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Partograma: Acompanhamento do Trabalho de Parto

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1 PARTOGRAMA 
Gizelle Felinto 
INTRODUÇÃO 
➢ Para que se entenda o Partograma, é necessário ter em mente 
que o Ciclo Gravídico-Puerperal tem três fases: 
• Fase Evolutiva → gravidez 
• Fase Resolutiva → parto 
▪ Durante essa fase resolutiva, faz-se necessária uma 
documentação da evolução desse trabalho de parto, 
que é anotada em um gráfico chamado de partograma 
• Fase Involutiva → puerpério 
➢ Equação do Parto: 
𝑃𝑎𝑟𝑡𝑜 = 𝑂𝑏𝑗𝑒𝑡𝑜 + 𝑇𝑟𝑎𝑗𝑒𝑡𝑜 + 𝑀𝑜𝑡𝑜𝑟 
• Objeto → é o feto 
• Trajeto → duro e mole 
▪ Trajeto duro é a bacia 
▪ Trajeto mole é o canal de parto 
• Motor → é a contração e a prensa 
▪ Contração: 
✓ É causada pelas contrações da musculatura 
uterina, ajudando na dilatação do colo 
▪ Prensa: 
✓ É a força abdominal que a mulher faz motivada 
pela contração, ajudando na progressão da 
expulsão do feto 
SOBRE O PARTOGRAMA 
➢ CONCEITO: 
• Trata-se da representação gráfica da evolução do 
trabalho de parto 
• É um instrumento prático e objetivo no rastreamento das 
dificuldades na evolução do Trabalho de Parto (TP), 
reduzindo o risco de morte perinatal e a inciência de TP 
prolongado 
▪ Assim, o simples fato de preencher corretamente um 
partograma ajuda a diagnosticar as distocias 
funcionais (alterações na força durante o trabalho de 
parto), pois com esse preenchimento do partograma 
consegue-se identificar rapidamente essas distocias, 
que podem ser resolvidas no momento em que são 
identificadas, diminuindo o risco de morte perinatal, a 
incidência de TP prolongado e a necessidade de 
cesarianas 
• O preenchimento correto do partograma serve de defesa 
para o obstetra em questões jurídicas 
• Atenção → Um partograma feito depois de um trabalho de 
parto concluído não funciona! Deve ser feito durante toda a 
evolução do trabalho de parto 
➢ O PARTOGRAMA PERMITE OS SEGUINTES: 
• Acompanhar a evolução do Trabalho de Parto (TP) 
• Documentar o TP 
• Diagnosticar alterações no TP 
• Indicar a tomada de condutas apropriadas para correção 
desses desvios 
• Evitar intervenções desnecessárias 
➢ CARACTERÍSTICAS DE UM PARTOGRAMA → esse gráfico 
resume toda a avaliação da mãe e do feto, pois nele pode-se 
anotar os seguintes dados: 
• Frequência Cardíaca Fetal (FCF) 
• Integridade da bolsa 
• Características do Líquido Amniótico (LA) 
• Dilatação do colo 
• Descida da apresentação (segundo os planos de De Lee) 
• Frequência e intensidade das contrações 
• Medicamentos e fluidos administrados 
➢ HISTÓRIA DO PARTOGRAMA: 
• Friedman (década de 70) → foi o primeiro idealizador do 
partograma 
• Hendricks (1969) 
• Philpott & Castle (1972) 
• Organização Mundial da Saúde - OMS (1994) → nesse ano de 
1994, a OMS tornou obrigatório o uso do Partograma nas 
maternidades 
▪ Em 1988 → a OMS determinou que o partograma é uma 
ferramenta de gerenciamento para prevenção do 
trabalho de parto prolongado 
▪ Em 1994 houve uma reedição → “Prevenindo o 
trabalho de parto prolongado: um guia prático - o 
partograma” 
▪ Em 1996 → a OMS colocou o partograma como 
Categoria A nas recomendações do atendimento ao 
parto normal 
• Schwarcz et al. (1996) → CLAP (Centro Latino Americano de 
Perinatologia) 
➢ VANTAGENS DO PARTOGRAMA: 
• Efetividade → detecta precocemente os problemas 
▪ Exemplo: a cada 1 a 2h o médico avalia a paciente e vai 
fazendo a evolução do parto. Dessa forma, se ele vê que 
com o passar do tempo a dilatação não aumentou o que 
deveria aumentar, isso já deve levantar um alerta para 
que ele fique atento a qualquer complicação que a 
grávida possa estar tendo 
• Baixo custo 
• Aumenta a qualidade e a regularidade das observações 
➢ PONTOS IMPORTANTES: 
• Só pode ser utilizado por profissionais de saúde com 
treinamento adequado em obstetrícia e que sejam capazes 
de: 
▪ Observar e conduzir um trabalho de parto normal e o 
parto 
▪ Acompanhar a dilatação cervical corretamente 
▪ Anotar a dilatação e a hora, de maneira correta, no 
gráfico 
• Não deve ser utilizado em partos domiciliares e/ou 
acompanhados por pessoas não treinadas em obstetrícia 
• Não deve ser iniciado caso haja complicações na gestação 
e/ou parto que impliquem em uma ação imediata 
▪ Exemplo: Gestante com Descolamento Prematuro da 
Placenta (DPP) → não se realiza um partograma, pois 
 
