atrioventricular direita e 
entra no ventrículo direito; 
 O ventrículo direito bombeia a partir da valva do tronco pulmonar em 
direção ao tronco pulmonar, levando sangue desoxigenado aos pulmões; 
 O sangue se torna oxigenado nos pulmões, viajando ao átrio esquerdo 
pelas veias pulmonares, que são as únicas veias que conduzem sangue oxigenado; 
 Do átrio esquerdo, o sangue atravessa a valva atrioventricular 
esquerda em direção ao ventrículo esquerdo, seu ponto de partida, repetindo assim 
todo o ciclo. 
O sangue na circulação sistêmica sai do coração pelo ventrículo esquerdo, 
vai pela artéria aorta e é levado aos sistemas corporais, onde ocorre a troca gasosa 
(o oxigênio fica nos tecidos e o dióxido de carbono é drenado), e volta ao coração 
pelas veias cavas com dióxido de carbono, entrando no átrio direito. (FOX, 2007). 
Na circulação pulmonar, o sangue sai do coração pelo ventrículo direito pela 
artéria pulmonar com dióxido de carbono, chega aos pulmões, onde ocorre a troca 
gasosa (dióxido de carbono por oxigênio) e volta ao coração pelas veias pulmonares 
com oxigênio, entrando pelo átrio esquerdo. (FOX, 2007). 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Valvas cardíacas e semilunares 
 
Para garantir que o sangue siga uma circulação unidirecional, sem retornos 
em direção contrária, o coração possui quatro valvas. Elas são constituídas de 
tecido conectivo denso e recobertas por endotélio. As valvas atrioventriculares são 
aquelas que fazem a comunicação dos átrios com os ventrículos. A valva tricúspide 
comunica o átrio e o ventrículo direito, já a valva bicúspide (ou mitral) comunica o 
átrio e o ventrículo esquerdo. As valvas semilunares se localizam na artéria aorta e 
no tronco da artéria pulmonar. (FOX, 2007). 
 
16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1718 
 
Os sons dos batimentos cardíacos não estão relacionados à contração do 
músculo cardíaco na sístole, mas, sim, ao fechamento das valvas. O primeiro som, 
ou seja, a primeira bulha cardíaca, deve-se ao fechamento das valvas AV. A 
segunda bulha cardíaca é produzida pelo fechamento das valvas semilunares. Em 
algumas pessoas, é possível auscultar uma terceira bulha, devido ao 
turbilhonamento do sangue no interior dos ventrículos. (FOX, 2007). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
3 ARRITMIAS CARDÍACAS 
Para compreender as arritmias, é importante saber como funciona a 
condução elétrica no coração, que ocorre inicialmente no nodo sinoatrial, 
considerado o marcapasso natural do coração, pois coordena todo o processo de 
contração e relaxamento dos ventrículos seguindo com impulso para nodo 
atrioventricular e feixe de His-Purkinje. (STANFIELD, 2013). 
 Nodo sinoatrial (marca-passo natural): despolariza-se em um ritmo 
de 80-100 bpm. (STANFIELD, 2013). 
 Nodo atrioventricular (AV): segundo marca-passo (acessório), 
despolariza-se a um ritmo de 60 bpm. (STANFIELD, 2013). 
 Feixe de His: bifurca-se em ramo direito e esquerdo, dando origem às 
fibras de Purkinje, que vão se espalhar pelos ventrículos, e despolariza a um ritmo 
de aproximadamente 40 bpm. (STANFIELD, 2013). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
3.1 Fisiopatologia 
A arritmia acontece quando o coração perde a capacidade do controle do 
sistema de condução, fazendo com que haja alterações na frequência e ritmo dos 
batimentos cardíacos. O ritmo normal, fisiológico é de 60 a 100 batimentos por 
minuto. (STANFIELD, 2013). 
 
Segundo Stanfield, (2013) as arritmias se dividem em taquiarritmias e 
bradiarritmias. 
 
Taquiarritmias 
 
As taquiarritmias têm como característica o aumento da frequência 
cardíaca, que fica acima de 100 por minuto. Subdividem-se em taquiarritmias atriais 
e ventriculares. (JUNG, C.F, 2004) 
 Taquiarritmias atriais: são classificadas em taquicardias atriais, 
flutter atrial e fibrilação atrial. São identificadas pela onda P no eletrocardiograma, 
que se apresenta com morfologia diferente da sinusal. (JUNG, C.F, 2004) 
 Taquicardia atrial: é caracterizada por foco de ativação no átrio, fora 
do nodo átrio ventricular (NAV), como deveria ocorrer normalmente. (JUNG, C.F, 
2004) 
 
 
 
21 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Flutter atrial: caracteriza-se pela frequência extremamente alta e, 
com isso, não permite que o impulso seja conduzido através do NAV; frequência 
atrial em torno de 300bpm. Diferencia-se da fibrilação atrial pela regularidade das 
ondas P e por atividade elétrica atrial coordenada. (JUNG, C.F, 2004) 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fibrilação atrial: caracteriza-se por atividade elétrica caótica, fazendo 
com que as paredes atriais se estremeçam em vez de se contraírem. Como a 
contração dos átrios não ocorre normalmente, eles deixam de auxiliar no 
bombeamento sangue para o interior dos ventrículos. (JUNG, C.F, 2004) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
 Taquiarritmias ventriculares: batimentos ventriculares prematuros. 
Pode ocorrer algumas vezes e retornar ao ritmo normal; durando mais de 30 
segundos, é chamada de taquicardia ventricular sustentada. (JUNG, C.F, 2004) 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Fibrilação ventricular: é caracterizada por uma série potencialmente 
fatal de contrações ventriculares descoordenada, ineficazes e muito rápidas, 
causadas por múltiplos impulsos elétricos caóticos, fazendo com que os ventrículos 
vibrem em vez de se contraírem de forma coordenada. (JUNG, C.F, 2004) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Segundo Jung, C.F, (2004) as manifestações clínicas 
 Dispneia; 
 Dor torácica; 
 Palpitações. 
 
