Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Internacional PROFª JULIA ABDALLA BEM - VINDOS - AULA Nº 03 2 RECAPITULANDO 3 4 A proteção da pessoa humana pelo Direito Internacional Público O Estado como sujeito originário do Direito Internacional Público Os novos sujeitos: Organizações Internacionais e o Indivíduo Outros Sujeitos e atores internacionais - Unidade de Ensino: 01 – Fontes do Direito Internacional Público (Teórico) - Princípios gerais do direito, doutrina, fatos, costume e jurisprudência - Tratados e Convenções - Atos unilaterais dos Estados e resoluções de organizações governamentais. - Soluções Pacíficas de Controvérsias. - Aula nº: 03 -BLOCO 1 Princípios gerais do direito, doutrina, costume e jurisprudência. 6 CONTEÚDO 8 Fontes do Direito Internacional Público O que são fontes? A forma de manifestação do direito, ou seja, é a partir delas que surgem as normas jurídicas. Tudo que origina ou produz normas internacionais Mais complexo que Direito Interno porque não há uma autoridade superior que determine a relevância e validade das respectivas fontes normativas 9 Fontes do Direito Internacional Público Hierarquia: Ausência de hierarquia - não há hierarquia entre tratados. Cada fonte normativa, como os sistemas regionais de integração (Mercosul, União Europeia e quase outros duzentos sistemas regionais em todo o mundo), Organizações Internacionais ou diferentes conjuntos de Estados sem qualquer ligação institucional preestabelecida, cria normas próprias que não têm relação hierárquica com outras normas existentes. A exceção à regra é o jus cogens, considerado uma espécie de norma obrigatória a todos os Estados e que, portanto, coloca-se acima dos demais tratados e a Carta da ONU (art. 103) 10 Fontes do Direito Internacional Público Fontes Materiais: se referem ao exame do conjunto de fatores sociológicos, econômicos, ecológicos, psicológicos e culturais, que condiciona a decisão do poder no ato de edição e formalização das diversas fontes do Direito. (MAZZUOLI, p. 149) Ex: Segunda Guerra Mundial. É um fato histórico, que propiciou o surgimento de diversas normas internacionais de Direitos Humanos, diante das necessidades sociais decorrentes dos estragos e tragédias ocorridos no período de guerra. 11 Fontes do Direito Internacional Público Art. 38 do Estatuto da CIJ, que assim estabelece: “1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: a) as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; b) o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; c) os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; d) sob ressalva da disposição do art. 59. as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito. 2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes com isto concordarem”. 12 Fontes do Direito Internacional Público O art. 38 não fala em fontes, mas a doutrina tradicional tem apontado que as fontes do Direito Internacional correspondem perfeitamente àquilo que se estipulou no citado dispositivo. Todavia, não é rol taxativo é um roteiro 13 Fontes Formais do Direito Internacional Público COSTUME INTERNACIONAL: é considerada uma das mais importantes fontes do Direito Internacional, tendo em vista que a maioria das normas internacionais são de origem consuetudinária, ou seja, derivam do costume internacional já que não existe um órgão responsável pela produção de normas jurídicas, e são criadas pela manifestação de vontade dos Estados. Por costume internacional, como o próprio nome já sugere, entende-se a prática reiterada de determinada conduta pelos sujeitos de Direito Internacional. Crítica: lentidão e incerteza, tem sido substituído pelos tratados. 14 Fontes Formais do Direito Internacional Público COSTUME INTERNACIONAL: Elementos A) objetivo/material: repetição generalizada, reiterada e uniforme de certos atos B) subjetivo/psicológico: aceitação pelos sujeitos internacionais desta conduta como necessária e justa, logo, o entendimento de que é uma prática jurídica, sentimento de obrigatoriedade; O costume termina quando: i) surge um tratado mais recente que codifica ou revoga o costume (não há hierarquia); ii) por desuso, quando deixa de ser aplicado; iii) por um novo costume. 