2 PARTOGRAMA 
Gizelle Felinto 
nesse caso há uma indicação imediata de intervenção 
cirúrgica 
▪ Exemplo: Gestante com feto em situação transversa e 
em trabalho de parto → não se realiza o partograma, 
pois essa paciente terá indicação cirúrgica 
▪ Exemplo: Gestante com feto em sofrimento fetal agudo 
→ não se realiza o partograma, pois essa paciente 
terá indicação cirúrgica 
➢ COMPONENTES DO PARTOGRAMA: 
• Condição fetal 
• Progressão do trabalho de parto 
• Descida da apresentação 
• Condição materna 
➢ MODELOS DE PARTOGRAMA → porém, hoje em dia, esses 
modelos foram fundidos e existe apenas um modelo de 
partograma 
• Modelo da OMS 
• Modelo do Ministério da Saúde 
FASES DO TRABALHO DE PARTO 
➢ O trabalho de parto tem duas fases: 
• Latente: 
▪ Não se pode iniciar o partograma na fase latente do 
trabalho de parto, pois esse for iniciado nessa fase 
acaba-se tendo um trabalho de parto prolongado 
• Ativa → tem três períodos: 
▪ Dilatação 
▪ Expulsivo (Pélvico) 
▪ Dequitação → é o período da expulsão da placenta 
✓ Esse período é complementado pela observação 
de Greenberg ou Golden hour, que é 1 hora após a 
dequitação, compreendendo um período crítico no 
qual ocorrem as hemorragias 
▪ Atenção → uma das condições para se iniciar o 
partograma é que ele seja iniciado na fase ativa do 
trabalho de parto 
➢ Período de dilatação: 
• Nas multíparas: 
▪ É de 6 a 8 horas 
▪ Geralmente, tem velocidade de 1 centímetro por hora (1 
cm/h) 
• Nas primíparas: 
▪ É de 10 a 12 horas 
▪ A velocidade de dilatação de 1 cm/h pode variar 
➢ FASE LATENTE: 
• É a fase em que se tem os fenômenos preparatórios para 
o trabalho de parto: 
▪ Amadurecimento cervical 
▪ Contrações de baixa frequência e intensidade com um 
ritmo de dilatação de 0,35 cm/h 
▪ Descida mínima ou ausente da apresentação 
• Vai do início do trabalho de parto até mais ou menos 3 cm de 
dilatação 
• Assim, caso seja aberto o partograma nessa fase, acaba-se 
tendo um trabalho de parto prolongado, o que não é ideal 
➢ FASE ATIVA: 
• Inicia-se com 3 cm de dilatação e contrações regulares, 
terminando com a dilatação completa 
• É nessa fase que se constrói o partograma! 
TRABALHO DE PARTO 
➢ Início do Trabalho de Parto: 
• Tem-se uma Atividade Uterina (AU) ≥ 60 UM → ou seja, 
caracteriza-se por 2 a 3 contrações de 20 a 30 segundos 
em 10 minutos 
▪ Atividade Uterina (em Unidade de Montevidel - UM) → 
um grupo de obstetras se reuniram em Montevidel e 
decidiram que a atividade uterina para que se abrisse 
o partograma teria que ser maior ou igual a 60 
𝑈𝑀 = 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑥 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 
✓ Quando as contrações duram tempos diferentes 
não se faz essa multiplicação 
✓ Quando as contrações durando a mesma 
quantidade de tempo pode-se fazer essa 
multiplicação 
✓ Ou então, simplesmente, pode-se somar os 
tempos de cada contração em 10 minutos de 
observação e analisar se essa soma é maior ou 
igual a 60 segundos 
▪ Exemplo: paciente chega ao hospital em trabalho de 
parto, com contrações → o médico deve medir, em 10 
minutos, quantas e qual a duração de cada contração. 
Assim, se a duração dessas contrações somadas foi de 
pelo menos 60 segundos essa gestante tem atividade 
uterina e já se pode abrir/iniciar o partograma 
✓ Ex: se ela teve 3 contrações nesse período de 10 
minutos, com uma durando 20 segundos, outra 30 
segundos e outra 20 segundos, então ela se 
encontra em atividade uterina e deve iniciar o 
partograma, pois a soma desses tempos é maior 
que 60 segundos 
✓ Ex: gestante com 4 contraçõesdurando apenas 10 
segundos cada uma → ela não tem mais de 60 
segundos de contrações, então não se deve abrir 
o partograma 
• Esvaecimento do colo uterino (amadurecimento)→ é o 
afinamento do colo uterino 
▪ Primíparas: o esvaecimento ocorre depois da 
dilatação 
▪ Multíparas: o esvaecimento e a dilatação ocorrem 
simultaneamente 
▪ Exemplo: o colo se encontra 70% amadurecido → 
como saber esse amadurecimento/esvaecimento: 
✓ 0% esvaecido/apagado/amadurecido → quando 
se faz o toque e percebe-se que o colo uterino se 
encontra grosso (igual a um lábio) 
✓ 100% esvaecido/apagado/amadurecido → 
quando o colo se encontra fino (igual a uma folha 
de papel) 
 
