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1 PARTOGRAMA Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ Para que se entenda o Partograma, é necessário ter em mente que o Ciclo Gravídico-Puerperal tem três fases: • Fase Evolutiva → gravidez • Fase Resolutiva → parto ▪ Durante essa fase resolutiva, faz-se necessária uma documentação da evolução desse trabalho de parto, que é anotada em um gráfico chamado de partograma • Fase Involutiva → puerpério ➢ Equação do Parto: 𝑃𝑎𝑟𝑡𝑜 = 𝑂𝑏𝑗𝑒𝑡𝑜 + 𝑇𝑟𝑎𝑗𝑒𝑡𝑜 + 𝑀𝑜𝑡𝑜𝑟 • Objeto → é o feto • Trajeto → duro e mole ▪ Trajeto duro é a bacia ▪ Trajeto mole é o canal de parto • Motor → é a contração e a prensa ▪ Contração: ✓ É causada pelas contrações da musculatura uterina, ajudando na dilatação do colo ▪ Prensa: ✓ É a força abdominal que a mulher faz motivada pela contração, ajudando na progressão da expulsão do feto SOBRE O PARTOGRAMA ➢ CONCEITO: • Trata-se da representação gráfica da evolução do trabalho de parto • É um instrumento prático e objetivo no rastreamento das dificuldades na evolução do Trabalho de Parto (TP), reduzindo o risco de morte perinatal e a inciência de TP prolongado ▪ Assim, o simples fato de preencher corretamente um partograma ajuda a diagnosticar as distocias funcionais (alterações na força durante o trabalho de parto), pois com esse preenchimento do partograma consegue-se identificar rapidamente essas distocias, que podem ser resolvidas no momento em que são identificadas, diminuindo o risco de morte perinatal, a incidência de TP prolongado e a necessidade de cesarianas • O preenchimento correto do partograma serve de defesa para o obstetra em questões jurídicas • Atenção → Um partograma feito depois de um trabalho de parto concluído não funciona! Deve ser feito durante toda a evolução do trabalho de parto ➢ O PARTOGRAMA PERMITE OS SEGUINTES: • Acompanhar a evolução do Trabalho de Parto (TP) • Documentar o TP • Diagnosticar alterações no TP • Indicar a tomada de condutas apropriadas para correção desses desvios • Evitar intervenções desnecessárias ➢ CARACTERÍSTICAS DE UM PARTOGRAMA → esse gráfico resume toda a avaliação da mãe e do feto, pois nele pode-se anotar os seguintes dados: • Frequência Cardíaca Fetal (FCF) • Integridade da bolsa • Características do Líquido Amniótico (LA) • Dilatação do colo • Descida da apresentação (segundo os planos de De Lee) • Frequência e intensidade das contrações • Medicamentos e fluidos administrados ➢ HISTÓRIA DO PARTOGRAMA: • Friedman (década de 70) → foi o primeiro idealizador do partograma • Hendricks (1969) • Philpott & Castle (1972) • Organização Mundial da Saúde - OMS (1994) → nesse ano de 1994, a OMS tornou obrigatório o uso do Partograma nas maternidades ▪ Em 1988 → a OMS determinou que o partograma é uma ferramenta de gerenciamento para prevenção do trabalho de parto prolongado ▪ Em 1994 houve uma reedição → “Prevenindo o trabalho de parto prolongado: um guia prático - o partograma” ▪ Em 1996 → a OMS colocou o partograma como Categoria A nas recomendações do atendimento ao parto normal • Schwarcz et al. (1996) → CLAP (Centro Latino Americano de Perinatologia) ➢ VANTAGENS DO PARTOGRAMA: • Efetividade → detecta precocemente os problemas ▪ Exemplo: a cada 1 a 2h o médico avalia a paciente e vai fazendo a evolução do parto. Dessa forma, se ele vê que com o passar do tempo a dilatação não aumentou o que deveria aumentar, isso já deve levantar um alerta para que ele fique atento a qualquer complicação que a grávida possa estar tendo • Baixo custo • Aumenta a qualidade e a regularidade das observações ➢ PONTOS IMPORTANTES: • Só pode ser utilizado por profissionais de saúde com treinamento adequado em obstetrícia e que sejam capazes de: ▪ Observar e conduzir um trabalho de parto normal e o parto ▪ Acompanhar a dilatação cervical corretamente ▪ Anotar a dilatação e a hora, de maneira correta, no gráfico • Não deve ser utilizado em partos domiciliares e/ou acompanhados por pessoas não treinadas em obstetrícia • Não deve ser iniciado caso haja complicações na gestação e/ou parto que impliquem em uma ação imediata ▪ Exemplo: Gestante com Descolamento Prematuro da Placenta (DPP) → não se realiza um partograma, pois 2 PARTOGRAMA Gizelle Felinto nesse caso há uma indicação imediata de intervenção cirúrgica ▪ Exemplo: Gestante com feto em situação transversa e em trabalho de parto → não se realiza o partograma, pois essa paciente terá indicação cirúrgica ▪ Exemplo: Gestante com feto em sofrimento fetal agudo → não se realiza o partograma, pois essa paciente terá indicação cirúrgica ➢ COMPONENTES DO PARTOGRAMA: • Condição fetal • Progressão do trabalho de parto • Descida da apresentação • Condição materna ➢ MODELOS DE PARTOGRAMA → porém, hoje em dia, esses modelos foram fundidos e existe apenas um modelo de partograma • Modelo da OMS • Modelo do Ministério da Saúde FASES DO TRABALHO DE PARTO ➢ O trabalho de parto tem duas fases: • Latente: ▪ Não se pode iniciar o partograma na fase latente do trabalho de parto, pois esse for iniciado nessa fase acaba-se tendo um trabalho de parto prolongado • Ativa → tem três períodos: ▪ Dilatação ▪ Expulsivo (Pélvico) ▪ Dequitação → é o período da expulsão da placenta ✓ Esse período é complementado pela observação de Greenberg ou Golden hour, que é 1 hora após a dequitação, compreendendo um período crítico no qual ocorrem as hemorragias ▪ Atenção → uma das condições para se iniciar o partograma é que ele seja iniciado na fase ativa do trabalho de parto ➢ Período de dilatação: • Nas multíparas: ▪ É de 6 a 8 horas ▪ Geralmente, tem velocidade de 1 centímetro por hora (1 cm/h) • Nas primíparas: ▪ É de 10 a 12 horas ▪ A velocidade de dilatação de 1 cm/h pode variar ➢ FASE LATENTE: • É a fase em que se tem os fenômenos preparatórios para o trabalho de parto: ▪ Amadurecimento cervical ▪ Contrações de baixa frequência e intensidade com um ritmo de dilatação de 0,35 cm/h ▪ Descida mínima ou ausente da apresentação • Vai do início do trabalho de parto até mais ou menos 3 cm de dilatação • Assim, caso seja aberto o partograma nessa fase, acaba-se tendo um trabalho de parto prolongado, o que não é ideal ➢ FASE ATIVA: • Inicia-se com 3 cm de dilatação e contrações regulares, terminando com a dilatação completa • É nessa fase que se constrói o partograma! TRABALHO DE PARTO ➢ Início do Trabalho de Parto: • Tem-se uma Atividade Uterina (AU) ≥ 60 UM → ou seja, caracteriza-se por 2 a 3 contrações de 20 a 30 segundos em 10 minutos ▪ Atividade Uterina (em Unidade de Montevidel - UM) → um grupo de obstetras se reuniram em Montevidel e decidiram que a atividade uterina para que se abrisse o partograma teria que ser maior ou igual a 60 𝑈𝑀 = 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑥 𝑓𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 ✓ Quando as contrações duram tempos diferentes não se faz essa multiplicação ✓ Quando as contrações durando a mesma quantidade de tempo pode-se fazer essa multiplicação ✓ Ou então, simplesmente, pode-se somar os tempos de cada contração em 10 minutos de observação e analisar se essa soma é maior ou igual a 60 segundos ▪ Exemplo: paciente chega ao hospital em trabalho de parto, com contrações → o médico deve medir, em 10 minutos, quantas e qual a duração de cada contração. Assim, se a duração dessas contrações somadas foi de pelo menos 60 segundos essa gestante tem atividade uterina e já se pode abrir/iniciar o partograma ✓ Ex: se ela teve 3 contrações nesse período de 10 minutos, com uma durando 20 segundos, outra 30 segundos e outra 20 segundos, então ela se encontra em atividade uterina e deve iniciar o partograma, pois a soma desses tempos é maior que 60 segundos ✓ Ex: gestante com 4 contraçõesdurando apenas 10 segundos cada uma → ela não tem mais de 