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1 EDUCAÇÃO ESPECIAL E OS DIFERENTES TIPOS DE NECESSIDADES ESPECIAIS 2 SUMÁRIO PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS: ........................................ 3 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO ............................................................... 3 Dilemas e controvérsias .............................................................................................. 6 As definições no contexto da escola ........................................................................... 7 AS DIFERENTES NECESSIDADES ESPECIAIS ....................................................... 9 Deficiências sensoriais .............................................................................................. 12 Deficiência visual ....................................................................................................... 12 Deficiência auditiva ................................................................................................... 13 Deficiências físicas .................................................................................................... 15 Deficiências mentais ................................................................................................. 17 Crianças superdotadas ............................................................................................. 19 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E OS RECURSOS EDUCACIONAIS ESPECIAIS ................................................................................... 27 O Atendimento Educacional Especializado para alunos com Deficiência ................ 34 Notas sobre a Política, O AEE e a Deficiência Intelectual ......................................... 37 Avaliação Do Aluno Com Deficiência Intelectual: O Contexto Do AEE ..................... 40 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 43 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45 3 PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS: CLASSIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO A expressão necessidades especiais tornou-se bastante conhecida no meio acadêmico, no sistema escolar, nos discursos oficiais e mesmo no senso comum. Surgiu da intenção de atenuar ou neutralizar a acepção negativa da terminologia adotada para distinguir os indivíduos em suas singularidades por apresentarem limitações físicas, motoras, sensoriais, cognitivas, linguísticas ou ainda síndromes variadas, altas habilidades, condutas desviantes etc. Tal denominação foi rapidamente difundida e assimilada, talvez, pela amplitude e abrangência de sua aplicabilidade. Nessa perspectiva, podemos dizer que indivíduos cegos apresentam necessidades consideradas especiais, porque a maioria das pessoas não necessitam dos recursos e ferramentas por eles utilizados para ter acesso à leitura, à escrita e para se deslocar de um lado para outro, em sua rotina. Essas pessoas necessitam, por exemplo, do sistema braille, de livros sonoros, de ledores, de softwares com síntese de voz, de bengalas, cães-guia ou guias humanos. O mesmo raciocínio se aplica às pessoas que necessitam de muletas, cadeiras de rodas ou andadores para sua locomoção. Da mesma forma, os surdos valem-se da linguagem gestual e da experiência visual em sua comunicação. Existem também aqueles que necessitam de cuidados especiais para a alimentação, o vestuário, a higiene pessoal e outros hábitos ou atividades rotineiras. Em tais casos, essas pessoas necessitam desenvolver habilidades, funções e aprendizados específicos. Algumas dessas necessidades podem ser temporárias ou permanentes, dependendo da situação ou das circunstâncias das quais se originam. A literatura especializada a este respeito, particularmente representada pelos estudos de TELFORD & SAWREY (1978), é ilustrativa do longo e enviesado caminho percorrido para se chegar a uma conceituação que fosse mais precisa, científica e qualitativamente aceitável. Para esses teóricos: "A tendência atual é empregar termos menos estigmatizantes, mais 4 gentis e menos carregados emocionalmente, em substituição aos mais antigos, que adquiriram conotações de desamparo e desesperança. (...). Embora 5 redenominação de antigas categorias reflita em parte as concepções cambiantes e a maior precisão na definição e classificação, ela é antes um reflexo de nossa ênfase cultural na crença democrática de que todas as pessoas nascem iguais e de nossa tentativa de evitar as conotações de inferioridade intrínseca que eventualmente se acrescentam aos termos empregados com referência a grupos de pessoas percebidas como deficientes. Embora os rótulos sejam necessários para alguns fins, há uma tendência a utilizá-los tão pouco quanto possível, em vista dos estigmas associados a muitos deles (...)." (ROSSMAN, 1973). "É paradoxal que, quanto mais aprendemos acerca das pessoas excepcionais, menos confiantes nos tornamos quanto a nossa capacidade de classificá-las de maneira útil." (BOGDAN e TAYLOR,1976). Esses estudos representam uma contraposição à arbitrariedade e ao cunho preconceituoso e depreciativo que impregnavam a terminologia circulante entre pais, especialistas e o público em geral com referência às limitações física, motora, sensorial, cognitiva, às diferentes síndromes ou ao sofrimento mental. Tais proposições revelam uma mesma tendência, isto é, a preocupação em explicitar por meio de palavras ou expressões politicamente corretas, as virtudes e intenções de paradigmas ou concepções vigentes no decorrer das últimas décadas. Note-se que a conclusão apontada pelos autores sugere um movimento dinâmico, pouco satisfatório e, por isso, sujeito a incessantes indagações. Assim, as manifestações de certas características, peculiaridades ou diferenças individuais inspiraram a denominação corrente de pessoas com necessidades especiais para designar o que antes era concebido como grupos ou categorias de indivíduos excepcionais. Nesse contexto, a expressão alunos ou crianças excepcionais foi substituída por crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais e ratificada internacionalmente na Declaração de Salamanca (ver verbete Escola Inclusiva). No Brasil, em 1986, o MEC já adotava tal designação que passou a figurar como portadores de necessidades educacionais especiais-PNEE na Política Nacional de Educação Especial (SEESP/MEC/1994), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, Lei n. 9.394/96) e, finalmente, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação especial (MEC/2001). Portanto, a nomenclatura está 6 oficialmente consagrada até que seja destituída pela hegemonia de uma nova concepção. Dilemas e controvérsias A expressão necessidades educacionais especiais e correlatas obteve franca adesão por parte do sistema escolar e despontou como um verdadeiro achado no sentido de alargar os horizontes da educação especial. Isso porque, além de ser considerada um eufemismo capaz de esvaziar a suposta negatividade do termo portadores de deficiências, legitima e amplia o contingente de educandos a serem contemplados pelos serviços de apoio especializado. Trata-se, pois, de um postulado atraente pela abrangência e pela pretensão de ressignificar o desgastado jargão de diversos segmentos organizados por áreas de deficiência. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais para a educação especial (SEE/MEC/01), essa expressão pode ser utilizada para referir-se a crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender. Está associada, portanto, a dificuldades de aprendizagem, não necessariamente vinculada a deficiência (s). Trata-sede um leque de manifestações, de natureza orgânica ou não, de caráter temporário ou permanente cujas consequências incidem no processo educacional. Ao mesmo tempo, as necessidades especiais são caracterizadas como manifestações decorrentes de dificuldades de aprendizagem, de limitações no processo de desenvolvimento com comprometimento do desempenho escolar, de dificuldades de comunicação e sinalização, de altas habilidades ou superdotação. A extensão do termo é tão ampla que se torna difícil perceber quem não apresenta necessidades educacionais especiais. Ao analisar os meandros dessa questão, MAZZOTTA (2001) nos alerta: "Alunos e escolas são adjetivados de comuns ou especiais e em referência a uns e outras são definidas necessidades comuns ou especiais a partir de critérios arbitrariamente construídos por abstração, atendendo, muitas vezes, a deleites pessoais de "experts" ou, até mesmo, de espertos. Alertemo-nos, também, para os grandes equívocos que 7 cometemos quando generalizamos nosso entendimento sobre uma situação particular (...). Hoje, e provavelmente ainda por muitos anos do século XXI, as expressões Alunos Especiais e Escolas Especiais são empregadas com sentido genérico, via de regra, equivocado. Ignora-se, nestes casos, que todo aluno é especial e toda escola é especial em sua singularidade, em sua configuração natural ou física e histórico-social. Por outro lado, apresentam necessidades e respostas comuns e especiais ou diferenciadas na defrontação dessas duas dimensões, no meio físico e social." Considerem-se também os ecos provenientes do movimento de pessoas com deficiência, especialmente marcado pela década de 80 do século passado, quando a grita geral pela afirmação de direitos ecoou em contraposição ao enfoque assistencial e terapêutico da nomenclatura preponderante. Nesse contexto, termos como deficientes, incapazes, retardados, excepcionais e correlatos foram descartados, consagrando-se a expressão portadores de deficiência para referir-se a pessoas com limitações física, sensorial, mental ou múltipla. Posteriormente, a classificação genérica portadores de necessidades especiais passou a englobar essas e outras categorias. As incessantes indagações inspiram novas proposições como é o caso, por exemplo, da denominação Portadores de