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Cássia Mendes Ataide - UFMS AGENTES ALUCINÓGENOS - PSICOMIMÉTICOS E PSICODÉLICOS Psicotrópicos: todas substâncias que atuam/funcionam no SNC Alucinógenos ou psicomiméticos: capazes de perturbar o SNC Alucinógeno: toda substância com potencial de alterar aspectos sensoriais → MDMA, fenciclidina, ketamina, THC Psicotomiméticos: capazes de causar psicose Psicodélicos: capazes de causar uma experiência mais espiritual e de revelação → psilocibina, mescalina, LSD, ayahuasca BASES NEUROBIOLÓGICAS: diversas Pensando nos efeitos psicodélicos: - Tálamo - Áreas corticais sensoriais e associativas do córtex Com o uso de psicodélicos: redução do filtro talâmico (motivo principal) Aumento da conectividade do córtex sensorial com o resto do cérebro e redução da conectividade do córtex associativo com o resto do cérebro Aumento da conectividade associada com as sensações primárias de aspectos sensoriais, mas redução dos aspectos interpretativos das sensações - Recebe as sensações de formas diferentes, mas percebe de maneira alterada AGENTES PSICOMIMÉTICOS Uso quase exclusivo recreativo e religioso ✓ Perturbação da percepção, pensamento e humor ✓ Redução da estimulação motora e depressão SNC ✓ Baixo potencial de dependência (nem todos) Podem induzir violência/agressão Efeitos alucinógenos não explorados na clínica (atual) Podem ter outros efeitos interessantes (canabinoides, ketamina) USOS TERAPÊUTICOS PARA ALUCINÓGENOS Diversas vertentes Alteração no processamento de informações relacionadas ao próprio → sensação de unidade maior, menor diferenciação do que é próprio/do outro - Pode ajudar na resolução de problemas de quadros depressivos - Processamento social: aumento da empatia e redução à rejeição Processamento emocional: uso associado a redução de emoções/estímulos negativos e a alterações na atividade da amígdala AGONISTAS DIRETOS DE RECEPTORES DE SEROTONINA Possuem semelhança estrutural com a serotonina LSD: dietilamina do ácido lisérgico (“ácido”, “doce”) Derivado sintético do ácido lisérgico Alta potência alucinógena (1micrograma/kg → efeito) Bastante lipofílico (acúmulo gorduroso) Poucos efeitos fisiológicos gerais, exceto a alucinação → maior risco: alucinação com vertente negativa que possa expor o usuário a risco de vida (“bad trip”) Uso sublingual (papel) ou pingado na língua como solução, além de boa absorção se pingado na pele Psilocibina (psilocina) Extraída de cogumelos alucinógenos (Psilocybe spp.) Mescalina Extraída do cacto peiote (Lophophora williamsii), bastante usada no aspecto religioso Quimicamente relacionado às anfetaminas Livro: As portas da percepção Ayahuasca (“santo-daime”, hoasca, iagê) Extrato ou chá de Banisteriopsis caapi (“cipó do morto”) Acompanha mais plantas: Psychotria spp. e Diplopterys spp. Alcaloides, harmanos, inibidores enzimáticos... Cássia Mendes Ataide - UFMS Preparação com caule, folhas... → a composição não é sempre exata Composto principal: DMT (dimetiltriptamina) → efeito alucinógeno - parecida com serotonina Agonista (parcial) de 5HT2A LSD, Psilocibina, Psilocina, serotonina, DMT Agonista em baixas concentrações do transmissor e antagonista se altas concentrações Mecanismo de ação: Ativação de vários receptores 5HT (em especial 5HT2A) - 5HT2A: receptor mais relacionado com os efeitos alucinógenos (sempre pensar quando houver algo serotoninérgico causando alucinação / a ketamina causa por receptores NMDA) Redução da atividade do núcleo da rafe → redução na [5HT] em algumas regiões do cérebro (pode ser por agonismo de receptores 5HT1A) - 5HT1A: são inibitórios - Paradoxo: vários alucinógenos supostamente têm efeitos antidepressivos Mescalina: inibição do transporte de monoaminas - Atuar inibindo a SERT ou outros receptores de monoaminas, gerando acúmulo da substância e ativação de receptores serotoninérgicos Agonistas diretos 5HT2A LSD, psilocibina, mescalina e DMT Perturbação sensoperceptiva (alucinação, distorção, ilusão) - Mais claro em aspectos visuais e auditivos Percepções sinestésicas (mescla de modalidades) Pensamento ilógico e desconexo - relação com a possibilidade de alterar o padrão de conectividade de áreas interpretativas ou associativas do SNC Melhora do humor (hilário) Bad trip: ansiedade, paranoia, delírio persecutório Flashbacks (alucinações negativas, em geral, após meses/anos depois do uso) → acúmulo do LSD em gordura, que é liberado em situações de lipólise (teoria) Tolerância (?) Baixa capacidade de causar dependência MDMA Aplica as situações da anfetamina - há os efeitos mistos e estimulantes, porém