60 segundos de contrações, então não se deve abrir o partograma • Esvaecimento do colo uterino (amadurecimento)→ é o afinamento do colo uterino ▪ Primíparas: o esvaecimento ocorre depois da dilatação ▪ Multíparas: o esvaecimento e a dilatação ocorrem simultaneamente ▪ Exemplo: o colo se encontra 70% amadurecido → como saber esse amadurecimento/esvaecimento: ✓ 0% esvaecido/apagado/amadurecido → quando se faz o toque e percebe-se que o colo uterino se encontra grosso (igual a um lábio) ✓ 100% esvaecido/apagado/amadurecido → quando o colo se encontra fino (igual a uma folha de papel) 3 PARTOGRAMA Gizelle Felinto ✓ Entre o 0% e os 100% → é a percepção do médico quem define a porcentagem de esvaecimento, indo entre esses dois extremos de 0 e 100% ➢ Eventos que Antecedem o Trabalho de Parto: • Formação da bolsa das águas: ▪ Quando começam as contrações efetivas, o líquido tende a descer para a parte que irá se apresentar no canal vaginal, ficando abaixo da cabeça ou da pelve do bebê, a depender da apresentação fetal • Modificação da posição do colo: ▪ Assim, o colo uterino, que antes estava posterior, vai se anteriorizar em direção à vagina • Triplo Gradiente Descendente de Pressão (TGDP) → é o responsável por auxiliar esses demais eventos que antecedem o trabalho de parto ▪ Durante toda a gravidez existem contrações indolores e fisiológicas, denominadas Contrações de Braxton Hicks, que ocorrem em locais diferentes do útero (Ex: corno uterino, corpo, colo...), não tendo uma sequência lógica: ✓ Em relação a essas contrações, algumas mulheres podem ou não sentir dor. Algumas podem apenas afirmar que a barriga se encontra mais rígida ✓ Quando se está mais perto da data do parto, essas contrações são chamadas de Contrações de Treinamento ✓ Ao se iniciar o trabalho de parto, essas contrações seguem uma sequência, que é justamente o TGDP: 1. Cornos uterinos 2. Corpo do útero 3. Colo uterino ▪ O TGDP é importante na evolução das contrações, pois estimula as contrações miometriais sequenciais e, consequentemente estimula a formação das bolsas e na anteriorização do colo uterino ▪ Após o parto, esse TGDP ajuda a manter as contrações para formar o globo de segurança de Pinard, para evitar as hemorragias pós-parto ▪ Observação → a dilatação do colo uterino, o esvaecimento e a formação da bolsa só ocorrem se a contração for eficiente e se o TGDP estiver funcionando ✓ Assim, enquanto a paciente tiver contrações em locais irregulares do útero e não tiver uma sequência lógica e regular dessas contrações, não ocorrerá a dilatação, o esvaecimento e a formação da bolsa UTILIZAÇÃO CLÍNICA DO PARTOGRAMA ➢ LINHAS DO GRÁFICO: • Cada divisão horizontal = 1 hora • Cada divisão vertical = 1 cm de dilatação ➢ INÍCIO DOS REGISTROS → deve-se iniciar na fase ativa do trabalho de parto • O início dos registros do partograma deve ser quando a paciente preencher os critérios verdadeiros de trabalho de parto: ▪ Quando se tem 2 a 3 contrações em 10 minutos (que juntas equivalem a mais de 60 segundos de duração) e 3 cm de dilatação • Principal erro no partograma → iniciar a marcação na fase latente do trabalho de parto ➢ TOQUES VAGINAIS: • Devem ser realizados a cada 1 a 2 horas para avaliar a dilatação, a altura da apresentação, a variedade de posição e a integridade da bolsa • Hoje em dia, tem-se diminuído o número de toques vaginais, pois a manipulação do colo uterino pode aumentar os riscos de infecção → assim, faz-se o toque na admissão da paciente e vai-se avaliando a evolução do trabalho de parto (Ex: observando o líquido, analisando as contrações, ouvindo os batimentos do bebê, vendo a descida da apresentação pela palpação, observando se a vulva da paciente está sendo forçada...) ➢ O QUE REGISTRAR NO PARTOGRAMA: • Contrações • Batimentos Cardíacos Fetais (BCF) • Características do Líquido Amniótico (LA): ▪ Deve ser um líquido claro e