3 PARTOGRAMA 
Gizelle Felinto 
✓ Entre o 0% e os 100% → é a percepção do 
médico quem define a porcentagem de 
esvaecimento, indo entre esses dois extremos de 
0 e 100% 
➢ Eventos que Antecedem o Trabalho de Parto: 
• Formação da bolsa das águas: 
▪ Quando começam as contrações efetivas, o líquido 
tende a descer para a parte que irá se apresentar no 
canal vaginal, ficando abaixo da cabeça ou da pelve do 
bebê, a depender da apresentação fetal 
• Modificação da posição do colo: 
▪ Assim, o colo uterino, que antes estava posterior, vai se 
anteriorizar em direção à vagina 
• Triplo Gradiente Descendente de Pressão (TGDP) → é o 
responsável por auxiliar esses demais eventos que 
antecedem o trabalho de parto 
▪ Durante toda a gravidez existem contrações indolores 
e fisiológicas, denominadas Contrações de Braxton 
Hicks, que ocorrem em locais diferentes do útero (Ex: 
corno uterino, corpo, colo...), não tendo uma sequência 
lógica: 
✓ Em relação a essas contrações, algumas 
mulheres podem ou não sentir dor. Algumas 
podem apenas afirmar que a barriga se encontra 
mais rígida 
✓ Quando se está mais perto da data do parto, essas 
contrações são chamadas de Contrações de 
Treinamento 
✓ Ao se iniciar o trabalho de parto, essas 
contrações seguem uma sequência, que é 
justamente o TGDP: 
1. Cornos uterinos 
2. Corpo do útero 
3. Colo uterino 
▪ O TGDP é importante na evolução das contrações, pois 
estimula as contrações miometriais sequenciais e, 
consequentemente estimula a formação das bolsas e 
na anteriorização do colo uterino 
▪ Após o parto, esse TGDP ajuda a manter as contrações 
para formar o globo de segurança de Pinard, para 
evitar as hemorragias pós-parto 
▪ Observação → a dilatação do colo uterino, o 
esvaecimento e a formação da bolsa só ocorrem se a 
contração for eficiente e se o TGDP estiver funcionando 
✓ Assim, enquanto a paciente tiver contrações em 
locais irregulares do útero e não tiver uma 
sequência lógica e regular dessas contrações, não 
ocorrerá a dilatação, o esvaecimento e a 
formação da bolsa 
UTILIZAÇÃO CLÍNICA DO PARTOGRAMA 
➢ LINHAS DO GRÁFICO: 
• Cada divisão horizontal = 1 hora 
• Cada divisão vertical = 1 cm de dilatação 
➢ INÍCIO DOS REGISTROS → deve-se iniciar na fase ativa do 
trabalho de parto 
• O início dos registros do partograma deve ser quando a 
paciente preencher os critérios verdadeiros de trabalho de 
parto: 
