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CÁLCULO APLICADO À SAÚDE Claudia Abreu Paes Interpretação geométrica da derivada — Regras de derivação e suas aplicações Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Interpretar a derivada como coeficiente angular da reta tangente a uma curva em um dado ponto. � Introduzir técnicas de derivação. � Utilizar as regras de derivação em problemas aplicados. Introdução Ao estabelecer uma relação entre duas variáveis em forma de função, é possível avaliar a variação de uma variável, à medida que outra varia, por meio da derivada. Essa interpretação remete às taxas de variação. A derivada pode ser interpretada de modo geométrico. Quando observamos a representação gráfica de uma função — uma curva qual- quer —, a derivada tem um sentido particular em relação a uma curva e um ponto local. Neste capítulo, você vai estudar a forma como uma derivada pode ser interpretada geometricamente, além das regras aplicadas em operações matemáticas que facilitam o seu cálculo. Derivada como coeficiente angular da reta tangente a uma curva em um dado ponto Ao definir a derivada, podemos utilizar três conceitos igualmente importantes. A derivada pode ser entendida como a inclinação da reta tangente a uma curva, como uma taxa de variação e como o limite de uma razão incremental (ROGAWSKI; ADAMS, 2018). Neste capítulo, vamos identificar a derivada como a inclinação da reta tangente e conhecer algumas regras de derivação. A derivada é definida como a inclinação de uma reta tangente à curva, ou seja, o coeficiente angular da reta tangente, e podemos iniciar o cálculo com base nessa definição. Dadas uma curva f(x) e uma reta r tangente a essa curva que passe pelo ponto P = (x1,y1) ou P = (x1, f(x1)), temos a seguinte ilustração (Figura 1). Figura 1. Reta tangente a uma curva. Fonte: Adaptada de Rogawski e Adams (2018, p. 113). y y = f(x) P = (x1,y1) y1 x1 x Reta r, tangente a f(x) Apenas com uma única informação da reta tangente, o ponto P, não con- seguiremos definir o coeficiente angular dessa reta. Para chegarmos ao valor do coeficiente angular da reta tangente, precisamos de, ao menos, dois pontos. Então, vamos considerar um segundo ponto, o ponto Q, pertencente à curva y = f(x), onde Q = (x2,y2) ou Q = (x2,f(x2)). Ao traçar uma nova reta, a reta s, que passe pelo ponto P e pelo ponto Q, encontrando a inclinação dessa reta, conseguiremos, por meio do conceito de limite, chegar à inclinação da reta r. As etapas para o cálculo da inclinação da reta r são: 1. traçar uma reta secante, a reta s; 2. calcular a inclinação da reta s; 3. chegar à inclinação da reta r. Interpretação geométrica da derivada — Regras de derivação e suas aplicações2 Acesse o link a seguir para aprender mais sobre a reta tangente e sobre a reta secante a uma curva. https://goo.gl/QNgC4a Ao escolher um ponto Q sobre a curva e traçar uma nova reta, temos a seguinte configuração (Figura 2). Figura 2. Reta tangente e reta secante à curva. Fonte: Adaptada de Rogawski e Adams (2018, p. 113). y xx1 x2 f(x2) y = f(x) f(x1) Q = (x2,f(x2)) P = (x1,f(x1)) Reta s, reta secante a f(x) Reta r, tangente a f(x) Observe que a reta s, que passa pelos pontos P e Q, é uma reta secante à curva y = f(x). Para obter a inclinação da reta s, basta calcular o coeficiente angular dessa reta, dada por: 3Interpretação geométrica da derivada — Regras de derivação e suas aplicações Podemos reescrever essa equação em função da variação de x da seguinte maneira: Veja que o x2 é o x1 somado ao intervalo entre x1 e x2, que denotamos ∆x. Substituindo x2 na equação x2 = ∆x + x1, temos: Assim, definimos o coeficiente angular da reta s, a reta secante à curva. Não podemos esquecer de que o nosso objetivo é chegar à inclinação da reta tangente. Avalie o seguinte: entre o ponto P e o ponto Q, temos uma variação em x de ∆x. Se movimentarmos o ponto Q aproximando-o do ponto P, o ∆x entre esses pontos será menor. Se movimentarmos o ponto Q para uma distância cada vez menor do ponto P, o ∆x tenderá a diminuir cada vez mais, fazendo com que a reta secante se aproxime progressivamente da reta tangente (ROGAWSKI; ADAMS, 2018). Observe a Figura 3. Se calcularmos ∆x tendendo a zero e aplicarmos na fórmula da inclina- ção da reta s, chegaremos ao valor da inclinação da reta r. Isso se define da seguinte maneira: Podemos observar que, ao calcular a inclinação da reta tangente, estamos utilizando o conceito de derivada. Interpretação geométrica da derivada — Regras de derivação e suas aplicações4 Figura 3. As retas secantes tendem para a reta tangente quando Q tende para P. Fonte: Rogawski e Adams (2018, p. 113). Q Q Q Q P P P P y x1 x2 x y x1 x2 x y x1 x2 x y x1 x2 x A derivada de uma função y = f(x), em um ponto x0, pode ser definida, se o limite existir, como: Entendendo o ∆x como um incremento no x1, essa definição também é conhecida como limite da razão incremental. 