 
Bradiarritmias 
 
As bradiarritmias têm como característica a diminuição da frequência 
cardíaca, menor que 60 bpm, e ocorrem nos bloqueios atrioventriculares. Esses 
bloqueios atrioventriculares se caracterizam por um atraso na condução da corrente 
elétrica à medida que ela atravessa o sistema de condução atrioventricular. 
(CAVALCANTI, 2009) 
 
 
 
26 
 
 
Existem 3 tipos de bloqueios: 
 Bloqueio atrioventricular de primeiro grau: caracteriza-se por 
atraso nos impulsos elétricos vindos dos átrios para os ventrículos, ou seja, atraso 
para atravessar o nódulo atrioventricular. O bloqueio atrioventricular de primeiro 
grau é frequente em atletas submetidos a intensos treinamentos, adolescentes, 
adultos jovens e em pessoas com um nervo vago muito ativo. Esse distúrbio 
raramente causa sintomas. (CAVALCANTI, 2009) 
 
 
 Bloqueio atrioventricular de segundo grau: caracteriza-se por 
somente alguns impulsos chegarem aos ventrículos, fazendo com que o coração se 
contraia de forma lenta. (CAVALCANTI, 2009) 
 
27 
 
 
 
 
 Bloqueio atrioventricular de terceiro grau: caracteriza-se por 
impulsos originados nos átrios que não chegam aos ventrículos, fazendo com que 
o ritmo cardíaco passe a ser controlado pelo nódulo atrioventricular, pelo feixe de 
His ou pelos próprios ventrículos. (CAVALCANTI, 2009) 
 
Manifestações clínicas 
 Frequência cardíaca baixa, menos de 50 batimentos por minuto 
(devido ao estímulo não se iniciar no marca-passo natural); 
 Cansaço; 
 Enjoo; 
 
28 
 
 Desmaio. (CAVALCANTI, 2009). 
 
4 ATIVIDADE ELÉTRICA DO CORAÇÃO 
Cerca de 1% das células musculares cardíacas são diferentes das demais, 
pois têm a característica de gerar potenciais de ação. Um potencial de ação é um 
evento elétrico capaz de estimular células susceptíveis à estimulação pelo potencial 
de ação. A geração desse estímulo elétrico de forma rítmica estimula o coração a 
bater. (FOX, 2007). 
Segundo Tortora e Derrickson (2017), essas células têm duas funções: 
atuam como um marca-passo natural, emitindo um ritmo para todo o coração, e 
formam o complexo estimulante do coração, que se trata do caminho percorrido 
pelos potenciais de ação no músculo cardíaco. O complexo estimulante do coração 
é formado pelos seguintes componentes: 
 Nó sinoatrial (nó SA): o potencial de ação inicia no nó SA, localizado 
na parede do átrio direito, próximo da veia cava superior. O estímulo parte do nó SA 
e é conduzido para os dois átrios. 
 Nó atrioventricular (nó AV): o potencial de ação chega ao nó AV, 
localizado no septo interatrial. Ali, a propagação do estímulo desacelera, dando o 
tempo necessário para os átrios contraídos esvaziarem o sangue para dentro dos 
ventrículos. 
 Fascículo atrioventricular (feixe de His): o potencial de ação entra 
no fascículo atrioventricular, localizado no septo interventricular. O estímulo é 
propagado pelos ramos direito e esquerdo, que se estendem por todo o septo 
interventricular. 
 
29 
 
 Fibras de Purkinje: por fim, o potencial de ação chega aos ramos 
subendocárdicos das fibras de Purkinje. O estímulo elétrico atinge rapidamente toda 
a parede dos ventrículos. Assim que acaba a sístole atrial, ocorre a sístole 
ventricular. 
 
A propagação dos potenciais de ação pelo músculo cardíaco gera correntes 
elétricas, que podem ser captadas por eletrodos adaptados à pele do paciente em 
determinados locais. A esse procedimento se dá o nome de eletrocardiograma 
(ECG). A atividade elétrica captada produz um registro gráfico em forma de ondas. 
O ECG é um exame importante para o diagnóstico de problemas cardíacos. (FOX, 
2007). 
 
30 
 
Para que o sangue seja distribuído ao restante do corpo é necessário que 
ele seja bombeado pelo coração. Isso ocorre a partir da contração desse músculo, 
primeiramente, pelos dois átrios e, em seguida, pelos dois ventrículos. Essas 
contrações realizadas pelo coração são coordenadas a partir de uma atividade 
elétrica chamada de sistemade condução. Esse sistema determina a sequência de 
excitação das células musculares cardíacas. (FOX, 2007). 
Stanfield (2013) esclarece que, diferentemente do musculo esquelético, o 
músculo cardíaco não necessita do comando do sistema nervoso central para se 
contrair, pois, no coração, esse comendo é feito por sinais originados no interior do 
próprio músculo. Essa capacidade que o coração tem de gerar sinais que levam a 
sua contração se chama autorritmicidade, e ela se deve à “[...] ação de uma 
pequena porcentagem de células musculares, denominas células autorrítmicas, que 
geram pouca ou nenhuma força contrátil, mas são críticas para a ação bombeadora 
do coração, porque promovem o ritmo do batimento cardíaco” (STANFIELD, 2013, 
p. 428). 
As células autorrítmicas são divididas em dois tipos: células marca-passo, 
que iniciam a ação e estabelecem o ritmo do batimento; e fibras de condução, que 
transmitem os potenciais de ação pelo coração. A união das ações de ambas 
estabelece os sinais de condução. (STANFIELD, 2013, p. 428). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
 
As fibras de condução são especializadas para a condução rápida dos 
potenciais de ação gerados pelo marca-passo para as demais regiões, assim 
desencadeando as contrações. Por terem maior diâmetro, elas realizam essa 
condução de maneira mais rápida do que as fibras comuns. (STANFIELD, 2013, p. 
428). 
Stanfield (2013) afirma que os potenciais de ação das fibras de condução 
podem se propagar até 4 metros por segundo, enquanto as fibras comuns se 
propagam em torno de 0,3 a 0,5 metros por segundo. Vejamos como ocorre a 
excitação entre as células e como se dá a condução durante um batimento cardíaco. 
Silverthorn (2017) divide a sequência de eventos elétricos nas seguintes 
etapas. 
1. A primeira etapa é o início do potencial de ação a partir do nó sinoatrial 
(SA), com a despolarização se propagando para as células vizinhas. 
2. A despolarização chega ao nó atrioventricular (AV) por meio das vias de 
condução intermodais (sistema de fibras que correm pelas paredes dos átrios). 
3. Na sequência o impulso é conduzido ao nó AV, que irá transmiti-lo a 
outras células de condução, porém, não na mesma velocidade — o impulso é 
retardado em cerca de 0,1 segundo. Do nó AV, o impulso percorre o atrioventricular, 
única conexão entre átrios e ventrículos. 
4. O sinal percorre uma curta distância ao longo do fascículo atrioventricular 
para, na sequência, dividir-se entre os ramos direito e esquerdo, que conduzem os 
impulsos para o ventrículo direito e esquerdo, respectivamente. 
5. Desses ramos, os impulsos percorrem uma extensa rede de ramificações 
chamadas de fibras de Purkinje, que se distribuem pelo miocárdio ventricular, 
propagando-se para as demais células do coração. Essa despolarização espalha-
se para cima a partir do ápice. 
 
