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Metabolismo de Proteínas Síntese da ureia a partir de aminoácidos Introdução Percebemos que as reações de metabolismo de macromoléculas são interligadas ou integradas. A via do metabolismo da glicose é a principal delas, a partir dela, outras reações são muito importantes. A fisiologia é o contexto da célula, ou seja, a sua contextualização, a maneira com que a célula pode se contextualizar. Aminoácidos são os monômeros do polímero proteína. É estável, mas libera grupamentos amino consideravelmente instáveis e tóxicos. Não podemos levar grupamentos amino de modo livre, porque ele é reativo. Para isso são realizados processos de carreação desse grupamento. Há a conexão da síntese da ureia com a eliminação de urina. É necessária uma boa hidratação para que se possa ter um funcionamento adequado da eliminação de urina. Digestão de proteínas na dieta A maior parte do nitrogênio da dieta é consumido na forma de proteína (vegetal ou animal) – cerca de 70 a 100g ao dia. As proteínas são muito grandes para serem absorvidas pelo intestino, e sendo assim, devem ser hidrolisadas através de proteases – quebram as ligações peptídicas – até a formação dos aminoácidos, os quais serão absorvidos. A proteína é sintetizada na célula; não tem como trazer uma proteína inteira para o contexto bioquímico. O que pegamos da dieta são os aminoácidos para transformá-los em resíduos dentro de uma proteína. As enzimas proteolíticas são produzidas por três órgãos: ▪ Estômago; ▪ Pâncreas; ▪ Intestino delgado. O estômago secreta o suco gástrico que contém o ácido clorídrico e a proenzima pepsinogênio – proteína que foi produzida em uma condição inativa: o ácido desnatura proteínas da dieta e ativa o pepsinogênio através de uma clivagem posterior, formando pepsina. Zimogênio: O “sinogênio” é uma terminação usada para denominar proteínas que se encontram na sua forma inativa. É necessário que as proteínas de quebra, principalmente, estejam presentes nos tecidos em sua forma inativa, pois se estivesse ativa, ela quebraria moléculas sem necessidade. O pepsinogênio é ativado também por outras moléculas de pepsina já ativas. Elas também podem clivar pepsinogênio. A pepsina libera peptídeos – moléculas menores de proteínas – de alguns aminoácidos livres das proteínas da dieta. Esse tamanho facilita a entrada dessa proteína nas células. Turnover de proteínas é feito através do complexo ubiquitina-proteassoma. Ao entrar no intestino delgado, os polipeptídeos grandes produzidos no estômago pela ação da pepsina são subsequentemente clivados a oligopeptídeos e aminoácidos por um grupo de proteases pancreáticas: tripsina, quimiotripsina, elastase e carboxipeptidases. Essas enzimas são todas secretadas na forma de proenzimas e ativadas pela tripsina. Aminoácidos livres e dipeptídeos são absorvidos pelas células epiteliais intestinais, onde os dipeptídeos são hidrolisados antes de entrarem na corrente sanguínea. Antes que alcancem a corrente sanguínea, se tornam sempre aminoácidos Os aminoácidos são metabolizados pelo fígado. Eixo principal do metabolismo é o fígado. Transporte dos aminoácidos às células A concentração de aminoácidos livres nos líquidos extracelulares é significativamente menor do que no meio intracelular. Porque há a necessidade desses aminoácidos internamente para que haja a síntese de novas proteínas através da tradução nas duas unidades do ribossomo. Sistema de transporte ativo são necessários para o movimento de aminoácidos do meio extra para o meio intracelular, sendo que há diferentes sistemas de transporte para diferentes aminoácidos. Isso ocorre porque o transporte está ocorrendo contra o gradiente de concentração, inclusive favorecendo o gradiente. Endopeptidases, aminopeptidases = proteases que quebram ligações peptídicas, transformando oligopeptídeos em dipeptídeos ou tripeptídeos. Esses di e tri peptídeos vão para as células e são quebrados pelas dipeptidases e tripeptidases em aminoácidos. Os aminoácidos produzidos pelas peptidases