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Políticas Educacionais - Estrutura e Funcionamento de Ensino

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POLÍTICAS EDUCACIONAIS
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DE ENSINO
PROF.A MA. GILMARA BELMIRO DA SILVA
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional: 
Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Mariana Tait Romancini 
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes
Márcio Alexandre Júnior Lara
Gestão da Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
1 - DEFININDO POLÍTICA E O ENSINO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 ................................................................... 5
1.1. A EDUCAÇÃO POSTULADA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ............................................................... 8
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 18
CONCEITO DE POLÍTICA E A ATUAL 
CONSTITUIÇÃO
PROF.A MA. GILMARA BELMIRO DA SILVA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
POLÍTICAS EDUCACIONAIS - ESTRUTURA E 
FUNCIONAMENTO DE ENSINO
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INTRODUÇÃO
Quando ouvimos alguém dizer que vai discorrer sobre políticas educacionais, várias 
pessoas torcem o nariz, ou fazem algum comentário no sentido de que odeiam política. No 
entanto, devemos fazer uma real separação entre política partidária e ações legais da política 
legislativa educacional, visto que aos profissionais que fazem parte do Magistério, é extremamente 
necessário o conhecimento sobre as ações políticas educacionais que cerceiam os espaços 
institucionais educativos e até mesmo a formação destes trabalhadores da educação.
Antes de iniciarmos as argumentações desta unidade, pense sobre a seguinte questão: O que 
é política? A resposta que você encontrar para esta pergunta pode ajudar muito na compreensão 
da função das políticas educacionais. Agora, vamos pontuar alguns aspectos importantes sobre as 
possíveis respostas a esta pergunta. O primeiro aspecto que devemos refletir é sobre a afirmação 
de Aristóteles, no século IV a. C. sobre a Política: “o homem é naturalmente um animal político”, 
então, oodemos compreender que mesmo que verbalizamos que somos contrários a Política, esta 
faz parte da nossa composição biológica e social. 
Ser uma pessoa Política, é ser uma pessoa que se posiciona, que toma partido de alguém 
ou de algo, desde as coisas mais singelas até as mais elaboradas. Então, caminhando na perspectiva 
de todos somos seres políticos, por essência, nesta unidade estaremos discutindo primeiramente 
o conceito de política e depois avançaremos realizando uma reflexão sobre a função da educação 
promulgado na Constituição Federativa do Brasil de 1988.
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1 - DEFININDO POLÍTICA E O ENSINO NA 
CONSTITUIÇÃO DE 1988
Antes de iniciarmos nossa ação de refletir sobre as políticas públicas e a organização da 
educação no Brasil, sugiro pensarmos um pouco sobre a política em nossas ações.
Figura 1 - Constituição de 1988. Fonte: Folha Uol (2017).
Vamos a dois exemplos: ao acordar de manhã, com o sinal do despertador, você abre um 
olho, estica o corpo e pensa “vou dormir só mais cinco minutinhos”. Quando pensou nesta ação, 
você sabia que a contrapartida seria, por exemplo, abrir mão do café da manhã, ou seja, você 
tomou partido sobre algo, sabendo as consequências do mesmo. Outro exemplo: é ano eleitoral 
municipal, há cinco candidatos disputando o cargo de prefeito, você analisa todos, e decide votar 
no candidato X, ou seja, você se posicionou, exerceu uma ação política. Alguém neste momento 
pode dizer “ah professora, mas são coisas completamente diferentes, uma coisa é dormir um 
pouco mais, outra é escolher um representante para um cargo tão importante!”. Muitos pensam 
assim, por acreditarem que Política deve ser pensada como algo muito complexo ou algo que 
gera aversão devido aos políticos no poder. No entanto, somos seres que vivemos em sociedade, 
e sendo assim, vivemos ações individuais e coletivas.
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Esta ação de posicionamento exige de cada homem uma responsabilidade muito grande, 
pois as escolhas que fazemos podem dizer respeito a demandas privadas ou públicas. Diferenciando 
que quando se optou por dormir até mais tarde, era algo de benefício próprio, particular, diz 
respeito apenas ao sujeito; outra ação, no entanto, fazer as escolhas de um candidato, requer 
pensar no coletivo, ou seja, deve ser uma escolha que beneficie ao maior número de pessoas 
possível.
Quando discute Ética, Aristóteles argumenta que uma das funções da Ética é a busca pela 
felicidade individual do homem, ou seja, objetiva-se viver a ética e a moral bem, ser um homem 
moral e alcançar a felicidade; já a Política, visa buscar a felicidade coletiva, o bem-estar de todos 
da pólis, ou seja, estuda quais as melhores formas de governança para se alcançar esta felicidade.
Figura 2 - pólis, cidade grega. Fonte: Google Images (2017).
Trazendo estes exemplos para a educação. Os profissionais do Magistério, exercendo 
as mais variadas funções, estão constantemente fazendo escolhas, posicionando-se, formando 
opiniões, como a escolha do material didático, a escolha de atividades, a escolha de bens a serem 
compradas para suprir demandas internas da instituição, a escolha da cor do uniforme dos 
alunos, a escolha dos dias de recesso no calendário escolar, enfim, uma série de ações políticas 
que demandam o bem-estar de uma coletividade. Assim, entendemos como as ações políticas 
educacionais afetam o dia a dia das instituições escolares e da vida das pessoas que fazem parte 
dela. Portanto, é essencial compreendermos a estrutura e o funcionamento do ensino no Brasil, 
ou seja, as políticas públicas educacionais, que direcionam as tomadas de decisões e discussões 
no interior da escola.
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A concepção dePolítica que norteará nossas reflexões é a definida por Abbagnano (2017, 
p. 773):
A (gr. 7IOÀ.ITIKIÍ; lat. Política; inº Politics; fr. Politique, ai. Politik, it. Política). 
Com esse nome foram designadas várias coisas, mais precisamente: Ia a doutrina 
do direito e da moral; O primeiro conceito foi exposto em Ética, de Aristóteles. 
A investigação em torno do que deve ser o bem e o bem supremo, segundo 
Aristóteles, parece pertencer à ciência mais importante e mais arquitetônica: 
“Essa ciência parece ser a política. Com efeito, ela determina quais são as 
ciências necessárias nas cidades, quais as que cada cidadão deve aprender, e 
até que ponto” (Et. nic. I, 2. 1094 a 26). Este conceito da P. teve vida longa na 
tradição filosófica. Hobbes, p. ex., dizia: “A P. e a ética, ou seja. a ciência do justou 
do injusto, do equânimee do iníquo, podem ser demonstradas a priori, visto 
que nós mesmos fizemos os princípios pelos quais se pode julgar o que é justo e 
equânime, ou seus contrários, vale dizer, as causas da justiça, que são as leis ou 
as convenções” (DEHOM. X. § 5).
 Assim, reafirmamos que a Política é relacionada à moral, ao bem comum, e ao justo, 
para a convivência em sociedade, pois isso não demanda suprir somente as minhas neces-
sidades e fazer escolhas individuais, requer também o posicionamento com relação a coisa 
pública, as discussões, debates e consensos para tomada de decisões do coletivo. Uma outra 
perspectiva da Política é que ela coloca em prática uma certa relação de Poder. Quem governa, 
quem toma decisões, tem centrado em si o Poder.
A política trata das relações de poder, que é a capacidade ou a possibilidade de agir e de pro-
duzir os efeitos desejados sobre indivíduos ou grupos humanos. O poder supõe dois polos: o de 
quem exerce o poder e o daquele sobre o qual o poder é exercido. Nesse sentido, o poder é uma 
relação, ou um conjunto de relações, em que indivíduos ou grupos interferem na atividade de 
outros indivíduos ou grupos.
 Nas diversas atividades executadas dentro da escola, na sala de aula, existe a relação 
de poder e de influência sobre a vida de outras pessoas. Por isso, o professor é um profissional 
intelectual que exerce poder em sala, a sua postura, sua ética, sua moral, seu posicionamento, e 
suas tomadas de decisões influenciam diretamente as pessoas sob as quais exerce o poder.
No contexto da sala de aula, o professor pode exercer o seu poder para impor uma 
determinada ação junto aos alunos?
