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Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo Prof. Licemary Lessa – Emergências Obstétricas - 21/03/2021 Paciente com perda de líquido e dor Exame físico • Movimentação • Ausculta • Tempo de contrações • Dilatação • Ver se o bebê está encaixado • Avaliar o colo uterino Contrações Devemos avaliar • Intensidade: força da contração • Intervalo de uma contração para outra. As contrações ocorrem durante toda gestação, mas só são percebidas, por volta das 30 semanas. Já a intensidade é dada pelos segundos que o músculo fica contraído. • Contrações fracas: < 20s • Contrações moderadas: 20 a 39s • Contrações fortes: 40s Importante: A intensidade é o tempo que a contração fica sustentada O panículo adiposo pode dificultar a percepção. Caso, ocorram dúvidas, existem aparelhos que medem a intensidade das contrações. Descrição no exame físico: 2/10’/35’’30” → Tempo de duração de cada contração em 10’ (tempo de avaliação). Nesse exemplo a paciente teve duas contração, uma durou 35s e a outra 30s. Trabalho de parto Trabalho de parto inicial • Não tem muitas contrações juntas • Podem não ter regularidade e nem intensidade O trabalho de parto se divide em • Período de latência: aparecem em torno de 30 semanas, a gestante começa a sentir e isso se torna uma queixa no pré-natal. o No 8º/9º mês as contrações começam a ficar mais frequentes (reduz o intervalo entre elas) → Não mobiliza uma modificação no colo. o Apenas dor, sem outros achados não é critério de internação. ▪ Ex: Dor + sangramento intenso → Seria • Pródromos: período que a contração está mais irregular e não apresenta a intensidade como deveria. o Modificação no colo é muito pequena. o Não consegue estimar a tempo de parto • Fase ativa: É possível estimar o tempo de parto o Paciente é internada! ▪ Importante saber o número de contrações para que seja internada e não vá parir em casa A diferença entre a fase de latência e a fase ativa é feita inicialmente pelo exame físico. • Paciente com duas ou três contrações efetivas → fortes, sustentadas (>40s). Grande chances de modificar o colo e deve estar na fase ativa. Pacientes na fase ativa apresenta duas ou três contrações – metrossístoles (MS) e dinâmica uterina (DU) – MAS se o útero apresentar 6 contrações em 10’, o útero não vai relaxar. • Se o endurecimento dura 60s, o útero não relaxa, já logo em seguida vai ter outra contração. • O útero da paciente não relaxa e a dinâmica do o2 fica ruim para o bebê a placenta pode soltar. Taquissistolia: contrações aumentadas Hiperssistolia: contrações com intensidade de mais de 1’ • 1 a 19s → Leve • 20 a 39 → Moderada • 40 a 60s → Forte Fase de latência → Não temos contrações fortes (>40s) e não são rítmicas. Ex: 3 em 10minutos, 2 em 10 minutos. Fase de latência → Contrações rítmicas. Mas o que fecha o diagnóstico é o a modificação do colo. Avaliação do Colo Fase ativa: contrações irregulares, fracas e vai apagando colo. Chega o momento que as contrações ficam rítmicas e aumentam a dilação e ao toque o orifício interno (OI) e o orifício externo (OE) estarão abertos. Trabalho de parto com diagnóstico de fase ativa Apresenta 2 ou 3 contrações fortes ou efetivas em 10’ Primigesta: 2 a 3 cm e colo fino (Apagamento 75-100%) Multípara: 3-4 cm e pode ter colo grosso e ir aumentando os cm com o tempo. Evoluem mais rápido. Na primigesta o colo afina primeiro, já na multípara pode afinar e dilatar ao mesmo tempo. Estudo de Friedman Primigesta: período de latência, apagando colo, progresso lento, chega um momento que acelera o processo e para. Pode levar de 12-36h. Muito lento Multíparas: processo mais rápido, mas em torno de 5-6cm. As curvas de ambas se pareciam. Friedman, quando fez seus estudos e os gráficos do caminhar das pacientes no período de parto, tanto da fase de latência como da fase ativa, percebeu que as primíparas eram mais lentas, com 2-3 cm entravam em trabalho de fase ativa, enquanto as multíparas, eram mais rápidas. Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo Estudo de Zhang Notou que todas na fase de 5-6cm, se igualavam no tempo de dilatação, força e aceleração do parto. Prática atual → Mútiparas e primigestas são internadas como dilatação de 5-6cm (fase ativa) • Fase ativa→ Duas ou 3 contrações efetivas, que mudem colo acima de 5-6cm. Ex: Paciente chegou com duas contrações fortes, primigesta, com 2 cm, colo fino, é preciso reavaliar por 2 horas, após este período, a paciente já estava com 4 cm, colo fino, ela está em trabalho de parto porque o colo modificou. Trabalho de parto: momento que o colo muda. Diagnóstico de trabalho de parto • Contrações regulares • Esvaecimento do colo • Dilatação cervical • Formação de bolsa de águas Nas multíparas o colo apaga e abre. Na primigesta, o colo apaga e depois abre. Na multípara a abertura e o apagamento ocorrem ao mesmo tempo. Estudo de Friedman → Observou que a primigesta dilatava, em média, 1-1,5cm/h. Por isso, era possível prever o horário do parto na fase ativa. Zhang → Notou que nem toda primigesta segue 1-1,6cm/h. O Partograma de Zhang dá uma curva, considera quando chegou para atendimento, se ela já tem filhos, o Partograma dá uma curva com variação de tempo do parto. Fase Clínicas do Parto Período premonitório • Sinônimo de pródromo, preparação ou latência • Antes da fase ativa • Contrações fracas, dúbias e a frequência não é rítmica. Fase ativa: Dividida em 4 momentos 1º período ou Período de dilatação: • O colo vai apagando e começa a dilatar devagar • Pode estar ainda dentro do período de latência • Modificação lenta o É aquele que o paciente chega com 1cm e depois de 2h ainda está com 1cm. • Dilatação 5-10cm → O bebê pode estar encaixado, descer, rodar. 2º período ou Período expulsivo • Quando chega aos 10cm • O bebê já pode estar terminando de descer, rodar, para ficar na sua posição de saída. 3º período ou secundamento • Período de dequitação ou delivramento placentário. • Depois da saída do bebê sai quem estava o nutrindo (placenta) 4º período ou Período de Greenberg • O momento que vai perceber se a mulher está sangrando ou não. • Depois que o útero expulsa o bebê ele se mantém contraído para não sangrar • Os vasos do útero que foram criados para nutrir a placenta podem sangrar e estes precisam ser tamponados. • Deve-se observar: o Útero está contraído o Laceração o Intercorrências → Doença prévia, placenta que não saiu totalmente. Importante: Entre 41-42 semanas, se não mostrar benefícios para o bebê e risco para mãe, poderá ser interrompida (não necessariamente cesárea) Deve avaliar: • Vitalidade do bebê • USG • Colo Depois induzir medicação • Protaglandina → Bishop <5 • Ocitocina IM → Bishop >5 41 semanas não e sempre cesárea, é indução de trabalho de parto. Trabalho de parto OMS → contrações uterinas regulares que causam apagamento e dilatação cervical a partir de 5 cm. Essas pacientes não serão mandadas para casa. Boas práticas No componente parto e nascimento da Rede Cegonha como ação e adoção de práticas de atenção à saúde. Mortes em decorrência do parte são notificadas e se tornaram um indicador de saúde. Mortalidade de 60mil pacientes por 100.000 nascidos vivos. Objetivo → Modificar para 20k mortes até 2030 Rede cegonha: O paciente faz o beta HCG, classifica o risco. • Risco habitual → Acompanhamento na UBS Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo o Quando estiver em trabalho de partoencaminha para maternidade vinculada UBS o Objetivo → Dar segurança ao atendimento As boas práticas é a forma como vão cuidar da parturiente: presença de acompanhantes, familiares, doulas, medicações para dor Boas práticas de atenção e gestão • Acolhimento com classificação de risco • Direito a acompanhamento durante a internação • Apoio durante o parto • Oferta de métodos de alívio da