na superfície luminal do intestino se somam aos aminoácidos produzidos pela quebra dos dipeptídeos e tripeptídeos. Assim, o que vai para a corrente sanguínea através dos capilares são os aminoácidos. Visão geral do metabolismo dos aminoácidos ▪ Aminoácidos de proteínas intracelulares mal enoveladas são advindos do turnover feito pelo complexo Ubiquitina- Proteassoma. ▪ Aminoácidos da dieta. ▪ É necessário essa concentração de aminoácidos para que a célula possa se contextualizar. Etapas do metabolismo de aminoácidos Etapa 1: Desaminação Transaminação Desaminação direta (serina e treonina): a serina e a treonina podem ser desaminadas diretamente através da serinadesidratase e treoninadesidratase. Essas enzimas desidratam o aminoácido e, através de intermediário como a aminoacrilato, retiram o grupamento amina. É preciso hidratar para depois desidratar para depois reidratar. São eventos consecutivos que são chamados de aminodesidratases. Assim, não há transferência desse grupamento amino para lugar nenhum; ele é apenas retirado do aminoácido. Desaminação oxidativa: há intermediários que acabam estabilizando o grupamento amino, oferecendo elementos coadjuvantes que podem doar e receber esses grupamentos amino. Faz uma reação reversível que consegue retirar o grupamento amino do glutamato, formando α- cetoglutarato, através da enzima glutamato desidrogenase. Transaminação: a enzima aminotransferase transfere o grupamento amino de um aminoácido para o 𝛼-cetoglutarato, formando o glutamato + um 𝛼-cetoácido (esqueleto carbônico do aminoácido sem o grupo amina). Colocando mais um grupamento amino no glutamato, formamos a glutamina. A glutamina consegue carregar na corrente sanguínea dois grupamentos aminos, então ela é bastante eficiente. No músculo prevalece a quebra de aminoácidos que, ao perder seus grupamentos amina e transferi-los para α-cetoglutarato, formando glutamato, o grupamento amina é unido a um piruvato, formando a alanina (vide figura abaixo). Transportadores do grupamento amino estável: ▪ Glutamato; ▪ Glutamina; ▪ Alanina. Essas estruturas acima chegam ao fígado através de tecidos extra-hepáticos e a partir do hepatócito, serão encaminhadas para o ciclo da ureia. 𝜶-Cetoácidos: 𝛼-cetoglutarato; oxaloacetato, succinilCoA; fumarato; piruvato; acetilCoA; acetoacetilCoA. Ciclo da alanina-glicose Aminoácidos chegam nos hepatócitos, são desaminados por transferases – sobram alfacetoácidos que dará origem a corpos cetônicos, ácidos graxos e glicose – e o glutamato. O glutamato passa a ser desaminado e acaba concentrando no hepatócito grupamento amino. As alaninas chegam nos hepatócitos pela corrente sanguínea e perdem seu grupamento amina para o alfacetoglutarato, formando glutamato. O glutamato é também desaminado e contribui para o aumento da concentração de amônia nos hepatócitos. Assim também, a glutamina que chegou nos hepatócitos através do músculo e de outros tecidos perde seu grupamento amina e se transforma em glutamato. Isso contribui, ainda, para o aumento da concentração de amônia nos hepatócitos. Reações anapleiróticas ocorrendo concomitantemente ao metabolismo dos aminoácidos Formas de excreção do grupamento amino Ciclo da ureia No ciclo da ureia, teremos um destino e uma transformação para essa amônia, que se acumulou no fígado por diferentes origens. A localização desse ciclo é no fígado, no citosol e na mitocôndria dos hepatócitos. Como pré-requisito dessas reações do ciclo da ureia, teremos uma preparação do grupamento amina para entrar no ciclo da ureia. O grupamento amina precisa compor uma molécula que será o primeiro substrato do cicloda ureia, que é a ornitina transcarbamilase. Então, o glutamato entra na mitocôndria, perde seu grupamento amina por desaminação; a glutamina entra na mitocôndria, se transforma em glutamato e também perde seu grupamento amina por desaminação. Essas desaminações fazem com que haja aumento da concentração de grupamentos amina na matriz mitocondrial. A enzima que transforma a amina para que ela possa entrar