Muitas vezes ouvimos ou assistimos alguma cena ou situação em que algum pro-
fessor exerce de forma autoritária o seu poder em sala de aula. Isso é inadmissí-
vel. O professor deve conscientizar e usar de sua autoridade e não autoritarismo, 
para formar em seus alunos, um estímulo de conversa, de debate e de ações de 
boa convivência. Impor um poder autoritário e desrespeitoso junto aos alunos 
pode trazer consequências sérias para alunos, professores e escola. O diálogo é 
sempre a melhor estratégia!
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Figura 3 - Sala de aula professora e alunos. Fonte: Revista Época (2013).
A formação do homem para viver em sociedade, para compartilhar o coletivo, passa pela 
formação, pela educação. Assim chegamos a escola, é na escola que aprendemos a agir em prol 
do coletivo, do bem estar de todos. Será pelas ações dos professores, dos ensinamentos morais e 
valores éticos, que as gerações são orientadas e formadas pelas famílias e pelo Estado. No espaço 
da sala de aula é que o professor exerce o seu poder de intelectualizar, fazer pensar aos alunos. 
Este será nosso assunto para o próximo item.
 
1.1. A educação postulada na Constituição Federal de 1988
Em 518 anos de colonização, o Brasil viveu o contexto de sete cartas magnas. Os livros 
de História descrevem turbilhões de ações que desencadearam no cenário político de cada 
momento. Em 1823, D. Pedro I, após a Independência, apoiado pelos partidos portugueses, 
dissolve a Assembleia Nacional Constituinte, ou seja, impõe, em 1824, a primeira Constituição.
Apoiado pelo Partido Português, constituído por ricos comerciantes portugueses 
e altos funcionários públicos, D. Pedro I dissolveu a Assembleia Constituinte em 
1823 e impôs seu próprio projeto, que se tornou a primeira Constituição do 
Brasil. Apesar de aprovada por algumas Câmaras Municipais da confiança de 
D. Pedro I, essa Carta, datada de 25 de março de 1824 e contendo 179 artigos, é 
considerada pelos historiadores como uma imposição do imperador.
Entre as principais medidas dessa Constituição, destaca-se o fortalecimento do 
poder pessoal do imperador, com a criação do Poder Moderador, que estava 
acima dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. As províncias passam a ser 
governadas por presidentes nomeados pelo imperador e as eleições são indiretas 
e censitárias.
O direito ao voto era concedido somente aos homens livres e proprietários, de 
acordo com seu nível de renda, fixado na quantia líquida anual de cem mil réis 
por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos. Para ser eleito, o cidadão 
também tinha que comprovar renda mínima proporcional ao cargo pretendido. 
Essa foi a Constituição com duração mais longa na história do país, num total de 
65 anos. (BRASIL, s/d).
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Depois, houveram mais cinco constituições: Constituição de 1891 (Brasil República), 
Constituição de 1934 (Segunda República), Constituição de 1937 (Estado Novo), Constituição 
de 1946, Constituição de 1967 (Regime Militar), e a atual, Constituição de 1988, chamada de 
Constituição Cidadã.
De acordo com Brasil (s/d), em 27 de novembro de 1985, por meio da emenda 
constitucional 26, foi convocada a Assembleia Nacional Constituinte, com a finalidade de 
elaborar um novo texto constitucional para expressar a realidade social pela qual passava o país, 
que vivia um processo de redemocratização após o término do regime militar. Então, datada em 5 
de outubro de 1988, a Constituição inaugurou um novo arcabouço jurídico-institucional no país, 
com ampliação das liberdades civis e os direitos e garantias individuais. A nova Carta consagrou 
cláusulas transformadoras, com o objetivo de alterar relações econômicas, políticas e sociais, 
concedendo direito de voto aos analfabetos e aos jovens de 16 a 17 anos. Estabeleceu também 
novos direitos trabalhistas, como redução da jornada semanal de 48 para 44 horas, seguro-
desemprego e férias remuneradas acrescidas de um terço do salário. Outras medidas adotadas 
por meio da Constituição de 1988 foram: a instituição de eleições majoritárias em dois turnos; 
o direito à greve e liberdade sindical; o aumento da licença-maternidade de três para quatro 
meses; a licença-paternidade de cinco dias; a criação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 
substituição ao Tribunal Federal de Recursos; a criação dos mandados de injunção, de segurança 
coletivo e restabelecimento do habeas corpus. Foi também criado o habeas data (instrumento 
que garante o direito de informações relativas à pessoa do interessado, mantidas em registros de 
entidades governamentais ou banco de dados particulares que tenham caráter público).
Destacam-se, ainda, as seguintes mudanças: reforma no sistema tributário e na repartição 
das receitas tributárias federais, com propósito de fortalecer estados e municípios; reformas 
na ordem econômica e social, com instituição de política agrícola e fundiária e regras para o 
sistema financeiro nacional; leis de proteção ao meio ambiente; fim da censura em rádios, TVs, 
teatros, jornais e demais meios de comunicação; e alterações na legislação sobre seguridade e 
assistência social. Portanto, muitas mudanças e novas perspectivas foram legitimadas por meio 
desta Constituição. No campo da Educação, poderemosperceber que muitas foram as conquistas 
e avanços para os brasileiros conquistadas na Constituição Cidadã.
A Constituição Federativa do Brasil de 1988, reafirma a necessidade e a função da 
educação brasileira, com objetivos claros e precisos na formação de uma nação apta a exercer 
a seus direitos e deveres de maneira responsável. Esta também sistematiza a educação brasileira 
em 10 artigos, do 205 ao 214, apresentando uma visão ampla dos novos ideais da educação e 
apresentando as principais mudanças educacionais.
Neste estudo, aprofundaremos a análise do artigo 205, por ser o norteador da educação 
nacional. Os demais artigos serão mencionados de maneira mais breve.
De acordo com o artigo 205,
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e 
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento 
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o 
trabalho. (BRASIL, 2007, p. 148).
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Este artigo traz direitos e questões muito importantes para que conheçamos a base da 
educação nacional, a sua abrangência e necessidade na constituição dos cidadãos de um país, de 
um Estado. Primeiramente, devemos observar que quando a lei legitima a educação, a formação 
do cidadão, como um direito, devemos entender que este direito é a possibilidade de existência 
dos homens de maneira comum, nos posicionamentos de que o direito é
(gr. xò ôíicmov; lat. Jus; inº Lata, fr. Droit; ai. Recht; it. Dirittó). Em sentido 
geral e fundamental, a técnica da coexistência humana, isto é, a técnica que 
visa a possibilitar a coexistência dos homens. Como técnica, o D. se concretiza 
em conjunto de regras (nesse caso leis ou normas), que têm por objeto o 
comportamento inter-subjetivo, ou seja, o comportamento dos homens entre si. 
(ABBAGNANO, 2007, p. 278).
O direito define as regras de convivência entre os homens, regulando seu comportamento. 
Assim, o direito a educação coloca todos os cidadãos brasileiros no mesmo patamar de normas 
para a educação, fazendo com que todos tenham a possibilidade de instrução e ensino no espaço 
escolar garantidas. Esse direito não pressupõe, porém, que a educação seja a mesma para todos 
e sim, que o ato de desenvolver as faculdades cognitivas para vivência em sociedade, ou seja, é 
possibilitado a todos, por meio das ações da família e do Estado. A união entre a família e o Estado 
é a base para que a educação de qualidade seja alcançada e que possa promover a transformação 
do sujeito que a ela se submete. Discutiremos esta questão mais à frente.
Figura 4 - Alunos em sala de aula. Fonte: Google Images (2018).
Essa coexistência de responsabilidade entre família e escola é regulamentada na Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. O artigo 6º rege que “É dever dos pais ou 
responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de 
idade”, ou seja, a responsabilidade em matricular e acompanhar a frequência da criança na escola 
é da família, e quando isso é negligenciado pelo núcleo familiar, a escola aciona outros meios, 
como por exemplo, notificação ao Conselho Tutelar.
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Por outro lado, o Estado deve assegurar a garantia de “[...] educação básica obrigatória e 
gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade [...] e ainda acesso público e gratuito aos 
ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade própria” (BRASIL, 
1996). 
Hoje, no Brasil, a Educação Básica, organizada em educação infantil, ensino fundamental 
e ensino médio, é um direito obrigatório a todos compreendidos entre 4 e 17 anos de idade e 
àqueles que não puderam estudar, nesta faixa etária (atendidos na modalidade de Educação de 
Jovens e Adultos).
