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Monografia Histórico da Legislação Brasileira na Educação Infantil

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FACULDADE CAMPOS ELISEOS 
DIREITO APLICADO À EDUCAÇÃO 
TATIANE MARION SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2018 
TATIANE MARION SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
 
 
 
Monografia apresentada à Faculdade 
Campos Elíseos como exigência parcial à 
obtenção do título Especialista em Direito 
Aplicado à Educação . 
 
Orientador: Profª Fatima Ramalho Lefone 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2018 
TATIANE MARION SANTOS 
 
 
 
 
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
 
Monografia apresentada à Faculdade 
Campos Elíseos como exigência parcial à 
obtenção do título Especialista em Direito 
Aplicado à Educação . 
 
Orientador: Profª Fatima Ramalho Lefone 
 
 
Aprovado pelos membros da banca examinadora em / / . 
 
 
__________________________________ 
 
 
 
___________________________________ 
 
 
 
___________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos aqueles que 
auxiliaram na realização deste, 
principalmente ao apoio e incentivo que 
foi oferecido pelos familiares 
 
 
 
 
 
 
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NA EDUCAÇÃO 
INFANTIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço aos familiares e amigos pelo 
incentivo, preocupações e o apoio que 
ajudou durante o percorrer do projeto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
"...Em um lugar escuro nos 
encontramos, e um pouco mais de 
conhecimento ilumina nosso 
caminho..." 
 (Yoda, Star Wars) 
RESUMO 
SANTOS, Tatiane Marion. HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA NA 
EDUCAÇÃO INFANTIL. 2018. Monografia (Especialização em Direito Aplicado à 
Educação) – Faculdade Campos Elíseos, São Paulo, 2018. 
 
 
Esta monografia visa compreender a extensão do direito constitucional à educação 
infantil, com base na legislação infraconstitucional vigente. Para tanto, analisaremos 
brevemente a previsão legal do direito à educação como um todo, a fim de analisar 
posteriormente o direito à educação infantil, seguido de uma análise focada na Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação e na Plano Nacional de Educação 
 
Palavras-chave: Direito. Educação Infantil. História. Legislação. Aprendizagem. 
 
 
ABSTRACT 
SANTOS, Tatiane Marion. HISTORY OF BRAZILIAN LEGISLATION IN CHILD 
EDUCATION. 2018. Monograph (Specialization in Law Applied to Education) - 
Faculdade Campos Elíseos, São Paulo, 2018. 
 
 
This monograph aims to understand the extension of the constitutional right to early 
childhood education, based on the infraconstitutional legislation currently in force. In 
order to do so, we will briefly analyze the legal prediction of the right to education as 
a whole, in order to analyze later the right to early childhood education, followed by 
an analysis focused on the Law on Guidelines and Bases of Education and the 
National Education Plan. 
 
Keywords: Law. Child education. History. Legislation. Learning. 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................8 
2 ORIGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL ..................................................................9 
3 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL ................................................................12 
4 O DIREITO Á EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................................15 
5 MARCOS LEGAIS ...............................................................................................20 
6 OS REFERENCIAIS E AS DIRETRIZES CURRICULARES ................................23 
7 CONTEXTO ATUAL .............................................................................................27 
8 CONCLUSÃO .......................................................................................................30 
REFERÊNCIAS .......................................................................................................31 
ANEXO A - Direitos autorais - Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. 
Disposições preliminares .....................................................................................34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
A presente monografia tem por objetivo, dentre outros, promover um 
entendimento sobre o histórico da legislação brasileira que trata da educação em 
geral e, em especial, a Educação Infantil - isto é, o atendimento a crianças de zero a 
cinco anos em creches e pré-escolas -, direito público subjetivo assegurado 
pela Constituição Federal de 1988. Tem por objetivos específicos evidenciar a 
eficácia dessa legislação frente aos desafios enfrentados ao longo dos anos pela 
educação no Brasil, explicar as normas vigentes e os documentos que regem e 
direcionam a educação infantil no país. 
O tema foi escolhido com base no desconhecimento e a desvalorização da 
educação infantil, além de servir como alicerce para uma discussão sobre os 
aspectos fundamentais e históricos de uma modalidade de ensino pouco 
desenvolvida. 
Como uma monografia bibliográfica, busca-se mostrar, pela visão de diversos 
documentos e autores, o que foi e que é a educação infantil na legislação brasileira, 
como é representada, e porque ela é uma conquista tão recente em mérito de leis e 
direitos. 
 
 
9 
 
2 ORIGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
O modo de ver as crianças na Idade Média, era baseado em costumes 
herdados da Antiguidade. O papel delas era definido pelo pai. No mundo grego o 
pai, tinha total controle sobre seus filhos, e isso incluía tirar-lhe a vida, caso o 
rejeitasse. No mundo germânico, além do poder do pai exercido no seio da família, 
existia o poder patriarcal, exercido pela dominação política e social. Nas sociedades 
antigas a existência das crianças, era totalmente nula, no meio social dependia 
totalmente da vontade do pai, podendo, no caso dos deficientes e das meninas, ser 
enviados para prostíbulos ou ser mortas, em outros casos, (as pobres) eram 
abandonadas ou vendidas. Nessa época não havia a valorização da família ela 
existia para a conservação dos bens; a prática comum de um ofício, dessa forma 
não era possibilitada a criação de sentimentos entre pais e filhos. Não havia 
distinção entre crianças e adultos, elas usavam os mesmos tipos de trajes e os 
mesmos modos de linguagem, não existia um sentimento em especial aos mais 
novos, como se fossem adultos em miniaturas. Segundo Piletti e Rossato (2010, 
pg72) “[...] as crianças, antes vistas como ’adultos em miniatura’, tornaram-se 
potencialmente adultos ou sujeitos em desenvolvimento que precisam de 
escolarização[...]”. 
Nos séculos XV e XVI, surgiram novos modelos educacionais que foram 
feitas para responder os desafios estabelecidos pela a maneira como a sociedade 
europeia se desenvolvia. No período Renascentista ocorreu o desenvolvimento 
científico, a expansão comercial e as atividades artísticas, que estimulou o 
surgimento de uma nova educação sobre a criança e sobre como deveriam ser 
educada. A transformação dos países europeus, de uma sociedade agrária- 
mercantil em urbano– manufatureira gerou guerras entre nações e os mais 
prejudicados eram as crianças, vítima de maus tratos, pobreza e abandono. Como 
resposta a esta situação, foram organizando-se serviços de atendimentos 
coordenados por mulheres da comunidade para atender as crianças abandonadas 
por suas famílias ou cujos pais trabalhavam em fábricas, fundiçõese minas 
originadas da Revolução Industrial. Não havia uma proposta instrucional formal, 
então, logo passaram adotar atividades de canto, de memorização e de rezas . 
Estas atividades voltam-se para o desenvolvimento de bons hábitos de 
comportamento, regras morais e de valores religiosos. 
10 
 