dor • Liberdade de posição no parto, privacidade • Restrição de episiotomia, amniotomia, ocitocina e outras. • Contato pele a pele mãe – bebê p proteção de período sensível • Acolhimento adequando às especificidades étnicos- culturais • Equipes horizontais do cuidado • Presença de enfermeiro obstetra/obstetriz na assistência ao parto. • Colegiados gestores materno-infantis • Discussão e publicização dos resultados Primeiro período No internamento • Exames pré-natal • Olhar a caderneta da gestante o Número de consultas → Pelo menos 6 • Medicações em uso • Avaliar risco o Atual e em gestação anterior • Exames admissionais o Tipagem sanguínea e Fator RH em até 72h do parto. ▪ Mãe negativa → Saber de o bebê é positivo, fazer a medicação para evitar o cruzamento. • Se não fizer pode causar hemólise. o Teste rápido para HIV o Vírus da Hepatite B (AgHbs) ▪ (+) → Fazer imunoglobulina e vacina o TR sífilis/VDRL Estratificação de Risco HPP Classificação pensando no 4º período, no momento da hemorragia Sangramento no 4º período é o que mais MATA!!! Ao internar o paciente: • Verde → Não precisa manejar • Amarelo → Dosagem do hemograma e tipagem (que já foi feito no início do internamento) o Pega logo acesso • Vermelho → Reservar sangue, realizar hemograma e tipagem sanguínea, pega o acesso. Assistência ao primeiro período • Ausculta fetal a cada 15-30’ o Pacientes de alto risco: ▪ Fase de dilatação → Ausculta a cada 15-15’ ▪ Fase de expulsão → 5-5’ o Paciente de baixo risco ▪ 30-30’ • Pulso materno a cada hora • Temperatura e pressão cada 4h • Frequência de diurese • Exame vaginal a cada 4h Dieta: Permitido a ingestão de líquidos e alimentos. O paciente pode comer de tudo. • O problema é que a paciente sente dor, fica enjoada e não quer comer. • Então, ao menos que existe a suspeita que o parto será distorcido e possivelmente cesárea, o ideal NÃO alimentar paciente. Presença do acompanhante, movimentos de massagem, a paciente pode dançar, se conseguir, ela pode descer até o chão dançando e esse movimento é bom pois alarga a bacia. NÃO é mais utilizado • Fleet enema • Tricotomia • Aminiotomia → Seletiva e conversado previamente Episiotomia, ocitocina e aminiotomia foram usadas como formas tão violentas que as pessoas ficaram resistentes. Opções de alívio da dor Medidas farmacológicas • Analgesia epidural • Opióides parenterais → Fentanil, diamorfina e pepdina Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo Medidas não farmacológicas • Técnicas de relaxamento • Massagens • Compressas A paciente pode escolher o método que ela vai usar para analgesia. Duração da fase ativa Primíparas: média 8h e é pouco provável que dura mais que 18h. Multíparas: dura em média 5h e é pouco provável que dure mais que 12h. Período expulsivo → Orientar respiração e puxo, segundo seu próprio impulso e fazer força para evacuar. Assistência ao segundo período Evitar puxo dirigidos Puxo espontâneo ineficaz: suporte emocional, mudança de posição, esvaziamento vesical Não realizar manobra de Kristeller (subir na barriga) Essa manobra é proscrita Ausculta intermitente → A cada 5-15’ Desencorajar posições supina, decúbito dorsal, horizontal ou posição semi-supina. Inclinação da cama (45º) → Ficar muito tempo de barriga para cima, pode comprimir muito e a circulação ficar mais difícil. Manobra de Ritgen → Para evitar lacerações, usa uma leve pressão. Epistomia → Reservada para situações que vá ser utilizado fórceps ou algum instrumento, é seletiva. Duração do período expulsivo Primíparas: • 0,5-2,5h (sem peridural) • 1 a 3h (com peridural) Multíparas • 1h → Sem peridural • 2h → Com peridural O período de dilatação pode durar de 8 a 12 horas na primigesta, o expulsivo pode durar de meia hora a 2,5 horas; com analgesia o período expulsivo pode ir até três horas. • Se a frequência cardíaca está boa, se o líquido está claro, continuava a vigilância. Na multípara, pode variar