Direitos Especiais - PODE - proposta por Frei Beto. Mas as ressalvas e sutilezas continuam, pois o termo portadores de caiu na armadilha do léxico que aprisiona o sujeito ao desconforto de portar ou carregar deficiências, necessidades ou direitos. As definições no contexto da escola O uso indiscriminado desses termos, nas escolas, pode gerar consequências negativas quando um aluno ou um grupo de alunos são apontados como especiais e passam a ser tratados como um problema para a escola. Dependendo da forma como tais expressões são empregadas, deixam de ser achados importantes para se tornarem "achismos" que não contribuem com a escolarização bem-sucedida do alunado. Convém lembrar as recomendações de MAZZOTTA (2001) quanto ao perigo das generalizações, dos construtos arbitrários e abstratos que resultam em práticas e entendimentos equivocados. A terminologia aqui apresentada não escapa ao descontentamento daqueles que encaram tal generalização como meras 8 tentativas de encobrir, negar ou descaracterizar as especificidades das várias deficiências. Além disso, há os que consideram a polêmica inócua e desnecessária ou que serve, apenas, para desviar o foco das discussões primordiais. Tais expressões e seus derivados não deveriam ser empregadas para classificar, discriminar, rotular ou incentivar a disseminação de ideias preconceituosas e pejorativas. O aprofundamento dessa temática mostra a persistência de um movimento dinâmico e paradoxal de adesão, contraposição e desconfiança, quando se trata de estabelecer categorias ou classificações de seres humanos. Os termos: diagnóstico, classificação, avaliação, testagem são utilizados e definidos de diferentes maneiras nas várias áreas médicas, psicológica, educacional, entre outras. O diagnóstico educacional consiste na utilização de recursos, meios e técnicas para analisar e avaliar as situações educacionais, os problemas e as dificuldades dos alunos, bem como, tomar conhecimento de suas causas para preveni-las e corrigi- las, quando possível. Todo diagnóstico tem duas funções básicas: 1- Localizar e analisar as causas das dificuldades dos alunos em todas as áreas das suas atividades; 2- Identificar e avaliar as áreas de aprendizagem e ajustamento, tanto as positivas, quanto as negativas. Zacharias (2007) diz que embora sejam muitas as desvantagens e desvios existentes na classificação de pessoas em categorias, elas acabam tornando-se necessárias, principalmente do ponto de vista da administração do Sistema Educacional, e apresenta a classificação abaixo, a qual decorre do modelo clínico, combinado sempre que possível ao modelo educacional. 1 Excepcionais Intelectuais 1.1 Superdotados 1.2 Deficientes mentais a) educáveis b) treináveis c) dependents 2. Excepcionais por desvios físicos 9 2.1 Deficientes físicos não sensoriais 2.2 Deficientes físicos sensoriais a) deficientes auditivos b) deficientes visuais 3 Excepcionais psicossociais 3.1 alunos com distúrbios emocionais 3.2 alunos com desajustes sociais 4 Excepcionalidade múltipla 4.1-alunos com mais de um tipo de desvio (ZACHARIAS, 2007). AS DIFERENTES NECESSIDADES ESPECIAIS Para falarmos das diferentes necessidades especiais, faz-se necessário uma breve introdução aos nossos sistemas sensoriais com os quais conhecemos e nos relacionamos com o mundo que são: a gustação; o olfato; o tato; a audição; a visão e a propriocepção. Figura 1: Os sentidos Fonte: http://www.afh.bio.br/sentidos/sentidos1.asp Legarda e Miketta (2008, p. 20) destacam três aspectos importantes e que estão relacionados aos sistemas sensoriais: 10 1. O uso integrado que fazemos dos sentidos em nossos primeiros anos de vida vai decrescendo com o passar dos tempos, devido à desvalorização da acuidade sensorial em nossa cultura e sistema educativo. Lamentavelmente, os currículos de estudo de crianças com mais de seis anos, descuidam, quase que completamente, desse importante aspecto do desenvolvimento que não se restringe apenas a uma forma de conhecer o meio ambiente, mas é também uma maneira de conhecermos a nós mesmos; 2. Os sentidos são nossa primeira fonte de conhecimento. No nascimento, não há o pensamento simbólico e nem o raciocínio lógico, somente o mundo sensorial e perceptivo. Assim sendo, estímulos variados são fundamentais nos primeiros anos de vida; 3. Nós, humanos, mostramos diferenças em nossos padrões sensoriais e em nossa capacidade de aprender por meio de um ou outro sentido, ou seja, alguns utilizam melhor a visão, outro a audição. O sentido do paladar ou gustação encontra- se nos receptores localizados na língua, as papilas gustativas. Esse sentido distingue quatro sabores básicos: amargo (parte posterior da língua); azedo e salgado (bordas da língua) e doce (ponta da língua). A gustação é nosso sentido mais fraco, devido a língua ter de cumprir outras funções como articular a fala, por exemplo. O sentido do olfato funciona com quimiorreceptores localizados no nariz e que captam as substâncias voláteis dispersas no ar. Há uma estreita relação entre gustação e olfato, o que pode ser experimentado cheirando e degustando ao mesmo tempo um pedaço de bolo. Os mesmos autores destacam que existe uma associação entre olfato e as lembranças e que essa relação pode ter um fundo adaptativo para nos proteger de perigos como alimentos venenosos, por exemplo, mas é uma associação pouco explorada no contexto pedagógico. O tato é um dos primeiros sentidos a amadurecer, tendo seusreceptores na pele, onde há células especializadas para a percepção do calor, do frio e da dor. É importante no desenvolvimento emocional, no conhecimento do corpo e na formação de vínculos afetivos (Legarda e Miketta, 2008). A sensibilidade auditiva proporciona não só o reconhecimento objetivo dos sons ambientais (chuva, sons de instrumentos musicais, entre outros), mas participa efetivamente no processo de comunicação entre os indivíduos e, deste modo, constitui um importante elemento da linguagem. A perda da sensibilidade auditiva ou 11 a surdez dificulta esse aspecto da relação humana, pois o nosso principal meio de comunicação é através da linguagem falada. O próprio mecanismo de aprendizado da linguagem falada depende da audição (NISHIDA, 2007). Nabuco e Cortez (2005) esclarecem que, no início, os recém-nascidos enxergam apenas borrões. Entre a 4ª e 6ª semana de vida, passam a fixar o olhar em objetos, uma vez que se completa a formação da região da retina que permite visualizar detalhes. A partir dos dois meses, as imagens que eram acinzentadas ganham matizes de vermelho, branco e azul. A visão evolui rápido, de modo que ao completar quatro meses a criança já distingue as demais cores e segue os objetos com os olhinhos. O passo seguinte é apanhar os objetos que vê. Posteriormente, passa a reconhecer as pessoas e estranham rostos e locais diferentes. Geralmente, até os cinco anos a criança atinge o desenvolvimento total da visão. A propriocepção é definida por Legarda e Miketta (2008, p. 19) como “aquele sentido que informa sobre a localização de uma parte móvel do corpo, a mão, por exemplo, em relação a outra de posição fixa, o tronco”. A propriocepção acontece por meio de diversos sensores específicos espalhados pelo corpo que reconhecem as mudanças de posição e de movimento. A propriocepção nos ajuda a manter a posição adequada em uma cadeira, segurar utensílios tais como uma caneta ou um garfo de maneira adequada, a julgar a distância que estamos de um objeto para não bater nele, quanta pressão precisamos fazer para evitar quebrar um lápis (Dutra, 2007). Apresentados os sentidos, vamos partir para as deficiências que podem acometer o ser humano. Fonte: http://www.4.bp.blogspot.com/.../s400/D.M.03.gif 12 Deficiências sensoriais Várias são as deficiências que um ser humano pode apresentar. Dentre elas temos as deficiências sensoriais, que serão nosso ponto de partida para refletirmos sobre a relação existente entre elas e práticas pedagógicas para promover a educação inclusiva. Outro objetivo deste capítulo é refletir sobre a utilização dos sentidos para conhecimento e relacionamento com o mundo, além de valorizarmos o desenvolvimento da acuidade sensorial no sistema educativo. Dentre as deficiências sensoriais analisaremos a deficiência auditiva e a visual, mas também há a múltipla deficiência sensorial onde acontece a associação entre surdez e/ou deficiência visual a outras deficiências (intelectual e/ou física), bem como distúrbios (neurológico, emocional de linguagem ou no desenvolvimento global) que podem acarretar atrasos no desenvolvimento, devido às dificuldades de interação com o meio. Deficiência visual Um primeiro contato com uma pessoa cega, geralmente, é suficiente para que ela retenha na memória a sua voz, reconheça-lhe pelo toque ou talvez pelo seu perfume. Não que ela seja um ser extraordinário, mas por necessidade esses sentidos lhe são estimulados e favorecem sua interação com o meio. Em relação às pessoas com baixa visão, aquelas com visão reduzida e cuja deficiência é corrigível por lentes, cirurgias ou tratamento, inúmeras pesquisas comprovam que a estimulação da visão residual favorece o ganho de eficiência na utilização da visão preservada. A deficiência visual é uma situação irreversível de diminuição da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou hereditárias, mesmo após tratamento clínico e/ ou cirúrgico e uso de óculos convencionais. A deficiência visual inclui dois grupos: cegueira, visão subnormal (FIOCRUZ, 2009). Cegueira 13 Têm somente a percepção da luz ou que não têm nenhuma visão e precisam aprender através do método Braille e de meios de comunicação que não estejam relacionados com o uso da visão. Deverá, no entanto, ser incentivado a usar seu resíduo visual nas atividades de vida diária sempre que possível. Visão Subnormal ou Baixa Visão É considerado portador de baixa visão aquele que apresenta desde a capacidade de perceber luminosidade até o grau em que a deficiência