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Bases de Fisioterapia do Trabalho Antropometria Marisa de Cássia Registro Fonseca 2020 RCG 4012 Fisioterapia preventiva ANTROPOMETRIA ü medidas físicas do corpo humano ü Medidas representativas e confiáveis de uma população ü As condições em que essas medidas são realizadas influem nos resultados ü Importância da medidas antropométricas (dimensionamento projetos e produtos): - Indústria automobilística; - Indústria aeroespacial; - Postos de trabalho ( EFICIÊNCIA, CONFORTO, SEGURANÇA) ü A padronização excessiva nem sempre se traduz em conforto, segurança e eficiência. ü Devemos considerar algumas diferenças entre a população para maior conforto do consumidor ou trabalhador: - Diferenças entre os sexos; - Variações intra-individuais; - Variações étnicas; - Diferenças entre os climas; Padrões nacionais x Internacionais de medidas antropométricas Três fatos contribuíram para essa tendência: Crescente Internacionalização da economia Acordos de comércio internacional Padronização internacional de produtos militares ü Não existem medidas antropométricas confiáveis para a população mundial Padrões internacionais de medidas antropométricas Tipos de antropometria • Estática- mede pontos anatômicos, ideal para mobiliários e situações onde ocorrem poucos movimentos, pode requerer ajustes • Dinâmica- mede o alcance dos movimentos corporais. Os movimentos de cada parte do corpo são medidos mantendo-se o resto do corpo estático. Ex: Alcance máximo das mãos com a pessoa sentada ü Funcional- medidas relacionadas com a execução de tarefas específicas. Ex: Acionar uma manivela para fechar o vidro do carro ü Posto de trabalho dimensionado com dados da antropometria estática ajustes serão necessários para acomodar os movimentos do corpo Tipos de antropometria Métodos de medição Ø Diretos: - Réguas, trenas, fitas métricas, laser, paquímetros, transferidores, balanças, dinamômetros Ø Indiretos: - Fotografias Realização das medições ü Sempre que possível e justificável, as medições antropométricas devem ser realizadas diretamente, tomando-se uma amostra de sujeitos que serão usuários ou consumidores do objeto a ser projetado ü Etapas para execução dessas medidas: 1. Definição de objetivos; 2. Definição das medidas; 3. Escolha dos métodos; 4. Seleção da amostra; 5. Medições; 6. Análises Seleção da amostra ü A amostra deve ser representativa da população na qual serão aplicados os resultados ü O tamanho da amostra pode ser calculado estatisticamente. OMS (Organização Mundial de Saúde, 1995): mínimo de 200 pessoas, entretanto , uma amostra de 30 a 50 sujeitos pode ser satisfatória Medições ü As pessoas envolvidas nas medições deverão receber um treinamento prévio ü Após treino, deve haver um teste inicial para verificar se há consistência entre os resultados obtidos pelos medidores ü Escolher um sujeito como padrão para efeito de controle de qualidade dos procedimentos adotados Análises estatísticas ü Média e desvio padrão; ü Limites de confiança : - 95%: 2,5% dos maiores e menores são excluídos Definição de objetivos e das medidas ü Onde ou para que serão utilizadas as medidas antropométricas a) Altura lombar (encosto da cadeira) b) Altura poplítea (altura do assento) c) Altura do cotovelo (altura da mesa) d) Altura da coxa (espaço entre o assento e a mesa) e) Altura dos olhos (posicionamento do monitor) f) Ângulo de visão Antropometria estática Construção de modelos humanos ü Úteis no projeto e avaliação de produtos e postos de trabalho: ü Modelos bidimensionais ( trenas, paquímetros, modelos, fotos) ü Modelos tridimensionais (Modelos computacionais, Modelos matemáticos) ANTROPOMETRIA APLICAÇÕES Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o peso de mochilas, pastas e similares não deve ultrapassar 5% do peso de criança da pré-escola e 10% do peso do aluno do ensino fundamental Fisioterapia e pesquisa, 2007 Critérios para aplicação de dados antropométricos ü Ponto de vista industrial: Único tipo de produto padronizado ü Ponto de vista usuário/consumidor: Nem sempre proporciona conforto e segurança ü 5 princípios para aplicação das medidas antropométricas 1° Princípio “Projetos dimensionados para a média da população” ü Aplicado em produtos de uso coletivo. Ex: banco do ponto de ônibus, assentos de auditórios, transportes coletivos ü Conceito de média é discutível ü Poucas pessoas poderiam ser consideradas homem médio ou padrão 2° Princípio “Projetos dimensionados para um dos extremos da população” ü Existem casos em que projetos feitos com as médias não dão certo ü Devemos conhecer a variável limitante ü Alcance do braço em um painel, deve ser para os 5% menores Ex: batente da porta 182 cm= 95%, porém é 210 cm para incluir 99% e passagem de cargas 3° Princípio “Projetos apresentam dimensões reguláveis” ü Não abrangem o produto como todo, apenas algumas variáveis consideradas críticas para o desempenho ü Exemplo: Altura do assento e ângulo do encosto ü Cada tipo de regulagem implica em maiores custos de fabricação 4° Princípio “Projetos dimensionados para faixas da população” ü Produtos são fabricados em diversos