▪ Quando se tem 2 a 3 contrações em 10 minutos (que 
juntas equivalem a mais de 60 segundos de duração) e 
3 cm de dilatação 
• Principal erro no partograma → iniciar a marcação na 
fase latente do trabalho de parto 
➢ TOQUES VAGINAIS: 
• Devem ser realizados a cada 1 a 2 horas para avaliar a 
dilatação, a altura da apresentação, a variedade de posição 
e a integridade da bolsa 
• Hoje em dia, tem-se diminuído o número de toques vaginais, 
pois a manipulação do colo uterino pode aumentar os riscos 
de infecção → assim, faz-se o toque na admissão da 
paciente e vai-se avaliando a evolução do trabalho de parto 
(Ex: observando o líquido, analisando as contrações, ouvindo 
os batimentos do bebê, vendo a descida da apresentação 
pela palpação, observando se a vulva da paciente está sendo 
forçada...) 
➢ O QUE REGISTRAR NO PARTOGRAMA: 
• Contrações 
• Batimentos Cardíacos Fetais (BCF) 
• Características do Líquido Amniótico (LA): 
▪ Deve ser um líquido claro e transparente 
▪ Líquido verde claro → é sinal de que o feto eliminou 
mecônio (líquido tinto de mecônio) 
▪ Líquido verde escuro (como lodo) → trata-se de um 
mecônio espesso, caracterizando um sinal de que o 
bebê pode estar em sofrimento fetal 
• Infusão de líquidos e drogas administradas: 
▪ Ex: paciente vomitando e o médico prescreve 
antiemético → deve-se anotar no partograma 
▪ Ex: paciente desidratada que necessitou de soro → 
anotar no partograma 
➢ AUSCULTA FETAL → deve ser feita a cada: 
• 30 minutos nas gestantes de baixo risco 
• 15 minutos nas gestantes de alto risco 
• Caso se ausculte alguma alteração → deve-se auscultar 
novamente, não devendo esperar 15 a 30 minutos para 
realizar novamente 
➢ LINHA DE ALERTA E LINHA DE AÇÃO: 
• Antigamente, até o ano de 2018, no gráfico do partograma, 
além de todas as orientações já citadas, traçava-se duas 
linhas, as chamadas linhas de alerta e linhas de ação 
• Porém, estudos recentes questionam a validade das linhas e 
sugerem que cada mãe seja avaliada de maneira individual, 
pois existem os seguintes questionamentos: 
▪ Quanto tempo dura um trabalho de parto normal? → 
varia de mulher para mulher 
▪ Existe um padrão que indique a normalidade na 
progressão do parto? 
• Assim, diante desses questionamentos, estudiosos da USP 
fizeram um projeto chamado Projeto Bold (Better Outcomes 
in Labour Difficulty – Melhores resultados em dificuldades do 
 
