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Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato INTRODUÇÃO é uma doença inflamatória crônica pouco frequente que ocorre principalmente em mulheres jovens e acomete múltiplos órgãos e sistemas. É o protótipo das doenças mediadas por imunocomplexos. Chamada de colagenase pq inflama o tecido conjuntivo rico em colágeno de diversos órgãos→ pele (dermatite), articulações (artrite), serosas (serosite), glomérulos (glomerulite) e o SNC (cerebrite). É a doença das “ites”... Apresenta alterações da resposta imune, com presença de anticorpos dirigidos contra proteínas do próprio organismo. Sua evolução é crônica, caracterizada por períodos de atividade e remissão. A gravidade da doença é variável: formas leves e intermitentes até quadros graves e fulminantes. As taxas de morbidade e mortalidade estão aumentadas em pacientes com LES quando comparadas com as da população geral. Os avanços terapêuticos melhoraram significativamente a evolução da doença. Entretanto, remissão completa e permanente é rara. EPIDEMIO -Doença rara. -Incidência= varia de 1 a 10/100.000 pessoas/ano. -Prevalência= 20 a 70 por 100.000. -Locais= descrita nos 5 continentes, sendo menos comum na áfrica. Brasil= Natal: 8,7 casos por 100.000 pessoas/ano, em estudo de 2000. -Sexo= M>H→ 20- 40 anos, a relação é de 9 a 12 mulheres: 1 homem (possível efeito do hormônio estrogênio). Antes da puberdade e nos idosos em que o efeito desse hormônio é mínimo, a relação é de 2:1.Os homens são diagnosticados em uma idade mais avançada que as mulheres, tinham mais comorbidades cardiovasculares e foram hospitalizados mais frequentemente, a probabilidade era maior para perder peso, ter nefrite lúpica, linfadenopatia, esplenomegalia e fibrose pulmonar. Já nas mulheres, a maior probabilidade era de ocorrerem lesões cutâneas, alopecia, fenômeno de Raynaud e artrite. -idade= adultos de meia idade→ M (3ª-7ªdécada); H (5ª a 7ª). A incidência anual de LES em crianças (≤ 16 anos) < 1 por 100.000 pessoas em estudos; O início da doença durante a adolescência está associado com evolução mais agressiva e desfechos mais graves Raça= negros têm maior incidência e prevalência. -Genética= (família com agregação de doenças autoimunes) 10-20% dos pacientes com LES tem história familiar de alguma doença autoimune ou do próprio lúpus. Eua= incidência é mais elevada nos negros, as taxas de mortalidade são 3 a 4 X maiores nas mulheres negras do que nas brancas, a média de idade de início da doença é menor e o dano instala-se mais precocemente. -Prognóstico melhorou= os pacientes vivem décadas após o diagnóstico. Apesar dos avanços no tratamento, as taxas de mortalidade no LES permanecem três vezes mais altas do que na população em geral. O risco de mortalidade é significativamente aumentado para mortalidade por insuficiência renal, doença cardiovascular e infecção. O risco cardiovascular varia de acordo com a etnia→ maior nos afro-americanos. ETIOPATOGENIA A etiologia é desconhecida, mas A formação de autoanticorpos no LES depende de fatores genéticos e ambientais e hormonais. o LES é resultado da ação de diversos autoanticorpos, produzidos por um desequilíbrio do sistema imunológico. Quando os autoanticorpos se ligam a seus antígenos (os “autoantígenos”), formam-se imunocomplexos que ativam o sistema complemento, dando início ao processo de quimiotaxia e inflamação tecidual. No LES, imunocomplexos podem se formar em nível local, por ligação direta dos autoanticorpos aos tecidos, ou no soro (imunocomplexos circulantes), com posterior deposição tecidual (ex.: nos glomérulos, pele, sinóvia). • Fatores genéticos são considerados essenciais para o desenvolvimento da doença, e sua importância é corroborada tanto pelo elevado grau de concordância entre gêmeos univitelinos (14-57%), quanto pela incidência aumentada da doença em parentes de primeiro grau (5-12%)→ há uma maior frequência de anticorpos anti- C1q e anticardiolipina e anormalidades de C3 e C4 nos familiares desses pacientes Estudos de associação do genoma humano identificaram 30 a 40 loci em genes com polimorfismo, ou raramente mutações, que predispõem ao LES. Cada gene provavelmente afeta algum aspecto da imunorregulação, da degradação de proteínas, do Lúpus Eritematoso Sistêmico Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato transporte de peptídios através de membranas celulares, complemento, fagocitose, imunoglobulinas e apoptose. As diferentes combinações dos defeitos dos genes podem causar respostas imunológicas e patológicas distintas, resultando em expressões clínicas diferentes. Fatores genéticos que conferem maior risco= as deficiências dos componentes do complemento, como C1q (importante para o clearance das células apoptóticas), C4A e B, C2 ou a presença do gene que sofreu mutação, o TREX1. Outros= os localizados no sistema principal de histocompatibilidade (MHC). Outros estão associados com a imunidade inata (IRF5, Stat4, IRAK1, TNFAIP3, SPP1), e muitos deles são controlados pelo interferon alfa→ 60% dos pacientes com LES apresentam expressão aumentada dos genes induzidos pelo interferon alfa nas células do sangue periférico. Outros genes associados com predisposição, que estão envolvidos com a sinalização de linfócitos (PTPN22, OX40L, TP-1, 1-BANCO, LYN, BLK). RESUMINDO... Com exceção da rara mutação para TREX1 ou as deficiências dos componentes iniciais do complemento, não há um único polimorfismo do gene responsável pelo alto risco para o desenvolvimento de LES.uma combinação de genes de suscetibilidade ou a presença de genes de suscetibilidade associada com a ausência de genes protetores (como TLR5 polimorfismo ou perda de função PTPN22 variante) é necessária para “atingir” suscetibilidade genética suficiente para permitir o desenvolvimento da doença. • Fatores ambientais -Exposição aos raios UV (B>A)= desencadeiam atividade lúpica em 70% dos pacientes. Exercem efeitos imunogênicos nos queratinócitos cutâneos: induzem apoptose dessas células; promovem lesão direta do DNA; modificam as proteínas nucleares que serão expressas na membrana (como o Ro e o La), tornando- as mais antigênicas; aumentam a liberação de IL-1, IL-3, IL-6 e TNF-alfa, favorecendo a produção de anticorpos por linfócitos B autorreativos.--> explica a maior prevalência de lúpus no verão. -Agentes infecciosos= As infecções podem intensificar respostas imunes indesejáveis. Os vírus podem promover modificações antigênicas e simular autoantígenos (“mimetismo molecular”), desencadeando atividade de doença autoimune. Contudo, apenas o vírus Epstein-Barr mostrou, até o momento, uma maior taxa de infecção prévia nos pacientes com LES do que na população geral (Pct com LES apresentam altos títulos dos anticorpos antivírus Epstein-Barr, carga viral circulante desse vírus aumentada e produzem anticorpos antirretrovírus). A infecção pelo HIV, quando depleta linfócitos T CD4+, inibe certas doenças autoimunes, como o LES e a artrite reumatoide, mas aumenta a atividade de doenças como as espondiloartropatias soronegativas. Infecções por micobactérias e tripanossoma podem induzir a formação de anticorpos anti-DNA ou mesmo sintomas lúpus-símile, e infecções bacterianas podem induzir ativação do LES -Sílica= poeira encontrado em material de limpeza, solo, materiais de cerâmica, cimento e fumaça de cigarro, aumentar a incidência de LES, particularmente em mulheres negras. -Medicamentos= algumas drogas podem causar o lúpus farmacoinduzido pelo mecanismo indução de demetilação do DNA (processo que permite a expressão exagerada de genes que numa situação normal permaneceriam inativos, como os genes de citocinas e outros fatores pró-inflamatórios). Drogas= hidralazina, procainamida, isoniazida, fenitoína, clorpromazina, d-penicilamina,metildopa, quinidina, interferon-alfa e agentes anti-TNF (as duas últimas, vale citar que o provável mecanismo é a estimulação direta do sistema imune, havendo risco de “síndrome lúpus-like” durante o tratamento da hepatite C e AR). -Tabagismo= associação causal entre o uso de tabaco e a atividade do LES. Parece que alguma das substâncias presentes no cigarro podem ser implicadas no desenvolvimento de anticorpos anti-DNA dupla-fita • FATORES HORMONAIS Os hormônios possivelmente interferem na incidência e na gravidade do LES. -Hormônios sexuais= os estrogênios são imunoestimulantes (aumentam a atividade dos linfócitos B), os androgênios e progestágenos fazem o oposto→ explica a predominância da doença em mulheres na idade fértil... Pacientes que fazem uso de ACO ou TRH possuem risco aumentado de LES (1,5 vezes). início precoce da menarca (≤ 10 anos de idade) ou a administração de estradiol em mulheres na pós- menopausa dobra o risco. O papel etiológico dos hormônios no LES pode estar relacionado a seus efeitos na resposta imune. O Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato estrogênio estimula timócitos, células T CD4+ e CD8+, células B, macrófagos, a liberação de certas citocinas e a expressão do HLA e moléculas de adesão (VCAM e ICAM). Diferentemente, andrógenos tendem a ser imunossupressores. A progesterona suprime a proliferação de células T e aumenta o número de células CD8, enquanto a hiperprolactinemia está associada à ativação do LES. Apesar dos possíveis efeitos dos hormônios sexuais no LES, a expressão clínica da doença é a mesma no homem e na mulher TLR (receptores de reconhecimento de padrões moleculares) anormais São o elemento central da fisiopatologia. Normalmente= são a base da imunidade “inata”, e estão presentes em diversos tipos celulares (macrófagos, células dendríticas, linfócitos B imaturos, etc.). Reconhecem “padrões” ou “motivos” moleculares constantes em diversas espécies de micro- organismos, por exemplo: o lipopolissacarídeo das bactérias Gram-negativas (LPS)... Ao entrarem em contato com tais padrões prototípicos, os TLR desencadeiam a ativação tanto de mecanismos de defesa inespecíficos, imediatos (ex.: estímulo à fagocitose) quanto específicos, tardios (ex.: estímulo às células apresentadoras de antígeno, que por sua vez estimulam linfócitos T e B a produzirem uma resposta imune “adaptativa”). Ele pode ser ativado tanto por agentes exógenos como por endógenos. em alguns indivíduos – as moléculas do meio interno, como os autoantígenos (particularmente RNA/DNA e proteínas nucleares associadas). Assim, a elaboração de uma resposta imune adaptativa contra os autoantígenos seguiria uma sequência semelhante a da resposta imune contra agentes exógenos (primeiro uma fase “inata”, inespecífica, com posterior seleção de linfócitos B autorreativos, que se transformariam em plasmócitos produtores de autoanticorpos extremamente específicos) processo facilitado por fatores genéticos e ambientais. ANORMALIDADES IMUNES perda do mecanismo de autotolerância. pacientes com LES não toleram seus próprios autoantígenos e, consequentemente, desenvolvem uma resposta autoimune. Os mediadores do LES são os autoanticorpos e os imunocomplexos patogênicos. Os anticorpos podem estar presentes anos antes que a doença se manifeste. Os autoantígenos que são reconhecidos pelo sistema imune estão presentes principalmente na superfície das células que estão ativadas ou em processo de apoptose. Os pacientes com LES apresentam um defeito genético na apoptose, o que resulta em programação anormal da morte celular. -a fagocitose e o clearance dos imunocomplexos e das células apoptóticas são deficientes→ persistência de antígenos e imunocomplexos. As células B plasmáticas, responsáveis pela produção dos autoanticorpos, são persistentemente ativadas e induzidas ao processo de maturação pelo fator de ativação das células B (BAFF), também conhecido como estimulador de linfócitos B (BLyS) e por células T helper, que também são persistentemente ativadas. -Os níveis séricos do BAFF estão frequentemente aumentados nesses pacientes, promovendo a formação e a sobrevivência das células B de memória e plasmócitos. Esse aumento persistente dos autoanticorpos não é controlado adequadamente pelos anticorpos anti-idiotípicos, células T reguladoras CD4+ ou pelas células T supressoras CD8+. Alguns imunocomplexos que contêm proteínas de DNA ou RNA, ativam o sistema imune inato via receptor toll- like 9 (TLR-9) ou TLR-7, respectivamente. Assim, as células dendríticas são ativadas e produzem interferon tipo 1 e o TNF-alfa, as células T produzem interferon-gama, IL-6 e IL-10, enquanto as células natural killer e T não conseguem produzir quantidades adequadas de TGF- beta→ favorecem a formação de autoanticorpos continuamente. Assim, tanto a imunidade inata quanto a adaptativa conspiram para a produção contínua dos autoanticorpos. Essa resposta autoimune costuma ser controlada por alguns anos, mas quando falha, resulta em manifestação clínica da doença RESUMINDO... a predisposição genética, associada a estímulos ambientais e hormonais, facilita a exposição de autoantígenos processados por células apresentadoras de antígenos e células B. Esses peptídios processados ativam células T e se ligam a receptores de células B, direcionando o processo para a produção de anticorpos patogênicos. Estes se ligam aos antígenos para formar imunocomplexos, que se depositam em órgãos-alvo. As células-alvo lesadas (glomérulos, células endoteliais, plaquetas e outras) liberam mais antígenos, que perpetuam o processo. o mecanismo regulatório, que deveria interromper o processo e transformar a resposta imune em self (própria), não funciona adequadamente. QC CONSTITUCIONAIS Podem ocorrer em qualquer fase da doença. São eles: adinamia, fadiga, perda de peso, diminuição de apetite, febre, poliadenopatias, mialgia e artralgia. São inespecíficos e podem estar ligados à atividade da doença ou a fenômenos intercorrentes, como infecção (atenção especial p febre) ou fibromialgia . - A fadiga, por mais difícil que possa ser sua avaliação, costuma ser o primeiro sinal de uma recaída iminente MUSCULOESQUELÉTICAS -SÃO AS MAIS FREQUENTES. -ARTRITE= A maioria tem poliartrite intermitente, com sintomas que podem ser discretos ou incapacitantes. Predominam nas pequenas articulações de mãos, Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato punhos e joelhos. O quadro geralmente regride quando outras manifestações do lúpus respondem ao tratamento. -DEFORMIDADES ARTICULARES=+ nas mãos, em 10% dos pcts. Podem se apresentar como um quadro leve ou uma forma poliarticular, simétrica e erosiva, que se assemelha às deformidades da artrite reumatoide, conhecida como “rhupus” (estudo radiográfico mostra erosões em metacarpofalângicas), ou, ainda, como um quadro não erosivo conhecido como artropatia de Jaccoud, caracterizada por frouxidão das estruturas periarticulares que afeta todas as articulações, especialmente as das mãos (na RM há edema da cápsula e tenossinovite nas deformidades de Jaccoud e sinovite ativa e erosões no “rhupus) Primeiro: Desvio ulnar dos dedos e subluxação das articulações metacarpofalângicas. seguindo-se dedos em pescoço de cisne, em botoeira e polegar em “Z”. Nos pés: hálux valgo, dedos em martelo e subluxação das articulações metatarsofalângicas. -MIOSITE= 5-10%. caracterizado por fraqueza muscular e elevação da creatininofosfoquinase, acompanhada de inflamação e necrose à biopsia muscular, MAS a grande maioria dos pacientes tem mialgias sem miosite franca. Os corticosteroides e, mais raramente, os antimaláricos e as estatinas podem ser responsáveis por queixas de mialgia e até de miosite. Tais efeitos adversos, além de doença tireoidiana concomitante,devem ser diferenciados da doença em atividade. -COMORBIDADES= A persistência de dor, edema e calor em apenas uma articulação, principalmente o joelho, ombro ou quadril, levanta a suspeita de osteonecrose (ON) ou artrite séptica. Infecções musculoesqueléticas expressam-se como celulite, artrite séptica, osteomielite e piomiosite. Atenção para as causadas por micobactérias, que têm evolução crônica e podem acometer todas as estruturas citada. Fibromialgia tem sido identificada em 22% dos indivíduos com LES; É responsável por uma pior qualidade de vida. PELE -É comum, ocorre em 70-80% dos pcts na evolução da doença e em 20% pode ser 1ª manifestação. -Pacientes com lúpus cutâneo têm pior qualidade de vida do que indivíduos com outras afecções dermatológicas comuns, como acne, câncer de pele não melanoma e alopecia. -As lesões são polimorfas e classificadas em específica s e inespecíficas= em função da presença ou não de dermatite de interface na biópsia de pele (infiltrado inflamatório distribuído ao longo da junção dermoepidérmica). As lesões específicas ainda podem ser subdivididas em agudas, subagudas e crônicas. Vale frisar que a biópsia NÃO É obrigatória em todos os portadores de lúpus! Somente em casos atípicos, onde há dúvida diagnóstica. • Fotossensibilidade + em 50% dos pacientes, pode ser precipitada pelos raios ultravioleta e acontece após exposição exagerada à luz solar ou até mesmo à lâmpada fluorescente. Além da reação cutânea, alguns pacientes desenvolvem exacerbação das manifestações sistêmicas ao se exporem aos raios ultravioleta. Deve-se estar atento ao diagnóstico diferencial de lesões cutâneas de fotossensibilidade causadas por substâncias químicas: • LES agudo - manifesta-se como eritema malar, lesões maculosas ou papulosas difusas e LE bolhoso, com duração mais curta do que nas formas discoide e subaguda. Tipicamente, os pacientes têm a forma sistêmica da doença, em atividade, e apresentam manifestações em outros órgãos. -A erupção malar, chamada eritema ou rash malar, eritema ou rash em asa de borboleta ou em vespertílio, apresenta-se como eritema na região malar e no dorso do nariz, transitório ou mais persistente. Pode ser Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato precipitada pelo sol, e o edema local é frequente. Em geral, poupa o sulco nasolabial e cura sem deixar cicatriz. -Outras= máculas, pápulas ou placas eritematosas, algumas vezes com tonalidade violácea, que podem apresentar leve descamação, não são pruriginosas, simulam erupção causada por medicamentos e primariamente, ocorrem em áreas expostas ao sol, como face, tórax, ombros, face extensora dos braços e dorso das mãos, regredindo sem atrofia. Raramente, podem simular a necrólise epidérmica tóxica. • LES SUBAGUDO - situa-se entre a forma mais agressiva, com tendência cicatricial do LE discoide e eritema malar de curta duração, sem caráter destrutivo, do LE agudo. -2 variedades= papuloescamosa e anular. -Clínica= A erupção é fotossensível, podendo também ser induzida por pesticidas e inseticidas, metais pesados e outros elementos, tabaco, alimentos, fármacos (hidroclorotiazida, anti-histamínicos, bloqueadores de canal de cálcio, naproxeno, contraceptivos orais, estrogênios e infecções. No início, apresenta-se como uma pápula ou pequena placa eritematosa levemente descamativa. Na variante papuloescamosa, as lesões progridem e confluem formando placas psoriasiformes em arranjo muitas vezes reticulado; na variante anular, ocorre progressão periférica das lesões, com eritema e fina descamação na borda. Ocasionalmente, surgem hipopigmentação e telangiectasias no centro das lesões anulares. - Histo= as lesões do LE cutâneo subagudo e do LE discoide são qualitativamente idênticas. A associação com anticorpos