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Semiologia básica Projeto plantonistas “As pessoas se esquecem do que ouvem; lembram do que lêem;porém, só aprendem, de fato, aquio que fazem.” (Adão Roberta da Silva) O treinamento tem a finalidade de propiciar aos alunos a capacitação para participar da rotina clínica e do atendimento de grandes animais, bem como instruí-los na conduta correta diante de um quadro de enfermidade e suas ações para com o animal e o proprietário. O atendimento deve ser guiado por conduta ética e comprometimento com os serviços prestados, efetuado de maneira correta para que o nosso paciente receba o melhor atendimento e que tenhamos sucesso na nossa conduta. Desta forma deveremos atentar para os seguintes itens: SEMIOTÉCNICAS: A. INSPEÇÃO- Investigação visual do animal DIRETA (visão) / INDIRETA (otocóspio,laringoscópio,raio x) B.PALPAÇÃO- Utilização so sentido táctil ou força muscular Dor, Calor, Edema, Sensibilidade, Perda de função C.PERCUSSÃO- Martelo pleximétro(sons produzidos pelos orgãos) Claro/Maciço/Timpânico Sons especiais: metálico, panela rachado D.AUSCULTAÇÃO- Ruídos produzidos pelos orgãos E.OLFAÇÃO- Utilização de odores para avaliar estruturas EXAME CLÍNICO COMPLETO 1.IDENTIFICAÇÃO: Completa do animal e do proprietário. Informações a respeito do animal que possam ajudar no momento do diagnóstico clínico (espécie,raça, sexo,idade, peso). 2.ANAMNESE : Deverá ser concisa e prática levando em consideração a queixa principal e a evolução do quadro clinico. Outras informações poderão ajudar no momento da definição do diagnóstico, lembrando que a depender do quadro do animal itens como m anejo, ambiente, alimentação, tratamentos anteriores, vacinas, contactantes e doentes podem delinear a evolução do quadro do animal. 3.EXAME FÍSICO GERAL: Avaliação generalista que dá ao clínico uma visão geral do animal como um todo. Definição da condição vital do animal com nível de consciência, postura, estado nutricional, avaliação da pele, parâmetro vitais, mucosas, linfonodos, hidratação, TPC e temperatura). Fazer inspeção geral do animal. TABELA DE DESIDRATAÇÃO 4.EXAME FÍSICO ESPECÍFICO: Avaliação sistemática de cada sistema orgânico levando em consideração a anatomia. DIGESTIVO: Boca até ânus Ruminantes: boca, faringe, esôfago, pré estômago ( rumen,reticulo, omaso), abomaso (estômago verdadeiro), intestinos, reto, ânus e fígado. Equino: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo), intestino grosso ( ceco, colon maior, colon tranverso, colon menor, reto, ânus). Lembrar das flexuras (flexura esternal, flexura pélvica e flexura diafragmática). Além das informações tradicionais, devem-se pesquisar durante a anamnese os dados sobre a alimentação do animal. Convém verificar a composição (qualidade), a quantidade e a forma (freqüência, horário) de administração dos alimentos. Eventuais alterações de apetite (anorexia, hiporexia, parorexia) devem também ser indagadas. No exame geral, devem ser pesquisados sinais espontâneos de dor, como ocorre nos casos de cólica intestinal. O exame das mucosas pode sugerir envolvimento hepático, nos casos de icterícia. A preensão dos alimentos deve ser avaliada, considerando-se as diferenças entre espécies. Pequenos ruminantes realização a prensão através da movimentação labial, ao passo que os bovinos a fazem através da movimentação da língua. Em seguida, deve-se avaliar a mastigação e a deglutição. O apetite deve ser checado, oferecendo-se ao animal vários tipos de alimentos para se verificar se o apetite está normal (normorexia), caprichoso (hiporexia), alterado (parorexia) ou ausente (anorexia). Nunca se deve confiar exclusivamente na anamnese no tocante ao apetite do animal. A ingestão de água também deve ser considerada. Bovinos adultos sadios ingerem de 25 a 80 litros de água por dia (quanto mais concentrados na alimentação, mais água é ingerida). A presença de ruminação é, de forma geral, um indicador de saúde digestiva. Bovinos adultos ruminam várias vezes por dia e chegam a dispender até sete horas por dia com esta atividade (quanto mais concentrado na alimentação, menos tempo de ruminação). A regurgitação patológica é raríssima e, quando ocorre, usualmente é de origem esofágica (vômito falso). A fermentação ruminal produz cerca de 600 L gás/dia (66% CO2, 26% CH4, 8% demais) (quanto mais concentrado, mais gás). Este gás tem que ser eliminado constantemente, e o animal o faz através da eructação. Distúrbios neste mecanismo provocam o acúmulo de gás no rúmen, conhecido como timpanismo ou meteorismo. Os ruminantes salivam muito. Um bovino adulto chega a produzir até 200 L de saliva por dia, que são deglutidos. Excesso nesta produção chama-se ptialismo e quando escorre da boca recebe o nome de sialorréia. O exame da parte anterior da cavidade oral pode ser feito através da inspeção, abrindo- se a boca do animal com as mãos, puxando-se a língua com uma toalha. Podem também ser usados aparelhos próprios, chamados de "abre-bocas". A porção posterior da cavidade oral pode ser inspecionada com o uso de espéculos. O odor bucal também deve ser avaliado. O esôfago encontra-se dorsalmente a traquéia, deslocando-se para o lado esquerdo na porção cervical, voltando a sua posição dorsal na porção torácica. A sua inspeção externa e palpação direta pode ser realizada apenas da porção cervical. Em toda sua extensão, porém, pode ser feita uma palpação indireta com sondas esofágicas apropriadas. A inspeção indireta do esôfago pode ser realizada pela endoscopia. As vias digestivas anteriores podem ser avaliadas, ainda, através de recuros radiográficos. À exceção do esôfago e cavidade oral, os órgãos do sistema digestório dos ruminantes se encontram na cavidade abdominal. O exame desta região representa, assim, um dos principais pontos a serem observados para o diagnóstico das afecções do sistema digestório. Cabe lembrar que o tamanho dos órgão do sistema digestório sofrem radical mudança com o desenvolvimento do animal. A proporção rúmen-abomaso é de 1:2 em animais com um mês de idade, invertendo-se para 2:1 no 3º mês, chegando a 9:1 no adulto, na dependência da alimentação. No adulto, o rúmen ocupa principalmente o lado esquerdo do animal e seu volume chega a quase 150 litros nos bovinos. Tem como limite anterior uma linha que vai do 11º espaço intercostal na parte dorsal até o 7º espaço na parte ventral. O rúmen contrai- se ritmicamente e a freqüência destas contrações aumenta após a ingestão de alimentação grosseira e cessa após dois dias de jejum. O retículo encontra-se apoiado na cartilagem xifóide entre o 5º e o 7º espaço intercostal. Projeta-se para ambos os lados, mas é mais proeminente do lado esquerdo. O omaso pode ser delimitado entre o 7º e o 9º espaço intercostal, no terço médio do lado direito e o abomaso, do 7º ao 11º espaço intercostal, no terço inferior do lado direito. A projeção topográfica do fígado encontra-se na parte superior do lado direito, entre o 11º e o 12º espaço intercostal, adjacente ao bordo caudal do pulmão. A inspeção abdominal externa pode revelar aumentos de volumes em diferentes partes, cada uma com seu significado diagnóstico (veja adiante em dilatações abdominais). A palpação auxilia tanto na avaliação da conteúdeo das diferentes vísceras abdominais quanto na pesquisa de sensibilidade. Na palpação do rúmen, a sua contração pode ser sentida com a aplicação da mão fechada no vazio do flanco. Pode-se palpar o retículo de forma indireta, pressionando-o com um bastão de madeira ("prova-do-bastão"). Outras provas complementares para a pesquisa de sensibilidade do retículo podem ser empregadas, como o pinçamento da cernelha e a prova de Kalchschmidt(uso discutível). A palpação retal, ainda, é indispensável para o exame dos órgãos digestórios, particularmente dos intestinos. No caso do retículo, a palpação direta externa e a inspeção não são possíveis, devido sua posição intratorácica. A percussão tem, de forma geral, o mesmo objetivo da palpação, qual seja, avaliar o conteúdo das vísceras e pesquisar sensibilidade. A percussão permite, também, a delimitação topográfica destas vísceras. De maneira geral, o abdômen apresenta sons maciços e submaciços na sua porção ventral e medial. A região hepática também apresenta som maciço. Na parte do vazio do flanco, tanto direito como esquerdo, encontram-se sons timpânicos. Finalmente, a auscultação