no ciclo da ureia é carbonoil- fosfato-sintetase-1. Ela tem a capacidade de transformar o grupamento amina em uma molécula que é reconhecida pela primeira enzima do ciclo da ureia, a carbamoil-fosfato (grupamento amina, carbono do bicarbonato e fosfato). Gasto de energia! Um ATP ela quebrou para obter energia, outro ATP (Pi) foi utilizado para compor sua molécula. ▪ Substratos da carbonoil-fosfato- sintetase-1: amina, bicarbonato, 2 ATP. ▪ Produtos da carbonoil-fosfato-sintetase-1: carbamoil-fosfato, 2 ADP + Pi. A ornitina e a carbomoil-fosfato são substratos da ornitina transcarbamilase na matriz mitocondrial dos hepatócitos. A ornitina transcarbamilase transforma a carbamoil-fosfato e a ornitina em citrulina. A citrulina será substrato da nossa segunda reação, que é dividida em duas etapas, feita pela argenina succinato sintetase. Apenas uma reação do ciclo da ureia ocorre na matriz mitocondrial da carbomoil- fosfato e ornitina em citrulina. No citosol, a citrulina translocada da mitocôndria será substrato da arginina succinato sintetase. Outro substrato dessa enzima será o aspartato, que veio do oxaloacetato e saiu da mitocôndria. Dessa forma, há corpos nitrogenados chegando na forma de citrulina e de aspartato. Assim, a argenina succinato sintetase produz argenino-succinato e AMP. ▪ Argenino-succinato possui dois grupamentos aminos: um da citrulina e outro do aspartato. Na terceira reação, o argenino-succinato será transformado em argenina pela enzima argeninosuccinase. A argeninosuccinase, então, possui como substrato o argenino-succinato e como produtos a arginina e o fumarato. A arginina continua no ciclo. Ela será substrato da arginase, que a transforma em ornitina. Os produtos da arginase são a ornitina e a ureia. Conseguiu-se produzir ureia a partir de reações da matriz mitocondrial e citosol. A ureia produzida pela arginase possui um grupamento amina da citrulina (azul) e do aspartato (verde); um carbono do bicarbonato (amarelo). Essa ureia será levada pela corrente sanguínea e será eliminada como excreta nitrogenada através dos rins. ▪ Substratos da arginase: arginina. ▪ Produtos da arginase: ureia e ornitina.. A ornitina restaurada pela arginase entra de novo na mitocôndria para que possa partipar do ciclo da ureia novamente. O papel que o oxaloacetato faz no ciclo de Krebs sendo um dos substratos da citrato sintase, a primeira reação do CK, a ornitina faz aqui. É como um elo para a primeira e a última reação do cilco, fechando-o. Considerações finais Além da produção da ureia, temos desde o início desse processo, a formação, como resultados da desaminação e da transferência de grupamentos amina, de esqueletos carbônicos (alfacetoácidos) que serão reconhecidas pelas enzimas do ciclo de Krebs. Então, conseguimos preencher o ciclo de Krebs através de reações anapleiróticas – um metabolismo acessório do metabolismo dos carboidratos. Defeitos nas enzimas do ciclo da ureia São causados por defeitos genéticos, cirrose ou hepatite. Esses indivíduos não podem ter uma dieta rica em proteínas, pois isso gerará muitos aminoácidos (por proteólise). Esses aminoácidos serão desaminados, mas seus grupamentos amina não conseguirão passar pelo ciclo da ureia, devido ao defeito no ciclo, resultando em aumento de amônia circulante. Fonte: Resumo Karateta – MED LVIII Toxicidade da amônia Excreta nitrogenada mais toxica que existe. O excesso de amônia pode se juntar com o α--cetoglutarato, formando o glutamato, e este pode ser convertido em glutamina quando recebe mais um íon amônio. O aumento do glutamato (aminoácido e neurotransmissor excitatório) pode dessensibilizar os receptores de glutamato. Além disso, a glutamina tem facilidade para se acumular no sistema nervoso, e o aumento de sua concentração causa uma hipertonicidade das células nervosas, levando ao ganho de água por osmose, resultando em turgência nas células, edemas. Relação entre os processos do ciclo de Krebs, lançadeira malato- aspartato e ciclo da ureia
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