Outras iniciativas levaram à criação de instituições para o atendimento de 
criança acima dos 3 anos, na sua maioria filhos de mulheres operárias. Eram os 
asilos e as infant school, assim como as nursery school, surgida em Londres, cujo 
objetivo era combater as péssimas condições de saúdes das crianças 
desfavorecidas daquelas cidades. A proposta básica, a ser passada para os filhos 
dos operários era o ensino, a obediência, a moralidade e a devoção do valor do 
trabalho. O que favoreceu os pioneiros da educação infantil foi a contribuição para 
diminuir os índices da mortalidade entre as crianças que estavam presentes nesse 
período. 
A partir do final do século XVIII, e durante os séculos XIX e XX, a revolução 
industrial trouxe consigo a necessidade da educação infantil, a classe operária 
passou a necessitar de tal educação, que naquela época ainda era vista como o 
cuidar de crianças, sem o ensino sistematizado e obrigatório. Pela massiva 
necessidade das famílias operárias, a escola tornou-se pública, gratuita e 
obrigatória, dando às mães, que trabalhavam na indústria, um local para deixar 
seus filhos. 
A educação infantil no século XX, se inicia com estudos científicos sobre a 
criança que foram realizados por médicos e outros sanitaristas que estiveram mais 
presentes na orientação do atendimento as crianças em instituições não familiares. 
No período, após a primeira Guerra Mundial, há um aumento do número de órfãos e 
as instituições que cuidavam da educação infantil se destacaram, os programas de 
atendimento para a criança pequena a fim de diminuir a mortalidade infantil 
passaram a conviver com os programas nos lares e nas creches orientados por 
especialistas na área de saúde. Na pedagogia e na psicologia destacavam-se 
ideias, com relação a infância, o valor positivo de respeito à natureza. 
Impulsionando uma renovação escolar levando ao Movimento da Escola Nova. 
Movimento que se posicionavam contra a concepção que a escola deveria preparar 
para a vida com visão centrada no adulto, sem levar em consideração o 
pensamento infantil e as necessidades da própria infância. No campo da psicologia 
uma série de autores contribuíram para a compreensão e a promoção do 
desenvolvimento das crianças pequenas, Vygostsky (1896-1934) na década de 20 e 
30, Wallon (1879-1962) na primeira metade do século XX e Piaget (1896-1980). 
11 
 
Já com novas descobertas outros ideais, como o construtivismo de 
Constance Kamii, os trabalhos sobre a psicogênese da língua escrita de Emília 
Ferreiro, além da contribuição dos estudos com bebês realizados por Trevarthen e 
Bruner na psicologia e psicolinguística, surge a necessidade da contribuição de 
sociólogos e antropólogos na transformação da maneira de como a educação 
infantil deveria ser pensada, levando a grandes transformações e questionamentos, 
que culmina nos educadores repensarem a sua prática. De um ser sem importância, 
a criança, passa a ser um indivíduo de grande relevância na sociedade, com diretos 
e que precisa ter suas necessidades físicas, cognitivas, psicológicas e emocionais 
supridas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
3 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL 
 
Diferentemente dos países europeus, no Brasil, as primeiras tentativas de organização de 
uma educação infantil surgiram com um caráter assistencialista, com o intuito de auxiliar as 
mulheres que trabalhavam fora de casa e as viúvas desamparadas. Outro elemento que contribuiu 
para o surgimento dessas instituições foram as iniciativas de acolhimento aos órfãos abandonados 
que, apesar do apoio da alta sociedade, tinham como finalidade esconder a vergonha da mãe 
solteira. Numa sociedade patriarcal, a idéia era criar uma solução para os problemas dos homens, 
ou seja, retirar dos mesmos a responsabilidade de assumir a paternidade. Considerando que, 
nessa época, não se tinha um conceito bem definido sobre as especificidades da criança, a mesma 
era tida como um objeto, sem valor próprio de ser humano. 
As iniciativas voltadas para a criança, de principio, tiveram um caráter higienista, o trabalho 
era realizado por médicos e damas beneficentes, e se voltava contra o alto índice de mortalidade 
infantil, que era atribuída aos nascimentos ilegítimos da união entre escravas e senhores e a falta 
de educação física, moral e intelectual das mães. Fatores como o alto índice de mortalidade infantil, 
a desnutrição generalizada e o número significativo de acidentes domésticos, fizeram com que 
alguns setores da sociedade, dentre eles os religiosos, os empresários e educadores, começassem 
a pensar num espaço de cuidados da criança fora do âmbito familiar. 
 
Enquanto para as famílias mais abastadas pagavam uma babá, as 
pobres se viam na contingência de deixar os filhos sozinhos ou colocá-
los numa instituição que deles cuidasse. Para os filhos das mulheres 
trabalhadoras, a creche tinha que ser de tempo integral; para os filhos 
de operárias de baixa renda, tinha que ser gratuita ou cobrar muito 
pouco; ou para cuidar da criança enquanto a mãe estava trabalhando 
fora de casa, tinha que zelar pela saúde, ensinar hábitos de higiene e 
alimentar a criança. A educação permanecia assunto de família. Essa 
origem determinou a associação creche, criança pobre e o caráter 
assistencial da creche. (DIDONET, 2001, p. 13). 
 
É interessante ressaltar que, ao longo das décadas, arranjos alternativos foram se 
constituindo no sentido de atender às crianças das classes menos favorecidas. Uma das 
instituições brasileiras mais duradouras de atendimento à infância, que teve seu início antes da 
criação das creches, foi a roda dos expostos ou roda dos excluídos. Esse nome provém do 
dispositivo onde se colocavam os bebês abandonados e era composto por uma forma cilíndrica, 
dividida ao meio por uma divisória e fixado na janela da instituição ou das casas de misericórdia. 
Assim, a criança era colocada no tabuleiro pela mãe ou qualquer outra pessoa da família; essa, ao 
girar a roda, puxava uma corda para avisar a rodeira que um bebê acabava de ser abandonado, 
retirando-se do local e preservando sua identidade. 
Ainda no final do século XIX com a Abolição e a Proclamação da República, a sociedade 
abre portas para uma nova sociedade, impregnada de ideias capitalistas e urbano-industriais. Neste 
período, o país era dominado pela intenção de determinados grupos de diminuir a apatia que 
dominava as esferas governamentais quanto ao problema da criança. Se, por um lado, os 
programas de baixo custo, voltados para o atendimento às crianças pobres, surgiam no sentido de 
13 
 