5Interpretação geométrica da derivada — Regras de derivação e suas aplicações Para representar a derivada y = f(x), as seguintes notações são comumente utilizadas: A seguir, veja um exemplo contextualizado. O gráfico a seguir representa a função y = x². Observe que temos uma reta tangente em x = 1. y y = x2 –2 1 3 x Note que, se quisermos descobrir a lei de formação da reta tangente, ou simplesmente calcular a sua inclinação, podemos utilizar o conceito da derivada no cálculo. O coeficiente angular da reta tangente ao ponto x = 1 é a derivada no ponto x = 1. Veja: Sendo x0 = 1, temos: Interpretação geométrica da derivada — Regras de derivação e suas aplicações6 Veja que o coeficiente angular da reta tangente à curva no ponto x = 1 é a = 2. Técnicas de derivação Existem algumas técnicas de derivação que facilitam o cálculo da derivada. Essas técnicas são facilmente demonstradas a partir da definição de derivada utilizando o conceito de limites. Neste capítulo, abordaremos algumas téc- nicas de derivação que permitem calcular derivadas de funções algébricas. Contudo, a partir da definição de derivada, também é possível deduzir regras de derivação para as funções trigonométricas, exponenciais e logarítmicas. Regra da constante Dada uma função constante f(x) = constante, a derivada dessa função é zero. Avalie que a derivada representa a inclinação de uma reta. Se uma função é constante, ela é paralela ao eixo das abscissas, logo, não há inclinação. Teorema: dada uma função constante y = c, c representa um número real qualquer, e a derivada de y é 0. f ’(c) = 0 Exemplos: 7Interpretação geométrica da derivada — Regras de derivação e suas aplicações Regra da potência Dada uma função f(x) = xn, onde x é um expoente qualquer, a regra de derivação para esses casos é a seguinte. Teorema: dada uma função f(x) = xn, a derivada dessa função será: f(x) = xn f ’(x) = nxn – 1 Exemplos: f(x) = x3 f’(x) = 3x2 f(x) = x4 f’(x) = 4x3 Interpretação geométrica da derivada — Regras de derivação e suas aplicações8 Regra da linearidade: soma e diferença Vamos supor que f e g sejam duas funções diferenciáveis. Há uma regra de soma e diferença que propõe o seguinte. Regra da soma e diferença: f + g e f – g são deriváveis e: (f + g)’ = f ’ + g’ (f – g)’ = f ’ – g’ Regra constante vezes uma função: sendo f uma função diferençável e c um número real qualquer, temos que: (cf(x))’ = c ∙ f ’(x) Exemplos: Regra do produto e do quociente Vamos supor que f e g sejam duas funções diferenciáveis. Há uma regra de produto e quociente que propõe o seguinte. 9Interpretação geométrica da derivada — Regras de derivação e suas aplicações Regra do produto: sendo (f · g), Regra do quociente: sendo , Exemplos: Aplicando a regra, temos: Regras de derivação em problemas aplicados O conceito de derivada pode ser aplicado em diversas situações. Sempre que conseguirmos estabelecer uma função e quisermos avaliar a variação de uma variável, à medidaque outra varia, utilizamos o conceito de derivação. Interpretação geométrica da derivada — Regras de derivação e suas aplicações10 Um corpo tem sua temperatura medida em Fahrenheit em função do tempo, em minutos. A função que descreve essa relação é a seguinte: T(t) = 2t² – 15t + 250 A taxa de resfriamento, em um dado tempo t, é dada por meio da derivação da função T em relação ao tempo. Observe: Calculando para t = 10 minutos, temos: O corpo resfria em 25°F a cada minuto. A Terra exerce uma força gravitacional de (em newtons) sobre um objeto com uma massa de 75 kg, onde r é a distância (em metros) do centro da Terra. Encontre a taxa de variação da força em relação à distância r na superfície da Terra, supondo que o raio da Terra seja de 6,77 × 106 m. Ao falar em taxa de variação, estamos falando de derivada. Logo, a questão quer saber qual é a derivada da função F em relação a r, no ponto r = 6,77 × 106 m. Vamos derivar a função: 11Interpretação geométrica da derivada — Regras de derivação e suas aplicações Utilizando o teorema da derivada de um quociente, Temos: Em r = 6,77 × 106 m, Assim, definimos a força F a uma distância de r = 6,77 × 106 m. ROGAWSKI, J.; ADAMS, C. Cálculo. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2018. v. 1. Leituras recomendadas ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. v. 1. PROFESSOR FERRETO. Relações métricas na circunferência. [2018]. Disponível em: <http:// www.professorferretto.com.br/relacoes-metricas-na-circunferencia/>. Acesso em: 2 dez. 2018. Referência Interpretação geométrica da derivada — Regras de derivação e suas aplicações12 Conteúdo:
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