visual interfira ou limita seu desempenho. Sua aprendizagem se dará através dos meios visuais, mesmo que sejam necessários recursos especiais. Tanto a cegueira total quanto a visão subnormal pode afetar a pessoas em qualquer idade. Bebês podem nascer sem visão e outras pessoas podem tornar-se deficientes visuais em qualquer fase da vida (FIOCRUZ, 2009). Ela também ocorre independentemente de sexo, religião, crenças, grupo étnico, raça, ancestrais, educação, cultura, saúde, posição social, condições de residência ou qualquer outra condição específica. A deficiência visual interfere em habilidades e capacidades e afeta não somente a vida da pessoa que perdeu a visão, mas também dos membros da família, amigos, colegas, professores, empregadores e outros. O mais importante é criar o ambiente propício para a criança com deficiência visual conseguir alcançar um desenvolvimento compatível com o estágio de vida que se encontrar até que possa ter a capacidade de se tornar independente e ativa socialmente. Para tanto, é extremamente importante que pais, amigos, professores e profissionais de saúde formem uma "equipe humana", onde cada um terá seu papel na estimulação precoce da criança, inserindo-a verdadeiramente na circunstância social em que se encontre (HADDAD, SEI, BRAGA, 2009). Deficiência auditiva As pessoas com surdez, por sua vez, são extremamente visuais, o que favorece o domínio de uma linguagem visual-espacial. Também é importante considerar as pessoas que apresentam resíduo auditivo e que, portanto, carecem de 14 estímulos dessa natureza (FIOCRUZ, 2009). Deficiência auditiva é considerada como a diferença existente entre o desempenho do indivíduo e a habilidade normal para a detecção sonora de acordo com padrões estabelecidos pela American National Standards Institute (ANSI - 1989). Considera-se, em geral, que a audição normal corresponde à habilidade para detecção de sons até 20 dB N.A (decibéis, nível de audição). A audição desempenha um papel principal e decisivo no desenvolvimento e na manutenção da comunicação por meio da linguagem falada, além de funcionar como um mecanismo de defesa e alerta contra o perigo que funciona 24 horas por dia, pois nossos ouvidos não descansam nem quando dormimos. Dentre os tipos de deficiência auditiva temos a condutiva, sensório-neural, mista, central ou surdez central. Condutiva: Quando ocorre qualquer interferência na transmissão do som desde o conduto auditivo externo até a orelha interna. A grande maioria das deficiências auditivas condutivas pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico. Essa deficiência pode ter várias causas, entre elas podem-se citar: corpos estranhos no conduto auditivo externo; tampões de cera; otite externa e média; malformação congênita do conduto auditivo; inflamação da membrana timpânica; perfuração do tímpano; obstrução da tuba auditiva; entre outras. Sensório-Neural: Quando há uma impossibilidade de recepção do som por lesão das células ciliadas da orelha interna ou do nervo auditivo. Esse tipo de deficiência auditiva é irreversível. A deficiência auditiva sensório-neural pode ser de origem hereditária, como problemas da mãe no pré-natal tais como a rubéola, sífilis, herpes, toxoplasmose, alcoolismo, toxemia,diabetes, entre outros. Também podem ser causadas por traumas físicos, prematuridade, baixo peso ao nascimento, trauma de parto, meningite, encefalite, caxumba, sarampo, entre outros. Mista: Quando há uma alteração na condução do som até o órgão terminal sensorial associada à lesão do órgão sensorial ou do nervo auditivo. O audiograma mostra geralmente limiares de condução óssea abaixo dos níveis normais, embora com comprometimento menos intenso do que nos limiares de condução aérea. Central ou Surdez Central: Este tipo de deficiência auditiva não é, necessariamente, acompanhado de diminuição da sensitividade auditiva, mas 15 manifesta-se por diferentes graus de dificuldade na compreensão das informações sonoras. Decorre de alterações nos mecanismos de processamento da informação sonora no tronco cerebral (SNC). Entre os muitos instrumentos usados para comunicação não oral, figura a linguagem dos sinais, criada por um monge beneditino francês, morador de um mosteiro onde imperava a lei do silêncio. Adotada há mais de cem anos, no Brasil é chamada de Libras. Segundo a Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS, um indivíduo que já tenha nascido com deficiência auditiva pode levar um ano para aprender a linguagem. Já alguém que ouve bem ou que perdeu a capacidade auditiva depois de adulto, pode levar um pouco mais de tempo para aprender, por ter se habituado à linguagem oral (FIOCRUZ, 2009). Deficiências físicas Encontramos na literatura diferentes conceitos para deficiência física, mas vamos tomar como base o conceito explicitado no art. 4º do Decreto nº 3.298/99 da Legislação Brasileira. Alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho das funções. Essa definição nos leva a entender que a função física pode ficar comprometida quando faltar algum membro (quando houver amputação), sua má- formação ou deformação (alterações que comprometam o sistema muscular e esquelético). Quanto às lesões motoras decorrentes de lesão do sistema nervoso, estas podem ser de diferentes tipos, como alterações de: • ordem muscular – hipertonias, hipotonias, atividades reflexas, movimentos descoordenados e involuntários; • ordem nervosa, no que diz respeito à sensibilidade e à força muscular – hemiparesias, paraparesia, monoparesia e tetraparesia (BRASIL, 1999). Ainda 16 encontraremos alterações funcionais motoras decorrentes de lesão do Sistema Nervoso e, nesses casos, observaremos principalmente a alteração do tônus muscular (hipertonia, hipotonia, atividades tônicas reflexas, movimentos involuntários e incoordenados). As terminologias “para, mono, tetra, tri e hemi”, diz respeito à determinação da parte do corpo envolvida, significando respectivamente, “somente os membros inferiores, somente um membro, os quatro membros, três membros ou um lado do corpo” (BRASIL, 1999). A deficiência física se refere ao comprometimento do aparelho locomotor que compreende o sistema Osteoarticular, o Sistema Muscular e o Sistema Nervoso. As doenças ou lesões que afetam quaisquer desses sistemas, isoladamente ou em conjunto, podem produzir grandes limitações físicas de grau e gravidades variáveis, segundo os segmentos corporais afetados e o tipo de lesão ocorrida (BRASIL, 2006, p. 28). Dentre as causas da deficiência física temos: • Lesão cerebral (paralisia cerebral); • Lesão medular; • Miopatias (distrofias musculares); • Patologias degenerativas do sistema nervoso central (esclerose múltipla); • Lesões nervosas periféricas; • Amputações; • Malformações congênitas; • Distúrbios posturais da coluna; • Reumatismos inflamatórios; • Acidentes; • Traumatismos crânio-encefálico. A paralisia cerebral é uma das causas mais frequentes que encontramos como deficiência física e que chega até a escola, portanto, faz-se necessário dar uma atenção especial ao seu estudo. As crianças que sofrem dessa patologia são motivo de grande preconceito e discriminação na escola, principalmente porque as pessoas pensam que é uma deficiência mental, o que é um grande equívoco. Muitas dessas crianças têm dificuldades de se comunicar e expressar devido às suas limitações motoras e não cognitivas e demonstram um comportamento alheio à realidade, por falta de oportunidades e de mediações que 17 lhes auxiliem na expressão de toda sua vontade. A principal característica da paralisia cerebral é o déficit motor, entretanto, quase sempre se pode encontrar um ou outro distúrbio decorrente da lesão neurológica como: convulsões que podem levar ao déficit cognitivo, alterações oculares e visuais, distúrbios de deglutição, comprometimento auditivo, alterações nas funções corticais superiores, distúrbios do comportamento (BRASIL, 2007). Importante ressaltar que esses distúrbios que acompanham a paralisia cerebral podem ser decorrentes também do meio em que a criança vive, suas condições de higiene, nutrição, tratamentos e oportunidades em geral. Como causas da paralisia cerebral que podem ocorrer isoladas ou associadas, Braga (1995 apud Brasil, 2007) sintetiza assim: • Pré-natais – infecções intrauterinas (rubéola, toxoplasmose, citomegalia, herpes e sífilis), anóxia fetal, exposição à radiação ou a drogas, erros de migração neuronal e outras malformações cerebrais; • Peri-natais – complicações durante o parto (traumatismo cerebral ou anóxia em trabalho de parto difícil ou demorado), prematuridade, nascimento com baixo peso, entre outros; • Pós-natais – traumatismos crânio-encefálicos, infecções do sistema nervoso central (encefálicos e meningites), anóxia cerebral (devido a asfixias, afogamentos, convulsões ou paradas cardíacas) e acidente vascular cerebral. Deficiências mentais Na procura de uma compreensão mais global das deficiências em geral, em 1980, a Organização Mundial de Saúde propôs três níveis para esclarecer todas as deficiências, a saber: deficiência, incapacidade e desvantagem social. • Deficiência – refere-se a uma perda ou anormalidade de estrutura ou função. É relativa a toda alteração do corpo ou aparência física, de um órgão ou de uma função, qualquer que seja sua causa. • Incapacidade – refere-se à restrição de atividades em decorrência de uma deficiência. Incapacidades refletem às consequências das deficiências em termos de desempenho e atividade funcional do indivíduo 18 • Desvantagem – refere-se à condição social ou prejuízo resultante de deficiência e/ou incapacidade. As desvantagens dizem respeito aos prejuízos que o indivíduo experimenta devido à sua deficiência. Sua deficiência e incapacidade refletem, pois, a adaptação do indivíduo e a interação dele com o seu meio. Em 2001, essa proposta, revista e reeditada, introduziu o funcionamento global da pessoa com deficiência em relação aos fatores