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CÁLCULO: LIMITES DE FUNÇÕES DE UMA VARIÁVEL E DERIVADAS Mariana Sacrini Ayres Ferraz Regra da cadeia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar fenômenos naturais que envolvam funções compostas. � Descrever o fenômeno natural como função composta. � Aplicar a regra da cadeia na derivação de funções compostas. Introdução Muitas das funções que utilizamos para resolver problemas são com- postas. Afinal, muitas variáveis dependem de outras em problemas reais. Assim, para entendermos essas funções mais profundamente, é necessário compreender suas derivadas. Para tal, deve-se utilizar a regra da cadeia. Neste capítulo, você verá como aplicar as funções compostas em problemas reais, descrever um fenômeno natural como função composta, além de aplicar a regra da cadeia na derivação desse tipo de funções. Fenômenos naturais e funções compostas Funções compostas estão presentes em diversas modelagens de fenômenos que observamos, como em equações que descrevem a movimentação de um projétil ou a energia cinética de um automóvel. Coloquialmente, podemos dizer que uma função composta é aquela em que a variável independente é substituída por alguma função. Veja o seguinte exemplo, supondo as duas funções: f(x) = x3 e g(x) = x + 10. Agora, vamos substituir o x de f(x) por g(x). A nova função obtida é a função composta: f(g(x)) = (x + 10)3 A definição formal para função composta está apresentada na Figura 1, a seguir (ANTON; BIVENS; DAVIS, 2014). Figura 1. Definição de função composta. Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 17). Sejam f(x) = x3 + 2 e , encontre (fog)(x) e (gof )(x). Para encontrarmos (fog)(x), escrevemos que: Agora, para (gof )(x), escrevemos que: Note que as funções compostas (fog)(x) e (gof )(x), em geral, não resultam em funções iguais. A ordem da composição gera resultados diferentes. No caso particular em que a função g for a inversa de f, temos que (fog) = (gof ). Regra da cadeia2 Como comentado no início da seção, muitos fenômenos podem ser mode- lados por meio do uso de funções compostas. Geralmente, esses fenômenos apresentam variáveis independentes para uma função que é dependente de outra variável. Por exemplo, no caso de associação de molas, a força elástica produzida por uma mola pode ser descrita como: F = kx onde x é o deslocamento, e k é a constante da mola. No caso da associação de molas, conforme Figura 2, a constante k é substituída por o que chamamos de constante efetiva da mola. Então, temos que: k = 2k' A nova função composta passa a ser: F = 2k'x Figura 2. Associação de molas em paralelo. Fonte: Adaptada de Bocafoli (2019). A partir do exemplo anterior, você pode perceber que muitos outros fenô- menos podem ser modelados como funções compostas. 3Regra da cadeia Fenômeno natural como função composta Funções compostas, como vimos, são usadas para descrever diversos fenô- menos naturais que podemos observar – não só as funções, como também as suas derivadas. Nesta seção, veremos um exemplo de modelagem usando as funções compostas e suas derivadas. Suponha um veículo que faça 20 km por litro de combustível. Nesse caso, temos que a quilometragem alcançada é uma função da quantidade de litros que o tanque do carro contém. Digamos que a quilometragem seja y, e a quantidade de litros seja u, então y = f(u). Agora, suponha que cada litro de combustível custe 4 reais. A quantidade de litros de combustível é uma função do valor gasto para a sua compra. Digamos que o valor gasto em reais seja x, assim, temos que u = g(x). Portanto, a quantidade de quilômetros que o carro anda em relação ao valor gasto é uma função composta: y = f(u) = f(g(x)). Agora, pensemos em termos de taxas de variação: temos que 20 km por litro é a taxa de variação da quilometragem pela quantidade em litros de combustível. Ou seja: Da mesma maneira, 4 reais por litro resultam em uma taxa de variação da quantidade de combustível em litros por preço do combustível de 1/4. Ou seja: Suponha que você está interessado em saber a quilometragem rodada pelo carro por real pago. Essa taxa é equivalente à dy/dx. Intuitivamente, podemos escrever que: Regra da cadeia4 ou seja: A Figura 3, a seguir, mostra um resumo do problema, cujo procedimento é chamado de regra da cadeia. Figura 3. Variação do custo do percurso de um veículo. Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 174). Nesta seção, você viu mais um exemplo de modelagem usando as funções compostas e suas derivadas. A generalização desse exemplo para qualquer função será apresentada a seguir. 5Regra da cadeia Aplicação da regra da cadeia A regra da cadeia é utilizada para derivarmos funções compostas, conforme Figura 4, a seguir. Figura 4. Regra da cadeia. Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 174). Suponha que v = cos(x) e x = t2 + 3t – 4. Encontre dv/dt. Segundo a definição da regra da cadeia, temos que: Como queremos v em relação a t, substituímos a função em x. Assim: Regra da cadeia6 Até agora, vimos exemplos cujas funções estavam definidas separadamente. Todavia, nem sempre os problemas serão apresentados dessa maneira. Veja o seguinte exemplo. Dada a função y = cos(x4 + 2), encontre dy/dx. Nesse caso, podemos considerar que u = x4 + 2, e y = cos(u). Assim, podemos escrever que: Portanto: Uma maneira alternativa de pensar a regra da cadeia é a seguinte: 7Regra da cadeia Essa reformulação pode ser interpretada da seguinte maneira: a derivada da composta é a derivada da função “de fora” multiplicada pela função “de dentro”. No caso do último exemplo, a função “de fora” é o cosseno, enquanto a “de dentro” é x4 + 2. Assim, poderíamos escrever que: Essa maneira de escrever a regra da cadeia facilita a resolução, principal- mente se tivermos diversas variáveis ou funções compostas mais complexas. Dada a função , encontre . Usando a maneira alternativa de pensar a regra da cadeia, temos que: Portanto: Regra da cadeia8 Existe, ainda, uma terceira maneira de escrever a regra da cadeia. Usando u = g(x), a fórmula generalizada da derivada da função f é dada por: A Figura 5, a seguir, mostra alguns exemplos de derivadas generalizadas para a função potência e as trigonométricas. Figura 5. Fórmula generalizada da derivada de algumas f(u). Fonte: Anton, Bivens e Davis (2014, p. 176). Encontre a derivada da função y = sen(2x). Usando as fórmulas generalizadas, encontramos que: 9Regra da cadeia Portanto: O nome “cadeia”, em regra da cadeia, refere-se à “corrente”, a qual mais links podem ser adicionados. Por exemplo, se tivermos y = f(u), u = g(x), e x = h(t), nas quais f, g e h são diferenciáveis, a derivada de y em relação a t é (STEWART, 2008): Ou seja, a cada nova função, um novo link é adicionado à derivada. Veja o exemplo a seguir: Note que, nesse exemplo, a regra da cadeia foi usada duas vezes. Regra da cadeia10 ANTON, H.; BIVENS, I.; DAVIS, S. Cálculo. 10. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. 2 v. 1352 p. BOCAFOLI, F. Associação de molas. Física e Vestibular: aulas grátis de física, [S. l.], 2019. Disponível em: http://fisicaevestibular.com.br/novo/mecanica/dinamica/mhs/asso- ciacao-de-molas/. Acesso em: 2 out. 2019. STEWART, J. Single variable calculus: early transcendentals. 6. ed. Belmont: Thomson Brooks/Cole, 2008. 912 p. 11Regra da cadeia
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