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Brasília-DF. Fisiopatologia do sistema CardiovasCular e respiratório Elaboração André Luiz Nunes Freitas Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção ................................................................................................................................. 4 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5 introdução.................................................................................................................................... 7 unidAdE i INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS ................................................................................................................. 9 CAPítulo 1 ÓRgÃOS DO SISTEMA cARDIOvAScUlAR ................................................................................ 9 CAPítulo 2 ÓRgÃOS DO SISTEMA RESpIRATÓRIO ..................................................................................... 19 unidAdE ii FISIOlOgIA DOS SISTEMAS ................................................................................................................... 30 CAPítulo 1 FUNÇõES DO SISTEMA cARDIOvAScUlAR ............................................................................. 31 CAPítulo 2 FUNÇõES DO SISTEMA RESpIRATÓRIO ..................................................................................... 36 CAPítulo 3 REgUlAÇÃO NEURAl DOS SISTEMAS cARDIOvAScUlAR E RESpIRATÓRIO ............................... 40 unidAdE iii pATOlOgIAS DOS SISTEMAS ................................................................................................................. 44 CAPítulo 1 pATOlOgIAS DO SISTEMA cARDIOvAScUlAR ......................................................................... 44 unidAdE iV pATOlOgIAS DO SISTEMA RESpIRATÓRIO .............................................................................................. 79 CAPítulo 1 pATOlOgIAS cOMUNS AOS SISTEMAS .................................................................................... 88 rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 97 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 introdução Cada uma das células do nosso corpo necessita ser ininterruptamente suprida de oxigênio (O2) e, todas elas têm de receber também água e nutrientes. Além disso, elas necessitam estar cientes de alterações que por ventura estejam ocorrendo no corpo, o que ocorre normalmente por meio da identificação de hormônios e outros agentes que são levados até elas. Todas essas demandas são executadas pelo sistema vascular, onde basicamente uma bomba propele constantemente ao longo de extensos tubos, que percorrem o corpo inteiro, um líquido de coloração avermelhada, o sangue. Por percorrer todo o corpo, este líquido executa também uma tarefa importantíssima que é a defender o organismo contra agentes invasores, porém, o objetivo desta unidade não será falar sobre defesas do corpo. Já a principal necessidade das células que compõem o organismo, o gás oxigênio, é suprida pelo sistema respiratório, este sistema tem como principal função fisiológica tornar o oxigênio disponível aos tecidos, através do sangue, para, o seu metabolismo, e remover o principal subproduto deste metabolismo: o dióxido de carbono (CO2). Os sistemas respiratório e urinário atuam em conjunto com o sistema cardiovascular uma vez que o sangue é responsável principalmente por transportar o gás oxigênio que é captado pelos pulmões até cada uma das células do corpo, enquanto que leva das células o gás carbônico (CO2) que elas produzem para os pulmões. E, é através do sangue que os as excreções celulares chegam até os rins para serem filtradas e excretadas em seguida. Devido então a proximidade de atuação desses dois sistemas, o cardiovascular e o respiratório, este módulo será destinado ao estudo e a compreensão dos aspectos básicos de suas características anatômicas e fisiológicas. Uma vez que tenhamos a concepção básica dos funcionamentos normais de ambos os sistemas, iremos então conhecer as alterações funcionais que ocorrem nos tecidos e órgãos destes sistemas, ocasionadas por diferentes patologias, ressaltando os principais fatores etiológicos e as formas de manifestações clínicas. 8 objetivos » Capacitar os alunos na identificação dos órgãos que compõem os sistemas cardiovascular e respiratório; as características estruturais de seus componentes bem como suas localizações. » Apresentar as características funcionais dos sistemas cardiovascular e respiratório; a fisiologia de cada um dos sistemas isoladamente e como esses dois sistemas atuam de forma conjunta para a manutenção da homeostasia e funcionamento adequado do organismo. » Fazer um estudo de doenças associadas aos sistemas em questão; primeiro de forma isolada, para cada um deles, e também de forma conjunta, enfatizando em patologias que sejam comuns a ambos ou que, em acometerem um dos sistemas, o outro seja também influenciado. 9 unidAdE iintroduçãoAoS SiStEMAS CAPítulo 1 Órgãos do sistema cardiovascular Neste capÍtulo nós iremos tomar conhecimento dos componentes do Sistema Cardiovascular, e entender o papel de cada um deles: » Coração: é a bomba que promove a circulação do sangue pelos vasos sanguíneos. » Vasos sanguíneos: artérias, veias e capilares sanguíneos que estendem por todo o corpo. » Sangue: fluido formado por elementos figurados que são as células e fragmentos de células (as plaquetas) em suspensão em um líquido chamado de plasma. Este sistema pode ser subdividido anatomicamente em dois sistemas: » Sistema sanguíneo: formado pelos componentes descritos anteriormente (sangue, vasos e coração). » Sistema linfático: constituído de uma rede de vasos linfáticos também distribuídos por todo o corpo. Coração Na nossa espécie, o coração é um órgão oco, com o tamanho compatível a um punho fechado, com cerca de 12 cm de comprimento, 9 cm de largura em sua parte mais ampla e 6 cm de espessura, e pesando aproximadamente 400 gramas. 10 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS Ele está localizado no meio do peito, apoiado sobre o diafragma, perto da linha média da cavidade torácica, no mediastino, a massa de tecido que se estende sob o osso esterno e a coluna vertebral, e entre os revestimentos (chamados de pleuras) dos pulmões, e com a sua extremidade inferior, a ponta que é chamada de ápice, levemente voltada para a esquerda, aproximadamente 2/3 de massa cardíaca está localizada deste lado da linha média do corpo. A porção mais larga do coração, oposta ao ápice, é a base, dirigida para trás, para cima e para a direita. Figura 1. Fonte: Sobotta (2006). Figura 2. Fonte: Sobotta (2006). 11 INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS │ UNIDADE I Pelo lado de fora, o coração está revestido por três camadas protetivas de membranas chamadas de pericárdio, que também é conhecido como saco do pericárdio. Na verdade, essas camadas consistem em um conjunto de duas membranas principais que formam um saco de tecido conjuntivo: » O pericárdio fibroso superficial (ou somente pericárdio fibroso): que é um tecido conjuntivo irregular, denso, resistente e inelástico. Assemelha-se a um saco, que repousa sobre o diafragma e se prende a ele. » E o pericárdio seroso: este sim pode ser subdividido em dois, é mais fina e delicada, e está mais íntima ao coração. A primeira camada é chamada de camada parietal, é mais externa em relação ao coração, estando bem próxima do pericárdio fibroso. › A segunda pode ser considerada a camada mais interna do pericárdio seroso, é a camada visceral, chamada de epicárdio, é uma fina lâmina de tecido seroso, e está aderida ao miocárdio. É separada das outras duas camadas por uma fina camada líquida (mais ou menos 40ml a 50ml), que provavelmente é um ultrafiltrado de plasma sanguíneo. Durante os batimentos cardíacos, a tensão superficial deste líquido permite com que as membranas deslizem uma sobre a outra as mantendo unidas ainda assim. Figura 3. Fonte: Netter, 2000. 12 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS Figura 4. Fonte: Netter, 2000. O coração em si é formado por grossas paredes de tecido muscular estriado cardíaco, chamado de miocárdio (palavra que vem do grego myos, músculo, e cardio, coração). É este músculo que é responsável pela contração muscular, impulsionando o sangue de átrios para ventrículos e de ventrículos para o interior dos vasos sanguíneos. Por dentro, esse tecido muscular é revestido por uma fina camada de tecido composto por epitélio pavimentoso simples (células achatadas) sobre uma camada de tecido conjuntivo chamada endocárdio. Este tecido apresenta superfície lisa e brilhante permitindo que o sangue corra facilmente sobre ela. Ele reveste também as valvas e é contínuo com o revestimento dos vasos sanguíneos que entram e saem do coração. O coração é subdividido internamente em 4 câmaras, chamadas de câmaras cardíacas. Superiormente temos duas câmaras (direita e esquerda) que são chamadas de átrios cardíacos, ou também de aurículas (elas recebem este nome por se parecerem com orelhas vista pelo lado de fora), que recebem o sangue. Os átrios direito e esquerdo são separados por uma fina membrana chamada de septo interatrial. Já as duas câmaras inferiores são chamadas de ventrículos cardíacos, e são reesposáveis por bombear o sangue. Também são ventrículo direto e ventrículo esquerdo sendo separados pelo septo interventricular, bem mais grosso que o encontrado no ventrículo. 