 
32 
 
 
 
A propagação da excitação pelo músculo cardíaco segue um padrão 
ordenado, como se fosse uma “onda de excitação”. Essa onda começa no nó SA, 
indo em direção aos átrios, depois se “afunila” no feixe atrioventricular por meio do 
nó AV, onde o impulso sofre uma lentidão. Em seguida, os impulsos chegam aos 
feixes, onde são conduzidos à parte inferior dos ventrículos, espalhando-se a todo 
músculo ventricular, do ápice para a base (STANFIELD, 2013). 
 
33 
 
 
 
 
Segundo Stanfield, 2013 quem determina o ritmo dos batimentos cardíacos 
são as células do nó SA, por terem maior capacidade de potencial de ação do que 
as demais células — em torno de 70 por minuto contra 50 do AV, por exemplo. 
Embora as células do nó AV e as fibras de Purkinje também tenham esse potencial 
de ação, elas só vão agir como marca-passo em algumas condições, acompanhe: 
Se o nó SA não disparar um potencial de ação ou se ele se tornar 
extremamente lento, o nó AVA iniciará os potenciais de ação, que 
percorrerão o sistema de condução e desencadearão a contração 
ventricular. O nó AV pode também assumir o controle do batimento 
cardíaco se a condução entre os nós for bloqueada ou se tornar lenta por 
algum motivo. Nessas circunstâncias, o nó AV atua como sistema de 
 
34 
 
energia alternativo, que mantém a contração dos ventrículos. Se por algum 
motivo o nó AV é incapaz de deflagrar a contração ventricular, o coração 
tem ainda outro sistema redundante: certas células nos ramos 
subendocárdicos podem assumir o controle. Contudo, a frequência de 
disparos dessas células é de apenas 30 a 40 impulsos por minutos 
(STANFIELD, 2013, p. 429). 
 
5 ELETROCARDIOGRAMA 
O eletrocardiograma (ECG) é popularmente conhecido como um exame 
que busca monitorar os batimentos e as atividades elétricas cardíacas, 
evidenciando se há alguma dificuldade nessas atividades. Sendo assim, o ECG é o 
registro da propagação da corrente elétrica pelo coração em função do tempo, 
durante o ciclo cardíaco (STANFIELD, 2013). 
A mesma autora aponta que essa medida é realizada por meios de 
eletrodos colocados sobre a pele: 
A atividade elétrica gerada em tecido nervoso ou muscular se 
propaga pelo corpo porque os fluidos corpóreos atuam como condutores. 
Quanto mais sincronizada é a atividade, maior é a amplitude dos sinais 
registrados a certa distância da fonte. Como a atividade elétrica do coração 
é altamente sincronizada, potenciais elétricos de amplitude relativamente 
grande, que correspondem a fases elétricas distintas, podem ser 
detectados na superfície da pele (STANFIELD, 2013, p. 436). 
O procedimento para o registro do ECG, criado pelo fisiologista holandês 
Willem Einthoven, baseia-se em um triângulo equilátero imaginário circunjacente ao 
coração. Os três vértices do triângulo são o membro superior direito (MSD), o 
membro superior esquerdo (MSE) e o membro inferior esquerdo (MIE), e os 
eletrodos são colocados sobre cada um desses vértices (os cantos do triângulo). A 
esse procedimento se dá o nome de triângulo de Einthoven. (STANFIELD, 2013; 
FOX, 2007). 
Fox (2007) e Stanfield (2013) apontam que certos pares de eletrodos 
recebem o nome de derivações e são designados por números romanos. Esse 
 
35 
 
conceito é bastante importante para entendermos como se dá o registro dos ECGs, 
pois cada derivação específica vai detectar a diferença no potencial elétrico entre 
os eletrodos negativos e positivos. Vejamos sobre cada derivação (STANFIELD, 
2013; FOX, 2007): 
Derivação I: detecta o potencial no membro superior esquerdo menos o 
potencial no membro superior direito. 
Derivação II: detecta o potencial no membro inferior esquerdo menos o 
potencial no membro superior direito. 
Derivação III: detecta o potencial no membro inferior esquerdo menos o 
potencial no membro superior esquerdo. 
 
Cabe ressaltar ainda que a direção da onda (para cima ou para baixo) 
depende de a diferença entre os dois eletrodos ser positiva ou negativa. 
(STANFIELD, 2013). 
 
 
36 
 
 
 
Fox (2007, p. 388) sublinha que o ciclo cardíaco produz três ondas 
eletrocardiográficas distintas. Segundo o autor “essas ondas representam 
alterações de potencial entre duas regiões da superfície do coração que são 
produzidas pelo efeito composto de potenciais de ação de numerosas células 
miocárdicas”. 
As três ondas eletrocardiográficas, que são a onda P, a onda QRS e a onda 
T. A onda P é uma deflexão para cima, causada pela despolarização atrial. O 
complexo QRS se caracteriza por ser uma série de deflexões agudas para cima e 
para baixo, causada pela despolarização ventricular. Já a onda T é uma deflexão 
para cima, causada pela repolarização ventricular. Cabe ressaltar que a 
 
37 
 
repolarização atrial, em geral, não é detectada pelo ECG, pois ocorre 
simultaneamente ao complexo QRS (STANFIELD, 2013; FOX, 2007). 
 
 
 
O ECG é um exame importante porque pode apresentar atividades elétricas 
anormais do ciclo cardíaco, as chamadas arritmias cardíacas. Elas podem ocorrer 
devido a um disparo anormal do nóSA. Entre as arritmias mais conhecidas estão a 
taquicardia (FC de repouso elevada, com mais de 100 bpm) e a bradicardia (FC de 
repouso baixa, com menos de 50 bpm) (STANFIELD, 2013). 
 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
6 FUNÇÕES BÁSICAS DO SISTEMA CARDIOVASCULAR 
O sistema cardiovascular, também conhecido como sistema circulatório, é 
um dos mais importantes aparelhos do corpo humano, abrangendo-o de forma 
completa. Esse sistema é regulador de todas as funções em nosso organismo, pois 
seus componentes, como o sangue e o coração, estão envolvidos nos mais variados 
processos do corpo. Sendo assim, essas funções precisam ser realizadas com 
grande eficiência para que tudo funcione corretamente na “máquina da vida”. (FOX, 
2007). 
 
Fox (2007) aponta que as funções do sistema cardiovascular são as 
seguintes: 
 Transporte de nutrientes; 
 Transporte de gases oxigênio (O2) e dióxido de carbono (CO2); 
 Transporte de produtos de excreção das células para órgãos 
excretores; 
 Transporte de hormônios e produtos metabólicos; 
 Regulação da temperatura corpórea; 
 Defesa contra agentes patogênicos. 
 