15 Fontes Formais do Direito Internacional Público Princípios Gerais De Direito: são aqueles princípios aceitos por todos os ordenamentos jurídicos sem grandes dificuldades, como o princípio da boa-fé, da proteção da confiança, da coisa julgada, entre outros. Auxiliaram no surgimento das normas Ainda auxiliam na interpretação Princípio da pacta sun servanda Crítica: ‘nação civilizada’ 16 Fonte Auxiliar do Direito Internacional Público Jurisprudência: A jurisprudência materializa-se nas decisões dos tribunais internacionais, dos tribunais arbitrais internacionais, tribunais de OIs e acórdãos dos tribunais internos dos Estados. Mazzuoli afirma que a jurisprudência não é fonte do Direito porque: a) “não cria o direito, mas sim o interpreta mediante a reiteração de decisões no mesmo sentido. Sendo ela uma sequência de julgamentos no mesmo sentido, nada mais é do que a afirmação de um direito preexistente, ou seja, sua expressão. b) as decisões de tribunais não criam normas propriamente jurídicas, o que demanda abstração e generalidade, requisitos sem os quais não se pode falar na existência de uma regra de direito “stricto sensu”. c) Registre-se que o artigo 59 do Estatuto da CIJ determina que “A decisão da Corte só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão”. 17 Fonte Auxiliar do Direito Internacional Público Doutrina: A doutrina é o conjunto dos estudos, ensinamentos, entendimentos, teses e pareceres dos estudiosos do Direito Internacional, normalmente constantes de obras acadêmicas e de trabalhos de instituições especializadas. Crítica: definir juristas qualificados Atualmente é usada como auxílio para interpretação e criação de normas; INTERAÇÃO 18 19 Por jurisprudência entende-se o conjunto de decisões em um mesmo sentido, proferidas reiteradas vezes por um determinado Tribunal. Logo, diz-se que a jurisprudência é uma expressão do Direito e que por isso não cria normas jurídicas. Agora, imagine que um Tribunal Internacional começa a proferir diversas decisões afirmando que uma certa prática internacional se converteu em norma consuetudinária e firma a sua jurisprudência nesse sentido. Essa jurisprudência, por conta de sua importância, passa a ser observada por vários Estados e serve de base para a decisão de outros Tribunais. Será que poderíamos dizer que a jurisprudência, por vezes, acaba criando o Direito e tomando força de verdadeira lei? 20 Embora a jurisprudência não crie propriamente o direito, isso não retira a sua validade como meio auxiliar para a determinação das regras de direito, como na dicção do art. 38 do ECIJ, favorecendo a criação de novos direitos com o passar do tempo, bem como a criação de novas regras costumeiras internacionais. Além do mais, a jurisprudência também constitui importante fator de fomento na criação do direito objetivo, seja escrito ou costumeiro, sendo várias as normas internacionais originadas de precedentes jurisprudenciais. Sua maior importância decorre do fato de, ainda hoje, ser enorme o número de normas que subsistem a título estritamente costumeiro, necessitando ser interpretadas a fim de não se tornarem inconsistentes, obscuras ou ambíguas. O mesmo se diga em relação aos princípios gerais de direito, que estão sempre a reclamar uma correta determinação, lançando o intérprete na obrigação de reconhecer o valor dosposicionamentos jurisprudenciais. 21 PERGUNTAS? BLOCO 2 Tratados Internacionais. 22 23 Fontes Formais do Direito Internacional Público Tratados: Tratado é um acordo internacional concluído por escrito entre Estados ou entre Estados e Organizações Internacionais, regido pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. Principal Fonte de Direito Internacional 24 Fontes Formais do Direito Internacional Público Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (1969) Começou a vigorar em 1980 Codificação do conjunto de regras gerais referentes aos tratados concluídos entre Estados, também nas fases de negociação, no processo de formação, nulidades, extinção e etc. Norma “declaratória de Direito Internacional geral” – até para Estados que não são signatários; 25 Fontes Formais do Direito Internacional Público Tratados: Nomenclatura: A categoria tratado tem um conceito amplo. É um gênero que aceita diversas espécies. Convenção por exemplo. Número de partes: bilaterais - duas partes multilaterais – várias partes 26 Fontes Formais do Direito Internacional Público Tratados: Possibilidade de adesão posterior: Tratados abertos: possuem cláusula de adesão. Essa abertura pode ser ilimitada ou limitada. (ex. Tratado do Mercosul que exige que o Estado seja membro da ALADI) Tratados fechados: não contém cláusula de adesão, incluindo somente as partes contratantes. 