Escola não se reduz a um espaço de execução das políticas previamente definidas pelo 
poder público, mas se configura como lugar de construção e reconstrução, oferecendo elementos 
para a formulação de novas políticas, onde se efetivam ou não. Entretanto a função do Estado e da 
família permanecem efetivas a partir do momento em que estes mecanismos – direito; educação, 
público – são assegurados.
Outra característica apresentada no artigo 205 da Constituição Federal de 1988 diz 
respeito a colaboração da sociedade. Setores adjuntos como Conselho Tutelar, Saúde, Movimentos 
Sociais, instituições religiosas, ONGs, instituições privadas e outros, que podem colaborar na 
oferta de educação, de formação, de instrução aos cidadãos. Essa colaboração também é um 
modo de fazer com que o sujeito formado e instruído nos bancos escolares possa ter condições de 
aplicar, vivenciar, criticar e transformar os conhecimentos aprendidos na escola e postos a prova 
na sociedade, no seu entorno social. Essa aprendizagem deve ser significativa.
A aprendizagem é uma experiência profunda de natureza social. Cabe à escola 
resgatar o conhecimento histórico e socialmente produzido, como base do 
conhecimento escolar. Os processos historicamente percorridos precisam ser 
trazidos como parte integrante dos desafios das novas descobertas, em sintonia 
com a realidade vivida, pois as atividades educativas necessitam ser significativas 
para o aluno. De um lado se coloca o professor como provedor do conhecimento 
organizado. De outro lado, há o aluno como sujeito ativo do conhecimento. 
Trata-se de um sujeito submetido a condicionantes sociais que acrescentam ao 
conhecimento uma visão da realidade socialmente transmitida. (FREIRE, 1981, 
s.p.).
A escola é uma instituição integrativa da sociedade e não à margem dela. A sociedade 
é a estrutura que define a base e os conhecimentos que a escola e a educação devem ofertar aos 
alunos para que possam contribuir para o desenvolvimento destas, resinificando, analisando e 
propondo novas possibilidades.
Dando continuidade à análise do artigo 205, encontramos descritas as três finalidades da 
educação brasileira. Muitas vezes, os profissionais da educação desconhecem qual a finalidade da 
educação, e acabam traçando metas e objetivos que podem não contemplar o direito constitucional.
As leis que regem a educação nacional, afirmam que a educação deve ser pública 
e gratuita. Muitos entendem que por ser gratuita, ela é de graça. Pelo contrário, é 
gratuita diretamente para o aluno que não paga mensalidade ou taxas, mas indire-
tamente todos custeamos a educação pública com nossos impostos!
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São três as finalidades da educação: “[...] pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo 
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 2007, p. 147). Estas 
devem permear todas as ações dos professores da Educação Básica. É importante discutir sobre 
estas três finalidades, mesmo não sendo este estudo diretamente relacionado à História da 
Educação, mas são fins que devem estar bem claros quando pensamos nas políticas educacionais, 
trabalhistas e sociais.
Figura 5 - Social. Fonte: Amaral (1933).
De acordo com a primeira finalidade – pleno desenvolvimento da pessoa – a escola deve 
prover meios para que as pessoas que matricularem-se na escola tenham suas potencialidades 
desenvolvidas pelas ações educativas da mesma.
Para vivermos em sociedade, devemos ter nossos desenvolvimentos projetados em 
aspectos como sociais, afetivos, intelectuais, físicos, psicológicos entre outros, assim, ao 
desenvolver as atividades pedagógicas, o professor e a escola devem preparar e instrumentalizar 
as pessoas para atuarem de maneira responsável na sociedade. Os conhecimentos disseminados 
nos espaçosescolares devem ser a base para que este cidadão tenha este direito assegurado.
O segundo ponto diz respeito a preparar a pessoa para exercer a cidadania. Se buscarmos 
na história da humanidade, vamos encontrar vários sentidos e significados do termo cidadania, 
pois, de acordo com cada cultura e época, este termo foi sendo aprimorado desde os romanos 
até nossos dias. No entanto, cidadania, cidadão, cidade, todas essas palavras têm origem nos 
primeiros tratados humanos dos primeiros filósofos. Podemos, então, compreender que quando 
as primeiras cidades são construídas pelos homens, muitas pessoas passaram a compartilharem 
os mesmos espaços, acarretando a organização de regras e leis que possibilitasse a harmonia 
entre essas pessoas. 
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Vivendo em cidades, em sociedade, os homens tiveram que utilizar as discussões, dar 
opiniões, ajudar a tomar decisões, tornando-se um cidadão, morador de uma cidade e responsável 
também pela manutenção e o bom funcionamento destes espaços. Hoje, podemos entender o 
cidadão como sendo “quem mora em cidade, quem possui todos os direitos civis e políticos” 
(SCOTTINI, 2009, pp 147,148), ou seja, um cidadão brasileiro é todo aquele que ocupa cidades 
dentro das fronteiros territoriais brasileiras.
Quadro 1 - Crescimento Populacional. Fonte: IBGE (2018).
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Sendo cidadão, estas pessoas precisam saber exercer sua cidadania, ou seja, saber exercer 
seus direitos com responsabilidade e conhecer suas obrigações. Ser cidadão não é apenas votar, 
escolher pessoas, ou pertencer a um partido ou associação, é cuidar do seu entorno.
Quadro 2 - Características de um cidadão. Fonte: Silva (2018).
Como podemos observar, ser um cidadão, exercer a cidadania não é uma atividade 
simples, as pessoas cidadã, devem viver para e no coletivo, quando isso é praticado as soluções 
são mais fáceis de serem alcançadas. A educação é a responsável em formar em cada cidadão, as 
características da cidadania. Desde a educação infantil até o ensino médio, somo educados para 
sermos bons cidadãos. 
De acordo com Dallare (1998, p. 14)
A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá a pessoa a possibilidade 
de participar ativamente da vida e do governo do seu povo. Quem não tem 
cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, 
ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social.
Ou seja, se qualificar para o mercado de trabalho, sendo que este é a grande alavanca do 
desenvolvimento da humanidade. O trabalho se faz no processo de transformação material e 
intelectual.
No processo de vida coletiva e de interação homem–homem e homem–natureza, surge 
o trabalho como mediador entre esses homens e a natureza, como função desencadeadora de 
funções psicológicas superiores, assim como a linguagem e a tomada de consciência de sua 
condição humana. Modificam-se os instrumentos de trabalho e de lazer, artefatos, máquinas e 
objetos de uso pessoal e/ou coletivo de acordo com cada momento histórico e das necessidades 
que esse dado momento produza. Mudam-se hábitos e costumes, valores éticos e morais, artes e 
ciências, menciona Vigotski (1988).
Diferentemente dos animais, o homem modifica a natureza de acordo com suas 
necessidades criadas histórica e socialmente. Essa transformação, por meio do trabalho, é o que 
diferencia substancialmente o homem dos demais animais, ou seja, transforma sua capacidade 
mental, psíquica de adequar a natureza às suas necessidades, por meio da criação e uso de 
instrumentos:
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Pela sua atividade, os homens não fazem senão adaptar-se à natureza. Eles 
modificam-na na função do desenvolvimento de suas necessidades. Criam 
os objetos que devem satisfazer as suas necessidades e igualmente os meios 
de produção destes objetos, dos instrumentos às máquinas mais complexas. 
Os progressos realizados na produção de bens materiais são acompanhados 
pelo desenvolvimento da cultura dos homens; o seu conhecimento do mundo 
circundante deles mesmos enriquece-se, desenvolvem-se a ciência e a arte 
(LEONTIEV, 2004, p. 282).
Essas transformações promovem nos cidadãos as condições necessárias para inserirem-
se no mercado de trabalho. Devem ser qualificados e preparados para atuar com as tecnologias, 
com as inovações, com os conhecimentos, com as ciências. O mundo passa por transformações 
constantemente, ao cidadão cabe estar atualizado, qualificado, frente ao mundo capitalista 
neoliberal.
A inserção no mundo do trabalho, demanda por sua vez, um trabalho transformador e não 
alienado, o ato de produzir, demanda do homem a visão de mudanças, de novas possibilidades, 
por isso, a necessidade de qualificar-se, preparar-se.