13 INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS │ UNIDADE I Figura 5. Fonte: <http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-cardiovascular/coracao/>. Pelo lado esquerdo, o átrio comunica-se com o ventrículo por um orifício, o óstio atrioventricular, que está equipado com a valva atrioventricular esquerda, ou valva bicúspide, ou também chamada de valva mitral. A função da vala é de impedir que o sangue circule no sentido oposto ao que deva seguir (do ventrículo para o átrio). Essa valva é constituída por duas lâminas membranáceas, esbranquiçadas e irregularmente triangulares, de base implantada nas bordas do óstio e o ápice dirigido para baixo e preso às paredes do ventrículo por intermédio de filamentos, chamados cordas tendíneas que se prendem à parede do ventrículo através de pequenas colunas cárneas chamadas de músculos papilares. Cada lâmina é chamada de cúspide. Temos uma cúspide anterior, outra posterior. Figura 6. Fonte: <http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-cardiovascular/coracao/>. 14 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS Pelo lado direito, a comunicação entre átrio e ventrículo é guardada pela valva atrioventricular direita, ou valva tricúspide que apresenta as mesmas características e funções da valva que está do lado esquerdo. Neste caso as cúspides são chamadas de anterior, posterior e septal. Devido às funcionalidades, as paredes dos ventrículos são bem mais espessas que a dos átrios. Os átrios bombeiam sangue diretamente para os ventrículos adjacentes, já os ventrículos têm de bombear o sangue para fora do coração; o ventrículo direito o faz para os pulmões e o esquerdo o faz para as demais partes do corpo. Figura 7. Fonte: Netter, 2000. » Átrio esquerdo: é uma cavidade de paredes finas, que recebe o sangue já oxigenado; por meio das veias pulmonares, impulsionando-o para o ventrículo esquerdo. Apresenta uma extensão (a aurícula, chamada assim por causa do formato) que tem a função de amortecer o impulso do sangue ao penetrar no átrio. » Átrio direito; forma a borda direita do coração e recebe o sangue que já passou pelo corpo (rico em dióxido de carbono) e está retornando através de 3 veias: › Veia cava superior: recolhe sangue da cabeça e parte superior do corpo. 15 INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS │ UNIDADE I › Veia cava inferior: recebe sangue das partes mais inferiores do corpo (abdômen e membros inferiores). › Seio coronário: recebe o sangue que nutriu o miocárdio. Anteriormente, este átrio apresenta uma parede rugosa por conta da presença das cristas musculares dos músculos pectinados. A parede posterior, no entanto, apresenta-se lisa, havendo nesta região uma aurícula também. » Por dentro da parede direita do septo interatrial, encontramos uma depressão que é a fossa oval. » Ventrículo esquerdo: forma o ápice do coração, recebe sangue do átrio esquerdo e tem como principal função bombear este sangue para o corpo levando oxigênio. Em seu interior vamos encontrar fibras musculares cardíacas, chamadas trabéculas carnosas que forma uma série de feixes elevados onde estão as cordas tendíneas, que fixam as cúspides da valva bicúspide aos músculos papilares. Do ventrículo esquerdo o sangue sai para a maior artéria do corpo humano, a aorta ascendente, passando pela valva aórtica que é constituída por três válvulas semilunares: direita, esquerda e posterior. Então, parte do sangue flui para as artérias coronárias (ver adiante), que se ramificam a partir da aorta ascendente, levando sanguepara a parede cardíaca; o restante do sangue passa para o arco da aorta e para a aorta descendente (aorta torácica e aorta abdominal). Ramos do arco da aorta e da aorta descendente levam sangue para todo o corpo. » Ventrículo direito: forma a maior parte da superfície anterior do coração, recebe sangue não oxigenado do átrio direito, sua função é bombear este sangue para os pulmões a fim de oxigená-los. Em seu interior também vamos encontrar fibras musculares cardíacas, as trabéculas carnosas, músculos papilares e as cordas tendíneas que fixam as cúspides da valva tricúspide. Pelo lado de fora do coração, o ponto de transição atrioventricular corresponde ao sulco coronário, que é ocupado por artérias e veias coronárias (que terão o seu papel discutido mais adiante), este sulco circunda todo o coração sendo somente interrompido anteriormente pelas artérias aorta e pelo tronco pulmonar. 16 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS Durante aquilo que é chamado de sístole atrial, que nada mais é que a contração do átrio, os ventrículos encontram-se relaxados, e dessa forma podem receber o sangue que é bombeado dos átrios. Quando a sístole é ventricular (a contração dos ventrículos) as valvas atrioventriculares, tanto a esquerda quanto a direita, são empurradas na direção dos átrios, e como são parecidas com abas, este movimento faz com que a passagem átrio – ventrículo de feche, e o sangue é forçado a sair do coração. Para este sentido, o sangue utiliza artérias de grande porte que são: as artérias pulmonares, que partem do ventrículo direito em direção aos pulmões; e a artéria aorta, que sai do ventrículo esquerdo para o resto do corpo. Na abertura de saída do coração, logo nos orifícios de abertura da artéria aorta e das artérias pulmonares também há valvas, chamadas de valvas semilunares que apresentam a mesma função e aparência das valvas já descritas, elas evitam o refluxo do sangue durante o relaxamento da musculatura cardíaca. Em condições normais, os lados direitos e esquerdos do coração atuam de forma completamente isolada, sem haver qualquer tipo de comunicação entre elas, a não ser pelos vasos sanguíneos. Atuam como bombas separadas, porém, em conjunto harmônico. Artérias São vasos que levam sangue do coração para os órgãos e tecidos corporais. Com feitas de espessas paredes de três camadas de tecido chamadas de túnicas. A túnica que reveste a porção mais interior das artérias é formada por tecido epitelial de uma só camada de células achatadas e é chamada de endotélio, ou também túnica interna. Externamente as artérias são formadas por tecido conjuntivo fibroso chamado de túnica adventícia. No meio, temos tecido conjuntivo elástico mesclado a tecido muscular liso, e é chamado de túnica média. A pressão sanguínea em determinada área do corpo pode ser regulada pela contração e relaxamento da parede das artérias: quando a musculatura da parede arterial se contrai, seu diâmetro interno diminui, por outro lado, o relaxamento da musculatura arterial leva ao aumento do diâmetro interno da artéria. As artérias que saem do coração ramificam-se progressivamente em artérias menores, diminuído de calibre ate formarem as arteríolas, irradiando-se para as todas as partes do corpo. Para poder irrigar órgãos e tecidos por completo, as arteríolas ramificam- 17 INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS │ UNIDADE I se ainda mais formando vasos ainda mais finos chamados de capilares sanguíneos (que serão discutidos mais adiante). As artérias coronárias ramificam-se em direita e esquerda, e originam-se da raiz da aorta. São as responsáveis por manter a irrigação sanguínea do músculo cardíaco. Por ser um órgão de grande atividade e função vital, o coração necessita de um aparato especial de abastecimento de oxigênio e nutrientes, para isso, uma parte da aorta se ramifica junto às células do miocárdio. O infarto do miocárdio ocorre quando por algum motivo algo obstrui o fluxo das artérias coronárias, deixando alguma área do miocárdio sem sangue, o que leva a morte celular no local. Veias São vasos que levam sangue de volta o coração após percorrer todo o corpo. Eles detêm as mesmas características que as artérias, com a diferença de que a túnica média e adventícias são menos espessas que as das artérias. Elas podem se contrair e relaxar com lentidão, mas não possuem características pulsáteis como as artérias. Veias de maior diâmetro, localizadas principalmente nas extremidades, apresentam válvulas que tem a mesma função das valvas do coração, impedir que o sangue circule no sentido oposto. A musculatura esquelética que está no entorno da das veias às comprime, fazendo com que o sangue siga para o coração. Conforme as veias se ramificam progressivamente em veias menores, diminuído de calibre até formarem as vênulas, irradiando-se para as todas as partes do corpo. Estas são de um lado ligadas aos capilares, e do lado oposto à ramificação, onde ainda são veias, elas vão se reunindo até formarem veias maiores que vão desembocar no coração (veias cava superior e inferior). Capilares sanguíneos São vasos muito finos, de diâmetro microscópico, que fazem a comunicação entre as arteríolas e as vênulas. Os capilares estão distribuídos em praticamente todo o corpo humano, sua distribuição é tão ampla que nenhuma de nossas células está a mais de 130 micrometros (0,13 milímetros) de distância de um capilar sanguíneo. 