anti-Ro é comum, presente em 90% dos pacientes com esse tipo de lesão cutânea, além de apresentar melhor prognóstico com relação às manifestações sistêmicas mais graves. • LES CUTÂNEO CRÔNICO -LE DISCOIDE= lesões maculosas ou papulosas, eritematosas, bem definidas, com escamas firmes e aderentes à superfície das lesões. Podem ocorrer na ausência de manifestações sistêmicas. Comumente, em sua evolução, essas lesões tornam-se mais infiltradas e confluentes, formando placas recobertas por escamas espessas e queratose que se estende para o interior do folículo piloso dilatado. Os locais mais acometidos são: couro cabeludo, pavilhão auricular, região torácica anterior e porção superior dos braços. Na face, as sobrancelhas, as pálpebras, o nariz e as regiões mentoniana e malar. Às vezes, encontra-se uma placa disposta sob a forma de “asa de borboleta”, simetricamente localizada na região malar e no dorso nasal. As lesões cutâneas são crônicas, persistentes e podem regredir deixando áreas cicatriciais discrômicas, além de telangiectasias e alopecia cicatricial. Quando as lesões discoides ultrapassam a região abaixo do pescoço, são classificadas como LE discoide disseminado. -PANICULITE LÚPICA= são acometidos face, pescoço, ombros, braços e, eventualmente, quadris e regiões glúteas. Clinicamente, notam-se nódulos eritematosos subcutâneos, duros e bem definidos. A pele suprajacente pode apresentar lesões típicas de lúpus eritematoso discoide ou mesmo ulcerações. A frequência de ocorrência é de 2%, e a etiologia é incerta. Citocinas e imunocomplexos circulantes podem aumentar a inflamação e a necrose na hipoderme. -CHILBLAINS/ LÚPUS PÉRNIO= forma rara de lesão cutânea, caracterizada por placas e nódulos purpúricos, dolorosos, em áreas expostas ao frio, dedos, que podem se tornar hiperceratóticas ou ulcerar. Cerca de 20% dos indivíduos com esse quadro apresentarão a forma sistêmica do lúpus. • LES CUTÂENO INTERMITENTE -LÚPUS TÚMIDO= fotossensíveis, urticariformes ou placas lisas, eritematovioláceas, brilhantes, localizadas na cabeça e no pescoço, muitas vezes com descamação fina na superfície e prurido eventual, mais comum em homens. Não deixam cicatrizes e, quando há recorrência, ela ocorre nos locais afetados originalmente. É raro que ocorram em pacientes com lúpus sistêmico OUTRAS: LES INESPECÍFICO LESÃO DISCOIDE ATIVA LESÃO DISCOIDE CICATRICIAL Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato • ALOPÉCIA -Comum. Pode ser difusa ou localizada. A forma difusa costuma acompanhar os períodos de atividade inflamatória da doença, é transitória e não deixa retração cicatricial. O tipo localizado é produzido por lesões discoides no couro cabeludo, sendo, por isso, permanente. A alopecia transitória pode ser ainda decorrente de efeitos colaterais de medicamentos como corticosteroide e agentes citotóxicos. • VASCULITE -púrpura palpável, urticária, livedo reticularis, eritema periungueal, ulcerações digitais ou em membros inferiores e fenômeno de Raynaud (+ EM 50% dos pacientes)→indicam doença ativa A vasculite no LES afeta tipicamente vasos com menos de 100 mcm de diâmetro, caracterizada por necrose fibrinoide e espessamento da parede do vaso, com mínima infiltração de células inflamatórias. Ulcerações orais, vaginais, conjuntivais ou nasofaríngeas podem ocorrer como manifestação de vasculite. Em geral, são rasas, com base escura e bordas hiperemiadas e dolorosas. A perfuração do septo nasal é complicação rara. VASCULITE C NECROSE EM POLPA DE 3º DEDO. HEMATOLÓGICAS Anormalidades nos elementos formadores do sangue, da coagulação e do sistema fibrinolítico são comuns nos pacientes com LES, que podem ser ou não imunomediados. -principais manifestações: anemia, leucopenia, trombocitopenia e síndrome do anticorpo antifosfolipídio. mielofibrose, anemia aplásica e aplasia de série eritrocítica podem ocorrer quando a MO é alvo. A anemia pode ser hemolítica, de doença crônica, ferropriva, megaloblástica..anemia da doença crônica → leve, ocorrer em períodos de atividade inflamatória e apresentar níveis inadequados de eritropoetina sérica em proporção com a intensidade da anemia. Anemia hemolítica→pode ser a manifestação inicial do LES e prevalecer como a única manifestação da doença por anos. O teste de Coombs direto é positivo em apenas 10% dos pacientes com lúpus e hemólise. Anemia ferropriva pode resultar de menorragia ou perda pelo TGI -SÉRIE BRANCA= leucopenia + em até 50% dos doentes e linfopenia em 20 a 75%, especialmente relacionadas à atividade inflamatória da doença, ou por efeito colateral de medicamentos imunossupressores. A terapia com corticosteroide pode resultar em redução do número absoluto dos eosinófilos e monócitos. Leucocitose, reflete processo infeccioso ou o uso de doses elevadas de corticosteroide, ou períodos de exacerbação aguda da atividade inflamatória. -PLAQUETAS= trombocitopenia discreta (100-150 mil) em 25% dos pcts, cuja causa principal é a destruição autoimune: as plaquetas ligadas a imunoglobulinas são fagocitadas no baço, como na púrpura trombocitopênica idiopática. Autoanticorpos contra antígenos específicos nas plaquetas podem ser os mediadores da destruição destas, como os anticorpos contra o receptor da trombopoetina (TPOR) e glicoproteína IIb/IIIa (GPIIb)IIa). Também pode ocorrer como uma complicação da terapêutica com imunossupressores (azatioprina) e, raramente, com a hidroxicloroquina. Ou ainda como manifestação da púrpura trombocitopênica trombótica (PTT), complicação grave do LES -BIÓPSIA DE LES COM PANCITOPENIA= hipocelularidade global, aumento da proliferação de reticulina, plasmocitose, diseritropoese, mielofibrose e necrose. -CAUSAS DA CITOPENIA= Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato RENAIS um dos principais determinantes da morbimortalidade nos indivíduos com LES. Manifesta-se clinicamente em 50 a 70% dos pacientes, mas praticamente 100% deles têm doença renal à microscopia eletrônica. Em geral, as manifestações surgem nos primeiros 2 a 5 anos da doença, e, quando se apresentam como a manifestação inicial do LES, pioram o prognóstico. 10- 30% dos indivíduos com glomerulonefrite lúpica, principalmente aqueles com a forma proliferativa, progridem para doença renal crônica estabelecida, com necessidade de terapia renal substitutiva. -NEFRITE LÚPICA= maior em negros, hispânicos e asiáticos. Polimorfismo do gene APOL1, encontrado quase exclusivamente em afro-americanos, tem sido associado com glomeruloesclerose e progressão da doença na nefrite lúpica. O padrão de lesão glomerular depende dos sítios de depósitos dos imunocomplexos. ***IMUNOCOMPLEXOS= são primariamente compostos de anticorpos anti-DNA (anti-DNAds ou anti-DNA), dirigidos contra nucleossomas. Os imunocomplexos são constituídos também de cromatina (C1q), laminina (Sm), La (SS-B), Ro (SS-A), ubiquitina e ribossomos. Esses imunocomplexos ligam-se no mesângio, no compartimento subendotelial e/ou subepitelial dos glomérulos. -Região mesengial e subendotelial= ficam próximos da membrana basal glomerular e, portanto, comunicam- se com o espaço vascular. Consequentemente, ativam o complemento (tipicamente a via clássica) que estimula o recrutamento e a migração de neutrófilos e células mononucleares para as regiões afetadas por meio dos quimioatraentes C3a e C5a→manifestam-se histologicamente por glomerulonefrite mesangial ou proliferativa difusa ou focal, e clinicamente por um sedimento urinário alterado (hemácias, piócitos e cilindros granulosos e celulares), proteinúria e, frequentemente, piora da função renal. -Região subepitelial= não estão associados com a migração de células inflamatórias, pois os quimioatraentes estão separados da circulação pela membrana basal glomerular. é limitado às células epiteliais glomerulares e a manifestação clínica primária é proteinúria, que frequentemente é nefrótica. Os pacientes com esse tipo de envolvimento renal apresentam glomerulonefrite membranosa. -Geralmente os pacientes não relatam sintomas específicos relacionados ao sistema renal, so quando surge IR ou Sindrome nefrótica→ os médicos devem solicitar periodicamente o exame do sedimento urinário, dosagem sérica da ureia e creatinina, ritmo de filtração glomerular estimado, relação proteína-creatinina em amostra única de urina ou proteinúria em amostra de urina de 24 h. As concentrações séricas aumentada do anticorpo anti-DNA nativo e reduzida das frações do complemento (C3 e C4) estão associadas com nefrite lúpica ativa. • Exames -ESU= presença ou ausência de hematúria, o estudo dos cilindros celulares importantes na formulação de hipóteses de envolvimento renal como na evolução do tratamento realizado. Os cilindros celulares mais importantes são os hemáticos, os leucocitários e os epiteliais tubulares. Os cilindros hemáticos indicam nefrite lúpica (habitualmente a classe difusa e em atividade), nefropatia mesangial por depósitos de IgA, endocardite bacteriana e infarto renal. Os cilindros de células epiteliais tubulares indicam necrose tubular aguda, doença por vírus (sobretudo infecção por citomegalovírus) e exposição a medicamentos. -Biópsia renal= deve ser realizada na maioria dos pacientes com LES que desenvolvem evidências de envolvimento renal, para confirmar o diagnóstico e a classe histológica da nefrite (importante porque o tratamento é guiado pelo subtipo histológico da nefrite). É igualmente importante definir o grau de atividade e cronicidade e identificar complicações como nefrite intersticial e microangiopatia trombótica. Além disso, a apresentação clínica pode não refletir com precisão a gravidade dos achados histológicos. Pode auxiliar na confirmação