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e-book
www . p a o l a p u c c i . c om . b r
1ª edição, junho de 2019
Seja muito bem-vindo ao “AVC na Prática”!
 Esse é o primeiro grande curso em que você vai ter, na 
prática, a Neurologia dentro da Fonoaudiologia. É muito 
importante que você leia este e-book até o final, antes de seguir 
para as aulas (que são curtas, mas muito explicativas e cheias 
de conteúdo). O que eu quero te passar aqui são coisas que 
talvez eu não tenha enfatizado nas aulas, mas que serão muito 
importantes como base para o seu conhecimento.
 Para começar, eu vou te explicar um pouco da patologia! 
Como se dá, aonde, por que os nossos pacientes têm tanto 
AVC e por que tem aumentado tanto os casos no Brasil, 
ultimamente.
 Vamos lá?!
Copyright © 2019, PAOLA PUCCI, 
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 
9.610 de 19/02/1998. 
Nenhuma parte desse e-Book, sem autorização prévia 
por escrito do autor, poderá ser reproduzida ou 
transmi�da sejam quais forem os meios empregados: 
eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravação ou 
quaisquer outros. 
Autora Paola Pucci
site www.paolapucci.com.br
e-mail contato@paolapucci.com.br
sumário
Sumário .............................................................................................................. 4
Capítulo 1 - Acidente Vascular Cerebral (AVC)....................................................7
Fatores de Risco..................................................................................................8
AVC Isquêmico (AVCi).........................................................................................9
AVC Hemorrágico (AVCh)....................................................................................9
Quadro clínico......................................................................................................9
Diagnóstico...........................................................................................................10
Tratamento...........................................................................................................11
Prognóstico..........................................................................................................1 1
Mortalidade...........................................................................................................11
Recuperação........................................................................................................11
O trabalho interdisciplinar.....................................................................................12
Capítulo 2 – Paralisia Facial Central..................................................................15
Capítulo 3 – Disfagia..........................................................................................18
Avaliação fonoaudiológica..................................................................................21
Alterações nas fases da deglutição....................................................................22
Fase preparatória................................................................................................22
Fase faríngea......................................................................................................22
Fase esofágica....................................................................................................23
Terapia fonoaudiológica.....................................................................................23
Estimulação tátil térmica gustativa (ETTG).........................................................24
Exercícios............................................................................................................24
Estratégias compensatória.................................................................................25
Orientações........................................................................................................27
Introdução de via alternativa...............................................................................28
Traqueostomia....................................................................................................28
Para quê traqueostomia.....................................................................................28
Benefícios...........................................................................................................29
Impactos.............................................................................................................29
Como funciona...................................................................................................29
Possíveis complicações.....................................................................................30
Válvula de fala....................................................................................................30
Vantagens...........................................................................................................30
Contraindicações..............................................................................................31
Procedimento de aspiração..............................................................................31
Descrição do procedimento..............................................................................31
Capítulo 4 – Afasia............................................................................................34
Afasia de Broca.................................................................................................35
Afasia de Wernicke............................................................................................35
Afasia Transcortical...........................................................................................35
Afasia de Condução..........................................................................................35
Afasia Anômica..................................................................................................36
Afasia Global.....................................................................................................36
Outras Afasias...................................................................................................36
Capítulo 5 – Disartria.........................................................................................37
Avaliação............................................................................................................38
Avaliação perceptual da fala..............................................................................39
Disartria Flácida.................................................................................................39
Disartria Espástica.............................................................................................40
Disartria Atáxica.................................................................................................41
Disartria Hipocinética.........................................................................................41
Disartria Hipercinética........................................................................................42
Disartria do Neurônio Motor Superior Unilateral................................................43
Tratamento Fonoaudiológico..............................................................................43
Considerações Finais.........................................................................................44
Referências Bibliográficas..................................................................................