atender às mães trabalhadoras que não tinham onde deixar seus filhos, a criação dos jardins de 
infância foi defendida. 
As tendências que acompanharam a implantação de creches e jardins de infância, no final 
do século XIX e durante as primeiras décadas do século XX no Brasil, foram: a jurídico-policial, que 
defendia a infância moralmente abandonada, a médico-higienista e a religiosa, ambas tinham a 
intenção de combater o alto índice de mortalidade infantil tanto no interior da família como nas 
instituições de atendimento à infância. Na realidade, cada instituição “[...] apresentava as suas 
justificativas para a implantação de creches, asilos e jardins de infância onde seus agentes 
promoveram a constituição de associações assistenciais privadas” (KUHLMANN Jr., 1998, p. 88). 
Devido a muitos fatores, como o processo de implantação da industrialização no país, a 
inserção da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho e a chegada dos imigrantes europeus 
no Brasil, os movimentos operários ganharamforça. Eles começaram a se organizar nos centros 
urbanos mais industrializados e reivindicavam melhores condições de trabalho; dentre estas, a 
criação de instituições de educação e cuidados para seus filhos. 
 Ao longo das décadas, as poucas conquistas não se fizeram sem conflitos. Com o avanço 
da industrialização e o aumento das mulheres da classe média no mercado de trabalho, aumentou 
a demanda pelo serviço das instituições de atendimento à infânciaos movimentos feministas que 
partiram dos Estados Unidos tiveram papel especial na revisão do significado das instituições de 
atendimento à criança, porque as feministas mudaram seu enfoque, defendendo a idéia de que 
tanto as creches como as pré- escolas deveriam atender a todas as mulheres, independentemente 
de sua necessidade de trabalho ou condição econômica. Kramer (1995, p. 24), ao discutir esse 
assunto, ressalta que o discurso do poder público, em defesa do atendimento das crianças das 
classes menos favorecidas, parte de determinada concepção de infância. A idéia é a de que as 
crianças oriundas das classes sociais dominadas são consideradas “[...] carentes, deficientes e 
inferiores na medida em que não correspondem ao padrão estabelecido; faltariam a essas crianças 
privadas culturalmente, determinados atributos ou conteúdos que deveriam ser nelas incutidos”. Por 
esse motivo e a fim de superar as deficiências de saúde e nutrição, assim como as deficiências 
escolares, são oferecidas diferentes propostas no sentido de compensar tais carências. Nessa 
perspectiva, a pré-escola funcionaria, segundo a autora, como mola propulsora da mudança social, 
uma vez que possibilitaria a democratização das oportunidades educacionais. 
 
Ambas as funções podem ser desmistificadas. Ao nível da primeira 
função, considera-se a educação como promotora da melhoria social, o 
que é uma maneira de esconder os reais problemas da sociedade e de 
evitar a discussão dos aspectos políticos e econômicos mais 
complexos. A proposta que ressurge, de elaborar programas de 
educação pré-escolar a fim de transformar a sociedade no futuro, é uma 
forma de culpar o passado pela situação de hoje e de focalizar no futuro 
quaisquer possibilidades de mudança. Fica-se, assim, isento de realizar 
no presente ações ou transformações significativas que visem a atender 
às necessidades sociais atuais (KRAMER, 1995, p. 30). 
 
Enquanto as instituições públicas atendiam às crianças das camadas mais populares, as 
propostas das particulares, de cunho pedagógico, funcionavam em meio turno, dando ênfase à 
14 
 
socialização e à preparação para o ensino regular. Nota-se que as crianças das diferentes classes 
sociais eram submetidas a contextos de desenvolvimento diferentes, já que, enquanto as crianças 
das classes menos favorecidas eram atendidas com propostas de trabalho que partiam de uma 
idéia de carência e deficiência, as crianças das classes sociais mais abastadas recebiam uma 
educação que privilegiava a criatividade e a sociabilidade infantil (KRAMER, 1995). 
Com a preocupação de atendimento a todas as crianças, independente da sua classe 
social, iniciou-se um processo de regulamentação desse trabalho no âmbito da legislação.
15 
 
4 O DIREITO Á EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
Estar na escola é um direito de toda criança desde o seu nascimento. Este 
direito está assegurado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e registrado 
também na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). No Brasil, a educação 
infantil, etapa inicial da educação básica, atende crianças de zero a cinco anos. Na 
primeira fase de desenvolvimento, dos zero aos três, as crianças são atendidas nas 
creches ou instituições equivalentes. A partir daí até completar seis anos, 
frequentam as pré-escolas. Em vez de serem consideradas como ação de 
assistência social ou de apoio às mulheres trabalhadoras, estas instituições passam 
a fazer parte de um percurso educativo que deve se articular com os outros níveis 
de ensino formal e se estender por toda a vida. 
A educação infantil deve atuar sobre dois eixos fundamentais: a interação e a 
brincadeira. O ambiente escolar também deve refletir esta preocupação. A indicação 
é que o espaço seja dinâmico, vivo, “brincável”, explorável, transformável e 
acessível para todos. 
Não há uma regulamentação específica sobre como devem funcionar as 
creches, valendo para elas as mesmas diretrizes da segunda etapa da educação 
infantil. Entretanto, o ECA garante que o Estado pode ser acionado judicialmente 
caso não atenda a demanda existente. 
De acordo com a LDB, os municípios são responsáveis pela oferta e a gestão 
da educação infantil. No caso das creches, a legislação permite que instituições 
privadas sem fins lucrativos façam parte do sistema público, oferecendo atendimento 
gratuito. Para isso, deve ser firmado um convênio ou outro tipo de parceria público-
privada entre a Prefeitura e a instituição. 
As crianças têm direito à brincadeira, à atenção individual, a um ambiente 
aconchegante, seguro e estimulante, ao contato com a natureza, a higiene e à 
saúde, a uma alimentação sadia, entre outros. Também registram que as crianças 
têm direito a atenção especial nos períodos de adaptação à creche. 
A educação é um direito de todos e dever do Estado e da família, conforme 
determina a Constituição Federal. Ela determina que os Municípios é que devem 
atuar de maneira prioritária no ensino fundamental e na educação infantil (art. 211, § 
2º, CF). 
16 
 
E o acesso ao direito constitucional à educação inicia com a educação 
infantil, que deve ser ofertado em creches e pré-escolas, às crianças até 5 (cinco) 
anos de idade, nos termos do inciso IV do art. 208 da Constituição. Na mesma linha, 
o art. 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069/90), impõe que "É 
dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público 
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes [...] à 
educação". Em complementação, o art. 54, inciso IV, do Estatuto da Criança e do 
Adolescente determina que o Estado deve assegurar "atendimento em creche e pré-
escola às crianças de zero a seis anos de idade". 
Da mesma forma, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional prevê o 
direito à educação e o dever de educar, nos seguintes termos: 
 
Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado 
mediante a garantia de: 
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) 
anos de idade, organizada da seguinte forma: (Redação dada pela Lei nº 
12.796, de 2013) 
a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) 
b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) 
c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) 
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de 
idade; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) 
 
Interpretando-se os referidos dispositivos legais, constata-se que a 
legislação atual assegura o direito à educação às crianças de zero a cinco anos de 
idade, que deve ser garantido através do acesso a creches e/ou pré-escolas. 
Também se extrai da legislação supracitada que não há garantia de educação 
infantil em período integral, embora temos visto decisões judiciais nesse sentido nos 
nossos Tribunais Superiores. 
Sobre a oferta de vagas em creches e pré-escolas em período integral, é 
importante destacar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei n. 
9.394/1996 – alterada pela Lei n. 12.796/2013, trouxe significativa alteração na 
educação infantil, ao estabelecer em seus artigos 30 e 31 que: 
 