contextuais e do meio, (re)situando-a entre as demais e rompendo o seu isolamento. Ela chegou a motivar a proposta de substituição da terminologia “pessoa deficiente” por “pessoa em situação de deficiência”: com o intuito de destacar os efeitos do meio sobre a autonomia da pessoa com deficiência. Assim, uma pessoa pode sentir-se discriminada em um ambiente que lhe impõe barreiras e que só destaca a sua deficiência ou, ao contrário, ser acolhida, graças às transformações deste ambiente para atender às suas necessidades (BATISTA E MANTOAN, 2007). A Convenção da Guatemala, internalizada à Constituição Brasileira pelo Decreto nº 3.956/2001, no seu artigo 1º, define deficiência como“[...] uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social”. Essa definição ratifica a deficiência como uma situação. A deficiência mental constitui um impasse para o ensino na escola comum e para a definição do Atendimento Educacional Especializado, pela complexidade do seu conceito e pela grande quantidade e variedades de abordagens do mesmo. A dificuldade de diagnosticar a deficiência mental tem levado a uma série de revisões do seu conceito. A medida do coeficiente de inteligência (QI), por exemplo, foi utilizada durante muitos anos como parâmetro de definição dos casos. O próprio CID 10 (Código Internacional de Doenças, desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde), ao especificar o Retardo Mental (F70-79), propõe uma definição ainda baseada no coeficiente de inteligência, classificando-o entre leve, moderado e profundo, conforme o comprometimento. Também inclui vários outros sintomas de manifestações dessa deficiência, como: a “[...] dificuldade do aprendizado e comprometimento do comportamento”, o que coincide com outros diagnósticos de áreas diferentes. O diagnóstico da deficiência mental não se esclarece por supostas categorias e tipos de inteligência. Teorias psicológicas desenvolvimentistas, como as de caráter 19 sociológico, antropológico têm posições assumidas diante da deficiência mental, mas ainda assim não se conseguiu fechar um conceito único que dê conta dessa intrincada condição (MANTOAN, 2004). A Psicanálise, por exemplo, traz à tona a dimensão do inconsciente, uma importante contribuição que introduz os processos psíquicos na determinação de diversas patologias, entre as quais a deficiência mental. A inibição desenvolvida por Freud pode ser definida pela limitação de determinadas atividades, causada por um bloqueio de algumas funções, como o pensamento, por exemplo. A debilidade, para Lacan, define uma maneira particular de o sujeito lidar com o saber, podendo ser natural ao sujeito, por caracterizar um mal-estar fundamental em relação ao saber, ou seja, todos nós temos algo que não conseguimos ou não queremos saber. Mas também define a debilidade como uma patologia, quando o sujeito se fixa numa posição débil, de total recusa de apropriação do saber (BRASIL, 2007). É importante que o professor fique atento as causas da deficiência mental, pois podem beneficiar seus alunos com um trabalho mais seguro, pautado no conhecimento e no profissionalismo. Algumas causas da deficiência mental seriam: • Doenças neurológicas; • Erros inatos do metabolismo; • Deficiências visuais e auditivas (por falta de estimulação e trabalhos adequados); • Asfixia perinatal; • Prematuridade; • Hiperbilirrubinemia; • Infecções congênitas; • Malformações congênitas; • Síndromes genéticas. Crianças superdotadas Quando se fala em necessidades especiais e educação inclusiva, pensa-se, num primeiro momento, que ela está relacionada apenas a alunos com deficiência mental, auditiva, visual ou física, mas não podemos nos esquecer que as crianças 20 superdotadas, talentosas e portadoras de altas habilidades existem e acabam fazendo parte do grupo de portadores de necessidades especiais por uma gama de justificativas, a primeira delas, porque não são compreendidas pelos professores e demais profissionais da educação, os quais geralmente não estão preparados para atender a esse público. Tentaremos identificá-los e mostrar como podemos atendê- los no cotidiano da escola, mas primeiro, vamos a alguns conceitos e definições que auxiliarão muito na detecção dessas crianças. PRECOCIDADE – Chamamos precoce a criança que apresenta alguma habilidade específica prematuramente desenvolvida em qualquer área do conhecimento. GÊNIO – É aquele que não apenas possui um talento relevante como também utiliza de forma produtiva, gerando obras de valor. A superdotação intelectual não pode ser tratada como sinônimo de genialidade, pois indica apenas um dado tipo de capacidade mental, enquanto que a genialidade resulta de uma condição de intelecto, condições socioeconômico culturais, motivação e trabalho duro (AVELAR, 2009). SUPERDOTADOS – seriam, de acordo com essa definição, aquelas pessoas que apresentam traços consistentemente superiores em relação a uma média e que sejam permanentes, podendo ser identificados em épocas diferentes (AVELAR, 2009). No Brasil, em 1995, a partir das Diretrizes Gerais para o Atendimento Educacional aos Alunos Portadores de Altas Habilidades, Superdotação e Talentos, estabelecidas pela Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação e Desporto, foi proposta a seguinte definição: Altas habilidades refere-se aos comportamentos observados e/ou relatados que confirmam a expressão de “traços consistentemente superiores” em relação a uma média (por exemplo: idade, produção ou série escolar) em qualquer campo do saber ou do fazer. Deve-se entender por “traços” as formas consistentes, ou seja, aquelas que permanecem com frequência e duração no repertório dos comportamentos da pessoa, de forma a poderem ser registradas em épocas diferentes e situações semelhantes (BRASIL, 1995, p. 13). 21 Podemos ressaltar que essa definição destaca os traços e comportamentos acima da média relacionando-os à permanência e duração dos mesmos. A definição de superdotação que consta na Política Nacional de Educação Especial de 1994 diz que crianças superdotadas e talentosas são as que apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: Capacidade intelectual geral Capacidade que envolve rapidez de pensamento, compreensão e memória elevadas, capacidade de pensamento abstrato. Aptidão acadêmica específica Atenção, concentração, rapidez de aprendizagem, boa memória, motivação por disciplinas acadêmicas do seu interesse, capacidade de produção acadêmica. Pensamento criador ou produtivo Originalidade de pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas de forma diferente e inovadora. Capacidade de liderança Sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, capacidade de resolver situações sociais complexas, poder de persuasão e de influência no grupo. Talento especial para as artes Alto desempenho em artes plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas. Capacidade psicomotora 22 Desempenho superior em velocidade, agilidade de movimentos, forçam resistência, controle e coordenação motora Um superdotado pode se destacar em uma área ou combinar várias, pode também apresentar graus de habilidades diferenciadas. Destaca-se aqui a questão das características e dos perfis individuais que são aspectos relevantes com relação à superdotação. Assim como nós, os superdotados podem apresentar sentimentos, atitudes e comportamentos diversificados, o que os caracteriza e os diferencia enquanto pessoa. Os pesquisadores George Betts e Maureen Neihart, após anos de estudos, pesquisas e observações, distinguiram os perfis dos alunos com altas habilidades em 6 tipos: bem sucedido, desafiante, escondido, desistente, rótulo duplo e autônomo. Essa tipificação não é um modelo diagnóstico de classificação, mas sim um referencial teórico que tem o objetivo de conscientizar-nos de que esses alunos são influenciados pela educação recebida pela família, pelas vivências, por seus relacionamentos, sentimentos e pelo desenvolvimento pessoal de cada um. Conhecer esses perfis e tipos é importante, pois, a partir deles o educador poderá traçar objetivos educacionais apropriados para o aluno superdotado e talentoso. Joseph Renzulli foi pioneiro ao dizer que os comportamentos de superdotaçãoconsistem de inter-relação de três traços humanos que são: 1. Habilidade acima da média em alguma área do conhecimento. Não necessariamente muito superior à média; 2. Envolvimento com a tarefa – motivação, vontade de realizar, perseverança, concentração; 3. Criatividade – pensar algo diferente, ver novos significados, retirar ideias de um contexto e usá-las. Para ele, superdotação são aqueles que possuem esse conjunto de traços concomitantemente. Segundo estudos de Guenther (1995), para identificar um superdotado pode-se usar o teste de QI e a técnica de auto identificação, conforme apresentamos abaixo: A – Testes de Inteligência 23 (QI) Até algumas décadas atrás, o processo de identificação era relativamente fácil, pois para tanto bastava-se aplicar os testes de inteligência (QI). Entretanto, nos últimos anos, observou-se a ineficácia desses testes, pois como diz Winner (1998, p.15): Os testes de QI medem uma estreita gama de habilidades humanas, principalmente facilidade com linguagem e número. Há poucas evidências de que superdotação em áreas não-acadêmicas, como artes ou música, requeiram um QI excepcional. Nesse sentido, há uma parcela da população que não está incluída nessas estatísticas, já que os testes padronizados não privilegiam áreas mais subjetivas, por exemplo, habilidades sinestésicas. A partir desse conhecimento, percebe-se que para a identificação de crianças superdotadas, múltiplos critérios devem ser utilizados considerando-se informações obtidas de fontes variadas, incluindo tanto a criança, como seus professores, pais e colegas, além, naturalmente, daquelas obtidas pelo psicólogo através do uso de testes. Além disso, existem muitos fatores que podem afetar sua pontuação, como o cansaço, doenças