sumário
Distúrbios neurológicos 
adquiridos : fala e deglutição
Distúrbios neurológicos 
adquiridos : linguagem e cognição
Cem bilhões de neurônios Neurologia básica 
para profissionais da saúde
Language Intervation Strategies in 
Aphasia and related neurogenic 
communication disorders
Manual of aphasia and aphasia therapy
Referências Bibliográficas
Além de ler os livros acima sugiro que você 
estude artigos na scielo ou pubmed das 
seguintes autoras:
-Furkime Silva
-Logeman
-Letícia Mansur
-Karin Ortiz
Capítulo 1 
Acidente Vascular 
Cerebral (AVC)
08Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Acidente vascular cerebral (AVC) é o nome mais popular e mais antigo 
para o acidente vascular encefálico (AVE). Hoje, apesar de a 
nomenclatura ter mudado para AVE, a maioria das pessoas continua 
chamando de AVC. Como esse é o curso “AVC na Prática”, vou usar a 
nomenclatura antiga, com a qual estamos todos mais acostumados, 
ok? Pode ser que nas aulas você me veja falando AVE de vez em 
quando, mas está tudo bem, porque nós sabemos que é a mesma 
coisa, certo? É bom nos mantermos familiarizados com ambas, porque 
nos artigos científicos encontraremos tanto uma quanto a outra.
Mas o que é o AVC, afinal?
 É uma alteração transitória ou definitiva de uma área cerebral. É 
uma isquemia ou um sangramento causado por um processo vascular. 
Por isso o nome “acidente vascular”.
Fatores de Risco
 São vários os fatores de risco para AVC:
- Hipertensão arterial sistêmica (HAS);
- Diabetes;
- Alterações cardíacas, como: insuficiência cardíaca congestiva (ICC), 
coronariopatia, arritmia, valvopatia;
- Alcoolismo;
- Uso de anticoncepcional;
- Tabagismo;
- Hiperlipidemia.
 
 Muitos jovens têm sido acometidos pelo AVC e os fatores de 
risco para essa população, além dos citados acima, são:
- Vasculites do sistema nervoso central (SNC);
- Arterites (infecciosas ou por uso de drogas).
 
 Todos esses fatores podem aumentar o risco de ocorrência do 
AVC. Como eu te disse, o AVC pode ser uma isquemia ou um 
sangramento, ou seja, ele pode ser isquêmico ou hemorrágico.
Capítulo 1 - Acidente Vascular Cerebral (AVC)
AVC Isquêmico (AVCi)
 É muito importante que não se confunda AVC isquêmico (AVCi) com o 
episódio isquêmico transitório (EIT).
Qual a diferença?
 O EIT dura menos de 24 horas e não deixa sequelas, enquanto o AVCi 
é causado por uma oclusão na artéria, um infarto na artéria, podendo ser 
trombótico ou embólico.
AVCi trombótico: Oclusão da artéria por placa de ateroma que se forma no 
local (HAS, arteriosclerose).
AVCi embólico: Oclusão da artéria por gordura ou coágulo, que é lançado à 
distância (às vezes pode vir do coração), gerando uma transformação 
hemorrágica. O que isso significa? Isso quer dizer que ele é comprimido e 
depois explode a artéria e tem essa transformação hemorrágica.
AVC Hemorrágico (AVCh)
 O AVCh pode ser intraparenquimatoso, por hemorragia subaracnóide 
(HSA) ou simples.
AVCh intraparenquimatoso: Ruptura de uma pequena artéria, formando um 
coágulo no interior de um tecido cerebral (hematoma).
AVCh por hemorragia subaracnóide (HSA): Ruptura de aneurisma cerebral 
com extravasamento de sangue ao redor do cérebro, no espaço 
subaracnóide.
AVCh simples: Pode ter grandes complicações, como ressangramento nas 
primeiras 24 horas, mesmo após ser drenado; vasoespasmo, que acontece a 
partir de 72 horas e pode levar a um infarto cerebral; e hidrocefalia, por 
excesso de líquido que se espalha na área cerebral.