18 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS Os capilares são tão finos que possuem somente uma única camada de células que está em continuidade com o endotélio das arteríolas e das vênulas. As células que formam a parede endotelial dos capilares deixam entre si pequenos espaços por onde um líquido sanguíneo é capaz de passar para levar até as células próximas nutrientes e oxigênio, este líquido que banha estas células nestas condições é chamado de líquido tissular. Uma vez que estas células estão banhadas por este líquido, é nele que elas eliminam o gás carbônico e excretam produtos de seus metabolismos. Este líquido sai e volta para os capilares, na volta ele retorna a ser sangue novamente. Dessa forma, quando o sangue chega nos capilares, ele passa a ter um contato mais direto com as células, praticamente banhando elas. À medida que ele vai percorrendo estes caminhos ele vai então se tornando cada vez mais pobre em nutrientes e oxigênio e passa a carrear cada vez mais gás carbônico e excretas celulares. Na transição entre a arteríola e um capilar há uma célula muscular lisa que recebe o nome de esfíncter pré-capilar, e que está enrolado no vaso sanguíneo. Quando esta célula muscular se contrai, ela estrangula esta passagem, reduzindo o fluxo sanguíneo, ou até mesmo bloqueando ele. E desta maneira o aporte de sangue para os tecidos pode ser regulado. O sistema circulatório é formado por 3 elementos: o sangue, o coração e os vasos sanguíneos. O coração é dividido internamente por 4 cavidades: 2 átrios e 2 ventrículos. Ele pode ser resumido em 2 bombas que servem cada uma delas a um propósito. Pelo lado direito nos vamos ter o átrio direito que se comunica com o ventrículo direito através da valva atrioventricular direita, ou valva tricúspide. A outra bomba está acoplada diretamente do lado esquerdo, onde vamos ter as outras 2 câmaras, que são o átrio esquerdo que se comunica com o ventrículo esquerdo através da valva atrioventricular esquerda, ou valva bicúspide, ou também chamada de valva mitral. Essas duas bombas que formam o coração tem a função de impulsionar o sangue. Pelo lado direito ele leva sangue do ventrículo direito para os pulmões e de volta ao átrio esquerdo. E pelo lado esquerdo ele leva o sangue do ventrículo esquerdo para o corpo e de volta ao átrio direito. 19 CAPítulo 2 Órgãos do sistema respiratório Na espécie humana, a respiração é do tipo pulmonar, onde os pulmões são os responsáveis pelas trocas gasosas entre o ar atmosférico e o sangue. Neste ponto, nos iremos tomar conhecimento dasestruturas que compõem o Sistema Respiratório. Esse sistema é constituído de um par de pulmões, nos quais ocorre o intercâmbio dos gases, pode ser referenciado como sendo a porção de respiração, e uma série de dutos irregulares condutores por onde o as circula, que também é conhecido como a porção de condução. Figura 8. Fonte: Netter, 2000. Estes condutos são genericamente chamados de vias respiratórias que podem ser divididas entre superior e inferior. Os órgãos que estão localizados fora da caixa torácica, o nariz externo, cavidade nasal, faringe, laringe e parte superior 20 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS da traqueia, formas as vias respiratórias superiores. Já os órgãos que estão localizados na cavidade torácica, que são a parte inferior da traqueia, brônquios, bronquíolos, alvéolos e pulmões, fazem parte da via respiratória inferior. As camadas da pleura e os músculos que formam a cavidade torácica também são considerados com parte do trato respiratório inferior. nariz e cavidades nasais Externamente à cavidade nasal, encontra-se uma protuberância situada no centro da face chamada de nariz. Externamente, o nariz é constituído pelos ossos maxilares e nasais acompanhados por uma cartilagem. As cavidades nasais são dois dutos, direito e esquerdo, que constituem o interior do nariz, e são separados por uma cartilagem chamada de septo nasal. Elas se iniciam na base do nariz externo em dois orifícios chamados de narinas, e terminam em uma região chamada de coanas, que é o ponto de comunicação entre a cavidade nasal e a faringe. Na porção inicial, logo na parte de cima desses dutos, encontram-se um grupo de células nervosas sensoriais que são responsáveis pelo sentido do olfato. Figura 9. Fontes: <http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-respiratorio/>. O epitélio interno que reveste e protege este duto produz diariamente aproximadamente 0,5 litros de muco. Um fluido pegajoso que é direcionado constantemente para o fundo da garganta e é engolido junto com a saliva. O muco tem uma função protetiva muito importante, ela retém partículas solidas e bactérias que estão presentes no ar que inspiramos, agindo como um filtro. 21 INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS │ UNIDADE I Como o muco umedece as vias respiratórias, o ar ao passar pelas cavidades nasais é umedecido, filtrado e aquecido, alguns autores chamam esse processo de condicionar o ar. Daí a importância de sempre se respirar pelo nariz, porque o fazemos pela boca, nos ressecamos nossas vias respiratórias e não ocorre o aquecimento do ar, o que torna nossas vias mais suscetíveis a infecções e inflamações. faringe Após percorrer as cavidades nasais, o ar atinge a faringe, que é um canal compartilhado pelos sistemas respiratório e digestório, dessa forma, mesmo o ar sendo inspirado pela boca, ele vai prosseguir até a laringe. A faringe é um tubo muscular esquelético e revestida de túnica mucosa que começa nas coanas e estende-se para baixo no pescoço. A faringe é dividida em três regiões anatômicas: nasofaringe, que a porção que se comunica com as fossas nasais; a orofaringe é a porção que se comunica com a cavidade oral; e laringofaringe, parte da faringe que se comunica com a laringe. Figura 10. �Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. 22 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS laringe Da faringe o ar é conduzido para a laringe, uma região curta e dilatada na extremidade superior da traqueia. A laringe é constituída por uma série de peças cartilaginosas móveis, três são ímpares (Cartilagem Tireóidea, Cricóidea e Epiglótica) e três são pares (Cartilagem Aritenóidea, Cuneiforme e Corniculada). Essa mobilidade se dá através de músculos que fecham a passagem de ar quando necessário. Uma dessas partes é a proeminência laríngea, que é popularmente chamada de pomo de adão por formar uma saliência na porção anterior do pescoço e ser mais desenvolvida em homens que nas mulheres. Logo na entrada da laringe, que é chamada de glote, pode-se encontrar uma peça cartilaginosa em formato de “lingueta” chamada de epiglote. A epiglote atua como uma válvula durante a deglutição, impedindo que o alimento engolido penetre nas vias respiratórias causando engasgamento. Quando engolimos algo, a laringe é puxada para cima, fazendo com a epiglote feche a sua entrada. Figura 11. Epiglote Membrana Tireóidea Lâmina da Cartilagem Tireoide Ligamento Cricotireóideo Cartilagem Cricóide Traqueia Corno Inferior da Cartilagem Tireoide Incisura Tireóidea Superior Corno Superior da Cartilagem Tireoide Osso Hioide Fonte: Netter, 2000. 23 INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS │ UNIDADE I Figura 12. �Fonte: Netter, 2000. A laringe tem aderido ao seu revestimento interno em uma fenda anteroposterior denominada vestíbulo da laringe duas pregas vocais anteriormente chamadas de cordas vocais: prega vestibular (cordas vocais falsas) e prega vocal (cordas vocais verdadeiras). Essas estruturas são capazes de, durante a passagem de ar, gerar sons. Graças à ação combinada da laringe, da boca, da língua e do nariz, podemos articular palavras e produzir diversos tipos de sons. Figura 13. Fonte: <http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-respiratorio/>. 24 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS traqueia A traqueia é um tubo que mede aproximadamente 1,5 cm de diâmetro por 10 cm de comprimento, inteiramente formada por 20 anéis cartilaginosos em forma de letra C sobrepostos e ligados entre si. Podemos perceber estes anéis passando a mão na parte anterior do pescoço, logo abaixo da proeminência laríngea. Ela se situa medianamente e anterior ao esôfago, e apenas na sua terminação, desvia-se ligeiramente para a direita. Esses anéis, por apresentarem certa rigidez, tem a função de manter a traqueia sempre aberta para a passagem de ar. Figura 14. Fontes: Sobotta (2006) e Duarte (2009). Brônquios e bronquíolos Na porção anterior do peito, na porção final da traqueia divide-se em dois tubos curtos, ainda constituídos pelos mesmos anéis de cartilagem, que são chamados de brônquios (observar figura anterior). 25 INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS │ UNIDADE I O brônquio principal direito é mais vertical, mais curto e mais largo do que o esquerdo. Como a traqueia, os brônquios principais contém anéis de cartilagem incompletos. Os brônquios fazem a condução final do ar até os pulmões. Uma vez dentro dos pulmões, entram nos pulmões na região chamada HILO, os brônquios começam a se ramificar de forma intensa, formando tubos cada vez mais finos, chamados de bronquíolos (observar figura anterior). Porém, antes de se tornarem bronquíolos os brônquios principais dão origem aos brônquios lobares. Estes então sofrerão sucessivas ramificações até se tornarem ainda mais finos, chamados de brônquios segmentares. Após novas ramificações esses brônquios passam então a se chamar bronquíolos. Um conjunto constituído de vários bronquíolos irá se chamar árvore respiratória. Cada um dos bronquíolos apresenta em sua porção final, um grupo de pequenas bolsas chamadas de alvéolos pulmonares (que serão discutidos mais adiante). Essas três estruturas, a traqueia, os brônquios e os bronquíolos são revertidos internamente por um epitélio ciliado que apresenta células produtoras de muco em abundância, muco este que apresenta as mesmas funções do muco encontrado nas cavidades nasais. Partículas de poeira e bactérias em suspensão no ar aderem-se neste muco, e são continuamente movidos em direção à garganta pelos batimentos dos cílios. Ao chegarem à faringe, o muco, junto com partículas e bactérias aderidas nele, serão engolidas. Alvéolos pulmonares Figura 15. Fonte: Netter, 2000. 