27 Fontes Formais do Direito Internacional Público Tratados: - Tratados stricto sensu ou solenes (bifásicos) – Todo tratado internacional é solene. Mas, alguns exigem mais etapas para a sua elaboração, constituindo-se em um processo mais complexo para apuração do consentimento das partes. Este procedimento complexo é composto de duas fases internacionalmente distintas: a primeira se inicia com as negociações e culmina com a assinatura e a segunda que vai da assinatura à ratificação. - Tratados em forma simplificada (unifásicos) – para sua conclusão existe uma única fase consistente na assinatura do acordo com consentimento definitivo das partes em obrigar-se pelo pactuado. São também chamados de acordos executivos (executive agreements) e normalmente requerem apenas a participação do Poder Executivo no processo de conclusão, prescindindo geralmente de ratificação. 28 Fontes Formais do Direito Internacional Público Tratados – VALIDADE: Partes capazes: Estados soberanos e organizações internacionais, bem como os beligerantes como a OLP, a Santa Sé e outros sujeitos de Direito Internacional que tenham expressamente esse direito garantido. Agentes habilitados: Os agentes signatários, ou seja, os representantes dos Estados devem apresentar seus plenos poderes (uma espécie de procuração), tornando-se assim, plenipotenciários. 29 Fontes Formais do Direito Internacional Público Tratados - VALIDADE: Consentimento mútuo: Se o tratado é um acordo, deve ser consentido por todos ou pelo número necessário. Não pode ocorrer erro, dolo, corrupção e coação. Objeto lícito e possível: O objeto do tratado deve ser possível e permitido pelo direito e pela moral. Não pode ferir o jus cogens (norma imperativa de direito internacional geral), como proibição ao uso ou ameaça de força e a agressão, prevenção e repressão de genocídios, da pirataria, do tráfico de escravos, da discriminação racial ou do terrorismo. 30 Fontes Formais do Direito Internacional Público Tratados – EFEITOS: Os tratados produzem efeitos entre as partes contratantes, sendo de cumprimento obrigatório quando entram em vigor. Os tratados não têm efeito retroativo. Exceções: questões territoriais Idioma: Os tratados podem ser celebrados em tantas línguas quantas forem as das partes contratantes, pode ser indicado um terceiro idioma, ou um idioma comum (universal), que poderá servir para interpretação e solução de conflitos. (Silva, 2008, p. 95) 31 Fontes Formais do Direito Internacional Público Tratados – RATIFICAÇÃO: Conceito: “ato administrativo mediante o qual o chefe de Estado confirma um tratado firmado em seu nome ou em nome do Estado, declarando aceito o que foi convencionado pelo agente signatário” (Accioly, p. 28-29) Existem 3 sistemas de ratificação: a) Sistema da competência exclusiva do Poder Executivo: Estados absolutistas, Alemanha Nazista b) Sistema de competência exclusiva do Poder Legislativo: modelo britânico que exige um ato do parlamento para que o ato tenha eficácia interna. c) Sistema misto: participação do Legislativo e do Executivo, como ocorre no Brasil. 32 Fontes Formais do Direito Internacional Público Tratados – RATIFICAÇÃO: Próprio tratado pode prever a forma de ratificação; O que torna um tratado perfeito e acabado é a troca da carta de ratificação com outra idêntica da outra parte contratante ou o seu depósito no local indicado no tratado. O depósito é exigido geralmente para tratados multilaterais que requerem certo número de depósitos ou sua totalidade para entrar em vigor. O Estado ou organismo depositário avisa os demais do número de depósitos e de sua entrada em vigor. Embora só entre em vigor após a ratificação, o Estado deve abster-se da prática de qualquer ato capaz de frustrar seu objeto e finalidade. 