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Caso O Santana e seu desenvolvimento mercadológico no primeiro ano de vida26 A Volkswagen do Brasil classifica o público comprador em três partes distin- tas: A – Consumidores do Fusca, Gol, Voyage, Escort, Chevette, Fiat Oggi 147, Spazio; B – Passat, Corcel II, Monza, Opala, Comodoro; C – Del Rey, Diplomata, Alfa Romeo. Para atender ao público situado na categoria C, a empresa não dis- punha de nenhum modelo. O comportamento de vendas na classe B até 1980 obteve desempenho relativamente estável e com razoável equilíbrio de vendas entre os vários concorrentes. De 74 a 79 os automóveis da classe B tiveram participação média de 37% sobre toda a produção da indústria automobilísti- ca, representando um volume médio anual de 265 mil unidades vendidas. Um fenômeno que se deveu principalmente ao sucesso das linhas Passat e Corcel. A partir de 1981 as vendas dessa categoria entraram em declínio, em função da inexistência de lançamentos importantes nos três últimos anos, além de existi- rem outras e mais tentadoras ofertas como as linhas Gol e Voyage na classe A, e Del Rey na classe C. Entre 79 e 81 a Volkswagen atingiu o seu mais alto índice de participação no segmento da classe B, com 36%. Mas a chegada de novos concorrentes com inovações, fundamentalmente a nível de estilo, atraíram o público interessado em novidades. A crise econômica vivida pelo Pais afetou o poder de consumo da classe média, fazendo cair a procura no segmento de mercado na classe A nos modelos tradicionais da B. Ao final de 83 o Passat (Volks) tinha pouco mais de 21,5% de participação na classe, contra 47,3% da General Motors com o Monza, Opala e Comodoro e 31,2% da Ford com a linha Corcel. Avaliando-se as tendências do mercado, ficou comprovado que as populações de faixas de poder aquisitivo mais elevado eram menos afetadas em períodos de crise e recessão econômica. E, a partir desse quadro, estabeleceu-se a primeira razão de investir no lançamento de um carro do porte do Santana para atender aos consumidores das classes B e C. Os proprietárias dos veículos das classes B e C possuíam o poder de compra necessário para a troca por um produto que realmente trouxesse algo de novo. A linha Santana foi projetada dentro de um conceito tecnológico atualizado, re- forçando a ideia de avanço e liderança da marca Volkswagen em seus principais atributos, conquistados ao longo dos anos: segurança, economia, tradição de altíssima qualidade. Estes atributos iriam conviver dentro do segmento de carros sofisticados e luxuosos. O Santana deveria ser o TOP da marca Volkswagen, produto de mais status no mercado, com melhor desempenho, nas três versões de acabamento: CS (Comfort 26 Reproduzido com autorização da ADVB, Top de Marketing. São Paulo, 1985. Segmentação de Mercado 147 Silver), CG (Comfort Gold), CD (Comfort Diamond) em duas e quatro portas e modelo Station. Como perfil do consumidor a ser atingido, a empresa apontou os proprietários de outras marcas dentro da classe B, que estivessem em fase de ascensão social; aqueles dispostos a substituir os seus antigos carros por novos modelos de outra marca (como os proprietários do Alfa Romeo, Galaxie, Landau e Dart); os consumidores de veículos de 4 portas, onde se situam normalmente os executivos e funcionários de setores governamentais e os fiéis proprietários da marca Volkswagen, dispostos a trocar seu carro. E o Santana, já visando ao seu público potencial, foi lançado no mercado, apoiado em forte estratégia de marketing, englobando a efetiva participação de outros setores da indústria. Aperfeiçoou-se o sistema de suprimento de peças a curto prazo, preparando a rede autorizada para um serviço de assistência técnica do mais alto nível e criando o conceito de tratamento personalizado. O sistema de leasing e financiamento especiais para a linha Santana foi melhorado, assim como a empresa desenvolveu programas específicos de treinamento de motivação para o pessoal da rede de concessionárias. Nas campanhas publicitárias, desenvolvidas pela Almap, o conceito utilizado foi o Free Publicity, em que a ideia básica era o carro falando por si só, e outdoors mostrando que o único concorrente do Santana era o próprio Santana em outra versão. A chegada do Santana ao mercado automobilístico nacional ocupado pela classe C mudou radicalmente as posições dos concorrentes depois de julho de 84. De julho a dezembro, a Volkswagen vendeu 18.927 de um total de 35.197 unida- des comercializadas dentro deste segmento e conquistou 53,8% de participação. Num período de 12 meses, a Volkswagen vendeu 35.150 unidades do Santana, e a versão 4 portas vem contribuindo para aumentar as vendas, e também para a internacionalização dos hábitos dos consumidores brasileiros em relação ao automóvel de quatro portas. No início de 84, esse tipo de carro participou com 4,5% do total das vendas da indústria. Nesse ano, o índice subiu para 6,ó%, segundo as pesquisas feitas até o mês de junho. QUESTÕES 1. Conforme sugere o caso, que tipo de estratégia de abordagem de mercado é usada pela Volkswagen para vender seus produtos? 2. Qual o tipo de consumidor visado com o lançamento do Santana? 3. Classifique as variáveis para segmentação usadas pela empresa. 4. Comente a estratégia de marketing utilizada para atingir seu mercado- alvo. 5. A afirmativa “estes atributos iriam conviver dentro do segmento de carros sofisticados e luxuosos” significa uma diferenciação de produto ou segmen- tação de mercado? Justifique sua resposta.
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