é um potente recurso a ser empregado na análise funcional do sistema digestório. O rúmen apresenta uma crepitação constante que se exacerba durante a sua contração. Neste momento, pode ser auscultado, na porção ventral, o ruído de rolamento produzido pela movimentação do conteúdo ruminal durante a contração. O omaso apresenta uma crepitação discreta. O abomaso e o intestino apresentam ruídos de borborigma. Pode ser empregada uma técnica mista, conhecida como percussão-auscultatória, particularmente útil no diagnóstico do deslocamento do abomaso. É importante, porém, salientar que a presença de "pings" abdominais não necessariamente signfica o deslocamento do abomaso. Os "pings" podem aparecer nos casos de pneumoperitônio que acompanham os quadros de reticulo-peritonite traumática, nos timpanismos ruminais e na dilatação do ceco. Exames complementares: Suco de rúmen: colhido através de sonda esofágica própria e analisado segundo procedimentos bastante simples. Dentre estes procedimentos, os mais usuais e que podem ser realizados no campo são: aspecto: normalmente é ligeiramente viscoso, mas pode apresentar-se aquoso (indigestão simples , acidose lática ruminal), com espumas (timpanismo espumoso) ou muito viscoso (excesso de saliva, desidratação). coloração: dependendo da alimentação. sedimentação e flutuação: em uma proveta de 100 mL deposita-se o suco e aguarda- se a separação em três fases (sedimento, líquido e flutuante). Essa separação deve ocorrer no máximo em 10 minutos. Na acidose lática ruminal, por exemplo, o suco não apresenta estas fases. odor: característico nos casos de putrefação ruminal. pH: normal de 5,5 a 7,0. Redução do azul de metileno: em uma proveta de 50 mL, depositar 20 mL de suco de rúmen e acrescentar 4 mL de solução de azul de metileno 0,03%. Após a homogeinização o suco deve ficar azul. Em 3 a 5 minutos o suco deve volar à coloração inicial. Sucos inativos não recuperam o aspecto inicial (comparar com uma proveta sem azul de metileno). Láparo-ruminotomia exploradora: um recurso de grande utilidade, apesar de ser pouco empregado. Muitos clínicos tem certo receio em realizá-la, sob medo das eventuais complicações pós-operatórias. Trata-se, entretanto, de procedimento relativamente simples e de raras complicações. A laparo-ruminotomia, além de ser um método semiológico, consiste também num recurso terapêutico importante. Detector de metais: este aparelho detecta se há ou não estruturas metálicas, não determinando, porém, se tais estruturas são pontiagudas e, se são, se realmente estão perfurando a parede do retículo provocando retículo-peritonite traumática. Em alguns animais, sobretudo nos importados, existe a prática de se colocar um ímã no retículo para a prevenção da doença. Quando estes animais são submetidos ao detector de metal evidentemente há uma resposta positiva. Para se determinar a presença de um ímã no interior do retículo deve-se aproximar da região xifóide uma bússola, observando-se o comportamento do ponteiro. Punção abdominal (paracentese): pode ser empregada no diagnóstico do deslocamento do abomaso, avaliando-se o pH do líquido visceral colhido. Esta punção pode, ainda, restringir-se ao espaço inter-visceral para colher o líquido peritoneal, muito útil no diagnóstico diferencial das ascites e peritonites. Para se pesquisar ascite/peritonite deve-se fazer a punção um palmo à direita do umbigo, na região mais baixa do abdôme. Nos casos de retículo-peritonite traumática, pode-se puncionar logo após a cartilagem xifóide. Nos casos de ruptura de intestino pode-se puncionar entre o úbere e a dobra do joelho. Exame de fezes: além do tradicional exame coproparasitológico, pode revelar a condição funcional do sistema digestório através da avaliação macroscópica do tamanho das suas partículas. Além disso, avalia-se a presença de muco, fibrina e sangue. Pode-se, por fim, realizar exames microbiológicos específicos para se pesquisar a presença de agentes como salmonelas, E. coli e rotavirus. Podem ser citados, ainda, outros exames como a biópsia hepática, a endoscopia, a laparoscopia, a ultrassonografia, a radiografia e os testes de função hepática. RESPIRATÓRIO: Narinas até pulmões Mufla (ruminantes), narinas, cavidades nasais, faringe, laringe, traquéia, pulmões, bronquios, bronquiolos e alvéolos pulmonares. A anamnese do sistema respiratório deve avaliar a presença de corrimento nasal anormal, tosse, espirros, dispnéia e outros sinais respiratórios. Deve ser avalidado o número de animais afetados e se houve estresse recente, como exposições, leilões, descornas e catrações. Também deve ser inquerida a condição geral do rebanho, avaliando-se as condições de confinamento (número de animais, umidade, mistura de animais de idades diferentes) e a incidência e as medidas profiláticas de certas doenças como a tuberculose e a micoplasmose. O exame geral do animal deve dar particular ênfase àqueles sistemas que podem possuir alguma relação com o sistema respiratório. Assim é o caso do sistema circulatório (a insuficiência cardíaca pode provocar edema pulmonar) e do locomotor (a micoplasmose dos caprinos, além do quadro respiratório, também provoca artrite). As vias aéreas anteriores são compostas pelo muflo, narinas, seios paranasais, faringe, laringe e traquéia. O seu exame se inicia pelo muflo. Em condições normais ele deve se apresentar úmido e brilhante, sem úlceras ou quaisquer outras lesões. Para se testar a umidade do muflo, pode-se valer de um papel toalha para secá-lo e observar, em seguida, o aparecimento da sua secreção normal. Da mesma forma, as narinas devem ser inspecionadas para se verificar a ocorrência de lesões e seu corrimento deve ser avaliado. O bovino possui um corrimento seroso fisiológico que é mais abundante que o do caprino e do ovino. Alterações no aspecto (mucoso, purulento, etc.) e na quantidade deste corrimento estão associadas a distúrbios do sistema respiratório. Deve-se avaliar se este corrimento é uni ou bilateral. Muitas vezes não é possível presenciar o corrimento nasal, mas crostas ressecadas ao redor das narinas são indicadores seguros de sua ocorrência. O ar expirado deve ser examinado, avaliando-se sua temperatura, odor e se há alguma obstrução nasal. Os seios paranasais são compostos principalmente pelos seios frontais e maxilares. O principal método de sua avaliação é a percussão. O animal deve estar com a boca fechada e a percussão é feita com o cabo do martelo de percussão. O som normal é claro, mas pode tornar-se sub-maciço ou maciço nas sinusites. Deve-se examinar adicionalmente a região do corno, sobretudo se houve descorna recente, já que há uma comunicação do seio frontal com o corno do animal. A região da faringe e da laringe pode ser examinada pela palpação externa ou pela inspeção, utilizando-se um espéculo tubular. A traquéia também é examinada por palpação externa, mas a inspeção só pode ser realizada externamente. A tosse espontânea e persistente também deve ser pesquisada, já que é sinal de distúrbio respiratório. Em animais sadios, todavia,ela pode ser provocada com a compressão dos primeiros aneis traqueais ou tampando-se as narinas por alguns segundos (reflexo da tosse). Em animais acometidos de traqueíte, esta manobra provoca uma resposta mais intensa. O exame das vias aéreas respiratórias posteriores (brônquios, pulmões e pleura) inicia- se pelo exame dos movimentos respiratórios. Para tanto, observa-se o animal por trás, avaliando-se a freqüência (10 a 30 por minuto em bovinos adultos), intensidade (moderadamente superficial) e tipo (costo-abdominal). A respiração normal do animal recebe o nome de eupnéia. Já a respiração alterada chama-se dispnéia, que pode ser inspiratória, expiratória ou mista. A postura que o animal assume para respirar também deve ser avaliada. Em casos respiratórios avançados o animal distende o pescoço, afasta os membros anteriores e projeta a língua. Os pulmões são avaliados basicamente pela percussão e pela auscultação. O bordo caudal da projeção topográfica do pulmão é delimitado por uma linha que vai da parte dorsal do 11º espaço intercostal até a parte ventral do 5º espaço intercostal, que corresponde grosseiramente à parte torácica indicada pelo olécrano do membro anterior. Grande parte do pulmão, porém, não pode ser acessada já que se encontra sob a escápula. Desta forma, observa-se que apenas cerca de 