33 Fontes Formais do Direito Internacional Público Tratados – BRASIL: Negociações (encerra com a elaboração do texto final) → Assinatura (exige-se, em regra, 2/3 dos presentes – art. 9º CV)→ Mensagem ao Congresso Nacional → Dec. Leg. (C.N. – referendo do Congresso) → Dec. (Promulgação/Ratificação pelo Chefe de Estado) → Publicação D.O.U. e D.C.N. → troca da Carta de Ratificação/Depósito internacional (Registro) Principais Efeitos: a) A rejeição do Tratado pelo CN impede a ratificação pelo Presidente da República (sob pena de incidir em Crime de Responsabilidade – art. 84, II, CF). b) A aprovação do Tratado pelo CN não vincula o ato de ratificação do Presidente da República (discricionário) A ratificação é ato irretratável INTERAÇÃO 34 35 No dia 05 de junho o Estado de Fiscalandia, naquele ato representado por um agente signatário apto para o ato, assinou Tratado que regulava a relação comercial com dois Estados vizinhos. Momentos depois, quando a imagem da assinatura é divulgada na mídia, o Chefe de Estado de Fiscalândia alega corrupção do agente signatário, afirmando que não havia interesse econômico por parte de Fiscalandia naquele Tratado. É possível alegar invalidade no consentimento? Explique. 36 Artigo 50 Corrupção de Representante de um Estado Se a manifestação do consentimento de um Estado em obrigar-se por um tratado foi obtida por meio da corrupção de seu representante, pela ação direta ou indireta de outro Estado negociador, o Estado pode alegar tal corrupção como tendo invalidado o seu consentimento em obrigar-se pelo tratado. 37 PERGUNTAS? BLOCO 3 Atos Unilaterais 38 39 ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS São manifestações de vontade de um sujeito de Direito Internacional com intenção de produzir efeitos jurídicos. Para ter eficácia deve atender os seguintes requisitos (Silva, 2008, p. 151): a) Deve ser público, de conhecimento da Sociedade Internacional; b) o ato deve ser criado por um Estado Soberano ou sujeito de Direito Internacional; c) o conteúdo deve ser possível e não proibido por norma de Direito Internacional; d) deve haver intenção do Estado que elabora esse ato de se obrigar. 40 ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS Podem ser tácitos ou expressos; O tácito se manifesta pelo silêncio significando que o sujeito de DIP ao não se manifestar sobre determinado ato unilateral, acata-o. Para tanto, é necessário que: a) o Estado interessado deve conhecer o fato; b)o objeto deve ser um interesse jurídico e c) deve ser concedido um prazo razoável para que o Estado interessado se manifeste. (Silva, 2008, p. 151) 41 ATOS UNILATERAISDOS ESTADOS Protesto: consiste na manifestação expressa de discordância quanto a uma determinada situação, destinada ao transgressor de norma internacional e voltada a evitar que a conduta objeto do protesto se transforme em norma. Visa a resguardar os direitos do Estado em face de pretensões de outro Estado. 42 ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS Notificação: é ato pelo qual um Estado leva oficialmente ao conhecimento de outro ente estatal fato ou situação que pode produzir efeitos jurídicos, dando-lhe “a necessária certeza da informação”. É entendido como “ato condição”, ao qual a validade de ações posteriores está vinculada. Exemplos são as notificações de estado de guerra. 43 ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS A renúncia é a desistência de um direito, que é extinto. Deve ser sempre expressa, nunca tácita ou presumida a partir do mero não-exercício de um direito. A denúncia é ato pelo qual o Estado se desvincula de um tratado. Já o reconhecimento é ato de constatação e admissão da existência de certa situação que acarrete consequências jurídicas. 