Art. 30. A educação infantil será oferecida em: 
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de 
idade; 
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. 
(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) [grifei] 
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes 
regras comuns:(Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) 
17 
 
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das 
crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino 
fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) 
II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um 
mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; (Incluído pela Lei nº 
12.796, de 2013) 
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para 
o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; (Incluído pela 
Lei nº 12.796, de 2013) 
IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida 
a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de horas; 
(Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) 
V - expedição de documentação que permita atestar os processos de 
desenvolvimento e aprendizagem da criança. (Incluído pela Lei nº 12.796, 
de 2013) 
 
Como se vê, a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação, com as 
alterações promovidas no ano de 2013, estabeleceu a jornada parcial ou integral 
para a educação infantil. Vale dizer, se a própria Lei Federal estabelece o turno 
parcial para a educação infantil, não há como obrigar o Poder Público a fornecer 
vagas em período integral, tendo em vista que tal oferta depende da disponibilidade 
e discricionariedade da administração pública, que precisa administrar os seus 
escassos recursos para atender o maior número possível de crianças e garantir o 
direito à educação de todas, com base nos princípios da razoabilidade e 
proporcionalidade. 
Embora atualmente não exista lei que garanta o período integral na 
educação infantil, o Plano Nacional de Educação prevê como meta da educação no 
nosso país que seja implementado o ensino infantil integral. Porém, frisa-se que se 
trata de uma “meta” a ser atingida com o decorrer dos anos, até porque o Plano 
Nacional de Educação de 2014 tem vigência por 10 (dez) anos, conforme dispõe o 
art. 1º da Lei n. 13.005/14. 
A respeito das metas previstas no Plano Nacional de Educação – Lei n. 
13.005/14, destaca-se: 
 
Meta 1: Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as 
crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de 
educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% 
(cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da 
vigência deste PNE. [...] 
Meta 6: Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% 
(cinquenta por cento) das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 
25% (vinte e cinco por cento) dos (as) alunos (as) da educação básica. 
Logo, a mencionada lei definiu como estratégias para o cumprimento 
dessas metas, entre outras, as seguintes: 
18 
 
1.1) definir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios, metas de expansão das respectivas redes 
públicas de educação infantil segundo padrão nacional de qualidade, 
considerando as peculiaridades locais; 
[...] 
6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de educação básica pública 
em tempo integral, por meio de atividades de acompanhamento pedagógico 
e multidisciplinares, inclusive culturais e esportivas, de forma que o tempo 
de permanência dos (as) alunos (as) na escola, ou sob sua 
responsabilidade, passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias 
durante todo o ano letivo, com a ampliação progressiva da jornada de 
professores em uma única escola; 
 
Como se vê, a própria Lei Federal que disciplina o Plano Nacional de 
Educação, ao estabelecer diretrizes para a universalização da educação infantil até 
o ano de 2016, esclarece que as medidas serão alcançadas com o apoio da União, 
entre todas as esferas do governo. 
Das referidas estratégias, conclui-se que a partir da vigência da Lei n. 
13.005/14, novos programas devem ser implementados pelo Governo Federal, a fim 
de viabilizar a criação de novos estabelecimentos e com isso o aumento de número 
de vagas nas creches e pré-escolas. Da análise dos dispositivos mencionados, não 
se mostra razoável sejam os Municípios obrigados a oferecer vagas em período 
integral no âmbito da educação infantil. A propósito, o Tribunal de Justiça de Santa 
Catarina já se manifestou no sentido de que o sistema educacional brasileiro não 
adota a educação em período integral. Vejamos: 
 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA - MATRÍCULA DE CRIANÇAS DE ZERO A CINCO 
ANOS DE IDADE EM CRECHE E PRÉ-ESCOLA – OBRIGAÇÃO DO 
MUNICÍPIO – AFRONTA AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS 
PODERES – INOCORRÊNCIA – DIREITO INDIVIDUAL INDISPONÍVEL 
GARANTIDO NOS ARTS. 6º E 208, IV, DA CRFB – CLÁUSULA DA 
RESERVA DO POSSÍVEL - AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO - OBRIGAÇÃO DE 
ATENDIMENTO EM PERÍODO INTEGRAL - AUSÊNCIA DE NORMA 
FIXANDO ESSA OBRIGAÇÃO - PRECEDENTE DESTE SODALÍCIO - 
REFORMA DA SENTENÇA PARA EXCLUIR ESSA OBRIGAÇÃO - 
IMPROVIMENTO DA REMESSA E PROVIMENTO PARCIAL DA 
APELAÇÃO CÍVEL. 
[...] "Contudo, o sistema educacional brasileiro não adota, com 
obrigatoriedade, a educação em período integral. O art. 34 da Lei das 
Diretrizes e Bases da Educação dispõe que a jornada escolar no ensino 
fundamental deve ser de, no mínimo, quatro horas diárias e, de acordo com 
as possibilidades do ente público, este período deve ser ampliado, porém 
nada dispõe sobre o tempo de permanência das crianças no ensino infantil. 
É importante ressaltar que não se defende a educação em apenas um 
período. Talvez, o ideal para os infantis seria o acesso à creche e à pré-
escola em período integral, porém é preciso valer-se dos princípios da 
razoabilidade e da proporcionalidade e adequar-se ao caso concreto." 
[...] (Apelação n. Apelação Cível n. 2010.033282-9, de Blumenau. Relator: 
Des. Sérgio Roberto Baasch Luz. Julgado em 04-08-2010) [grifei] 
19 
 
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA VISANDO AO 
ATENDIMENTO, EM PERÍODO INTEGRAL, A TODAS AS CRIANÇAS DE 
ZERO A CINCO ANOS EM ESTABELECIMENTOS DE EDUCAÇÃO 
INFANTIL - MUNICÍPIO SUPRE A DEMANDA DE VAGAS, MAS EM 
APENAS UM PERÍODO POR FALTA DE SUPORTE ORÇAMENTÁRIO E 
FINANCEIRO - DIREITO FUNDAMENTAL À EDUCAÇÃO ASSEGURADO -
 PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE -
 INTERESSE PÚBLICO - DESPROVIMENTO DO APELO. 1. "Tendo em 
conta os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, a imposição de 
obrigações de fazer a ser imposta aos diversos poderes nas esferas federal, 
estadual e municipal exige moderação, a partir do cuidado quando da 
elaboração das políticas públicas e orçamentárias". (REsp 782196/SP, rel. 
Min. Eliana Calmon, j. em 13-3-2007.) (TJSC, Apelação Cível n. 
2007.060895-5, de Campo Belo do Sul, rel. Des. Orli Rodrigues, j. 24-06-
2008). [grifei] 
Extrai-se do voto do acórdão supracitado: 
“[...] no presente caso, não há se falar em violação de direito fundamental, 
visto que restou incontroverso que o Município garante o atendimento às 
crianças de zero a cinco anos, disponibilizando-lhes vagas em 
estabelecimentos de educação infantil, porém nunca em período 
integral. 
A Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei das 
Diretrizes e Bases da Educação são claros ao dispor que o Município tem o 
dever de assegurar o atendimento a todas as crianças de zero a cinco anos 
em creches e pré-escolas. Contudo, o sistema educacional brasileiro não 
adota, com obrigatoriedade, a educação em período integral.” [grifei] 
 
