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Teresa Raquel – Med XV Trabalho de Parto INTERAÇÃO COMUNITÁRIA - 3º CICLO O parto está associado ao desenvolvimento de contrações dolorosas e rítmicas, que coincidam com dilatação do colo uterino. A atividade uterina aumenta progressivamente após 30 semanas e se acentuam nas últimas 4 semanas (contrações de Braxton-Hicks). Existência de 2 contrações ou mais, de no mínimo 40 segundos, em 10 minutos, é indicativo de que a gestante está em trabalho de parto. o DIAGNÓSTICO DE TRABALHO DE PARTO: - Dinâmica uterina (DU) : em 10’ Mínimo 2 contrações; duração mínima de 40’’ Registro: 2/45”/55”10’ - Contrações efetivas, regulares, capazes de produzir modificação cervical. - Dilatação. o PERÍODOS CLÍNICOS DO PARTO: ❖ 1º PERÍODO – DILATAÇÃO: Fase de latência – contrações irregulares, não necessariamente contínuas. Há contrações uterinas dolorosas e alguma modificação cervical, incluindo apagamento e dilatação lenta de até 4 cm. Pode durar horas ou até dias. Fase ativa – trabalhado de parto estabelecido. Contrações uterinas regulares e dilatação cervical progressiva a partir de 4cm até 10cm. Ocorre de maneira mais rápida e dolorosa. Colo apagado = colo afinando. Teresa Raquel – Med XV FASE 1 – DILATAÇÃO Têm-se o apagamento do colo do útero antes da dilatação esperada (10 cm). Em nulíparas o colo está grosso e vai afinando Em multíparas, o apagamento do colo já começa junto com a dilatação, por isso o trabalho de parto dura menos. A quantidade possível de abrir os dedos no toque é o indicativo de quantos centímetros já foram dilatados. 1 – colo grosso e apagado (não iniciado trabalho de parto). 2 – cerca de 1 a 2 cm de dilatação. 3 – cerca de 5 cm de dilatação. 4 – dilatação total. Obs: falava-se sobre um padrão de dilatação de 1cm por hora na fase ativa, porém, hoje mudou. FASE DE TRANSIÇÃO: contrações efetivas, dolorosas, que duram mais tempo. 8 a 9 cm de dilatação. Mulher nesse momento não suporta mais a dor e solicita cesárea, por isso é necessário uma rede de apoio da família, especialmente nessa fase. Cabeça do bebê pressionando a pelve materna termina de promover a dilatação. ASSISTÊNCIA NO 1º PERÍODO: Registrar as seguintes observações no primeiro período: ❖ Frequência das contrações uterinas de 1 e 1 hora. ❖ Pulso de 1 em 1 hora. ❖ Temperatura e PA de 4 em 4 horas. ❖ Frequência da diurese. ❖ Exame vaginal de 4 em 4 horas ou se houver alguma preocupação como progresso do parto – para diagnosticar parada de progressão da dilatação. ❖ Partograma: representar graficamente o trabalho de parto. (Usado em hospitais públicos). ❖ Reduzir intervenções como: tricotomia (raspagem de pelos pubianos), enema (lavagem intestinal), amniotomia (ruptura da bolsa amniótica), ocitocina (uso em altas doses interfere no pós-parto), restrição de consumo de líquidos, restrição da mobilidade. Teresa Raquel – Med XV OBSERVAÇÕES FETAIS: o Qualquer apresentação anômala, incluindo apresentação de cordão. o Situação transversa ou oblíqua. o Apresentação cefálica alta (-3/3 De Lee) ou móvel em nulíparas. o Suspeita de restrição de crescimento intrauterino ou macrossomia o Suspeita de anidrâmnio ou polidrâmnio. o FC fetal <110 ou >160 bpm. (padrão tranquilizador) uma vez a cada meia hora pra auscultar o coração fetal. o Desaceleração das FCF à ausculta intermitente. ❖ 2º PERÍODO – EXPULSIVO FASE INICIAL: dilatação total do colo (10cm), sem a sensação de puxo e cabeça do feto relativamente alta. FASE ATIVA: dilatação total do colo, cabeça do bebê visível, contrações de expulsão ou esforço materno ativo. Assistência PPP – (pré-parto, parto, pós parto) ou pelo menos PP (pré-parto, parto): gestante permanece no mesmo leito durante esses eventos. DURAÇÃO: 2h multíparas e 3h nas nulíparas – maior que esse tempo configura período expulsivo prolongado, pode trazer prejuízos para o bebê. POSIÇÕES: preferência de lateral/vertical comparada a supina, uma vez que proporciona menor duração do 2º período, menor padrão anormal de BCF, redução de episiotomia (“pique” que era utilizado para evitar lesão uterina, porém, ela mesmo já é uma lesão de segundo grau), menor incidência de cesárea. AÇÕES PREJUDICIAIS E NÃO INDICADAS: • Ocitocina: usada de forma indiscriminada e desregrada causa hipotensão, hipoperfusão placentária, culminando em hipóxia fetal. • Amniotomia: (ruptura da bolsa amniótica) o argumento usado é a diminuição do TP, porém não há benefícios na realização rotineira. Está relacionada a desacelerações da FCF e infecção. • Enema: (lavagem intestinal) usava-se com alegação de que acelera o TP, reduz contaminação do períneo, infecção materna e neonatal. Porém, não há evidências que comprovam, além disso, causa desconforto na mulher e ocorre a contaminação do períneo com fezes líquidas. • Tricotomia (raspagem de pelos