com um grau leve alucinógeno “Droga de festa” - ecstasy, bala, drop, “MD” Estimulante com efeito alucinógeno leve Euforia, agitação, alucinação Reduz a inibição social (“empatógeno”) Mecanismo de ação ✓ Efeitos anfetamínicos sobre DA/NA - potencializa (psicoestimulante) Inibe a recaptação das monoaminas, entra no neurônio, desloca as monoaminas da vesícula para a fenda sináptica + bloqueio da MAO → vale para serotonina também ✓ Inibição da SERT e redução da recaptação 5HT ✓ Aumento da liberação 5HT (depleção secundária) Baixo potencial de dependência, porém possui alta toxicidade Produção pode conter contaminantes (imprevisível) Lesão muscular e insuficiência renal com mioglobinúria (estimulante motor) - rabdomiólise Hipertermia aguda (aumento da transmissão 5HT - importância na regulação térmica; aumento de atividade mitocondrial; NA) - involuntariamente, aumenta o consumo de água Hiponatremia, colapso e coma (alta ingestão de água, aumento da liberação de ADH) Hiperdiluição dos fluidos corporais Falência cardíaca (NA, DA) - efeitos anfetamínicos (simpatomiméticos) + aumento da volemia Morte súbita (mesmo em dose baixa) Depressão, ansiedade, irritação e agressividade (rebotes ou tardios) Neurodegeneração evidente em neurônios que produzem serotonina e dopamina (até dose baixa) THC E OUTROS CANABINOIDES THC: agonista de receptores CB1/CB2 (ação direta no sistema canabinoide) Inibição de enzimas de degradação Ação em outros receptores (5HT) - explica os efeitos alucinógenos Cássia Mendes Ataide - UFMS Neurotransmissão canabinoide Liberação de neurotransmissores (glutamato ou GABA) Frente a ativação ou inibição do neurônio pós-sináptico, pode ocorrer o recrutamento de enzimas de produção de endocanabinoides - Principais: 2-AG e anandamida Uma vez produzidos, são transmissores atípicos: - Retrógrados: produzidos na pós-sinapse e atuam na pré-sinapse - Não são armazenados em vesículas - difundem pela membrana livremente (muito lipofílicos) Metabolizados por várias enzimas presentes na pré e pós-sinapse (ex. FAAH, MAGL) Podem atuar no CB1 e CB2 Altamente lipofílico, com absorção por várias vias (oral, aspirado, etc) Alucinação (não é comum) e euforia - doses altas de THC Aumento da ansiedade, sedação, tontura, tremor, redução da memória Queda de temperatura (hipotermia), aumento de fome e boca seca Broncoconstrição e PA (FC) - associada com vasodilatação (inclusive periférica, como ocorre nos olhos) Diurese Gatilho para esquizofrenia Baixa capacidade de gerar dependência Processamento da maconha pode modificar a composição e o efeito terapêutico (depende de como está) - A planta in natura geralmente apresenta-se na forma ácida → ex. THCA: anticâncer, anti- inflamatório, antiespasmódico - Com a pirólise, há conversão na forma ativa → ex. THC: analgésico Efeitos benéficos potenciais (antiproliferativo, analgésico, antieméticos) Produtos do metabolismo secundário de Cannabis spp. Canabidiol: potencial de efeito indesejado muito mais vantajoso que o THC THC: psicotomimético - pode causar psicose, servir de gatilhopara esquizofrenia → agonista CB1 e CB2 CBD: não-psicotomimético + potencial antipsicótico → antagonista CB1 e CB2 e ações em outros alvos * Ambos são psicotrópicos e psicoativos THC e risco de psicose: estudo mostra relação com uso de Cannabis de alta potência (com [THC] de 12-18%) → pode ser até 7x maior - “skanks” - Riscos aumentam: 6x se consumo diário, 2x com uso >5 anos - Fatores predispõem o risco: genes associados a transmissão dopaminérgica podem predispor o risco de psicose até 7x; genes associados a degradar endocanabinoides podem predispor 10x; genes associados a monoaminas (COMT) até 2x o risco de consumo CBD puro vs. extrato de Cannabis ricos em CBD → estudo mostra que o uso do puro traz uma incidência maior de efeitos indesejados - Mistura de CBD: muitas vezes um potencializa o efeito do outro, necessitando doses menores de todos, minimizando os efeitos indesejados Cássia Mendes Ataide - UFMS OUTROS PSICOMIMÉTICOS Ketamina (“special K”, “Kelly”) e fenciclidina (PCP, “pó de anjo”) Atagonistas glutamatérgicos NMDA Metoxitamina (bloqueio NMDA + inibe recaptura de 5HT) Euforia, alucinação e dissociação Ketamina: aspirada, injetada Drogas sintéticas - “Designer drugs” (“tudo pode ser”) Origem sintética: anfetaminas, catinonas, canabinoides, etc → DMT, DOM, DPT, MDPV, MDEA, MDOH, 6-APB Hioscina, DL-hioscinamina (atropina) Antagonistas muscarínicos → alucinação, sonolência, confusão Salvinarina-A Agonista k-opioide → efeito alucinógeno
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