1/3 do gradil costal corresponde ao pulmão. O conhecimento desta particularidade anatômica é fundamental para que o clínico iniciante não tente, por exemplo, auscultar o pulmão na região correspondente ao rúmen. Outra particularidade do pulmão dos ruminantes é sua consistente septação lobular. Tal característica permite que os processos penumônicos se restrinjam a apenas alguns lóbulos, estando outros sadios. Isto implica que o exame do pulmão deve ser feito em toda sua região acessível. A percussão do pulmão permite avaliar o som normal que é claro. A congestão e o edema pulmonar podem alterar este som, tornando-o sub-maciço. O enfisema pulmonar, por sua vez, pode torná-lo hipersonoro e aumentar a área do campo pulmonar além de seus limites fisiológicos. A auscultação permite identificar a passagem de ar pelas vias aéreas que produz o chamado ruído respiratório. O ruído respiratório recebe uma denominação próprio, na dependência da porção em que é auscultado. Quando se ausculta o ruído respiratório na porção ventral da região cervical ele recebe o nome de ruído respiratório laringotraqueal. Quando ele é auscultado nas porções ventrais e anteriores do pulmão ele passa a ser chamado ruído respiratório traqueobrônquico. Quando ele é auscultado nas porções dorsais e posteriores do pulmão ele é chamado de ruído respiratório broncobronquiolar. Em casos de congestão pulmonar há um aumento na propagação do ruído respiratório, tornando-o mais audível e, algumas vezes, detectam-se batimentos cardíacos em campos pulmonares. A ausência ou diminuição do ruído respiratório também indicam alterações respiratórias, como o enfisema. Quando há acúmulo de secreção nas vias aéreas é possível auscultar um ruído chamado crepitação, que pode ser crepitação fina ou crepitação grossa, na dependência da intensidade. A estenose das vias aéreas provoca outro tipo de ruído chamado sibilo. Os sibilos são decorrentes de edema pulmonar ou devido ao depósito de fibrina e outras secreções nas paredes da árvore brônquica. Alguns autores descrevem um tipo de ruído auscultável no pulmão chamado de ruído cárdio-respiratório. Esse ruído seria fisiológico e provocado pela passagem de ar que ocorre devido à expansão e contração sincrônica dos tecidos pulmonares adjacentes ao coração, quando este se contrai e se dilata (diástole e sístole). Em condições patológicas, caso esta região pulmonar adjacente apresente sibilos e crepitações, esse ruído passa a ser chamado de ruído cárdio-pneumônico. Finalmente, a pleura pode ser avaliada basicamente pela palpação quando é feita a pesquisa de frêmito ou roce pleural, caracterizado por um "ronronar" semelhante àquele produzido pelo gato. É importante, porém, saber diferenciar o frêmito pleural de um frêmito pericárdico. Tal diferenciação é feita, além da localização topográfica, pela observação da movimentação respiratória e dos batimentos cardíacos, verificando-se com qual destes há o sincronismo do frêmito. Exames complementares: "Swab" de secreção nasal: deve ser colhido das partes mais internas da narina e enviado ao exame microbiológico. Lavado tráqueo-brônquico: é obtido com a perfuração do espaço entre os aneis traqueais com uma agulha grossa (60x30) e a passagem de uma sonda. Feito isso, injeta- se de 30 a 50 ml de solução fisiológica estéril, aspirando-a em seguida. Também pode ser introduzida uma sonda pela narina. O material assim obtido é encaminhado para exame microbiológico ou citológico. Tuberculina: através da aplicação intradérmica de tuberculina pode-se avaliar a presença de sensibilidade cutânea ao Mycobacterium spp, agente da tuberculose. Exame de fezes: a pesquisa de larvas de vermes nas fezes pelo método de Baermam pode revelar a presença de parasitas pulmonares em bovinos (Dictiocaulus viviparus) e em pequenos ruminantes (Dictiocaulus filaria, Muellerius capillaris). Ultrassonografia: possibilita a visualização de áreas de consolidação (abscessos e tumores) próximos às paredes pulmonares. Endoscopia: para observar a bifurcação traqueal, sendo usada para a colheita de material e biópsias. Permite, ainda, a visualização dos vermes nas infestações por Dictiocaulus spp. Radiologia: usada principalmente em pequenos ruminantes, pode revelar processos pneumônicos, através da densificação dos campos pulmonares, bem como revelar a presença de corpos estranhos nas vias aéreas anteriores. Sorologia: emprega-se principalmente para o diagnóstico da micoplasmose em caprinos e bovinos e da rinotraqueíte infecciosa dos bovinos (IBR). Gasometria: para a determinação da PCO2 e PO2. CIRCULATÓRIO: Coração, vasos (episclerais, jugular) e circulação sanguínea. Devem ser inquiridos o início dos sintomas, a duração, a progressão e o número de animais envolvidos. O esquema profilático de parasitas, como vermifugações e pulverizações também deve ser checado. Além dos aspectos específicos do sistema circulatório, devem ser avaliados, ainda, outros sistemas, principalmente o respiratório. O exame do sistema circulatório deve iniciar pela inspeção geral do animal, verificando a presença de edemas na região sub-mandibular (ganacha), barbela e membros. A dilatação abdominal também deve ser avaliada, pois pode indicar ascite. O acúmulo generalizado de líquidos (edemas, ascite) é chamado de anasarca e acompanha as insuficiências cardíacas graves. O animal deve, tambem, ser observado após ser submetido a algum esforço físico para verificar sua resistência. Deve-se, ainda, inspecionar as grandes veias do animal. Em bovinos leiteiros, a veia mamária apresenta-se permanentemente repleta e facilmente visível. A veia jugular, porém, não é facilmente visível em condições normais e sua repleção espontânea e evidente comumente associa-se a distúrbios circulatórios. A veia jugular torna-se visível se for feita uma ligeira compressão na região ventral do pescoço do animal (prova do garrote). Todavia, a jugular deve ingurgitar-se apenas na porção próxima à cabeça. Caso haja o seu ingurgitamento também na porção próxima ao coração, provavelmente está- se diante de um quadro de estenose/insuficiência da valva tricúspide (comum em endocardites bacterianas). Em animais não muito gordos, pode ser observado um pulso rítmico da veia jugular fisiológico. Todavia, é importante verificar se esse pulso não coincide com a sístole cardíaca, já que neste caso o pulso observado significa o refluxo sangüíneo devido a uma insufuciência da valva tricúspide.O pulso venoso fisiológico e pré-sistólico, também chamado de pulso venoso negativo. Já o pulso venoso sistólico é patológico e chama-se pulso venoso positivo. O pulso arterial pode ser avaliado pela palpação da artéria maxilar externa ou da artéria coccígea. A palpação da região cardíaca pode, ainda, revelar levemente os batimentos do coração (choque da ponta), principalmente em animais magros e em pequenos ruminantes. Em certas doenças pode ser notado pela palpação da região cardíaca um atrito semelhante ao "ronronar" dos gatos. Trata-se de um frêmito pericárdico que costuma aparecer nos quadros de pericardite traumática. É importante, porém, saber diferenciar o frêmito pericárdico de um frêmito pleural. Tal diferenciação é feita pela observação da movimentação respiratória e dos batimentos cardíacos, verificando-se com qual destes há o sincronismo do frêmito. Esse método semiológico, assim como a auscultação, aplica-se especificamente ao exame do coração. O coração encontra-se apoiado sobre o externo, entre o 3º e o 5º espaço intercostal. Apesar do coração estar deslocado para o lado esquerdo ele pode e deve ser examinado pelos dois lados. É necessário, entretanto, que o membro anterior do lado a ser examinado seja deslocado para frente por um auxiliar para que se possa ter acesso à região cardíaca. A percussão do coração revela um som submaciço já que o coração não toca diretamente o gradil torácico, havendo a interposição do pulmão. Tal condição é conhecida como macicez relativa e é particular dos ruminantes já que nestes animais não há macicez absoluta como ocorre, por exemplo, nos eqüinos. A pericardite traumática pode alterar este som tornando-o maciço, além do animal manifestar sensibilidade. A auscultação permite ouvir a primeira e a segunda bulha cardíaca. A primeira bulha é provocada pelo fechamento das valvas atrio-ventriculares (mitral e tricúspide) e a segunda refere-se às válvulas sigmóides (pulmonar e aórtica). Eventualmente podem aparecer ruídos anormais (sopros) sendo importante identificar se são coincidentes com a primeira ou a segunda bulha, o que pode ajudar na determinação de sua localização. A auscultação do coração permite também a determinação da freqüência cardíaca. Deve-se, por fim, auscular os focos das válvulas cardíacas. No lado esquerdo encontram-se os focos da pulmonar (3º espaço intercostal), aórtica (4º) e mitral (5º). O foco da tricúspide encontra-se no lado direito, no 3º espaço intercostal. Exames complementares: Para a complementação do exame do sistema circulatório, podem ser feitos exames de sangue, sobretudo dosagens de proteínas, para haver a diferenciação entre a hipoproteinemia e a insuficiência cardíaca nos quadros de anasarca. Da mesma forma, a punção do abdômen para exame do líquido ascítico (paracentese) pode diferenciar os quadros gerais não inflamatórios (p. ex. hipoproteinemia) dos inflamatórios (p. ex. peritonite). Em casos de bradicardia, pode ser feita a prova da atropina. Esta prova consiste na injeção subcutânea de 40 mg de sulfato de atropina provoca aumento na frequência cardíaca evidenciando a origem extrínseca da bradicardia (a bradicardia de origem intrínseca não responde à estimulação da atropina). Por fim, são utilizados o eletrocardiograma, o ultrassom e a radiografia. NERVOSO: SNC e Sistema Nervoso Periferico Comportamento (ativo, apático, excitado) Postura do corpo e partes do corpo (decubito, estação ) Deambulação (marcha, equilibrio) Nervos craniais e suas funções Medula (arco reflexo) (micção, defecação, reflexo muscular) Nervos periféricos (sensibilidade, propriocepção) Uma das principais características da clínica neurológica em geral é o fato do sistema nervoso apresentar uma estreita correlação entre a localização da lesão e a sintomatologia apresentada. Na maioria das vezes a natureza do agente etiológico pouco importa no aparecimento desta sintomatologia, sendo mais significante a parte do sistema nervoso que este agente lesa. Desta forma, um abcesso encefálico, por exemplo, pode determinar a mesma sintomatologia de um foco de encefalite viral. Fundamentado neste princípio o clínico deve procurar realizar um exame minucioso visando estabelecer qual ou quais partes do sistema nervoso estão afetadas. Esta busca deve ser dirigida para os grandes grupamentos anatômicos os quais determinam, quando lesados, uma sintomatologia própria bastante característica. São considerados como grandes grupamentos anatômicos do sistema nervoso o cérebro, o cerebelo, o tronco encefálico e a medula espinhal/nervos periféricos. O cérebro é composto pelo telencéfalo e diencéfalo. Deve-se lembrar que cérebro e encéfalo não são sinônimos. O primeiro é, na verdade, uma das estruturas do segundo e corresponde basicamente aos hemisférios cerebrais estando apoiado no tronco encefálico. O cérebro está envolvido em praticamente todos os sistemas funcionais sendo, portanto, capaz de manifestar uma sintomatologia muito diversificada quando lesado. O cerebelo é uma estrutura esférica que se localiza sobre a ponte. Sua função está relacionada com a coordenação dos impulsos motores que se originam na córtex cerebral modulando-os baseado nos impulsos proprioceptivos que nele chegam oriundos das mais diversas partes do organismo. Alojando o cérebro e o cerebelo através de seus pedúnculos está o tronco encefálico. Trata-se de uma estrutura tubular e segmentar composta pelo mesencéfalo, ponte e bulbo (ou medula oblonga). Pelo tronco encefálico passam todas vias aferentes e eferentes cerebrais. Estão alojados no tronco encefálico os núcleos de praticamente todos os nervos cranianos (exceto o I e o II). O exame clínico do sistema nervoso deve ser orientado para se colher a sintomatologia apresentada e, baseada nela, se localizar a sede anatômica do processo. A primeira parte do exame clínico consiste no exame físico do animal e consiste, basicamente, em 10 etapas : 1) Comportamento: bater a palma da mão próximo ao animal e verificar a sua resposta, avaliando hipo ou hiperexcitabilidade. Registrar atitudes aberrantes como agressividade ou torpor. Lesões difusas do encéfalo podem provocar esses sintomas. 2) Postura: deve-se iniciar pela cabeça, verificando alterações no seu posicionamento. Opistótono indica lesão encefálica difusa. Pleurótono sugere lesão do sistema vestibular. Tremores de cabeça que se acentuam com a movimentação do animal (tremor intencional) indicam lesão cerebelar. Avaliar, em seguida, a postura do corpo e membros. O radial, nervo responsável pela extensão do membro anterior, quando lesado faz com que o animal apoie-se sobre a porção dorsal da extremidade do membro. Postura desequilibrada, evidenciada pelo afastamento dos membros (base ampla) sugere lesão vestibular. Tremores constantes em todo corpo indicam envolvimento neuronal generalizado. Convulsões são típicas de lesão cerebral (telencéfalo). 3) Andar: fazer o animal caminhar o mais naturalmente possível. Não puxar nem empurrar. Lesões do sistema vestibular provocam andar desequilibrado e em círculos. Lesões cerebelares causam movimentos descontrolados (ataxia). Lesões da medula espinhal determinam marcha instável do trem posterior (andar "descadeirado"). 4) Tônus muscular: lesões de medula espinhal se manifestam, também, por paralisia ou paresia dos membros. Todavia, o quadro pode ser flácido ou espástico, na dependência da porção afetada. Lesões mais posteriores da medula podem, ainda, ser acompanhadas de paralisia flácida da cauda e ânus. Lesões de nervos periféricos determinam paralisias flácidas dos músculos por eles inervados. Existe um quadro paradoxal de lesão espinhal a nível tóraco-lombar que provoca uma espacidade dos membros anteriores e flacidez dos posteriores. Esse quadro é conhecido como "Síndrome de Schiff-Scherington".5) Reação tônica do pescoço: também conhecida como sinal de "Magnus-Klein". Levantar a cabeça do animal e verificar a reação dos membros posteriores. Normalmente, nada deve acontecer. Lesões cerebelares provocam flexão exagerada dos membros posteriores. 6) Reflexos espinhais: com uma vara pontiaguda, estimular o espaço interdigital e verificar a retração do membro testado. Repetir essa estimulação na cernelha e no períneo. No primeiro caso, verificar a movimentação da pele e, no segundo, a contração do ânus e o abaixamento da cauda. Lesões da inervação periférica e estados comatosos e semi-comatosos diminuem essa resposta. Lesões cerebelares aumentam-na. Lesões da medula espinhal normalmente diminuem a resposta, mas, na dependência da porção afetada, podem até aumentá-la. 7) Distúrbios visuais: verificar se o animal está enxergando, movimentando a mão próximo ao olho do animal e notando se ele pisca. Cuidado para não tocar nos cílios, nem provocar vento. Lesões do nervo óptico e do encéfalo alteram essa resposta. 8) Reflexos oculares: estimular a vista do animal com uma fonte luminosa e verificar a contração da pupila. Como essa resposta depende da integridade do nervo óptico, esse exame (reflexo pupilar) presta-se para testar se a eventual cegueira detectada no exame anterior é de origem central ou periférica. Já o reflexo palpebral consiste em tocar a pálpebra do animal e notar se ele pisca. Lesões do nervo facial ou de seu núcleo, no tronco encefálico, alteram esse reflexo. Essas lesões costumam acompanhar, pela proximidade anatômica, os quadros vestibulares. 9) Nistagmo: a movimentação rítmica do globo ocular indica lesão do sistema vestibular. 