tamanhos. Cada um acomoda uma parcela da população ü Exemplos: Camisas P, M e G; Calçados masculinos: 8 faixas (37 ao 44) 5° Princípio “Projetos são adaptados ao indivíduo” ü Produtos projetados especificamente para um indivíduo ü Exemplos: aparelho ortopédico, roupas feitas pelo alfaiate, pessoas com pé maior que 44 ü Melhor adaptação entre o produto e o usuário Mais caro Casos de extrema necessidade ou quando as consequências de uma falha são maiores que o gasto econômico ( cock pit Fórmula 1, roupas de astronautas, cadeira de rodas) Medidas mínimas e máximas ü Necessidade de combinar as mínimas e máximas de uma população ü Máximo é representado pelo percentil 95% dos homens e o mínimo pelo percentil 5% das mulheres ü Exceções: largura dos quadris: considerar como valor máximo as medidas correspondentes ao percentil 95% das mulheres Medidas mínimas e máximas Antropometria dinâmica Espaço de trabalho ü Volume imaginário, necessário para o corpo realizar os movimentos requeridos durante o trabalho ü Maioria das ocupações da vida moderna espaços relativamente pequenos trabalhador em pé ou sentado Ø Fatores considerados: postura, tipo de atividade manual, vestuário, cadeiras de roda e espaço pessoal Espaço de trabalho Postura Espaço de trabalho Tipo de atividade manual ü Trabalhos que exigem ações de preensão com o centro da mão (alavancas ou registros) 5 – 6 cm mais próximos do que trabalhos que exigem a atuação das pontas dos dedos (pressionar um botão) Espaço de trabalho Vestuário ü Podem aumentar o volume ocupado pelas pessoas e limitar seus movimentos. ü Exemplo: vestuário de inverno, salto alto, EPI, etc. Espaço de trabalho Cadeiras de roda ü Dimensões: ü 110 cm de comprimento ü 65 cm de largura ü espaço de giro de pelo menos 160 cm Espaço de trabalho Espaço pessoal ü Espaço para guardar objetos pessoais, de decoração, etc ü Espaço psicológico SUPERFÍCIES HORIZONTAIS ü Altura da mesa deve estar de 3 a 4 cm acima do nível do cotovelo, na posição sentada ü Vão livre entre o assento e a superfície inferior da mesa: mínimo de 20 cm Dimensões da mesa Iida, 2016 SUPERFÍCIES HORIZONTAIS Alcances sobre a mesa Grandjean, 1983, Iida, 2016 SUPERFÍCIES HORIZONTAIS Bancada para trabalho em pé ü Altura da bancada de 5 a 10 cm abaixo do cotovelo 5 cm– trabalhos de precisão e até 30 cm – trabalho pesado Grandjean, 1983, Iida, 2016 SUPERFÍCIES HORIZONTAIS Bancada para trabalho em pé ü Para bancada fixa é melhor dimensioná-la para o trabalhador mais alto e providenciar um estrado para o mais baixo ü Recuo de 10 x 10 junto ao piso (superfície vertical) O problema do assento ü Vantagens de trabalhar sentado: ü Consome menos energia; ü Reduz pressão nos MMII; ü Reduz pressão hidrostática da circulação nas extremidades e alivia o trabalho do coração; ü Manter ponto de referência; ü Uso simultâneo dos pés (pedais) e mãos. ü Desvantagens de trabalhar sentado: ü Aumento da pressão sobre os glúteos e restrição dos alcances O problema do assento ü Muito duro provoca concentração da pressão na região da tuberosidade isquiática fadiga e dores nos glúteos ü Muito macio não proporciona um bom suporte, pois não há equilíbrio adequado do corpo ü Ideal: Pouco espesso 2 a 3 cm de espessura Material antiderrapante e ter a capacidade de dissipar o calor e o suor gerados pelo corpo Postura de relaxamento máximo ü Existem 6 princípios gerais sobre os assentos (Lehmann, 1960; Kroemer et al, 1994) 1° Princípio “As dimensões do assento devem ser adequadas às dimensões antropométricas do usuário” 2° Princípio “existe um assento mais adequado para cada indivíduo” 3° Princípio “Existe um assento mais adequado para cada tipo de função” ü Exemplo: uma cadeira ideal para um digitador não seria ideal para ser instalada num automóvel. 4° Princípio “O assento deve permitir variações na postura” ü Alívio das pressões sobre os discos vertebrais e das tensões dos músculos dorsais de sustentação, reduzindo-se a fadiga. ü Assentos em formato anatômico são inadequados. ü Encosto móvel 5° Princípio “o assento deve suportar o peso do corpo” Altura estofado de revestimento 2 a 3 cm 6° Princípio “Assento e mesa formam um conjunto integrado” Pelo menos 20 cm espaço entre assento e mesa para as coxas Apoio de braços da cadeira mesma altura ou pouco abaixo da superfície trabalho para apoio cotovelos 7° Princípio “O encosto e o apoio de braço devem ser integrados para ajudar no relaxamento” 3 a 5o. Inclinação assento 95 a 110o. â assento-encosto 35 a 50cm 8° Princípio “O assento deve ter resistência, estabilidade e durabilidade” Norma NBR 14110: 1100 N (112 Kg) Mínimo:15 anos Postura semi-sentada ü Pouco confortáveis. ü Ajudam a estabilizar a postura. ü Útil quando as máquinas não podem ser operadas a partir da posição sentada. ü Útil nos casos em que se exigem rápidas mudanças entre as posturas sentada e de pé REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) ITIRO IIDA. Ergonomia: Projeto e produção. São Paulo: Blucher, 2005/2016. 2) ETIENNE GRANDJEAN. Manual de Ergonomia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. 3) HUDSON DE ARAÚJO COUTO. Ergonomia aplicada ao trabalho. Belo Horizonte: Ergo, 2007.