O transporte é a principal função do sistema cardiovascular, pois todas as 
substâncias essenciais para o metabolismo celular são transportadas pela 
circulação. Essas substâncias podem ser classificadas da seguinte forma (FOX, 
2007): 
 Respiratórias: os eritrócitos fazem o transporte de oxigênio às células 
e a eliminação do gás carbônico realizada pelos pulmões. Nos pulmões, o oxigênio 
do ar inalado se ligar às moléculas de hemoglobina no interior dos eritrócitos e é 
transportado às células para a respiração. Já o dióxido de carbono produzido na 
 
40 
 
respiração celular é transportado pelo sangue aos pulmões, sendo eliminado 
quando o ar é exalado pela boca ou narinas. 
 Nutritivas: os nutrientes ingeridos pelo sistema digestório são 
igualmente levados pelo sangue aos órgãos e tecidos do organismo. Na digestão 
há a decomposição química e mecânica do alimento, que é absorvido da parede 
intestinal para o interior dos vasos sanguíneos. Assim, o sangue transporta os 
nutrientes através do fígado para as células. 
 Excretórias: as nossas células também produzem resíduos que 
precisam ser eliminados do corpo. Dessa forma, os produtos da decomposição 
metabólica (como a ureia), o excesso de água e de íons e outras moléculas 
igualmente desnecessárias para o organismo são transportados pelo sangue para 
os rins, sendo, na sequência excretados, pela urina. 
 
Além dessas três funções relacionadas ao transporte, há ainda a 
distribuição de outras substâncias que, quando armazenadas ou produzidas, podem 
ser liberadas na corrente sanguínea para serem utilizadas em outras regiões, como 
o caso da quebra de glicogênio, que fica armazenado no fígado e, posteriormente, 
serve como fonte de energia para o corpo. (FOX, 2007). 
A segunda função do sistema cardiovascular é a regulação. Segundo Fox 
(2007), esse sistema contribui para duas regulações do nosso corpo, conforme 
indicado a seguir. 
 Hormonal: os hormônios são produzidos pelo sistema endócrino e, 
para chegarem aos órgãos-alvo, eles são distribuídos pelo sangue a esses tecidos 
distantes, podendo assim desempenhar as funções reguladoras em nosso corpo. 
 Temperatura: a regulação da temperatura corporal é bastante 
auxiliada pelo desvio do sangue dos vasos cutâneos mais profundos para os 
superficiais — e o contrário também ocorre. Esse processo ocorre da seguinte 
maneira: quando a temperatura do ambiente é alta, o desvio do sangue vai dos 
vasos mais profundos para os mais superficiais, ajudando a resfriar o corpo. No 
 
41 
 
entanto, quando a temperatura do ambiente é baixa, o desvio ocorre de forma 
contrária, ou seja, dos vasos superficiais para os profundos, ajudando a manter o 
corpo aquecido. 
A terceira função do sistema cardiovascular pode ser identificada como a 
de proteção. De acordo com Fox (2007), esse sistema protege contra a perda 
sanguínea ocasionada por lesões e contra toxinas ou microrganismos estranhos ao 
corpo. 
Veja, a seguir, suas funções (FOX, 2007; SILBERNAGL; DESPOPOULOS, 
2009). 
 Coagulação: o processo de coagulação protege o corpo quando 
ocorre uma lesão em algum vaso, que acarreta perda de sangue. Esse processo 
também é chamado de homeostasia. Após o rompimento do vaso, ocorre a 
vasoconstrição, que é a contração do vaso afetado. A seguir, as plaquetas formam 
uma espécie de tampão na região lesada, impedindo um maior vazamento de 
sangue para fora da região. Com a coagulação ocorre a transformação de 
substâncias, sendo a trombina e a vitamina K as principais responsáveis pela 
regeneração do vaso lesado, fechando a ruptura. 
 Imunológica: esta função é igualmente realizada pelo sangue a partir 
de sua função protetiva. Os leucócitos (também chamados de glóbulos brancos) 
são um grupo de várias células, que protegem o nosso corpo dos agentes 
patogênicos, que nos causam doenças. Além disso, as plaquetas participam 
ativamente do processo de coagulação sanguínea anteriormente descrito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
7 PARADA CARDIOPULMONAR 
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças 
cardiovasculares (DCV) são a primeira causa de morte no mundo. No Brasil, 300 
mil pessoas morrem por ano devido a doenças cardiovasculares (AVEZUM et al., 
2009). 
A PCR é “[...] a cessação súbita das funções cardíacas, respiratórias e 
cerebrais. ” Essa condição pode ser comprovada quando não há pulso central, seja 
ele carotídeo ou femoral, não há movimentos respiratórios ou o paciente está em 
respiração agônica (chamado gasping), e ainda, o paciente está inconsciente 
(UFSC, 2013, p 45). 
As doenças do aparelho circulatório representam a principal causa de óbito 
no país e as doenças isquêmicas do coração são responsáveis por 80% dos 
episódios de morte súbita. O Ministério da Saúde instituiu a Portaria GM/MS nº 
2.420, em 09 de novembro de 2004, constituindo um grupo técnico (GT) com a 
finalidade de avaliar e recomendar estratégias de intervenção do SUS para 
abordagem da morte súbita. (VIEIRA.et al.,2013). 
No meio de todas as situações que caracterizam risco de morte iminente, 
nenhuma emergência supera a prioridade do atendimento da parada 
cardiopulmonar (PCR). A PCR é comprovada pela ausência de pulso central 
(carotídeo ou femoral), de movimentos respiratórios (apneia) ou respiração agônica 
(gasping), inconsciência que ocorre de 8 a 12 segundos após a PCR. (VIEIRA.et 
al.,2013). 
A detecção e tratamento precoce das PCR é fator determinante para 
assegurar a sobrevivência, evitando o comprometimento neurológico causado pela 
falta de oxigenação cerebral, resultando em sequelas graves irreversíveis. Este 
evento, na maioria das vezes, ocorre fora do ambiente hospitalar e é geralmente 
presenciado pela família, colegas de trabalho ou por pessoas desconhecidas, que 
não possuem conhecimento sobre as ações básicas para manutenção da vida, que 
 