44 ATOS UNILATERAIS DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS Resoluções/Decisões das organizações internacionais No âmbito das OI - seus atos unilaterais têm força para gerar normas jurídicas internacionais, exigível de quaisquer pessoas submetidas ao DI. São atos emanados das Ois como sujeitos de DIP. É importante observarmos que as decisões das organizações internacionais podem ser de caráter vinculante ou não, o que será estipulado pelo respectivo estatuto de cada organização. Alguma parcela da doutrina aduz que, somente quando forem atos vinculantes aos Estados membros serão considerados como fonte do Direito Internacional Público 45 ATOS UNILATERAIS DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS Resoluções/Decisões das organizações internacionais Atos de mera orientação, apesar da sua importância, não devem ser considerados como fonte do Direito, uma vez que não criam uma norma. 46 ATOS UNILATERAIS DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS As denominações mais comumente encontradas são: a) Decisões: atos da Organização Internacional que geram obrigações para seus destinatários (exemplo: Conselho de Segurança da ONU); b) Recomendações: atos da Organização Internacional que sugerem atos ou alerta sobre possíveis obrigações (exemplo: Assembleia Geral e também o Conselho de Segurança da ONU); c) Sentenças: decisões em contenciosos perante as Cortes internacionais; d) Pareceres consultivos: decisões de caráter não obrigatório que elucidam o direito sobre determinado caso. 47 ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS SOFT LAW Necessidade de adaptação das novas situações de direito e relações internacionais, ligada à flexibilidade que a regulação e a acomodação dos interesses ali presentes; Apesar de não se ter ainda, na doutrina internacionalista, uma conceituação adequada do que seja soft law – (direito plástico, direito flexível ou direito maleável) –, compreende todas aquelas regras cujo valor normativo é menos constringente que o das normas jurídicas tradicionais, seja porque os instrumentos que as abrigam não detêm o status de “normas jurídicas”, seja porque os seus dispositivos, ainda que insertos no quadro de instrumentos vinculantes, não criam obrigações de direito positivo aos Estados, ou não criam senão obrigações pouco constringentes. (MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público – 12. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019) 48 ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS SOFT LAW: Constituem-se como atos internacionais concertados e não-convencionais, constituídos por documentos extraídos de foros internacionais que possuem caráter meramente declaratório, que não gera obrigatoriedade e não vincula os Estados ao seu cumprimento expresso. Os documentos possuem um caráter indicativo de direito sendo estruturados para serem regulamentados “lege ferenda”, ou seja, a ser regulamentado para ser aplicável, e que se reconhece como moralmente válido. (Silva, 2008, p. 71). 49 ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS - Modalidades de soft laws: a) normas, jurídicas ou não, de linguagem vaga ou de conteúdo variável ou aberto ou, ainda, que tenham caráter principiológico ou genérico, impossibilitando a identificação de regras claras e específicas; b) atos concertados entre os Estados que não adquiram a forma de tratados e que não sejam obrigatórios; c) atos das organizações internacionais que não sejam obrigatórios; d) instrumentos produzidos por entes não-estatais que consagrem princípios orientadores do comportamento dos sujeitos de Direito Internacional e que tendam a estabelecer novas normas jurídicas. 50 ATOS UNILATERAIS DOS ESTADOS Normas sem valor propriamente “jurídico”, ou com valor normativo menor que o das normas tradicionais (ou ainda, segundo alguns, com conteúdo variável), nem por isso deixa ela de ter a sua significância em Direito Internacional. (MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público – 12. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019) Ex. A Lei Modelo sobre Arbitragem Internacional, a Carta Democrática Interamericana e a Declaração Sociolaboral do MERCOSUL. INTERAÇÃO 51 52 Examine as assertivas abaixo e indique, a seguir, a resposta correta: I - as normas de um tratado internacional sobre direitos humanos, devidamente incorporado ao direito brasileiro, poderão integrar o elenco das denominadas "cláusulas pétreas" constitucionais; II - a denúncia é ato unilateral pelo qual o Estado requer a extinção de Convenção ou Tratado Internacional em vigor em vários outros Estados, por força da caducidade das suas normas; III - os Tratados Internacionais somente podem ser firmados pelos Estados, não se admitindo a participação de outros sujeitos; IV - os Tratados Internacionais devidamente incorporados ao direito brasileiro submetem-se ao controle abstrato de constitucionalidade, por força da natureza jurídica das suas normas; V - as convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovadas apenas por maioria simples em cada casa do Congresso Nacional brasileiro não adquirem vigência normativa própria dos Tratados. 53 PERGUNTAS? BLOCO 4 Soluções Pacíficas de Controvérsias. 54 55 SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS Conflito de interesses no cenário internacional, que dois ou mais Estados ou organizações internacionais discordem sobre um determinado ponto. Algumas vezes esses conflitos de interesses podem ser simples, apenas uma discordância, outras vezes podem tomar maiores proporções, até mesmo levando à emergência de guerras ou conflitos armados. A expressão “solução pacífica de controvérsias” compreende os instrumentos não militares e, portanto, exclui as atividades de direito de ingerência da ONU ou de organizações de caráter militar. (VARELA, Marcelo Dias. Curso de Direito Internacional Publico. 2019) 56 SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS Negociação A negociação diplomática compreende as iniciativas dos próprios Estados envolvidos para equacionarem o máximo possível suas controvérsias. Diferencia-se das demais formas que pressupõem a intervenção de outro ator, que colabora com a solução ou mesmo profere uma decisão. (VARELA, Marcelo Dias. Curso de Direito Internacional Publico. 2019) 57 SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS Bons ofícios Nos bons ofícios, objetiva-se reatar negociações entre dois Estados que já não mantêm relações diplomáticas. Cria-se um ambiente possível ou mesmo favorável à solução do litígio sem, no entanto, coordenar a negociação. A diferença para a negociação é a interferência de um terceiro que, em geral, exerce uma função de relevância política internacional, no tocante à matéria.(VARELA, Marcelo Dias. Curso de Direito Internacional Publico. 2019) Ex: Secretário Geral ONU 58 SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS Mediação O mediador propõe a base jurídica que fundamentará o processo de negociação, busca diminuir os dissensos e aproximar as distintas soluções desejadas pelaspartes. Muitas vezes, o mediador prepara o ambiente para negociação e colaborando até seu final, pode oferecer uma solução ao litígio não definitiva. Seu objetivo principal, além de restabelecer relações diplomáticas, é conduzir as partes a uma solução amigável. (VARELA, Marcelo Dias. Curso de Direito Internacional Publico. 2019) Terceiro é ativo, propõe soluções; 59 SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS Conciliação A conciliação é um procedimento facultativo de negociação, conduzido por uma comissão de conciliadores, que irão indicar o direito aplicável ao caso e os fatos apurados na investigação. A Conciliação é realizada por uma comissão composta por conciliadores escolhidos pelos Estados envolvidos.(VARELA, Marcelo Dias. Curso de Direito Internacional Publico. 2019) Meios políticos: ocorrem no seio das organizações internacionais e são utilizados para a resolução de conflitos mais graves, que geralmente representem uma ameaça à paz. 60 INSTRUMENTOS JURISDICIONAIS DE SOLUÇÃO DE CONTROVÉRSIAS Os instrumentos jurisdicionais de solução de controvérsias têm por principal característica a determinação de uma solução jurídica ao caso, determinada por um terceiro, que foi acionado para proferir uma decisão ao litígio. (VARELA, p. 534) Os principais instrumentos de solução jurisdicional de conflitos são: a) arbitragem; b) decisão jurisdicional. 