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Patologia Geral ❖ Adaptações celulares As células respondem ao aumento da demanda e estímulo externo por meio da hiperplasia ou hipertrofia, e à redução de nutrientes e de fatores de crescimento pela atrofia. - Hiperplasia: aumento no número de células de um órgão ou tecido, resultando geralmente no aumento de seu volume. Ocorre se a população celular for capaz de sintetizar DNA permitindo, assim, que ocorra mitose, pode ser fisiológica ou patológica. -Fisiológica: pode ser dividida em hormonal- aumenta a capacidade funcional de um tecido quando necessário, como por exemplo a proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez. A hiperplasia fisiológica ocorre no útero gravídico. -Compensatória- aumento de massa tecidual após dano ou ressecção parcial, exemplo: regeneração hepática. ● Mecanismos de hiperplasia: geralmente causada pela produção local de fatores de crescimento, aumento de seus respectivos receptores ou ativação de determinadas vias de sinalização intracelular. Essas alterações levam à produção de fatores de transcrição que ativam genes celulares, que resultam na proliferação celular. Na hiperplasia hormonal os próprios hormônios podem atuar como fatores de crescimento e desencadear a transcrição de vários genes celulares. Células tronco também podem participar do processo. -Patológica: causada pela estimulação excessiva de células alvo por hormônios ou por fatores de crescimento. A endometrial é um exemplo de hiperplasia hormonal anormal, assim como a hiperplasia prostática benigna, elas regridem se o estímulo hormonal for cessado. A hiperplasia patológica representa um solo fértil onde a proliferação cancerosa pode ocorrer. -Hipertrofia: aumento no tamanho das células, resultando no aumento do tamanho do órgão, esse aumento ocorre devido à síntese de mais elementos estruturais. Pode ser fisiológica ou patológica, sendo causada pela demanda funcional ou por estímulos hormonais. O estímulo mais comum para a hipertrofia muscular é o aumento da carga, com o coração, o estímulo é uma sobrecarga hemodinâmica crônica, ocorre a síntese de mais proteínas e filamentos, atingindo um equilíbrio entre a demanda e a capacidade funcional da célula. O crescimento fisiológico do útero durante a gravidez é um bom exemplo de aumento induzido por hormônios. ● Mecanismo de hipertrofia: os mecanismos de hipertrofia cardíaca envolvem muitas vias de transdução de sinais, levando à indução de transdução de sinais, que levam à indução de vários genes que estimulam a síntese de numerosas proteínas. No coração existem dois tipos de sinal: desencadeadores mecânicos, como o estiramento, e desencadeadores tróficos, como fatores de crescimento polipeptídicos e agentes vasoativos. -Atrofia: Redução do tamanho da célula devido à perda de substância celular. A atrofia fisiológica é comum durante as fases iniciais do desenvolvimento, o útero também diminui de tamanho após o parto. A patológica depende da causa e pode ser localizada ou generalizada; seguem as causam mais comuns de atrofia: >Diminuição da carga (por desuso); perda da inervação (por desnervação); diminuição do suprimento sanguíneo; nutrição inadequada; perda da estimulação endócrina; envelhecimento; pressão. ● Mecanismo de atrofia: aumento na degradação de proteínas, aumento de atividade na via da ubiquitina-proteassoma, aumento acentuado de vacúolos autofágicos. -Metaplasia: alteração reversível na qual um tipo de célula adulta é substituído por outro tipo de célula adulta, adaptação pra um tipo de célula mais resistente. a mais comum é a do epitélio colunar para escamoso que ocorre no trato respiratório em resposta à irritação crônica. Se as influências que predispõem à metaplasia persistirem, elas podem induzir transformações malignas no epitélio metaplásico. no esofago de barret é feita a troca do epitélio escamoso para colunar. ● Mecanismo de metaplasia: resultado de uma reprogramação de células tronco, precursores celulares seguem uma nova via de diferenciação através de sinais gerados por citocinas, fatores de crescimento e componentes da matriz extracelular. ❖ Causas das lesões celulares: ausência de oxigênio (isquemia) que compromete suprimento de oxigênio e de substratos metabólicos, incluindo glicose; agentes físicos ; agentes químicos e