26 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS Existem aproximadamente 150 milhões de alvéolos pulmonares em cada pulmão. São pequenos sacos de cerca de 0,2 mm de diâmetro, de paredes bem finas, formados por células achatadas. Cada um destes alvéolos é recoberto por capilares sanguíneos,isso permite que o sangue circule muito perto do ar que foi inspirado. Essa proximidade que os capilares pulmonares têm dos alvéolos é para que a difusão gasosa entre sangue e ar. O sangue ao atingir os capilares alveolares, o sangue está rico em CO2 e quase sem nenhum O2, ao passar pelos alvéolos e efetuar as trocas, o sangue passa a ser rico em O2 e pobre em CO2. Este processo de trocas de gases entre o ar e o sangue e chamado de hematose, que será discutido mais adiante. Recobrindo a superfície epitelial alveolar há um material complexo composto por múltiplos fosfolipídios e proteínas que é produzido pelas células alveolares do tipo II, chamado de surfactante. A presença do surfactante produz uma importante redução da tensão superficial, permitindo a expansão dos alvéolos. Caso esta camada não existisse o aumento da tensão superficial associado à redução do volume alveolar durante a expiração poderia fechar os alvéolos. A pressão necessária para a reabertura desses alvéolos seria maior do que o esforço ventilatório normal é capaz de produzir. Portanto, a função fisiológica do surfactante aumenta a estabilidade anatômica dos pulmões. Se todos os alvéolos fossem planificados e colocados um ao lado do outro, alcançariam a área de uma quadra de tênis. 27 INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS │ UNIDADE I Pulmões Figura 16. Fonte: Netter, 2000. Nos humanos, os pulmões são dois órgãos esponjosos, em forma de pirâmide, com aproximadamente 25 cm de altura e pesando cerca de 700 gramas. Localizam-se dentro da caixa torácica, situados de cada lado da coluna vertebral. O pulmão do lado direito é ligeiramente maior que o esquerdo (observar na figura abaixo) e é dividido em três partes, que são chamados de lobos: lobo superior (1), médio (3) e inferior (2). Já o pulmão esquerdo apresenta somente dois lobos: lobo superior (1) e inferior (2). 28 UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS Figura 17. Fonte: Sobotta (2006). Os pulmões de pessoas mais jovens apresentam uma coloração mais rosada. Essa coloração, com a idade vai ficando cada vez mais escura por causa de impurezas presentes no ar que respiramos. Se o individuo fumar, os pulmões serão ainda mais escuros por conta de partículas do alcatrão e outras substâncias contidas na fumaça do cigarro. Existem duas membranas serosas (o termo seroso possivelmente deriva do latim serus que significa líquido branco resultante da produção de queijo). Essa membrana serosa é na verdade uma única membrana dobrada que forra a parede interna do tórax e reveste externamente os pulmões. Elas são chamadas de pleuras. A mais interna está aderida à superfície pulmonar e é denominada pleura visceral, e a mais externa está aderida à parede da caixa torácica e é chamada pleura parietal. Entre elas, em um espaço chamado de cavidade pleural, há uma fina camada de líquido intersticial que penetra pelos poros da pleura até atingir a cavidade pleural. As membranas aderem-se uma a outra devido à tensão superficial deste líquido, porém, elas são perfeitamente capazes de deslizarem uma sobre a outra durante os movimentos respiratórios, pois este líquido é rico em proteínas que lhe conferem altíssimo poder lubrificante. Em resumo, as cavidades nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios e os bronquíolos formam a porção de condução, que são órgãos tubulares que transportam o ar até os pulmões e vice-versa. 29 INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS │ UNIDADE I Já a porção de respiração compreende o final da árvore brônquica com os bronquíolos terminais e os alvéolos, além dos pulmões e das membranas que o envolvem e o músculo diafragma. Basicamente, os dois sistemas se integram as seguintes formas, conforme o esquema a seguir: Figura 18. Leitos Capilares dos Pulmões Onde Ocorre a Troca Gasosa (O2/CO2) Artérias Aorta e seus Ramos Veias Pulmonares (Bomba Esquerda) Ventrículo Esquerdo (Bomba Direita) Ventrículo Direito Artéria Pulmonar Veias Cavas Circulação Pulmonar Circulação Sistêmica Pulmões Leitos Capilares Para Todos os Tecidos do Corpo Fonte: <http://www.auladeanatomia.com/novosite/sistemas/sistema-respiratorio/>. 30 unidAdE iifiSiologiA doS SiStEMAS Há um fenômeno que é comum a todas as células do corpo humano, a respiração celular. Durante este processo, moléculas orgânicas são oxidadas para a produção de ATP (adenosina trifosfato), que é energia que irá ser usada nos processos vitais dos organismos. Ela ocorre dentro das mitocôndrias, e é conhecida pela equação simplificada: C6H12O6 + 6O2 → ação das enzimas → 6CO2 + 6H20 + energia Ela tem como principais produtos a água, que será reutilizada pela célula, e o gás carbônico, que não tem nenhuma utilidade para o organismo sendo então eliminado através do sangue. O sangue serve então de meio de transporte para o oxigênio, que é necessário para as células, e o gás carbônico, que precisa ser eliminado do organismo. E esta obtenção e eliminação e realizada através dos pulmões, órgão do sistema respiratório que tem como função principal assegurar permanente concentração de oxigênio no sangue, necessária para as reações metabólicas, e em contrapartida servir de via de eliminação de gases residuais. 31 CAPítulo 1 funções do sistema cardiovascular Os humanos apresentam um sistema cardiovascular fechado, como os outros vertebrados. Este é um sistema onde o sangue circula sempre dentro de um caminho composto por coração, artérias, arteríolas, capilares vênulas veias e retornando ao coração. Ao ser bombeado pelo ventrículo esquerdo, o sangue é então impulsionado para todas as partes do corpo. Depois de entregar oxigênio às células, o sangue retorna então para o coração. Já quando o ventrículo direito bombeia o sangue, este é levado para os pulmões para ser novamente oxigenado, e então retorna novamente para o coração. O primeiro trajeto descrito anteriormente é chamado de circulação sistêmica, ou grande circulação. Já o segundo trajeto é chamado de circulação pulmonar, ou pequena circulação. Como dito anteriormente, o sangue após passar por todo o corpo chega ao átrio direito através de duas grandes veias, a veia cava superior e veia cava inferior. A primeira está entregando ao coração sangue desoxigenado proveniente da parte superior do corpo, cabeça, braços e parte superior do tronco. A segunda, veia cava inferior, trás de volta ao coração sangue que irrigou as partes inferiores do corpo, pernas e porção inferior do tronco. Impulsionado para o ventrículo direito, o sangue é então bombeado para a artéria pulmonar que se divide em duas levando o sangue para cada um dos pulmões, as artérias são chamadas de artéria pulmonar direita e artéria pulmonar esquerda que vão respectivamente para os pulmões direito e esquerdo. Dentro dos pulmões o sangue irá passar por um processo chamado de hematose. Passando através de inúmeros capilares sanguíneos finíssimos que estão recobrindo as estruturas chamadas de alvéolos pulmonares. Nessas estruturas ocorre a troca gasosa, o sangue libera o gás carbônico ao mesmo tempo em que obtém oxigênio do ar inspirado (este processo será discutido mais detalhadamente na parte destinada ao sistema respiratório). Depois de obter o oxigênio o sangue volta, desta vez pelas veias pulmonares, chegando ao átrio esquerdo do coração. É então impulsionado para o ventrículo esquerdo para 32 UNIDADE II │ FISIOLOGIA DOS SISTEMAS ser bombeado para a artéria aorta, que se divide em vários ramos para levar sangue oxigenado para o corpo. Ciclo cardíaco Para manter o fluxo contínuo do sangue no nosso corpo, é necessário que o coração não cesse o seu trabalho, trabalhando desde o início da 6ª semana de gestação (sim, ainda dentro do útero) até o último dia de vida. O movimento alternado de sístole e diástole das câmaras devem ser ininterruptos. Dessa forma, o coração realiza uma sequência cíclica de movimentos de sístole e diástole de suas câmaras, que apresentam uma duração de aproximadamente 0,8 segundos.Essa sequência de movimentos é chamada de ciclo cardíaco. O início do ciclo cardíaco leva aproximadamente 0,2 segundos, utiliza-se a contração dos átrios como marco. A sístole atrial, como já discutido anteriormente, leva sangue aos ventrículos, que neste momento estão em diástole. Para isso, os átrios contam a ajuda das válvulas presentes na entrada das veias cavas (no átrio direito) e pulmonares (no átrio esquerdo) que impedem o refluxo sanguíneo. Logo em seguida, os ventrículos entram em sístole, e isso faz com o sangue seja impulsionado para o corpo (pelo ventrículo esquerdo) e os pulmões (pelo ventrículo direito) através das, respectivamente, artérias aorta e pulmonares. Isto ocorre com a ajuda das valvas atrioventriculares que impedem o retorno do sangue, fechando-se neste momento. Ao término da sístole ventricular, irá ocorrer novamente a sístole atrial, que estava em diástole, dando início a um novo ciclo. Dentro de um ciclo cardíaco completo podemos então identificar duas batidas subsequentes. O primeiro, de um tom mais baixo, menos audível, é provocado pelo ricochete do sangue nas valvas atrioventriculares, este som marca o início da sístole ventricular. O segundo som é mais agudo e alto, e é gerado pelo ricochete do sangue contra as valvas semilunares das artérias, este som marca o início da diástole ventricular. frequência cardíaca A quantidade de vezes que o coração se contrai é chamada de frequência cardíaca, e ela pode variar por diversas condições em que a pessoa se contrai, tal como a condição de saúde, o grau de atividade e situação emocional. 