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A morte celular é um evento de grande importância para a célula, uma vez que o crescimento, desenvolvimento e manutenção de organismos multicelulares dependem do equilíbrio entre a proliferação e morte celular. Morte celular programada: tipo de morte resultante, principalmente, do próprio ciclo celular (tempo de vida da célula) ou ocorre em resposta a algum estímulo ou perturbação do meio extracelular. Morte celular acidental: é a morte celular resultante de danos graves irreversíveis; geralmente associados à alguma patologia. Existem alguns termos associados à morte celular programada, como: Apoptose; Autofagia; Outros termos menos conhecidos, de uma classificação mais recente, existem quando se trata de um tipo específico de morte celular programada – a necrose programada: Piroptose; Necroptose; Ferroptose; Parthonates; Esses tipos de necrose programada estão associados a características morfológicas diferentes, e por isso recebem nomes diferentes. A necrose pode ser também um mecanismo não programado ou acidental. É um tipo de morte celular mais conhecido, principalmente na patologia e possui características morfológicas específicas. Comitê internacional de nomenclatura para morte celular estabelece atualizações e definições para mortes celulares e suas características sob diversas perspectivas – características morfológicas, bioquímicas e funcionais. Esta área é muito dinâmica. É uma morte instantânea e catastrófica resultante da exposição a insultos físicos, químicos ou mecânicos graves. Ex: altas pressões, temperatura ou forças osmóticas, variações extremas de pH e forças de cisalhamento. A necrose pode ocorrer por conta de um trauma ou hipóxia (pouca oferta de oxigênio). É um tipo de morte passivo, ou seja, a célula apenas sofre o processo, sem participar ativamente dele. É considerada uma depleção energética; há uma queda muito brusca da energia celular que causa defeitos metabólicos e perda de gradientes iônicos. A célula que morre por necrose apresenta alterações morfológicas que podem ser observadas. Por exemplo (não há uma sequência de acontecimento): Inchamento celular → Decorrente do grande influxo de água, Na+ e Ca+ (falha nas bombas da membrana). Aumento do volume celular por água e íons. Queda na produção de energia (ATP) → Decorrente da função mitocondrial comprometida. Núcleo picnótico (núcleo extremamente condensado; pequeno) → Devido à precipitação da cromatina; a cromatina se condensa de uma forma extremamente intensa, sem marginalização da mesma (se distribui homogeneamente neste, ocupando todo o seu volume). Perda da compartimentalização citoplasmática → Devido à quebra das membranas das organelas em função da lise dos lisossomos. Há alteração no pH citoplasmático e as membranas serão rompidas. Ruptura da célula; o conteúdo celular em degeneração se espalha para o meio extracelular, afetando as células vizinhas → Isso causa um processo inflamatório. Histologia de H & E – núcleos picnóticos de hepatócitos em processo de necrose Alteração no aspecto dos núcleos: menores, mais escuros. Alteração no aspecto do citoplasma: mais escuro na tonalidade da eosina, mais acidófilo. Histologia de H & E – núcleos picnóticos e área de acometimento de necrose Acometimento de muitas células. Histologia de H & E – núcleos picnóticos e área de acometimento de necrose Microscopia eletrônica de transmissão – a célula em fase avançada de necrose Extravasamento do conteúdo intracelular em degeneração para o meio extracelular. Conteúdo intracelular como uma massa de restos de organelas e estruturas internas. Microscopia eletrônica de transmissão – tecido em fase avançada de necrose As células se tornam uma espécie de material floculado em meio às células íntegras e saudáveis. Microscopia eletrônica de transmissão – célula em fase inicial de necrose Alteração importante no citoplasma com relação à compartimentalização citoplasmática. Compartimentos em processos de degradação. Ainda