drogas; agentes infecciosos; reações imunológicas; distúrbios genéticos; desequilíbrios nutricionais. ❖ Mecanismos das lesões celulares: os alvos mais importantes dos estímulos nocivos, são: a respiração aeróbica envolvendo a fosforilação mitocondrial oxidativa e produção de ATP; a integridade das membranas celulares, da qual depende a homeostasia, a síntese protéica, o citoesqueleto, a integridade do componente genético da célula. ● Diminuição de ATP e a redução de sua síntese- 2 principais vias: fosforilação oxidativa e via glicolítica (ATP na ausência de oxigênio)- a atividade da bomba de sódio e potássio depende de energia, o metabolismo de energia celular está alterado. Glicólise- acúmulo de ácido lático- redução do ph- diminuição da atividade de diversas enzimas. Deficiência da bomba de cálcio; ruptura estrutural dos mecanismos de síntese proteica, levando ao dano irreversível às membranas mitocondriais e lisossomais, levando à necrose celular. ● Dobragem de proteínas de forma incorreta. ● Dano mitocondrial: podem ser danificadas pelo aumento de cálcio no citosol, estresse oxidativo, degradação dos fosfolipídeos pelas vias da fosfolipase A2 e pelos produtos de degradação dos lipídios. ● Fluxo intracelular de cálcio e perda da sua homeostasia: enzimas ativadas pelo cálcio- ATPases, fosfolipases, proteases e endonucleases. ● Acúmulo de radicais livres derivados do oxigênio: danificam os lipídios, as proteínas e os ácidos nucléicos, podem ser criados a partir de absorção de energia radiante,metabolismo enzimático de substâncias químicas exógenas ou drogas, reações de redução-oxidação recorrentes, metais de transição como o ferro e o cobre, óxido nítrico. -Efeitos: peroxidação lipídica das membranas, modificação oxidativa de proteínas, lesão no DNA. Desativação dos radicais livres: antioxidantes, transferrina, ferritina,, catalase, dismutases superóxido, glutatião peroxidase. ● Defeitos na permeabilidade da membrana: disfunção mitocondrial, perda dos fosfolipídios da membrana, anormalidades do citoesqueleto, espécies reativas de oxigênio, produtos de degradação dos lipídios. ➔ Lesão celular reversível e não reversível: dois fenômenos caracterizam a irreversibilidade, o primeiro é a incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial (ausência de fosforilação oxidativa e de ATP), o segundo é o desenvolvimento de alterações profundas na função da membrana- extravasamento maciço de materiais intracelulares e grande influxo de cálcio-medidores de morte celular. ➔ Dano reversível- dois danos podem ser reconhecidos à microscopia óptica: edema celular (desequilíbrio na homeostasia iônica e hídrica) e degeneração gordurosa- esteatose (lesão hipóxica e tóxicas ou metabólicas). -As alterações da lesão celular reversível: alterações na membrana plasmática, alterações mitocondriais, dilatação do retículo endoplasmático e alterações nucleares. Morte Celular ❏ Necrose: tipo de morte celular que está associado à perda da integridade da membrana e extravasamento de conteúdos celulares, que irão ocasionar inflamação. Morfologia: células necróticas apresentam aumento da eosinofilia, vítreo e homogêneo, figuras de mielina, além de alterações nucleares como a cariólise (diminuição da basofilia da cromatina, picnose (encolhimento do núcleo) e cariorréxis (fragmentação do núcleo). -Necrose de coagulação: obstrução da vascularização, arquitetura mantida, textura firme, lesão em triângulo ou cunha (característico do rim). Na microscopia as células são pálidas e há uma zona hemorrágica no centro. Infarto em todos os órgãos sólidos, exceto o cérebro. Micro: células aparecem pálidas e fantasmagóricas- há uma zona hemorrágica no meio. -Necrose liquefativa:intensa digestão tecidual pelas enzimas dos leucócitos nas infecções, hipóxia SNC, massa viscosa líquida, líquido amarelo cremoso-pus, infarto cerebral. Micro: pequeno abscesso hepático, muitos neutrófilos. -Necrose gangrenosa: não é um padrão de morte celular- termo clínico; perna: perda de suprimento sanguíneo, sofre necrose de coagulação envolvendo várias camadas de tecidos- infecção bacteriana sobreposta- modifica a necrose de coagulação- ação liquefativa das bactérias e leucócitos atraídos: gangrena úmida. Arquitetura básica tecidual preservada. Gangrena seca: necrose coagulativa da lesão anóxica. -Necrose caseosa: encontrada