10) Outros: pesquisar sensibilidade no crânio e na coluna vertebral. Buscar evidências de possíveis traumatismos. Examinar, no pavilhão auricular, sinais de otite. Pesquisar a integridade dos nervos cranianos baseando-se na seguinte tabela: Origem Nervo Sintoma mesencéfalo III (óculo-motor) estrabismo, midríase mesencéfalo IV (troclear) Estrabismo ponte V (trigêmio) analgesia facial, paralisia mandibular ponte VI (abducente) Estrabismo ponte VII (intermédio- facial) paralisia facial ponte VIII (vestíbulo- coclear) nistagmo, pleurótono, desequilíbrio, andar em círculos bulbo IX (acessório do vago) Disfagia bulbo X (vago) disfagia, megaesôfago bulbo XI (glossofaríngeo) Disfagia bulbo XII (hipoglosso) paralisia lingual Exames complementares: Dosagem de glicose sérica: é comum a lesão encefálica ser acompanhada de hiperglicemia (acima de 80 mg%). Além disso, a acetonemia da vaca leiteira e a toxemia da prenhez dos pequenos ruminantes causam hipoglicemia. Dosagem de corpos cetônicos na urina: auxilia no diagnóstico da acetonemia da vaca leiteira e a toxemia da prenhez dos pequenos ruminantes. Exame do líquor: nos quadros inflamatórios encontra-se um aumento da concentração de proteína e do número de células somáticas no líquor (LCR). Nestes casos é conveniente realizar o exame citológico do LCR, pois nos quadros virais há um predomínio de células mononucleares ao passo que nos quadros bacterianos esse predomínio é de células polimorfonucleares. No LCR pode-se, ainda, tentar o isolamento do possível agente causador do processo. A diferenciação entre quadros inflamatórios (encefalite) e não infalmatórios, ou degenerativos, é muito importante pois algumas doenças, como a raiva, provocam um intensa reação inflamatória, ao passo que outras, como a acetonemia da vaca leiteira, causam uma degeneração neuronal sem sinais de inflamação. Outros exames in vivo: Podem auxiliar no diagnóstico final do processo os exames radiográficos do crânio e da coluna vertebral, o decalque de córnea para diagnóstico da raiva e algumas provas sorológicas. Exames post-mortem: No animal morto deve-se realizar o isolamento bacteriológico e virológico a partir de fragmentos do sistema nervoso além do exame específico para diagnóstico da Raiva. Finalmente, o exame histopatológico deve ser realizado pois desempenha um papel importantíssimo no diagnóstico das diversas enfermidades neurológicas. GENITO-URINÁRIO: Rins até pênis ou vulva. O exame do sistema urinário (SU) pode revelar lesões dos seus diferentes componentes (rins, ureteres, bexiga, uretra), mas também pode sinalizar o comprometimento de outras partes do organismo. Por exemplo, a hemoglobinúria é uma alteração da urina mas que pode ser decorrente, dentre outras, de quadros hemolíticos. http://www.mgar.com.br/clinicabuiatrica/aspListagem.asp?ID=85&op=d A ingestão de líquidos pelo animal deve ser inquerida para se avaliar o excesso de ingestão (polidipsia), a diminuição (oligodipsia) ou a ausência (adipsia). As características da micção também são levantadas. Consideram-se a sua freqüência aumentada (poliúria), diminuída (oligúria) ou ausente (anúria). A ausência de micção decorrente de retenção urinária (iscúria) difere da ausência de formação de urina (anúria). A micção pode ser, ainda, em pequena quantidade mas muito freqüente (polaquiúria) ou dificultosa (disúria). O esforço freqüente para urinar e defecar recebe o nome de tenesmo. Pode haver, por fim, a micção ininterrupta em gotas (incontinência urinária). O aspecto e a cor da urina também deve ser inquerido. Outros pontos gerais devem, ainda, ser considerados, sobretudo a presença de determinadas plantas tóxicas na propriedade, tal como a samambaia comum (Pteridium aquilinum), causadora da hematúria enzoótica. O estado geral do animal deve ser avaliado. Na cavidade bucal e mesmo no animal como um todo deve ser pesquisada a ocorrência de odor amoniacal. Por sua proximidade anatômica com o SU, o sitema genital também deve ser rigorosamente examinadado. Em bovinos e bubalinos, na dependência do tamanho do animal, os rins podem ser examinados por palpação retal, sobretudo o esquerdo. Devem-se avaliar aderências, tamanho, consistência, sensibilidade. A laparotomia exploradora ou a laparoscopia pode ser valiosa no exame dos rins. Os ureteres são de difícil exame e apenas profissionais experientes conseguem palpá-los por vial retal (principalmente a porção inicial do esquerdo) quando estão dilatados. A bexiga pode ser examinada também por palpação retal, quando se avaliam tamanho, aderências, sensibilidade, consistência. A inspeção da bexiga pode ser feita através de um endoscópio inserido pela uretra (cistoscopia), após inflar-se a bexiga por bombeamento de ar. Observam-se a coloração, neoformações, secreções, etc. Finalmente, a uretra pode ser examinada, em machos, por palpação direta ou por inspeção de sua porção terminal exteriorizando-se o pênis. A palpação indireta da uretra de machos com sondas, sobretudos nos casos de urolitíase, deve ser evitada, pois comumente provoca a ruptura uretral. Em fêmeas, pode-se inspecionar o meato urinário diretamente ou usando um pequeno afastador. Exames complementares: Exame de urina: pode revelar diversos aspectos do SU, desde infecções, traumatismos até neoformações e características funcionais. Em fêmeas, a urina pode ser colhida com sondas uretrais, ou diretamente. Em machos, a sondagem é mais dificultosa, devendo-se aguardar a micção expontânea ou estimulá-la através de ligeira massagem no prepúcio. Dosagem de uréia e creatinina sérica ou plasmática: permite avaliar a função renal. http://www.mgar.com.br/clinicabuiatrica/aspListagem.asp?ID=73&op=d Outros exames: incluem a biópsia renal, durante uma laparotomia ou endoscopia/laparoscopia abdominal, e as técnicas por imagem (radiografia e ultrassonografia). GENITAL MASCULINO Os machos devem estar aptos a fertilizar as fêmeas da propriedade rural. Assim, vários aspectos devem ser observados durante o exame do Sistema Genital Masculino (SGM) para que seja obtido esse resultadofinal. Estes aspectos incluem tanto a integridade do trato genital como a condição geral do animal. Durante a anamnese devem ser inqueridos os antecedentes do animal: Já possui crias? Como elas são? Como é feita o cobertura? Há libido? Há a exteriorização do pênis? O animal salta? Todas informações são importantes, inclusive aquelas não relacionadas diretamente com o SGM. A saúde geral do animal deve, ainda, estar preservada. Animais com parasitas ou carências minerais, por exemplo, têm sua capacidade reprodutiva comprometida. O animal deve, ainda, ser desprovido de defeitos genéticos como, por exemplo, o prognatismo. Em caprinos, animais chifrudos são usados preferencialmente como reprodutores, já que os mochos podem produzir descendentes com um tipo de alteração genética conhecida como pseudo-hemafroditismo. A capacidade do animal cobrir também deve ser avaliada. Lesões locomotoras usualmente perturbam a performace reprodutiva dos machos, principalmente quando localizadas nos membros posteriores. Exame andrológico: A contenção adequada do animal é muito importante para se realizar o exame andrológico, sobretudo em touros. Inicia-se o exame pela inspeção (assimetria, coloração, pruridro) e palpação (temperatura, consistência) do escroto. O testículo e o epidídimo também podem ser avaliados pela inspeção (assimetria, forma, posição, tamanho, volume) e pela palpação (temperatura, consistência, mobilidade, sensibilidade, neoformações). A circunferência escrotal deve ser medida pois está diretamente relacionada com a produção de espermatozóides. Esta circunferência varia conforme a espécie e a idade. Em bovinos taurinos (Bos taurus) de maneira geral ela deve ser superior a 30 cm. Da mesma forma, o exame do pênis pode ser realizado pela palpação e pela inspeção. Todavia, para a realização da inspeção é necessário proceder-se à exteriorização do pênis. Em pequenos ruminantes, esta exteriorização pode ser realizada manualmente, contendo-se o animal em decúbito dorsal e flexionando-se seus membros posteriores em direção cranial. Já em bovinos, esta exteriorização é mais difícil e pode ser realizada mediante técnica anestésica específica. Uma alternativa, porém, é examinar o pênis do animal durante a excitação sexual, quando com o auxílio de uma toalha agarra-se firmemente o pênis e se faz o exame. Os eletroejaculadores podem também ser empregados para a exteriorização do pênis. O prepúcio deve ser examinado através da inspeção e palpação (lesões, estenose, edema). Através da palpação retal, podem ser avaliadas as glândulas acessórias do SGM (vesículas seminais, ampolas do ducto deferente, próstata, glândulas bulbouretrais) quanto a sua consitência, mobilidade, temperatura, tamanho, forma e sensibilidade. A palpação dos linfonodos íleo-femurais pode, ainda, revelar o comprometimento de estruturas desta região. Outro aspecto importante a ser observado é o comportamento do animal ao acasalamento. Muitas alterações tornam-se detectáveis apenas neste momento, como, por exemplo, sangramentos penianos ou mesmo a falta de libido. Exames complementares: O exame do sêmem pode revelar problemas de fertilidade do animal e exames sorológicos podem