Em que pese o teor do posicionamento supracitado, o que se tem visto na 
prática destoa desse entendimento, pois são reiteradas as decisões dos Tribunais 
Superiores determinando a garantia de vaga pelo Poder Público Municipal na 
educação infantil em período integral, ainda que inexista previsão legal nesse 
sentido. A título de exemplo, são as decisões proferidas pelo Egrégio Tribunal de 
Justiça de Santa Catarina: Reexame Necessário em Mandado de Segurança n. 
2014.030156-5; n. 2014.027978-7; Apelação Cível em Mandado de Segurança n. 
2013.078936-4. No entanto, enfatiza-se que a legislação em vigor queregulamenta 
o direito constitucional à educação, embora preveja expressamente a garantia do 
direito à educação infantil, não obriga que o ensino seja ofertado pelo Poder Público 
em período integral. 
Por fim, colaciona-se o teor do Enunciado 269 (AI V), aprovado no XI 
Congresso Brasileiro de Procuradores Municipais, realizado na cidade do Rio de 
Janeiro – RJ, no mês de novembro de 2014: “EDUCAÇÃO INFANTIL – TEMPO 
INTEGRAL. Não há dispositivo constitucional ou na Lei 9394/1996 que obrigue os 
Municípios a oferecer a educação infantil em tempo integral.” 
 
 
20 
 
5 MARCOS LEGAIS 
 
A educação infantil é um direito constitucional de todas as crianças que 
vivem no Brasil. A emenda nº 59/2009 alterou os incisos I e VII do artigo 208 da 
Constituição, determinando a obrigatoriedade da educação básica dos 4 aos 17 
anos de idade. Por consequência, a matrícula tornou-se obrigatória a partir da pré-
escola, sendo o acesso à creche um direito de todas as crianças de 0 a 3 anos. A 
resolução nº 5/2009 Site externo do Conselho Nacional de Educação (CNE) 
estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI). 
Assim, as creches e pré-escolas passaram a se constituir em estabelecimentos 
educacionais, públicos ou privados, destinados à educação das crianças de 0 a 5 
anos de idade, por meio da implementação de proposta pedagógica elaborada, que 
visa o pleno desenvolvimento das crianças em seus aspectos físico, psicológico, 
moral, intelectual e social, aplicada por professores habilitados, superando o modelo 
assistencialista e fragmentado, divorciado do sistema educacional. 
Essa formação deve ser assegurada e garantida com prioridade pelo 
Estado, como dispõem a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do 
Adolescente (lei nº 8069/90), sua finalidade é ofertar os primeiros ensinamentos e 
instrução para a consecução de um saudável e solido desenvolvimento infanto-
juvenil. 
A resolução CNE/CEB nº 5/09 define a educação infantil como a primeira 
etapa da educação básica, e estabelece que que seja aplicada em espaços 
institucionais não domésticos que, de modo indissociável, devem educar e cuidar 
das crianças, nos períodos diurno ou vespertino, com no mínimo 4 horas diárias, ou 
em tempo integral, com carga horaria diária de sete ou mais horas. 
Em frente a essa nova realidade legislativa, o Estado e a família, 
determinam a busca da garantia de modo integral a educação infantil, não 
contestando o direito da criança de tê-la. A Constituição Federal de 88, implementou 
o entendimento de que é dever do Estado a garantia dessa modalidade educacional, 
sendo ela publica, gratuita, de qualidade e que se estabeleça perto da residência 
das crianças. Esse direito foi reforçado, em 1990, pelo Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA), que implementou no Brasil a Doutrina Jurídica de Proteção 
Integral à Criança, aprovada pela ONU em 1989, em sua Convenção Internacional 
dos Direitos da Infância. 
21 
 
A nova formulação da Educação Infantil, se tornou mais forte após o MEC 
publicar vários documentos, para a base de uma nova política nacional, como: “Por 
uma política de formação do profissional da educação infantil”; “Política nacional de 
educação infantil e critérios para um atendimento em creches e pré-escolas que 
respeitem os direitos fundamentais das crianças”. Eles expunham diversas 
propostas de mudança em relação a educação infantil, que em sua maioria 
vigoraram na LDB (Leis de Diretrizes e Bases da Educação), de 1996. 
A LDB por sua vez passou a ver legalmente a educação infantil como a 
primeira etapa da educação básica, em que a avaliação não tem mérito 
classificatório e de promoção. Há, ainda, na LDB outros artigos que tratam do 
atendimento de crianças na educação infantil: artigo 4º (incluído pela lei federal nº 
11.700, de 2008); artigo 31 (trata dos procedimentos de avaliação na educação 
infantil)62 e 63 (ambos tratam da lócus de formação docente para atuar na 
educação infantil. 
 
Art. 31 “Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante 
acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, 
mesmo para acesso ao ensino fundamental”. Art. 62 “A formação de docente para 
atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de 
graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, 
como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas 
quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na 
modalidade normal. 
 
Outro marco importante é o Plano Nacional de Educação (PNE) de 2001, 
que firmou o entendimento de que prevalece o princípio da correponsabilidade entre 
as três esferas governamentais (municio, estado e país), e a família. A articulação 
da relação escola-família visa o conhecimento mutuo de processos educacionais, 
valores e expectativas, de forma que a educação familiar e a escolar sejam 
complementares uma à outra, produzindo aprendizagens profundas, amplas e 
coerentes. 
Em razão do PNE, o MEC definiu, em 2006, uma nova Política Nacional de 
Educação Infantil, publicada em um documento que contém suas diretrizes, seus 
objetivos, suas metas e suas estratégias. No mesmo ano, o ministério estabeleceu 
22 
 
os Parâmetros Nacionais de Infraestrutura para as instituições de educação infantil, 
com concepções de reforma e adaptação dos espaços onde se realiza tal atividade. 
Em 2009, foram criados os Indicadores de Qualidade na Educação Infantil um 
instrumento de autoavaliação realizado por meio de um processo participativo e 
aberto a toda comunidade. 
O direito à educação infantil continuou se expandindo vagarosa e 
ininterruptamente, e esse processo se ampliou com a aprovação da emenda 
constitucional nº59 de 11 de novembro de 2009, que determinou a universalização 
da pré-escola e do ensino médio, tornando obrigatória a matricula para crianças e 
jovens entre quatro e 17 anos de idade, e concedeu o prazo de até 2016 para as 
redes de ensino se adaptarem a nova regra. 
Embora tenha havido um crescimento significativo do atendimento na 
educação infantil, dados fornecidos pela Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílios (PNAD/IBGE), de 2006, apontava que, apenas, 14,5% da população de 
zero a três anos estava sendo atendida em creches, contrariando a meta 
estabelecida no PNE, que buscava 30%. Um ponto a se ressaltar é que muitas 
creches funcionam precariamente, não tendo estrutura, nem recursos o suficiente 
para produzir um local adequado de acordo com as legislações. De acordo com o 
Censo Escolar para o ano de 2010 (INEP), a matrícula na educação infantil 
contabilizava 6.762.631 atendimentos. Destes, a grande maioria estava sob a 
responsabilidade das municipalidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
6 OS REFERENCIAIS E AS DIRETRIZES CURRICULARES 
 