se enxerga o núcleo – início da compactação da cromatina. Há uma área extensa de cromatina compactada, mostrando a alteração nuclear. Rompimento da membrana plasmática. Extravasamento de estruturas, inclusive um plasmócito, para o meio extracelular. Mitocôndria estourada. A perda das organelas citoplasmáticas se dá pela lise das membranas das organelas, inclusive da membrana plasmática da célula em processo de necrose acidental. Microscopia eletrônica de transmissão – célula em fase inicial de necrose Pode ocorrer na presença ou na ausência de estímulos. É uma morte controlada e programada geneticamente pela célula, resultante tanto do processo fisiológico normal de desenvolvimento ou renovação tecidual, como de perturbações provenientes do microambiente intra ou extracelular. Esses estímulos fazem com que a célula reprograme seu tempo de ciclo celular para o processo de morte celular programada. A célula participa ativamente do processo de morte – conhecido como suicídio celular. A apoptose é resultante de um processo fisiológico normal ou de uma resposta à estímulos. As características da apoptose estão intimamente relacionadas a uma expressão gênica específica para ela. Em outras palavras, a célula expressa proteínas e enzimas específicas para a execução do processo de apoptose, de acordo com o seu conjunto de genes específicos. Existe uma linha de pesquisa sobre a relação entre a falta da morte celular programada (apoptose) com o câncer – proliferação de células descontrolada, surgindo tumores. O processo da apoptose é diferente do da necrose. Enrugamento celular → A célula murcha, se condensa pela perda de água (bombas de membrana continuam funcionando). A saída de água é ativa, então a célula gasta ATP para mandar água para fora da célula. Produção de energia (ATP) é mantida quase até o final do processo → As mitocôndrias continuam trabalhando para suprir a necessidade de ATP para que a célula possa completar o processo de apoptose. Quebra e compactação da cromatina. Marginalização da cromatina. A cromatina se condensa, mas se precipita e se adere ao envoltório nuclear (anel no núcleo) → Ação das endonucleases, que clivam DNA de maneira organizada em fragmentos a cada 180 a 200 pares de bases (equivalente ao tamanho do nucleossomo); clivagem internucleossomal. Diminuição do volume celular. Superfície celular irregular, a alteração da membrana plasmática → Começa a desprender bolhas na superfície da célula, com restos nucleares e citoplasmáticos – corpos apoptóticos – que mantém a membrana plasmática em torno deles; não há contato entre o que está dentro com o meio extracelular. Os corpos apoptóticos, com organelas e porções nucleares, é encaminhado para os macrófagos e para células fagocitárias do próprio tecido e são eliminados por fagocitose. Nunca haverá rompimento da membrana plasmática. Não há espalhamento do conteúdo em degeneração no meio extracelular. Ausência de resposta inflamatória → Como não há contato entre o conteúdo intracelular em degeneração com o ambiente extracelular. Morte celular limpa. Histologia de H & E – células hepáticas em apoptose Microscopia eletrônica de varredura – célula em apoptose, com a formação de corpos apoptóticos Microscopia eletrônica de transmissão – corpos apoptóticos Os corpos apoptóticos são vistos como restos de núcleos com cromatina altamente condensada e citoplasma em processo de degradação. Microscopia eletrônica de transmissão – célula em início do processo de apoptose Cromatina marginalizada e aderida ao envoltório nuclear. Citoplasma com características bastante íntegras. Imunocitoquímica – células em apoptose visualizadasatravés de marcadores de superfície celular associado a um florocromo O marcador de superfície marca as membranas que apresentam um fosfolipídio de membrana em um local fora do comum. Marcador de superfície anexina 5 – se prende à fosfatidil serina. A fosfatidil serina, quando está na monocamada externa da bicamada lipídica, está localizada em uma