Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
T.C.E. e HIPERTENSÃO INTRACRANIANA (HIC) 1. ANATOMIA CRANIO: o crânio é formado pelo neurocrânio (8 ossos -> frontal, etmóide, esferoide, occipital, 2 temporais e 2 parietais) e pelo visceracrânio forma a parte anterior do crânio (mandíbula, etmoide, vômer, 2 maxilas, 2 conchas nasais inferiores, 2 zigomáticos, 2 palatinos, 2 ossos nasais e. 2 lacrimais). . • Ossos pneumáticos (frontal, temporal, esfenóide e etmoide): contém espaços aéreos (células ou seios). 3. HIPERTENSAO INTRACRANIANA É definida como aumento da pressão intracraniana (PIC) > 20 - 22 mmHg, após 10 minutos ou por medidas seriadas > 22mmHg em qualquer tempo. Doutrina de Monro-kellie estabelece que um crânio adulto é um sistema inextensível e que seu volume total é constante. Sendo que, 80% é composto por tecido neural, 10% por sangue e 10% por LCR. Alterações volumétricas dos componentes, individualmente, causam alterações recíprocas nos demais, para manter o volume intracraniano constante. Quando um determinado volume é acrescido ao conteúdo normal da cavidade intracraniana há, inicialmente, redução do espaço subaracnóideo periencefálico, seguida de redução das cavidades ventriculares, por diminuição do LCR. Posteriormente, se isso não for suficiente, há diminuição do volume sanguíneo e, se ainda não suficiente, redução do parênquima encefálico, por compressão e atrofia. Se instalação mais lenta: os mecanismos compensatórios conseguem atuar de forma mais efetiva. Aumentos agudos acarretam em desequilíbrio precoce da relação volume/PIC. 4. Pressao de perfusao cerebral (PPC) É a diferença entre a PAM e a PIC. -> É a quantidade de sangue que chegará ao cérebro. Seus valores baixos indicam má perfusão cerebral e, portanto, menor quantidade de nutrientes sendo levada aos tecidos. Assim, o reconhecimento precoce e tratamento imediato da HIC é cuidado prioritário. O objetivo é manter a PPC > 60 mmHg. Ívena B. Fiuza 5. TCE:: qualquer movimento da cabeça que seja subitamente interrompido, ou golpe direto ao crânio, produz deslocamento e distorção dos tecidos cerebrais. As alterações podem ser: concussão, laceração e dilaceração. • Dano primário: ocorrem no momento do trauma. Ex: se paciente com lesão por projétil de arma de fogo, ele ocorre em virtude do trauma direto ao parênquima encefálico. . • Dano secundário: decorrem de agressões que iniciam após o acidente, resultantes da interação entre fatores intra e extracerebrais, que se somam para inviabilizar a sobrevivência de células encefálicas, poupadas pelo trauma inicial. No local do acidente, hipotensão arterial, hipoglicemia, hipercabia, hipóxia respiratória/anêmica e distúrbios hidroeletrolíticos são os principais fatores de lesão secundária. Posteriormente, são somados outros distúrbios metabólicos e infecciosos sistêmicos, assim como: presença de substâncias neurológicas, hidrocefalia e alterações hemodinâmicas no espaço intracraniano. 6. COntusoes hemorragicas: a contusão é composta de áreas hemorrágicas ao redor de pequenos vasos + tecido cerebral necrótico. • Usualmente, a hemorragia se inicia na superfície dos giros (onde tem maior atrito com as estruturas rígidas do crânio). • Mecanismos: por agressão direta do parênquima (ex: fraturas com afundamento craniano) ou pelo movimento do encéfalo dentro da caixa craniana (que pode causar esmagamento do parênquima contra a base do crânio/ estruturas rígidas). • Quando rompe a pia-máter, a contusão se chama laceração. Locais mais comuns: nos traumas fechados -> base do lobo frontal, ponta do lobo temporal e região ao longo da foice. -> A base do lobo frontal é propícia, pois possui superfície irregular e é a mesma região onde o cérebro se apoia, tanto na rotação, quanto na translação associadas ao trauma. -> Região ao longo da foice: é afetada em acidentes com translação e o cérebro desliza ântero-posteriormente, sofrendo múltiplas contusões nos pontos mais altos de sua convexidade. Uma vez lesionado, há formação de edema, que pode crescer por dias e gerar importante efeito de massa. O pico costuma ser no terceiro dia após o trauma. Depois, a lesão tende a ser absorvida, formando cicatriz atrófica local. Na TC: áreas hiperdensas de hemorragia entremeadas a áreas hipodensas, que podem ser edema/ isquemia/ necrose tecidual, dando clássico aspecto de “sal e pimenta”, que podem aumentar ou coalescer em 72h. Pode ser visto em TCs seriadas. 