de 1 hora até 2 horas, se analgesia, com líquido claro e ausculta do bebê boa, por isso ausculta de 5 em 5 minutos. Contato pele a pele • Parto normal → Deve ter contato pele a pele, para misturar os antígenos. Pode ser feita a amamentação. o Fica o tempo que quiser o Pode fazer os procedimentos (colírio) no colo da mãe. Assistência ao terceiro período Manejo ativa da terceira fase do parto • Uso de uterotônicos • Clampeamento oportuno • Tração controlada do cordão: nessa saída pode ser que o útero inverta e o fundo dele venha junto, para isso não acontecer, põe a mão em cima (no mesmo local da foto) para o útero não inverter. É raro acontecer, e é grave para reestabelecer o útero novamente Acretismo → Placenta não sai, mesmo depois de um tempo e manobras. O cordão pode ser ligado de 1 a 3 minutos. Tem uma corrente de parto humanizado, chamado de parto lótus, no qual, se o bebê nascer bem, o cordão não será rompido até a placenta sair. A questão do parto lótus é que a pediatria bota que o melhor seria romper o cordão entre 1 a 3 minutos. Depois de 3 minutos, aumenta a chance do bebê ter icterícia, aumento de bilirrubina, kernicterus e, que sabe, um retardo mental. Expulsão da placenta A placenta não é puxada, o cordão é tracionado, quando ela vai saindo, ela é rodada (manobra Jacob-Dublim) e depois vai fazer a inspeção para ver se não ficou nenhum resquício. Quando a placenta sair, olhar se tem todos os cotilédones. Tudo isso faz parte da assistência Nesse período deve-se observar se há sangramento, lacerações e verificar até onde é o corte. Lacerações • Grau 1: Só afetou a mucosa • Grau 2: Pega mucosa e músculo • Grau 3: Acomete mucosa, músculo e os esfíncter Sutura → Grau 1 e 2 Medicina FTC – 2021.1 Catarina Viterbo O grau 3 fica na responsabilidade do obstetra, cirurgião e coloproctologista. A menos que não tenha como encaminhar o paciente, avaliar o risco-benefício e suturar para conter. • Risco de incontinência se não for suturado corretamente. • A intenção é que o fio seja absorvido bem lento para dar firmeza na região. Grau 4 • Lesão da mucosa, músculo, esfíncter e reto. • ATB usado por mais tempo • Cuidado na hora de suturar → Tanto na parte macerosa, como a mucosa retal, com um fio mais fino (tipo 3-0), se não fizer uma sutura bem separado (de cada região) tem risco de fístula. o Raro em parto normal o Lesões de 3º e 4º grau → Geralmente uso de fórceps. Finalização da observação do 4º período Dura de 1-2h Evitar retirada de coágulo de rotina → Causa dor Avaliação de • tônus, • PA, • Sangramento vaginal • Massagem não é de rotina • Contração uterina: o útero fica mais ou menos na cicatriz umbilical após o parto. • temperatura, • FC → Alta pode ser sinal de sangramento Durante as primeiras 24h. Assistência ao puerpério • Cuidados e controles • Queixas frequentes • Dieta e deambulação • Alterações urinárias → ALERTA! Pacientes podem ter retenção urinária nas primeiras 6h, devido ao trauma da passagem do bebê. o Vigiar para ver se tem diurese normal! o Uso de morfina pode causar retenção • Doenças hemorroidárias• Cuidados com as mamas Puerpério mediato (2h-10 dias do parto) • Ver como está o intestino • Amamentação: momento de grande angústia, se o bebê não pega o peito e isso gera stress. o Ajuda familiar importante • Se está tendo alguma dificuldade • Importante ver o estado emocional o Blues → Tristeza, de não dar conta, piora com 2-5 das e melhora com 2 semanas. Consultas de retorno • Abordar contracepção o Amamentação vai atrasar a ovulação → Necessário associar algum outro método. Amamentação • Link entre mãe e bebê → Relação emocional e cria uma relação de afeto. • Prolactina em altas concentrações → Hormônio broxante, a mulher não pensará em relações sexuais nesse momento. • Atividade sexual → Orientado 45 dias após o parto, até o retorno das modificações corporais.
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