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Daniel Carlini – MEDUNEB13 Glândulas Adrenais As glândulas suprarrenais atuam na regula- ção da resposta do corpo frente ao estresse, na manutenção do equilíbrio da água corpo- ral, do sódio, do potássio e do controle da pressão arterial. Os principais hormônios produzidos se dividem, estruturalmente, em duas famílias: Hormônios esteroides: glicocorticoides, mi- neralocorticoides e androgênios. Catecolaminas: noradrenalina e adrenalina. ANATOMIA Localizam-se acima dos rins, são pequenas e constituídas pelo córtex e me- dula. O córtex é derivado do tecido meso- dérmico; a medula de uma subpopulação celular da crista neural. O suprimento sanguíneo é fornecido pelas artérias suprarrenais superior, média e infe- rior. Estas possuem ramos que formam uma rede capilar, propiciando o fluxo do córtex para a área central, com um sistema de sinu- soides. A drenagem venosa se dá por uma única veia renal de cada lado: a veia direita drena na veia cava inferior; a veia esquerda na veia renal esquerda. O córtex suprarrenal consiste em 3 zonas: → Zona Glomerulosa: muitos REL e é a única fonte do mineralocorticoide al- dosterona. → Zona Fasciculada: abundantes quanti- dades de gotículas lipídicas; produz os glicocorticoides, cortisol e costicoste- rona, bem como os androgênios, DHEA e sulfato de DHEA. → Zona Reticular: desenvolve-se na vida pós-natal e também produz glicocorti- coides e androgênios. Química e Biossíntese Em geral, os hormônios esteroides compar- tilham uma etapa inicial, denominada etapa limitadora de velocidade. Nessa etapa, o co- lesterol é convertido em pregnenolona pela enzima P450scc e, para que ela ocorra, é ne- cessário a proteína reguladora de esteroides (StAR). Glicocorticoides 1. Síntese e Liberação A liberação é estimulada pelo ACTH. Este é sintetizado na forma de um precursor, a pró- opiomelanocortina (POMC), e liberado na hi- pófise. Tal liberação é regulada pelo hormô- nio liberador de corticotrofina (CRH). O cor- tisol inibe a biossíntese e a secreção do CRH e ACTH. A estimulação da liberação do cortisol ocorre 15 minutos após o surto de ACTH, sendo maior durante as primeiras horas de vigília e decaindo ao longo do dia. Como a sua liberação é pulsátil, os níveis variam du- rante o dia. O ACTH estimula a liberação de cortisol, por meio de sua ligação a um recep- tor de melanocortina 2 da membrana plas- mática nas células adrenocorticais. O ACTH aumenta a síntese de StAR. 2. Metabolismo A maior parte do cortisol é ligado à alfa2-glo- bulina de ligação dos glicocorticoides (CBG). A síntese hepática de CBG é estimulada pelo estrogênio. O fígado e o rim são os principais locais de inativação e eliminação hormonal. Desse modo, a inativação do cortisol em cor- tisona é seguida da conjugação e excreção renal. O corticoesteroide 11ẞ-hidroxiesteroide-de- sidrogenase tipo I é uma redutase de baixa afinidade que converte a cortisona de volta em cortisol, sua forma ativa. Tal enzima é ex- pressa no fígado, no tecido adiposo, no pul- mão, no músculo esquelético, músculo liso vascular, nas gônadas e no SNC. A conversão do cortisol em cortisona é muito importante para prevenir a atividade mineralocorticoide excessiva que resulta da Daniel Carlini – MEDUNEB13 ligação do cortisol. A enzima responsável por tal conversão é a 11ẞ-hidroxiesteroide-desi- drogenase tipo II, a qual possui alta afinidade e expressa nos túbulos contorcidos distais e nos ductos coletores dos rins. 3. Efeitos Específicos: → Estimulam a proteólise e a gliconeo- gênese. → Inibem a síntese de proteínas mus- culares. → Aumentam a mobilização de ácidos graxos Seu efeito essencial é aumentar os níveis gli- cêmicos. Para isso, atuam de diferentes for- mas: → Fígado: aumentam a expressão de enzimas gliconeogênicas. → Músculo: interferem na transloca- ção do transportador de glicose 4 para a membrana plasmática. → Osso e cartilagem: diminuem a ex- pressão do IGF-1 e do GH. A pre- sença em níveis excessivos resulta em osteoporose e compromete o crescimento do esqueleto e a for- mação óssea, por inibir a síntese de osteoblastos e colágeno. → Sistema imune: aumentam a síntese de citocinas anti-inflamatórias. → Vasos: modulam a reatividade a substâncias vasoativas, como angio- tensina II e a noradrenalina. Quando em baixa quantidade, tem-se hipo- tensão e diminuição da sensibili- dade à administração de vasocons- tritores. → SNC: modulam a percepção, a emo- ção e podem produzir alterações acentuadas no comportamento. Mineralocorticoides 1. Síntese e Liberação A aldosterona é regulada pela angiotensina II e pelo potássio extracelular, bem como, em menor grau, pelo ACTH. Tanto a angio- tensina II como o K+ estimulam a aldoste- rona pelo aumento nas concentrações intra- celulares de Ca2+. O principal estímulo para a liberação da aldosterona é a redução do volume sanguíneo intravascular. Tal redução leva à redução da pressão de perfusão renal, percebida pelo aparelho jus- taglomerular (barorreceptores), o qual de- flagra a liberação de renina. Esta catalisa o angiotensinogênio em angiotensina I, que, por sua vez, é convertida pela ECA em angi- otensina II. O aumento de angiotensina II promove: a) vasoconstrição arteriolar di- reta; b) estimulação de células adrenocorti- cais da zona glomerulosa para síntese e libe- ração de aldosterona; c) estimulação de ar- ginina vasopressina pela neuro-hipófise. O potássio também estimula a produção de aldosterona. Esta aumenta a excreção de potássio na urina, fezes, suor e saliva, de modo a impedir o desenvolvimento de hi- perpotassemia durante períodos de elevada ingestão de potássio ou após liberação de potássio do músculo esquelético em exercí- cio vigoroso. 2. Metabolismo Em decorrência da depleção de sódio ou da redução do volume circulante efetivo, como na ascite, pode ocorrer um aumento de 2 a 6x na secreção de aldosterona. Ela é meta- bolizada no fígado em derivado tetra-hidro- glicuronídeo e excretada na urina. 3. Efeitos Específicos A aldosterona regula o equilíbrio dos mine- rais (sódio e potássio), especificamente a ex- creção renal do potássio e a reabsorção de sódio. Os receptores são expressos na parte distal do néfron, incluindo o túbulo contor- cido distal e o ducto coletor. Em geral, seus efeitos específicos consistem em: a) aumen- tar a síntese dos canais de sódio na mem- brana apical; aumentar a síntese e a ativi- dade da ATPase na membrana basolateral; c) o aumento da reabsorção de sódio leva ao aumento da reabsorção de água. Daniel Carlini – MEDUNEB13 Androgênios 1. Metabolismo Os androgênios são convertidos em andros- tenediona e, a seguir, nos tecidos periféri- cos, em androgênios ou estrogênios poten- tes. Os androgênios derivados das glândulas suprarrenais são muito importantes para a produção dos hormônios esteroides sexuais, fato resultante de 50% dos androgênios to- tais na próstata do homem adulto derivam de precursores esteroides suprarrenais. Sabe-se que os valores dos hormônios an- drogênios DHEA e DHEAS diminuem con- forme o aumento da idade. 2. Efeitos Específicos Hiperplasia suprarrenal congênita, associada às deficiências de 21-hidroxilase ou de 11b- hidroxilase. Nas mulheres, podem contribuir para a libido. Em homens com baixos níveis de DHEA, está associada a doença cardiovascular. Em mu- lheres na pré-menopausa, tem-se um risco aumentado de cânceres de mama e de ová- rio. Por outro lado, mulheres após a meno- pausa com elevados níveis de DHEA também podem ter risco aumentado de câncer de mama. Hormônios da Medula Suprarrenal A medula pode ser considerada um gânglio do sistema nervoso simpático, que, em res- posta à estimulação dos neurônios simpáti- cos pré-ganglionares, à liberação de acetil- colina e a sua ligação a umreceptor colinér- gico nas células cromafins, estimula a produ- ção e a liberação