transparente ▪ Líquido verde claro → é sinal de que o feto eliminou mecônio (líquido tinto de mecônio) ▪ Líquido verde escuro (como lodo) → trata-se de um mecônio espesso, caracterizando um sinal de que o bebê pode estar em sofrimento fetal • Infusão de líquidos e drogas administradas: ▪ Ex: paciente vomitando e o médico prescreve antiemético → deve-se anotar no partograma ▪ Ex: paciente desidratada que necessitou de soro → anotar no partograma ➢ AUSCULTA FETAL → deve ser feita a cada: • 30 minutos nas gestantes de baixo risco • 15 minutos nas gestantes de alto risco • Caso se ausculte alguma alteração → deve-se auscultar novamente, não devendo esperar 15 a 30 minutos para realizar novamente ➢ LINHA DE ALERTA E LINHA DE AÇÃO: • Antigamente, até o ano de 2018, no gráfico do partograma, além de todas as orientações já citadas, traçava-se duas linhas, as chamadas linhas de alerta e linhas de ação • Porém, estudos recentes questionam a validade das linhas e sugerem que cada mãe seja avaliada de maneira individual, pois existem os seguintes questionamentos: ▪ Quanto tempo dura um trabalho de parto normal? → varia de mulher para mulher ▪ Existe um padrão que indique a normalidade na progressão do parto? • Assim, diante desses questionamentos, estudiosos da USP fizeram um projeto chamado Projeto Bold (Better Outcomes in Labour Difficulty – Melhores resultados em dificuldades do 4 PARTOGRAMA Gizelle Felinto trabalho de parto) → assim, o pessoal da USP e a OMS observaram a Nigéria e a Uganda, vendo que o partograma nesses locais variava de mulher para mulher. Assim, as linhas de alerta e de ação estavam se mostrando desnecessárias ▪ Em 2018, o projeto Bold estudou 10 mil mulheres que deram entrada em trabalho de parto nos hospitais da África e verificou que a evolução do parto normal não segue à risca o partograma ▪ Os achados questionam a validade das linhas e sugerem que cada mãe deve ser avaliada de maneira individual ▪ A primeira etapa do projeto Bold já foi responsável por mudanças nas recomendações da OMS relativas ao parto, publicadas em abril de 2018, numa nova diretriz global sobre o manejo do trabalho de parto ▪ Diante disso, foi criado um novo modelo de partograma, que não tem mais as linhas de alerta e de ação ➢ PLANOS DA BACIA: • Plano de Hodge: ▪ Antigamente, utilizava- se os planos de Hodge, mas estão em desuso ▪ O 3º plano de Hodge corresponde ao plano zero de De Lee • Plano de De Lee: ▪ Atualmente, os planos utilizados no partograma são os Planos de De Lee ▪ Vai de -5 a +5 ▪ Planos: ✓ Plano 0 (zero) = espinha isquiática ✓ Planos -1, -2, -3, -4 e -5 = planos negativos acima da espinha isquiática, quando o feto está alto ✓ Planos +1, +2, +3, +4 e +5 = planos positivos abaixo da espinha isquiática, quando o feto está baixo ✓ A partir do plano +3 já é período expulsivo ▪ O plano zero de De Lee é igual ao 3º plano de Hodge ▪ A partir do plano zero, a apresentação é estimada em centímetros (+) caso tenha ultrapassado e (-) caso a apresentação não tenha alcançado o plano zero de De Lee PARTOGRAMA 1. Identificação + Registro do prontuário + Data de início 2. Hora real → coloca-se acima da hora de registro • Exemplo: paciente chega às 14h ao hospital em trabalho de parto na fase ativa. Assim, na hora 1 (hora de registro) coloca-se 14h (na hora real) 3. Dilatação e Planos: • Dilatação (cm) → • Altura da apresentação (plano de De Lee) → ▪ Curiosidade! → caso seja possível palpar a cabeça do bebê no toque, representa-se da seguinte maneira no partograma: ✓ Quando se consegue palpar a Bregma → coloca-se o losango dentro do círculo ✓ Quando se consegue palpar o lambda → coloca-se o “Y” dentro do círculo • Exemplo:▪ Os triângulos representam a dilatação ▪ Os círculos sem nada dentro representam que a variedade de posição ainda está indefinida 5 PARTOGRAMA Gizelle Felinto ▪ Os círculos com o “Y” representam que foi