4 PARTOGRAMA 
Gizelle Felinto 
trabalho de parto) → assim, o pessoal da USP e a OMS 
observaram a Nigéria e a Uganda, vendo que o partograma 
nesses locais variava de mulher para mulher. Assim, as 
linhas de alerta e de ação estavam se mostrando 
desnecessárias 
▪ Em 2018, o projeto Bold estudou 10 mil mulheres que 
deram entrada em trabalho de parto nos hospitais da 
África e verificou que a evolução do parto normal não 
segue à risca o partograma 
▪ Os achados questionam a validade das linhas e sugerem 
que cada mãe deve ser avaliada de maneira individual 
▪ A primeira etapa do projeto Bold já foi responsável por 
mudanças nas recomendações da OMS relativas ao 
parto, publicadas em abril de 2018, numa nova diretriz 
global sobre o manejo do trabalho de parto 
▪ Diante disso, foi criado um novo modelo de 
partograma, que não tem mais as linhas de alerta e de 
ação 
➢ PLANOS DA BACIA: 
• Plano de Hodge: 
▪ Antigamente, utilizava-
se os planos de Hodge, 
mas estão em desuso 
▪ O 3º plano de Hodge 
corresponde ao plano 
zero de De Lee 
• Plano de De Lee: 
 
▪ Atualmente, os planos utilizados no partograma são os 
Planos de De Lee 
▪ Vai de -5 a +5 
▪ Planos: 
✓ Plano 0 (zero) = espinha isquiática 
✓ Planos -1, -2, -3, -4 e -5 = planos negativos acima 
da espinha isquiática, quando o feto está alto 
✓ Planos +1, +2, +3, +4 e +5 = planos positivos abaixo 
da espinha isquiática, quando o feto está baixo 
✓ A partir do plano +3 já é período expulsivo 
▪ O plano zero de De Lee é igual ao 3º plano de Hodge 
▪ A partir do plano zero, a apresentação é estimada em 
centímetros (+) caso tenha ultrapassado e (-) caso a 
apresentação não tenha alcançado o plano zero de De 
Lee 
 
PARTOGRAMA 
 
1. Identificação + Registro do prontuário + Data de início 
2. Hora real → coloca-se acima da hora de registro 
• Exemplo: paciente chega às 14h ao hospital em trabalho de 
parto na fase ativa. Assim, na hora 1 (hora de registro) 
coloca-se 14h (na hora real) 
3. Dilatação e Planos: 
• Dilatação (cm) → 
• Altura da apresentação (plano de De Lee) → 
▪ Curiosidade! → caso seja possível palpar a cabeça do 
bebê no toque, representa-se da seguinte maneira no 
partograma: 
 
✓ Quando se consegue palpar a Bregma → 
coloca-se o losango dentro do círculo 
✓ Quando se consegue palpar o lambda → 
coloca-se o “Y” dentro do círculo 
• Exemplo:▪ Os triângulos representam a dilatação 
▪ Os círculos sem nada dentro representam que a 
variedade de posição ainda está indefinida 
 
5 PARTOGRAMA 
Gizelle Felinto 
▪ Os círculos com o “Y” representam que foi possível 
palpar o lambda, definindo-se a variedade de posição 
✓ “Y” de cabeça para baixo → posição occipito-
posterior 
✓ “Y” deitado → posição occipito-transversa 
 
▪ Com o tempo, o normal é que a altura de apresentação 
vá baixando no gráfico e a dilatação vá aumentando 
4. Batimentos Cardíacos Fetais (BCF): 
• Pode-se colocar um ponto ou o próprio número 
• O ideal é que seja de 120 a 160 bpm 
• Taquicardia > 160 bpm 
• Bradicardia < 120 bpm 
• Os BCF devem ser avaliados a cada 15 a 30 minutos, mas no 
gráfico só há como colocar de 1 em 1 hora. Assim, deve-se 
anotar esses valores de 30 em 30 minutos (ou 15 em 15 
minutos em alto risco) no prontuário 
• Exemplo: 
 
5. Contrações: 
 
• Tem-se 6 quadradinhos na vertical, pois se a paciente tiver 
mais de 6 contrações em 10 minutos ela tem uma 
Taquissistolia/Hipersistolia 
• Como preencher: 
▪ Contrações ≥ 40 segundos → preenche-se todo o 
quadrado 
▪ Contrações de 20 a 39 segundos → preencher metade 
do quadrado 
▪ Contrações de 1 a 19 segundos → coloca-se apenas um 
“x” 
6. Bolsa / Líquido Amniótico: 
 