33 FISIOLOGIA DOS SISTEMAS│ UNIDADE II Em condições normais essa frequência é de 70 a 80 batimentos por minuto, em momentos de relaxamento, como durante o sono, ela pode ser de até 35 a 50 vezes por minuto. Já em exercício físico de alta intensidade, esse número pode chegar a 180 por minuto. O aumento da frequência cardíaca faz com que o sangue seja impulsionado com maior velocidade pelo corpo, levando as células a receberem maior quantidade de oxigênio e nutrientes, o que permite o corpo a suportar uma atividade metabólica elevada. Para que essas alterações de frequência possam ocorrer dependendo do estado do indivíduo, está localizado uma região especial do coração perto da junção entre o átrio direito e a veia cava superior, formada por um aglomerado de células musculares especializadas, que é chamado de nó sinoatrial, ou nódulo sinoatrial, ou marca- passo (visto também com a sigla nodo SA). Há ainda outra região especializada do coração que está localizada entre os ventrículos e é responsável por distribuir o estímulo gerado no nó sinoatrial para que este estimule a musculatura dos ventrículos a entrar em sístole. Este segundo ponto é chamado de nó atrioventricular, ou nódulo atrioventricular (visto também com a sigla nodo AV). A atividade elétrica do coração pode ser mensurada na superfície corporal, pelo menos uma pequena parte dela devido ao extravasamento da corrente de despolarização que atravessa o coração e vai para o tecido circundante, podendo então ser registrado por eletrodos colocados sobre a pele, em posições padronizadas. Este registro pode ser chamado de eletrocardiografia, ou eletrocardiograma (ECG). Figura 19. Nó Sinoatrial (SA) ou Marcapasso Nó Atrioventricular (AV) Ramos Subendocárdicos (Fibras de PurKinje) Ramos Direito e Esquerdo Fascículo Atrioventricular (Feixe de His) Fibras de Condução Atrial Fonte: < http://www.misodor.com/cORAcAO.php>. 34 UNIDADE II │ FISIOLOGIA DOS SISTEMAS Figura 20. Fonte: adaptado de Mcphee, 2011. Figura 21. Segmento P-R Intervalo P-R Intervalo QRS Intervalo S-T Intervalo Q-T Segmento S-T Fonte: adaptado de Mcphee, 2011. No ECG, a onda P representa a despolarização do tecido atrial; o intervalo QRS da onda eletrocardiográfica é a despolarização ventricular; e a onda T, a repolarização ventricular. Visto que a despolarização ventricular normal ocorre quase simultaneamente nos ventrículos direito e esquerdo, em geral entre 60 ms a 100 ms, o complexo QRS se apresenta fino. Embora a atividade elétrica dos pequenos tecidos especializados de condução não possa ser mensurada diretamente a partir da superfície, o intervalo entre a onda P e o início do complexo QRS (intervalo PR) representa, primariamente, o tempo de condução do nodo AV e do feixe de His. 35 FISIOLOGIA DOS SISTEMAS│ UNIDADE II Pressão arterial Quando os ventrículos entram em sístole, as paredes arteriais relaxam para aumentar a sua capacidade porque quando o sangue penetra nelas, ele está sob altas pressões. Esse relaxamento é essencial pra que a pressão dentro das artérias não ultrapasse sua capacidade e se rompa. Esse relaxamento é determinado por impulsos nervosos gerados no próprio coração em cada sístole ventricular, eles se propagam em forma de onda até as artérias. Quando o impulso termina, as artérias voltam a se contrair, dessa forma, na diástole dos ventrículos, a pressão diminui e as artérias podem voltar a se contrair novamente, o que faz com que a pressão aumente, ajudando o sangue a seguir em frente até a próxima sístole. A pressão arterial é essa pressão exercida pelo sangue na parede interna das artérias. Ela pode ser dividida em dois tipos: » Pressão sistólica: é a pressão exercida nas artérias durante a sístole ventricular, podendo ser chamada de pressão máxima, ela oscila entre 110mm Hg e 120mm Hg. » Pressão diastólica: pressão que ocorre durante a diástole ventricular, esta fica entre 70mm Hg e 80mm Hg, sendo também chamada de pressão mínima. Essas pressões podem ser aferidas com um instrumento chamado de esfigmomanômetro. Depois de o sangue passar pelo corpo, ele deve então impulsionado de volta ao coração, e isto acontece principalmente devido a contração da musculatura esquelética que, no momento de contração, eles comprimem as veias e, como no interior das veias há válvulas, no momento dessa compressão ocorre o deslocamento do sangue no sentido do coração. O sangue penetra no coração pelos átrios através de grandes vasos. O sangue que fora bombeado para os pulmões pelo ventrículo esquerdo, com altas concentrações de dióxido de carbono, retorna agora, rico em oxigênio, para o coração pelo átrio esquerdo. Esta é conhecida como pequena circulação ou circulação pulmonar. Já o sangue que fora bombeado para todo o corpo pelo ventrículo esquerdo, distribuindo o oxigênio, retorna agora, com altas concentrações de dióxido de carbono, para o coração pelo átrio direito. E esta é conhecida por grande circulação ou circulação sistêmica. 36 CAPítulo 2 funções do sistema respiratório Ventilação pulmonar O ar dos pulmões é initerruptamente renovado, dessa forma, o aporte de oxigênio está sempre garantido para que haja renovação no sangue. Essa renovação de ar dos pulmões é chamada de ventilação pulmonar. Na nossa espécie, assim como em outros mamíferos, a ventilação pulmonar é dependente de ação muscular: dos músculos que interligam as costelas, e dos músculos intercostais, e dependem também da ação de uma membrana situada entre a cavidade torácica e a cavidade abdominal, o diafragma, que é uma membrana musculosa, espessa e resistente. Dois movimentos básicos do ar nos pulmões são a base das trocas de ar, são eles: a inspiração e a expiração. O ar entra e sai dos pulmões por diferença de pressão entre o interior e o exterior do tórax. O primeiro é o movimento de entrada de ar nos pulmões, a inspiração, e é exercido quando o diafragma desce, por contração, e as costelas sobem, esses movimentos fazem o volume da caixa torácica aumentar, e a pressão interna diminuir, forçando o ar para dentro, o que equilibra as pressões. O segundo é o movimento de saída do ar dos pulmões, a expiração, onde o oposto ocorre, o diafragma sobe, por relaxamento, e as costelas descem, aumenta a pressão interna do tórax, dessa forma o ar é forçado para fora pela redução do volume da caixa torácica. Os músculosrespiratórios podem ser classificados em dois grupos. Aqueles que são inspiratórios: músculo diafragma, músculos intercostais, músculos escalenos, músculos acessórios (peitoral maior, peitoral menor, trapézio, serrátil anterior, elevador da escápula e esternocleidomastoideo). E os músculos expiratórios: músculo reto abdominal, músculo oblíquo interno, músculo oblíquo externo, músculo transverso do abdome. Cada movimento respiratório é constituído de uma inspiração e uma expiração, onde aproximadamente 0,5 litros de ar entram e saem dos pulmões. 37 FISIOLOGIA DOS SISTEMAS│ UNIDADE II Em uma respiração forçada, o volume máximo que pode ser inalado e exalado em uma respiração é chamado de capacidade pulmonar vital, e gira em torno de 4 a 5 litros em uma pessoa jovem. De fato, é impossível expirar todo o conteúdo dos pulmões, eles são capazes de conter mais ar que a sua capacidade vital. Se forçarmos ao máximo a expiração ainda vão restar aproximadamente 1,5 litros de ar dentro dos pulmões, este ar que fica é chamado de ar residual. A frequência respiratória é determinada pela quantidade de movimentos respiratórios. Ele fica entre 12 a 15 vezes por minuto quando o indivíduo esta em repouso. Durante a prática de exercício intenso, a frequência irá aumentar isso porque uma maior atividade corporal requer uma carga de O2 maior, pois o gasto de energia é maior, principalmente nas células musculares. A adição de energia é proveniente da respiração celular, logo, a demanda aumentada de energia significará aumento da demanda de O2 para as células, que é conseguido com o aumento da frequência cardíaca. O link ensina um passo a passo para um modelo simples que simula o funcionamento do músculo diafragma com suas respectivas variações de pressão, o que permite a entrada e saída do ar. <http://www.youtube.com/ watch?v=b__DlbZBEVY> Por dia, mais de 10 mil litros de ar entram e saem dos nossos pulmões. Durante este tempo entre 450 e 500 litros de O2 são absorvidos e a mesma quantidade de CO2 são expelidos. Hematose Este é o fenômeno chave do sistema respiratório. É por meio do processo de hematose que o O2 presente nos alvéolos se difunde para os capilares sanguíneos e penetra nas hemácias, onde irão se combinar a hemoglobina. Cada molécula de hemoglobina (que podem se abreviadas como Hb) é formada por quatro cadeias associadas a um grupo químico que contem ferro (símbolo Fe), este grupo é chamado de grupo heme. Devido aos quatro grupamentos químicos de Fe, cada Hb liga-se a quatro moléculas de O2, formando um complexo quimicamente instável chamado de oxiemoglobina (HbO2). Nessa forma, o gás oxigênio pode ser transportado para todo o corpo, podendo ser levado a cada célula que necessite. Uma vez nos tecidos, o O2 dissocia-se da hemoglobina e difunde-se para o fluido que banha os tecidos e as células. Cada célula o absorve então e o utilizam na respiração celular, processo este que acontece dentro das mitocôndrias. 