ou distração. Talento musical, artístico e vários outros não são medidos, mas os testes dão uma boa indicação de sua habilidade de pensar, raciocinar e resolver problemas, o que acaba sendo um fator crítico para o sucesso na vida. B – Técnica de auto identificação A técnica de auto identificação é uma das técnicas sugeridas por Guenther (1995) para ajudar nesse processo de identificação. Ela consiste em perguntar à criança sobre seus hobbies e interesses principais, as atividades desenvolvidas fora da escola, formas de pensamento preferidas, bem como reações a elementos de seu ambiente. A nomeação pelos companheiros de sala de aula, dos alunos que se destacam em alguns traços é outro critério que deve ser utilizado no processo de identificação. É muito importante o julgamento, a avaliação e a observação do professor. Este desempenha um papel significativo no processo de identificação, no sentido de atender às necessidades desses alunos e favorecer o seu desenvolvimento. Para facilitar essa identificação, Antipoff (1992, p. 23) sugere ao professor atentar-se: • Ao melhor aluno; 24 • Àquele com vocabulário maior; • Ao aluno mais criativo e original; • Ao aluno com maior capacidade de liderança; • Ao aluno com pensamento crítico mais desenvolvido; • Ao aluno com maior motivação para aprender; • Ao aluno que os colegas mais gostam; • Ao aluno com maior interesse nas áreas das ciências; • Ao aluno que está mais avançado na escola em relação à idade. Winner (1998) ressalta também algumas características apresentadas em relação às habilidades escolares, algumas atitudes às quais todo professor deve ficar atento: 1. Leitura precoce por volta dos quatro anos, ou antes, com instrução mínima; 2. Fascínio por números e relações numéricas; 3. Memória prodigiosa para informações verbais e/ou matemáticas; 4. Frequentemente brincam sozinhas e apreciam a solidão; 5. Preferem amigos mais velhos, próximos a ela em idade mental; 6. Se interessam por problemas filosóficos, morais, políticos e sociais; 7. Apresentam alto senso de humor em decorrência de habilidades verbais. Visto que o conceito de superdotação é multidimensional, deve-se observer também aqueles alunos que se destacam em artes, criatividade, esporte, dança, música e não somente em talentos acadêmicos (AVELAR, 2009). Existem muitos mitos com relação às crianças superdotadas e talentosas tais como: elas conseguem se desenvolver sozinhas sem ajuda, elas são fisicamente fracas, são emocionalmente instáveis, elas não são produtivas por muito tempo, ou seja, o talento desaparece na vida adulta. Dizem também que a criança nasce assim e nada poderá modificá-la, que a criança superdotada continuará a demonstrar habilidade intelectual superior independentemente das condições ambientais, que a boa dotação é sinônimo de alta produtividade na vida, que superdotação é um fenômeno muito raro, sendo poucas as crianças e jovens de nossas escolas que podem ser de fato consideradas superdotadas, a criança superdotada necessariamente terá um bom rendimento na escola, entre outros (WINNER, 1998). Para Avelar (2009), esses fatos precisam ser revistos e repensados por todos e cabe aos professores- 25 educadores, uma parcela importante no sentido de reconhecer capacidades e talentos especiais dos alunos. É preciso que se aprenda a educar no sentido de orientar as crianças superdotadas de modo a aumentar, desenvolver, crescer e aperfeiçoar sua capacidade e talento. Segundo Gallagher (apud Guenther, 2000), três elementos são de uma maneira geral essenciais para atender a esses alunos dentro do contexto educacional: 1.Modificação do ambiente -agrupar os alunos mais capazes em grupos compatíveis, para a realização de atividades paralelas ou integradas no trabalho regular da sala de aula. 2.Modificação da postura do professor -o professor na maioria das vezes procura e oferece respostas para problemas, conceitos e conteúdos colocados em sala de aula, essa posição deve ser revista. Por que não colocar questões para os alunos ao invés de oferecer respostas prontas e acabadas? Desta maneira eles procurarão por soluções. O ensino deve ser centrado na compreensão da natureza do problema ao invés de respostas certas. 3.Modificação do conteúdo ensinado- os conteúdos devem enfocar temas maiores, ideias abrangentes que integram uma gama maior de conhecimento, dentro de diversas matérias e disciplinas do currículo. As estratégias mais comuns para modificação do conteúdo curricular estão centradas na aceleração, no enriquecimento, sofisticação e novidade. Muito pode ser feito para os alunos superdotados talentosos. Avelar (2009) nos dá boas dicas: Caso você seja um professor consciente e deseja estimular ao máximo o potencial e talento de seus alunos mais capazes com ações que desenvolvam a criatividade, que estimulem a vontade do querer aprender e conhecer sempre mais e mais, nunca se esqueça de respeitar os interesses, características e áreas de talentos de cada um pois, somente dessa maneira, você poderá oportunizar que as potencialidades desses alunos germinem por todo o sempre Nos dois quadros abaixo apresentamos os tipos de superdotados, de acordo com estudos de Betts e Neihat, mais a título de curiosidade e enriquecimento do que 26 para uso como diagnóstico, pois as características podem variar de indivíduo para indivíduo. 27 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E OS RECURSOS EDUCACIONAIS ESPECIAIS São muitos os enfoques e abordagens para a educação de pessoas com necessidades especiais. Geralmente, cada escola desenvolve uma proposta de trabalho diferente, de todo modo, é preciso um projeto pedagógico que atenda à todas as diferenças. Traçar um diagnóstico da clientela, delinear qual perfil do seu aluno, quantos são, quais as suas necessidades, bem como os recursos materiais, humanos e financeiros disponíveis são passos importantes para iniciar um trabalho pedagógico efetivo. [...] a inclusão não prevê a utilização de práticas de ensino escolar específicas para esta ou aquela deficiência, mas simrecursos, ferramentas, tecnologias que concorrem para diminuir/eliminar as barreiras que se interpõem aos processos de ensino e de aprendizagem (MANTOAN, 2007, p. 49). Como se observa, não há como falar de necessidades especiais sem adentrar no campo da inclusão. E nesse sentido, Mantoan (2004) ressalta que a aprendizagem é o centro das atividades escolares e o sucesso dos alunos são metas da escola. Acolher as diferenças não é aceitá-las com suas possibilidades, mas sim a receptividade diante dos diferentes níveis de desenvolvimento das crianças e jovens. Segundo Zacharias (2007), é de extrema importância que sejam consideradas primeiramente todas as possibilidades de utilização da escola comum, como um recurso integrado com outras formas de atendimento que o aluno tenha necessidade. Nos estados e municípios do Brasil, com suas extremas diferenças de estrutura e distribuição de renda, encontramos locais com boas situações de atendimento a esses alunos, até aqueles locais que quase não dispõem de condições de atendimento adequado à faixa de sua população escolarizável, quanto mais a alunos portadores de alguma necessidade especial. Os recursos mais encontrados são: 1. Ensino Itinerante – Prestação de serviços, por um professor especializado, que visita várias escolas comuns que recebem alunos excepcionais. Esse professor especializado atende tanto aos professores, para orientá-los, quanto aos próprios alunos; 28 2. Sala de Recursos – É uma sala que conta com materiais e equipamentos especiais, na qual o professor especializado, fixo na escola, auxilia os alunos nos aspectos específicos em que precisam de ajuda para manterem-se na classe comum. Na maioria dos locais esse profissional também presta atendimento aos professores das classes comuns, aos demais profissionais da escola e à família dos alunos; 3. Classe Especial – Instalada em escola comum, caracteriza-se pelo agrupamento de alunos classificados como da mesma categoria de excepcionalidade, que estão sob a responsabilidade de um professor especializado. Tem sido mais utilizada para alunos deficientes mentais educáveis; 4. Escola Especial ou Educação Especial – É aquela que foi organizada para atender específica e exclusivamente a alunos excepcionais. Algumas atendem apenas a um tipo de excepcionalidade, outras já atendem a diferentes tipos. Tem sido bastante criticadas por reduzir o convívio do aluno excepcional com outras crianças não portadoras de desvios, bem como pelo estigma de que são objetos tanto a escola, como seus alunos. É importante lembrarmos que sempre existirão alunos que necessitam desse tipo de atendimento (BRASIL, 1995). Vamos discorrer um pouco mais sobre o Atendimento Educacional Especializado – AEE. Esse atendimento existe para que os alunos possam aprender o que é diferente dos conteúdos curriculares do ensino comum e que é necessário para que possam ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência. As barreiras da deficiência mental diferem das barreiras encontradas nas demais deficiências. Trata- se de barreiras referentes à maneira de lidar com o saber em geral, fato que reflete preponderantemente na construção do conhecimento escolar. A educação especializada tradicional, realizada nos moldes do treinamento e da adaptação, reforça a deficiência desse aluno. Essas formas de intervenção mantêm o aluno em um nível de compreensão que é muito primitivo e que a pessoa com deficiência mental tem dificuldade de ultrapassar – o nível das chamadas regulações automáticas, descritas por Piaget. É necessário que se estimule o aluno com deficiência mental a avançar na sua compreensão, criando-lhe conflitos cognitivos, ou melhor, desafiando-o a enfrentá-los. Deve propiciar aos alunos com deficiência mental condições de passar de um tipo de ação automática e mecânica diante de 29 uma situação de aprendizado/experiência – regulações automáticas para um outro