43 
 
poderiam ser aplicadas até a chegada do atendimento pré-hospitalar. (VIEIRA.et 
al.,2013). 
Situações com maior risco de evoluir para uma PCR: cardiopatias (destas, 
a doença aterosclerótica coronária é a mais importante) hipertensão arterial, 
diabete, antecedentes familiares de morte súbita, anóxia, afogamento, pneumotórax 
hipertensivo, hemopericárdio, choque, obstrução das vias aéreas, broncoespasmo 
e reação anafilática. (HSL,2006). 
Principais sinais e sintomas que precedem uma PCR: dor torácica, 
Sudorese, Palpitação precordial, tontura, escurecimento visual, Perda de 
consciência, alterações neurológicas, sinais de baixo débito cardíaco, Parada de 
sangramento prévio. (HSL,2006). 
Sinais clínicos de uma PCR: inconsciência, ausência de movimentos 
respiratórios ausência de pulsos em grandes artérias (femoral e carótidas) ou 
ausência de sinais de circulação. (HSL, 2006). 
A sobrevivênciado paciente e a prevenção de danos neurológicos 
decorrentes da PCR são determinadas pela detecção e tratamento precoce desse 
evento. Ele é descrito em três fases (AHA, 2010): 
 Fase elétrica: do início da PCR até 5 (cinco) minutos depois. Etapa 
em que a desfibrilação imediata é fundamental. 
 Fase circulatória: de 5 (cinco) a 15 (quinze) minutos depois da PCR. 
Etapa em que as compressões torácicas são fundamentais, para manutenção da 
perfusão coronariana e cerebral. 
 Fase metabólica: de 10 (dez) a 15 (quinze) minutos depois da PCR. 
Etapa em que a eficácia da desfibrilação e das compressões torácicas diminuem 
bastante, e o indicado seria a hipotermia terapêutica. 
Em um caso de PCR em adultos, quando se evidencia uma pessoa não 
responsiva e que não respira ou respira anormalmente, a primeira medida a ser 
tomada é chamar por ajuda, depois verificar o pulso por no máximo 10 (dez) 
segundos e imediatamente iniciar as compressões torácicas, só por último 
 
44 
 
realizando as ventilações. A prioridade é o suporte cardíaco, uma vez que os 
retardos na execução das compressões torácicas diminuem a sobrevivência (AHA, 
2010). 
Chama-se desfibrilação a administração de uma corrente elétrica no 
músculo cardíaco, na forma de um choque por um curto período de tempo. Seu 
efeito faz esse músculo parar de contrair em ritmo anormal. A desfibrilação é 
indicada apenas na fibrilação ventricular (FV) e taquicardia ventricular sem pulso 
(TV). Dois tipos de energia podem ser utilizados, dependendo do aparelho que se 
disponibiliza, a monofásica e a bifásica. Se o aparelho for mais antigo, é provável 
que seja monofásico, o qual a energia atravessa o coração em um único sentido, 
sendo utilizada uma carga de 360 joules. Já para os que são bifásicos, a energia 
aplicada é menor, de 120 a 200 joules, pois ela passa pelo coração em um sentido 
e retorna no sentido oposto (AHA, 2010). 
O atendimento avançado na PCR, através do algoritmo convencional, 
pretende racionalizar a Reanimação Cardiopulmonar (RCP), de maneira que ela 
seja de alta qualidade. As compressões precisam ser fortes para que deprimam no 
mínimo 5 (cinco) centímetros do tórax, e rápidas com frequência de no mínimo 100 
(cem) compressões por minuto, permitindo o retorno completo do tórax após cada 
compressão. A relação entre compressões e ventilações precisa ser de 30 (trinta) 
para 2 (duas). Além disso, devem-se evitar as interrupções e não ventilar 
excessivamente, na frequência de uma ventilação a cada 6 a 8 segundos sem via 
aérea definitiva e uma ventilação a cada 8 a 10 segundos com via aérea definitiva, 
esta última de maneira ininterrupta. Via aérea definitiva na RCP é entendida como 
a entubação com tubo permeável por via oral ou nasal (AHA, 2010). 
O manejo de uma PCR pode seguir duas vias possíveis de atendimento, de 
acordo com o ritmo cardíaco que se apresenta (AHA, 2012): 
 Ritmo desfibrilável: casos de Fibrilação Vetricular (FV) ou Taquicardia 
Ventricular sem Pulso (TV); 
 
45 
 
 Ritmo não desfibrilável: casos de Assistolia ou Atividade Elétrica Sem 
Pulso (AESP). 
Pode-se conceituar a FV identificando algumas características: complexo 
QRS de aparência anormal, frequência cardíaca elevada e desorganizada, ritmo 
irregular e ondas que variam de tamanho e forma. O ritmo caótico da FV produz 
contração ineficaz do ventrículo e débito cardíaco inadequado, ocasionado então 
uma PCR (UFSC, 2013). 
7.1 Diretrizes de ressuscitação cardiopulmonar 
As diretrizes da AHA (2010) para RCP e ACE se baseiam em um processo 
internacional de avaliação de evidências, envolvendo centenas de cientistas e 
especialistas em ressuscitação de todo o mundo que avaliaram, discutiram e 
debateram milhares de publicações revisadas por pares. 
O principal ponto de discussão e alterações nas diretrizes de 2010 da AHA 
é a necessidade de uma RCP de alta qualidade, que inclui: 
 Frequência de compressão mínima de 100/minuto (em vez de 
"aproximadamente" 100/minuto, como era antes); 
 Profundidade de compressão mínima de 2 polegadas (5 cm), em 
adultos, e de no mínimo, um terço do diâmetro anteroposterior do tórax, em bebes 
(aproximadamente, 1,5 polegada [4 cm], em crianças 2 polegadas 5 cm); 
 Retorno total do tórax após cada compressão; 
 Minimização das interrupções nas compressões torácicas; 
 Evitar excesso de ventilação 
Entretanto, não houve alteração na recomendação referente à relação 
compressão ventilação de 30:2 para um único socorrista de adultos, crianças e 
bebes (excluindo-se recém-nascidos). As Diretrizes continuam recomendando que 
as ventilações de resgate sejam aplicadas aproximadamente, 1 segundo. Assim 
 
46 
 
que houver uma via aérea avançada colocada, as compressões torácicas poderão 
ser continuas (frequência mínima de 100/minuto). (AHA, 2012) 
As ventilações deverão ser realizadas a cada 6 ou 8 segundos (cerca de 8 
a 10 ventilações por minuto). (AHA, 2012) 
O atendimento da PCR é estruturado numa sequência de intervenções 
aplicadas de forma integrada e contínua, esta sequência é chamada de corrente da 
sobrevivência do atendimento cardiovascular de emergência; nela, a falha em 
qualquer elo da cadeia compromete o resultado do atendimento como um todo. 
(AHA, 2012) 
Os elos na nova cadeia de sobrevivência de ACE adulto da AHA são: 
 Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de 
emergência/urgência; 
 RCP precoce, com ênfase nas compressões torácicas; 
 Rápida desfibrilação; 
 Suporte avançado de vida eficaz; 
 Cuidados pós-PCR integrados. (AHA, 2012) 
 
 
 