38 UNIDADE II │ FISIOLOGIA DOS SISTEMAS Figura 22. Fonte: Adaptado de: < http://lamoreabio2.blogspot.com.br/2012/04/relacao-hemoglobina-globulo-vermelho.html>. Já o CO2 faz o caminho inverso, se difunde para o líquido que banha o tecido e são absorvidos pelos capilares. Uma vez no plasma sanguíneo, aproximadamente 5% a 6% permanece dissolvido, e faz a viajem dessa forma. Outros 23% aproximadamente associam-se a grupamentos amina dentro da própria Hb, e formam a carboemoglobina. Já o restante, aproximadamente 70%, que constitui a maior parte, reage com água no interior das Hb formando o ácido carbônico (conforme já discutido anteriormente), (H2CO3), que é rapidamente quebrado em íons H + e íons bicarbonato (HCO3 -) pela enzima anidrase carbônica. Os íons H+ associam-se a moléculas de Hb, e os íons HCO3 - saem das hemácias e vão para o plasma sanguíneo, onde tem um papel importante para regulação do grau de acidez do sangue. Figura 23. Ca pi la r S an gu ín eo Capilar Sanguíneo 39 FISIOLOGIA DOS SISTEMAS│ UNIDADE II Fonte: Amabis e Martho, 2009. Quando os íons bicarbonato presentes no plasma passam pelos capilares alveolares, eles entram novamente nas hemácias e unem-se aos íons H+, formando uma reação inversa, onde há a formação de ácido carbônico e em seguida água e CO2. Quando isto ocorre neste ponto, o CO2 é difundido para o ar alveolar sendo eliminado em seguida pela expiração. Resumindo: 100% do O2 é transportado no sangue no interior das hemácias, na forma de oxiemoglobina. O CO2 tem sua maior parte (70%) transportada pelo próprio plasma, dissolvido como íon HCO3 -, e pouco mais de 20% é transportado na forma de carboemoglobina. Os pulmões são responsáveis por realizar o contato entre o ar atmosférico e o sangue, renovando constantemente seu conteúdo gasoso através da ventilação pulmonar. Ela consiste em: inspiração, e é exercido quando o diafragma desce, por contração, e as costelas sobem, esses movimentos fazem o volume da caixa torácica aumentar, e a pressão interna diminuir. E expiração, onde o oposto ocorre, o diafragma sobe, por relaxamento, e as costelas descem, aumenta a pressão interna do tórax. O O2 que atinge os se difunde para os capilares sanguíneos e penetra nas hemácias, onde irão se combinar com a hemoglobina. E fazendo o caminho inverso temos o CO2 que se difunde para o líquido que banha o tecido e são absorvidos pelos capilares, quando atingem os alvéolos, se difundem para o espaço aéreo sendo expelido na expiração. Há aproximadamente 250 milhões de moléculas de Hb em cada hemácia, o que faz com que cada uma dessas células consiga transportar aproximadamente 1 bilhão de moléculas de O2. 40 CAPítulo 3 regulação neural dos sistemas cardiovascular e respiratório regulação cardíaca neuronal O controle nervoso do músculo cardíaco é realizado de duas formas. A primeira é chamada de inervação extrínseca; que provém de nervos situados fora do coração, e deriva do sistema nervoso autônomo, isto é, simpático e parassimpático. Do simpático, o coração recebe os nervos cardíacos simpáticos, sendo três cervicais e quatro ou cinco torácicos. As fibras parassimpáticas que vão até o coração seguem pelo nervo vago (X par craniano), do qual derivam nervos cardíacos parassimpáticos, sendo dois cervicais e um torácico. Do ponto de vista fisiológico o simpático acelera e o parassimpático retarda os batimentos cardíacos. A outra, esta que já discutimos parcialmente sob um ponto de vista anatômico/fisiológico quando falamos de frequência cardíaca, é chamada de inervação intrínseca; que constitui um sistema só encontrado no coração e que se localiza no seu interior. Ela também é conhecida como sistema de condução do coração e é a responsável pelos batimentos contínuos do coração. É uma atividade elétrica, intrínseca e rítmica, que se origina em uma rede de fibras musculares cardíacas especializadas, chamadas células autorrítmicas (a região do marca-passo cardíaco), por serem autoexcitáveis. A excitação cardíaca normalmente começa no nodo SA, principalmente por este apresentar o ritmo de marca-passo intrínseco mais rápido, propagando-se então pelas fibras musculares atriais, despolariza rapidamente tanto o átrio esquerdo quanto o direito. O potencial de ação segue até atingir o nodo AV, e continua o seu movimento de descida para despolarizar, simultaneamente, os ventrículos direito e esquerdo. Do nó atrioventricular, o potencial de ação chega ao feixe atrioventricular, também chamado de feixe de His, que é a única conexão elétrica entre os átrios e os ventrículos, devido à separação por tecido fibroso contida entre os ventrículos ser inerte eletricamente. Após ser conduzido ao longo do feixe atrioventricular, o potencial de ação entra nos ramos direito e esquerdo que cruzam o septo interventricular em direção ao ápice cardíaco. Finalmente, as miofibras condutoras, chamadas de fibras de Purkinge, conduzem rapidamente o potencial de ação, primeiro para o ápicedo ventrículo e após para o restante do miocárdio ventricular. Estes dois feixes, de His e Purkinje, são caracterizados por apresentarem ritmos de condução rápidos. Esse arranjo permite que os átrios e os ventrículos batam de forma sincrônica e minimiza as chances de retroalimentação elétrica entre as câmaras. 41 FISIOLOGIA DOS SISTEMAS│ UNIDADE II Controle dos movimentos respiratórios Este controle pode ser realizado em certo nível de forma voluntária. Somos capazes de parar respirar durante algum momento ou podemos aumentar ou diminuir a frequência de inspiração e expiração. No entanto o maior controle é exercido de forma involuntária pelo sistema nervoso. Se prendermos a respiração, em certo momento somos forçados a voltar a respirar, quer nós queiramos ou não. Os centros de controle nervoso da respiração estão localizados no bulbo encefálico e no tronco cerebral, especificamente em vários grupos de neurônios interconectados na medula espinal. Quando o indivíduo está em repouso, a cada 5 minutos aproximadamente, o sistema de controle nervoso envia um estímulo para a musculatura torácica e o diafragma se contraiam, nos fazendo inspirar. Já quando estamos em exercício físico intenso, por exemplo, a demanda de energia junto com a liberação de CO2 aumenta. O CO2 em excesso combina-se com a água dando origem ao ácido carbônico, tornando o sangue mais ácido (observar formula a seguir). Esse aumento de acidez é detectado pelo sistema nervoso, que em resposta, aumenta a estimulação dos músculos envolvidos na respiração, que leva ao aumento da frequência respiratória. CO2 + H2O → H2CO3 → H + + HCO3 - Este é um efeito agudo, durando somente nas primeiras horas após a subida da concentração de CO2, e voltando ao normal em poucos dias. Isso porque o aumento da concentração de H+ na circulação sanguínea leva a liberação de íons bicarbonato pelos rins que se ligam aos íons H+, efeito de tamponamento, e este íon tem a capacidade de se difundir para dentro das barreiras hematoencefálica e do líquido cefalorraquidiano. Ou o CO2, ou íons H +, por si só podem agir diretamente no centro respiratório aumentando a força dos sinais de inspiração e expiração dos músculos respiratórios. Porém, tem se discutido que os íons H+ não são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica, fazendo com que este íon não estimule agudamente os centros nervosos com tanta eficiência em comparação com o CO2. A menos que esta alteração de concentração de íons H+ já ocorra no cérebro, após a difusão de CO2 para este tecido. O exercício físico foi utilizado aqui como exemplo do aumento de demanda de O2, gerando desequilíbrio nas concentrações de CO2 e H+. No entanto, a verdade é que o exercício vigoroso eleva sim o consumo de O2 e a formação de CO2 em até 20 vezes, mas a ventilação alveolar aumenta quase que paralelamente, compensando o desequilíbrio. São atribuídos dois mecanismos diretos para esse efeito compensatórios: 42 UNIDADE II │ FISIOLOGIA DOS SISTEMAS 1. Impulsos colaterais: quando o cérebro transmite os impulsos para que a musculatura se contraia, ele também envia impulsos colaterais para o tronco cerebral para excitar o centro respiratório. 2. Movimentos corporais: quando braços e pernas entram em movimento, proprioceptores articulares e musculares transmitem impulsos excitatórios para o centro respiratório, para que este aumente a ventilação pulmonar. Outra forma de estimular os centros nervosos a aumentarem a frequência respiratória é a queda na concentração de O2 no sangue. Essa queda é detectada por receptores químicos, e não pelos centros respiratórios, que estão localizados nas paredes das artérias aorta, chamados de corpos aórticos, localizados ao longo do arco aórtico; e da artéria carótida, estes são chamados de corpos carotídeos e estão localizados nas bifurcações das artérias carotídeas comuns, que então enviam mensagens ao sistema nervoso, levando-o a aumentar a frequência da respiração. Dessa forma, o sistema nervoso ajusta a taxa de ventilação alveolar para manter constante as concentrações de O2 e CO2 no sangue independente das condições em que o indivíduo se encontre. Figura 24. Aferentes – Nervos que levam as informações sobre as condições do sangue e do estado de contração dos músculos diafragma e intercostais ao sistema nervoso central. Eferentes – Os centros nervosos enviam impulsos através dos nervos determinando maior ou menor ventilação pulmonar. Centro Respiratório no Bulbo Encefálico Pulmão Diafragma Músculos Intercostais Fonte: adaptado de Amabis e Martho, 2009. 