• Bolsa: Coloca-se apenas uma letra → I ou R 
▪ I = bolsa íntegra (fazendo analogia: é como tocar em 
uma bochecha cheia) 
▪ R = bolsa rota (não se vê o líquido fluindo e, ao tocar, 
toca-se diretamente na apresentação) 
• Líquido Amniótico (LA) → coloca-se as características do 
líquido 
▪ CL = Líquido claro 
▪ M ou MEC = Líquido Meconial 
✓ MECF = Líquido Meconial Fluido (quando é verde 
claro) 
✓ MECE = Líquido Meconial Espesso (quando é verde 
escuro, tipo musgo) 
7. Oxitocina: 
• Quando, durante o trabalho de parto, foi necessário usar 
Oxitocina deve-se colocar também no gráfico 
• Coloca-se o número de ampolas → geralmente, é apenas 1 
ampola 
8. Medicamentos ou Fluidos Administrados: 
 
• Prescreve-se a medicação ou fluido no prontuário e também 
coloca-se no partograma o nome da medicação que foi 
usada 
9. Assinatura: 
• Ao final da folha, sempre que se examina deve-se carimbar 
e assinar 
➢ Um partograma preenchido corretamente e sem intercorrências 
é chamado de Parto Eutócico 
ERRO DE CONSTRUÇÃO DO PARTOGRAMA 
 
Erro 
 
6 PARTOGRAMA 
Gizelle Felinto 
➢ O erro desse partograma é que ele foi iniciado ainda na fase 
latente, pois não preenche os critérios da fase ativa do trabalho 
de parto: 
• A paciente tinha 3 cm de dilatação, mas teve apenas uma 
contração durando 20 a 39 segundos na primeira hora. 
Dessa forma, não está na fase ativa, que é a que se deve 
iniciar o partograma 
• O resultado desse partograma seria um trabalho de parto 
prolongado 
• Assim, o ideal teria sido iniciar o partograma apenas quando 
ela estivesse como na terceira hora, com duas contrações 
que, somadas, chegam a mais de 60 segundos de duração 
PARTOGRAMA COM HIPOATIVIDADE UTERINA 
 
➢ A paciente ficou durante 3 horas com duas contrações de 40 
segundos. Assim, o médico utilizou 1 ampola de Oxitocina, 5 
unidades. Dessa forma, na hora seguinte houve o aumento para 3 
contrações 
➢ Houve uma fase ativa prolongada devido a uma hipoatividade 
uterina 
➢ Tratamento/Correção: 
• Ocitocina/Oxitocina 
• Amniotomia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PARTOGRAMA COM DESPROPORÇÃO CEFALOPÉLVICA (DCP) 
 
➢ Houve a dilatação, mas a cabeça do bebê (apresentação) 
permaneceu praticamente no mesmo lugar (não desceu) 
➢ Também se vê que houve queda da Frequência Cardíaca Fetal 
(FCF) 
➢ Assim, houve uma parada secundária da descida e uma diminuição 
da frequência cardíaca fetal 
➢ Conduta: 
• Cesariana 
PARTOGRAMA COM PARADA SECUNDÁRIA DE DESCIDA 
 
➢ As contrações e a dilatação evoluíram bem, mas a cabeça fetal 
não se movimentou mais depois de um tempo 
➢ Caracteriza uma desproporção cefalopélvica 
Hipoatividade 
Uterina 
 
7 PARTOGRAMA 
Gizelle Felinto 
PARTOGRAMA COM PERÍODO PÉLVICO PROLONGADO 
 
➢ A paciente chegou na dilatação completa (10 cm), ficando por 4 
horas com essa dilatação, e a apresentação fetal variou, mas o 
bebê não nasceu 
➢ Causa → Hipoatividade Uterina 
➢ Nesse partograma foi utilizada a ocitocina, para melhoria das 
contrações, obtendo-se um pouco de resultado. Além disso, 
nessas situações, pode-se lançar mão do fórceps, pois essa 
mulher tinha uma dilatação boa e o feto estava baixo 
➢ Tratamento/Correção: 
• Oxitocina 
• Fórceps 
PARTOGRAMA COM PARTO PRECIPITADO 
 