Em 1998, o MEC publicou o Referencial Curricular Nacional para a Educação 
Infantil (RCNEI). Esse material é uma contribuição para o professor de Educação 
Infantil, sendo um conjunto de reflexões, cujo objetivo é servir de subsídio para a 
construção de propostas curriculares, mas que não deve ser entendido como um 
manual a ser seguido. Ele, ao mesmo tempo afirma que as crianças têm direito, 
antes de tudo, de viver experiências prazerosas nas instituições e que, portanto, os 
trabalhos educativos devem levar em consideração as especificidades afetivas, 
emocionais e cognitivas das crianças e a qualidade das experiências oferecidas com 
base nos seguintes princípios: 
 
I- O respeito à dignidade e aos direitos das crianças, consideradas nas suas 
diferenças individuais, sociais, econômicas, culturais, étnicas, religiosas etc; 
 II- O direito das crianças de brincar, como modo particular de expressão, 
pensamento, ç e comunicação infantil; 
III- O acesso das crianças aos bens socioculturais disponíveis, ampliando odesenvolvimento das capacidades relativas à expressão, à comunicação, à 
interação social, ao pensamento, à ética e a estética; 
IV- A socialização das crianças por meio de sua participação e sua inserção 
nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie 
alguma; 
V- O atendimento aos cuidados essenciais associados à sobrevivência e ao 
desenvolvimento de sua identidade. (PILLETI; ROSSATO, 2010, pg 80 e 
81) 
 
O RCNEI é composto de temas agrupados em três volumes. O primeiro traz 
reflexões sobre as creches e pré-escolas brasileiras, a infância e a 
profissionalização dos educadores. O segundo trata dos processos de construção da 
identidade e autonomia das crianças. O terceiro traz textos sobre os eixos e temas 
que podem ser trabalhados na Educação Infantil. 
O Referencial, reforça que as creches não devem ser simplesmente espaços 
de cuidados com a criança e que as pré-escolas não se limitem a preparar para a 
alfabetização. Ao contrário, cuidar e aprender devem estar interligados desde o 
início, sugere que o trabalho seja articulado em três eixos: a brincadeira, o 
movimento e as relações afetivas que as crianças desenvolvem. Por meio desses 
três eixos, as propostas pedagógicas podem lidar com seis áreas diferentes: artes 
24 
 
visuais, movimento, natureza e sociedade, linguagem oral e escrita, matemática e 
música. 
Uma das críticas feita aos RCNEI , da ênfase no fato de sua redação 
definitiva atropelar o processo sobre o qual centenas de educadores da educação 
infantil opinaram, desvinculando certa parte da realidade. 
Em 26 de dezembro de 1996, o legislador infraconstitucional, atendendo ao 
compromisso do legislador constituinte de 1988, referente ao direito do cidadão à 
educação, agasalhados na Constituição Federal nos artigos 205 a 214 , editou a Lei 
nº 9.394 /96 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Nesse sentido, dispõe 
em seu artigo 1º que a educação abrange os processos formativos que se 
desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições 
de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e 
nas manifestações culturais. No artigo seguinte (artigo 2º), ao dispor sobre os 
princípios e fins da educação nacional, destacou o papel da família e do Estado, 
leia-se, do Poder Público em promover a educação como processo de reconstrução 
da experiência, sendo, portanto, um atributo da pessoa humana e, por isso, comum 
a todos. 
Na esteira desse entendimento, o artigo 4º, inciso IV assegura a educação 
escolar pública com atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de 
zero a seis anos de idade. Por outro lado, através de uma interpretação sistemática 
em face do disposto no artigo 30 desta Lei, a Educação Infantil não integra 
propriamente o domínio fundamental do ensino, por motivo de que na Educação 
Infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu 
desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino 
fundamental. A partir das interações que estabelece com pessoas próximas, a 
criança constrói o conhecimento. A família, primeiro espaço de convivência do ser 
humano, é um ponto de referência fundamental para a criança pequena, onde se 
aprende e se incorporam valores éticos, onde são vivenciadas experiências 
carregadas de significados afetivos, representações, juízos e expectativas. 
O artigo 10 , inciso VI da LDB dispõe sobre as atribuições dos Estados em 
assegurar, com prioridade, o ensino fundamental. Assim, as disposições 
constitucionais do artigo 211, §§ 2º, 3º e 4º, harmonizam-se no sentido de que, se 
por um lado, os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na 
25 
 
Educação Infantil (artigo 211, § 1º), os Estados e o Distrito Federal atuarão 
prioritariamente no ensino fundamental e médio (artigo 211, § 3º). De outro lado, o 
artigo 211 , § 4º , acrescentado através da Emenda Constitucional nº 14 /96 dispõe 
que na organização de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de 
colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. Isto 
significa dizer, que o Município somente poderá prestar Educação Infantil e superior 
e os Estados ensino médio e superior, uma vez atendida plenamente a demanda 
pelo ensino fundamental, único estritamente obrigatório. Esta previsão encontra-se 
insculpida no artigo 11 , inciso V , da LDB ao dispor que os Municípios incumbir-se-
ão de oferecer a Educação Infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o 
ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente 
quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de 
competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados 
pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. 
O artigo 22 da LDB que trata da educação básica expressa apenas duas 
finalidades: a) fornecer ao aluno a formação comum indispensável para o exercício 
da cidadania ; b) fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos 
posteriores . Nesse contexto, a Educação Infantil, na qualidade de ramo da 
educação básica, alberga, necessariamente, estas finalidades. 
Não podemos deixar de mencionar nesse espaço a garantia à educação aos 
portadores de deficiência, hodiernamente chamados de portadores de necessidades 
especiais. O Brasil tem uma importante legislação neste campo. A Constituição 
Federal estabelece, no artigo 208 , inciso III , que é dever do Estado garantir o 
atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino. Essa determinação é ratificada por leis 
posteriores: Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei nº 8.069 /90, Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) Lei nº 9.394 /96 e, Decreto 
nº 3.298 , de 20 de dezembro de 1999. 
Na LDB, a educação especial (artigo 58) é caracterizada como uma 
modalidade de educação escolar. Garante o atendimento em classes, escolas ou 
serviços especializados sempre que não for possível a integração nas classes 
comuns de ensino regular. Prevê ainda que a oferta de educação especial tem início 
na faixa etária de zero a seis anos de idade, durante a Educação Infantil. O artigo 
26 
 