Marx (1989, p. 202), em relação ao conceito de trabalho, expressa que
O trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo 
em que o ser humano com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu 
intercâmbio material com a natureza. Defronta-se com a natureza como uma de 
suas forças. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo braços e pernas, 
cabeça e mãos, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-
lhes forma útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e 
modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza. Desenvolve as 
potencialidades nela adormecidas e submete ao seu domínio o jogo das forças 
naturais.
Percebemos a profundidade e quantas possibilidades de análises há no artigo 205 da 
Constituição e quais a possibilidades de educação que cerceiam as políticas públicas sociais a 
partir daí formuladas. 
Se você deseja entender melhor a função do trabalho como função dos homens, 
assista ao filme Tempos Modernos , com direção e atuação de Charles Chaplin, 
gravado nos EUA, 1936. Além do trabalho mecanizado , o filme aborda a vida do 
homem na sociedade industrial, com base na linha de montagem e a especializa-
ção do trabalho. O mesmo oportuniza compreendermos o trabalho como transfor-
mação e como alienação. 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tL3E5fIZis. 
Acesso em 15.06.2018. 
Bom filme!
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Outra análise importante é ressaltar os princípios sobre os quais a educação nacional 
deve ser ministrada. A Constituição de 1988 foi considerada Cidadã, porque legitimou 
a redemocratização do país, tornando-se o primeiro instrumento político após anos de 
administração militar. Estes princípios são elencados em:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e 
o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de 
instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da 
lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de 
provas e títulos, aos das redes públicas; (Inciso com redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006)
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade.
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar 
pública, nos termos de lei federal. (Inciso acrescido pela Emenda Constitucional 
nº 53, de 2006)
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados 
profissionais da educaçãobásica e sobre a fixação de prazo para a elaboração 
ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios. (Parágrafo único acrescido pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006).(BRASIL, 2007, p. 148-149).
Observamos que os princípios, como normas para a organização da educação nacional, 
são elencados de maneira clara e objetiva, legitimando e assegurando respaldos para alunos, 
professores, gestores e futuras políticas públicas educacionais.
O artigo 207 assegura a autonomia das universidades em sua gestão administrativa e 
pedagógica. De acordo com Macedo e Trevisan (2005, p. 130), a 
[...] mais intensa fase de crescimento do sistema de ensino superior brasileiro 
ocorre na vigência da Constituição de 1988 (BRASIL, 1998), que consagrou 
os princípios da autonomia universitária e da indissociabilidade do ensino-
pesquisa-extensão. 
 artigo 208, em Brasil (2007), organiza a educação brasileira, garantindo o ensino 
fundamental obrigatório e gratuito; universalização do ensino médio; atendimento especial 
preferencialmente na rede regular de ensino; educação infantil às crianças de até 5 anos de idade; 
ascensão aos níveis elevados de ensino; ensino noturno regular e implantação de programas 
suplementares de apoio ao aluno.
O artigo 209, em Brasil (2007), regulamenta a existência do ensino tanto na esfera pública 
quanto na esfera privada, resguardadas as peculiaridades de condições. Já o artigo 210, em 
Brasil (2007), assegura a fixação dos conteúdos mínimos a serem ofertados nas escolas, como 
base comum. A não obrigatoriedade do ensino religioso para o aluno e ensino fundamental, 
ministrado na língua portuguesa, assegurando as comunidades indígenas a língua materna de 
cada povo.
O regime de colaboração entre as esferas governamentais – Federal, Distrito Federal, 
Estados e Municípios – ficam estipulados no artigo 211, atribuindo as responsabilidades de 
atendimento educacional a cada sistema de educação.
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A parte do financiamento educacional é estruturado no artigo 212, segundo Brasil 
(2007), estabelecendo os percentuais de repasse à educação, percentual este de, no mínimo 25% 
da receita dos impostos.
O repasse de recursos públicos, de acordo com o artigo 213, em Brasil (2007), pode 
ser realizado apenas para instituições públicas, comunitárias, confessionais ou filantrópicas 
que não possuam fins lucrativos, e que seus patrimônios sejam destinados a outras instituições 
comunitárias, filantrópicas ou confessionais caso venham a encerrar suas atividades.
Por fim, o artigo 214, conforme Brasil (2007), menciona a elaboração do Plano Nacional de 
Educação, plurianual, que deve promover ações que oportunizem a erradicação do analfabetismo, 
universalização do atendimento escolar, melhorar a qualidade do ensino, formar para o trabalho 
e promoção humanística, científica e tecnológica do país.
As beneficies trazidas no bojo da então nova Constituição (1988) foram muitas e 
importantes para o desenvolvimento educacional em nosso país nas últimas décadas.
As imperfeições, adequações, adaptações necessárias na Constituição são regulamentadas 
por meio de Proposta Emenda à Constituição – PEC. 
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pode ser apresentada pelo presidente 
da República, por um terço dos deputados federais ou dos senadores ou por mais 
da metade das assembleias legislativas, desde que cada uma delas se manifeste 
pela maioria relativa de seus componentes. Não podem ser apresentadas PECs 
para suprimir as chamadas cláusulas pétreas da Constituição (forma federativa 
de Estado; voto direto, secreto, universal e periódico; separação dos poderes e 
direitos e garantias individuais). A PEC é discutida e votada em dois turnos, em 
cada Casa do Congresso, e será aprovada se obtiver, na Câmara e no Senado, três 
quintos dos votos dos deputados (308) e dos senadores (49) (SENADO, s/d).
A primeira Emenda Constitucional foi aprovada em 31 de março de 1992, quatro anos 
após sua aprovação, e tratava sobre a remuneração dos Deputados Estaduais e dos Vereadores.
Atualmente, a Constituição anexa a si 99 Emendas Constitucionais, das quais muitas já se 
tornaram lei, após intensos e acalorados discursos e posicionamentos.
Este ano a Constituição Federativa do Brasil completará 30 anos de vigência. No dia 7 de 
julho de 2018, Oliveira, da Agência do Senado, fez uma publicação relatando a importância da 
participação popular na tomada de decisões.
O “sopro de gente” que tomou os corredores, gabinetes e plenários do Congresso 
Nacional durante a Assembleia Constituinte teria data para acabar: quando a 
nova Constituição Federal fosse promulgada. A intensa participação popular 
durante a elaboração da nova Carta foi um aspecto marcante daquele momento 
da história do Brasil, mas, uma vez finalizada a Constituição, qual seria o papel 
da sociedade perante os poderes institucionais?
Os deputados e senadores constituintes compreenderam que era seu papel 
garantir a continuidade da interação com o povo e até mesmo a intervenção 
direta do povo no exercício do poder. Com esse propósito, a Constituição foi 
equipada com ferramentas de participação popular.
Essas ferramentas são apontadas já no primeiro artigo da Carta, onde se 
apresentam os princípios fundamentais da república. Segundo o texto: todo 
o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos desta constituição.
Esse enunciado determina um equilíbrio: o Brasil é uma democracia 
representativa, em que a população elege alguns indivíduos a quem delega as 
funções de elaborar leis e executar políticas públicas em seu nome. Ao mesmo 
tempo, é preciso haver canais pelos quais essa mesma população possa se fazer 
ouvir sem intermediações. (SENADO, s/d)
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Figura 6 - Aprovação da Constituição de 1988. Fonte: Oliveira (2018).
As políticas públicas educacionais, emanadas da Constituição de 1988, trazem em sua 
trajetória não apenas a aprovação em si das leis, mas sim, a formação, educação de toda uma 
nação. A partir do momento em que estas políticas são aprovadas, elas estruturaram a vida de 
toda uma nação. Uma destas leis de grande impacto na estrutura de nossa educação é a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, objeto de nossa análise na próxima unidade.
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A temática sobre a educação e seus desdobramentos legais podem propiciar vários 
caminhos e vários pontos de vistas sobre sua abrangência, sua importância, bem como sua 
avaliação. Não há possibilidade alguma de não haver um posicionamento por parte de quem 
analisa a educação.
Nesta unidade, ressaltamos dois pontos muito importantes para qualquer estudioso da 
área humana: a primeira é o conceito de Política. Muitas vezes o desgaste sofrido e vivenciado 
diariamente por cada um de nós, ocasionados pelos inúmeros casos de corrupção e má utilização 
dos recursos públicos nos fazem parecer alienados ao sistema.