43 FISIOLOGIA DOS SISTEMAS│ UNIDADE II Existem no corpo três grupos de neurônios que formam os centros respiratórios: 1. O primeiro é o grupo respiratório dorsal, que está localizado na porção distal do bulbo e é responsável por gerar potenciais de ação inspiratórios de forma crescente, e também é responsável por manter o ritmo básico da respiração. Ele recebe informações de quimiorreceptores periféricos e outros receptores através do nervo vago e do nervo glossofaríngeo. 2. Outro grupo que também está localizado no bulbo, na porção ventrolateral, é o grupo respiratório ventral, e é responsável por causar expiração ou inspiração, dependendo de quais neurônios são ativados. Durante a respiração normal esse grupo permanece inativo, mas quando grandes quantidades respiração são necessários, este centro envia estímulos para os músculos respiratórios abdominais. 3. O terceiro é o centro pneumotáxico, que está localizado dorsalmente na porção superior da ponte. Ele é o responsável por controlar a taxa e o padrão respiratório. Através da inibição do grupo respiratório dorsal, este grupo controla a fase de expansão do ciclo respiratório. Quando ele limita a inspiração, de forma secundária, ele aumenta a frequência respiratória. Figura 25. Fonte: adaptado de Mcphee, 2011. 44 unidAdE iiiPAtologiAS doS SiStEMAS CAPítulo 1 Patologias do sistema cardiovascular Mais da metade das mortes ocorridas em países desenvolvidos são causadas por doenças cardiovasculares. As mais graves formas de doenças cardiovasculares acontecem em decorrência a obstruções de artérias importantes como as coronárias por exemplo, que irrigam o coração. A predisposição genética é um fator que leva algumas pessoas a desenvolverem doenças cardiovasculares, no entanto, somente os fatores genéticos não são suficientes para por si só gerarem alguma doença, eles precisam atuar em conjunto com fatores ambientais tais como: o fumo, o consumo de alimentos gordurosos e com colesterol, o sedentarismo e o estresse. Como não é possível alterarmos a nossa constituição genética, o melhor que podemos fazer é adaptar os nossos costumes de vida de forma a termos uma melhora nas condições cardiovasculares, prestando atenção a fatores de risco como estes citados evitando-os, ou em parte reduzindo-os. A compreensão dos processos fisiopatológicos, associados às doenças do coração e dos grandes vasos, irá fornecer uma base para o tratamento do paciente. Qualquer alteração na transmissão de impulsos através do coração pode ser identificada através do e ECG, e vão ser identificados através das alterações nas ondas registradas. Dessa maneira, a maioria das anormalidades que envolvem este órgão pode ser identificada pela simples análise do eletrocardiograma. 45 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS │ UNIDADE III Arritmias Quando o coração passa a apresentar um ritmo, uma frequência cardíaca que não representa o estado normal, observado principalmente quando o indivíduo está em repouso, algo diferente de 50 a 100 batimentos por minutos (bpm), podemos então facilmente classificar como sendo rápidas demais, as taquicardias, ou lentas demais, as chamadas bradicardias. A taquicardia As taquicardias podem ser explicadas por três mecanismos celulares básicos referentes ao potencial de ação atuante na contração das células do miocárdio. Para isso, devemos entender um pouco como issoocorre. Logo após a despolarização dos miócitos devido à entrada de íons sódio (Na+), faze inicial da contração da musculatura cardíaca que ocorre devido a presença de canais rápidos de Na+ nessas células, ocorre a entrada de íons cálcio (Ca2+) através dos canais lentos de cálcio, que mantêm o potencial de membrana relativamente inalterado por algum tempo, essa situação é ajudada pela saída de potássio (K+) da célula através de canais especializados. A célula volta ao seu normal, se repolariza, com o fechamento dos canais de Na+ e Ca2+, e através do continuo fluxo de potássio para fora. Nas células marca-passo, essa situação é um pouco diferente. Talvez devido a necessidade de uma ritmicidade contínua, as células dos nodos SA e AV não apresentam despolarização rápida inicial devido à ausência dos canais rápidos de Na+, porém elas necessitam de um automatismo melhorado e fazem isto com a inclusão de uma fase posterior a da repolarização celular, onde ocorre uma despolarização relativamente rápida através da combinação da redução do efluxo de K+ e do influxo de Na+ e Ca2+, via canais especializados. Estes dois mecanismos parecem ser os responsáveis por essa alteração dinâmica, e rápida, do potencial da membrana nas células dos nodos. Com esse pequeno resumo, que serve somente para entendermos algo que na verdade é bem complexo para ser abordado neste curso, podemos agora discutir quais são as três explicações de nível celular para as taquicardias: » A primeira refere-se a um aumento da frequência cardíaca que pode ser o resultado de uma despolarização mais rápida do que normalmente vista nos nodos. » A segunda ocorre se a repolarização for retardada, o que irá gerar um período de platô mais longo, mantendo a célula ainda despolarizada. 46 UNIDADE III │ PATOLOGIAS DOS SISTEMAS E podem ocorrer outras despolarizações espontâneas, causadas por reativação de canais de Na+ ou de Ca2+, dentro das fases de repolarização (fase de restauração da polarização normal da célula) ou na fase seguinte do potencial de ação dos nodos (a fase de despolarização subsequente). Essas despolarizações são chamadas de atividade de gatilho, porque são dependentes da existência de um potencial de ação precedente. Se essas despolarizações atingirem o limiar, a taquicardia pode ocorrer, em certas condições patológicas. » O terceiro mecanismo refere-se a mais comum das taquicardias, e pode se originar de um circuito reentrante. Qualquer condição que possa dar origem a regiões paralelas, mas eletricamente separadas, com velocidades de condução diferentes, como uma zona fronteiriça de um infarto do miocárdio, ou uma conexão atrioventricular acessória, pode servir como o substrato para um circuito reentrante. Em outras palavras, o impulso nervoso tem 2 caminhos para seguir, e utiliza ambos, gerando estímulo adicional, e assim, contrações adicionais. Independente de qual seja o mecanismo, o tratamento imediato das taquicardias depende da análise do complexo QRS, se esta se apresenta estreito ou largo. Se o complexo QRS for estreito, a despolarização dos ventrículos deve estar ocorrendo normalmente pelos tecidos de condução especializados do coração, e a arritmia deve estar se originando no nodo AV ou acima dele, na porção supraventricular. Podemos identificar na figura a seguir um esquema de cinco tipos de arritmias possíveis que são encontradas devido à despolarização dos ventrículos. Na taquicardia supraventricular o QRS é estreito, porque os ventrículos são despolarizados pelos tecidos de condução especializados normais (região em azul). 47 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS │ UNIDADE III Figura 26 Fonte: adaptado de Mcphee, 2011. 1. A fibrilação atrial ocorre quando múltiplos estímulos microreentrantes levam à ativação caótica dos átrios. Como estes impulsos estão alcançando o nodo AV com intervalos irregulares, a despolarização ventricular é também irregular. 2. Flutter atrial é um estímulo macroreentrante que viaja para cima pelo septo interatrial e para baixo pelas paredes laterais dos átrios, e pode 48 UNIDADE III │ PATOLOGIAS DOS SISTEMAS ativá-los a 300 bpm aproximadamente. O nodo AV só pode conduzir um de cada dois, ou três, batimentos, de modo que os ventrículos são despolarizados a 150 ou 100 bpm. 3. Na taquicardia reentrante do nodo AV, existem 2 vias no nodo AV: lenta e rápida; e desta forma pode ser formado um circuito microreentrante. 4. Na reentrada atrioventricular, o que ocorre é uma conexão anormal entre o átrio e o ventrículo, de maneira que um circuito macroreentrante pode ser formado. Com o nodo AV compondo a via lenta e a conexão atrioventricular anormal a via rápida. 5. E na taquicardia atrial, um foco anormal de atividade atrial, em consequência da reentrada, ou da atividade de gatilho, ou do automatismo anormal, pode ativar os átrios de maneira regular. Porém, um complexo QRS mais largo sugere que a ativação ventricular não está ocorrendo normalmente pelos tecidos de condução especializados do coração. A taquicardia ou está se originando no tecido ventricular, ou é uma taquicardia supraventricular com condução aberrante, pelo sistema His-Purkinje, ou por uma via acessória. Têm sido desenvolvidos critérios para distinguir entre taquicardia ventricular e supraventricular com aberração. Bradicardia Ela pode surgir por dois mecanismos básicos. O primeiro mecanismo pode acontecer pela redução do automatismo do nodo AV, podendo resultar em frequências cardíacas lentas, ou pausadas. Essa falha pode ser identificada em uma tira de ritmo pela pausa repentina da atividade atrial. Se a atividade marca-passo do nodo AV cessa, o coração será ativado, em geral, em uma frequência mais lenta, por outros tecidos cardíacos com atividade de marca-passo. Figura 27. Fonte: adaptado de Mcphee, 2011. 