61 SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS Arbitragem Compromisso arbitral é o tratado entre os Estados que define a modalidade de composição do painel arbitral, seus poderes, os procedimentos a serem adotados pelos árbitros, as regras de direito aplicáveis, a possibilidade de recurso e traz o compromisso das partes de cumprirem fielmente a decisão dos árbitros. (VARELA, p. 535) 62 SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS Arbitragem o Tribunal Arbitral é instituído para um fim específico, para a resolução de um caso concreto. Se comprometem a cumprir com a decisão, sob pena de incorrerem em ilícito internacional e por ele serem responsabilizadas (princípio pacta sunt servanda) 63 SOLUÇÃO PACÍFICA DE CONTROVÉRSIAS Solução judicial: Submeter-se à jurisdição das Cortes Internacionais é uma faculdade das partes, porém a partir do momento em que elas as reconhecem, sujeitam-se às decisões proferidas, as quais se tornam obrigatórias, como a de qualquer outro tribunal. 64 65 PERGUNTAS? Situação Problema 66 67 SITUAÇÃO PROBLEMA O ano é 2007. Neimar Mesi nasce em uma localidade erma, de difícil acesso, encravada entre os países da Argentina e do Brasil. Um vilarejo, sem qualquer registro ou reconhecimento formal. Acontece que o menino, com um talento extraordinário para a prática do futebol, acaba sendo descoberto por Juan Cabrero, um olheiro argentino que, certo dia, perdido naquela localidade, acaba vendo o prodígio em ação. Com ligações à seleção Argentina de futebol, Juan oferece ao menino uma oportunidade para a realização do sonho de se tornar jogador de futebol, partindo das categorias de base deste país. Ocorre que o pai de Neimar Mesi, de origem brasileira, então toma conhecimento do talento absurdo de seu filho para a prática do esporte e, como bom brasileiro, quer que seu descendente venha a vestir a camisa da seleção canarinha. 68 SITUAÇÃO PROBLEMA A situação chega ao extremo de causar uma controvérsia entre os países para, primeiramente, definir a localidade de nascimento de Neimar Mesi, a qual país pertence o território em que o craque nasceu. As discussões passam a ser corriqueiras, chegando a ameaçar a paz entre os países. O problema, nesta ficção, está lançado: nesse caso, qual seria a melhor alternativa para a resolução harmônica do conflito internacional, já que as partes se mostram inflexíveis entre si? Tenhamos também em mente que ambas as nações querem efetivamente solucionar o problema para que o território em questão seja finalmente definido como sendo brasileiro ou argentino. Imagine que você é um diplomata brasileiro e foi incumbido da missão de buscar a solução do conflito internacional. Quais os meios de solução pacífica de controvérsias nesse caso? Qual deles você indicaria para melhor solucionar a questão? 69 RESOLUÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA Estamos claramente diante de um caso no qual existe uma flagrante controvérsia internacional envolvendo dois países na América do Sul. Cientes de que ambos os países tencionam elucidar pacificamente a questão para finalmente definirem a quem pertence o território e, igualmente definirem se Neimar Mesi é um brasileiro ou, ao contrário, argentino, você, como representante diplomático do Brasil, deve apontar a melhor forma de solucionar essa controvérsia. 70 RESOLUÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA Então, como diplomata que é, você deve defender os interesses do país que representa. Nesse sentido, prezado diplomata, tendo em vista e considerando que o Brasil carrega como principal interesse a preservação da paz mundial, e que seu papel é impulsionar a efetivação dos interesses brasileiros, você deve propor, para finalmente solver a questão, mantendo a harmonia entre os países conflitantes, a intervenção direta de um mediador advindo de um terceiro país, isento de interesses na questão e referendado tanto pelo Brasil quanto pela Argentina. O país mediador deverá ativamente orquestrar uma solução que, pacificamente, garanta a melhor resolução para ambas as partes que compõe esta contenda internacional. Assim, a controvérsia será resolvida de maneira pacífica, de acordo com aquilo que determina o artigo 33 da Carta da ONU. RECAPITULANDO 71 72 Princípios gerais do direito, doutrina, fatos, costume e jurisprudência Tratados e Convenções Atos unilaterais dos Estados e resoluções de organizações governamentais. Soluções Pacíficas de Controvérsias.
Compartilhar