O exercício da ação política do posicionamento se faz justamente para minimizar ou 
neutralizar as ações dos governos estabelecidos por nós, mediante o uso do voto. 
A educação é o caminho para a formação de indivíduos mais amantes das necessidades 
coletivas.
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Um país se estabelece sobre uma organização sistemática, em que a lei maior é denominada 
de Constituição Federal – Carta Magna. O Brasil já vivenciou experiências governamentais que 
passaram pela Monarquia Imperial, pela República, pelos ditames do Regime Militar, e vivencia, 
neste momento, a Democracia.Vivenciamos a Constituição Cidadã, que legitima aos seus cidadãos direito e deveres que 
favorecem a vida em sociedade, permeada pelas relações sociais, políticas, culturais e históricas.
Caberá sempre à educação a formação integral do cidadão brasileiro emancipado, cônscio 
de suas obrigações e executor de seus direitos.
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 21
1 - A EDUCAÇÃO INFANTIL E O DIREITO AO SISTEMA EDUCACIONAL ............................................................. 22
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 34
POLÍTICAS PÚBLICAS 
EDUCACIONAIS PARA A 
EDUCAÇÃO INFANTIL
PROF.A MA. GILMARA BELMIRO DA SILVA
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DISCIPLINA:
POLÍTICAS EDUCACIONAIS - ESTRUTURA E 
FUNCIONAMENTO DE ENSINO
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INTRODUÇÃO
Para pensarmos as políticas públicas para a educação pública em nosso país, temos 
necessidade entender sua estrutura e como ela funciona como um todo. A organização da educação 
é a base para entendermos seus desdobramentos e atendimentos, e está pautada em sistemas 
de educação de âmbitos federal, distrito federal, estadual e municipal. Ao longo da história da 
educação, sempre se utilizou a nomenclatura de sistema, mas há divergências acadêmicas de 
estudiosos sobre a tese de que nossa educação possui uma estrutura e não um sistema.
Nesta estrutura organizacional, a educação infantil, atendimento que se dá aos cidadãos 
de primeiros meses até os cinco anos de idade, é oficializada como sendo a base da educação 
nacional, o início de todo o processo de escolarização e desenvolvimento da criança pequena.
Nesta unidade, estaremos abordando as principais políticas educacionais formuladas para 
esta faixa etária a partir da Constituição Federal de 1988. Este recorte temporal se faz necessário, 
por consideramos as políticas públicas a partir da década de 1990, quando nosso país volta ao 
sistema governamental de redemocratização até o momento.
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1 - A EDUCAÇÃO INFANTIL E O DIREITO AO SISTEMA 
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 O atendimento à criança pequena sempre trouxe no seu bojo, um resquício de atendi-
mento mais assistencial do que educacional. Se reportamos ao século passado, quando o Bra-
sil começa a praticar algum tipo de atendimento as crianças, podemos observar nos estudos 
de Kishimoto (1988), Kuhlmann Junior (1990) e Merisse (1997) que a infância sempre esteve 
atrelada ao atendimento às crianças abandonadas, por ser um filho indesejado, ou resultado das 
relações sexuais permissivas que podiam acontecer entre senhores e mulheres pobres ou es-
cravas, resultando, assim, na necessidade de instalar as primeiras rodas dos expostos em nosso 
país, no Rio de Janeiro em 1738 e em São Paulo em 1825.
Figura 1 - Roda dos Expostos do Convento de Santa Clara do Desterro, em Salvador. Fonte: Klepsidra 
(2018).
 De acordo com Kishimoto (1988), as primeiras instituições de atendimento às crianças 
são resultados de filantropias, principalmente da Igreja católica, que instituíam instituições em 
sistema de asilos, orfanatos ou albergues que abrigavam crianças órfãs, abandonadas ou filhas 
de jornaleiras. As creches, ou escolas maternais, são utilizadas no Brasil, e quem começo com 
elas foi a educadora Amália Franco em São Paulo, no final do século XIX.
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961, a primeira LDB do nosso 
país, resultante de alguns marcos como Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e da Consti-
tuição de 1936, trouxe em sua estrutura uma menção ao atendimento as crianças pequenas no 
Brasil. De acordo com o Capítulo I, artigo 23, “a educação pré-primária destina-se aos menores 
até sete anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins-de-infância” (BRASIL, 1961). 
A Lei assegurava a educação pré-primária, como sendo a educação ofertada antes da criança 
entrar no Ensino Primário, na primeira série, no entanto, não era obrigatória, o que oportuniza-
va a muitas crianças não frequentarem as escolas primárias que eram poucas e a grande maioria 
eram privadas.
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Durante a vigência desta Lei, a obrigatoriedade do ensino era somente do Ensino Primário, 
ou seja, as quatro séries do Ensino Primário. Dentro desta perspectiva, pouca atenção era dada a 
educação dos menores de 7 anos de idade – esta idade é utilizada tendo como referência o texto 
original da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 4.024 de 1961). Esta situação da 
não inserção obrigatória das crianças menores de 7 anos no contexto educacional, vai se estender 
até 1988 até à nova Constituição Federal, em seu artigo 208, IV, que garante o “atendimento em 
creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade” (BRASIL, 2007). Mesmo assim, ainda 
faltava a regulamentação da lei para que este direito se tornasse aplicável.
Em 1990, o Brasil aprova uma das primeiras leis de proteção e garantia de direitos as 
crianças e adolescentes. A Lei nº 8069, aprovada em 11 de agosto, foi uma das grandes iniciativas 
que passaram a considerar a criança como cidadã de direitos, após a Constituição de 1988.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), “considera-se criança, 
para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela 
entre doze e dezoito anos de idade” (BRASIL, 1990, p. 1). Ou seja, as crianças na faixa etária da 
educação infantil, foram beneficiadas com esta legislação também, tanto no aspecto de direitos 
civis, quanto educacionais.
O ECA, possibilitou que a sociedade e a escola, compreendesse que as leis para a infância, 
passava a ser um direito da criança. Ela passou a ser o foco do processo social de cuidados e 
educação. Este documento foi uma das políticas públicas protetivas à criança, que resultou da 
Conferência Mundial dos Direitos da Crianças, realizado em Nova Iorque em novembro de 1989, 
onde houve a participação de mais de 130 países, dentre eles, o Brasil.
Para aprofundar as questões relacionadas ao Estatuto da Criança e do Adolescen-
te, ler o artigo - A EDUCAÇÃO E A APLICABILIDADE DO ECA: DIREITOS E DEVE-
RES SOB UM NOVO OLHAR
Autor: Janine Pereira de Sousa Alarcão
Disponível em: ENSAIOS PEDAGÓGICOS Revista Eletrônica do Curso de Pedago-
gia das Faculdades OPET ISSN 2175-1773 – DEZEMBRO DE 2013
Uma criança é covardemente espancada com um cabo de vassoura por seu pai, 
que está embriagado. A mãe tenta acudir o filho, de apenas 8 anos de idade. Você 
concorda com esta postura do pai? Muitas vezes não temos ideia do que aconte-
ce na casa ao lado. Muitas crianças são vítimas de agressões físicas brutais, coa-
ções psicológicas e abusadas sexualmente, e sofrem tudo isso caladas. Por isso 
precisamos saber os direitos e militar por elas. Não basta a lei, é preciso colocá-la 
em prática e isso é tarefa de todos nós!
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Após assinar esse Documento, na Conferência, o governo brasileiro regulamentou seu 
compromisso de salvaguardar as crianças e adolescentes, publicando o Decreto nº 99.710, de 21 
de novembro de 1990, em que consta o compromisso do país em cumprir todas os artigos ali 
estabelecido. Este decreto, juntamente com o Estatuto, gerou duas políticas públicaseducacionais 
e sociais muito importantes para nossas crianças e adolescentes, assim, de acordo com Oliveira 
(2013, p. 15),
Neste contexto, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) teve seu surgimento 
a partir da experiência de indignação nacional e pressões internacionais a 
favor das crianças e dos adolescentes, que prima por mudanças na política de 
tratamento às crianças e dos adolescentes enquanto sujeitos de direito. Foi no 
Estatuto da Criança e do Adolescente, conforme ensina Alberton, que crianças 
e adolescentes passaram a ser reconhecidos como “sujeitos de direitos” de 
“prioridade absoluta”. Assim sendo, os direitos da criança e do adolescente 
encontram-se espalhados em um sistema de direitos fundamentais.