diagnóstica em indivíduos com doença renal nos quais o LES é incerto, como naqueles com proteinúria sem sedimento urinário ativo e com leve ou nenhuma evidência de atividade sorológica Indicações da biópsia= sempre que houver elevação da creatinina sérica sem causa aparente e potencialmente associada ao LES, na proteinúria Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato isolada ≥ 1 g/24 h (ou relação proteinúria/creatininúria ≥ 1) ou ≥ 0,5 g/24 h (ou relação proteinúria/creatininúria ≥ 0,5) associada à hematúria dismórfica glomerular e/ou cilindros celulares. PULMÃO Ocorre em 50-70% dos pacientes. -Dor torácica + em até 50% dos doentes, relacionada a inflamação da pleura, envolvimento muscular, dos tecidos moles ou das articulações costocondrais (costocondrite). A inflamação da pleura pode causar dor torácica na ausência de atrito ou derrame pleural. O derrame é, em geral, de volume pequeno a moderado, e bilateral. O derrame volumoso é exceção. É comumente um exsudato com concentração elevada de glicose, reduzida de desidrogenase lática e com presença de autoanticorpos como anti-DNA nativo e anticorpos antinucleares. No caso de dúvida quanto à sua etiologia→ realizar a toracocentese para excluir infecção. • Pneumonite aguda é incomum, ocorre em menos de 10% dos pacientes e assemelha-se a uma pneumonia, com febre, dispneia, tosse, algumas vezes com hemoptise e dor pleurítica. Está associada com a presença dos anticorpos anti-Ro. -RX= mostra infiltrado pulmonar alveolar difuso, com predomínio em bases, e metade dos pacientes apresenta derrame pleural associado. - (TC)= o lavado broncoalveolar e o teste da difusão do monóxido de carbono podem ser necessários, pois determinam maior sensibilidade para o diagnóstico. É imprescindível descartar infecção associada. • Doença pulmonar crônica intersticial -caracteriza-se por quadro insidioso de tosse seca, dispneia progressiva, crepitações pulmonares basais e infiltrado pulmonar intersticial bibasal, mais bem visualizado na TC do tórax de alta resolução. Da mesma maneira,é indispensável descartar infecção. O lavado broncoalveolar pode mostrar celularidade com predomínio de neutrófilos (indicativo de lesão ativa). A espirometria tem padrão restritivo, com prejuízo na difusão de monóxido de carbono. • Outras -HEMORRAGIA ALVEOLAR= rara, porém com mortalidade entre 50 e 90%. O quadro clínico consiste em dispneia, tosse, hemoptise e hipoxia, evoluindo para insuficiência respiratória aguda e franca hemoptise. A rápida queda da hemoglobina e do hematócrito e o aparecimento de infiltrado alveolar bilateral e difuso caracterizam a hemorragia alveolar na sua fase de maior gravidade. Algumas vezes, a hemoptise pode não ser proeminente, retardando o diagnóstico→ a queda rápida do hematócrito em um paciente com LES, associada a um infiltrado alveolar difuso, deve alertar o clínico sobre a possibilidade de hemorragia alveolar. É necessário excluir outras causas, como infecção, insuficiência cardíaca congestiva, edema agudo de pulmão não cardiogênico e coagulação intravascular disseminada. -HIPERTENSÃO PULMONAR= + em até 14% em avaliação inicial e 43% no seguimento clínico dos pacientes lúpicos. É um quadro insidioso com alta morbidade. O quadro clínico consiste em dispneia, dor torácica, síncope, hipoxemia crônica, policitemia e sons cardíacos com desdobramento e hiperfonese de segunda bulha. O diagnóstico, difícil, é feito pelos métodos de rotina, como ausculta cardíaca, eletrocardiograma e radiografia de tórax, exigindo o Doppler e o cateterismo para sua confirmação. Está associada aos anticorpos anti-RNP, fator reumatoide e anticorpos anticardiolipina. Fenômeno de Raynaud é referido em até 75% dos pacientes com hipertensão pulmonar e LES. É importante afastar causas secundárias de hipertensão pulmonar -embolia pulmonar – frequente no LES –, valvopatia crônica ou doença intersticial pulmonar. -SÍNDROME DO PULMÃO RETRAÍDO= complicação rara do LES. paciente costuma apresentar dispneia progressiva, e a radiografia de tórax mostra redução significativa dos campos pleuropulmonares sem acometimento do parênquima, diafragmas elevados e imagens de atelectasia nas bases. O teste funcional revela um importante distúrbio restritivo, com redução do volume pulmonar. A TC de alta resolução é importante para diferenciar a “síndrome do pulmão retraído” da doença pulmonar intersticial. Responde mal ao tto e tem prognóstico reservado. CARDÍACAS Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato inclui o pericárdio, o endocárdio, o miocárdio, as artérias coronárias e o sistema de condução, com significante morbidade e mortalidade. raro como manifestação inicial da doença, tem sido descrito entre 50 e 89% durante a evolução da doença. -PERICARDITE= a mais comum. Está presente em 37% dos pacientes ao ecocardiograma. Em geral, ocorre associada a outros sintomas e sinais de atividade da doença, apresentando-se como episódio agudo isolado ou recorrente. Clinicamente, apresenta-se com– dor precordial e atrito pericárdico – ou evolui de modo indolor e silencioso (mais comum). O líquido pericárdico é um exsudato com células inflamatórias crônicas, pesquisa positiva para anticorpos antinucleares e anti- DNA nativo e complemento diminuído. As complicações como pericardite constritiva, pericardite purulenta e tamponamento cardíaco, são raras. Recomenda-se que não seja realizada a pericardiocentese, exceto em tamponamento cardíaco descompensado ou na necessidade de afastar o diagnóstico de pericardite purulenta, pois a inflamação pericárdica habitualmente regride com o uso de corticosteroide. -MIOCARDITE= clinicamente manifesta é descrita em 7 a 10% dos pacientes com lúpus. É um fator prognóstico ruim, associado à diminuição da sobrevida, apesar de até 80% dos pacientes apresentarem melhora com o tratamento medicamentoso incluindo corticosteroide e imunossupressores. O diagnóstico clínico dispneia, palpitações, febre, presença de sopros cardíacos com ritmo em galope, cardiomegalia e insuficiência cardíaca congestiva. No entanto, deve-se suspeitar de miocardite em pacientes que se apresentem apenas com taquicardia de causa não definida. podem ser detectadas alterações eletrocardiográficas não específicas, taquicardia sinusal, arritmias supraventriculares e ventriculares e anormalidades de condução. A ecocardiografia pode identificar disfunção diastólica, hipocinesia ou acinesia global ou segmentar, cardiomegalia e diminuição da fração de ejeção. É importante lembrar que a disfunção miocárdica em pacientes com lúpus pode ser consequência de outras comorbidades, como isquemia miocárdica, hipertensão arterial sistêmica, doença renal crônica, valvulopatias ou até resultar de toxicidade aos medicamentos, como a ciclofosfamida e os antimaláricos. -ALTERAÇÕES VALVARES= podem se manifestar como espessamento dos folhetos, massas ou vegetações, regurgitação e, raramente, estenose. Aparece em mais de 50% dos pacientes com LES. apresentam uma incidência maior de acidente vascular encefálico (AVE), embolia periférica, insuficiência cardíaca, endocardite infecciosa e morte, quando comparados a indivíduos sem valvopatia. Assim, a profilaxia para endocardite bacteriana tem sido preconizada em pacientes com LES que irão se submeter aos procedimentos invasivos. O diagnóstico de valvopatia deve ser suspeitado na presença de sopros cardíacos significativos, insuficiência cardíaca, tromboembolismo arterial periférico ou doença cerebrovascular. Deve ser feito o diagnóstico diferencial com endocardite bacteriana, especialmente na presença de febre. o preditor mais consistente a presença dos anticorpos antifosfolipídios. -endocardite de Libman-Sacks= forma verrucosa e não bacteriana de endocardite ou valvulite cardíaca. Constitui-se num surpreendente achado anatômico do LES, ocorrendo principalmente na valva mitral (face atrial) e, menos frequentemente, na valva aórtica (face arterial). Pode causar insuficiência mitral e/ou aórtica de grau leve a moderado, justificando o aparecimento de sopro orgânico em pacientes com LES. A manifestação mais temida é a embolia arterial -DISTÚRBIOS DE CONDUÇÃO= O mais característico é o quadro de bloqueio congênito do lúpus neonatal. Em adultos, bloqueio atrioventricular e bloqueios de ramo são raros, geralmente assintomáticos ou se associam a sintomas leves como palpitações e fadiga. NEUROPSIQUIÁTRICAS O lúpus neuropsiquiátrico (LNP) compreende diversas síndromes neurológicas, envolvendo os sistemas nervosos central, periférico e autonômico, além de síndromes psiquiátricas e psicofuncionais, e o seu diagnóstico e tratamento pode ser um desafio. As manifestações podem preceder, ocorrer concomitantemente ou algum tempo após o início da doença, durante os períodos de atividade ou quando o LES se encontra inativo. Podem ser primárias, ou seja, decorrentes do dano imunológico ou de tromboembolismo, ou secundárias a diversas situações clínicas, como infecções, distúrbios metabólicos, Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato diabetes, uso de alguns medicamentos e hipertensão arterial MECANISMO= a formação de anticorpos antineuronais e antifosfolipídios, além da produção de citocinas. O cérebro deveria ser protegido da circulação de autoanticorpos pela barreira hematencefálica; no entanto, os anticorpos podem atingir o parênquima cerebral se a integridade da barreira for interrompida. os anticorpos antineuronais produzidos na periferia, em uma situação de ruptura desta barreira que pode ou não estar diretamente relacionada ao LES, levariam aos danos neuronais. Mediadores inflamatórios como fator de necrose tumoral, IL-6, IL-1 e interferon-gama