tipo, que lhe possibilite selecionar e optar pelos meios que julguem mais convenientes para agir intelectualmente – regulações ativas, também descritas por Piaget (BRASIL, 2006). O Atendimento Educacional Especializado para tais alunos deve, portanto, privilegiar o desenvolvimento e a superação de seus limites intelectuais, exatamente como acontece com as demais deficiências, como exemplo: para o cego, a possibilidade de ler pelo braile; para o surdo, a forma mais conveniente de se comunicar e para a pessoa com deficiência física, o modo mais adequado de se orientar e se locomover. O Atendimento Educacional Especializado para as pessoas com deficiência mental está centrado na dimensão subjetiva do processo de conhecimento. O conhecimento acadêmico refere-se à aprendizagem do conteúdo curricular; o Atendimento Educacional Especializado, por sua vez, refere- se à forma pela qual o aluno trata todo e qualquer conteúdo que lhe é apresentado e como consegue significá-lo, ou seja, compreendê-lo. É importante insistir que o Atendimento Educacional Especializado não é ensino particular, nem reforço escolar. Ele pode ser realizado em grupos, porém é preciso atentar-se para as formas específicas de cada aluno se relacionar com o saber (BRASIL, 2007). Não é indicado realizá-lo em grupos formados por alunos com o mesmo tipo de problema (patologias) e/ou desenvolvimento. Pelo contrário, esses grupos devem ser constituídos de alunos da mesma faixa etária e em vários níveis do processo de conhecimento. Alunos com síndrome de Down, por exemplo, poderão compartilhar esse atendimento com colegas, com outras síndromes, sequelas de paralisia cerebral e ainda outros com ou sem uma causa orgânica esclarecida de sua deficiência e com diferentes possibilidades de acesso ao conhecimento (BRASIL, 2007). No caso da deficiência física, para que o educando com deficiência física possa acessar ao conhecimento escolar e interagir com o ambiente ao qual ele frequenta, faz-se necessário criar as condições adequadas à sua locomoção, comunicação, conforto e segurança. É o Atendimento Educacional Especializado, ministrado preferencialmente nas escolas do ensino regular, que deverá realizar uma seleção de recursos e técnicas adequados a cada tipo de comprometimento para o desempenho das atividades escolares. O objetivo é que o aluno tenha um atendimento especializado capaz de melhorar a sua comunicação e a sua 30 mobilidade. Por esse motivo, o Atendimento Educacional Especializado faz uso da Tecnologia Assistiva (TA) direcionada à vida escolar do educando com deficiência física, visando a inclusão escolar. A Tecnologia Assistiva, segundo Bersch (2006, p. 2), “deve ser entendida como um auxílio que promoverá a ampliação de uma habilidade funcional deficitária ou possibilitará a realização da função desejada e que se encontra impedida por circunstância de deficiência”. Assim, o Atendimento Educacional Especializado pode fazer uso das seguintes modalidades da Tecnologia Assistiva, visando à realização de tarefas acadêmicas e a adequação do espaço escolar, preconizadas no decreto nº 3298/99 (cita quais são os recursos garantidos às pessoas com deficiência). Equipamentos, maquinarias e utensílios de trabalho especialmente desenhados ou adaptados para uso por pessoa portadora de deficiência; elementos de mobilidade, cuidado e higiene pessoal necessários para facilitar a autonomia e a segurança da pessoa portadora de deficiência; elementos especiais para facilitar a comunicação, a informação e a sinalização para pessoa portadora de deficiência; equipamentos e material pedagógico especial para educação, capacitação e recreação da pessoa portadora de deficiência; adaptações ambientais e outras que garantam o acesso, a melhoria funcional e a autonomia pessoal. A TA se organiza em modalidades ou especialidades e essa forma de classificação varia conforme diferentes autores ou instituiçõesque trabalham com a TA. A organização por modalidades contribui para o desenvolvimento de pesquisas, recursos, especializações profissionais e organização de serviços. Podemos citar como modalidades: • Auxílios para a vida diária e vida prática; • Comunicação Aumentativa e Alternativa; • Recursos de acessibilidade ao computador; • Adequação Postural (posicionamento para função); • Auxílios de mobilidade; • Sistemas de controle de ambiente; • Projetos arquitetônicos para acessibilidade; • Recursos para cegos ou para pessoas com visão subnormal; • Recursos para surdos ou pessoas com déficits auditivos; • Adaptações em veículos. 31 Temos ainda a Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA). A Comunicação Aumentativa e Alternativa – CAA – é uma das áreas da TA que atende pessoas sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever. Busca, então, através da valorização de todas as formas expressivas do sujeito e da construção de recursos próprios dessa metodologia, construir e ampliar sua via de expressão e compreensão. Recursos como as pranchas de comunicação, construídas com simbologia gráfica (desenhos representativos de ideias), letras ou palavras escritas, são utilizados pelo usuário da CAA para expressar seus questionamentos, desejos, sentimentos e entendimentos. A alta tecnologia nos permite também a utilização de vocalizadores (pranchas com produção de voz) ou do computador, com softwares específicos, garantindo grande eficiência na função comunicativa. Dessa forma, o aluno com deficiência, passa de uma situação de passividade para outra, a de ator ou de sujeito do seu processo de desenvolvimento. (BERSCH e SCHIRMER, 2005, p. 89). Dizemos que a comunicação é aumentativa quando o sujeito utiliza um outro meio de comunicação para complementar ou compensar deficiências que a fala apresenta, mas sem substitui-la totalmente. E que comunicação é alternativa quando utiliza outro meio para se comunicar ao invés da fala, devido à impossibilidade de articular ou produzir sons adequadamente (TETZCHNER e MARTINSEN,1992, p. 22 apud BRASIL, 2007). O objetivo da CAA é tornar o sujeito com distúrbio de comunicação o mais independente e competente possível em suas situações comunicativas, podendo assim ampliar suas oportunidades de interação com os outros, na escola e na comunidade em geral (SCHIRMER, 2004, p. 46). O MEC elaborou um guia pedagógico, explicitando diferentes materiais e instruções para a utilização dos recursos nas salas de recursos e, quando for o caso, nas salas de aula regulares. Eles devem ser solicitados à Secretaria de Educação, conforme especificações de especialistas da área. A título de enriquecimento, abaixo apresentamos figuras que mostram alguns dos usos da CAA, das adequações dos materiais didático-pedagógicos, da acessibilidade arquitetônica, de recursos de informática e mobiliários adequados. 32 1 – Uso de CAA 2 – Materiais didático-pedagógicos 3 – Recursos de informática 33 Podemos finalizar esta apostila refletindo que a articulação entre o ensino regular e atendimento educacional especializado precisa acontecer conforme a necessidade de cada caso, sem pensar que o desempenho escolar do aluno com deficiências venha em primeiro plano. Em relação aos professores e pais que queiram criar um ambiente de linguagem, que realmente favoreça o desenvolvimento da comunicação alternativa, terão realmente que modificar seus pensamentos e flexibilizarem suas atitudes. Eles deverão, acima de tudo, modificar algumas ideias ultrapassadas sobre o ensino de linguagem, buscando transcender a compreensão do papel de instrutores. Linguagem não é algo que se treina. A comunicação, quando em um ambiente favorável, variado e agradável, ocorre o tempo todo. 34 Por fim, não podemos nos esquecer dos recursos humanos necessários para a efetivação das TAs que englobam toda uma parceria dos profissionais das Secretarias de Educação, gestores escolares, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, arquitetos, engenheiros, todos em prol da aprendizagem e desenvolvimento da qualidade de vida do educando. O Atendimento Educacional Especializado para alunos com Deficiência Intelectual: a Política, as Concepções e a Avaliação Desde 2008, com a publicação da nova Política da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva pela Secretaria de Educação Especial – Ministério da Educação (SEESP/MEC) – (BRASIL, 2008), é notória a mudança que as escolas vêm empreendendo para adequação de seus espaços físicos, mobiliários, materiais, recursos, currículos e, principalmente, formação de sua equipe escolar. A Política tem como objetivo o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nas escolas regulares, orientando os sistemas de ensino para promover respostas às necessidades educacionais especiais, garantindo a transversalidade da educação especial desde a educação infantil até a educação superior; o Atendimento Educacional Especializado; a continuidade da escolarização nos níveis mais elevados do ensino; a formação de professores para o Atendimento Educacional Especializado e demais profissionais da educação para a inclusão escolar; a participação da família e da comunidade; a acessibilidade urbanística, arquitetônica, nos mobiliários e equipamentos, nos transportes, na comunicação e informação; e a articulação intersetorial na implementação das políticas públicas (BRASIL, 2008). De acordo com a Política, os alunos com deficiência intelectual, deficiência auditiva, deficiência física, deficiência visual, altas habilidades/ superdotação e transtornos globais do desenvolvimento devem frequentar as salas comuns de ensino com os demais alunos e receber o Atendimento Educacional Especializado 35 (AEE), no turno oposto ao seu horário escolar, nas Salas de Recursos Multifuncionais: As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela (BRASIL, 2008, p.10). Para tanto, o próprio Ministério da Educação (MEC) tem fornecido às escolas de todo o território brasileiro os materiais específicos, a fim de que essas salas