Figura 2 - Crianças. Fonte: Uol (2018).
Após a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, as atenções se voltaram para 
uma movimentação intelectual que tinha se iniciado em 1986, antes mesmo da aprovação da 
Constituição, que era pensar a nova organização do atendimento educacional em nosso país.
Este ano, o Estatuto da Criança e do Adolescente completará 28 anos de existên-
cia, no entanto a grande maioria dos profissionais da educação, pais, e sociedade 
em geral, não conhecem este documento de modo integral. Muitos mitos são di-
tos, como por exemplo, que ele só protege as crianças e adolescentes. Ele protege 
contra as injustiças e abusos, mas também aplica medidas corretivas quanto da 
infração das leis sociais, civis e criminais.
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Este movimento ocorreu em ocasião da IV Conferência Brasileira de Educação, realizada 
em agosto de 1986, na cidade de Goiânia. Vários estudiosos, professores, entidades educacionais 
e intelectuais da educação participaram deste evento, que no encerramento contou a elaboração 
da Carta Goiânia, um documento organizado com as propostas dos educadores para formulação 
do capítulo que trataria da educação na futura Constituição.
O projeto original teve origem quando a Revista ANDE – Associação Nacional de 
Educação, fundada em 1979 – convidou o professor e filósofo Dermeval Saviani para escrever 
um artigo sobre as expectativas para a nova Lei, que seria publicado no final de 1987, na Revista 
ANDE, nº 13.
O plano inicial do artigo, [...] não previa a formulação de um anteprojeto. 
Pensava-se em explicitar o sentido da expressão “diretrizes e bases”, reconstituir 
o seu histórico e destacar a sua importância para a educação, e concluindo com a 
apresentação das exigências que se deveria levar em conta na elaboração da nova 
LDB. No entanto, `medida que o texto foi tomando forma, concluiu-se que era 
importante pensar a própria estrutura da lei já que o objetivo era a mobilização 
dos educadores no sentido de influenciar diretamente junto aos parlamentares 
no processo de elaboração da nova lei (SAVIANI, 2004, p. 36).
Segundo Saviani (2004), a redação da proposta foi finalizada em fevereiro de 1988, 
publicada na Revista ANDE, nº 23 foi pauta de discussão na V Conferência Brasileira de Educação, 
que aconteceu em Brasília em agosto do mesmo ano. Após a promulgação da Constituição Federal 
em agosto, em dezembro do mesmo ano, o deputado Octavio Elísio apresentou o projeto de lei na 
Câmara dos Deputados, que recebeu o número 1.258-A/88.
Em março de 1989, Ubiratan Aguiar (PMDB-CE), presidente da Comissão de Educação, 
Cultura e Desporto da Câmara, formou um Grupo de Trabalho as LDB coordenada por 
Florestan Fernandes (PT-SP), tendo como relator Jorge Hage (PSDB-BA).
O deputado Jorge Hage, na condição de relator, demonstrou competência, 
tenacidade, capacidade de trabalho, habilidade de negociação e foi incansável 
no empenho em ouvir democraticamente todos os que, a seu juízo, pudessem 
de alguma forma contribuir para o equacionamento da matéria em pauta, tendo 
percorrido o país a convite ou por sua própria iniciativa para participar de 
eventos dos mais diferentes tipos em que expunha o andamento do projeto e 
acolhia as mais diversas sugestões (SAVIANI, 2004, p. 57).
Após todo o processo de negociações, votações, diálogos e participações o projeto 
substitutivo de Jorge Hage, foi votado pela Câmara em junho de 1990. Observa-se que o projeto 
original foi proposto tendo a participação de várias instituições educacionais, professores e 
políticos que comungavam das mesmas perspectivas para os novos rumos da educação brasileira.
De acordo com Saviani (2004), paralelamente, um outro projeto estava sendo orquestrado 
de maneira mais sigilosa no Senado Federal, e dois anos depois, o Senador Darcy Ribeiro (PDT-
RJ) apresentou um projeto a Comissão do Senado, assinado por ele, pelo senador Marco Maciel 
e por Maurício Correa, cujo relator era o senador Fernando Henrique Cardoso, que não foi 
apreciado.
Em maio de 1993, deu entrada no Senado ao Projeto de Lei da Câmara, nº 101, que 
fixava a diretrizes e bases da educação nacional, cujo relator foi o senador Cid Sabóia. Paralelo 
a este projeto, no ano seguinte volta a ser apresentado, também, o projeto do senador Darcy 
Ribeiro, com nova estrutura, aprovado no Senado como substitutivo Darcy Ribeiro, sendo relator 
o deputado José Jorge. Finalmente em 17 de dezembro de 1996, o projeto substitutivo foi votado 
e aprovado o texto apresentado por José Jorge e não o do relator Jorge Hage.
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Este resultado demostra que o projeto original que contou com o interesse dos educadores 
e pesquisadores da educação foi substituído pelo projeto de gabinete. Sem sofrer nenhum veto 
em 20 de dezembro de 1996, o presidente da república promulga a nova Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional.
Realizada esta exposição, que considero relevante, com a nova LDB aprovada, vejamos 
o que ela trouxe de volta direitos para a educação infantil, que não foi mencionada no corpo da 
LDB anterior, a Lei nº 5.692 de 1971, a não ser uma ínfima menção no artigo 19.
A nova Lei de 1996, mesmo não tendo o sido aprovada, comtemplou a meta inicial com 
relação a educação infantil, uma vez que na nova Constituição ela se tornou um direito.
Relembrando que um pouco antes da aprovação da LDB, o então presidente da república 
Fernando Collor de Melo sancionou a Lei nº 8.069, de julho de 1990, que reafirmava o direito 
das crianças a atendimento na educação infantil, no artigo 54 “IV – atendimento em creche e 
pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016)” 
(BRASIL, 1990).
A Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional traz em sua composição uma sessão 
exclusiva para tratar da educação infantil no Brasil. Composto por três artigos, deixa exposto a 
nova expectativa que se deve dar a as crianças cidadãs, enfatizando o seu desenvolvimento.
A artigo 29 nomeia a Educação Infantil, como sendo a base, ou seja, a primeira etapa da 
educação básica obrigatória em nosso país. Assim, a criança deve ter todas as suas potencialidades 
desenvolvidas e aprimoradas, garantindo o seu desenvolvimento intelectual e cognitivo, o 
desenvolvimento físico, o desenvolvimento psicológico e social.
A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte 
de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma 
determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente 
marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. A criança 
tem na família, biológica ou não, um ponto de referência
fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com 
outras instituições sociais. (BRASIL, 1996, p. 21).
Esta criança que passa estar cercada por um acabaço de leis deve ter nas instituições 
de educação infantil públicas e particulares, todo um trabalho dirigido para fins de educação ecuidados. 
Para aprofundar as questões relacionadas as políticas educacionais do nosso 
país, ler o livro - A nova lei da educação: LDB trajetória, limites e perspectivas
Autor: Dermeval Saviani
Editora Editores Associados – 9ª edição, 2004
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Figura 3 - Meninos brincando. Fonte: Loucos por tecnologia (2018).
Nos espaços sociais de educação, a criança brinca, imagina, fantasia, vivencia experiências, 
reelabora saberes e cultura e internaliza e transforma o mundo que a cerca, por isso as leis 
educacionais devem conceber estas crianças como sujeitos capazes de promover relações sociais 
e agirem sobre ele.
A educação infantil, se organiza para educar crianças de até os cinco anos de idade, de 
modo que deve articular um trabalho pedagógico dinâmico, criativo, lúdico e que considere a 
criança em todas as suas possibilidades. Neste processo, o zelo pelo cuidar e pelo educar devem 
ser expressos como ações básicas em que
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e 
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para 
o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e 
estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, 
e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social 
e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das 
capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, 
afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a 
formação de crianças felizes e saudáveis. (BRASIL, 1988, p. 23).