Quadro clínico
 O quadro clínico vai sempre depender do local da lesão, mas 
poderemos encontrar:
- Hemiparesia: metade do corpo fica com baixa sensibilidade, movimentação 
e força reduzidas;
- Hemiplegia: paralisia de metade do corpo (o mais comum é a hemiparesia, 
que é reversível);
Capítulo 1 - Acidente Vascular Cerebral (AVC)
09Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
- Hipoestesia: diminuição da sensibilidade;
- Hemianopsia: dificuldade em perceber um lado do próprio corpo ou as 
coisas que se situam daquele lado;
- Afasia: dificuldade de comunicação;
- Alterações do nível de consciência;
- Ataxia cerebelar: quando a lesão é próxima ao tronco encefálico, ao 
cerebelo, pode acontecer uma condição de movimentação involuntária, 
imprecisa e não-programada, já que o cerebelo cuida da coordenação motora 
fina;
- Disartria: alteração na fala;
- Disfagia: alteração da deglutição;
- Alteração de motricidade ocular: pacientes podem apresentar dificuldade em 
buscar coisas à esquerda ou à direita e isso costuma aparecer no teste de 
leitura;
- Agnosia: pode ser visual, auditiva ou tátil. Apesar de o paciente manter a 
função sensorial intacta, a agnosia impede que ele reconheça ou identifique 
objetos, pessoas e formas;
- Apraxia: desprogramação motora da fala;
- Alterações de memória e atenção.
 Essas são as principais alterações que podemos esperar encontrar no 
quadro clínico de AVC.
 No AVCh por hemorragia subaracnóide, o paciente pode apresentar, no 
momento da lesão e/ou da internação:
- Cefaleia súbita, de forte intensidade;
- Náuseas e vômitos;
- Perda de consciência/coma;
- Rigidez na nuca.
 Esses sintomas podem aparecer todos juntos, ou só alguns deles. Nem 
sempre o paciente desmaia ou acontece algo muito dramático, muitas vezes 
os sinais são sutis.
 As sequelas que iremos tratar podem vir só depois que esses primeiros 
sinais surgem.
Diagnóstico
 O diagnóstico é realizado pela história clínica aguda, ou seja, aquilo que 
está acontecendo com o paciente; pela presença dos fatores de risco (o 
paciente está em algum dos grupos de risco?); e exame de neuroimagem 
(tomografia de crânio, ressonância magnética ou 
Capítulo 1 - Acidente Vascular Cerebral (AVC)
10Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
arteriografia). Com esses dados, a equipe parte para a detecção da causa: 
por que esse indivíduo teve um AVC e como ele pode evitar um novo 
episódio?
Tratamento
 O primeiro tratamento busca a estabilização clínica de todos os 
sintomas no paciente e dura de 5 a 7 dias. É realizada a trombólise (uma 
drenagem dos coágulos presentes nas artérias); pode ser necessária 
intervenção cirúrgica, para drenagem de hematomas grandes, para 
descompressão ou para clipagem de aneurismas (impedindo que eles 
“caminhem” pelo cérebro); e também é feito um controle da doença de base, 
com uso de ácido acetilsalicílico (AAS) ou anticoagulante, evitando que novas 
lesões ocorram.
 Depois de todos esses procedimentos e estabilização do paciente, 
entra a reabilitação das sequelas. É nesse momento que o Fonoaudiólogo 
entra em ação, junto com Fisiatra, Neurologista, Nutricionista, Psicólogo, 
Assistente Social, Fisioterapeuta, Terapeuta Ocupacional, para realizar um 
tratamento interdisciplinar das sequelas.
Prognóstico
Mortalidade
 É estimado que 24% a 30% dos pacientes cheguem a óbito nas três 
primeiras semanas pós-lesão. De todos os pacientes, 30% a 60% ficarão 
internados e o prognóstico destes é feito com base no nível de consciência e 
extensão da lesão no tronco cerebral. A estimativa anual é 16% a 18% de 
mortalidade de pacientes que já sofreram AVC, podendo os fatores 
associados, como idade, pressão arterial e alterações cardíacas, contribuírem 
para essas taxas.
Recuperação
 Estima-se que 15% dos pacientes não terão nenhuma incapacidade 
para a recuperação funcional, e que 37% terão incapacidade leve, 
apresentando alguma limitação funcional.
 A estimativa para incapacidade moderada é de que 16% dos indivíduos 
que sofreram AVC precisarão de ajuda para atividades de autocuidado, como 
vestir-se. E com relação à incapacidade grave, estima-se que 32% dos 
pacientes vão precisar de ajuda para andar, realizar rotina de cuidados 
pessoais, ou estarão restritos ao leito.