sejam equipadas e montadas para o funcionamento do atendimento especializado a todos os alunos com necessidades educacionais especiais, bem como tem investido na formação dos professores que atuarão nessas salas. É necessário que se diga, no entanto, que este contexto de mudanças potenciais mostra a importância do professor especializado em Educação Especial para que se garanta a existência de percursos escolares satisfatórios e desafiadores para os alunos com deficiência. Essa importância respaldasse na centralidade da sala de recursos como o dispositivo pedagógico prioritário na política de Educação Especial contemporânea, considerada sua característica de não substituição do espaço da sala de aula comum para a escolarização. Além disso, as atribuições que implicam conexões/ articulações entre o docente especializado e o professor do ensino comum abrem espaço para a discussão curricular necessária nos processos inclusivos (BAPTISTA, 2011, p.66). A formação especializada também é referida no documento como sendo necessária para o professor atuar na educação especial, devendo ter como base da 36 sua formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área: Essa formação possibilita a sua atuação no atendimento educacional especializado, aprofunda o caráterinterativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, nos núcleos de acessibilidade das instituições de educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de educação especial (BRASIL, 2008, p.11). Em termos práticos, o que podemos observar é que efetivamente o MEC distribuiu os materiais e recursos para a abertura das Salas de Recursos Multifuncionais, na grande maioria dos municípios que fizeram tal solicitação, entretanto, muitas dessas salas ainda não se encontram em funcionamento, principalmente porque não há professores especializados no atendimento de alunos com deficiência intelectual e outras deficiências. Para solucionar tal problemática, o Ministério da Educação tem investido ainda na formação em serviço dos professores das redes públicas de ensino, por meio da oferta de Cursos de Especialização em Atendimento Educacional Especializado, tanto na modalidade presencial, como a distância, em parceria com universidades públicas brasileiras. Observa-se que os professores ainda permanecem presos à ideia de que só é possível trabalhar com o aluno com hipótese diagnóstica de deficiência intelectual a partir do momento em que existe um laudo médico que efetivamente confirme essa hipótese. Partindo-se do pressuposto de que a deficiência intelectual é definida como “[...] uma incapacidade caracterizada por limitações significativas tanto no funcionamento intelectual (raciocínio, aprendizagem, resolução de problemas) como no comportamento adaptativo, abrangendo habilidades sociais, cotidianas e práticas e originando-se antes dos 18 anos de idade” (AAIDD, 2010), verificamos que existe, portanto, apenas uma limitação no funcionamento intelectual, mas não uma ausência completa dele. Dessa forma, constatamos que essa dificuldade apresentada pela maioria dos professores quanto à conceituação e compreensão da deficiência intelectual limita a 37 atuação deles com os alunos com deficiência intelectual, tanto nas classes comuns como no Atendimento Educacional Especializado, pois imaginam só ser possível algum tipo de intervenção com base no rótulo que é dado ao aluno. Para pensarmos o Atendimento Educacional Especializado de alunos com deficiência intelectual, é necessário desvencilharmo-nos dos rótulos, dedicarmos a devida importância ao diagnóstico da deficiência intelectual, sem perdermos de vista o próprio aluno, suas dificuldades, porém, primordialmente, seu potencial de aprendizagem. Portanto, esse Atendimento Educacional Especializado com foco no aluno com deficiência intelectual implica considerarmos não apenas recursos que poderão ser utilizados em seu processo de aprendizagem, mas, acima de tudo, a avaliação do aluno com deficiência intelectual que será a norteadora do processo de ensino e aprendizagem desse aluno na sala comum e na sala de recursos multifuncionais, estabelecendo-se, assim, a parceria necessária entre os professores da sala comum e da especializada. Notas sobre a Política, O AEE e a Deficiência Intelectual As diretrizes nacionais de implantação e implementação do AEE no cenário brasileiro enfatizam repetidamente a ideia de apoio e de superação das barreiras impostas pela deficiência, para que os alunos possam participar efetivamente da prática escolar e da perspectiva pedagógica do ano escolar em que estão matriculados. Insistem no estabelecimento da ação do professor do AEE “[...] sobre as peculiaridades de certos alunos, provendo recursos, meios, equipamentos, linguagens e conhecimentos que os apoiam no acesso e participação no ensino comum” (MANTOAN, 2010, p.14). Há a tentativa de superar velhas práticas e implementar uma nova concepção do suporte pedagógico especializado, visto que, muitas vezes, as salas de recursos assumiam um papel de “reforço escolar”, atuando nos limites e dificuldades dos alunos com deficiência intelectual, o que não os impulsionava a acessar novas formas de funcionamento intelectual e, portanto, novas formas de aprendizagem. 38 A política atual impõe uma visão complementar do AEE e uma proposta de trabalho que estimule e favoreça suas possibilidades de iniciativa e autonomia de pensamento e ações. Todavia, quando falamos na deficiência intelectual, certamente, estamos nos referindo a processos bastante complexos do desenvolvimento, principalmente, do ponto de vista escolar. Se, por um lado, a perspectiva atual é não centrar o foco na deficiência – e é mesmo o que deve ocorrer – por outro lado, não se pode desprezá-la. Assim, de partida, já se anuncia uma problemática: o equilíbrio entre a condição primeira – a da deficiência intelectual – e a condição secundária – a dos processos de mediação, no caso, educacional. Para o professor, nem sempre fica claro como lidar com posições que, supostamente, podem parecer dicotômicas ou contraditórias. No entanto, Vygotsky (1997) já apontava a relação entre deficiência primária e secundária, evidenciando o quanto as dificuldades enfrentadas por aqueles com deficiência relacionam-se muito mais aos aspectos secundários do que aos primários. Assim, tudo se torna, de fato, muito complicado, pois não falamos de uma diferença qualquer e sim de uma condição que traz implicações ao desenvolvimento do sujeito e dificuldades na aprendizagem escolar, o que não significa, de maneira alguma, que a escola não tenha como lhe garantir a escolarização inclusiva e novas formas de relacionamento com o conhecimento ou com os diferentes componentes curriculares que compõem o currículo escolar. Nesse sentido, sem desconsiderar a condição da deficiência intelectual, a escola deve dar ênfase ao ato educativo, ao ensino, à mediação que se faz entre os alunos, o conhecimento e a aprendizagem. E é nisto que a escola deve centrar sua atenção: como se podem criar possibilidades de aprendizagem no contexto escolar, interpondo uma substancial mudança de foco, onde as dificuldades não são aprendidas simplesmente como fatores inerentes à condição biológica, mas como, também, provenientes das limitações do contexto social, no caso, escolar (OLIVEIRA, 2012, p.18). Precisamos apreender o sentido da diferença, para que possamos reconhecer e valorizar o potencial de aprendizagem dos alunos com deficiência intelectual. Garcia (2012) ressalta que 39 [...] esses alunos não podem apenas contar com oportunidades semelhantes, mas devem ter seus direitos iguais e garantidos como seres humanos e participantes das diferentes esferas sociais. Sendo assim, devem receber condições diferenciadas de desenvolvimento e educação, possibilitando maior dignidade para sua existência e vivência cultural (p.81). A escola brasileira ainda apresenta dificuldades para apropriar-se de uma concepção mais interacionista da deficiência intelectual e, além disso, de compreender quais seriam as compensações educativas possíveis de igualarem o direito e a oportunidade, na esfera educacional. Certamente, até isso passa pelas concepções, pois, se não concebermos seu processo educativo como diferente ou particular, corremos o risco de usar os mesmos referentes para análise de sua trajetória escolar. É preciso, primeiramente, reconhecer, acolher e compreender a diferença e, feito isso, possibilitar sua participação plena nos contornos pedagógicos, oferecendo-lhes o máximo de oportunidades, reconhecendo-os como sujeitos, concretos, porque presentes em nosso tempo e história, vinculados às práticas culturais e, portanto, plenamente capazes de efetivamente cumprirem a linha do desenvolvimento escolar, sem restrições, embora diferentes. Carvalho e Maciel (2003), em relação ao próprio conceito de deficiência intelectual, afirmam que as condições intelectuais desses sujeitos devem serculturalmente significadas e qualificadas no interior de suas práticas sociais, ou seja, em seu contexto, porque a interpretação sobre sua condição e possibilidades depende diretamente das concepções, percepções e valores presentes no meio social e cultural. Tudo isso é importante para que possamos refletir sobre a avaliação pedagógica e escolar, em função do papel que exerce na definição de estratégias, práticas, métodos e recursos educacionais e, mais do que isso, sermos capazes de diferenciar a avaliação na classe comum e no AEE. Salienta González (2002, p.109): “[...] parece bastante difícil traçar a linha entre educação especial e comum de maneira convincente”, visto o caráter de interdependência entre uma e outra. Árdua tarefa que nos anuncia a contemporaneidade: a de compreender, dialeticamente, a relação entre um e outro espaço de aprendizagem – o comum e o 40 especial –, para não cometer os mesmos erros do passado, de simplesmente repetir lições, ou reforçar o aluno, mas, sim, desafiar os