47 
 
7.2 Estabelecer compressão torácica 
Segundo AHA, (2012) no cliente com ausência de pulso ou sinais de 
circulação, deve ser aplicada compressão torácica externa (massagem cardíaca 
externa), que consiste na aplicação rítmica de pressão sobre o tórax, com uma 
frequência de 100 vezes por minuto. Quando bem executado, esse procedimento 
promoverá uma circulação de sangue adequada para os órgãos mais nobres; o fluxo 
carotídeo pode atingir até 30% do normal, a pressão sistólica até 100 mmHg e a 
diastólica até 40 mmHg. Para maior eficiência das compressões e menor incidência 
de complicações, alguns detalhes devem ser observados: 
 As mãos devem ser colocadas sobre a metade inferior do esterno, no 
ponto em que a linha intermamilar cruza com o esterno. Apoiando-se com a região 
das eminências tenar e hipotenar de uma das mãos, colocar uma sobre a outra, 
evitando encostar os dedos no tórax do cliente; 
 Exerça uma pressão (com a ajuda do peso do corpo) que proporcione 
uma depressão do esterno de cerca de 5 cm; 
 Os braços do reanimador devem ser mantidos estendidos, mantendo-
se uma pressão perpendicular sobre o tórax do cliente; 
 Uma vez posicionadas, as mãos não devem ser afastadas do tórax ou 
mudadas de posição. 
A obediência estrita a essas técnicas torna a manobra eficiente e previne 
ocorrências iatrogênicas como fratura de costelas, pneumotórax e hemotórax, que 
comprometem o sucesso da reanimação. Na maioria dos estudos, a aplicação de 
mais compressões durante a ressuscitação está associada a uma maior 
sobrevivência, ao passo que a aplicação de menos compressões está associada a 
uma menor sobrevivência (AHA, 2010). 
 
48 
 
7.3 Estabelecer via aérea 
Nas manobras de abertura das vias aéreas devem ser realizadas 
alinhamento da cabeça com o tronco, extensão do pescoço e tração anterior da 
mandíbula quando a suspeita de trauma cervical. (AHA, 2010). 
 
 
 
Após a primeira série de compressões torácicas por profissionais 30:2, a via 
aérea é aberta e são aplicadas 8 a 10 ventilações/min. A utilização da bolsa-valva-
máscara é sempre a melhor indicação. As ventilações somente são recomendadas 
para pessoas capacitadas, leigos podem realizar apenas massagem cardíaco até a 
chegada suporte avançado. (AHA, 2010). 
 
49 
 
 
 
A intubação endotraqueal é um procedimentomédico pelo qual é inserido 
um tubo/cânula nas vias aéreas para manter a ventilação/oxigenação adequada 
diante da ineficiência ou ausência de ventilação/respiração, garantindo assim, a 
permeabilidade das vias aéreas e minimizando a aspiração do conteúdo gástrico 
(MORTON et al., 2006; CALIL; PARANHOS, 2007). 
A intubação traqueal pode ser oral ou nasal, objetivo para a utilização da 
via aérea artificial é: estabelecimento de uma via aérea pérvia e artificial, proteção 
da via aérea com balão insuflado, instalação de ventilação mecânica e facilitação 
de desobstrução de vias aéreas (MORTON et al., 2006). 
A insuflação deve demorar um segundo e ter volume suficiente para fazer 
o tórax expandir, evitando insuflações rápidas e forçadas (BOBROWet al., 2008). 
7.4 Terapias elétricas 
 
As Diretrizes da AHA 2010 para RCP e ACE foram atualizadas para que 
refletissem os novos dados sobre desfibrilação e cardioversão em distúrbios do 
ritmo cardíaco e o uso de estimulação em bradicardia. A ênfase na desfibrilação 
 
50 
 
precoce integrada com RCP de alta qualidade e a chave para melhorar a 
sobrevivência a PCR súbita (AHA, 2010). 
A desfibrilação está sempre indicada na fibrilação ventricular (FV) e na 
taquicardia ventricular (TV) sem pulso o mais precoce possível. A FV é 
caracterizada por uma atividade elétrica caótica e desorganizada do coração, sendo 
o ritmo incapaz de gerar contração cardíaca eficiente, daí a ausência de pulso 
central nesse ritmo elétrico. A TV difere da FV por tratar-se de ritmo elétrico 
organizado, caracterizado por complexos QRS alargados, idênticos entre si, com 
frequência elevada e sem ondas P identificáveis ao traçado. Esse ritmo pode ou 
não gerar contração miocárdica eficaz (pulso). Na ausência de pulso, a TV deve ser 
tratada como FV, Identificada a FV/TV sem pulso, o tratamento inicial é a 
desfibrilação com choque único e imediato na energia máxima do aparelho (360 J, 
monofásico ou 180 a 220 J, bifásico). (LADEIRA, 2013) 
O correto posicionamento das pás, a aplicação de força sobre as pás e a 
utilização de gel condutor contribui para uma melhor taxa de êxito na desfibrilação 
por determinarem redução da impedância torácica, determinando a chegada de 
quantidades de energia elétrica sobre o coração. (LADEIRA, 2013) 
No momento do choque, o socorrista deve se certificar de que ninguém está 
em contato com a vítima para evitar acidentes durante o atendimento. Após o 
choque, a RCP deve ser reiniciada imediatamente, sendo mantida por mais 2 
minutos ou por mais 5 ciclos de 30 compressões intercaladas com 2 ventilações 
assistidas,em clientes pediátricos, a carga ideal de desfibrilação não e conhecida. 
Uma carga de 2 a 4 J/kg pode ser usada para a energia de desfibrilação inicial; 
desde que não excedam 10 J/kg ou a carga máxima para adultos (AHA, 2010). 
Em cliente portador de marca-passo ou cardioversor-desfibrilador 
implantado (CDI), as pás autoadesivas devem ser colocadas distantes do 
dispositivo implantado, porém a preocupação com o posicionamento preciso das 
pás em relação a um dispositivo médico implantado não deve retardar a tentativa 
de desfibrilação. Em clientes que utilizam adesivo de medicação, removê-lo e limpar 
o local. (VIEIRA, 2013). 
 