pubianos): alegação de redução do índice de infecção, porém está associada a danos potenciais e aumento de infecções. • Redução do consumo de líquidos e risco habitual: mulheres em TP podem ingerir líquidos, de preferência soluções isotônicas ao invés de somente água. Mulheres que não apresentarem fator de risco para anestesia podem ingerir dieta leve. • Puxos (espontâneos ou dirigidos): deve- se apoiar a realização de puxos espontâneos no segundo período do TP em mulheres sem analgesia, evitando os puxos dirigidos. Caso o puxo espontâneo seja ineficaz ou se solicitado pela mulher, deve-se oferecer outras estratégias para auxiliar o nascimento, tais como suporte, mudança de posição, esvaziamento da bexiga e encorajamento. • Episiotomia: (incisão na região do períneo) era uma técnica rotineira, a ideia era aliviar a tensão nas fibras musculares da mulher, é um procedimento agressivo e com alta possibilidade de complicação, como hematomas e infecção. Desconforto no pós-parto. É um recurso para sem empregado em último caso. Política “seletiva”. • Proteção perineal: massagem, compressas mornas, spray de lidocaínas. “Mãos sobre” e “Mãos prontas”. Teresa Raquel – Med XV • Manobra de Kristeller: desregula a contralidade uterina, produz hipertonia, repercute de maneira prejudicial na vitalidade fetal. Seus riscos incluem: ruptura uterina, lesões perineais graves, tocotraumatismos e maior hemorragia maternofetal. AMBIÊNCIA: apresentar banheira, barra, bolas que facilitem e proporcionam conforto ao TP. POSIÇÕES: ❖ 3º PERÍODO – DEQUITAÇÃO DA PLACENTA Descolamento, descida e expulsão ou desprendimento da placenta e de sua páreas para foras das vias genitais. Considerar 3º período prolongado se exceder 30 minutos – considerar acretismo placentário Têm-se perda de sangue de 300 a 500ml, e normalmente demora de 5 a 10 minutos. Sai primeiro a placenta e sangramento vem todo depois. – Baudelocque-Schultze. Placenta sai junto com o sangramento. – Baudelocque-Duncan ❖ 4º PERÍODO – PERÍODO DE GREENBERG Preste atenção na puérpera! Riscos de hemorragia! Primeira horas após a saída da placenta. Teresa Raquel – Med XV Riscos de hemorragia e ao descuido quase universal daqueles que acompanham a puérpera. MIOTAMPONAGEM: imediatamente após a expulsão da placenta, o útero se contrai e é palpável um pouco abaixo do umbigo. TROMBOTAMPONAGEM: é a formação de trombos nos grandes vasos uteroplacentários. INDIFERENAÇA MIOUTERINA: o útero torna-se apático e, do ponto de vista dinâmico, apresenta fases de contração e de relaxamento, com o perigo de encher-se progressivamente de sangue. CONTRAÇÃO UTERINA FIXA: normalmente decorrida 1h, o útero adquire maior tônus e assim se mantém “útero durinho”. o MECANISMOS DO PARTO: PARTOGRAMA: Representação gráfica do trabalho de parto. Deve iniciar seu preenchimento no trabalho de parto ativo, com padrão efetivode contrações, após 6cm de dilatação. Na fase latente a conduta é expectante. Em muitas mulheres, a duração é superior a 20h e os ocitócicos devem ser evitados devido ao risco aumentado de cesariana, decorrente do colo desfavorável. → Além disso, o diagnóstico de uma falha de progressão somente poderia ser feito após 4h de ausência completa de modificação cervical, em mulher com contrações efetivas e bolsa rota. Isso traz implicações também para o intervalo de tempo entre os toques vaginais, que não devem ser feitos antes desse intervalo de 4h, pois não modificariam a condução. Tudo isso fica mais claro com o acompanhamento do partograma. Teresa Raquel – Med XV Planos de De Lee: quanto mais positivo, mais próximo do nascimento e quanto mais negativo, bebê mais alto, não está pronto para o nascimento. As linhas diagonais ficam em um espaço de 4h, sempre que não houver mudança de posição é necessário que seja tomada uma atitude, parto está demorando. ATITUDES DA CABEÇA DO BEBÊ * Flexão: ao toque, palpação da fontanela lambdoide. Bebê em flexão completa da cabeça, queixo encostado. * Deflexão de primeiro grau da cabeça : ao toque, palpação da fontanela bregmática. Cabeça reta. * Deflexão de segundo grua: ao toque, palpação da glabela. * Deflexão de terceiro grau: ao toque, palpação do mento. Cabeça totalmente virada para trás. OBS: bebê de vértice – favorável ao parto. Teresa Raquel – Med XV O partograma avalia contrações, durações e efetividade; FCF durante cada período; bolsas rotas (R) ou íntegras (I); medicamentos, fluidos, anestesia. Foi observado que em países de baixa renda existe diminuição da taxa de cesárea com aplicação do instrumento (partograma). Considerando a assistência ao parto no brasil, o uso é fundamental, devido ao grande número de cesáreas. Além disso, o registro gráfico é um respaldo para o profissional, garantindo os registros e documentação necessária.
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