Prévia do material em texto
NECROSE E APOPTOSE Profa. Dra. Thaise Boeing Na aula anterior... Adaptação ¨ Novo estado metabólico que altera a célula, porém preserva viabilidade ¨ Alterações são: ¤ Hiperplasia: aumento no número de células ¤ Hipertrofia: aumento no tamanho das células ¤ Atrofia: redução no tamanho das células ¤ Metaplasia: mudança de um tipo de célula para outro Ações Celulares após Lesão ¨ Ao entrar em condições de estresse fisiológico uma célula está pronta para sofrer uma Lesão ¨ Ações que ocorrem após estresse celular 1. Adaptação 2. Lesão Reversível 3. Lesão Irreversível 4. Morte Celular Causas das Lesões Celulares ¨ Hipóxia: é a ausência de respiração aeróbioa que afeta a geração de ATP ¤ Consequência de Isquemia à perda de suprimento sanguíneo ¨ Agentes físicos: trauma, calor, frio ¨ Agentes químico: venenos, drogas, poluentes ¨ Infecção: vírus, bactérias, fungos, parasitas ¨ Reações imunológicosas: doenças auto-imunes ¨ Distúrbios genéticos: mutações, alterações cromossômicas ¨ Desiquilíbrio nutricional: deficiências protéicas, vitaminas NECROSE Necrose ¨ É uma morte celular em um tecido vivo, seguida de autólise (destruição celular completa) ¤ Não tem padrão ordenado e não demanda de energia (diferente da apoptose) ¨ O que leva uma célula a necrose? ¤ Perda da permeabilidade da membrana. ¤ Lesão no Núcleo ¤ Alteração na Síntese Proteica ¤ Radicais livres ¤ Liberação das enzimas lisossomais. ¤ Redução na síntese de ATP Lesões Celulares - Irreversível ¨ Lesões Irreversíveis – Necrose ¨ Necrose refere-se ao espectro de alterações morfológicas após a morte celular à enfatizados por dois processos ¤ Desnaturação das proteínas ¤ Digestão enzimática de organelas e citossol Mudanças Morfológicas na Célula Necrótica ¨ Alterações citoplasmáticas ¨ Aumento da eosinofilia ¨ Aparência homogênea mais vítrea: perda de partículas de glicogênio ¨ Figuras de mielina ¨ Vacúolos ¨ Aumento do volume celular (diferente da apoptose, onde ocorre redução), também chamado de tumefação Mudanças Morfológicas na Célula Necrótica Mudanças Morfológicas na Célula Necrótica ¨ Alterações no núcleo celular ¨ As alterações nucleares assumem um dos três padrões, todos devidos à degradação da cromatina e do DNA. ¤ Picnose – contração e condensação do núcleo ¤ Cariólise – quebra, lise do núcleo ¤ Cariorrexe – fragmentação do núcleo ¨ Núcleo Destino das células necróticas As células necróticas podem persistir por algum tempo ou ser digeridas por enzimas e desaparecer. As células mortas serão fagocitadas por outras células ou, mais tarde, degradadas em ácidos graxos. Esses ácidos graxos se ligam a sais de cálcio, resultando em células mortas calcificadas. NECROSE MECANISMOS DA LESÃO CELULAR ¨ Quando a lesão reversível torna-se irreversível? ¨ Não existem correlações morfológicas ou bioquímicas defini7vas ¨ Dois fenômenos caracterizam a irreversibilidade: 1. Incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial (perda da fosforilação oxida9va e geração de ATP) mesmo depois da resolução da lesão original 2. Distúrbios na função das membranas. Dissolução enzimá9ca da célula lesada. MECANISMOS DA LESÃO CELULAR ¨ Os alvos mais importantes dos estímulos nocivos são: ¨ (1) As mitocôndrias e sua habilidade em gerar ATP e ERO em condições patológicas; ¨ (2) Desequilíbrio na homeostasia do cálcio; ¨ (3) Danos às membranas celulares (plasmática e lisossômica) ¨ (4) Danos ao DNA e ao dobramento das proteínas. MITOCÔNDRIA E O ATP ¨ O ATP é necessário em todos os processos de síntese e degradação dentro da célula, incluindo o transporte de membrana, a síntese de proteínas, a lipogênese e as reações para a renovação dos fosfolipídios. ¨▶ MITOCÔNDRIA E O ATP ¨ Produzido principalmente por fosforilação oxidativa do difosfato de adenosina (ADP) durante a redução do oxigênio no sistema de transporte de elétrons das mitocôndrias. ¨ CATABOLISMO AERÓBIO DE GLICOSE, LIPÍDEOS E PROTEÍNAS Citosol Mitocôndria Oxigênio MITOCÔNDRIA E O ATP ¨ Catabolismo anaeróbio da glicose. ¨ A via da glicólise converte a glicose, um açúcar de seis carbonos, em duas moléculas de piruvato de três carbonos. O piruvato é o ponto de intersecção entre o metabolismo aeróbio e anaeróbio da glicose. ¨ Se a célula não tem oxigênio suficiente para rotas aeróbias, o piruvato é convertido em lactato com a ajuda da enzima lactato desidrogenase DEPLEÇÃO DE ATP ¨ Causas: ¨ Redução do suprimento de oxigênio e nutrientes ¨ O dano mitocondrial ¨ Ações de