de catecolaminas. É consti- tuída por dois tipos celulares denominados feocromócitos (células produtoras de adre- nalina e noradrenalina). Sintetizam e secre- tam a adrenalina, noradrenalina e a dopa- mina. Catecolaminas São hormônios derivados do aminoácido ti- rosina. A tirosina é transportada, ativa- mente, nas células onde sofre 4 reações en- zimáticas para a sua conversão em adrena- lina. A conversão da noradrenalina em adrenalina ocorre no citoplasma e, por isso, requer a sa- ída da noradrenalina nos grânulos secreto- res por um transporte passivo. A adrenalina produzida deve penetrar, novamente, nas vesículas secretoras por transporte ativo. No citoplasma, a adrenalina é convertida em metanefrina e a noradrenalina em normeta- nefrina. Liberação de Catecolaminas A liberação da catecolamina representa uma resposta a estimulação nervosa simpática da medula suprarrenal. A acetilcolina liberada se liga a receptores colinérgicos nicotínicos (canais iônicos regulados por ligantes) na membrana plasmática das células croma- fins, levando ao influxo de sódio e despolari- zação da membrana. Tal despolarização leva ao influxo de cálcio regulado por voltagem. A entrada de cálcio desencadeia a exocitose dos grânulos secretores, que liberam as ca- tecolaminas no espaço intersticial, a partir do qual são transportadas na circulação até os órgãos-alvo. Transporte e Metabolismo Aa catecolaminas têm meia vida curta, me- nos de 2 minutos. A maior parte das libera- das circula ligada à albumina com baixa afi- nidade. As catecolaminas circulantes podem sofrer receptação por locais extraneuronais, degradação nas células-alvo pela catecola- mina-O-metiltransferase (COMT) ou pela monoaminoxidase (MAO) ou filtração direta na urina. A MAO catalisa a primeira etapa de desaminação oxidativa das catecolaminas. A COMT catalisa a conversão da adrenalina e Daniel Carlini – MEDUNEB13 da noradrenalina em metanefrina e norme- tanefrina. A ação conjunta da MAO, da COMT e do aldeído-desidrogenase sobre a noradrenalina e a adrenalina produz o ácido vanililmandélico (VMA). A dopamina meta- bolizada por essa vida produz o ácido homo- vanílico. Efeitos celulares nos órgãos-alvo As catecolaminas não atravessam facil- mente a barreira hematoencefálica, tendo os seus efeitos limitados aos tecidos perifé- ricos – e não no cérebro. Os receptores adrenérgicos são classificados em predomi- nantemente estimuladores (alfa) e predomi- nantemente inibitórios (beta). → Receptores alfa-adrenérgicos Possuem maior afinidade pela adrenalina e se subdividem em 1 e 2. ↘ Alfa-1: atuam na regulação de diver- sos processos fisiológicos, como a contratilidade do miocárdio, efeito cronotrófico e o metabolismo hepá- tico da glicose. ↘ Alfa-2: caracterizados como pré-si- nápticos, atuam na regulação da li- beração de noradrenalina e na ho- meostasia da pressão arterial. → Receptores beta-adrenérgicos Possuem maior afinidade pelo isoproterenol e se dividem em 3. ↘ B1: regulação e contração dos cardi- omiócitos. ↘ B2: medeia a vasodilatação, o rela- xamento do músculo liso brônquico e lipólise. ↘ B3: medeia a termogênese e a lipó- lise estimuladas pelas catecolami- nas. Efeitos Fisiológicos das Catecolaminas As catecolaminas são liberadas em resposta ao estresse, físico ou psicológico, como perda grave de sangue, diminuição do nível de glicemia, lesão traumática, intervenção cirúrgica ou experiência desagradável. São efeitos fisiológicos consistem em: estado de alerta, dilatação das pupilas, piloereção, su- dorese, dilatação brônquica, taquicardia, va- soconstricção periférica, aumento da resis- tência vascular, inibição da atividade do músculo liso e constrição dos esfíncteres no TGI. Ainda, asseguram a mobilização do substrato do fígado, do músculo e da gor- dura, estimulando a degradação do glicogê- nio (glicogenólise) e da gordura (lipólise).
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