posição fora do comum, pois ele possui carga negativa – estes ficam na monocamada interna. Assim, durante o processo de apoptose, a fosfatidil serina altera sua posição, passando a ocupar a monocamada externa (é exposto). Essa externalização é um marcador que aciona o mecanismo de fagocitose nas células fagocitárias. A anexina 5 é fornecida para a célula e eles ficam para o lado de fora. Esse marcador encontra apenas a fosfotitil serina externalizada. As células em vermelho são aquelas nas quais não há a adesão de anexina 5. Essas células são saudáveis e a fosfatidil serina está na monocamada interna da bicamada lipídica. Tunel – células em apoptose Células em azul = células saudáveis. Células em marrom = células em apoptose. Essa técnica, que não é específica para apoptose, utiliza uma enzima que está associada a um marcador revelado pela diaminobenzidina que aparece em marrom. Onde aparece o marrom, há a fragmentação do DNA gerada pela fragmentação internucleossomal, portanto, morte celular. Com a fragmentação do DNA, há o aumento de extremidades 3’ hidroxil livres, maior número que as naturais, e essa enzima se associa a essa extremidade. Quanto maior número de 3’ hidroxil livres, maior a associação com as enzimas. Morte acidental Danos físicos graves, falta de O2 Morte fisiológica Danos brandos Processo patológico passivo Sem gasto de energia Processo controlado e ativo Com gasto de energia Autólise maciça de células Grande área afetada Envolve células isoladas Não acomete grande área Afeta células vizinhas Inchaço celular decorrente da perda do equilíbrio osmótico Não afeta células vizinhas Retração e descolamento das células vizinhas Processo inflamatório Atrai macrófagos e leucócitos Sem inflamação Fagocitose por células vizinhas ou macrófagos do próprio tecido Há uma força igual e oposta à proliferação celular, no que diz respeito à regulação do número de células nos organismos. Assim, existe um equilíbrio entre a divisão e a morte celular para que haja uma manutenção na população de células em organismos em crescimento e maduros. Quando na presença de parasitas intracelulares; Quando as células se tornam desnecessárias; Quando as células perdem sua função normal; Quando as células são danificadas. Encurtamento da cauda dos girinos em anfíbios anuros por apoptose Processo do esculpimento dos dedos de camundongos por apoptose Uma das famílias de proteínas (enzimas proteases) envolvidas no processo de apotose. Elas clivam sequências específicas em numerosas proteínas dentro da célula, levando à morte celular. Essas enzimas existem no citoplasma de nossas células na sua forma inativa (pró-caspase). Essas pró-caspases se tornam ativas quando apresentam uma clivagem em uma sequência específica. Essas enzimas ativas atuam em cascata proteolítica de reações. Uma caspase se torna ativa e ela automaticamente ativa outra caspase, e assim por diante, até a ativação de várias caspases. Com tantas caspases, a célula é levada a morte (quebra de proteínas citosólicas). Essa cascata é destrutiva, autoamplificável e irreversível. Caspases iniciadoras ou ativadoras da morte: caspase 1, 2, 4, 5, 8, 9, 10, 12, 14. Caspases executadoras da morte: caspase 3, 6, 7. A caspase 3, muito conhecida, é executadora do processo de morte. Ela age no final do processo de morte celular, clivando o DNA – substrato dessa enzima – (clivagem internucleossomal) e formando fragmentos de DNA. Esses fragmentos, em gel de eletroforese, podem-se visualizar em bandas. Não são apenas as caspases que participam do processo de apoptose. Há uma infinidade de vias de sinalização relacionadas. é aquela que leva à morte celular através de um insulto externo. O estímulo para a ativação da cadeia proteolítica da apoptose é a ativação de receptores de morte celular presentes na membrana plasmática das células em sua forma inativa. Quando ativados por um ligante específico, ele se agrupa em um conjunto de receptores, e essa mudança de conformação gera a ativação de caspases