59, inciso III, determina que os sistemas de ensino assegurarão professores com 
especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento 
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a 
integração desses educandos nas classes comuns. 
 Segundo as DCNEI, a educação deve propiciar, por meio de seu currículo, a 
articulação entre a experiência e os saberes das crianças, promovendo uma 
integração progressiva, prazerosa e lúdica das atividades de comunicação com o 
ambiente escolarizado, a fim de ensejar o desenvolvimento, a socialização e a 
constituição de identidades singulares e protagonistas das próprias ações. As 
propostas pedagógicas de educação infantil devem respeitar os seguintes princípios: 
 
a) éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do respeito 
ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, identidades e 
singularidades; 
b) políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do 
respeito à ordem democrática; 
c) estéticos: da sensibilidade, da criatividade, do lúdico e da liberdade de 
expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais. (PILLETI, 
ROSSATO, 2010, pg 82) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
7 CONTEXTO ATUAL 
 
Em 2013, havia aproximadamente 50 milhões de estudantes matriculados na 
Educação Básica no Brasil, incluindo os alunos do ensino regular, da Educação de 
Jovens e Adultos e da Educação Especial, de acordo com o Censo Escolar 
(Inep/MEC). A rede pública é responsável por mais de 80% dessas matrículas, 
principalmente no âmbito municipal. Na Educação Básica, esses alunos estudam em 
cercade 200 mil estabelecimentos, com mais de 2 milhões de docentes. Os 
números relativos à educação no Brasil vêm apresentando significativas conquistas. 
Em 2013, 93,6% das crianças e jovens entre quatro e 17 anos estavam matriculados 
e frequentando a escola, ou já tinham concluído o Ensino Médio – uma taxa de 
atendimento que vem crescendo ano a ano. As taxas de abandono vêm decaindo, 
assim como as taxas de distorção idade-série. 
Atualmente, o investimento público direto na Educação Básica é de 4,7% do PIB, a 
maior taxa desde 2000, e o gasto médio por aluno é de R$ 5.495, de acordo com 
estimativa do Todos pela Educação. 
Os desafios, tanto relativos à universalização quanto à qualidade, afetam 
principalmente a parcela mais carente da sociedade: os mais pobres, os negros e os 
indígenas, a população do campo e as crianças com deficiência. É fundamental que 
a busca da melhoria do ensino leve em conta o princípio da equidade, pois a 
desigualdade educacional é um legado histórico e ainda uma marca do país. Desse 
modo, inclusão e qualidade devem andar juntas no campo da educação. 
O país vem buscando reverter esse cenário, aprovando importantes medidas 
nos últimos anos. A aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da 
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), em 
2006, foi um importante passo na busca pela ampliação das vagas e do atendimento 
na Educação Básica, principalmente na Educação Infantil, que não estava incluída 
no antigo Fundef. 
Em 2008, foi instituído o piso salarial nacional para os profissionais do 
magistério público da Educação Básica. Apesar de importante conquista, a lei ainda 
não é adotada em sete estados e é adotada apenas parcialmente em outros 14 
estados brasileiros, de acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em 
28 
 
Educação (CNTE). Ainda no final da década passada, foi aprovada a Emenda 59, 
que tornou a educação obrigatória para crianças de quatro a 17 anos. 
Em junho de 2014, a aprovação do novo Plano Nacional de Educação (PNE) 
após mais de três anos de discussão foi uma importante conquista do setor. O PNE 
aponta para diretrizes, metas e estratégias a serem cumpridas nos próximos dez 
anos. Para o acompanhamento dessas metas, 21 organizações da sociedade civil e 
do governo lançaram o Observatório do PNE, com indicadores atualizados sobre 
cada uma das 20 metas propostas no plano. 
Um ponto importante de se ressaltar não só em relação à educação infantil é 
a criação de uma Base Nacional Comum Curricular, a BNCC, para a Educação 
Infantil e Ensino Fundamental, aprovada e homologada em dezembro de 2017 . É 
um documento que visa a nortear o que é ensinado nas escolas do Brasil 
inteiro, englobando todas as fases da educação básica, desde a Educação Infantil 
até o final do Ensino Médio. Trata-se de uma espécie de referência dos objetivos de 
aprendizagem de cada uma das etapas de sua formação. Longe de ser um 
currículo, a Base Nacional é uma ferramenta que visa a orientar a elaboração do 
currículo específico de cada escola, sem desconsiderar as particularidades 
metodológicas, sociais e regionais de cada uma. 
Isso significa que a Base estabelece os objetivos de aprendizagem que se 
quer alcançar, por meio da definição de competências e habilidades essenciais, 
enquanto o currículo irá determinar como esses objetivos serão alcançados, 
traçando as estratégias pedagógicas mais adequadas. 
Sendo assim, a BNCC não consiste em um currículo, mas um documento 
norteador e uma referência única para que as escolas elaborem os seus currículos. 
De acordo com o ex-Ministro da Educação Mendonça Filho, “os currículos devem 
estar absolutamente sintonizados com a nova BNCC, cumprindo as diretrizes gerais 
que consagram as etapas de aprendizagem que devem ser seguidas por todas as 
escolas”. 
A Educação Infantil é organizada por campos de experiências e se baseia em 
seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento: 
1) conviver; 
2) brincar; 
3) participar; 
4) explorar; 
29 
 
5) expressar; 
6) conhecer-se. 
 E em cinco campos de experiências: 
1) o eu, o outro e o nós; 
2) corpo, gestos e movimento; 
3) traços, sons, cores e formas; 
4) oralidade e escrita; 
5) espaços, tempos, quantidades, relações e transformações. 
Posto isso, é claro ver que os desafios referentes à educação brasileira, no 
entanto, ainda são imensos. Eles estão vinculados à atratividade da carreira do 
professor, à qualidade do capital humano presente na política educacional, à 
construção de um modelo de gestão escolar e de redes bem-sucedido, à 
cooperação entre os entes federativos, à invenção de uma escola diferente e 
adaptada ao século XXI, ao maior interesse e mobilização da sociedade e, 
primordialmente, à opção pela educação como principal mecanismo para reduzir as 
desigualdades históricas do país e produzir uma sociedade mais justa. Colocados 
numa perspectiva temporal mais longa, finalizada aqui no ano de 2032, centenário 
do Manifesto dos Pioneiros, todos esses desafios vão além das questões 
específicas da educação. É preciso compreender os possíveis cenários sociais e 
políticos para poder antever minimante as dificuldades e potencialidades que o 
futuro pode trazer. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
8 CONCLUSÃO 
Em que pese os grandes desafios que ainda temos que vencer, estamos 
vivenciando um momento histórico muito oportuno para a reflexão e a ação em prol 
das crianças. Cada vez mais, a educação e o cuidado na primeira infância - a 
Educação Infantil -, são tratados como assuntos prioritários de governo, organismos 
internacionais, organizações da sociedade civil e por um número crescente de 
países em todo o mundo. 
Somente através de uma educação de qualidade é que poderemos alcançar 
a tão sonhada justiça social, objetivo presente nas Constituições de todos os países 
na atualidade. Vale aqui lembrar um dos ensinamentos do grande filósofo Sócrates, 
que ao ser perguntado por um de seus discípulos sobre o que deveria conter a 
Constituição ideal de um povo, respondeu, que a Constituição ideal é aquela capaz 
de fazer o seu povo "virtuoso e feliz ". Portanto, somente através da educação o 
povo será "virtuoso e feliz ". Não é demais relembrar: "Educai as crianças para não 
ter que punir os adultos ". 
Pelo exposto, vimos que a atual Constituição Federal e a legislação 
infraconstitucional brasileira é pródiga no aspecto relacionado à educação, e em 
particular, a Educação Infantil. Entretanto, é necessário que a sociedade se mobilize 
cada vez mais no sentido de tornar esse arcabouço jurídico mais efetivo, permitindo, 
finalmente, que a educação seja um verdadeiro e eficaz instrumento de justiça e 
inclusão social. 
31 
 