49 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS │ UNIDADE III A redução do automatismo do nodo AV pode ocorrer durante períodos de aumento do tônus vagal, como observáveis no sono, na massagem do seio carotídeo, ou no desmaio comum. São vistas também com o aumento da idade e secundariamente devido a fármacos betabloqueadores ou bloqueadores de canais de cálcio. O segundo mecanismo pode ser em decorrência do impulso cardíaco estar sendo impedido de ativar normalmente os ventrículos, por causa de bloqueio na condução (ver Figura 28, onde é demonstrado o bloqueio cardíaco sem associação alguma entre a atividade atrial, as setas, e a atividade ventricular, os pontos). Figura 28. Fonte: Fonte: adaptado de Mcphee, 2011. Como descrito anteriormente, o nodo AV e o feixe de His formam, normalmente, a única conexão eletricamente ativa entre os átrios e os ventrículos. Embora esse arranjo seja útil para prevenir a retroalimentação entre as duas câmaras, ele acaba se tornando um local vulnerável para o bloqueio da condução entre os átrios e os ventrículos, por ser justamente o único. Os ventrículos ainda podem ser ativados pelo feixe do lado oposto, e embora o bloqueio possa ser observado nos ramos esquerdo ou direito, a bradicardia pode não ocorrer. O bloqueio atrioventricular ainda pode ser classificado como sendo de: » Primeiro grau: quando ocorre um tempo de condução atrioventricular anormalmente longo (intervalo PR > 0,22s), mas a ativação dos átrios e dos ventrículos demonstram uma associação 1:1. » Segundo grau: visto quando alguns impulsos atriais, mas não todos, são conduzidos aos ventrículos. » Terceiro grau: é quando não há associação entre as atividades atrial e ventricular. 50 UNIDADE III │ PATOLOGIAS DOS SISTEMAS O bloqueio atrioventricular pode ocorrer devido a diversos fatores, como o aumento da idade, com o influxo vagal aumentado, como um efeito colateral de certos fármacos e algumas vezes pode ser visto em distúrbios congênitos, como distrofia muscular, esclerose tuberosa e lúpus eritematoso sistêmico materno, e em distúrbios adquiridos, como sarcoidose, gota, doença de Lyme, lúpus eritematoso sistêmico, espondiloseanquilosante e doença arterial coronariana. Quer a bradicardia resulte da primeira ou da segunda condição, sempre há a necessidade de uma avaliação criteriosa para se detectar se é reversível ou não. Entretanto, frequentemente é necessária a implantação de um marca-passo permanente. insuficiência cardíaca É quando a função de bomba do coração não está adequada, levando a uma concentração de fluidos nos pulmões e tecidos periféricos. Diversas doenças podem progredir para um quadro de Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) e os sintomas nos pacientes podem se diferenciar devido à velocidade com que a insuficiência se instaure, se ela compromete o ventrículo esquerdo, o direito ou ambos. Quando ela acomete o ventrículo esquerdo: Normalmente o indivíduo com insuficiência ventricular esquerda, irá sentir uma falta de ar, também é chamada de dispneia, quando estiver deitado conhecido com ortopneia, ou durante a noite chamado de dispneia paroxística noturna. Além deste sintoma, diversos outros estão envolvidos com a insuficiência cardíaca tais como: fadiga, dor torácica ocasional e confusão mental. O exame físico e clínico devem envolver em geral verificações da frequência cardíaca e respiratórias que devem estar elevados, a pele pode se apresentar pálida, fria e suarenta e o pulso pode estar alternando entre batimentos fortes e outros fracos, chamada de pulsus alternans. A ausculta dos pulmões deve revelar sons anormais, chamados de estertores, descritos como “folhas crepitantes”. No exame cardíaco, o impulso apical frequentemente está deslocado lateralmente. O examinador dever ter bastante atenção porque é comum identificar insuficiência ventricular direita, uma vez que indivíduos com insuficiência ventricular esquerda também têm insuficiência do ventrículo direito. A insuficiência cardiovascular tem muitas causas e se faz necessário compreender qual delas está associada a cada indivíduo. As mais comuns causas são: » Sobrecarga de volume. 51 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS │ UNIDADE III › Valvas insuficientes (mitral ou aórtica). › Estados de débito elevado: anemia, hipertireoidismo. » Sobrecarga de pressão › Hipertensão sistêmica. › Obstrução do efluxo: estenose aórtica, hipertrofia septal assimétrica. » Perda muscular › Infarto do miocárdio por doença arterial coronariana. › Doença do tecido conjuntivo: lúpus eritematoso sistêmico. » Perda de contratilidade › Venenos: álcool, cobalto, doxorrubicina. › Infecções: virais, bacterianas. » Enchimento restrito › Estenose mitral. › Doença pericárdica: pericardite constritiva e tamponamento pericárdico. › Doenças infiltrativas: amiloidose. A fisiopatologia da insuficiência cardíaca deve ser entendida pelas interações entre o coração e outros órgãos do corpo e não considerar o coração como um órgão isolado, e também pelas alterações a nível celular. As principais implicações fisiopatológicas da insuficiência estão resumidas a seguir. As alterações podem ter implicações hemodinâmicas: quando há diminuição do débito cardíaco, que normalmente é resultado de uma disfunção sistólica. Ou pode ocorrer uma redução do enchimento cardíaco, referente a uma disfunção diastólica. Embora a condição mais frequente seja a disfunção de ambas. Quando ocorre uma disfunção sistólica há uma redução no volume do batimento e no débito cardíaco, o que leva o coração a realizar o aumento da contração dos sarcômeros, devido ao aumento de retorno de sangue ao coração, chamado de pré-carga, aumentando assim o volume do batimento uma vez que haverá aumento da pressão diastólica final. 52 UNIDADE III │ PATOLOGIAS DOS SISTEMAS Outro mecanismo que o coração utiliza nessas condições é o aumento do débito cardíaco através da liberação de catecolaminas, que elevam a frequência cardíaca. O coração pode ainda também sofrer hipertrofia e com isso, o volume ventricular aumentar. Estes três mecanismos compensatórios para a manutenção do débito cardíaco são temporários, sendo que cada um deles apresenta uma limitação em sua forma de fazê-lo. Se a causa da insuficiência sistólica não for tratada, o coração irá tornar-se insuficiente. Já quando o que ocorrer for uma disfunção diastólica sem alterações sistólicas, ou seja, quando a contratilidade dos miócitos (fibras musculares, são as células que constituem os músculos) não está alterada, o que ocorre um aumento da pressão diastólica final no ventrículo esquerdo, e sintomas de insuficiência cardíaca congestiva. Essa condição pode ser vista em qualquer enfermidade que cause redução do relaxamento, redução do recuo elástico, ou aumento da rigidez do ventrículo. A hipertensão é um dos fatores que levam a disfunção diastólica, ela normalmente aumenta a espessura da parede ventricular esquerda, e leva a alteração dos três parâmetros descritos anteriormente. Outro importante fator que leva a disfunção diastólica é a insuficiência de sangue para os miócitos causado por alguma isquemia, o que leva a diminuição do relaxamento. Se a isquemia ocorrer devido a um infarto do miocárdio por exemplo, a lesão dos miócitos pode ser irreversível, com a ocorrência de fibrose, que é a substituição das células contráteis, acarretando em uma disfunção sistólica. Na maioria dos pacientes, uma combinação de disfunções sistólica e diastólica é responsável pelos sintomas de insuficiência cardíaca. Outra implicação fisiopatológica da insuficiência cardíaca são as alterações neuro-humorais que ocorrem devido à liberação de neurormônios endógenos e citosinas, vistas principalmente pelo aumento de atividade do sistema adrenérgico e do sistema renina-angiotensina, que normalmente acontecem após alguma lesão cardíaca. Inicialmente essa liberação se faz satisfatória, e a resposta mantém a perfusão dos órgãos vitais, porém, com o tempo, essas compensações podem levar a fadiga do tecido cardíaco com perda de função. Logo no início do desenvolvimento da insuficiência cardíaca, para ajudar a manter o débito cardíaco, os níveis plasmáticos de norepinefrina se elevam causando aumento da contratilidade e da frequência cardíaca. Porém, isto leva a um aumento da pré-carga, resultado da vasoconstrição venosa, e da pós-carga, através da vasoconstrição arterial, o que piora a insuficiência cardíaca. Além disso, a hiperatividade simpática causa alterações celulares deletérias. 53 PATOLOGIAS DOS SISTEMAS │ UNIDADE III Com a redução da pressão sanguínea nos rins, ocorre a liberação de renina e a produção de angiotensina II, esta que juntamente com a ativação simpática causam a vasoconstrição das arteríolas eferentes dos glomérulos, mantendo a filtração glomerular sob controle mesmo havendo redução do débito cardíaco. E, com a produção de angiotensina II, ocorre a síntese de aldosterona, que aumenta a reabsorção de Na+ e a excreção de K+, o que leva a um círculo vicioso, à medida que a hiperatividade continua, o sistema renina-angiotensina leva à vasoconstrição intensa, a um aumento da pós-carga, e a uma redução ainda maior do débito cardíaco e da taxa de filtração glomerular. Na insuficiência podem ocorrer também a liberação aumentada de outro potente vasoconstritor, a vasopressina, que é liberada pela porção posterior da glândula hipófise e também promove reabsorção de água pelos túbulos renais. As células endoteliais podem ainda liberar um vasoconstritor potente que é responsável por alguns dos efeitos fisiopatológicos observáveis em pacientes com insuficiência ventricular esquerda. É um peptídeo chamado de endotelina, que em excesso foi demonstrado, por meio de dados preliminares, ser responsável pela hipertensão das artérias pulmonares. A endotelina também está associada ao crescimento dos miócitos e ao depósito de colágeno na matriz intersticial. As Interleucinas (IL) e o fator de necrose tumoral α (FNT-α) são os dois grupos principais de citocinas, que podem ter um papel fisiopatológico importante na insuficiência cardíaca. As citocinas são uma família
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