51 
 
7.5 Vias para administração de medicamento 
A administração de drogas será secundária, depois da tentativa de 
desfibrilação, os socorristas devem estabelecer um acesso intravenoso (IV) ou 
intraósseo (IO), sem interrupção das compressões torácicas. Existem, até o 
momento atual, evidências insuficientes para determinar o momento ideal a 
administração de medicamentos, mas parece que o início precoce de drogas (com 
menos de cinco minutos de PCR) está associado à melhor prognóstico. (VIEIRA, 
2013). 
Deve-se escolher, de preferência, o acesso venoso periférico nos membros 
superiores (veia antecubital). O acesso periférico é de fácil obtenção, fácil 
aprendizado, apresenta menor risco de complicações e não necessita de 
interrupção das manobras de RCP. Recomenda-se, após administração de drogas 
(em bolus) infusão em de 20ml de solução salina e elevação do membro por 10 a 
20 segundos. (VIEIRA, 2013). 
Se não for possível estabelecer acesso IV, a via intraóssea (IO), para 
administração de drogas, pode proporcionar concentrações plasmáticas 
adequadas, similares às alcançadas pelo acesso intravenoso. (VIEIRA, 2013). 
 A administração de medicamentos por um acesso central pode ser 
considerada se não houver nenhuma contraindicação. Essa via de administração 
de medicamentos oferece a vantagem de viabilizar maior concentração plasmática 
e menor tempo de circulação, além de permitir a determinação da saturação venosa 
central e estimar a pressão de perfusão coronariana durante a RCP. Esses dois 
últimos parâmetros são preditores de RCE. A obtenção de acesso venoso central é 
contraindicada relativamente para administração de trombolíticos e requer 
treinamento específico. (VIEIRA, 2013). 
Estudos relatam que drogas como lidocaína, adrenalina, atropina, naloxone 
e vasopressina podem ser absorvidas por via endotraqueal. A administração dessas 
drogas pela via endotraqueal, durante a RCP, resulta em menores concentrações 
plasmáticas quando comparadas com as mesmas doses administradas por via IV. 
 
52 
 
Estudos em animais sugerem que baixas concentrações plasmáticas de adrenalina, 
após administração endotraqueal, podem produzir efeitos beta-adrenérgicos, 
resultando em vasodilatação. Esses efeitos podem provocar hipotensão, pressão 
de perfusão coronariana (PPC) baixa e menor RCE. Dessa forma, embora seja 
possível a administração de medicamentos pelo acesso endotraqueal, os acessos 
IV e IO devem ser sempre preferidos durante a RCP. Diante da impossibilidade da 
obtenção de acessos IV ou IO, adrenalina, lidocaína e vasopressina podem ser 
administradas pela via endotraqueal (Classe IIb, Nível de Evidência B). As doses 
recomendadas são de 2 a 2,5 vezes maiores que as doses administradas por via 
IV. As medicações devem ser diluídas em 5 a 10ml de solução salina ou água estéril. 
(GONZALEZ, M. M. et al. 2013). 
 
7.6 Medicações usadas no tratamento da PCR 
Durante uma parada cardiopulmonar, algumas drogas potentes são 
necessárias para fazer com que o coração recomece a bater ou volte para um ritmo 
mais estável, entre elas: 
 
Vasopressores 
 
O racional para o uso de vasopressores durante a RCP é aumentar a 
pressão de perfusão coronariana, definida como a diferença entre a pressão aórtica 
e a pressão no átrio direito durante a fase de relaxamento (descompressão) 
torácico. Uma pressão de perfusão coronariana ≥15mmHg, correlacionando-se 
também com uma melhora da taxa de sobrevida de 24 horas em animais. (VIEIRA, 
2013). 
 Sulfato de epinefrina (adrenalina) seus efeitos pressores alfa-
adrenérgicos, vasoconstritor periférico intenso, aumenta a pressão na artéria aorta, 
por conseguinte, aumenta o fluxo coronariano e cerebral. Sua apresentação é 
 
53 
 
ampola de 1 mg/ml. Recomendada na fibrilação ventricular, na taquicardia 
ventricular sem pulso, na assistolia, na atividade elétrica sem pulso e, às vezes, na 
bradicardia. Deve ser usada em 1 mg ev em bolus, a cada 3 a 5 min enquanto durar 
a PCR, o inicio do efeito por via Intravenosa é imediato. (VIEIRA, 2013). 
 Vasopressina um potente vasoconstritor não adrenérgico, mostrou-
se bastante eficaz, superior à adrenalina, na RCP, pequenos estudos clínicos nos 
anos de 1990 (na dose 40U IV versus 1mg de adrenalina). Sua apresentação é 
ampola20 UI/ml. Recomendada na PCR, Fibrilação Ventricular /Taquicardia 
Ventricular sem pulso. Deve ser usada 40 UI ev em bolus uma única vez. (VIEIRA, 
2013). 
 Noradrenalina estimulante cardíaco e vasopressor, potente 
vasoconstritor que atua nas artérias e veias, afeta os receptores alfa ou beta 
adrenérgico aumenta a força de contração do miocárdio e o fluxo sanguíneo 
coronariano.Sua apresentação é ampola1mg/ml. Recomendada estabilização da 
pressão arterial, infarto agudo do miocárdio ou parada cardíaca. Deve ser usada 
4ml em 1000 ml de soro glicosado5% inicialmente 2-3 ml/min. Administração de 
noradrenalina não tem demonstrado benefícios adicionais durante a RCP, não 
sendo, portanto, recomendada. (VIEIRA, 2013). 
 
Antiarrítmicos 
 
Os agentes antiarrítmicos têm sido empregados em PCR, em FV ou TVSP, 
como medicações coadjuvantes, ou para prevenir suas recorrências. Não há 
evidências de que seu uso, durante as manobras de RCP, aumentem as taxas de 
sobrevida na alta hospitalar. (VIEIRA, 2013). 
 Amiodarona prolonga o potencial de ação e o período refratário. Inibe 
o estimulo adrenérgico, retarda o ritmo sinusal, aumenta os intervalos PR e QT e 
diminui a resistência periférica. Sua apresentação ampolas. 150 mg/ 3 ml. 
Recomendada para FV/TVSP que não responde à RCP, desfibrilação e terapêutica 
 
54 
 
vasopressora (classe IIb, nível de evidência B). A dose inicial deve ser de 300mg 
IV/IO e pode ser administrada uma dose adicional de 150mg IV/IO, intercalada com 
vasopressor Fora da PCR - 150 mg diluídos em 100 ml, infundidos em 15 min; pode 
se repetir a cada 15 min até conversão do ritmo. (VIEIRA, 2013). 
 Lidocaína ou xilocaína, e um medicamento de segunda escolha 
(subgrupo 1B) e anestésico local, bloqueia reversivelmente a propagação de 
impulso ao longo das fibras nervosas. Pode ter efeito similar em membranas 
excitáveis no cérebro e miocárdio. Sua apresentação ampolas 20ml 1 a 2% (com 
ou sem vaso constritor). Recomendada, arritmias ventriculares causadas por IAM, 
taquicardia ventricular. A dose inicial é de 1-1,5mg/Kg (5mL = 100mg). Se a 
FV/TVSP persistem ou são recorrentes, doses adicionais de 0,5-0,75mg/kg podem 
ser administradas a cada 5 - 10 minutos, até uma dose máxima de 3mg/kg. (VIEIRA, 
2013). 
 Sulfato de magnésio anticonvulsivante e repositor, essencial para 
contração muscular, o sistema enzimático e a neurotransmissor. Apresentação: 
ampolas10 ml (50%)ou 20ml (25%).Recomendada Suspeita de hipomagnesemia, 
TV com padrão eletrocardiográfico de torção das pontas. Não se recomenda seu 
uso rotineiro na RCP (classe III, nível de evidência). A dose deve ser 1 a 2g, diluído 
em 10ml de soro glicosado 5%. (AME 2009). 
 