podem ser reponsáveis pela ruptura da barreira hematencefálica. ALÉM DE, sepse, infecções bacterianas, trauma, isquemia cerebral e estresse podem modulare interromper a integridade da barreira hematencefálica, bem como agonistas específicos de receptores endoteliais, como a nicotina, a cafeína e a cocaína. produção intratecal de citocinas, como IL-6, IL-2, IL-10 e inibidor 1 de ativador de plasminogênio em pacientes com LNP quando comparados com indivíduos com LES sem envolvimento NP. -CEFALEIA= é refratária a analgésicos narcóticos e pode ser do tipo enxaqueca ou tensional. Pode estar associada com um alto escore de atividade da doença, fenômeno de Raynaud e com a presença dos anticorpos antifosfolipídios. -CONVULSÃO=10 a 20% dos pacientes, focal ou generalizada. É um dos critérios diagnósticos do LES e não oferece dificuldade diagnóstica. deve-se diferenciá-la entre primária e secundária, visto que várias situações podem causar episódios de convulsão nos indivíduos com lúpus, em especial uremia e infecções do SNC. O risco de convulsão está aumentado nos pacientes com o lúpus muito ativo, doença neuropsiquiátrica prévia, anticorpos anti-Sm e anticardiolipina -NEUROPATIA PERIFÉRICA= assimétrica, discreta e pode afetar um ou vários nervos (polineuropatia ou mononeurite múltipla). Predomina a neuropatia sensitiva mais do que a motora. CLÍNICA=dormência e parestesias em dedos, bilaterais, piores à noite. -DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO= hemibalismo, parkinsonismo e coreia. -AVE= 3-15% terão durante a evolução. Anticorpos antifosfolipídios, alta atividade do lúpus e doença valvar, como a endocardite de Libman Sacks, são fatores associados com maior risco de AVE. -MENINGITE ASSÉPTICA= Pode ser a primeira manifestação da doença, fator responsável pelo atraso no diagnóstico do LES em alguns casos. -MIELITE TRANSVERSA= 1 a 2% dos indivíduos com LES, prevalência 1.000 vezes maior que na população geral, e caracteriza-se por início súbito de fraqueza e/ou perda da sensibilidade em membros inferiores, além de perda do controle dos esfíncteres urinário e anal. -DISFUNÇÕES COGNITIVAS= 20 a 80% dos pacientes, maior do que a relatada em controles saudáveis. São definidas como “déficit significativo em qualquer ou todas as seguintes funções: atenção, habilidades executivas (organização, sequenciamento, planejamento), memória, processamento visual- espacial, linguagem (p. ex., fluência verbal) e velocidade psicomotora’’. A disfunção cognitiva tem sido associada com anticorpos anti-DNAn/NMDAr (anticorpo contra o receptor do N-metil-D-aspartate). Os pacientes obtêm resultados piores do que o esperado em testes de memória, habilidades visuoespaciais, atenção e função executiva. PSIQUIÁTRICAS -PSICOSE LÚPICA= manifesta-se geralmente no 1º ano de doença como um quadro de delirium, com estado confusional, ilusões persecutórias, alucinações auditivas ou visuais e flutuação do nível de consciência. constitui um desafio diferenciar as alterações psiquiátricas desenvolvidas por um paciente com LES como sendo originadas pela própria doença ou como resultado da terapia com corticoides... A psicose induzida por corticoides costuma surgir durante as primeiras semanas de uso, em geral com doses acima de 40 mg/dia de prednisona ou equivalente. O melhor teste diagnóstico é a retirada ou redução dos corticoides (se possível), e observação evolutiva do quadro... Foi descoberto, entretanto, um autoanticorpo claramente relacionado às alterações psiquiátricas do LES, em especial à psicose e à depressão: o anti-P (regra mnemônica: “P” de Psicose). TGI a atividade da doença no sistema gastrintestinal (GI) é rara entre os pacientes com LES. Mas podem ser graves. As manifestações ocorrem em 25 a 40% dos pacientes, sendo grande parte de queixas inespecíficas, como dor abdominal, náuseas e vômitos. Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato -DOR ABDOMINAL= indica um diagnóstico diferencial amplo: peritonite, vasculite mesentérica, infarto intestinal, pancreatite e enterite. -BOCA SECA= pode ser manifestação da síndrome de Sjögren secundária. -ÚLCERAS ORAIS= em 25 a 50% dos pacientes, são indolores, localizadas no palato duro e não se relacionam com níveis séricos do complemento ou dos autoanticorpos. -DISFAGIA= relaciona-se com hipomotilidade esofágica, doença do refluxo e, raramente, com ulcerações por vasculite. Além disso, a colonização do esôfago por fungos (monilíase) é comum, pelo uso de altas doses de corticosteroide e imunossupressores. -FÍGADO= aumento de transaminases devido aos medicamentos. Manifestações trombóticas das artérias ou veias hepáticas, geralmente associadas aos anticorpos antifosfolipídios, resultam em infarto hepático, síndrome de Budd-Chiari, hiperplasia nodular ou apenas elevação das transaminases. Raramente ocorre colecistite aguda como manifestação de vasculite. -ASCITE= aguda e crônica pode ser resultante de peritonite lúpica ou de doenças associadas, como pancreatite, síndrome nefrótica, insuficiência cardíaca ou infecções -ENTEROPATIA PERDEDORA DE PTNS= caracterizada por diarreia (em 50% dos casos), edema e hipoalbuminemia, e má absorção (10%) pode ser a apresentação inicial do LES. É mais comum em mulheres jovens, e a biopsia da parede do intestino delgado demonstra depósitos de C3 na parede dos capilares, o que provoca aumento da permeabilidade capilar. -PÂNCREAS= em 5 a 10% dos pacientes, geralmente com aumento da amilase e quadro clínico semelhante ao observado nos indivíduos que não tem LES, apesar da mortalidade ser 27% mais elevada. OCULARES E AUDITIVAS O paciente com lúpus pode ter comprometimento de qualquer região do olho, e as manifestações variam desde olho seco, ceratite, esclerite, episclerite, uveíte, vasculite da retina, neurite óptica e inflamação da órbita até redução da mobilidade ocular por comprometimento de par craniano ou miosite orbitária. Ceratoconjuntivite seca (60%) pela síndrome de Sjögren e vasculite retiniana resultando em infartos que se expressam como exsudatos algodonosos (7%) são as manifestações mais comuns. A vasculopatia oclusiva da retina, por sua vez, é bem mais rara (1%) e muito grave, levando a cegueira em 55% dos casos. - A neurite óptica é rara (1%) e pode se apresentar como um quadro agudo, com dor retrobulbar de início agudo, que piora com os movimentos oculares, além de perda visual ou escotomas, e papila de nervo óptico normal ou edemaciada. Em outros casos, o quadro pode ser mais insidioso, com perda de visão gradual e indolor, e alteração do campo visual. Episclerite e esclerite são manifestações raras, resultado de vasculite de pequenos vasos dessas estruturas. A episclerite é uma condição benigna que não ameaça a acuidade visual e é um processo autolimitado, após poucas semanas de desconforto e hiperemia ocular. Responde a corticosteroide tópico ou AINH orais. Já a esclerite é uma inflamação mais profunda e grave, de curso crônico, que pode resultar em afinamento da esclera (escleromalácia) com prolapso das estruturas intraoculares, glaucoma e descolamento seroso da retina. O paciente refere dor periocular, olho vermelho e dor à palpação do olho. -ORELHA INTERNA= 15 a 67% dos pacientes, uni ou bilateral, manifestando-se com hipoacusia, zumbido ou vertigem. Pode se instalar de maneira abrupta (horas ou dias), com progressão rápida (dias ou semanas) ou lenta (semanas a meses). A doença pode estar inativa, o que pode retardar a correlação do quadro auditivo com o LES. Essa pode ser a primeira manifestação do lúpus. DIAGNÓSTICO baseia-se em manifestações clínicas características e exames laboratoriais. CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO= Qualquer combinação de 4 ou mais dos 11 critérios, bem documentada a qualquer momento da evolução da história do indivíduo, torna muito provável o diagnóstico de LES, com especificidade e sensibilidade de 95 e 75%. Esses critérios não são específicos do LES,e eles podem estar presentes em indivíduos com outras doenças, como sífilis, hanseníase, síndrome da imunodeficiência adquirida e síndrome do anticorpo antifosfolipídio. -NOVOS CRITÉRIOS= Foram incluídas manifestações do lúpus não contempladas no critério do ACR e enfatizou- se a necessidade de, pelo menos, um critério imunológico. Para um indivíduo ser classificado com Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato lúpus sistêmico, são necessários, no mínimo, quatro critérios: pelo menos um clínico (dentre 11) e um imunológico (dentre 6) ou nefrite confirmada por biopsia com fator antinuclear positivo ou anticorpo anti- DNA nativo positivo. Tem E (92%) e S (94%). MANIFESTAÇÕES LABORATORIAIS Não há um teste único que determina se uma pessoa tem lúpus, mas vários exames laboratoriais podem ajudar o médico a fazer o diagnóstico. Alguns testes são usados para monitorar a atividade inflamatória da doença uma vez diagnosticada. • Laboratório geral -Hemograma= Anemia normocrômica normocítica relacionada à doença crônica, anemia hemolítica com teste de Coombs positivo e reticulocitose, leucopenia, plaquetopenia. -SEU= alterações do sedimento urinário, como proteinúria, hematúria e cilindrúria, bem como aumento das escórias renais. As análises da urina são muito importantes para determinar o envolvimento renal, tanto para o diagnóstico de LES quanto durante o acompanhamento. -Provas inflamatórias= (VHS) elevada, sobretudo nas fases agudas e, apesar de inespecífica, é muito útil para acompanhar a atividade da doença. O mesmo acontece com a proteína C reativa, cujo aumento pode ocorrer também com infecção. 