REFERÊNCIAS 
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/a-educacao-infantil-seu-
contexto-historico.htm 
 
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/wLWD9GTfD1VmODz_
2013-6-28-15-56-4.pdf 
 
BARROS, Miguel Daladier. Educação infantil: o que diz a legislação . Disponível em 
http://www.lfg.com.br. 12 de junho de 2018. 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro de 1988. 
Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao_Compilado.htm>. 
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KRAMER, Sonia. A política do pré-escolar no Brasil: a arte do disfarce. Achiamé, Rio 
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DIDONET, Vital. Creche: a que veio, para onde vai. In: Educação Infantil: a 
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BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 9394. Brasília, 1996. 
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em: 09 de junho 
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BRASIL. Lei 13.005 de 25 de junho de 2015. Plano Nacional de Educação (PNE). 
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BRASIL. Projeto de Lei 8.035 de 2001. Brasília, 2001. Disponível em: 
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=831421&fil
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PILLETI, Nelson. ROSSATO, Geovanio. Educação básica- Da organização legal ao 
cotidiano escolar. 1ª ed; 2010, Editora Africa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
ANEXO A - Direitos autorais - Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Disposições 
preliminares 
 
 
Presidência da República 
Casa Civil 
Subchefia para Assuntos Jurídicos 
LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998. 
Mensagem de veto 
Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos 
autorais e dá outras providências. 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono 
a seguinte Lei: 
Título I 
Disposições Preliminares 
 Art. 1º Esta Lei regula os direitos autorais, entendendo-se sob esta denominação os direitos de 
autor e os que lhes são conexos. 
 Art. 2º Os estrangeiros domiciliados no exterior gozarão da proteção assegurada nos acordos, 
convenções e tratados em vigor no Brasil. 
 Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei aos nacionais ou pessoas domiciliadas em país 
que assegure aos brasileiros ou pessoas domiciliadas no Brasil a reciprocidade na proteção aos 
direitos autorais ou equivalentes. 
 Art. 3º Os direitos autorais reputam-se, para os efeitos legais, bens móveis. 
 Art. 4º Interpretam-se restritivamente os negócios jurídicos sobre os direitos autorais. 
 Art. 5º Para os efeitos desta Lei, considera-se: 
 I - publicação - o oferecimento de obra literária, artística ou científica ao conhecimento do 
público, com o consentimento do autor, ou de qualquer outro titular de direito de autor, por qualquer 
forma ou processo; 
 II - transmissão ou emissão - a difusão de sons ou de sons e imagens, por meio de ondas 
radioelétricas; sinais de satélite; fio, cabo ou outro condutor; meios óticos ou qualquer outro processo 
eletromagnético; 
 III - retransmissão - a emissão simultânea da transmissão de uma empresa por outra; 
 IV - distribuição - a colocação à disposição do público do original ou cópia de obras literárias, 
artísticas ou científicas, interpretações ou execuções fixadas e fonogramas, mediante a venda, 
locação ou qualquer outra forma de transferência de propriedade ou posse; 
 V - comunicação ao público - ato mediante o qual a obra é colocada ao alcance do público, por 
qualquer meio ou procedimento e que não consista na distribuição de exemplares; 
 VI - reprodução - a cópia de um ou vários exemplares de uma obra literária, artística ou científica 
ou de um fonograma, de qualquer forma tangível, incluindo qualquer armazenamento permanente ou 
temporário por meios eletrônicos ou qualquer outro meio de fixação que venha a ser desenvolvido; 
 VII - contrafação - a reprodução não autorizada; 
 VIII - obra: 
 a) em co-autoria - quando é criada em comum, por dois ou mais autores; 
 b) anônima - quando não se indica o nome do autor, por sua vontade ou por ser desconhecido; 
 c) pseudônima - quando o autor se oculta sob nome suposto; 
 d) inédita - a que não haja sido objeto de publicação; 
 e) póstuma - a que se publique após a morte do autor; 
 f) originária - a criação primígena; 
 g) derivada - a que, constituindo criação intelectual nova, resulta da transformação de obra 
originária; 
 h) coletiva - a criada por iniciativa, organização e responsabilidade de uma pessoa física ou 
jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é constituída pela participação de diferentes 
autores, cujas contribuições se fundem numa criação autônoma; 
 i) audiovisual - a que resulta da fixação de imagens com ou sem som, que tenha a finalidade de 
criar, por meio de sua reprodução, a impressão de movimento, independentemente dos processos de 
sua captação, do suporte usado inicial ou posteriormente para fixá-lo, bem como dos meios utilizados 
para sua veiculação; 
 IX - fonograma - toda fixação de sons de uma execução ou interpretação ou de outros sons, ou 
de uma representação de sons que não seja uma fixação incluída em uma obra audiovisual; 
35 
 
 X - editor - a pessoa física ou jurídica à qual se atribui o direito exclusivo de reprodução da obra 
e o dever de divulgá-la, nos limites previstos no contrato de edição; 
 XI - produtor - a pessoa física ou jurídica que toma a iniciativa e tem a responsabilidade 
econômica da primeira fixação do fonograma ou da obra audiovisual, qualquer que seja a natureza do 
suporte utilizado; 
 XII - radiodifusão - a transmissão sem fio, inclusive por satélites, de sons ou imagens e sons ou 
das representações desses, para recepção ao público e a transmissão de sinais codificados, quando 
os meios de decodificação sejam oferecidos ao público pelo organismo de radiodifusão ou com seu 
consentimento; 
 XIII - artistas intérpretes ou executantes - todos os atores, cantores, músicos, bailarinos ou 
outras pessoas que representem um papel, cantem, recitem, declamem, interpretem ou executem em 
qualquer forma obras literárias ou artísticas ou expressões do folclore. 
 Art. 6º Não serão de domínio da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios as 
obras por eles simplesmente subvencionadas.

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