limites colocados pela condição da deficiência intelectual que, sendo primária, deve ocupar um espaço secundário na definição das metas educacionais e nas propostas pedagógicas. Assim, entendemos que não se trata de superar a deficiência, já que é condição; todavia, superar a concepção que a interpreta como localizada no sujeito, portanto, individual e fora da esfera social ou educacional. É isso que temos a superar! Velhas concepções, porém, históricas, cristalizadas em nosso pensamento e que apenas a convivência com eles, as ações concretas e atos pedagógicos iluminados pelas possibilidades poderão nos conduzir a uma nova forma de pensar e conceber a deficiência intelectual. Avaliação Do Aluno Com Deficiência Intelectual: O Contexto Do AEE Avaliar é sempre um processo complexo, pois envolve o julgamento de alguém sobre algo, no caso, o julgamento do professor sobre as condições de aprendizagem do aluno com deficiência intelectual; por conseguinte, por mais que queiramos ser objetivos, é um processo permeado pela subjetividade daquele que observa ou avalia. Isso quase nos obriga a buscar parâmetros ou indicadores que possam centrar a atenção do avaliador em alguns pontos específicos e, na escola, a avaliação pedagógica deve ter como referência a aprendizagem, a qual se sustenta na proposta curricular delineada no Projeto Político-Pedagógico de cada escola. “Os educadores deveriam reinstaurar a pedagogia como o eixo nuclear quando se trata de responder às necessidades dos alunos” (GONZÁLEZ, 2002, p.111), pelo fato de, na atualidade, buscar-se compreender o processo de aprendizagem do aluno e levantar suas necessidades educacionais especiais, as quais precisam de respostas educativas adequadas, a serem construídas pela escola. Aqui se observa, desse modo, uma importante mudança de foco de análise: da deficiência para as necessidades educacionais provenientes dela. No entanto, temos que cuidar para não restringir ou limitar a ideia de pedagogia e mais especificamente de currículo, como se fosse apenas o somatório ou o conjunto de conteúdos disciplinares a serem aprendidos pelos alunos. Não! É 41 preciso apreender o sentido do currículo, alargando nosso entendimento sobre ele, principalmente na perspectiva de uma escola inclusiva, visto que será o currículo que nos dará sustentação para que não percamos o foco do trabalho na escola e sua função específica, de possibilitar às gerações mais novas a apropriação do conhecimento acumulado pela história e pela cultura dos homens, que estão sintetizados nos conteúdos curriculares. Contudo, esse é o foco da classe comum. É o professor da classe comum que deve ser capaz de avaliar as competências do aluno com deficiência intelectual quanto aos conteúdos escolares. E o professor do AEE, o que avalia? Qual seu foco? Como buscar parâmetros para não se correr o risco de centrar-se na deficiência, em vez de se centrar-se no processo pedagógico? Antes mesmo de nos debruçarmos nessa questão, é indispensável mencionar que a avaliação deve se caracterizar como um processo compartilhado, de múltiplas dimensões e no qual todos da escola devem se envolver. Não se trata de isolar a avaliação nesse ou naquele contexto, mas de olhar para o aluno de forma integral, considerando-se todos os espaços educacionais compartilhados. Portanto, como já anunciado pelo próprio Ministério da Educação de nosso país (BRASIL, 2003), devem ser avaliados, ao menos, três âmbitos: o educacional (escola e ação pedagógica), o aluno (nível de desenvolvimento e condições pessoais) e a família (ambiente e convívio familiar). Oliveira, em documentos elaborados para a Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SÃO PAULO, 2008; 2012), também insiste na premente necessidade de uma avaliação abrangente, que considere a instituição escolar (conhecimentos prévios sobre o aluno, recursos e materiais específicos, definição de cronograma de ações), a ação pedagógica (a sala de aula, os recursos e materiais de aprendizagem, as estratégias metodológicas) e o aluno (suas características funcionais e suas competências curriculares). Crespo et al. (2008), em documento do Ministério da Educação de Portugal e em relação à própria elaboração do Programa Educativo Individual (PEI), enfatizam a importância da avaliação, comum e especial, e o trabalho em equipe, o qual permite [a] partilha de informação relativa ao funcionamento do aluno em vários contextos; uma compreensão comum, por parte de todos os intervenientes, dos facilitadores e barreiras ao desempenho do aluno; uma implicação mais ativa e responsável, por 42 parte de todos, incluindo os pais ou encarregados da educação; uma intervenção contextualizada e concertada (p.27). Dessa forma, é importante que não se perca a ideia de todo e de contexto e a de que o aluno é da escola e que a responsabilidade de avaliação e intervenção é de todos e não apenas do professor do AEE. Temos que demarcar fortemente essa ideia coletiva de intervenção, portanto, a articulação entre classe comum e AEE é imprescindível para que se garanta um trabalho efetivo, capaz de beneficiar o processo escolar do aluno com deficiência intelectual. Documento específico sobre deficiência intelectual publicado pelo Ministério da Educação (BRASIL, 2010) retoma igualmente a ideia de diferentes âmbitos de avaliação: a dos processos de aprendizagem e da inclusão do aluno na escola, a das salas de recursos multifuncionais, a da sala de aula e a da família. Como estratégia de avaliação, aponta o estudo de caso, com vistas a construir um perfil do aluno e, da mesma forma, indica aspectos a serem avaliados em cada um dos âmbitos, embora centre na figura do professor do AEE o levantamento de informações, com o objetivo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Individual – o PDI. Nesse sentido, aqui chegamos à encruzilhada: o que avaliar? Se o professor da classe comum avalia a competência curricular, tendo como referência as expectativas do ano escolar no qual o aluno está matriculado, o que avalia o professor do AEE? Como seu papel é de suporte e de ser o ponto de apoio para aprendizagem, deverá avaliar os aspectos que comporão o PDI, que, no caso da deficiência intelectual, relacionam-se com as funções cognitivas ou intelectuais, porém, ao mesmo tempo, relacionam-se com a proposta curricular. Assim, deverá avaliar: 1) função cognitiva: percepção, atenção, memória, linguagem, raciocínio lógico; 2) função pessoal-social: estado emocional, reação à frustração, isolamento, medos; interação grupal, cooperação, afetividade. Os aspectos ligados à função cognitiva relacionam-se diretamente às funções psicológicas superiores (percepção, atenção, memória, linguagem, raciocínio lógico) e às associadas à conduta do aluno (aspectos emocionais, afetivos e sociais), sendoque todos eles são necessários para o seu desenvolvimento escolar e curricular. 43 Esses aspectos serão diferenciados conforme a faixa etária do aluno e nível de ensino – infantil ou fundamental (ciclos 1 e 2). Se, na Educação Infantil, os referencias de percepção, por exemplo, ainda estão ligados aos aspectos de discriminação básica (formas, cores, espaços, desenhos, etc.), no Ensino Fundamental já devem se encontrar em situações mais sofisticadas dos próprios processos perceptivos (distinção entre letras e números, quantidades, conjuntos, relações, gêneros textuais, etc.). Dessa maneira, embora não seja o currículo em si, isto é, não se avalia a matemática, a língua portuguesa ou outros componentes específicos, examinam-se competências necessárias para o desenvolvimento desses conhecimentos e que se relacionam diretamente com a aprendizagem dos conteúdos. Por exemplo, sua possibilidade de estabelecer relações, de compreender quantidades, de resolver situações-problema, de realizar operações; ou, de perceber diferenças entre os gêneros literários, entre palavras, produzir textos (mesmo que simples e com ajuda), certamente favorecerá notadamente sua atuação em sala de aula e sua competência curricular. Desse modo, fica evidenciada a relação entre a classe comum e o AEE, a especificidade da avaliação e a intervenção em um e outro espaço educativo, sem que se perca a referência escolar: o currículo. CONCLUSÃO A história de nossa educação constituiu-se de forma a separar os alunos: em normais e anormais; fortes e fracos etc. Dentro dessa forma de pensar a educação, muitas crianças estiveram longe das escolas públicas (não apenas crianças com deficiências). A política educacional atual impele a outras práticas escolares, diferentes das construídas historicamente. Para essa nova direção, o governo federal estabeleceu um caminho: a matrícula em classe comum e o apoio de atendimento educacional especializado para complementar ou suplementar a escolaridade. Para compreender essa escolha, acredito que seja necessário considerar os múltiplos determinantes da materialização da política educacional. Avelino, Brown e Hunter (2007, p. 209), com base em estudos de diferentes tendências, ao abordarem o 44 debate sobre as políticas na contemporaneidade resumem a tensão: “os governos devem responder à globalização com uma política social orientada para o corte de gastos (eficiência) ou para a proteção do bem-estar das pessoas (compensação)”. Ao olhar o conjunto das ações adotadas, verificamos as preferências do Governo Federal pela formação de educadores no sistema de multiplicadores e à distância. Essas escolhas pretendem otimizar os recursos atingindo o maior número de pessoas possível. As preocupações econômicas foram determinantes para adoção de políticas em outros momentos da história da educação brasileira, como parecem estar presentes agora. No entanto, ressaltamos o fato de que, muitas vezes, essas escolhas são incompatíveis para o estabelecimento da garantia de direitos sociais. 45 REFERÊNCIAS ABBAMONTE, Renata. Inclusão escolar: do que se trata? 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