1. FAN -O FAN, medido por imunofluorescência, por ser muito sensível para LES (mais de 98% dos pacientes tem FAN +), pode ser usado como teste de triagem, considerando-se significativo um título > 1:80. -Baixa especificidade= outras doenças também podem ter FAN positivo... É o caso da esclerose sistêmica (90%), da síndrome de Sjögren (70%) e da artrite reumatoide (35%). E, cerca de 10% da população normal também pode ter baixos títulos de FAN. -o FAN não é um anticorpo específico, e sim um teste que avalia a presença de um ou mais autoanticorpos. Segundo alguns autores, o termo “FAN” deveria ser substituído por um termo mais abrangente, como “PAAC” ou “Pesquisa de Anticorpos contra Antígenos Celulares”, pois neste teste detectam-se autoanticorpos contra diversos constituintes da célula, e não apenas aqueles presentes no núcleo. O FAN é o primeiro teste a ser pesquisado→Nos raros casos da doença em que a pesquisa de FAN resulta negativa, principalmente com lesões cutâneas Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato fotossensíveis, recomenda-se a pesquisa de anticorpos anti-Ro/SSa. ***o anticorpo anti-DNA nativo (anti-DNAds) e o anti-Sm são marcadores específicos de lúpus, e sua identificação faz parte dos critérios diagnósticos. O anti- DNAds é identificado por imunofluorescência indireta utilizando como substrato o flagelado Chrithidia lucilliae. O anti-Sm pode ser identificado por diversos métodos como Western Blot, imunodifusão e contraimunoeletroforese. 2. AUTOANTICORPOS ESPECÍFICOS -Classificação= antinucleares (anti- -DNA, anti-Sm, anti- RNP, anti-Ro (SS-A), anti-La (SS-B) e anti-histonas); anticitoplasmáticos (anti-P); antimembrana celular (antilinfócito, anti-hemácia, antiplaqueta e antineuronais); antifosfolipídio. -ANTI-DNA= se ligam ao próprio DNA nuclear e podem ser de dois tipos: anti-DNA dupla-hélice e anti-DNA hélice única. O anti-DNA dupla-hélice é bastante específico para LES (E= 95%) e possui importante relação com a atividade da doença e com a nefrite lúpica. Está presente em 70-75% dos pacientes. Altos títulos correlacionam-se com a forma grave da nefrite lúpica (classe IV), sendo o acompanhamento de seus níveis importante para avaliar reposta terapêutica. Anti-DNA hélice única= é inespecífico, e pode estar presente em diversas doenças autoimunes ou infecções crônicas. -ANTI-NUCLEOSSOMO= são marcadores específicos do LES, têm maior sensibilidade e aparecem mais precocemente que os anticorpos anti-DNA nativo. Ademais, guardam correlação com a atividade de doença, especialmente com a nefrite. O nucleossomo representa a menor unidade da cromatina, sendo constituído por um trecho de DNA nativo envolvendo um octâmero de moléculas de histonas. -ANTI-SM= O antígeno Sm (Smith) é uma proteína que se encontra complexada a pequenas partículas de RNA nuclear, formando o snRNP (Ribonucleoproteína Nuclear Pequena – sn = small nuclear). É altamente específico para o LES, sendo considerado por alguns autores o autoanticorpo mais específico da doença (E = 99%). Contudo só está presente em 30%dos casos. Ao contrário do anti-DNA, seus níveis não se alteram com mudanças na atividade de doença. -ANTI-RNP= O antígeno RNP (Ribonucleoproteína), de forma semelhante ao Sm, é encontrado complexado a pequenas partículas de RNA nuclear, também formando o snRNP. A presença de altos títulos deste anticorpo está associada à Doença Mista do Tecido Conjuntivo (DMTC) e às síndromes de overlap com a esclerodermia e a polimiosite. Está presente em 40% dos casos de LES. -ANTI-RO (SS-A) E ANTI-LA (SS-B): O antígeno Ro e o antígeno La são fosfoproteínas complexadas a fragmentos de RNA nuclear. Esses autoanticorpos geralmente aparecem em conjunto. O anti-Ro (SS-A) está presente em 30% dos casos de LES, enquanto o anti-La (SS-B) encontra-se em apenas 10%. Os dois anticorpos reagem à mesma estrutura, porém, cada um ataca um epítopo diferente. Ambos estão associados à síndrome seca (Sjögren), frequentemente relacionada ao LES. Ambos têm correlação negativa com a nefrite lúpica, isto é, paciente anti-Ro/anti-La positivo têm menos chance de nefrite. O anti-Ro (SS-A) também se relaciona ao lúpus cutâneo subagudo, à fotossensibilidade, à vasculite cutânea e à doença pulmonar intersticial. As gestantes lúpicas anti-Ro positivas têm chance aumentada de parirem filhos com bloqueio cardíaco congênito ou lúpus neonatal, ao transmitirem esses anticorpos para o feto através da placenta. Esse autoanticorpo quase sempre está presente nos raros casos de LES com FAN negativo. -ANTI-HISTONAS= São autoanticorpos voltados contra os diversos tipos de histona – proteínas estruturais do núcleo que se ligam às cadeias de DNA dupla hélice. Existem os tipos H1, H2, H3 e H4. Estes anticorpos estão bastante relacionados ao lúpus induzido por drogas (procainamida e quinidina – anti-H2; hidralazina e clorpromazina – anti-H1, H3, H4), presentes em 95-100% desses pacientes. No LES idiopático, sua prevalência é de 70%. -ANTI-P= O antígeno P é uma proteína ligada aos ribossomos, estruturas citoplasmáticas que contêm RNA (RNA ribossômico). Estão presentes em 20% dos casos de LES e correlacionam-se com psicose lúpica e depressão. -ANTIMEMBRANA= Esses autoanticorpos se ligam a antígenos da superfície de algumas células. Os principais exemplos são os anticorpos anti-hemácia, da classe IgG, presentes em 60% dos pacientes com LES, os anticorpos antilinfócito (prevalência de 70%), os anticorpos antiplaqueta (prevalência de 30%) e os anticorpos antineuronais (prevalência de 60%). Uma pequena proporção dos pacientes com autoanticorpos anti-hemácia desenvolve anemia hemolítica Coombs positiva. Cerca de 15% dos pacientes positivos para autoanticorpos antiplaqueta fazem trombocitopenia autoimune. Os anticorpos antilinfócitos são os responsáveis pela alta frequência de linfopenia nos pacientes lúpicos. -ANTIFOSFOLIPÍDIO= composto por três elementos: (1) anticoagulante lúpico; (2) anticardiolipina; (3) Anti-β2 Glicoproteína 1. A presença desses anticorpos é o marco laboratorial da síndrome antifosfolipídio, que será abordada com detalhes no capítuloa seguir. Pelo menos um dos três é encontrado em cerca de 50% dos pacientes com LES. Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato -ANTI-KU= +em 10% de indivíduos afro-americanos com LES e em casos de esclerose sistêmica, dermatopolimiosite e síndromes de superposição. • NÍVEIS DO COMPLEMENTO SÉRICO -Total, C3 e C4= estão geralmente reduzidos nas fases de atividade do LES, refletindo seu consumo na formação dos imunocomplexos, fenômeno que não é específico do LES. bom teste tanto para o diagnóstico quanto para o acompanhamento da atividade de doença. Entretanto, outras situações estão relacionadas à diminuição do complemento, como deficiências congênitas de seus componentes e estados que provocam perda de proteína sérica, como a síndrome nefrótica. Indivíduos com herança homozigótica para deficiência de componentes da via clássica – C1, C4 e C2 – têm maior risco de desenvolver LES. • Lupus band test Alteração histológica do LES→ presença de depósitos de imunoglobulinas (IgG, IgM, IgA) e/ou complemento (especialmente C3) na junção dermoepidérmica, dispostos linearmente na membrana basal. O exame pode ser feito em pele coletada de local com ou sem lesão, e em pele exposta ou não a luz solar. Cerca de 70% dos pacientes com variados tipos de lesão cutânea apresentam esse teste positivo. Nos indivíduos com lúpus cutâneo crônico, esse teste é negativo na pele sem lesão, entretanto, é positivo em 80% deles, quando realizado em pele com lesão. existe ampla controvérsia sobre os valores diagnóstico e prognóstico do lupus band test; porém, se realizado em pele coletada de área sem lesão e totalmente protegida do sol, como regiões glúteas ou face interna da porção superior do braço, sua positividade com a presença de três ou mais classes de imunoglobulinas ou complemento teria alta especificidade para LES. O teste pode ser positivo em outras doenças: síndrome de Sjögren, artrite reumatoide, dermatomiosite, esclerose sistêmica. CURSO DA DOENÇA A doença apresenta curso heterogêneo entre os pacientes e também no mesmo indivíduo, com diferentes padrões de atividade, descrito como curso monofásico, atividade crônica permanente e atividade cíclica de recaída e remissão. Na prática clínica, a presença ou ausência de sintomas, o exame físico completo incluindo cuidadosa medida da pressão arterial e os achados laboratoriais rotineiros guiam a investigação da atividade da doença e a eficácia do tratamento. -Achados relacionados com aumento da atv da doença= anemia, leucopenia, trombocitopenia, hipocomplementemia, aumento da VHS e aumento dos títulos de anticorpos anti-dsDNA, além da presença de hematúria, proteinúria, cilindrúria e queda do ritmo de filtração glomerular, que podem indicar atividade renal. Pacientes com atividade importante, incluindo atividade renal, devem ser vistos a cada 2 a 4 semanas, podendo ser necessária avaliação laboratorial até a cada 1 a 2 semanas para monitoramento da doença e de efeitos colaterais das medicações utilizadas no tratamento. Para pacientes com nefrite lúpica, a consulta para o acompanhamento deve ocorrer a cada 3 meses mesmo quando aparentemente em remissão, sobretudo se a terapia imunossupressora estiver em redução, considerando que recaídas podem ser inicialmente assintomáticas. Aumento dos títulos de anti-DNA nativo e queda dos níveis séricos de complemento sugerem possibilidade de recaída, mesmo sendo difícil predizer quando isso irá ocorrer. -Indices que avaliam atv da doença= identificam recaídas, e avaliam remissão. Recaída significa aumento mensurável da atividade da doença em um ou mais órgãos ou Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato sistemas envolvendo aparecimento de manifestação clínica nova ou piora da manifestação já existente, seja ela clínica e/ou laboratorial. Remissão e de baixa atividade de doença não é consensual. remissão é um estado duradouro de ausência de sinais e sintomas ou alterações em exames laboratoriais de rotina, excluindo anti-dsDNA e complemento (atividade sorológica isolada deve ser mencionada separadamente). No entanto, não se sabe qual seria o tempo necessário para se caracterizar o “estado duradouro”. A remissão pode ser sem tratamento, sendo permitido uso apenas de antimaláricos, ou com tratamento, sendo permitida a utilização de doses estáveis de antimaláricos, dose baixa de prednisona ou equivalente (≤ 5 mg/dia) e doses de manutenção de imunossupressores e/ou biológicos. TTO -OBJETIVOS= reduzir atividade da doença e tratá-la quando ocorre (indução da remissão), prevenir as recaídas e diminuir os danos aos órgãos e sistemas, bem como as complicações da doença e do tratamento, além de manter a qualidade de vida e a capacidade funcional dos indivíduos acometidos. -RECOMENDAÇÕES GERAIS: ■O tratamento do LES deve basear-se em decisão compartilhada do paciente informado e do seu médico ■O tratamento LES deve ter como objetivo sobrevida a longo prazo, prevenção de dano permanente de órgão-alvo e melhora da qualidade de vida, controlando a atividade da doença, minimizando morbidade e toxicidade de medicamentos ■O tratamento do LES requer o conhecimento de seus muitos aspectos e manifestações, que podem demandar tratamento multidisciplinar ■Pacientes com LES requerem monitoramento regular e de longo prazo e revisão e/ou ajuste de seu tratamento - RECOMENDAÇÕES ESPECÍFICAS: ■A meta terapêutica do LES deve ser remissão dos sintomas sistêmicos e manifestações clínicas ou, quando não for possível, a menor atividade de doença possível, mensurada por índice de atividade validado ou por marcador específico do órgão acometido Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato ■Prevenção de recaídas (especialmente recaídas graves) é um alvo realista no LES e deveria ser uma meta do tratamento ■Não está recomendado o escalonamento do tratamento em pacientes clinicamente assintomáticos baseado somente em atividade sorológica persistente ou estável ■Como a presença de dano é fator preditivo para maior acúmulo de dano e morte, a prevenção do dano deve ser uma meta principal ■Fatores que afetam negativamente a qualidade de vida relacionada à saúde, como fadiga, dor e depressão, devem ser abordados em conjunto com o controle da atividade e a prevenção de dano ■O reconhecimento e o tratamento precoces do envolvimento renal do LES são fortemente recomendados ■Para nefrite lúpica, após indução, recomenda-se pelo menos 3 anos de manutenção para melhora do prognóstico ■Tratamento de manutenção do LES deve buscar a menor dose possível de corticosteroide necessária para controlar a doença e, se possível, o corticosteroide deve ser suspenso completamente ■Prevenção e tratamento de morbidade associada à SAF é meta terapêutica no LES. Orientações não são diferentes dos pacientes com SAF primária ■Independentemente do tratamento com outras medicações, consideração deve ser dada ao uso de antimaláricos ■Tratamentos relevantes em associação com a imunomodulação devem ser considerados para o controle de morbidades. MEDIDAS GERAIS -Repouso relativo: Dez horas de sono por noite e um cochilo à tarde costumam ser suficientes. Quanto mais ativa estiver a doença, maior a necessidade de repouso (pois pior é a fadiga)! -Atv física= devem ser apropriadas ao momento clínico, mas, em qualquer situação, a exaustão deve ser evitada... -Usar protetor solar= FPS de preferência >30. Medicamentos que potencializam os efeitos tóxicos da luz ultravioleta, como tetraciclinas e psoralenos, devem ser evitados. -Controlar estresse= O estresse, ocasionado por cirurgias, infecções ou mesmo pressão psicológica, pode exacerbar a doença e exigir tratamento adicional. -Reduzir FR CV= Monitorização e controle da PA, glicemia e perfil lipídico, além de dieta saudável e abandonodo tabagismo. -Vacinação= todas eram contraindicadas mas evidências recentes sugerem que as vacinas antipneumocócica e anti-influenza inativadas são seguras (o número de exacerbações lúpicas é igual nos pacientes que recebem essas vacinas ou placebo). O grande problema é que os títulos de anticorpos protetores após vacinação são menores nos pacientes lúpicos, particularmente naqueles em uso de drogas imunossupressoras. -Dieta= TTO MEDICAMENTOSO • ANTIMALÁRICOS -hidroxicloroquina (até 400 mg/dia ou 5 mg/kg/dia) ou cloroquina (250-500 mg/dia), são utilizados com bons resultados no controle das manifestações dermatológicas. -A fadiga, muitas vezes incapacitante, bem como os episódios de artrite podem regredir com o uso de antimaláricos -Devido a toxicidade retiniana= O exame oftalmológico inicial, e depois anual (trimestral se for usada a cloroquina, que é mais tóxica que a hidroxicloroquina), deve ser realizado. - ajudam a reduzir os índices de recidiva, e permitem “poupar corticoides”, além de terem efeito antitrombótico e hipolipemiante→reduzir o risco cardiovascular. Pacientes assintomáticos e com LES em remissão geralmente são mantidos com doses profiláticas de antimaláricos indefinidamente (hidroxicloroquina 200 mg três vezes por semana), visando, reduzir o número de recidivas. Inclusive, muitos autores recomendam manter a hidroxicloroquina profilática mesmo se a paciente planeja engravidar ou descobrir que está grávida (a hidroxicloroquina parece ser segura durante a gestação)! A suspensão do antimalárico comprovadamente se associa a um aumento nas taxas de recidiva da doença.. • AINES -auxiliam no controle das manifestações musculoesqueléticas (ex.: artralgia, artrite e miosite) e também atuam nas serosites (ex.: pleurite, pericardite). Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato -Ef. Adv= Meningite asséptica, Toxicidade hepática e, sobretudo, renal, devem ser suspeitadas mediante elevação de aminotransferases (hepatite induzida por AINEs) e escórias nitrogenadas. Outro paraefeito a que os pacientes lúpicos são mais propensos do que a população geral é a hipertensão arterial induzida (ou agravada) por AINEs. Tanto os AINEs não seletivos quanto os inibidores da COX-2 (Coxibs) aumentam o risco de infarto agudo do miocárdio se mantidos em longo prazo, logo, o ideal é evitá-los sempre que possível!!! Ao menor sinal de nefrite lúpica, os AINEs devem ser interrompidos. • CORTICOIDES representam a pedra angular da terapêutica do lúpus. São empregados em formulações tópicas (hidrocortisona, triancinolona e betametasona) para o rash lúpico, intralesionais (lúpus discoide), orais (prednisona) e parenterais (metilprednisolona). A açãoé dose-dependente→ Quando se pretende um efeito eminentemente anti-inflamatório, devemos prescrevê-los em doses baixas (0,5 mg/kg/dia). Altas doses (1-2 mg/kg/dia) devem ser utilizadas objetivando um estado de imunossupressão. -Repor cálcio e vitamina D em mulheres na menopausa e em todos os pcts que usam corticoides= pacientes com lúpus tem maior risco de OP, tanto pelo uso de corticoides quanto pelo baixo grau de atividade física e pouca exposição ao sol. - bisfosfonados em doses profiláticas (ex.: alendronato 35 mg/ semana) agora faz parte das recomendações para quaisquer pacientes que utilizem corticoides em doses ≥ 5 mg/dia de prednisona (ou equivalente) por mais de três meses. -Não suspender o glicocorticoide de forma abruta→ pode levar a Exacerbação da doença, exigindo a reinstituição de altas doses e Insuficiência suprarrenal aguda. -estrongiloidíase disseminada (ou síndrome da hiperinfecção)= pode ocorrer em paciente q faz uso de pulsoterapia com metilprednisolona, previamente infestados pelo parasita intestinal S. stercoralis • CITOTÓXICOS -São empregados em associação a corticoide no tratamento das manifestações mais graves da doença, citando as glomerulonefrites proliferativas como principais exemplos→ciclofosfamida, micofenolato e azatioprina. -A ciclofosfamida tem como principais paraefeitos: (1) cistite hemorrágica; (2) fibrose e transformação neoplásica das células epiteliais da bexiga; (3) toxicidade à medula óssea; (4) azospermia e (5) toxicidade ovariana. A prevenção da esterilidade pode ser feita com análogos de GnRH antes de cada dose de ciclofosfamida. -Micofenolato= relativamente mais seguro, e tem como principais efeitos adversos intolerância gastrointestinal (particularmente diarreia), supressão medular (anemia, leucopenia e trombocitopenia) e infecções oportunistas -Azatioprina= pode ser associada aos glicocorticoides nos esquemas de indução da remissão, porém, por ser menos eficaz que a ciclofosfamida e o micofenolato, seu emprego é reservado aos casos de intolerância àquelas drogas ou indisponibilidade das mesmas. -Metotrexate= pode ser usado em manifestações cutâneo-articulares, mas não na terapia de indução da remissão de formas mais graves da doença (pois comprovadamente não é eficaz com este intuito). • BELIMUMAB O belimumab (Benlysta) é um anticorpo monoclonal totalmente humano que inibe a atividade do fator estimulador de linfócitos B (“BLyS”, “BAFF” ou “B-cell surviving factor”), uma citocina envolvida na patogênese do LES. A dose é 10 mg/kg IV a cada duas semanas, nos três primeiros ciclos, depois 10 mg/kg IV mensal. Apesar de ter sido recentemente aprovado pelo FDA, seu exato papel no tratamento da doença ainda não está bem definido Os estudos demonstram que a associação deste fármaco é benéfica em pacientes com LES cutâneo e/ou musculoesquelético que vinham em