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POLÍTICAS EDUCACIONAIS ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DE ENSINO PROF.A MA. GILMARA BELMIRO DA SILVA Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Gestão Educacional: Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Gabriela de Castro Pereira Letícia Toniete Izeppe Bisconcim Mariana Tait Romancini Produção Audiovisual: Heber Acuña Berger Leonardo Mateus Gusmão Lopes Márcio Alexandre Júnior Lara Gestão da Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4 1 - DEFININDO POLÍTICA E O ENSINO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 ................................................................... 5 1.1. A EDUCAÇÃO POSTULADA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ............................................................... 8 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 18 CONCEITO DE POLÍTICA E A ATUAL CONSTITUIÇÃO PROF.A MA. GILMARA BELMIRO DA SILVA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: POLÍTICAS EDUCACIONAIS - ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DE ENSINO 4WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Quando ouvimos alguém dizer que vai discorrer sobre políticas educacionais, várias pessoas torcem o nariz, ou fazem algum comentário no sentido de que odeiam política. No entanto, devemos fazer uma real separação entre política partidária e ações legais da política legislativa educacional, visto que aos profissionais que fazem parte do Magistério, é extremamente necessário o conhecimento sobre as ações políticas educacionais que cerceiam os espaços institucionais educativos e até mesmo a formação destes trabalhadores da educação. Antes de iniciarmos as argumentações desta unidade, pense sobre a seguinte questão: O que é política? A resposta que você encontrar para esta pergunta pode ajudar muito na compreensão da função das políticas educacionais. Agora, vamos pontuar alguns aspectos importantes sobre as possíveis respostas a esta pergunta. O primeiro aspecto que devemos refletir é sobre a afirmação de Aristóteles, no século IV a. C. sobre a Política: “o homem é naturalmente um animal político”, então, oodemos compreender que mesmo que verbalizamos que somos contrários a Política, esta faz parte da nossa composição biológica e social. Ser uma pessoa Política, é ser uma pessoa que se posiciona, que toma partido de alguém ou de algo, desde as coisas mais singelas até as mais elaboradas. Então, caminhando na perspectiva de todos somos seres políticos, por essência, nesta unidade estaremos discutindo primeiramente o conceito de política e depois avançaremos realizando uma reflexão sobre a função da educação promulgado na Constituição Federativa do Brasil de 1988. 5WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1 - DEFININDO POLÍTICA E O ENSINO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 Antes de iniciarmos nossa ação de refletir sobre as políticas públicas e a organização da educação no Brasil, sugiro pensarmos um pouco sobre a política em nossas ações. Figura 1 - Constituição de 1988. Fonte: Folha Uol (2017). Vamos a dois exemplos: ao acordar de manhã, com o sinal do despertador, você abre um olho, estica o corpo e pensa “vou dormir só mais cinco minutinhos”. Quando pensou nesta ação, você sabia que a contrapartida seria, por exemplo, abrir mão do café da manhã, ou seja, você tomou partido sobre algo, sabendo as consequências do mesmo. Outro exemplo: é ano eleitoral municipal, há cinco candidatos disputando o cargo de prefeito, você analisa todos, e decide votar no candidato X, ou seja, você se posicionou, exerceu uma ação política. Alguém neste momento pode dizer “ah professora, mas são coisas completamente diferentes, uma coisa é dormir um pouco mais, outra é escolher um representante para um cargo tão importante!”. Muitos pensam assim, por acreditarem que Política deve ser pensada como algo muito complexo ou algo que gera aversão devido aos políticos no poder. No entanto, somos seres que vivemos em sociedade, e sendo assim, vivemos ações individuais e coletivas. 6WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Esta ação de posicionamento exige de cada homem uma responsabilidade muito grande, pois as escolhas que fazemos podem dizer respeito a demandas privadas ou públicas. Diferenciando que quando se optou por dormir até mais tarde, era algo de benefício próprio, particular, diz respeito apenas ao sujeito; outra ação, no entanto, fazer as escolhas de um candidato, requer pensar no coletivo, ou seja, deve ser uma escolha que beneficie ao maior número de pessoas possível. Quando discute Ética, Aristóteles argumenta que uma das funções da Ética é a busca pela felicidade individual do homem, ou seja, objetiva-se viver a ética e a moral bem, ser um homem moral e alcançar a felicidade; já a Política, visa buscar a felicidade coletiva, o bem-estar de todos da pólis, ou seja, estuda quais as melhores formas de governança para se alcançar esta felicidade. Figura 2 - pólis, cidade grega. Fonte: Google Images (2017). Trazendo estes exemplos para a educação. Os profissionais do Magistério, exercendo as mais variadas funções, estão constantemente fazendo escolhas, posicionando-se, formando opiniões, como a escolha do material didático, a escolha de atividades, a escolha de bens a serem compradas para suprir demandas internas da instituição, a escolha da cor do uniforme dos alunos, a escolha dos dias de recesso no calendário escolar, enfim, uma série de ações políticas que demandam o bem-estar de uma coletividade. Assim, entendemos como as ações políticas educacionais afetam o dia a dia das instituições escolares e da vida das pessoas que fazem parte dela. Portanto, é essencial compreendermos a estrutura e o funcionamento do ensino no Brasil, ou seja, as políticas públicas educacionais, que direcionam as tomadas de decisões e discussões no interior da escola. 7WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A concepção dePolítica que norteará nossas reflexões é a definida por Abbagnano (2017, p. 773): A (gr. 7IOÀ.ITIKIÍ; lat. Política; inº Politics; fr. Politique, ai. Politik, it. Política). Com esse nome foram designadas várias coisas, mais precisamente: Ia a doutrina do direito e da moral; O primeiro conceito foi exposto em Ética, de Aristóteles. A investigação em torno do que deve ser o bem e o bem supremo, segundo Aristóteles, parece pertencer à ciência mais importante e mais arquitetônica: “Essa ciência parece ser a política. Com efeito, ela determina quais são as ciências necessárias nas cidades, quais as que cada cidadão deve aprender, e até que ponto” (Et. nic. I, 2. 1094 a 26). Este conceito da P. teve vida longa na tradição filosófica. Hobbes, p. ex., dizia: “A P. e a ética, ou seja. a ciência do justou do injusto, do equânimee do iníquo, podem ser demonstradas a priori, visto que nós mesmos fizemos os princípios pelos quais se pode julgar o que é justo e equânime, ou seus contrários, vale dizer, as causas da justiça, que são as leis ou as convenções” (DEHOM. X. § 5). Assim, reafirmamos que a Política é relacionada à moral, ao bem comum, e ao justo, para a convivência em sociedade, pois isso não demanda suprir somente as minhas neces- sidades e fazer escolhas individuais, requer também o posicionamento com relação a coisa pública, as discussões, debates e consensos para tomada de decisões do coletivo. Uma outra perspectiva da Política é que ela coloca em prática uma certa relação de Poder. Quem governa, quem toma decisões, tem centrado em si o Poder. A política trata das relações de poder, que é a capacidade ou a possibilidade de agir e de pro- duzir os efeitos desejados sobre indivíduos ou grupos humanos. O poder supõe dois polos: o de quem exerce o poder e o daquele sobre o qual o poder é exercido. Nesse sentido, o poder é uma relação, ou um conjunto de relações, em que indivíduos ou grupos interferem na atividade de outros indivíduos ou grupos. Nas diversas atividades executadas dentro da escola, na sala de aula, existe a relação de poder e de influência sobre a vida de outras pessoas. Por isso, o professor é um profissional intelectual que exerce poder em sala, a sua postura, sua ética, sua moral, seu posicionamento, e suas tomadas de decisões influenciam diretamente as pessoas sob as quais exerce o poder. No contexto da sala de aula, o professor pode exercer o seu poder para impor uma determinada ação junto aos alunos? Muitas vezes ouvimos ou assistimos alguma cena ou situação em que algum pro- fessor exerce de forma autoritária o seu poder em sala de aula. Isso é inadmissí- vel. O professor deve conscientizar e usar de sua autoridade e não autoritarismo, para formar em seus alunos, um estímulo de conversa, de debate e de ações de boa convivência. Impor um poder autoritário e desrespeitoso junto aos alunos pode trazer consequências sérias para alunos, professores e escola. O diálogo é sempre a melhor estratégia! 8WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 3 - Sala de aula professora e alunos. Fonte: Revista Época (2013). A formação do homem para viver em sociedade, para compartilhar o coletivo, passa pela formação, pela educação. Assim chegamos a escola, é na escola que aprendemos a agir em prol do coletivo, do bem estar de todos. Será pelas ações dos professores, dos ensinamentos morais e valores éticos, que as gerações são orientadas e formadas pelas famílias e pelo Estado. No espaço da sala de aula é que o professor exerce o seu poder de intelectualizar, fazer pensar aos alunos. Este será nosso assunto para o próximo item. 1.1. A educação postulada na Constituição Federal de 1988 Em 518 anos de colonização, o Brasil viveu o contexto de sete cartas magnas. Os livros de História descrevem turbilhões de ações que desencadearam no cenário político de cada momento. Em 1823, D. Pedro I, após a Independência, apoiado pelos partidos portugueses, dissolve a Assembleia Nacional Constituinte, ou seja, impõe, em 1824, a primeira Constituição. Apoiado pelo Partido Português, constituído por ricos comerciantes portugueses e altos funcionários públicos, D. Pedro I dissolveu a Assembleia Constituinte em 1823 e impôs seu próprio projeto, que se tornou a primeira Constituição do Brasil. Apesar de aprovada por algumas Câmaras Municipais da confiança de D. Pedro I, essa Carta, datada de 25 de março de 1824 e contendo 179 artigos, é considerada pelos historiadores como uma imposição do imperador. Entre as principais medidas dessa Constituição, destaca-se o fortalecimento do poder pessoal do imperador, com a criação do Poder Moderador, que estava acima dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. As províncias passam a ser governadas por presidentes nomeados pelo imperador e as eleições são indiretas e censitárias. O direito ao voto era concedido somente aos homens livres e proprietários, de acordo com seu nível de renda, fixado na quantia líquida anual de cem mil réis por bens de raiz, indústria, comércio ou empregos. Para ser eleito, o cidadão também tinha que comprovar renda mínima proporcional ao cargo pretendido. Essa foi a Constituição com duração mais longa na história do país, num total de 65 anos. (BRASIL, s/d). 9WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Depois, houveram mais cinco constituições: Constituição de 1891 (Brasil República), Constituição de 1934 (Segunda República), Constituição de 1937 (Estado Novo), Constituição de 1946, Constituição de 1967 (Regime Militar), e a atual, Constituição de 1988, chamada de Constituição Cidadã. De acordo com Brasil (s/d), em 27 de novembro de 1985, por meio da emenda constitucional 26, foi convocada a Assembleia Nacional Constituinte, com a finalidade de elaborar um novo texto constitucional para expressar a realidade social pela qual passava o país, que vivia um processo de redemocratização após o término do regime militar. Então, datada em 5 de outubro de 1988, a Constituição inaugurou um novo arcabouço jurídico-institucional no país, com ampliação das liberdades civis e os direitos e garantias individuais. A nova Carta consagrou cláusulas transformadoras, com o objetivo de alterar relações econômicas, políticas e sociais, concedendo direito de voto aos analfabetos e aos jovens de 16 a 17 anos. Estabeleceu também novos direitos trabalhistas, como redução da jornada semanal de 48 para 44 horas, seguro- desemprego e férias remuneradas acrescidas de um terço do salário. Outras medidas adotadas por meio da Constituição de 1988 foram: a instituição de eleições majoritárias em dois turnos; o direito à greve e liberdade sindical; o aumento da licença-maternidade de três para quatro meses; a licença-paternidade de cinco dias; a criação do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em substituição ao Tribunal Federal de Recursos; a criação dos mandados de injunção, de segurança coletivo e restabelecimento do habeas corpus. Foi também criado o habeas data (instrumento que garante o direito de informações relativas à pessoa do interessado, mantidas em registros de entidades governamentais ou banco de dados particulares que tenham caráter público). Destacam-se, ainda, as seguintes mudanças: reforma no sistema tributário e na repartição das receitas tributárias federais, com propósito de fortalecer estados e municípios; reformas na ordem econômica e social, com instituição de política agrícola e fundiária e regras para o sistema financeiro nacional; leis de proteção ao meio ambiente; fim da censura em rádios, TVs, teatros, jornais e demais meios de comunicação; e alterações na legislação sobre seguridade e assistência social. Portanto, muitas mudanças e novas perspectivas foram legitimadas por meio desta Constituição. No campo da Educação, poderemosperceber que muitas foram as conquistas e avanços para os brasileiros conquistadas na Constituição Cidadã. A Constituição Federativa do Brasil de 1988, reafirma a necessidade e a função da educação brasileira, com objetivos claros e precisos na formação de uma nação apta a exercer a seus direitos e deveres de maneira responsável. Esta também sistematiza a educação brasileira em 10 artigos, do 205 ao 214, apresentando uma visão ampla dos novos ideais da educação e apresentando as principais mudanças educacionais. Neste estudo, aprofundaremos a análise do artigo 205, por ser o norteador da educação nacional. Os demais artigos serão mencionados de maneira mais breve. De acordo com o artigo 205, A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2007, p. 148). 10WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Este artigo traz direitos e questões muito importantes para que conheçamos a base da educação nacional, a sua abrangência e necessidade na constituição dos cidadãos de um país, de um Estado. Primeiramente, devemos observar que quando a lei legitima a educação, a formação do cidadão, como um direito, devemos entender que este direito é a possibilidade de existência dos homens de maneira comum, nos posicionamentos de que o direito é (gr. xò ôíicmov; lat. Jus; inº Lata, fr. Droit; ai. Recht; it. Dirittó). Em sentido geral e fundamental, a técnica da coexistência humana, isto é, a técnica que visa a possibilitar a coexistência dos homens. Como técnica, o D. se concretiza em conjunto de regras (nesse caso leis ou normas), que têm por objeto o comportamento inter-subjetivo, ou seja, o comportamento dos homens entre si. (ABBAGNANO, 2007, p. 278). O direito define as regras de convivência entre os homens, regulando seu comportamento. Assim, o direito a educação coloca todos os cidadãos brasileiros no mesmo patamar de normas para a educação, fazendo com que todos tenham a possibilidade de instrução e ensino no espaço escolar garantidas. Esse direito não pressupõe, porém, que a educação seja a mesma para todos e sim, que o ato de desenvolver as faculdades cognitivas para vivência em sociedade, ou seja, é possibilitado a todos, por meio das ações da família e do Estado. A união entre a família e o Estado é a base para que a educação de qualidade seja alcançada e que possa promover a transformação do sujeito que a ela se submete. Discutiremos esta questão mais à frente. Figura 4 - Alunos em sala de aula. Fonte: Google Images (2018). Essa coexistência de responsabilidade entre família e escola é regulamentada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996. O artigo 6º rege que “É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade”, ou seja, a responsabilidade em matricular e acompanhar a frequência da criança na escola é da família, e quando isso é negligenciado pelo núcleo familiar, a escola aciona outros meios, como por exemplo, notificação ao Conselho Tutelar. 11WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Por outro lado, o Estado deve assegurar a garantia de “[...] educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade [...] e ainda acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade própria” (BRASIL, 1996). Hoje, no Brasil, a Educação Básica, organizada em educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, é um direito obrigatório a todos compreendidos entre 4 e 17 anos de idade e àqueles que não puderam estudar, nesta faixa etária (atendidos na modalidade de Educação de Jovens e Adultos). Escola não se reduz a um espaço de execução das políticas previamente definidas pelo poder público, mas se configura como lugar de construção e reconstrução, oferecendo elementos para a formulação de novas políticas, onde se efetivam ou não. Entretanto a função do Estado e da família permanecem efetivas a partir do momento em que estes mecanismos – direito; educação, público – são assegurados. Outra característica apresentada no artigo 205 da Constituição Federal de 1988 diz respeito a colaboração da sociedade. Setores adjuntos como Conselho Tutelar, Saúde, Movimentos Sociais, instituições religiosas, ONGs, instituições privadas e outros, que podem colaborar na oferta de educação, de formação, de instrução aos cidadãos. Essa colaboração também é um modo de fazer com que o sujeito formado e instruído nos bancos escolares possa ter condições de aplicar, vivenciar, criticar e transformar os conhecimentos aprendidos na escola e postos a prova na sociedade, no seu entorno social. Essa aprendizagem deve ser significativa. A aprendizagem é uma experiência profunda de natureza social. Cabe à escola resgatar o conhecimento histórico e socialmente produzido, como base do conhecimento escolar. Os processos historicamente percorridos precisam ser trazidos como parte integrante dos desafios das novas descobertas, em sintonia com a realidade vivida, pois as atividades educativas necessitam ser significativas para o aluno. De um lado se coloca o professor como provedor do conhecimento organizado. De outro lado, há o aluno como sujeito ativo do conhecimento. Trata-se de um sujeito submetido a condicionantes sociais que acrescentam ao conhecimento uma visão da realidade socialmente transmitida. (FREIRE, 1981, s.p.). A escola é uma instituição integrativa da sociedade e não à margem dela. A sociedade é a estrutura que define a base e os conhecimentos que a escola e a educação devem ofertar aos alunos para que possam contribuir para o desenvolvimento destas, resinificando, analisando e propondo novas possibilidades. Dando continuidade à análise do artigo 205, encontramos descritas as três finalidades da educação brasileira. Muitas vezes, os profissionais da educação desconhecem qual a finalidade da educação, e acabam traçando metas e objetivos que podem não contemplar o direito constitucional. As leis que regem a educação nacional, afirmam que a educação deve ser pública e gratuita. Muitos entendem que por ser gratuita, ela é de graça. Pelo contrário, é gratuita diretamente para o aluno que não paga mensalidade ou taxas, mas indire- tamente todos custeamos a educação pública com nossos impostos! 12WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA São três as finalidades da educação: “[...] pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 2007, p. 147). Estas devem permear todas as ações dos professores da Educação Básica. É importante discutir sobre estas três finalidades, mesmo não sendo este estudo diretamente relacionado à História da Educação, mas são fins que devem estar bem claros quando pensamos nas políticas educacionais, trabalhistas e sociais. Figura 5 - Social. Fonte: Amaral (1933). De acordo com a primeira finalidade – pleno desenvolvimento da pessoa – a escola deve prover meios para que as pessoas que matricularem-se na escola tenham suas potencialidades desenvolvidas pelas ações educativas da mesma. Para vivermos em sociedade, devemos ter nossos desenvolvimentos projetados em aspectos como sociais, afetivos, intelectuais, físicos, psicológicos entre outros, assim, ao desenvolver as atividades pedagógicas, o professor e a escola devem preparar e instrumentalizar as pessoas para atuarem de maneira responsável na sociedade. Os conhecimentos disseminados nos espaçosescolares devem ser a base para que este cidadão tenha este direito assegurado. O segundo ponto diz respeito a preparar a pessoa para exercer a cidadania. Se buscarmos na história da humanidade, vamos encontrar vários sentidos e significados do termo cidadania, pois, de acordo com cada cultura e época, este termo foi sendo aprimorado desde os romanos até nossos dias. No entanto, cidadania, cidadão, cidade, todas essas palavras têm origem nos primeiros tratados humanos dos primeiros filósofos. Podemos, então, compreender que quando as primeiras cidades são construídas pelos homens, muitas pessoas passaram a compartilharem os mesmos espaços, acarretando a organização de regras e leis que possibilitasse a harmonia entre essas pessoas. 13WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Vivendo em cidades, em sociedade, os homens tiveram que utilizar as discussões, dar opiniões, ajudar a tomar decisões, tornando-se um cidadão, morador de uma cidade e responsável também pela manutenção e o bom funcionamento destes espaços. Hoje, podemos entender o cidadão como sendo “quem mora em cidade, quem possui todos os direitos civis e políticos” (SCOTTINI, 2009, pp 147,148), ou seja, um cidadão brasileiro é todo aquele que ocupa cidades dentro das fronteiros territoriais brasileiras. Quadro 1 - Crescimento Populacional. Fonte: IBGE (2018). 14WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Sendo cidadão, estas pessoas precisam saber exercer sua cidadania, ou seja, saber exercer seus direitos com responsabilidade e conhecer suas obrigações. Ser cidadão não é apenas votar, escolher pessoas, ou pertencer a um partido ou associação, é cuidar do seu entorno. Quadro 2 - Características de um cidadão. Fonte: Silva (2018). Como podemos observar, ser um cidadão, exercer a cidadania não é uma atividade simples, as pessoas cidadã, devem viver para e no coletivo, quando isso é praticado as soluções são mais fáceis de serem alcançadas. A educação é a responsável em formar em cada cidadão, as características da cidadania. Desde a educação infantil até o ensino médio, somo educados para sermos bons cidadãos. De acordo com Dallare (1998, p. 14) A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá a pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo do seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social. Ou seja, se qualificar para o mercado de trabalho, sendo que este é a grande alavanca do desenvolvimento da humanidade. O trabalho se faz no processo de transformação material e intelectual. No processo de vida coletiva e de interação homem–homem e homem–natureza, surge o trabalho como mediador entre esses homens e a natureza, como função desencadeadora de funções psicológicas superiores, assim como a linguagem e a tomada de consciência de sua condição humana. Modificam-se os instrumentos de trabalho e de lazer, artefatos, máquinas e objetos de uso pessoal e/ou coletivo de acordo com cada momento histórico e das necessidades que esse dado momento produza. Mudam-se hábitos e costumes, valores éticos e morais, artes e ciências, menciona Vigotski (1988). Diferentemente dos animais, o homem modifica a natureza de acordo com suas necessidades criadas histórica e socialmente. Essa transformação, por meio do trabalho, é o que diferencia substancialmente o homem dos demais animais, ou seja, transforma sua capacidade mental, psíquica de adequar a natureza às suas necessidades, por meio da criação e uso de instrumentos: 15WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Pela sua atividade, os homens não fazem senão adaptar-se à natureza. Eles modificam-na na função do desenvolvimento de suas necessidades. Criam os objetos que devem satisfazer as suas necessidades e igualmente os meios de produção destes objetos, dos instrumentos às máquinas mais complexas. Os progressos realizados na produção de bens materiais são acompanhados pelo desenvolvimento da cultura dos homens; o seu conhecimento do mundo circundante deles mesmos enriquece-se, desenvolvem-se a ciência e a arte (LEONTIEV, 2004, p. 282). Essas transformações promovem nos cidadãos as condições necessárias para inserirem- se no mercado de trabalho. Devem ser qualificados e preparados para atuar com as tecnologias, com as inovações, com os conhecimentos, com as ciências. O mundo passa por transformações constantemente, ao cidadão cabe estar atualizado, qualificado, frente ao mundo capitalista neoliberal. A inserção no mundo do trabalho, demanda por sua vez, um trabalho transformador e não alienado, o ato de produzir, demanda do homem a visão de mudanças, de novas possibilidades, por isso, a necessidade de qualificar-se, preparar-se. Marx (1989, p. 202), em relação ao conceito de trabalho, expressa que O trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza. Defronta-se com a natureza como uma de suas forças. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo braços e pernas, cabeça e mãos, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo- lhes forma útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza. Desenvolve as potencialidades nela adormecidas e submete ao seu domínio o jogo das forças naturais. Percebemos a profundidade e quantas possibilidades de análises há no artigo 205 da Constituição e quais a possibilidades de educação que cerceiam as políticas públicas sociais a partir daí formuladas. Se você deseja entender melhor a função do trabalho como função dos homens, assista ao filme Tempos Modernos , com direção e atuação de Charles Chaplin, gravado nos EUA, 1936. Além do trabalho mecanizado , o filme aborda a vida do homem na sociedade industrial, com base na linha de montagem e a especializa- ção do trabalho. O mesmo oportuniza compreendermos o trabalho como transfor- mação e como alienação. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3tL3E5fIZis. Acesso em 15.06.2018. Bom filme! 16WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Outra análise importante é ressaltar os princípios sobre os quais a educação nacional deve ser ministrada. A Constituição de 1988 foi considerada Cidadã, porque legitimou a redemocratização do país, tornando-se o primeiro instrumento político após anos de administração militar. Estes princípios são elencados em: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Inciso com redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Inciso acrescido pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educaçãobásica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Parágrafo único acrescido pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006).(BRASIL, 2007, p. 148-149). Observamos que os princípios, como normas para a organização da educação nacional, são elencados de maneira clara e objetiva, legitimando e assegurando respaldos para alunos, professores, gestores e futuras políticas públicas educacionais. O artigo 207 assegura a autonomia das universidades em sua gestão administrativa e pedagógica. De acordo com Macedo e Trevisan (2005, p. 130), a [...] mais intensa fase de crescimento do sistema de ensino superior brasileiro ocorre na vigência da Constituição de 1988 (BRASIL, 1998), que consagrou os princípios da autonomia universitária e da indissociabilidade do ensino- pesquisa-extensão. artigo 208, em Brasil (2007), organiza a educação brasileira, garantindo o ensino fundamental obrigatório e gratuito; universalização do ensino médio; atendimento especial preferencialmente na rede regular de ensino; educação infantil às crianças de até 5 anos de idade; ascensão aos níveis elevados de ensino; ensino noturno regular e implantação de programas suplementares de apoio ao aluno. O artigo 209, em Brasil (2007), regulamenta a existência do ensino tanto na esfera pública quanto na esfera privada, resguardadas as peculiaridades de condições. Já o artigo 210, em Brasil (2007), assegura a fixação dos conteúdos mínimos a serem ofertados nas escolas, como base comum. A não obrigatoriedade do ensino religioso para o aluno e ensino fundamental, ministrado na língua portuguesa, assegurando as comunidades indígenas a língua materna de cada povo. O regime de colaboração entre as esferas governamentais – Federal, Distrito Federal, Estados e Municípios – ficam estipulados no artigo 211, atribuindo as responsabilidades de atendimento educacional a cada sistema de educação. 17WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A parte do financiamento educacional é estruturado no artigo 212, segundo Brasil (2007), estabelecendo os percentuais de repasse à educação, percentual este de, no mínimo 25% da receita dos impostos. O repasse de recursos públicos, de acordo com o artigo 213, em Brasil (2007), pode ser realizado apenas para instituições públicas, comunitárias, confessionais ou filantrópicas que não possuam fins lucrativos, e que seus patrimônios sejam destinados a outras instituições comunitárias, filantrópicas ou confessionais caso venham a encerrar suas atividades. Por fim, o artigo 214, conforme Brasil (2007), menciona a elaboração do Plano Nacional de Educação, plurianual, que deve promover ações que oportunizem a erradicação do analfabetismo, universalização do atendimento escolar, melhorar a qualidade do ensino, formar para o trabalho e promoção humanística, científica e tecnológica do país. As beneficies trazidas no bojo da então nova Constituição (1988) foram muitas e importantes para o desenvolvimento educacional em nosso país nas últimas décadas. As imperfeições, adequações, adaptações necessárias na Constituição são regulamentadas por meio de Proposta Emenda à Constituição – PEC. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pode ser apresentada pelo presidente da República, por um terço dos deputados federais ou dos senadores ou por mais da metade das assembleias legislativas, desde que cada uma delas se manifeste pela maioria relativa de seus componentes. Não podem ser apresentadas PECs para suprimir as chamadas cláusulas pétreas da Constituição (forma federativa de Estado; voto direto, secreto, universal e periódico; separação dos poderes e direitos e garantias individuais). A PEC é discutida e votada em dois turnos, em cada Casa do Congresso, e será aprovada se obtiver, na Câmara e no Senado, três quintos dos votos dos deputados (308) e dos senadores (49) (SENADO, s/d). A primeira Emenda Constitucional foi aprovada em 31 de março de 1992, quatro anos após sua aprovação, e tratava sobre a remuneração dos Deputados Estaduais e dos Vereadores. Atualmente, a Constituição anexa a si 99 Emendas Constitucionais, das quais muitas já se tornaram lei, após intensos e acalorados discursos e posicionamentos. Este ano a Constituição Federativa do Brasil completará 30 anos de vigência. No dia 7 de julho de 2018, Oliveira, da Agência do Senado, fez uma publicação relatando a importância da participação popular na tomada de decisões. O “sopro de gente” que tomou os corredores, gabinetes e plenários do Congresso Nacional durante a Assembleia Constituinte teria data para acabar: quando a nova Constituição Federal fosse promulgada. A intensa participação popular durante a elaboração da nova Carta foi um aspecto marcante daquele momento da história do Brasil, mas, uma vez finalizada a Constituição, qual seria o papel da sociedade perante os poderes institucionais? Os deputados e senadores constituintes compreenderam que era seu papel garantir a continuidade da interação com o povo e até mesmo a intervenção direta do povo no exercício do poder. Com esse propósito, a Constituição foi equipada com ferramentas de participação popular. Essas ferramentas são apontadas já no primeiro artigo da Carta, onde se apresentam os princípios fundamentais da república. Segundo o texto: todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição. Esse enunciado determina um equilíbrio: o Brasil é uma democracia representativa, em que a população elege alguns indivíduos a quem delega as funções de elaborar leis e executar políticas públicas em seu nome. Ao mesmo tempo, é preciso haver canais pelos quais essa mesma população possa se fazer ouvir sem intermediações. (SENADO, s/d) 18WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 6 - Aprovação da Constituição de 1988. Fonte: Oliveira (2018). As políticas públicas educacionais, emanadas da Constituição de 1988, trazem em sua trajetória não apenas a aprovação em si das leis, mas sim, a formação, educação de toda uma nação. A partir do momento em que estas políticas são aprovadas, elas estruturaram a vida de toda uma nação. Uma destas leis de grande impacto na estrutura de nossa educação é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, objeto de nossa análise na próxima unidade. 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS A temática sobre a educação e seus desdobramentos legais podem propiciar vários caminhos e vários pontos de vistas sobre sua abrangência, sua importância, bem como sua avaliação. Não há possibilidade alguma de não haver um posicionamento por parte de quem analisa a educação. Nesta unidade, ressaltamos dois pontos muito importantes para qualquer estudioso da área humana: a primeira é o conceito de Política. Muitas vezes o desgaste sofrido e vivenciado diariamente por cada um de nós, ocasionados pelos inúmeros casos de corrupção e má utilização dos recursos públicos nos fazem parecer alienados ao sistema. O exercício da ação política do posicionamento se faz justamente para minimizar ou neutralizar as ações dos governos estabelecidos por nós, mediante o uso do voto. A educação é o caminho para a formação de indivíduos mais amantes das necessidades coletivas. 