detectar infecções relacionadas com o SGM, tal como a brucelose. Pode ainda ser empregada a ultrassonografia para exame das glândulas anexas e a biópsia testicular, para se avaliar alterações como degeneração, fibrose e calcificação. GENITAL FEMININO Uma característica que particulariza o Sistema Genital Feminino (SGF) é o fato dele não se apresentar da mesma maneira em condições fisiológicas. Ao contrário do que ocorre nos outros sistemas, o SGF está sujeito a influências cíclicas de certos hormônios que modificam as características de seus componentes. O conhecimento prévio desta particularidade do SGF é fundamental para que o clínico possa interpretar adequadamente os achados de seu exame. Em primeiro lugar, é necessário estabelecer se o SGF está em atividade ou em repouso (os caprinos e ovinos possuem o período de atividade no início do ano, mas as fêmeas bovinas ciclam o ano todo). A principal característica dos períodos de repouso sexual é a hipotrofia dos ovários com ausência de vesículas em sua superfície. Durante a gestação, também há repouso sexual (a duração da gestação nos bovinos é ao redor de 282 dias e nos pequenos ruminantes é de cerca de 148 dias). Durante os períodos de atividade sexual, o ciclo estral vai provocar alterações no SGF que podem ser resumidas em duas situações diametralmente opostas: o estro (ou cio) e o diestro. As fases intermediárias, proestro (antes do estro) e metaestro (entre o estro e o diestro) caracterizam-se pela manifestação mesclada dos sinais típicos das outras duas fases. O quadro 1 resume o comportamento dos componentes do SGF no estro e no diestro: Item Estro Diestro Comportamento em relação ao macho receptividade Repulsa Aspecto da vulva corrimento e edema sem alterações Aspecto da vagina muito úmida e avermelhada pouco úmida e rósea Aspecto da cérvix muito úmida, avermelhada e aberta pouco úmida, rósea e fechada Palpação do útero tenso Flácido Palpação dos ovários presença de folículos (consistência flutuante) presença de corpo lúteo (consistência firme) OBS.: As vacas apresentam farto corrimento vaginal claro, espesso e viscoso (semelhante à clara de ovo) no estro que pode tornar-se sanguinolento no metaestro. Já nos pequenos ruminantes, o corrimento vaginal durante o cio é escasso e esbranquiçado e nem sempre é detectável. Na anamnese dados sobre o desempenho reprodutivo devem ser pacientemente levantados: "O animal está ciclando? O animal está prenhe?" Além disso, outros dados são muito importantes tais como a idade do animal, o número de crias, a data do último parto, modificação no comportamento e ocorrências mórbidas (retenção de secundinas, abortamento e partos distócicos). A condição reprodutiva do macho deve também ser questionada pois, muitas vezes, ele é o responsável pela infertilidade relatada. Por fim, é necessário explorar o estado sanitário do rebanho, evidenciando-se o programa de combate à doenças infecciosas como a brucelose, campilobacteriose, tricomonose e leptospirose. O exame geral do animal possui a mesma importância do exame dos órgãos genitais no estabelecimento de um diagnóstico de distúrbios de fertilidade, pois existe uma relação, mediada pelo hipotálamo, entre o SGF e as condições ambientais (luz, temperatura, clima) e orgânicas (stress, septicemias, carências nutricionais). Desta forma, animais mal nutridos ou altamente parasitados vão apresentar problemas reprodutivos, apesar de seu SGF estar íntegro. Deve-se avaliar, também, a conformação do animal uma vez que existe uma tendência habitual de fêmeas com aspecto masculinizado apresentarem distúrbios reprodutivos. A presença de secreção láctea sem ter ocorrido parto é uma condição que também deve ser considerada. Inspeção: na inspeção da vulva deve-se pesquisar o tamanho, a simetria dos lábios vulvares, a posição, o fechamento vulvar e a presença de cicatrizes, aderências e inflamações. Avalia-se, também, a ocorrência de retenção de secundinas. Avalia-se, também, a presença e o aspecto do corrimento vaginal. Nos arredores da vulva e na cauda, verifica-se a existência de resíduos deste corrimento. Convém, entretanto, ter cautela ao se examinar vacas recém-paridas, pois elas apresentam um corrimento fisiológico chamado lóquio (loquimetria). Os lóquios nos dois primeiros dias são avermelhados ou tendendo a marrom com estrias de muco. Após quatro a cinco dias do parto, com a necrose das carúnculas, os lóquios se tornam mais espessos e com restos das carúnculas. Após 15 dias do parto, em condições normais, deve haver muito pouca ou nenhuma loquimetria.Deve-se inspecionar também a fossa ísqueo-retal e os ligamentos sacro-isquiáticos. Durante a inspeção da vagina, deve-se pesquisar a cor da mucosa, as características da secreção (aspecto e quantidade) e a presença de eventuais alterações tais como traumatismos, vesículas, nódulos, cistos, fezes, urina e fístula reto-vaginal. A inspeção das porções profundas da vagina e da cérvix só pode ser realizada com o auxílio de certos instrumentos e fontes luminosas. Nas vacas e búfalas podem-se usar espéculos apropriados, existindo uma grande variedade de modelos (tubular, "Polansky"). Nos pequenos ruminantes é necessário que tais espéculos sejam menores, existindo modelos tubulares e os chamados "bicos de pato". Em animais muito pequenos pode-se usar um afastador de narinas de uso humano. Durante o exame da cérvix deve-se dar atenção à coloração, à secreção e à abertura de seu orifício. A inspeção da região abdominal é também importante, sobretudo nos pequenos ruminantes quando as dilatações uterinas costumam distender a parede desta região. Existe, ainda, uma técnica de inspeção dos órgãos genitais internos através de laparotomia que vem sendo muito usada em cabras. Para tanto, o animal é contido em decúbito dorsal com a parte posterior mais elevada que a anterior. Faz-se, então, uma incisão de apenas 5 cm na parte posterior da linha média abdominal logo à frente do úbere por onde são exteriorizados os ovários e o útero para exame genital. Em vacas, pode-se realizar tal laparotomia usando-se, entretanto, um aparelho de endoscopia para a visualização das estruturas (laparoscopia). Palpação: de forma geral o útero e os ovários só são acessíveis pelo exame físico direto através da palpação. Nos pequenos ruminantes, esse exame é realizado através da palpação da região abdominal quando se pesquisa a ocorrência de aumento de volume uterino bem como a consistência de seu conteúdo. Tal exame, todavia, é bem mais grosseiro que a palpação retal que se realiza nas vacas. Nestes animais pode-se evidenciar, além das características uterinas já descritas, a posição do útero, o tônus de sua parede, a simetria dos cornos, a motilidade dentro da cavidade abdominal e até a presença de cotilédones da gestação, bem como o próprio feto. Na palpação dos ovários pode-se obter o seu tamanho e a ocorrência de estruturas em sua superfície que, dependendo de sua consistência, podem ser consideradas como folículo ovariano, corpo lúteo ou cistos patológicos. Exames complementares: Radiografia: aplica-se sobretudo nos pequenos animais quando pode ser melhor analisada a conformação do útero bem como a existência de partes fetais e sua condição, a ocorrência de cistos ovarianos, etc. Ultra-som: é usado para a detecção de aumento de volume uterino e avaliação de ovários. Por isso é comum encontrar-se a utilização de aparelhos de ultrassonografia no diagnóstico da gestação. Biópsia uterina: valendo-se de instrumenal apropriado pode-se obter fragmentos da mucosa uterina para exame histopatológico. Citologia vaginal: raspados de mucosa vaginal podem ser corados por técnicas como o papa nicolau e sua visualização no microscópio pode fornecer subsídios ao diagnóstico. Microbiologia: pode-se colher uma porção de muco cervical, usando-se swabs, e submetê-la à análise microbiológica para a caracterização do microorganismo e sua sensibilidade à antibióticos (antibiograma). Dosagens hormonais: alguns laboratórios estão equipados para realizar a dosagem de hormônios (normalmente são técnicas sofisticadas). Existem, também, kits baseados no princípio imunoenzimático (ELISA), para a dosagem no campo de hormônios no sangue e até no leite. Hemograma: as alterações na série branca podem indicar processos infecciosos da esfera genital. Nos ruminantes, todavia, mesmo extensas infecções uterinas costumam ser