7. Hematoma epidural: Sangramento entre o crânio e dura-máter. • Causa mais comum: TCE. (Também há hemorragias espontâneas por um distúrbio hemorrágico ou malformação de vasos sanguíneos). • Ocorrem em 10% dos casos de TCE graves e estão associados a lesão cortical subjacente, com menor frequência que os hematomas subdurais. • Geralmente causados por trauma de aceleração- desaceleração e forças transversais, geralmente do mesmo lado do cérebro que foi afetado pelo golpe. Adultos: 70-80% dos casos -> resulta de trauma do osso temporal e sangramento da a. Meníngea média. Crianças: ocorrem com frequência semelhante nas regiões occipital, frontal e fossa posterior. • Evoluem mais rápido que os subdurais, sendo a maioria proveniente de artérias, que apresentam alta pressão. • 10% tem origem venosa e pode ser mais lento. • Se arterial: pode atingir seu tamanho máximo em 6-8h após a lesão, derramando 25-75 cm3 de sangue no espaço intracraniano. A maioria dos pacientes está inconsciente quando socorrida. Um “intervalo lúcido”de minutos-horas antes do coma é típico. Conforme o sangue se acumula e comprime as estruturas, com aumento da PIC, causa: - Cefaleia intensa - Papiledema - Hemiparesia contralateral à lesão - Confusão mental - Vômitos - Convulsão Raro: podem ser assintomáticos. Se não tratados prontamente: efeito de massa, desvio de linha média, herniações, evoluindo com parada respiratória. TC: área hipertensa em forma biconvexa (sua expansão para nas suturas, onde a dura-máter está firmemente presa ao crânio). Pode ter fratura de crânio adjacente, efeito de massa, apagamento de cisternas da base, compressão de ventrículo ipsilateral, dilatação do contralateral e desvio de estruturas da linha média. 8. Hematoma subdural agudo: • Principais causas: acúmulo de sangue junto a lacerações do parênquima;. lesão de veias-ponte junto à aracnóide, por forças de aceleração- desaceleração; • Imagem de “crescente" ou “meia-lua” junto à convexidade • De pior prognóstico, por maior associação com dano do parênquima cerebral adjacente. . Resulta da ruptura das veias cerebrais superiores (veias em ponte) no ponto onde entram no seio sagital superior. Uma vez rompidas as veias, o sangue, sob baixa pressão, se acumula no espaço potencial entre a dura-máter e a aracnóide. - Sua causa é geralmente um golpe na frente ou dorso, causando deslocamento entero-posterior excessivo do encéfalo dentro do crânio. - É mais comum que a hemorragia da a. Meníngea média. TC: independente da cronologia, há coleção, com concavidade voltada para o parênquima cerebral (em meia-lua), que nunca passa da linha média. • Hematoma subdural agudo: coleção hiperdensa pela presença de Fe na hemoglobina. • Hematoma subdural subagudo: conforme evolui, a coleção se torna isodensa. 9. Hematoma subdural cronico: Localizado no espaço subdural (ente dura-máter e cérebro). Desenvolvem-se muitas vezes em dias-semanas após o TCE leve, que passa despercebido, ou mesmo de um TCE mais grave. Não há trauma significativo identificável em até 50% dos pacientes. • Em geral, inicia com pequeno sangramento subdural, que não é adequadamente absorvido.. Ele fica retido e causa reação inflamatória, que encapsula o hematoma. • Na TC, a coleção com o tempo ganha tonalidades mais escuras, se tornando hipodenso. Quando injeta contraste, pode-se observar aparição de septos. • Pode aparecer e produzir sintomas gradualmente ao longo de muitassemanas após o trauma.. - São mais comuns em pacientes alcóolicos e idosos (principalmente nos em uso de antiplaquetários ou anticoagulantes ou com atrofia cerebral). - Estes idosos podem considerar a lesão trivial ou até esquecer dela!. Comparado com o hematoma subdural agudo, o edema e aumento da PIC são incomuns. 10. Lesao axonal difusa: Consiste em lesão disseminada pelos axônios (de onde saem os impulsos nervosos dos neurônios). Causas: • Quedas e acidentes com veículos motorizados.. • Pode ocorrer na síndrome do bebê sacudido (sacudidas violentas ou lançamento do bebê causam lesão) Como resultado da lesão axonal difusa, as células cerebrais podem morrer, causando edema cerebral e aumentando a PIC. Esse aumento da PIC pode agravar a lesão, por reduzir a perfusão sanguínea cerebral. Geralmente, causa perda de consciência por > 6h. Por vezes, apresenta outros sintomas e o aumento da PIC pode causar coma. - Em fase inicial, não são visíveis ao exame macroscópico cerebral. Microscopicamente, tornam-se perceptíveis após alguns dias na substância branca, como pequenos focos de células microgliais ativadas, que se assemelham aos nódulos gliais de origem inflamatória. - Se feita impregnação de prata dos axônios, pode demonstrar “bolas de retração de Cajal” -> pequenas formações arredondadas ou ovais nas extremidades dos axônios rotos. - Com o tempo, os axônios rotos degeneram (degeneração Walleriana) e a substância branca atrofia, que se reflete na redução do volume encefálico e dilatação ex-vácuo dos ventrículos laterais. Os nódulos gliais desaparecem, restando apenas glicose difusa.
Compartilhar