possível palpar o lambda, definindo-se a variedade de posição ✓ “Y” de cabeça para baixo → posição occipito- posterior ✓ “Y” deitado → posição occipito-transversa ▪ Com o tempo, o normal é que a altura de apresentação vá baixando no gráfico e a dilatação vá aumentando 4. Batimentos Cardíacos Fetais (BCF): • Pode-se colocar um ponto ou o próprio número • O ideal é que seja de 120 a 160 bpm • Taquicardia > 160 bpm • Bradicardia < 120 bpm • Os BCF devem ser avaliados a cada 15 a 30 minutos, mas no gráfico só há como colocar de 1 em 1 hora. Assim, deve-se anotar esses valores de 30 em 30 minutos (ou 15 em 15 minutos em alto risco) no prontuário • Exemplo: 5. Contrações: • Tem-se 6 quadradinhos na vertical, pois se a paciente tiver mais de 6 contrações em 10 minutos ela tem uma Taquissistolia/Hipersistolia • Como preencher: ▪ Contrações ≥ 40 segundos → preenche-se todo o quadrado ▪ Contrações de 20 a 39 segundos → preencher metade do quadrado ▪ Contrações de 1 a 19 segundos → coloca-se apenas um “x” 6. Bolsa / Líquido Amniótico: • Bolsa: Coloca-se apenas uma letra → I ou R ▪ I = bolsa íntegra (fazendo analogia: é como tocar em uma bochecha cheia) ▪ R = bolsa rota (não se vê o líquido fluindo e, ao tocar, toca-se diretamente na apresentação) • Líquido Amniótico (LA) → coloca-se as características do líquido ▪ CL = Líquido claro ▪ M ou MEC = Líquido Meconial ✓ MECF = Líquido Meconial Fluido (quando é verde claro) ✓ MECE = Líquido Meconial Espesso (quando é verde escuro, tipo musgo) 7. Oxitocina: • Quando, durante o trabalho de parto, foi necessário usar Oxitocina deve-se colocar também no gráfico • Coloca-se o número de ampolas → geralmente, é apenas 1 ampola 8. Medicamentos ou Fluidos Administrados: • Prescreve-se a medicação ou fluido no prontuário e também coloca-se no partograma o nome da medicação que foi usada 9. Assinatura: • Ao final da folha, sempre que se examina deve-se carimbar e assinar ➢ Um partograma preenchido corretamente e sem intercorrências é chamado de Parto Eutócico ERRO DE CONSTRUÇÃO DO PARTOGRAMA Erro 6 PARTOGRAMA Gizelle Felinto ➢ O erro desse partograma é que ele foi iniciado ainda na fase latente, pois não preenche os critérios da fase ativa do trabalho de parto: • A paciente tinha 3 cm de dilatação, mas teve apenas uma contração durando 20 a 39 segundos na primeira hora. Dessa forma, não está na fase ativa, que é a que se deve iniciar o partograma • O resultado desse partograma seria um trabalho de parto prolongado • Assim, o ideal teria sido iniciar o partograma apenas quando ela estivesse como na terceira hora, com duas contrações que, somadas, chegam a mais de 60 segundos de duração PARTOGRAMA COM HIPOATIVIDADE UTERINA ➢ A paciente ficou durante 3 horas com duas contrações de 40 segundos. Assim, o médico utilizou 1 ampola de Oxitocina, 5 unidades. Dessa forma, na hora seguinte houve o aumento para 3 contrações ➢ Houve uma fase ativa prolongada devido a uma hipoatividade uterina ➢ Tratamento/Correção: • Ocitocina/Oxitocina • Amniotomia PARTOGRAMA COM DESPROPORÇÃO CEFALOPÉLVICA (DCP) ➢ Houve a dilatação, mas a cabeça do bebê (apresentação) permaneceu praticamente no mesmo lugar (não desceu) ➢ Também se vê que houve queda da Frequência Cardíaca Fetal (FCF) ➢ Assim, houve uma parada secundária da descida e uma diminuição da frequência cardíaca fetal ➢ Conduta: • Cesariana PARTOGRAMA COM PARADA SECUNDÁRIA DE DESCIDA ➢ As contrações e a dilatação evoluíram bem, mas a cabeça fetal não se movimentou mais depois de um tempo ➢ Caracteriza uma desproporção cefalopélvica Hipoatividade Uterina 7 PARTOGRAMA Gizelle Felinto PARTOGRAMA COM PERÍODO PÉLVICO PROLONGADO ➢ A paciente chegou na dilatação completa (10 cm), ficando por 4 horas com essa dilatação, e a apresentação fetal variou, mas o bebê não nasceu ➢ Causa → Hipoatividade Uterina ➢ Nesse partograma foi utilizada a ocitocina, para melhoria