circunscritas e não é comum a presença de neutrofilia. GLÂNDULA MAMÁRIA A anamnese deve sempre ser o mais completa possível, porém, no caso da glândula mamária, algumas questões devem ser particularmente levantadas. Do animal em exame, devem-se obter informações a respeito da atual lactação, tais como data do início (último parto), desempenho da produção, características e evolução de distúrbios secretórios. Devem também ser inquiridas as características de lactações anteriores. A presença de sinais sistêmicos, como anorexia e apatia, também deve ser indagada. As condições do animal durante o período seco devem ser cautelosamente investigadas. Não é raro que os animais sejam relativamente abandonados durante o período seco, condição que favorece a contaminação do úbere. Por fim, aspectos gerais do rebanho e da propriedade devem ser questionados, tais como técnica de ordenha (manual ou mecânica), higiene e outros casos semelhantes. A presença de sinais sistêmicos deve ser avaliada. Assim, deve-se pesquisar o apetite, o estado geral, a coloração das mucosas (avermelhadas) e a temperatura (febre). Em primeiro lugar, é importante salientar que a unidade da glândula mamária é cada quarto (bovino) ou metade (caprino/ovino), isto é, um processo patológico pode estar instalado numa unidade, estando a(s) outra(s) íntegra(s). O exame específico da glândula mamária é conduzido, basicamente, em três etapas: inspeção, palpação e exame do leite. Inspeção: a inspeção deve se iniciar pela pele do úbere e tetos, verificando-se a ocorrência de lesões (úlceras, descamações, papilomas, fístulas) e de alterações na coloração (congestão, cianose). Em seguida, deve-se inspecionar o úbere como um todo, verificando-se alterações de tamanho (aumento/diminuição, generalizado/localizado) e de forma (inserção, profundidade, assimetrias, relaxamento de ligamentos). Na inspeção dos tetos, consideram-se a forma, a ocorrência de tetos supranumerários e sua extremidade. Essa extremidade deve guardar certa distância do chão, por exemplo, em bovinos da raça holandesa essa distância é de 40 a 45 cm. Palpação: a palpação se inicia pelos tetos que podem ser palpados rolando-os entre os dedos. A cisterna da glândula pode ser palpada com a ponta dos dedos na região da base dos tetos. Quanto ao úbere, deve-se avaliar cada unidade individualmente, determinando-se sua consistência, temperatura e sensibilidade. Convém avaliar a eventual ocorrência de nódulos no parênquima glandular. Deve-se tracionar a pele do úbere para verificar a ocorrência de edema (normalmente a pele é relativamente solta e permite ser tracionada, fato que não ocorre no edema). Devem ser palpados, por fim, os linfonodos retromamários. Exame do leite: o exame do leite inicia-se colhendo-se uma amostra de cada unidade num recipiente com o fundo escuro. O aspecto do leite é então avaliado quanto à coloração, presença de grumos, pús e sangue. Pode-se fazer, neste momento, uma análise do seu odor. O pH do leite pode ser também medido através de tiras ou aparelhos especiais para este fim. Normalmente, o leite possui um pH de 6,6 a 6,8 (colostro = 6,4). Em caso de mastite, este pH se torna alcalino pois as bactérias acidificam o leite e o organismo, para compensar, libera substâncias alcalinizantes. Uma prova bastante usada no exame do leite é o "California Mastitis Test", ou CMT. Para tanto, colhem-se cerca de 2 mL de cada unidade da glândula em um bandeja própria e acrescentam-se mais 2 mL do reativo de CMT. Caso haja uma grande quantidade de células no leite, fato que pode indicar mastite, a mistura apresentará um aspecto gelatinoso. Caso contrário, o aspecto da mistura será semelhante à consistência do leite. A cor da mistura também pode indicar o pH. Amostras alcalinas tornam-se mais azuladas/arroxeadas. Deve-se colher, sob criteriosa antissepsia, uma amostra de leite em tubo estéril para ser realizado o examebacteriológico e antibiograma. Existe uma grande quantidade de outros exames do leite que podem ser usados na avaliação dos quadros de mastite, tais como a prova de Whiteside, a determinação de cloretos, a contagem de células somáticas (eletrônica ou pelo método de Prescott-Bred), a dosagem de lactose e a condutividade elétrica. LOCOMOTOR Assim com outros sistemas, o sistema locomotor está sujeito a lesões primárias de seus componentes, mas pode também afetar-se em decorrência de processos sediados em outras partes do organismo, tal como a acidose ruminal, que provoca laminite. Da mesma forma, lesões primárias do sistema locomotor podem determinar o envolvimento do estado geral do animal. Durante a anamnese, deve ser verificada a ocorrência de casos semelhantes na propriedade, bem como suas características epidemiológicas. Deve-se procurar, ainda, obter informações a respeito das instalações, do manejo e da alimentação. Para a realização do exame especial, deve-se observar o animal em quatro etapas - animal parado, animal em movimento, membros e cascos. O exame do animal parado consiste em se inspecionar, basicamente, a sua postura em estação e em decúbito. Deve-se avaliar, também, a posição da cabeça e dos membros (abdução, adução, para frente e para trás). Todas alterações devem ser registradas. A avaliação do animal em movimentação é feita observando o deitar, levantar e andar. Neste último caso, deve-se detectar a existência de claudicação. Caso exista é importante qualificá-la: Claudicação de apoio: "manqueira baixa" - comprometimento de estruturas distais do membro (casco). Caracteriza-se por movimentos curtos por dor, principalmente quando se volta o animal para o lado afetado). Claudicação suspensória: "manqueira alta" - comprometimento de estruturas proximais do membro (por exemplo, articulações coxo-femural e/ou fêmuro-tíbio- patelar). Neste casos, o animal não flexiona o membro afetado, principalmente diante de obstáculos como uma vara colocada a 10-20 cm do chão). Muitas vezes, porém, os dois tipos de claudicação estão associados, caracterizando a claudicação mista. O exame dos membros se faz, inicialmente, pela inspeção, a qual pode revelar alterações de tamanho, assimetria, feridas, drenagens e atrofia muscular. A palpação dos membros também é empregada, palpando-se a musculatura, ossos e pele. Avalia-se a consistência, temperatura, sensibilidade e tônus muscular (rigidez, fraqueza, paralisia). Como muitas vezes os quadros de paralisia de membros posteriores estão relacionados com lesão de medula espinhal, convém também avaliar o tônus da cauda e ânus. Um exame muito importante, ainda, é a movimentação passiva dos membros. Deve-se, para tanto, fazer a movimentação dos membros verificando movimentos anormais, sensibilidade e crepitação (associa-se a auscultação). Por fim, o exame do casco deve, em princípio, avaliar a sua forma. Cascos sadios possuem a face frontal formando um ângulo de 50o com o solo, a qual é cerca de duas vezes maior que a sua face caudal. Os cascos traseiros são mais pontudos que os dianteiros e suas unhas laterais são ligeiramente maiores que as mediais. Usualmente o casco dos bovinos cresce de 6 a 7 cm por mês. Para se realizar o exame do casco é necessário, inicialmente, limpá-lo e lavá-lo criteriosamente, caso contrário poderão não ser detectadas inúmeras alterações. Feito isto, deve-se observar a forma (achinelado, em tesoura, encastelado), o desgaste, e a presença de sulcos (laminite). Deve-se observar as paredes do casco, a sola, o talão e o espaço interdigital. A palpação avalia sensibilidade e mobilidade. Pode-se fazer a palpação indireta, com uma pinça de casco (sensibilidade) ou com sondas (profundidade de lesões). A percussão pode ser empregada, utilizando-se um pequeno martelo para a pesquisa de sensibilidade. Exames complementares: Punção articular: pode colher o líquido sinovial cujas características podem ser muito úteis ao diagnóstico. Exame radiográfico: particularmente útil no diagnóstico das porções mais baixas dos membros. Anestesia diagnóstica: pode ser empregada para se avaliar a origem dos processos dolorosos. Outros exames laboratoriais incluem a dosagem sérica de AST e CPK (para se avaliar lesões musculares) e o exame do suco de rúmen (para se detectar acidose). UMBIGO A região umbilical dos neonatos sofre dramáticas alterações logo após o nascimento. Durante toda a vida fetal, o umbigo foi a porta de comunicação entre o feto e a