 Como vocês podem ver, 30% das pessoas que vão se recuperar não 
conseguirão se recuperar totalmente. Esses dados foram extraídos da 
literatura (inclusive, todo o e-book é baseado em referências bibliográficas 
que vou deixar aqui no final para você, como o livro da 
Capítulo 1 - Acidente Vascular Cerebral (AVC)
11Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Márcia Radanovic). Então, essas estatísticas foram publicadas há algum 
tempo e vão serenovando ano a ano, de acordo com os estudos realizados 
pelos reabilitadores. Portanto, é responsabilidade do fonoaudiólogo, do 
fisioterapeuta, do terapeuta ocupacional, ir mostrando novos resultados e 
provando como essas profissões têm sido importantes para mudar o cenário 
desses 30% com baixa função mesmo após a reabilitação.
 E como a gente avalia o prognóstico do paciente? Com base em quê 
nós dizemos para ele e para a família quando e quanto ele vai melhorar?
 São considerados sempre:
- Tamanho e local da lesão;
- Como o paciente está se recuperando nos primeiros dias e meses, durante 
a internação (porque isso nos mostra como está a plasticidade neural dele);
- Déficits motores associados;
- Hemianopsia;
- Distúrbios de cognição (afasia e demência).
 Todos esses são relacionados com a escolaridade e a idade, para que 
se tenha uma ideia de quanto tempo o paciente vai levar para se recuperar.
 Este foi apenas um panorama geral, para você entender um pouco 
sobre os acidentes vasculares cerebrais, mas nós vamos falar mais sobre 
isso na aula do Luciano, neurologista, que é sua primeira aula do curso, onde 
vamos nos aprofundar nos exames de imagem, como diferenciar um do outro 
e outras coisas importantes para a prática clínica!
O trabalho multidisciplinar
 No Módulo 1 do “AVC na Prática”, vamos conversar sobre a 
importância da multidisciplinaridade. Você vai ver, nas aulas, o quanto é 
fundamental a troca entre o fonoaudiólogo e outros profissionais que 
reabilitam as sequelas do AVC.
E por que é tão importante?
 O paciente chega super fragilizado, é tudo muito novo, ele e a família 
nunca passaram por isso, não imaginam as sequelas... Portanto, é muito 
importante que essas pessoas sejam assistidas, inclusive, do ponto de vista 
financeiro, já que os gastos são inúmeros e surpreendentes. Normalmente é 
a assistente social que conversa sobre essas questões e 
Capítulo 1 - Acidente Vascular Cerebral (AVC)
12Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
também orienta sobre os direitos do paciente (por exemplo, aqueles com 
sequelas motoras podem adquirir veículos por um valor mais baixo, com 
isenção de impostos).
 O neurologista é o profissional que vai receitar a medicação para que 
não haja recidiva; é o responsável pela cirurgia e medicações pós-cirúrgicas; 
ele também observa o paciente a cada três meses desde que foi internado, 
para acompanhar a evolução das sequelas e ver como contribuir (não só 
encaminhando para os profissionais da reabilitação, mas receitando outras 
medicações ou repetindo cirurgia, se necessário). E para o fonoaudiólogo o 
contato com o neurologista é importante, por exemplo, para ver a 
possibilidade de iniciar a administração de algum medicamento, como 
medicação xerostômica, ou para discutir o impacto que os medicamentos que 
já são administrados estão tendo na sua terapia (se eles deixam o paciente 
muito sonolento, será que é possível trocar a medicação ou, quem sabe, o 
horário que o paciente toma o remédio?). 
 A parceria com nutricionista é fundamental também, porque muitas 
vezes nós, fonoaudiólogos, precisamos fazer mudanças na dieta do paciente 
e é importante que o aporte nutricional não seja abalado com isso. Acredite 
você ou não, os fonoaudiólogos não tem o hábito de contatar nutricionistas 
quando mudam a dieta em um treino de disfagia e a deficiência nutricional 
acaba acontecendo. Isso é sério! O nutricionista, então, monta um cardápio 
junto à família e ao paciente (quando o paciente tem disfagia, esse cardápio é 
pensado com base nas consistências que o fonoaudiólogo indica). Mesmo 
em pacientes sem comprometimento da deglutição, a nutrição pode ser 
importante, porque muitas pessoas já vêm de uma alimentação inadequada 
desde antes de sofrer um AVC (excesso de açúcar e gordura, por exemplo) e 
é muito importante adequar para que não haja mais comprometimento 
vascular.