Reposição volêmica 
 
Não há evidências definitivas quanto à administração rotineira de fluidos 
intravenosos durante a PCR. Considerar infusão quando houver suspeita de PCR 
por hipovolemia. (GONZALEZ, M. M. et al.2013). 
 Sulfato de atropina anticolinérgico que inibe a acetilcolina na junção 
do sistema parassimpático atua bloqueando o efeito do nódulo sinoatrial que 
aumenta a condução através do nódulo atrioventricular e consequentemente o 
batimento cardíaco. Apresentação: ampolas de 0,25mg/1ml (0,5 e 1mg). 
 
55 
 
Recomendada na Assistolia, atividade elétrica sem pulso com ritmos bradicárdicos 
(FC < 60bpm). A dose 1mg a cada 3 a 5 min, fora da PCR - 0,5 a 1 mg a cada 3 a 
5 min. Dose máxima - 0,03 a 0,04 mg/kg. Inicio do efeito é de 2 a 5 minutos após 
infusão. No entanto diversos estudos mostraram que a atropina não esteve 
associada com benefícios consistentes no manuseio da PCR intra ou extra-
hospitalar. Essa droga não é, portanto, mais recomendada no tratamento da PCR. 
(VIEIRA, 2013). 
 Bicarbonato de sódio atua como um agente alcalizastes através da 
liberação de íons bicarbonato. Apresentação ampola de 10ml (8,4% e 
10%).Recomendada quando a FV/TV sem pulso é decorrente de hipercalemia ou 
de intoxicação por cocaína ou por antidepressivos tricíclicos usada na assistolia ou 
AESP, Parada cardíaca, acidose metabólica. Dose de ataque,1mEq/ kg IV em 
seguida0,5mEq/kg cada 10 min posteriormente. (AME,2009). 
 
7.7 Intervenções do enfermeiro 
Segundo Titler et al. (1991), um sistema de classificação das intervenções 
de enfermagem é essencial em virtude de: delinear o corpo de conhecimento único 
para a enfermagem, determinar o conjunto de serviços de enfermagem, 
desenvolver um sistema de informação, refinar o sistema de classificação do cliente, 
ser um elo entre os diagnósticos de enfermagem e os resultados esperados, alocar 
recursos para os planos de enfermagem, e articular outros profissionais na função 
específica da enfermagem. 
Segundo Nursing Intervention Classification (NIC.1996) define intervenção 
de enfermagem como qualquer tratamento que tenha por base o julgamento clínico 
e o conhecimento, que a enfermeira execute para melhorar os resultados do cliente. 
As intervenções de enfermagem incluem cuidados diretos e indiretos; os 
tratamentos podem ser iniciados pela enfermeira, médico, ou outro agente 
provedor. A intervenção de cuidado direto inclui ambas as ações de enfermagem 
 
56 
 
fisiológicas e psicológicas. A intervenção de cuidado indireto inclui tratamento 
realizado longe do cliente, mas favorecendo-o ou ao grupo de clientes. Ele permite 
determinar as condições de saúde do cliente e avaliar os fatores que influenciam 
aquelas condições, conduzindo o enfermeiro ao julgamento clínico (CALIL, 2007). 
Os diagnósticos de enfermagem para a situação de parada 
cardiorrespiratória e suas respectivas intervenções de Enfermagem para a situação 
de PCR de acordo com a NANDA são: 
 
Monitoração Respiratória: 
 Abrir vias aéreas, usando manobra de inclinação da cabeça (elevação 
da mandíbula); (CALIL, 2007). 
 Monitorar o padrão ventilatório; (CALIL, 2007). 
 Observar mudanças de SaO2e CO2 na gasometria arterial. (CALIL, 
2007). 
 
 
Controle de Vias Aéreas Artificiais: 
 Preparar o material para ventilação com pressão positiva (ambú-
máscara e ou intubação orotraqueal); 
 Avaliar sons pulmonares após intubação; 
 Instalar oxímetro de pulso e/ou capnógrafo); 
 Fixar cânula endotraqueal, registrando posição na altura da rima labial 
e pressão do cuff (15 a 20 mmhg em VM); 
 Providenciar ventilador mecânico; 
 Manter as vias aéreas desobstruídas aspirar se necessário. (CALIL, 
2007). 
 
Cuidados Circulatórios: Insuficiência venosa e arterial: 
 Avaliar pulsos periféricos, edemas, enchimento capilar e temperatura. 
 
57 
 
 Manter hidratação adequada para reduzir a viscosidade sanguínea. 
(CALIL, 2007). 
 
Cuidados Cardíacos: Fase aguda 
 Avaliar dor no peito; 
 Providenciar material de ressuscitação cardiopulmonar desfibrilador 
(FV e TV sem pulso); 
 Monitorar ritmo e frequência cardíacos; 
 Puncionar acesso venoso calibroso e observar a permeabilidade da 
veia periférica; 
 Administrar medicamentos solicitados pelo médico e realizar um bolus 
de 10, 20 ml de SF 0,9% após cada dose, e elevar o braço por alguns segundos; 
 Avaliar os sinais vitais; 
 Monitorar os sinais vitais no retorno da circulação; 
 Avaliar o nível de consciência, reações pupilares e reações motoras 
após retorno da circulação por meio da escala de coma de Glasgow; 
 Monitorar a função renal; 
 Avaliar e monitorar os pulsos periféricos quanto à qualidade e 
presença. (CALIL, 2007). 
 
 Monitoração de sinais vitais: 
 Monitorar a cor e a temperatura da pele após o retorno da circulação; 
 Monitorar os sinais e sintomas de hipotermia; 
 Usar colchões de resfriamento ou banhos mornos para adaptar a 
temperatura corporal, quando adequado; 
 Monitorar as tendências e flutuações na pressão sanguínea. (CALIL, 
2007). 
 
 
 
58 
 
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2010. 
 
SILBERNAGL, S.; DESPOPOULOS, A. Fisiologia: texto e atlas. 7. ed. Porto 
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Alegre: Artmed, 2009 
 
SILVERTHORN, D. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 7. ed. 
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STANFIELD, C. L. Fisiologia humana. 5. ed. São Paulo: Pearson Education 
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VANPUTTE, C.; REGAN, J.; RUSSO, A. Anatomia e fisiologia de Seeley. 
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VIEIRA, F, M. Eleonora. [etal.].LINHA de Cuidado nas 
Urgências/Emergência Cárdio e NeurovascularesVOL.VII.UniversidadeSanta 
Catarina,2013 111p. 
 
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