mãe. Por ele chegava sangue arterial materno, rico em nutrientes e oxigênio. Através das veias umbilicais, o feto eliminava o CO2 e através do úraco ocorria a eliminação da urina. Entretanto, logo após o nascimento o umbigo perde totalmente sua função e involui rapidamente. Os vasos (veias e artérias) umbilicais se fecham juntamente com o úraco. A parede muscular também se fecha. A maior parte das afecções desta região está relacionada com problemas neste processo de involução. O exame voltado para a região umbilical deve considerar inicialmente o possível envolvimento piogênico de outros órgãos, como pulmão e articulações. A região do umbigo é examinada basicamente através de dois métodos: a inspeção e a palpação. Através da inspeção deve-se observar formato, tamanho, coloração, lesões supurativas e a existência de miíases. A palpação revela a existência de eventual orifício e anel herniário, de sensibilidade, de aumento de temperatura e de consistência flutuante (abscesso). A palpação indireta do trajeto fistuloso com sondas deve ser feita com cautela, pois há risco de perfuração abdominal e conseqüente disseminação de agentes infecciosos. O exame das estruturas intra-abdominais pode ser feito através da palpação abdominal nas regiões craniais e caudais ao umbigo. Em animais com muita tensão abdominal, pode-se aplicar 0,1 mg/kg de xilasina (Rompun®) para que haja um relaxamento da musculatura, facilitando-se a palpação. Exames complementares: A ultrassonografia e o exame radiográfico podem ser úteis no diagnóstico definitivo das enfermidades da região umbilical. A alteração mais comumente detectada nas diversas afecções da região umbilical dos ruminantes é a dilatação detectável pela inspeção. A palpação da região pode ajudar na determinação da natureza do processo. Nos casos de onfalite, o que se nota é o espessamento do cordão umbilical. Em bezerros sadios, a espessura deste cordão é menor que a de um dedo mínimo. Quando há a inflamação do umbigo, essa espessura pode tornar-se significativamente maior, além de estarem associados os sinais da inflamação (edema, sensibilidade, aumento de temperatura, etc.). Podem ser encontradas miíases associadas e drenagem de material purulento. Nos casos de hérnia umbilical, pode-se reduzir a dilatação da região umbilical através da palpação, reintroduzindo o conteúdo herniário para a cavidade abdominal, quando pode-se perfeitamente sentir o anel herniário. Pode ocorrer, mais raramente, a persistência do úraco. Nestes casos, nota-se a drenagem de urina pela região do umbigo. PELE E ANEXOS De forma geral, as doenças guardam estreita relação com os agentes etiológicos que podem causá-las. No caso da pele, existe também uma dependência muito grande entre o tipo de agente etiológico e o país ou a região de criação animal. No Brasil, por exemplo, as enfermidades causadas por ectoparasitas assumem uma importância muito maior do que ocorre nos países de clima temperado. Tais diferenças são de natureza não só quantitativa, mas também qualitativa. Nos Estados Unidos, por exemplo, a infestação dos bovinos pela larva da Hypoderma bovis é extremamente importante, todavia tal parasita não ocorre no Brasil. Por outro lado, as ditas "bicheiras" (miíases), infestações por larvas da Cochliomyiahominivorax, são corriqueiras no Brasil, porém praticamente inexistentes nos EUA (sua ocorrência nos EUA é de notificação compulsória). Este fato deve ser observado quando da leitura de textos técnicos escritos por autores estrangeiros. A técnica de exame da pelo e pelos é uma das mais simples de ser realizada, dependendo quase que exclusivamente da inspeção. É claro que outros métodos podem ser usados como a olfação e a palpação. Todavia, apesar desta aparente facilidade, a caracterização e a descrição das alterações encontradas é tarefa das mais difíceis, dada a subjetividade do exame. As lesões da pele são inúmeras e existem diversos critérios para sua classificação. De maneira geral, um dos primeiros pontos a serem observados é se existem soluções de continuidade, ou ferimentos. Se houverem, deve-se descrever sua localização precisa, sua profundidade, seu aspecto e se existem miíases secundárias. Outro ponto importante é se existe queda de pelos, ou alopecia. Da mesma forma, deve-se descrever a localização e a extensão. Ectoparasitas também devem ser notados, como carrapatos, bernes e môscas. Secreções, descamações, ulcerações, prurido, enfim, todas alterações encontradas devem ser meticulosamente examinadas e descritas. Dada a complexidade da descrição deste exame, muitos preferem usar um molde ou "croquis" de um animal, desenhando sobre ele as lesões encontradas. Existe uma nomenclatura própria para a designação das lesões de pele. Elevações sólidas são chamadas de pápulas, nódulos ou tumores, na dependência crescente de seu tamanho. Da mesma forma,vesículas e bolhas são tumefações contendo soro ou linfa (as vesículas são menores que as bolhas). As pústulas são lesões semelhantes contendo pús. Existem, ainda, as crostas, escoriações e fissuras. Em ovinos, o exame da lã pode indicar, ainda, a ocorrência de doenças anteriores, já que quando elas ocorrem há uma diminuição do diâmetro da lã. Essa diminuição determina um banda falha gravada na capa de lã. Exames complementares: Raspado de pele: este método tem importância significativa nas tricofitoses e nas sarnas. O raspado deve ser superficial e periférico para as lesões onde suspeita-se de processo fúngico e profundo para as lesões onde a pesquisa de ácaros for a suspeita clínica principal. Cultura e antibiograma: pode e deve ser realizado sempre que problemas infecciosos, bacterianos ou fúngicos, façam parte da lista de diagnósticos diferenciais. Devemos http://www.mgar.com.br/clinicabuiatrica/aspListagem.asp?ID=95&op=d http://www.mgar.com.br/clinicabuiatrica/aspListagem.asp?ID=94&op=d sempre tomar cuidado na interpretação dos resultados pois existe flora bacteriana normal na pele dos animais. Pesquisa de dermatófilos: este exame consiste na pesquisa de dermatófilos a partir de material obtido da área afetada, submetidas a um processo de maceração com solução salina e coloração em lâmina com técnicas de coloração de rotina (p. ex. coloração de leishman ou gram). Pesquisa-se o aparecimento de estruturas gram-positivas semelhantes "trilhos de trem". Biópsia: o material deve ser coletado de regiões significativas, isto é, deve-se dar total prioridade a lesões primárias, exceção feita quando predominarem lesões secundárias. Deve-se coletar material de diversos tipos de lesões que possam indicar tanto fases de evolução diferentes de um mesmo processo ou mesmo dermatopatias de etiologia diversa. Sempre procurar descartar dermatopatias que possam ser diagnosticadas pelos métodos acima citados ou pelo menos ter o resultado destes exames para que possam ser cruzados com as descrições das biópsias. O material deve ser submetido a um patologista com interesse em dermatologia veterinária e encaminhado com anamnese detalhada e descrição dos dados obtidos do exame físico. 5.EXAMES COMPLEMENTARES: Solicitações laboratoriais para complementação ou confirmação do diagnóstico. 6.SUSPEITA CLÍNICA: Resultado final das informações obitidas com o exame clínico e complementar a respeito do quadro apresentado pelo animal. 7.DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Enfermidades que cursam com sintomatologia paraecida com o quadro do animal e podem servir como falsos diagnósticos. 8.PROGNÓSTICO: Situação esperada para evolução do quadro clínico do animal. BOM/RUIM/RESERVADO A depender dessa evolução esperada o veterinário tem a possibilidade de informar ao proprietário o que esperar do quadro clinico do animal com a finalidade de decidir qual a melhor conduta terapêutica. 9.TRATAMENTO: Realizado de acordo com o diagnóstico clínico na tentativa de melhorar o quadr do animal. Valores de referências ruminantes: Respiratório http://www.mgar.com.br/clinicabuiatrica/aspListagem.asp?ID=68&op=d Cardíaco Ruminal Temperatura Valores de referência em equinos: Temperatura Jovens 38,5 / adultos 37,5 a 39,2 Frequência cardíaca 28-40 Frequência respiratório 8-16 Ticianna Conceição de Vasconcelos Cada dia se aprende mais, e lembrar que hoje é só mais um dia para amanhã é essencial... Se preparar agora para não ter surpresas amanhã..
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