Buscar

01 - Homero - O poeta grego épico


Continue navegando


Prévia do material em texto

Homero - O poeta grego épico
Homero é considerado o grande autor da maior parte dos poemas narrativos que sobreviveram ao início da literatura grega.
Segundo a tradição antiga, ele é autor dos poemas épicos Ilíada e Odisseia, duas grandes obras da Antiguidade, e muitos outros poemas que acabaram servindo de relato histórico e base cultural e moral da Grécia. Para os gregos que viveram sob o domínio dos romanos, ele foi o principal poeta da sua época, embora alguns escritores coloquem em dúvida a sua verdadeira identidade - é controvertida até a data de seu nascimento. Por volta do sétimo século XII a.C. surgiram as primeiras citações dos relatos épicos -, a Ilíada e a Odisseia estão incluídas entre as grandes obras da literatura universal.
A Ilíada narra os acontecimentos, em 51 dias, durante o décimo e último ano da guerra de Troia. O título da obra tem origem no nome grego de Troia, Ílion. Trata-se de um poema épico que descreve "a ira de Aquiles" e a luta pela a posse de mulheres capturadas, entre Aquiles, o grande guerreiro, e Agamenon, o comandante chefe do exército dos aqueus, que sitiou Ílios, a capital de Troia, por nove anos a fim de resgatar Helena, a esposa de Menelau (irmão de Agamenon), que fora capturada por Paris, filho de Príamo, rei de Troia.
A luta teve conseqüências desastrosas - primeiro para os aqueus, que tiveram de combater sem o apoio de Aquiles, e sob a temporária, porém real, inimizade de Zeus, "o pai dos deuses e dos homens" -; depois para o próprio Aquiles na perda de seu grande amigo Patroclus; e, finalmente, para Heitor, herói dos troianos. Aquiles, depois de ter se reconciliado com Agamenon, tendo vingado o assassinato de Patroclus e praticado os rituais finais para o amigo morto, finalmente se reconcilia com os deuses, ao permitir que Príamo possa regatar o corpo de Heitor e levá-lo de volta a Troia, para ser enterrado.
A história da Guerra de Troia pôde ser conhecida em detalhes graças ao relato atribuído a Homero. Acredita-se que ele costumava peregrinar pelas cortes e povoados da época, repetindo as estrofes verbalmente, enaltecendo os feitos e as conquistas dos antepassados dos gregos, então designados como aqueus.
Era seu costume narrar, em pé e apoiando- se num cajado, em voz alta, para os ouvintes, a descrição dos combates dos heróis daquela época. Uma espécie de repórter falado daqueles tempos, com certeza. Esse costume viabilizou a preservação da memória dos fatos de então, o que acabaria por resultar na unidade cultural dos povos daquela região do sul da Europa, principalmente os de fala grega. Hoje, considera-se que Homero teve um papel fundamental, como personalidade literária, na vida do povo grego.
Essa narrativa, também chamada de epopeia, se resume em duas obras-primas: a Ilíada e a Odisseia. A Ilíada relata o último ano da guerra de Troia e a Odisseia conta as peripécias de Ulisses, depois da guerra. Em ambas são narradas a relação dos homens com os deuses. Consta que os relatos de Homero foram, por assim dizer, reescritos em 561 a.C por um certo Zenôdoto, que cumpria ordens de um ditador de Atenas, Pisístrato. Assim, a Ilíada e a Odisseia chegaram até nós compiladas por aquele escritor. Os dois grandes poemas que constituem as duas obras foram posteriormente subdivididos em 24 cantos cada, num total espantoso de 27.803 versos, número até hoje não superado na literatura ocidental.
Os outros personagens da guerra de Troia, heróis e anônimos, foram fontes de inspiração para autores que viveram depois dos tempos de Homero. Eles escreveram peças que se basearam nas vidas dos combatentes Ésquilo, Sófocles e Eurípides foram alguns desses autores.
A Ilíada, em particular, deixou sua marca na cultura clássica, tanto na formação dos gregos como, posteriormente, na dos habitantes do Império Romano. Essa influência também pode ser observada nos autores clássicos daquele período, como em Virgílio.
Originalmente, a Odisseia foi escrita em seis livros, dividida em quatro partes. A obra narra a luta de Telêmaco contra os cortejadores de sua mãe, que querem tirar proveito da viagem de Ulisses para a guerra de Troia. Atena aconselha Telêmaco a ir à procura do pai. Ele viaja numa embarcação para a casa do rei Nestor, em Pilos, que lhe conta episódios da guerra e sobre a morte de Agamenon. Em seguida, ele viaja a Esparta, junto com o filho de Nestor, e no palácio de Menelau e Helena, ouve mais relatos sobre o conflito entre aqueus e troianos.
Ao mesmo tempo em que Telêmaco segue viagem em busca do pai, Zeus envia Hermes para determinar a Calipso, em Ogígia, que deixe Ulisses partir. No mar, a bordo de uma jangada, durante uma tempestade, ele chega a um lugar chamado Feaces, onde encontra a princesa Nausíca. Aconselhado por ela a ir ao palácio, Ulisses recebe um pedido do rei Alcino para lhe contar a sua história.
Ulisses narra então o dia que deixou Troia no passado. Cita a passagem pela ilha dos ciclopes, onde ele fere o filho de Poseidon. Passa também pela ilha da feiticeira Circe, que, segundo a lenda, transformava os homens em suínos, e chega até Hades, onde interroga Tirésias sobre seu próprio futuro.
Essa região, segundo a lenda, era conhecida como a terra dos mortos. Ulisses então teria se comunicado - mediunicamente, talvez - com os companheiros de batalha que tombaram e inclusive com sua própria mãe, que falecera. Em seguida, ele volta à ilha de Circe, que o adverte sobre o perigo das sereias. Em viagem, novamente, Ulisses chega à ilha do Sol, onde seus companheiros matam os animais e depois falecem no mar. Ulisses, o único sobrevivente, volta à ilha de Ogígia, onde permanece por sete anos.