➢ Trata-se de uma distocia 
➢ É chamado de parto precipitado ou parto taquitócico 
➢ Exemplo → é aquela paciente que chega no hospital em trabalho 
de parto e depois de 3 horas o bebê nasce 
➢ No caso desse partograma, a mulher chegou ainda com a 
apresentação fetal mais superior, mas tinha uma boa atividade 
uterina, que fez com que as dilatações aumentassem rapidamente 
e a apresentação fetal se tornasse propícia para o parto vaginal 
em pouco tempo 
➢ Causa → Taquissistolia (mais de 6 contrações em 10 minutos) 
➢ Nessas situações evita-se que se rompa a bolsa, mas nesse caso 
houve o rompimento espontâneo 
➢ O parto taquitócico pode apresentar complicações: 
• Hemorragia intracraniana do feto → pois o feto desce 
rapidamente 
• Lacerações pélvicas graves da mãe 
• Prolapso de cordão... 
➢ Conduta: 
• Não há como prevenir ou corrigir, mas pode-se evitar as 
complicações desse tipo de parto 
• Quando ocorre, deve-se examinar o feto e o canal de parto, 
devido às complicações 
PADRÕES DE PARTOGRAMA 
➢ PARTOGRAMA NORMAL: 
• A dilatação evolui 1 cm/h, a descida segue uma curva 
hiperbólica e ambas terminam juntas 
➢ ALTERAÇÕES DA DILATAÇÃO: 
• Parto Taquitócico → evolução em mais ou menos 4 horas 
▪ No parto precipitado/taquitócico a mulher chega no 
início da dilatação e completa o parto em poucas horas. 
Assim, uma mulher que já chega com uma dilatação de 
7cm, por exemplo, e em 3 horas consegue parir o bebê, 
não configura um parto precipitado 
• Parada Secundária da Dilatação: 
▪ Ausência de progressão de dilatação em dois toques 
sucessivos com intervalo de 2 horas 
▪ Causa principal → Desproporção Cefalopélvica (DCP) 
• Fase Ativa Prolongada: 
▪ A dilatação segue uma velocidade menor que 1 cm/h 
▪ Causa principal → distocia funcional 
➢ ALTERAÇÕES DA DESCIDA DA APRESENTAÇÃO: 
• Parada Secundária da Descida: 
▪ A apresentação se mantém no mesmo plano de De Lee 
em dois toques consecutivos com intervalo de 2 horas 
▪ Causa principal → Desproporção Cefalopélvica (DCP) 
• Período Pélvico Prolongado: 
▪ A descida ocorre de maneira lenta 
▪ Causa principal → distocia funcional 
✓ Ex: hipoatividade uterina → faz-se ocitocina e 
analisa-se se há melhora. Caso não haja, deve-se 
romper a bolsa. Porém, não se pode fazer 
ocitocina e nem romper a bolsa no início do 
trabalho de parto 
 
 
8 PARTOGRAMA 
Gizelle Felinto 
DADOS SOBRE O PARTOGRAMA 
➢ Diminui o trabalho de parto prolongado (de 6,4% para 3,4%) 
➢ Diminui a necessidade de ocitocina (de 20,7% para 9,1%) 
➢ Diminui o número de cesárias de emergência (de 9,9% para 
8,3%) 
➢ Diminui óbito fetal intraparto (de 0,5% para 0,3%) 
➢ Entre gestações únicas sem fatores de risco, a queda de cesárea 
foi maior (de 6,2% para 4,5%) 
CONCLUSÕES 
➢ Existem evidências científicas (nível B) favorecendo o uso do 
partograma para condução do trabalho de parto 
➢ Uso do partograma reduz taxas de cesárea e óbito intraparto 
(OMS, 1994) 
➢ Falta de partograma é fator de risco para óbito perinatal (Landsky 
et al., 2006) 
➢ Treinamento é FUNDAMENTAL (Bosset al., 2002) 
➢ “O partograma da OMS claramente diferencia a progressão do 
trabalho de parto em normal ou anormal e identifica as mulheres 
que necessitam de intervenção. O seu uso em todas as unidades 
é recomendado” 
➢ MOTIVOS PARA SEUSAR O PARTOGRAMA: 
• Facilidade de registro 
• Trocas de plantão → Ex: um médico iniciou o partograma de 
uma gestante e depois trocou de plantão e ela ainda continua 
em trabalho de parto. O partograma corretamente 
preenchido traz todos os dados necessários para a 
condução do caso 
• Proteção do binômio mãe-filho e diminuição do número de 
cesáreas 
• Proteção do profissional

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