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O mesmo documento afirma que o cuidar requer muita sensibilidade e zelo,
Ou seja, cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a 
integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação de profissionais 
de diferentes áreas. A base do cuidado humano é compreender como ajudar o 
outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a 
desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio 
que possui uma dimensão expressiva e implica em procedimentos específicos. O 
desenvolvimento integral depende tanto dos cuidados relacionais, que envolvem 
a dimensão afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do corpo, como a 
qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto da forma como 
esses cuidados são oferecidos e das oportunidades de acesso a conhecimentos 
variados. (BRASIL, 1998, p. 24)
Diante disso, Cerisara (2002, p. 331) discorre que
Vale destacar que a LDB foi construída tendo por base a Constituição de 1988 
que reconheceu como direito da criança pequena o acesso à educação infantil 
– em creche e pré-escolas. Essa lei colocou a criança no lugar de sujeito de 
direitos em vez de trata-la, como ocorria nas leis anteriores a esta, como objeto 
de tutela. Nesta mesma direção, a LDB também, pela primeira vez na história 
das legislações brasileiras, proclamou a educação infantil como direito das 
crianças de 0 a 6 anos e dever do Estado. Ou seja, todas as famílias que optarem 
por partilhar com o Estado a educação e o cuidado de seus filhos deverão ser 
contemplados com vagas em creches e pré-escolas públicas.
O atendimento educacional às crianças menores de 5 anos, de acordo com a legislação 
vigente, deve ser ofertado em instituições públicas e ou particulares, em creches – às crianças de 
primeiros meses a 3 anos de idade – e pré-escola – às crianças de 4 e 5 anos. O artigo 30 da LDB 
de 1996 legitima este direito.
Por sua vez, o artigo 31, da mesma Lei, ressalta as regras comuns que todos os sistemas 
devem se basear para organizar, avaliar, reconhecer e autorizar a ministração das ações educativas 
pedagógicas nas instituições de educação infantil, hoje denominadas de Centros de Educação 
Infantil, quando privadas, e Centro Municipal de Educação Infantil, quando públicas.
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras 
comuns: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - avaliação mediante 
acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo 
de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; (Incluído pela Lei 
nº 12.796, de 2013); II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, 
distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; 
(Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013); III - atendimento à criança de, no 
mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para 
a jornada integral; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013); IV - controle de 
frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima 
de 60% (sessenta por cento) do total de horas; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 
2013); V - expedição de documentação que permita atestar os processos de 
desenvolvimento e aprendizagem da criança. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 
2013). (BRASIL, 1996).
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Estas regras visam garantir o desenvolvimento da criança em seus vários aspectos e 
possibilitar que as instituições garantam um padrão educacional de qualidade e que leve em 
conta a criança. Aplicar sistemas de avaliação que não sejam objeto de promoção, e sim de 
desenvolvimento é uma conquista relevante quando partimos do pressuposto que está criança, 
encontra-se em um processo de avanços. O mesmo vale quando destaca a duração anual e diária 
de atendimento, acompanha a frequência desta criança ao serviço educacional e garante a ela 
documento que registre seu desenvolvimento.
Figura 4 - Crianças brincando no parquinho. Fonte: Youtube (2018).
Objetivando ofertar um material que orientasse as novas práticas educacionais da 
educação infantil, o Ministério da Educação e do Desporto produziu e distribuiu em 1998, o 
material Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, um produto das reformas 
educacionais da década de 1990.
Figura 5 - Imagem do RCNEI. Fonte: Google Images (2018).
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O material é composto por 3 volumes, o número 1 - é uma introdução, busca apresentar 
um quadro geral da educação infantil em 1990 e traz a concepção de criança, brincar, educar, 
educar, identidade e autonomia; o volume 2 faz inferências sobre a formação pessoal e social das 
crianças, que deveriam nortear as propostas educacionais do país; e volume 3 – apresenta os eixos 
a partir dos quais a proposta pedagógica da educação deveria se referencias, como: Movimento, 
Música, Artes Visuais, Linguagem oral e escrita, Natureza e Sociedade, e Matemática.
Mesmo sendo distribuído para todo o país, este documento não foi implantado como 
sendo obrigatório e sim como material de apoio. Kuhlmann Junior (1999, p. 52) ressalta
Sabe-se que, agora, o documento estará denominado no singular – referencial – 
apresentando-se como uma das perspectivas possíveis de se pensar a Educação 
Infantil. Mas o Referencial Curricular Nacional terá um grande impacto. A ampla 
distribuição de centenas de milhares de exemplares às pessoas que trabalham 
com esse nível educacional mostra o poder econômico do Ministérios da 
Educação e seus interesses políticos, muito mais voltados para futuros resultados 
eleitorais do que preocupados com a triste realidade das nossas crianças e 
instituições. Com isso, a expressão no singular – referencial – significa, de fora, 
a concretização de uma proposta que se torna hegemônica, como se fosseúnica. 
Posterior a este documento que norteava o trabalho com a educação infantil no Brasil, em 
2001, o governo brasileiro lançou o Plano Nacional de Educação, a Lei nº 10.172, com duração 
decenal e que estabelecia as metas e estratégias para avançar no atendimento educacional no 
país. De modo que para a educação infantil, este documento trouxe metas importantes para 
legitimar o direito e o atendimento à criança pequena como um direito dela. A meta 1 educação 
infantil – trouxe na época um diagnóstico preocupante, pois a grande maioria das crianças na 
faixa etária de primeiros meses a 5 anos de idade, estavam fora de um sistema escolar, apesar das 
leis anteriores já legitimarem o direito. A primeira meta para mudar este quadro era
Ampliar a oferta de educação infantil de forma a atender, em cinco anos, a 30% 
da população de até 3 anos de idade e 60 % da população de 4 a 6 anos (ou 4 e 5 
anos) e, até o final da década, alcançar a meta de 50% das crianças de 0 a 3 anos 
e 80% das de 4 a 5 anos (BRASIL, 2001, p. 12).
O Plano, também, reafirma os direitos anteriores e enfatiza que a educação infantil não é 
obrigatória, mas sim, um direito da criança que desde o nascimento deve ter um atendimento e 
atenção na sua formação e no seu desenvolvimento. Este direito possibilita que inúmeras famílias 
busquem as instituições de educação infantil para matricularem suas crianças, aumentando 
também a responsabilidade do Estado em ofertar números maiores de vagas para este atendimento, 
e que promova o desenvolvimento intelectual das crianças e a profissionalização dos professores.
A educação das crianças de zero a seis anos em estabelecimentos específicos 
de educação infantil vem crescendo no mundo inteiro e de forma bastante 
acelerada, seja em decorrência da necessidade da família de contar com uma 
instituição que se encarregue do cuidado e da educação dos seus filhos pequenos, 
principalmente quando os pais trabalham fora de casa, seja pelos argumentos 
advindos das ciências que investigaram o processo de desenvolvimento da 
criança. Se a inteligência se forma a partir do nascimento e se há “janelas de 
oportunidade” na infância quando um determinado estímulo ou experiência 
exerce maior influência sobre a inteligência do que em qualquer outra época 
da vida, descuidar desse período significa desperdiçar um imenso potencial 
humano. Ao contrário, atendê-la com profissionais especializados capazes de 
fazer a mediação entre o que a criança já conhece e o que pode conhecer significa 
investir no desenvolvimento humano de forma inusitada. 
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Hoje se sabe que há períodos cruciais no desenvolvimento, durante os 
quais o ambiente pode influenciar a maneira como o cérebro é ativado para 
exercer funções em áreas como a matemática, a linguagem, a música. Se 
essas oportunidades forem perdidas, será muito mais difícil obter os mesmos 
resultados mais tarde. À medida que essa ciência da criança se democratiza, a 
educação infantil ganha prestígio e interessados em investir nela (BRASIL, 2001, 
p. 7).
O PNE de 2001 avança como uma política pública educacional, à medida que legitima 
um direito, apesar de que ainda não obriga este direito. Nesta perspectiva, ainda há muitos que 
acreditam que este direito deva ser reservado as mães trabalhadoras como uma ação social, no 
entanto, a Constituição deixa claro que o direito é educacional, o que acessa o direito da criança.
Esse PNE foi uma importante diretriz para que os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios elaborassem suas propostas de Planos, atendendo, assim, à Constituição Federal e 
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, considerando que a educação “[...] deve estar presente 
desde o momento em que a criança nasce como meio e condição de formação, desenvolvimento, 
integração social e realização pessoa” (VALENTE, 2001, p. 52).