19WWW.UNINGA.BR PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Um país se estabelece sobre uma organização sistemática, em que a lei maior é denominada de Constituição Federal – Carta Magna. O Brasil já vivenciou experiências governamentais que passaram pela Monarquia Imperial, pela República, pelos ditames do Regime Militar, e vivencia, neste momento, a Democracia.Vivenciamos a Constituição Cidadã, que legitima aos seus cidadãos direito e deveres que favorecem a vida em sociedade, permeada pelas relações sociais, políticas, culturais e históricas. Caberá sempre à educação a formação integral do cidadão brasileiro emancipado, cônscio de suas obrigações e executor de seus direitos. 2020WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 21 1 - A EDUCAÇÃO INFANTIL E O DIREITO AO SISTEMA EDUCACIONAL ............................................................. 22 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 34 POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL PROF.A MA. GILMARA BELMIRO DA SILVA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: POLÍTICAS EDUCACIONAIS - ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DE ENSINO 21WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 INTRODUÇÃO Para pensarmos as políticas públicas para a educação pública em nosso país, temos necessidade entender sua estrutura e como ela funciona como um todo. A organização da educação é a base para entendermos seus desdobramentos e atendimentos, e está pautada em sistemas de educação de âmbitos federal, distrito federal, estadual e municipal. Ao longo da história da educação, sempre se utilizou a nomenclatura de sistema, mas há divergências acadêmicas de estudiosos sobre a tese de que nossa educação possui uma estrutura e não um sistema. Nesta estrutura organizacional, a educação infantil, atendimento que se dá aos cidadãos de primeiros meses até os cinco anos de idade, é oficializada como sendo a base da educação nacional, o início de todo o processo de escolarização e desenvolvimento da criança pequena. Nesta unidade, estaremos abordando as principais políticas educacionais formuladas para esta faixa etária a partir da Constituição Federal de 1988. Este recorte temporal se faz necessário, por consideramos as políticas públicas a partir da década de 1990, quando nosso país volta ao sistema governamental de redemocratização até o momento. 22WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 1 - A EDUCAÇÃO INFANTIL E O DIREITO AO SISTEMA EDUCACIONAL O atendimento à criança pequena sempre trouxe no seu bojo, um resquício de atendi- mento mais assistencial do que educacional. Se reportamos ao século passado, quando o Bra- sil começa a praticar algum tipo de atendimento as crianças, podemos observar nos estudos de Kishimoto (1988), Kuhlmann Junior (1990) e Merisse (1997) que a infância sempre esteve atrelada ao atendimento às crianças abandonadas, por ser um filho indesejado, ou resultado das relações sexuais permissivas que podiam acontecer entre senhores e mulheres pobres ou es- cravas, resultando, assim, na necessidade de instalar as primeiras rodas dos expostos em nosso país, no Rio de Janeiro em 1738 e em São Paulo em 1825. Figura 1 - Roda dos Expostos do Convento de Santa Clara do Desterro, em Salvador. Fonte: Klepsidra (2018). De acordo com Kishimoto (1988), as primeiras instituições de atendimento às crianças são resultados de filantropias, principalmente da Igreja católica, que instituíam instituições em sistema de asilos, orfanatos ou albergues que abrigavam crianças órfãs, abandonadas ou filhas de jornaleiras. As creches, ou escolas maternais, são utilizadas no Brasil, e quem começo com elas foi a educadora Amália Franco em São Paulo, no final do século XIX. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961, a primeira LDB do nosso país, resultante de alguns marcos como Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova e da Consti- tuição de 1936, trouxe em sua estrutura uma menção ao atendimento as crianças pequenas no Brasil. De acordo com o Capítulo I, artigo 23, “a educação pré-primária destina-se aos menores até sete anos, e será ministrada em escolas maternais ou jardins-de-infância” (BRASIL, 1961). A Lei assegurava a educação pré-primária, como sendo a educação ofertada antes da criança entrar no Ensino Primário, na primeira série, no entanto, não era obrigatória, o que oportuniza- va a muitas crianças não frequentarem as escolas primárias que eram poucas e a grande maioria eram privadas. 23WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 Durante a vigência desta Lei, a obrigatoriedade do ensino era somente do Ensino Primário, ou seja, as quatro séries do Ensino Primário. Dentro desta perspectiva, pouca atenção era dada a educação dos menores de 7 anos de idade – esta idade é utilizada tendo como referência o texto original da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 4.024 de 1961). Esta situação da não inserção obrigatória das crianças menores de 7 anos no contexto educacional, vai se estender até 1988 até à nova Constituição Federal, em seu artigo 208, IV, que garante o “atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade” (BRASIL, 2007). Mesmo assim, ainda faltava a regulamentação da lei para que este direito se tornasse aplicável. Em 1990, o Brasil aprova uma das primeiras leis de proteção e garantia de direitos as crianças e adolescentes. A Lei nº 8069, aprovada em 11 de agosto, foi uma das grandes iniciativas que passaram a considerar a criança como cidadã de direitos, após a Constituição de 1988. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), “considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade” (BRASIL, 1990, p. 1). Ou seja, as crianças na faixa etária da educação infantil, foram beneficiadas com esta legislação também, tanto no aspecto de direitos civis, quanto educacionais. O ECA, possibilitou que a sociedade e a escola, compreendesse que as leis para a infância, passava a ser um direito da criança. Ela passou a ser o foco do processo social de cuidados e educação. Este documento foi uma das políticas públicas protetivas à criança, que resultou da Conferência Mundial dos Direitos da Crianças, realizado em Nova Iorque em novembro de 1989, onde houve a participação de mais de 130 países, dentre eles, o Brasil. Para aprofundar as questões relacionadas ao Estatuto da Criança e do Adolescen- te, ler o artigo - A EDUCAÇÃO E A APLICABILIDADE DO ECA: DIREITOS E DEVE- RES SOB UM NOVO OLHAR Autor: Janine Pereira de Sousa Alarcão Disponível em: ENSAIOS PEDAGÓGICOS Revista Eletrônica do Curso de Pedago- gia das Faculdades OPET ISSN 2175-1773 – DEZEMBRO DE 2013 Uma criança é covardemente espancada com um cabo de vassoura por seu pai, que está embriagado. A mãe tenta acudir o filho, de apenas 8 anos de idade. Você concorda com esta postura do pai? Muitas vezes não temos ideia do que aconte- ce na casa ao lado. Muitas crianças são vítimas de agressões físicas brutais, coa- ções psicológicas e abusadas sexualmente, e sofrem tudo isso caladas. Por isso precisamos saber os direitos e militar por elas. Não basta a lei, é preciso colocá-la em prática e isso é tarefa de todos nós! 24WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 Após assinar esse Documento, na Conferência, o governo brasileiro regulamentou seu compromisso de salvaguardar as crianças e adolescentes, publicando o Decreto nº 99.710, de 21 de novembro de 1990, em que consta o compromisso do país em cumprir todas os artigos ali estabelecido. Este decreto, juntamente com o Estatuto, gerou duas políticas públicaseducacionais e sociais muito importantes para nossas crianças e adolescentes, assim, de acordo com Oliveira (2013, p. 15), Neste contexto, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) teve seu surgimento a partir da experiência de indignação nacional e pressões internacionais a favor das crianças e dos adolescentes, que prima por mudanças na política de tratamento às crianças e dos adolescentes enquanto sujeitos de direito. Foi no Estatuto da Criança e do Adolescente, conforme ensina Alberton, que crianças e adolescentes passaram a ser reconhecidos como “sujeitos de direitos” de “prioridade absoluta”. Assim sendo, os direitos da criança e do adolescente encontram-se espalhados em um sistema de direitos fundamentais. Figura 2 - Crianças. Fonte: Uol (2018). Após a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, as atenções se voltaram para uma movimentação intelectual que tinha se iniciado em 1986, antes mesmo da aprovação da Constituição, que era pensar a nova organização do atendimento educacional em nosso país. Este ano, o Estatuto da Criança e do Adolescente completará 28 anos de existên- cia, no entanto a grande maioria dos profissionais da educação, pais, e sociedade em geral, não conhecem este documento de modo integral. Muitos mitos são di- tos, como por exemplo, que ele só protege as crianças e adolescentes. Ele protege contra as injustiças e abusos, mas também aplica medidas corretivas quanto da infração das leis sociais, civis e criminais. 25WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 Este movimento ocorreu em ocasião da IV Conferência Brasileira de Educação, realizada em agosto de 1986, na cidade de Goiânia. Vários estudiosos, professores, entidades educacionais e intelectuais da educação participaram deste evento, que no encerramento contou a elaboração da Carta Goiânia, um documento organizado com as propostas dos educadores para formulação do capítulo que trataria da educação na futura Constituição. O projeto original teve origem quando a Revista ANDE – Associação Nacional de Educação, fundada em 1979 – convidou o professor e filósofo Dermeval Saviani para escrever um artigo sobre as expectativas para a nova Lei, que seria publicado no final de 1987, na Revista ANDE, nº 13. O plano inicial do artigo, [...] não previa a formulação de um anteprojeto. Pensava-se em explicitar o sentido da expressão “diretrizes e bases”, reconstituir o seu histórico e destacar a sua importância para a educação, e concluindo com a apresentação das exigências que se deveria levar em conta na elaboração da nova LDB. No entanto, `medida que o texto foi tomando forma, concluiu-se que era importante pensar a própria estrutura da lei já que o objetivo era a mobilização dos educadores no sentido de influenciar diretamente junto aos parlamentares no processo de elaboração da nova lei (SAVIANI, 2004, p. 36). Segundo Saviani (2004), a redação da proposta foi finalizada em fevereiro de 1988, publicada na Revista ANDE, nº 23 foi pauta de discussão na V Conferência Brasileira de Educação, que aconteceu em Brasília em agosto do mesmo ano. Após a promulgação da Constituição Federal em agosto, em dezembro do mesmo ano, o deputado Octavio Elísio apresentou o projeto de lei na Câmara dos Deputados, que recebeu o número 1.258-A/88. Em março de 1989, Ubiratan Aguiar (PMDB-CE), presidente da Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Câmara, formou um Grupo de Trabalho as LDB coordenada por Florestan Fernandes (PT-SP), tendo como relator Jorge Hage (PSDB-BA). O deputado Jorge Hage, na condição de relator, demonstrou competência, tenacidade, capacidade de trabalho, habilidade de negociação e foi incansável no empenho em ouvir democraticamente todos os que, a seu juízo, pudessem de alguma forma contribuir para o equacionamento da matéria em pauta, tendo percorrido o país a convite ou por sua própria iniciativa para participar de eventos dos mais diferentes tipos em que expunha o andamento do projeto e acolhia as mais diversas sugestões (SAVIANI, 2004, p. 57). Após todo o processo de negociações, votações, diálogos e participações o projeto substitutivo de Jorge Hage, foi votado pela Câmara em junho de 1990. Observa-se que o projeto original foi proposto tendo a participação de várias instituições educacionais, professores e políticos que comungavam das mesmas perspectivas para os novos rumos da educação brasileira. De acordo com Saviani (2004), paralelamente, um outro projeto estava sendo orquestrado de maneira mais sigilosa no Senado Federal, e dois anos depois, o Senador Darcy Ribeiro (PDT- RJ) apresentou um projeto a Comissão do Senado, assinado por ele, pelo senador Marco Maciel e por Maurício Correa, cujo relator era o senador Fernando Henrique Cardoso, que não foi apreciado. Em maio de 1993, deu entrada no Senado ao Projeto de Lei da Câmara, nº 101, que fixava a diretrizes e bases da educação nacional, cujo relator foi o senador Cid Sabóia. Paralelo a este projeto, no ano seguinte volta a ser apresentado, também, o projeto do senador Darcy Ribeiro, com nova estrutura, aprovado no Senado como substitutivo Darcy Ribeiro, sendo relator o deputado José Jorge. Finalmente em 17 de dezembro de 1996, o projeto substitutivo foi votado e aprovado o texto apresentado por José Jorge e não o do relator Jorge Hage. 26WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 Este resultado demostra que o projeto original que contou com o interesse dos educadores e pesquisadores da educação foi substituído pelo projeto de gabinete. Sem sofrer nenhum veto em 20 de dezembro de 1996, o presidente da república promulga a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Realizada esta exposição, que considero relevante, com a nova LDB aprovada, vejamos o que ela trouxe de volta direitos para a educação infantil, que não foi mencionada no corpo da LDB anterior, a Lei nº 5.692 de 1971, a não ser uma ínfima menção no artigo 19. A nova Lei de 1996, mesmo não tendo o sido aprovada, comtemplou a meta inicial com relação a educação infantil, uma vez que na nova Constituição ela se tornou um direito. Relembrando que um pouco antes da aprovação da LDB, o então presidente da república Fernando Collor de Melo sancionou a Lei nº 8.069, de julho de 1990, que reafirmava o direito das crianças a atendimento na educação infantil, no artigo 54 “IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016)” (BRASIL, 1990). A Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional traz em sua composição uma sessão exclusiva para tratar da educação infantil no Brasil. Composto por três artigos, deixa exposto a nova expectativa que se deve dar a as crianças cidadãs, enfatizando o seu desenvolvimento. A artigo 29 nomeia a Educação Infantil, como sendo a base, ou seja, a primeira etapa da educação básica obrigatória em nosso país. Assim, a criança deve ter todas as suas potencialidades desenvolvidas e aprimoradas, garantindo o seu desenvolvimento intelectual e cognitivo, o desenvolvimento físico, o desenvolvimento psicológico e social. A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca. A criança tem na família, biológica ou não, um ponto de referência fundamental, apesar da multiplicidade de interações sociais que estabelece com outras instituições sociais. (BRASIL, 1996, p. 21). Esta criança que passa estar cercada por um acabaço de leis deve ter nas instituições de educação infantil públicas e particulares, todo um trabalho dirigido para fins de educação ecuidados. Para aprofundar as questões relacionadas as políticas educacionais do nosso país, ler o livro - A nova lei da educação: LDB trajetória, limites e perspectivas Autor: Dermeval Saviani Editora Editores Associados – 9ª edição, 2004 27WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 Figura 3 - Meninos brincando. Fonte: Loucos por tecnologia (2018). Nos espaços sociais de educação, a criança brinca, imagina, fantasia, vivencia experiências, reelabora saberes e cultura e internaliza e transforma o mundo que a cerca, por isso as leis educacionais devem conceber estas crianças como sujeitos capazes de promover relações sociais e agirem sobre ele. A educação infantil, se organiza para educar crianças de até os cinco anos de idade, de modo que deve articular um trabalho pedagógico dinâmico, criativo, lúdico e que considere a criança em todas as suas possibilidades. Neste processo, o zelo pelo cuidar e pelo educar devem ser expressos como ações básicas em que Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Neste processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. (BRASIL, 1988, p. 23). 28WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 O mesmo documento afirma que o cuidar requer muita sensibilidade e zelo, Ou seja, cuidar de uma criança em um contexto educativo demanda a integração de vários campos de conhecimentos e a cooperação de profissionais de diferentes áreas. A base do cuidado humano é compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano. Cuidar significa valorizar e ajudar a desenvolver capacidades. O cuidado é um ato em relação ao outro e a si próprio que possui uma dimensão expressiva e implica em procedimentos específicos. O desenvolvimento integral depende tanto dos cuidados relacionais, que envolvem a dimensão afetiva e dos cuidados com os aspectos biológicos do corpo, como a qualidade da alimentação e dos cuidados com a saúde, quanto da forma como esses cuidados são oferecidos e das oportunidades de acesso a conhecimentos variados. (BRASIL, 1998, p. 24) Diante disso, Cerisara (2002, p. 331) discorre que Vale destacar que a LDB foi construída tendo por base a Constituição de 1988 que reconheceu como direito da criança pequena o acesso à educação infantil – em creche e pré-escolas. Essa lei colocou a criança no lugar de sujeito de direitos em vez de trata-la, como ocorria nas leis anteriores a esta, como objeto de tutela. Nesta mesma direção, a LDB também, pela primeira vez na história das legislações brasileiras, proclamou a educação infantil como direito das crianças de 0 a 6 anos e dever do Estado. Ou seja, todas as famílias que optarem por partilhar com o Estado a educação e o cuidado de seus filhos deverão ser contemplados com vagas em creches e pré-escolas públicas. O atendimento educacional às crianças menores de 5 anos, de acordo com a legislação vigente, deve ser ofertado em instituições públicas e ou particulares, em creches – às crianças de primeiros meses a 3 anos de idade – e pré-escola – às crianças de 4 e 5 anos. O artigo 30 da LDB de 1996 legitima este direito. Por sua vez, o artigo 31, da mesma Lei, ressalta as regras comuns que todos os sistemas devem se basear para organizar, avaliar, reconhecer e autorizar a ministração das ações educativas pedagógicas nas instituições de educação infantil, hoje denominadas de Centros de Educação Infantil, quando privadas, e Centro Municipal de Educação Infantil, quando públicas. Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013); II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013); III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013); IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013); V - expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013). (BRASIL, 1996). 29WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 Estas regras visam garantir o desenvolvimento da criança em seus vários aspectos e possibilitar que as instituições garantam um padrão educacional de qualidade e que leve em conta a criança. Aplicar sistemas de avaliação que não sejam objeto de promoção, e sim de desenvolvimento é uma conquista relevante quando partimos do pressuposto que está criança, encontra-se em um processo de avanços. O mesmo vale quando destaca a duração anual e diária de atendimento, acompanha a frequência desta criança ao serviço educacional e garante a ela documento que registre seu desenvolvimento. Figura 4 - Crianças brincando no parquinho. Fonte: Youtube (2018). Objetivando ofertar um material que orientasse as novas práticas educacionais da educação infantil, o Ministério da Educação e do Desporto produziu e distribuiu em 1998, o material Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, um produto das reformas educacionais da década de 1990. Figura 5 - Imagem do RCNEI. Fonte: Google Images (2018). 30WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 O material é composto por 3 volumes, o número 1 - é uma introdução, busca apresentar um quadro geral da educação infantil em 1990 e traz a concepção de criança, brincar, educar, educar, identidade e autonomia; o volume 2 faz inferências sobre a formação pessoal e social das crianças, que deveriam nortear as propostas educacionais do país; e volume 3 – apresenta os eixos a partir dos quais a proposta pedagógica da educação deveria se referencias, como: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem oral e escrita, Natureza e Sociedade, e Matemática. Mesmo sendo distribuído para todo o país, este documento não foi implantado como sendo obrigatório e sim como material de apoio. Kuhlmann Junior (1999, p. 52) ressalta Sabe-se que, agora, o documento estará denominado no singular – referencial – apresentando-se como uma das perspectivas possíveis de se pensar a Educação Infantil. Mas o Referencial Curricular Nacional terá um grande impacto. A ampla distribuição de centenas de milhares de exemplares às pessoas que trabalham com esse nível educacional mostra o poder econômico do Ministérios da Educação e seus interesses políticos, muito mais voltados para futuros resultados eleitorais do que preocupados com a triste realidade das nossas crianças e instituições. Com isso, a expressão no singular – referencial – significa, de fora, a concretização de uma proposta que se torna hegemônica, como se fosseúnica. Posterior a este documento que norteava o trabalho com a educação infantil no Brasil, em 2001, o governo brasileiro lançou o Plano Nacional de Educação, a Lei nº 10.172, com duração decenal e que estabelecia as metas e estratégias para avançar no atendimento educacional no país. De modo que para a educação infantil, este documento trouxe metas importantes para legitimar o direito e o atendimento à criança pequena como um direito dela. A meta 1 educação infantil – trouxe na época um diagnóstico preocupante, pois a grande maioria das crianças na faixa etária de primeiros meses a 5 anos de idade, estavam fora de um sistema escolar, apesar das leis anteriores já legitimarem o direito. A primeira meta para mudar este quadro era Ampliar a oferta de educação infantil de forma a atender, em cinco anos, a 30% da população de até 3 anos de idade e 60 % da população de 4 a 6 anos (ou 4 e 5 anos) e, até o final da década, alcançar a meta de 50% das crianças de 0 a 3 anos e 80% das de 4 a 5 anos (BRASIL, 2001, p. 12). O Plano, também, reafirma os direitos anteriores e enfatiza que a educação infantil não é obrigatória, mas sim, um direito da criança que desde o nascimento deve ter um atendimento e atenção na sua formação e no seu desenvolvimento. Este direito possibilita que inúmeras famílias busquem as instituições de educação infantil para matricularem suas crianças, aumentando também a responsabilidade do Estado em ofertar números maiores de vagas para este atendimento, e que promova o desenvolvimento intelectual das crianças e a profissionalização dos professores. A educação das crianças de zero a seis anos em estabelecimentos específicos de educação infantil vem crescendo no mundo inteiro e de forma bastante acelerada, seja em decorrência da necessidade da família de contar com uma instituição que se encarregue do cuidado e da educação dos seus filhos pequenos, principalmente quando os pais trabalham fora de casa, seja pelos argumentos advindos das ciências que investigaram o processo de desenvolvimento da criança. Se a inteligência se forma a partir do nascimento e se há “janelas de oportunidade” na infância quando um determinado estímulo ou experiência exerce maior influência sobre a inteligência do que em qualquer outra época da vida, descuidar desse período significa desperdiçar um imenso potencial humano. Ao contrário, atendê-la com profissionais especializados capazes de fazer a mediação entre o que a criança já conhece e o que pode conhecer significa investir no desenvolvimento humano de forma inusitada. 31WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 Hoje se sabe que há períodos cruciais no desenvolvimento, durante os quais o ambiente pode influenciar a maneira como o cérebro é ativado para exercer funções em áreas como a matemática, a linguagem, a música. Se essas oportunidades forem perdidas, será muito mais difícil obter os mesmos resultados mais tarde. À medida que essa ciência da criança se democratiza, a educação infantil ganha prestígio e interessados em investir nela (BRASIL, 2001, p. 7). O PNE de 2001 avança como uma política pública educacional, à medida que legitima um direito, apesar de que ainda não obriga este direito. Nesta perspectiva, ainda há muitos que acreditam que este direito deva ser reservado as mães trabalhadoras como uma ação social, no entanto, a Constituição deixa claro que o direito é educacional, o que acessa o direito da criança. Esse PNE foi uma importante diretriz para que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios elaborassem suas propostas de Planos, atendendo, assim, à Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, considerando que a educação “[...] deve estar presente desde o momento em que a criança nasce como meio e condição de formação, desenvolvimento, integração social e realização pessoa” (VALENTE, 2001, p. 52). As políticas educacionais para a educação infantil no país ganham mais acesso e ações governamentais quando o Ministério da Educação e do Desporto, por meio do Conselho Nacional de Educação, aprova as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. Um documento obrigatório para nortear a elaboração das propostas pedagógicas das instituições públicas e privadas de educação infantil. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil articulam-se com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e reúnem princípios, fundamentos e procedimentos definidos pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, para orientar as políticas públicas na área e a elaboração, planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas e curriculares (BRASIL, 2009, p. 1). O currículo e as propostas deveriam conceber a criança em seus conhecimentos históricos, culturais e sociais adquiridos e a reelaboração dos mesmos no espaço escolar. O artigo 4º das Diretrizes especifica que As propostas pedagógicas da Educação Infantil deverão considerar que a criança, centro do planejamento curricular, é sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2009, p. 1). Segundo Kramer (2000), as propostas pedagógicas elaboradas para a educação infantil devem garantir o desenvolvimento integral destas crianças, uma vez que as mesmas são sujeitos social e histórico inseridos e frutos de uma cultura, de modo que o espaço escolar deve ampliar e proporcionar a aquisição de novos conhecimentos, promover a sua identidade e autonomia, e uma proposta que forme as crianças para que vivam em sociedade como cidadãs e que tenham todos os seus direitos preservados e praticados, de modo que cada membro da sociedade possa interceder por elas. 32WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 Para relembrar e reafirmar a necessidade de políticas públicas que assegurem os direitos que as crianças têm, sugiro que assistam o vídeo de animação: Direitos das Crianças, produzido pela TV Cultura em 1992. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=wmjeNpF1CXc. Acesso em 15.05.2018. Hoje, de acordo com a Lei 12.796, de 4 de abril de 2013, desdobramento da Emenda Constitucional n° 59, de 11 de novembro de 2009, a educação infantil passou a ser obrigatória a partir dos 4 anos de idade, ou seja, a criança tem o direito de não frequentar um centro de educação infantil, público ou privado, até os três anos de idade. Sabemos que esta política pública educacional de obrigatoriedade da educação infantil a partir dos 4 anos de idade demanda uma nova e urgente reorganização dos municípios, pois a estes cabem a responsabilidade em garantir uma educação de qualidade, com profissionais habilitados, infraestrutura adequadas para a faixa etária, reorganização das propostas pedagógicas, bem como da concepção de infância e educação que se tenha. O novo Plano Nacional de Educação – Lei n° 13.005, de 25 de junho de 2014 – apresenta- se como uma versão mais enxuta e objetiva quando comparada com o Plano anterior. Foi sistematizado em 20 metas, perpassando por todas as etapas, níveis e modalidades de ensino. Suas diretrizes, para serem executadas em 10 anos, ou seja, até 2024, efetivam-se em: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; IV - melhoria da qualidade da educação; V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; VI - promoção do princípioda gestão democrática da educação pública; VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; IX - valorização dos (as) profissionais da educação; X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. (BRASIL, 2014, p. 1). Ao abordar a educação infantil, para a criança de 0 a 5 anos, o Plano se propõe a fazer com que todas as crianças nessa faixa etária estejam frequentando um centro de educação infantil. A educação infantil é contemplada na Meta 1 desse Plano e se propõe a Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE (BRASIL, 2014, p. 5). 33WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 No campo das políticas educacionais, este Plano deve ser entendido como um instrumental importante na garantia de direitos tão anteriormente pensados e formulados. No entanto, vale ressaltar todos os entes federados, sociedade civil organizada, professores, pais e crianças devem estar unidos e atentos a esses novos direitos. Conforme nos orienta Molina e Lara (2005, p. 28): Para que isso ocorra, são necessárias políticas educacionais capazes de promover o acesso das crianças pequenas a uma educação infantil de qualidade por intermédio de um número suficiente de vagas em todos os municípios. As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil ressaltam a necessidade de que as propostas pedagógicas contemplem os princípios nela descritos como uma forma de garantir a formação intelectual, pessoal e cidadã destas crianças. O artigo 6º enfatiza que As propostas pedagógicas de Educação Infantil devem respeitar os seguintes princípios: I – Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e singularidades. II – Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática. III – Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais (BRASIL, 2009, p. 2). O artigo 9º da Diretriz enfatiza também a necessidade de se articular as interações sociais e as brincadeiras, pois brincar e interagir são necessidades primárias e principais das crianças. O brincar deve ser prioridade no processo de desenvolvimento intelectual da criança, pois possibilita a mesma uma ampliação e ressignificação do mundo a sua volta. Estas devem desencadear ações que I - promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança; II - favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical; III - possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos; IV - recriem, em contextos significativos para as crianças, relações quantitativas, medidas, formas e orientações espaçotemporais; V - ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades individuais e coletivas; VI - possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar; VII - possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no diálogo e reconhecimento da diversidade; VIII - incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e à Natureza; 34WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 2 IX - promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura; X - promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terra, assim como o não desperdício dos recursos naturais; XI - propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações e tradições culturais brasileiras; XII - possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores, máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos. Parágrafo único - As creches e pré-escolas, na elaboração da proposta curricular, de acordo com suas características, identidade institucional, escolhas coletivas e particularidades pedagógicas, estabelecerão modos de integração dessas experiências (BRASIL, 2009, p. 4). O processo pedagógico de educar e cuidar de crianças, pressupõe que a instituição tenha uma ideologia e um compromisso político articulado com seus ideais de formação de cidadão. Neste processo tudo passa a ter um significado maior e importante, como a formação dos professores que irão trabalhar com esta criança, a utilização dos espaços de aprendizagem, as interações sociais, psicológicas que serão proporcionadas, a afetividade estabelecida entre a crianças e seus pares e os professores. 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS Cada criança é única em seu pensar, brincar, chorar, acalentar. A estas pequenas cidadãs, as políticas públicas educacionais estão sendo construídas nas últimas três décadas. Vimos que o direito educacional a educação às crianças brasileiras são práticas muito recentes em nosso país. As políticas públicas educacionais para as crianças menores de 6 anos são todas desta década, ou seja, ainda estamos engatinhando rumo ao exercício pleno dos direitos, principalmente os da educação infantil. No espaço educacional, nossas crianças terão possibilidade de desenvolverem todas as suas potencialidades intelectuais, físicas, psicológicas e sociais, principalmente se estiverem cercadas de muito afeto, cuidado, brincadeiras, bons profissionais e em ambientes adequados às suas necessidades biológicas e sócias. Assim, ressalto o direito a frequentar o espaço educacional, público ou privado. 3535WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 36 1 - A OBRIGATORIEDADE EDUCACIONAL PRESENTE NA LDB DE 1961 ............................................................. 37 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 48 EDUCAÇÃO BÁSICA - ENSINO FUNDAMENTAL PROF.A MA. GILMARA BELMIRO DA SILVA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: POLÍTICAS EDUCACIONAIS - ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DE ENSINO 36WWW.UNINGA.BR ENSINO A DISTÂNCIA PO LÍ TI CA S ED UC AC IO NA IS - ES TR UT UR A E FU NC IO NA M EN TO D E EN SI NO | U NI DA DE 3 INTRODUÇÃO Um país comprometido com a educação sempre alcança patamares de desenvolvimento geral muito maiores. No campo educacional, as políticas públicas são elaboradas para suprir necessidades de formação dos cidadãos que estarão inseridos na sociedade e nela
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