algumas toxinas (p. ex., cianeto). ¨ A isquemia lesa os tecidos mais rapidamente que a hipóxia. ¨ O músculo estriado esquelé8co da perna se acomoda à isquemia completa por 2-3 horas sem lesão irreversível, ao passo que o músculo cardíaco morre depois de apenas 20- 30 minutos. ¨ Um hepatócito repleto de glicogênio poderá tolerar a isquemia muito melhor do que um hepatócito que tenha acabado de consumir sua úl8ma molécula de glicose. Isquemia e Hipóxia ¨ Isquemia é a falta de suprimento sanguíneo para um tecido orgânico devido a obstrução causada por um trombo, seja ele formado por placas gordurosas ou por coágulos sanguíneos. ¨ Como o sangue, através das hemácias, leva o oxigênio às células, a isquemia resulta em falta de glicose e falta de oxigenação nas células (Hipóxia). CONSEQUÊNCIAS DA DEPLEÇÃO DE ATP ¨ Alteração na atividade da bomba de sódio na membrana plasmática dependente de ATP = Tumefação. ¨ Aumento compensatório na glicólise anaeróbica. As reservas de glicogênio intracelular são rapidamente exauridas e o ácido lático se acumula, levando a ̀ diminuição do pH intracelular e a ̀ diminuição da atividade de muitas enzimas celulares. ¨ A falência na bomba de Ca2+ leva ao influxo de Ca2+, com efeitos danosos em vários componentes celulares ¨ A depleção prolongada ou crescente de ATP causa o rompi- mento estrutural do aparelho de síntese proteica. Desequilíbrio de Ca+ ESTRESSE OXIDATIVO ¨ Os radicais livres são espécies químicas que possuem um único elétron não pareado em órbita externa. Tais estados químicos são extremamente instáveis e reagem prontamente com químicos orgânicos e inorgânicos. ¨ Atacam ácidos nucleicos, assim como uma variedade de proteínas e lipídios celulares ESTRESSE OXIDATIVO ¨ Causas: ¨ Lesão de isquemia-reperfusão (Redução incompleta de oxigênio; influxo aumentado de leucócitos; ativaça ̃o do sistema complemento) ¨ Lesão química e por radiação ¨ Toxicidade do oxigênio e outros gases ¨ Envelhecimento celular ¨ Destruição dos micróbios pelas células fagocíticas ¨ Lesão tecidual causada por células inflamatórias. A, Em todas as células, o superóxido (O2•) é produzido durante a respiração mitocondrial pela cadeia de transporte de elétrons e é convertido a H2O2 e radical livre hidroxila (•OH) ou a peroxinitrito (ONOO−). B, Nos leucócitos (principalmente neutrófilos e macrófagos), a enzima oxidase presente na membrana do fagossoma gera superóxido, que pode ser convertido a outros radicais livres. A mieloperoxidase (MPO) dos fagossomas também gera hipoclorito a partir de espécies reativas de oxigênio (ERO). EROs Lesão da membrana plasmática Danos ao DNA e às Proteínas • As células possuem mecanismos que reparam as lesões de DNA, porém se o dano é muito grave para ser corrigido (p. ex., após lesão por radiação ou estresse oxida>vo) a célula inicia seu programa de suicídio emorre por apoptose. • Uma reação semelhante é iniciada por proteínas impropriamente dobradas, as quais podem ser resultantes de mutações herdadas ou disparadores externos, como os radicais livres. PADRÕES DE NECROSE Necrose de coagulação ¨ É característica de infartos (áreas de necrose isquêmica) em todos os órgãos sólidos, exceto o cérebro. ¨ A arquitetura básica dos tecidos mortos é preservada por alguns dias. ¨ A lesão desnatura as proteínas estruturais e também as enzimas, bloqueando a proteólise das células mortas. ¨ Os leucócitos digerem as células mortas eos restos celulares são removidos por fagocitose. Necrose de coagulação Necrose de liquefação ¨ Observada em infecções bacterianas focais ou, fúngicas. ¨ Estimulam o acúmulo de células inflamatórias e as enzimas dos leucócitos digerirem (“liquefazer”) o tecido. ¨ Por motivos desconhecidos, a morte por hipóxia, de células dentro do sistema nervoso central, com frequência leva a necrose liquefativa. ¨ O tecido digerido é removido por fagocitose ¨ Se o processo foi iniciado por inflamação aguda, como na infecção bacteriana, o material é frequentemente amarelo cremoso e é chamado de pus. Necrose de liquefação Rim. note, à direita, área de abscesso caracterizado por infiltrado inflamatório com necrose liquefativa. no restante observam-se estruturas tubulares e, o interstício, com vasos sanguíneos congestos. h&e, pequeno aumento. Necrose liquefativa no encéfalo Necrose caseosa Típica da tuberculose, com formação de granulomas (lembra um queijo). Ao exame microscópico, diferentemente da necrose de coagulação, a arquitetura do tecido e ́ completamente