dentro do citoplasma. Uma vez ativadas, as caspases promoverão a morte celular através de uma cascata de reações de proteólise dentro da célula destinada a sofrer apoptose. Caspase 8 fica na forma inativa na célula. Com a recepção do estímulo nos receptores de morte, as pró- caspases 8 são recrutadas. Assim, primeiro ocorre a ativação das caspases iniciadoras ou ativadoras, e segundo ocorre a ativação das caspases executoras de morte celular. Receptores de morte: proteínas transmembrânicas enormes. Ex: Receptor TNFR 1 – Ligante TNF e Receptor Faz – Ligante FasL. Domínio de morte: onde se encontra o receptor de morte e seu aparelho de ativação de caspases. Ativação dos receptores de morte pelos ligantes específicos Disponibilidade dos domínios de morte Ativação da caspase 8 Ativação das caspases executoras (caspase 3) Apoptose leva em consideração a atuação da mitocôndria no processo de apoptose. Essa participação da mitocôndria não está relacionada apenas à produção de ATP, mas à liberação de citocromo c para o citoplasma. O citocromo c, ao ser liberado para o citoplasma, é desencadeador de um processo que leva a célula a morte celular. Assim que ele sai da mitocôndria, ele se relaciona com um fator citoplasmático relacionados á morte celular (como o APAF1), formando um agrupamento na forma de uma estrutura celular chamada de apoptossomo. Esse apoptossomo dá início ao recrutamento das caspases, que se prendem a ele e, por sua vez, são ativadas. A ativação dessas caspases dá início a cascata de proteólise que leva à apoptose. Uma família de proteínas BCL 2 regula a via intrínseca da apoptose. Membros Anti-Apoptóticos Bcl2 e Bclxl; Localizados na membrana mitocondrial externa; Reprimem a resposta suicida frente aos danos celulares. Quando aparece um estímulo para a morte, como um dano ou a presença de uma proteína específica ativada, esses membros impedem a liberação do citocromo c da mitocôndria. Membros Pró-Apoptóticos Bax e Bak; Localizada no citosol e na membrana mitocondrial externa, respectivamente. Induz à apoptose a partir da promoção da saída do citocromo c da mitocôndria. Existe um equilíbrio, nas células, entre os membros anti-apoptóticos e pró- apoptóticos. Entretanto, quando as BAX recebe um sinal de apoptose, essas proteínas são ativadas e migram do citosol para a membrana mitocondrial externa. Há, então, um desequilíbrio entre os membros anti e pró apoptóticos, fazendo com que a permeabilidade da membrana mitocondrial externa aumente. Esse aumento permite a liberação do citocromo c. Assim, é possível a execução da apoptose. Bloqueio da proteína anti-apoptótica! Fatores de sobrevivência muitas vezes suprimem a apoptose pela regulação dos membros da família Bcl2. Aumento da permeabilidade da membrana externa (BAX e BAK) Liberaçõo do citocromo c e outras moléculas pró-apoptóticas Formação do apoptossomo e ativação da caspase 9 Ativação das caspases executoras Apoptose É importante ressaltar que há uma amplificação e aceleração da resposta quando a via extrínseca e intrínseca acontecem ao mesmo tempo. A eliminação dos corpos apoptóticos ocorre através da fagocitose, finalizandoa apoptose. Isso ocorre através da exposição do fosfolipídio fosfatidil serina na monocamada externa da bicamada lipídica (membrana plasmática). Essa exposição marca a célula como não pertencente ao organismo. A célula fagocitária reconhece a célula apoptótica através da fosfatidil serina e outros marcadores. Assim, se inicia a fagocitose dos corpos apoptóticos pelas células fagocitárias, englobando-os com pseudópodes. Há importância do citoesqueleto com a formação de corpos apoptóticos (bolhas de superfície). Ocorre uma modificação no citoesqueleto, principalmente nos filamentos de actina no córtex celular. Envolve a atuação descontrolada dos lisossomos, aumento dos vacúolos e aumento da atividade lisossomal nas células, realizando digestão de estruturas desnecessariamente ou descontroladamente.
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