em lesão tuberculosa, semelhante a queijo- aparência friável branco-amarelada da área de necrose, foco necrótico exibe coleção de células rompidas- aparência granular amorfa rósea; arquitetura totalmente obliterada, sem contornos regulares. Necrose caseosa circunscrita por bor da inflamatória nítida: granuloma. -Necrose gordurosa: áreas focais de destruição gordur osa-pancreatite aguda; ácidos graxos liberados + cálcio= áreas brancas gredosas macroscopicamente visíveis: saponificação da gordura. Focos de necrose com contorno sombreado, adipócitos com cálcio e reação inflamatória. -Necrose gomosa: sífilis terciária, variedade de necrose de coagulação, compacto e elástico- borracha, fluido e viscoso- goma-arábica. -Necrose fibrinóide: apenas em microscopia óptica, reações imunes, nas quais complexos de antígenos e anticorpos são depositados nas paredes das artérias, imuno-complexos nas paredes dos vasos + fibrina, rósea-brilhante, amorfa. ● Evolução da necrose: regeneração, cicatrização, encistamento, eliminação e calcificação. ❏ Apoptose: morte celular induzida por ativação de enzimas que degradam o próprio DNA, proteínas citoplasmáticas e nucleares, não há resposta inflamatória, célula e fragmentos fagocitados, integridade da membrana. -Causas fisiológicas: eliminação de populações celulares não mais necessárias. Ex: embriogênese- destruição programada, involução hormônio dependente, deleção celular em populações proliferativas, morte após uso, eliminação de linfócito auto-reativo. -Causas patológicas: células não viáveis ou alteradas geneticamente ou lesadas de modo irreversível. Lesões de DNA, acúmulo de proteínas mal-dobradas, infecções virais, atrofia patológica do parênquima de órgãos, pós obstrução de ducto. -Morfologia: diminuição celular, condensação da cromatina, bolhas citoplasmáticas e corpos apoptóticos, fagocitose. -Microscopia: formação de bolhas e corpos apoptóticos, ncleo condensado, sem inflamação. -Mecanismo: caspases iniciadoras (8, 9, 10) ou executoras (3, 6, 7). Intrínseco ou mitocondrial: proteínas BCL, BCL-2 são perdidas e substituídas por proteínas pró apoptóticas BAX, BAK> induzem morte pelo aumento da permeabilidade mitocondrial> citocromo c> ativa caspases iniciadoras> ativação das executoras (ativam endonucleases, degradam citoesqueleto). A essência da via intrínseca é o equilíbrio entre as moléculas pró-apoptóticas e protetoras. Extrínseco ou iniciada por receptores: ligantes Fas (receptor de morte) se desligam para se ligar ao TNF> caspases iniciadoras> executoras. *FasL impedem a ligação do Fas com o TNF. Flip inibe essa via da apoptose. ❖ Acúmulos, pigmentos e calcificações Os acúmulos geralmente ocorrem em 4 vias: 1-Remoção inadequada ou insuficiente de substância normal para o metabolismo ou funcionamento celular, Ex: bilirrubina; 2-Acúmulo de substâncias endógenas anormais por defeitos adquiridos ou genéticos no dobramento, empacotamento, transporte ou secreção, proteína anômala- amiloidose; 3-Falha na degradação de metabólitos (doenças de depósitos), hipertrigliceridemia; 4- Acúmulo de substâncias exógenas não degradáveis pelos recursos celulares, partículas não solúveis ● Esteatose: no fígado ocorre principalmente por 3 motivos: 1- Ingestão alcoólica intensa e prolongada> dano celular; excesso de oferta de ácido graxo ao fígado; deficiência na produção de lipoproteínas (VLDL) 2-DHGNA: relacionada com resistência à insulina e obesidade, acúmulo de lipídeos no citoplasma dos hepatócitos> esterificação> acúmulo de triglicerídeos> esteatose 3-Dano hepático induzido por drogas. -Macro: cor mais avermelhada, menos vinhosa, com áreas amarelas salpicadas> acúmulo de triglicerídeos no hepatócito, aumento do volume celular e do órgão. -Micro: células abauladas; núcleos dos hepatócitos rechaçados na periferia das células e imagem negativa de gordura> conteúdo lipídico diluído, vacúolos claros redondos com limites nítidos e tamanho variável -Acúmulo de colesterol- aterosclerose: acúmulo de colesterol em macrófagos. Placa de ateroma- material semelhante a várias agulhas brancas> cristais de colesterol> colesterol acumulado> cristalóides; superfície material roxo e denso= calcificação> processo mais avançado- fase tardia. Núcleo em grão de feijão ou café e o citoplasma mais edemaciado> histiócitos xantomatosos. -Colesterolose: acúmulo de colesterol que ocorre na superfície da mucosa e na submucosa da vesícula biliar. Marcado pela presença de macrófagos xantomatosos (espumosos) na submucosa. Vesícula normal: aspecto aveludado e esverdeado> perda do aspecto de veludo, formação de grânulos amarelados> proeminência= cálculos de colesterol aderidos=patológico. Micro: conjuntivo com células com citoplasma nem tão branco, nem tão rosa. Aspecto esponjoso (poroso)> histiócitos ou macrófagos xantomatosos; macrófagos repletos de colesterol> células espumosas. -Xantomas: células com citoplasma espumoso e núcleo semelhante a um grão de café. ● Acúmulo de proteínas: casos que a taxa de reabsorção de proteínas para retorno à circulação pelas células do tubo contorcido proximal excede as capacidades celulares; síndrome nefrótica> dano glomerular> perda maciça de proteínas plasmáticas. No tecido, esse acúmulo de proteínas é marcado por depósitos intracelulares de material róseo (eosinofílico) e amorfo, chamado de depósito hialino. ● Deficiência de alfa-1 antitripsina: é uma enzima produzida principalmente no fígado e atua como antiprotease. Tem como principal função inativar a elastase neutrofílica, impedindo a ocorrência de dano tecidual. Ela é vista no hepatócito na forma de grânulos grosseiros rosa-avermelhado. ❖ Amiloidose: acúmulo de proteína amorfa (forma uma capa ao redor das células, impedindo seu crescimento normal) intra e extracelular, formação de pápulas|placas acastanhadas ou avermelhadas, não são danosas na pele, mas sim em outros órgãos. -Micro: formação de material amorfo, sem núcleo e com redução de colágeno, há abaulamento da epiderme. ❖ Degeneração hialina: termo morfológico que denota alteração dentro das células ou no espaço extracelular que confere uma aparência rósea, vítrea e homogênea> acúmulo de proteína menos densa. Produzida por alterações como necrose. 1- Corpúsculo hialino de Mallory: filamentos e citoesqueleto> hepatite alcoólica. Micro: precipitação de filamentos intermediários 2-Corpúsculo de Councilman e Rocha- Lima: corpos apoptóticos e partículas virais> hepatites virais 3-Corpúsculo de Russel: acúmulo de imunoglobulinas no interior dos plasmócitos> salmonelose. leishmaniose e osteomielites. Micro: inclusões eosinofílicas homogêneas. -Depósitos intracelulares excessivos de glicogênio- hepatócito com citoplasma claro e vacuolado por acúmulo de glicogênio. ❖ Acúmulo de Pigmentos: -Endógenos: melanina, lipofucsina, ácido homogentísico, bilirrubina, biliverdina, hemoglobina e hemossiderina. (Geralmente são fagocitados). -Exógenos: betacaroteno, carbono, pigmentos à base de ferro, tatuagem. ● Antracose: depósito de partículas de carbono> depósito no pulmão e linfonodos. Micro: partículas de carbono se acumulam nos alvéolos> histiócitos ao redor. ● Icterícia: acúmulo de bilirrubina, presença de grânulos amarelos|acastanhados. ● Hemossiderose|hemocromatose: aumento no número de hemoglobina; ou hematócrito circulante; ou nível sérico de ferro. Membros inferiores> estase> acúmulo desubstância de degradação da hemoglobina, manchas pigmentadas. Micro: presença de grânulos acastanhados. Acúmulo extracelular: intracelular quando os macrófagos realizam fagocitose. ● Tatuagem: deposição de pigmento, inicialmente o acúmulo é extracelular> intracelular quando os macrófagos realizam fagocitose, presença de grânulos enegrecidos. ❖ Calcificações: ocorre em decorrência de processos patológicos crônicos> 2 tipos: distrófica e metastática. -Distrófica: ocorre em tecidos mortos ou em processo de morte em normocalcemia; encontrada em áreas de necrose de todos os tipos, presente em fase avançada da placa de ateroma. Lesão> dano mitocondrial> início de calcificação intracelular> lesão de membrana> extravasamento de conteúdo> calcificação extracelular> propagação com deposição de fosfato e cálcio. Micro: partícula grosseira> coloração mais escura> opaca e pouco translúcida. -Metastática: ocorre em tecidos normais, sem lesão prévia, em decorrência da hipercalcemia secundária. Hiperparatireoidismo primário (ou tumores): aumento da secreção de PTH; destruição óssea: imobilização; tumores (plasmocitoma, metástases), distúrbios de vitamina D: intoxicação, insuficiência renal: pela retenção de fosfato, levando um hiperparatireoidismo secundário.
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