obliterada, e os contornos celulares não podem ser distinguidos. Necrose fibrinóide ¨ Ocorre na parede dos vasos sanguíneos ¨ Característica de reações imunológicas (fibrina no tecido + imunocomplexos = aspecto fibrinóide) ¨ Complexos de antígenos e anticorpos são depositados nas paredes das artérias. ¨ Aparência amorfa e róseo-brilhante, pela coloração do H&E, conhecida como fibrinoide. ¨ Doenças imunologicamente mediadas (p. ex., a poliarterite nodosa). Necrose fibrinóide Necrose gordurosa ¨ Liberação de enzimas (lipases pancreáticas) ¨ Pancreatite aguda – liberação das enzimas no peritônio, destruindo tecido ali presente) ¨ As enzimas pancreáticas que escapam das células acinares e dos ductos liquefazem as membranas dos adipócitos do peritônio ¨ Os ácidos graxos liberados combinam-se com cálcio produzindo áreas brancas macroscopicamente visíveis Necrose gordurosa Necrose gangrenosa ¨ Não é um padrão específico de morte celular, mas termo clínico para descrever a necrose de todo um membro (ex: obstrução de uma artéria). Cor escura e odor fétido APOPTOSE Apoptose ¨ Apoptose, conhecida como "morte celular programada" (a definição correta é "morte celular não seguida de autólise") ¤ É um tipo de "auto-destruição celular" que ocorre de forma ordenada e demanda energia para a sua execução (diferentemente da necrose). ¨ Está relacionada com a manutenção da homeostase e com a regulação fisiológica do tamanho dos tecidos , mas pode também ser causada por um estímulo patológico (como a lesão ao DNA celular) Apoptose ¨ Como é uma morte programada, ela não é abrupta ¨ Não casa esparramamento do citoplasma ¨ Enzimas apoptóticas são ativada, diferente da necrose, onde são liberadas e destroem tudo ¨ Apoptose e a necrose algumas vezes coexistem, e a apoptose induzida por alguns estímulos patológicos progride para a necrose. ¨ NÃO CAUSA RESPOSTA INFLAMATÓRIA Causas da Apoptose ¨ Fisiológica ¨ Desenvolvimento embrionário ¨ Involução de tecidos hormônios-dependentes sob privação de hormônio. ¨ Perda celular em populações celulares proliferativas. ¨ Morte de células que já tenham cumprido seu papel. Ex: neutrófilos ¨ Morte celular induzida por linfócitos T citotóxicos, Elimina células neoplásicas e infectadas por vírus. Causas da Apoptose ¨ Patológicas ¨ Lesão de DNA. A radiação, as drogas citotóxicas anticâncer, os extremos de temperatura e mesmo a hipóxia podem lesar o DNA diretamente ou através da produção de radicais livres. ¨ Acúmulo de proteínas anormalmente dobradas. O acúmulo excessivo dessas proteínas no RE leva a uma condição conhecida como estresse do RE, que culmina em morte apoptótica das células. Causas da Apoptose ¨ Patológicas ¨ Lesão celular em certas infecções: Infecções virais, pode ser induzida pelo vírus (adenovi ́rus e HIV) ou pela resposta imune do hospedeiro (como na hepatite viral). Mudanças Morfológicas na Célula Apoptótica ¨ Os fenômenos que culminam com a morte celular programada são: ¨ Retração, encolhimento da célula ¨ Condensação da cromatina (material genético) na periferia (bordas) do núcleo ¨ Formação dos corpos apoptóticos – fragmentos da célula inicial podendo conter ou não partes do núcleo. Em raza ̃o de tais fragmentos serem rapidamente expulsos e fagocitados, sem induzir resposta inflamatória, histologicamente, pode ser indetectável. Células apoptóticas (algumas indicadas por setas) do epitélio de cripta do colo. Note os núcleos fragmentados, com cromatina condensada e corpos celulares retraídos, alguns com falhas. Célula Apoptótica Células normais (N) e células em apoptose (setas). Estas se fragmentam em glóbulos (corpos apoptóticos), que serão eliminados por outras células sem causar reação inflamatória. Imagens de microscopia de varredura para mostrar o aspecto de células em apoptose. NECROSE X APOPTOSE Mecanismos da Apoptose A apoptose resulta da ativação de enzimas chamadas caspases: Ø Via mitocondrial (Intrinseca) – Caspase desencadeante 9 Ø Via receptor de morte (Extrinseca) – Caspase desencadeante 8 Na via mitocondrial, as proteínas da família Bcl-2, que regulam a permeabilidade mitocondrial, se desequilibram e o extravasamento de várias substâncias das mitocôndrias resulta em ativação das caspases. Na via do receptor de morte, os sinais dos receptores da membrana plasmática levam o arranjo de proteínas adaptadoras a um “complexo de sinalização indutor de morte”, que ativa as caspases, e o resultado final é o mesmo. Faz = Linf T ativado Fosfa&dilserina