As políticas educacionais para a educação infantil no país ganham mais acesso e ações 
governamentais quando o Ministério da Educação e do Desporto, por meio do Conselho 
Nacional de Educação, aprova as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. Um 
documento obrigatório para nortear a elaboração das propostas pedagógicas das instituições 
públicas e privadas de educação infantil.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil articulam-se com 
as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e reúnem princípios, 
fundamentos e procedimentos definidos pela Câmara de Educação Básica do 
Conselho Nacional de Educação, para orientar as políticas públicas na área e 
a elaboração, planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas e 
curriculares (BRASIL, 2009, p. 1).
O currículo e as propostas deveriam conceber a criança em seus conhecimentos históricos, 
culturais e sociais adquiridos e a reelaboração dos mesmos no espaço escolar. O artigo 4º das 
Diretrizes especifica que
As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a 
criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos 
que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua 
identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, 
experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, 
produzindo cultura (BRASIL, 2009, p. 1).
Segundo Kramer (2000), as propostas pedagógicas elaboradas para a educação infantil 
devem garantir o desenvolvimento integral destas crianças, uma vez que as mesmas são sujeitos 
social e histórico inseridos e frutos de uma cultura, de modo que o espaço escolar deve ampliar 
e proporcionar a aquisição de novos conhecimentos, promover a sua identidade e autonomia, e 
uma proposta que forme as crianças para que vivam em sociedade como cidadãs e que tenham 
todos os seus direitos preservados e praticados, de modo que cada membro da sociedade possa 
interceder por elas.
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Para relembrar e reafirmar a necessidade de políticas públicas que assegurem os 
direitos que as crianças têm, sugiro que assistam o vídeo de animação: 
Direitos das Crianças, produzido pela TV Cultura em 1992. 
Disponível em: www.youtube.com/watch?v=wmjeNpF1CXc. 
Acesso em 15.05.2018.
Hoje, de acordo com a Lei 12.796, de 4 de abril de 2013, desdobramento da Emenda 
Constitucional n° 59, de 11 de novembro de 2009, a educação infantil passou a ser obrigatória 
a partir dos 4 anos de idade, ou seja, a criança tem o direito de não frequentar um centro de 
educação infantil, público ou privado, até os três anos de idade. Sabemos que esta política pública 
educacional de obrigatoriedade da educação infantil a partir dos 4 anos de idade demanda uma 
nova e urgente reorganização dos municípios, pois a estes cabem a responsabilidade em garantir 
uma educação de qualidade, com profissionais habilitados, infraestrutura adequadas para a faixa 
etária, reorganização das propostas pedagógicas, bem como da concepção de infância e educação 
que se tenha.
O novo Plano Nacional de Educação – Lei n° 13.005, de 25 de junho de 2014 – apresenta-
se como uma versão mais enxuta e objetiva quando comparada com o Plano anterior. Foi 
sistematizado em 20 metas, perpassando por todas as etapas, níveis e modalidades de ensino. 
Suas diretrizes, para serem executadas em 10 anos, ou seja, até 2024, efetivam-se em:
I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; 
III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da 
cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV - melhoria 
da qualidade da educação; V - formação para o trabalho e para a cidadania, 
com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; 
VI - promoção do princípioda gestão democrática da educação pública; 
VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País; VIII 
- estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação 
como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às 
necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX - valorização 
dos (as) profissionais da educação; X - promoção dos princípios do respeito aos 
direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. (BRASIL, 
2014, p. 1).
Ao abordar a educação infantil, para a criança de 0 a 5 anos, o Plano se propõe a fazer com 
que todas as crianças nessa faixa etária estejam frequentando um centro de educação infantil. A 
educação infantil é contemplada na Meta 1 desse Plano e se propõe a
Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 
(quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em 
creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças 
de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE (BRASIL, 2014, p. 5).
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No campo das políticas educacionais, este Plano deve ser entendido como um instrumental 
importante na garantia de direitos tão anteriormente pensados e formulados. No entanto, vale 
ressaltar todos os entes federados, sociedade civil organizada, professores, pais e crianças devem 
estar unidos e atentos a esses novos direitos. Conforme nos orienta Molina e Lara (2005, p. 28):
Para que isso ocorra, são necessárias políticas educacionais capazes de promover 
o acesso das crianças pequenas a uma educação infantil de qualidade por 
intermédio de um número suficiente de vagas em todos os municípios.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil ressaltam a necessidade 
de que as propostas pedagógicas contemplem os princípios nela descritos como uma forma de 
garantir a formação intelectual, pessoal e cidadã destas crianças. O artigo 6º enfatiza que
As propostas pedagógicas de Educação Infantil devem respeitar os seguintes 
princípios:
I – Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito 
ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e 
singularidades.
II – Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito 
à ordem democrática.
III – Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de 
expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais (BRASIL, 2009, p. 
2).
O artigo 9º da Diretriz enfatiza também a necessidade de se articular as interações 
sociais e as brincadeiras, pois brincar e interagir são necessidades primárias e principais das 
crianças. O brincar deve ser prioridade no processo de desenvolvimento intelectual da criança, 
pois possibilita a mesma uma ampliação e ressignificação do mundo a sua volta. Estas devem 
desencadear ações que 
I - promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de 
experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação 
ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança;
II - favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo 
domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, 
plástica, dramática e musical;
III - possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação 
com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros 
textuais orais e
escritos;
IV - recriem, em contextos significativos para as crianças, relações quantitativas, 
medidas, formas e orientações espaçotemporais;
V - ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades individuais 
e coletivas;
VI - possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração da 
autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-organização, saúde 
e bem-estar;
VII - possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos 
culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no diálogo e 
reconhecimento da diversidade;
VIII - incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, 
a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, 
ao tempo e à
Natureza; 
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IX - promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas 
manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, 
teatro, poesia e
literatura;
X - promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da 
biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não 
desperdício dos recursos naturais;
XI - propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações e 
tradições culturais brasileiras;
XII - possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores, 
máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos.
Parágrafo único - As creches e pré-escolas, na elaboração da proposta curricular, 
de acordo com suas características, identidade institucional, escolhas coletivas 
e particularidades pedagógicas, estabelecerão modos de integração dessas 
experiências (BRASIL, 2009, p. 4).
O processo pedagógico de educar e cuidar de crianças, pressupõe que a instituição 
tenha uma ideologia e um compromisso político articulado com seus ideais de formação de 
cidadão. Neste processo tudo passa a ter um significado maior e importante, como a formação 
dos professores que irão trabalhar com esta criança, a utilização dos espaços de aprendizagem, 
as interações sociais, psicológicas que serão proporcionadas, a afetividade estabelecida entre a 
crianças e seus pares e os professores.
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada criança é única em seu pensar, brincar, chorar, acalentar. A estas pequenas cidadãs, 
as políticas públicas educacionais estão sendo construídas nas últimas três décadas. Vimos que o 
direito educacional a educação às crianças brasileiras são práticas muito recentes em nosso país. 
As políticas públicas educacionais para as crianças menores de 6 anos são todas desta década, 
ou seja, ainda estamos engatinhando rumo ao exercício pleno dos direitos, principalmente os da 
educação infantil.
No espaço educacional, nossas crianças terão possibilidade de desenvolverem todas as 
suas potencialidades intelectuais, físicas, psicológicas e sociais, principalmente se estiverem 
cercadas de muito afeto, cuidado, brincadeiras, bons profissionais e em ambientes adequados às 
suas necessidades biológicas e sócias. Assim, ressalto o direito a frequentar o espaço educacional, 
público ou privado.
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03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 36
1 - A OBRIGATORIEDADE EDUCACIONAL PRESENTE NA LDB DE 1961 ............................................................. 37
2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 48
EDUCAÇÃO BÁSICA - 
ENSINO FUNDAMENTAL
PROF.A MA. GILMARA BELMIRO DA SILVA
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
POLÍTICAS EDUCACIONAIS - ESTRUTURA E 
FUNCIONAMENTO DE ENSINO
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ENSINO A DISTÂNCIA
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INTRODUÇÃO
Um país comprometido com a educação sempre alcança patamares de desenvolvimento 
geral muito maiores. No campo educacional, as políticas públicas são elaboradas para suprir 
necessidades de formação dos cidadãos que estarão inseridos na sociedade e nela

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