uso de combinações variadas de AINEs, antimaláricos, corticoides e imunossupressores (ex.: micofenolato, azatioprina), mas que não obtinham um controle adequado das manifestações da doença... Desse modo, a literatura atual recomenda considerar sua associação em pacientes com características semelhantes aos desses estudos. SEU EMPREGO NA NEFRITE LÚPICA AINDA NÃO É LIBERADO. TTO POR SISTEMAS LÚPUS CUTÂNEO Lesões de pele bem localizadas devem ser tratadas inicialmente com costicosteroides tópicos, inicialmente de baixa potência (ex.: hidrocortisona), podendo-se aumentar a potência em caso de insucesso (ex.: betametasona = média potência). A injeção de corticoide de depósito (ex.: triancinolona) também é uma opção quando existe apenas uma ou poucas lesões. Os corticoides tópicos mais potentes são os fluoretados (ex.: clobetasol), mas eles possuem um importante inconveniente: seu uso prolongado (> 2 semanas) pode causar atrofia da pele, o que se torna particularmente limitante para o tratamento de lesões localizadas na face. Uma opção à corticoterapia tópica é o uso do creme de tracrolimus. Entretanto, o risco de câncer de pele não melanoma parece estar aumentado em usuários Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato desse tipo de creme, o que tem levado a uma diminuição do seu uso... Nos casos refratários, ou quando a lesão cutânea é extensa, deve-se associar terapia sistêmica, de preferência com antimaláricos! Os antimaláricos produzem bons resultados no tratamento das lesões cutâneas e dos sintomas gerais e musculoesqueléticos do LES. A droga de escolha é a hidroxicloroquina, na dose de 400 mg/dia. A cloroquina, na dose de 250 mg/ dia, é a segunda opção. As lesões costumam melhorar após 6-12 semanas, lembrando que, no caso do lúpus discoide, persistem cicatrizes atróficas. De um modo geral os antimaláricos são bem tolerados! Como já mencionado, o acompanhamento oftalmológico regular é imprescindível. Nos casos refratários aos antimaláricos, as opções são a prednisona sistêmica em doses anti-inflamatórias (< 0,5 mg/ kg/dia), talidomida 100-200 mg VO/dia (contraindicada em mulheres sob o risco de engravidar), metotrexate, azatioprina e micofenolato.Casos graves podem necessitar de ciclofosfamida e imunoglobulina humana intravenosa! No lúpus bolhoso, o tratamento pode ser feito com dapsona (25-200 mg/dia). MUSCULOESQUELÉTICO -Respondem bem a AINES clássicos ou seletivos p COX- 2. -Nos casos refratários→ prednisona em doses baixas/ intermediárias (de ≤ 7,5 mg/dia até 30 mg/dia) ou iniciar os antimaláricos (hidroxicloroquina, cloroquina), para reduzir a dose do AINE e poupar corticoides. Nos casos de artrite intensa e refratária, pode-se lançar mão do metrotexate, geralmente com boa resposta. SEROSITE LÚPICA A pleurite, a pericardite e os derrames serosos devem ser tratados com AINES ou corticosteroides orais em doses anti-inflamatórias (até 0,5 mg/kg/dia de prednisona). A maioria dos pacientes obtém pronta melhora do quadro. A partir de então, a droga deve ser retirada de forma paulatina. FORMAS GRAVES -nefrite, acometimento do SNC, miocardite, pneumonite, vasculite sistêmica, anemia imuno- hemolítica e trombocitopenia. A base da abordagem terapêutica é a imunossupressão agressiva, realizada com corticosteroides em altas doses associados ou não aos imunossupressores citotóxicos (ciclofosfamida, micofenolato ou azatioprina). -A anemia imuno-hemolítica, a trombocitopenia, a vasculite sistêmica e a pneumonite lúpica costumam ter excelente resposta aos corticoides, prednisona, na dose de 1-2 mg/kg/dia ministrada pela via oral (podendo dividi-la em duas a três tomadas na fase aguda do tratamento). Após estabilização, o fármaco deve ser reduzido paulatinamente, até a dose mínima necessária para manter a doença em remissão. Nos casos de anemia imuno-hemolítica ou trombocitopenia refratárias→ considerar o emprego de imunoglobulina intravenosa ou a realização de esplenectomia. -se o quadro for muito grave com risco iminente à vida→ pulsoterapia com metilprednisolona IV, na dose de 1 g/dia por três dias. A principal vantagem desta estratégia é a maior rapidez da resposta clínica! As desvantagens são o risco de crise hipertensiva (ex.: edema pulmonar), descontrole glicêmico e infecção. NEFRITELÚPICA Os corticosteroides sempre estão indicados no tratamento da nefrite lúpica. - Nos casos brandos (classe III leve), a dose de 0,5 mg/kg/dia de prednisona deve ser utilizada, em geral com ótima resposta. -Nos casos mais graves (classe III grave ou IV), a dose deve ser alta (1-2 mg/kg/ dia). - nos casos de glomerulonefrite rapidamente progressiva, a pulsoterapia com metilprednisolona está indicada, uma vez que os imunossupressores demoram até 14 dias para iniciar sua ação, atingindo atividade plena somente após 2-3 meses (nesse meio tempo, para “salvar” o rim, contamos apenas com o corticoide, cujo efeito já se faz presente após as primeiras 24h). Os imunossupressores têm papel decisivo no tratamento da nefrite lúpica, e são feitos em associação ao corticoide nos casos graves. -Indução da remissão= ciclofosfamida, ministrada sob a forma de pulsos mensais durante seis meses. O uso diário de ciclofosfamida oral aparentemente tem o mesmo efeito terapêutico, porém se associa a muito mais efeitos adversos do que a via venosa mensal. O micofenolato é no mínimo tão eficaz quanto a ciclofosfamida, apresentando menor incidência de efeitos colaterais graves, é a droga de escolha em negros. -Manutenção= as drogas de escolha são o micofenolato ou a azatioprina, mantidos por 18 a 24 meses. A ciclosporina pode ser utilizada como droga alternativa, mas deve-se evitar a ciclofosfamida em longo prazo. -Medidas não imunossupressoras são essenciais no tratamento da nefropatia lúpica. O controle da HAS (para valores < 140 x 90 mmHg ou < 130 x 80 mmHg, dependendo da referência), da glicemia, da lipemia e da PROTEINÚRIA, o que é feito com o emprego de IECA ou Ant. Angio II (visando níveis < 500 mg/dia) são importantíssimos em qualquer forma de doença renal grave. LÚPUS DO SNC Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato -A psicose lúpica, a vasculite do SNC e a mielite transversa devem ser tratadas com prednisona em altas doses ou pulso de metilprednisolona. -Os imunossupressores citotóxicos (especialmente a ciclofosfamida) estão indicados nos casos graves e recidivantes de neurolúpus, ou que necessitem de altas doses de manutenção do corticoide. Às vezes, é difícil a diferenciação entre psicose lúpica e psicose induzida pelo corticoide. Deve-se ressaltar que a psicose pelo corticoide geralmente surge nas primeiras semanas de tratamento, quando a dose ultrapassa 40 mg/dia de prednisona ou equivalente→a conduta nesses casos é a redução do corticoide, se possível, observando a evolução do quadro. Se houver melhora, provavelmente se trata da psicose farmacoinduzida. -Os fenômenos tromboembólicos para o SNC geralmente estão associados à síndrome do anticorpo antifosfolipídio, necessitando anticoagulação plena (heparina ou warfarin). LÚPUS E GRAVIDEZ -acomete preferencialmente mulheres em idade fértil, sem alterar a chance de engravidar. A princípio, devemos considerar a gestação de uma lúpica como gravidez de alto risco, devido ao aumento da incidência de complicações tanto para a mãe como para o feto ou recém-nato. -Risco para o feto= parto prematuro, aborto espontâneo ou natimorto (10-30% dos casos). Nefrite, HAS e presença de anticorpos antifosfolipídios são os principais fatores de risco, e a trombose dos vasos uteroplacentários explica em boa parte o problema. -Gestações anti-Ro positivas cursam com maior chance de lúpus neonatal e o temível bloqueio cardíaco congênito (letalidade ~ 20%). Estas pacientes devem ser acompanhadas de perto, e a detecção do BAV congênito pode ser feita in utero pela USG (a partir da 16a semana), que evidencia bradicardia fetal.--> há uma enzima que metaboliza corticoides maternos na placenta→ para tratar o feto dentro do útero é preciso lançar mão de glicocorticoides que contêm flúor em sua molécula – como dexametasona e betametasona – já que somente estes resistem ao metabolismo placentário e conseguem penetrar na circulação fetal, podendo reverter o BAV congênito se utilizados de maneira extremamente precoce. Caso contrário, o tratamento (se possível) é a indução do parto para implante de marca-passo definitivo... -Durante a gravidez, o tratamento dos sinais e sintomas do LES deve ser feito com AINEs, corticosteroides e hidroxicloroquina. A ciclofosfamida, o metotrexate e o warfarin (antes da 14ª semana, principalmente) são contraindicados pelo risco de teratogênese. A azatioprina e o micofenolato podem ser usados com cautela em casos selecionados. Lúpus e contracepção -Os contraceptivos orais contendo estrógenos em doses altas aumentam a chance de exacerbação do LES estudos recentes mostraram que estrógenos em baixas doses (< 35 mcg de etinilestradiol) podem ser bem tolerados, associando-se à ocorrência de atividade lúpica em apenas 15% dos casos, não muito diferente da população lúpica geral. presença de SAAF e/ou nefrite lúpica grave contraindica essas drogas, devido ao risco aumentado de fenômenos tromboembólicos. Em tais casos, são preferíveis os anticoncepcionais de barreira (preservativos). O DIU (Dispositivo Intrauterino) deve ser evitado, pelo maior risco de hemorragia e infecção. Os contraceptivos à base de progestágenos (acetato de medroxiprogesterona trimestral, minipílula) podem ser usados sem restrições Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato Laryssa Barros – P7 – Med – Reumato
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