das contrações, obtendo-se um pouco de resultado. Além disso, nessas situações, pode-se lançar mão do fórceps, pois essa mulher tinha uma dilatação boa e o feto estava baixo ➢ Tratamento/Correção: • Oxitocina • Fórceps PARTOGRAMA COM PARTO PRECIPITADO ➢ Trata-se de uma distocia ➢ É chamado de parto precipitado ou parto taquitócico ➢ Exemplo → é aquela paciente que chega no hospital em trabalho de parto e depois de 3 horas o bebê nasce ➢ No caso desse partograma, a mulher chegou ainda com a apresentação fetal mais superior, mas tinha uma boa atividade uterina, que fez com que as dilatações aumentassem rapidamente e a apresentação fetal se tornasse propícia para o parto vaginal em pouco tempo ➢ Causa → Taquissistolia (mais de 6 contrações em 10 minutos) ➢ Nessas situações evita-se que se rompa a bolsa, mas nesse caso houve o rompimento espontâneo ➢ O parto taquitócico pode apresentar complicações: • Hemorragia intracraniana do feto → pois o feto desce rapidamente • Lacerações pélvicas graves da mãe • Prolapso de cordão... ➢ Conduta: • Não há como prevenir ou corrigir, mas pode-se evitar as complicações desse tipo de parto • Quando ocorre, deve-se examinar o feto e o canal de parto, devido às complicações PADRÕES DE PARTOGRAMA ➢ PARTOGRAMA NORMAL: • A dilatação evolui 1 cm/h, a descida segue uma curva hiperbólica e ambas terminam juntas ➢ ALTERAÇÕES DA DILATAÇÃO: • Parto Taquitócico → evolução em mais ou menos 4 horas ▪ No parto precipitado/taquitócico a mulher chega no início da dilatação e completa o parto em poucas horas. Assim, uma mulher que já chega com uma dilatação de 7cm, por exemplo, e em 3 horas consegue parir o bebê, não configura um parto precipitado • Parada Secundária da Dilatação: ▪ Ausência de progressão de dilatação em dois toques sucessivos com intervalo de 2 horas ▪ Causa principal → Desproporção Cefalopélvica (DCP) • Fase Ativa Prolongada: ▪ A dilatação segue uma velocidade menor que 1 cm/h ▪ Causa principal → distocia funcional ➢ ALTERAÇÕES DA DESCIDA DA APRESENTAÇÃO: • Parada Secundária da Descida: ▪ A apresentação se mantém no mesmo plano de De Lee em dois toques consecutivos com intervalo de 2 horas ▪ Causa principal → Desproporção Cefalopélvica (DCP) • Período Pélvico Prolongado: ▪ A descida ocorre de maneira lenta ▪ Causa principal → distocia funcional ✓ Ex: hipoatividade uterina → faz-se ocitocina e analisa-se se há melhora. Caso não haja, deve-se romper a bolsa. Porém, não se pode fazer ocitocina e nem romper a bolsa no início do trabalho de parto 8 PARTOGRAMA Gizelle Felinto DADOS SOBRE O PARTOGRAMA ➢ Diminui o trabalho de parto prolongado (de 6,4% para 3,4%) ➢ Diminui a necessidade de ocitocina (de 20,7% para 9,1%) ➢ Diminui o número de cesárias de emergência (de 9,9% para 8,3%) ➢ Diminui óbito fetal intraparto (de 0,5% para 0,3%) ➢ Entre gestações únicas sem fatores de risco, a queda de cesárea foi maior (de 6,2% para 4,5%) CONCLUSÕES ➢ Existem evidências científicas (nível B) favorecendo o uso do partograma para condução do trabalho de parto ➢ Uso do partograma reduz taxas de cesárea e óbito intraparto (OMS, 1994) ➢ Falta de partograma é fator de risco para óbito perinatal (Landsky et al., 2006) ➢ Treinamento é FUNDAMENTAL (Bosset al., 2002) ➢ “O partograma da OMS claramente diferencia a progressão do trabalho de parto em normal ou anormal e identifica as mulheres que necessitam de intervenção. O seu uso em todas as unidades é recomendado” ➢ MOTIVOS PARA SEUSAR O PARTOGRAMA: • Facilidade de registro • Trocas de plantão → Ex: um médico iniciou o partograma de uma gestante e depois trocou de plantão e ela ainda continua em trabalho de parto. O partograma corretamente preenchido traz todos os dados necessários para a condução do caso • Proteção do binômio mãe-filho e diminuição do número de cesáreas • Proteção do profissional
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