 Toda a equipe trabalhará em conjunto também com o fisioterapeuta, 
visando ao equilíbrio, à estabilidade motora do paciente. É interessante a 
pareceria com terapeuta ocupacional (T.O.) para trabalhar os membros 
superiores, principalmente do ponto de vista funcional, para que ele consiga 
abotoar a própria camisa, se barbear, fazer a própria comida, focando nas 
atividades de vida diária. O fisioterapeuta também realiza uma parceria 
incrível com o fonoaudiólogo nos casos de pacientes traqueostomizados, no 
processo de decanulação, visto que nós trabalhamos o desmame da 
traqueostomia através da deglutição da saliva, enquanto o fisioterapeuta 
trabalha o desmame através da expansão e capacidade pulmonar 
Capítulo 1 - Acidente Vascular Cerebral (AVC)
13Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
hemiparesia, devolvendo força, realizando um trabalho diferente do 
fisioterapeuta, que focará mais na funcionalidade.
 Também é comum que o paciente fique deprimido ou extremamente 
triste, porque ele pode perder muitas funções do dia pra noite, sem poder 
trabalhar, se vestir, sem poder comer o que gosta, com dificuldade pra falar, 
em casos mais graves pode se tornar totalmente dependente... E tudo isso 
mexe demais com ele e os familiares, afetando inclusive o tratamento. É aí 
que entra o psicólogo e/ou o psiquiatra, ajudando muito no processo.
 Sobre a dependência do paciente, já aproveito para lembrar que 
existem escalas de independência funcional, para medir quanto o paciente é 
capaz de se virar sozinho depois do AVC (uma delas é a MIF - Medida de 
Independência Funcional, que eu uso muito). Todas as escalas desse tipo 
são aplicadas pelos profissionais que vão acompanhar o caso.
 Você percebe agora o quanto é importante que todos os profissionais 
envolvidos na reabilitação façam uma reunião e troquem informações, 
ganhos e dificuldades no caso? O paciente precisa ser tratado como um todo, 
e o fonoaudiólogo, sozinho, não tem essa competência. Por isso, quanto 
mais você souber sobre a atuação dos outros profissionais, mais isso te 
ajudará. Além disso, todos os profissionais vão trabalhar a parte cognitiva do 
paciente, memória, atenção, planejamento, execução, dentro das áreas que 
lhes cabem. Portanto, é fundamental que ao receber um paciente você o 
incentive e encoraje a buscar esses outros profissionais, na rede pública ou 
privada, para que ele receba a melhor assistência possível e tenha a melhor 
evolução no tratamento.
 Imagina que legal o seu paciente começar a comer melhor, porque tem 
um treinamento de membro superior com o T.O. e o fisio, se adaptar mais 
facilmente à nova consistência, porque tem suporte emocional com o 
psicólogo, se sentir seguro com o seu trabalho, porque percebe que você e o 
neurologista falam a mesma língua e trabalham alinhados, com o mesmo 
propósito. Essa é a importância da interdisciplinaridade! Um profissional 
ajudar o outro, desempenhando seu trabalho com excelência e humildade.
 Nos próximos capítulos, vou te dar um panorama geral sobre as 
principais sequelas que você provavelmente precisará tratar no seu paciente 
pós-AVC: paralisia facial central, disfagia, afasia e disartria.
Capítulo 1 - Acidente Vascular Cerebral (AVC)
14Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Capítulo 2 
Paralisia Facial 
Central
Este é um dos temas do Módulo 2 do nosso curso.
 Quero que você observe bem essas imagens abaixo, para perceber a 
diferença entre a paralisia facial central (PFC) e a periférica (PFP):
Classicamente, a PFP acomete toda a hemiface, enquanto a PFC poupa a 
metade superior da face. Isso ocorre porque existe uma dupla inervação do 
andar superior da hemiface, pois há fibras córticonucleares provenientes de 
ambas as metades do córtex, que se dirigem para cada um dos núcleos do 
nervo facial.
 Além disso, aproximadamente metade dos pacientes com PFP relatam 
dor na região damastoide ipsilateral (do mesmo lado paralisado) e isso pode 
ser concomitante a um déficit facial ou precede-lo de 24h a 48h. Pode 
acontecer também alteração do paladar (lembre-se de que o nervo facial é 
responsável pela sensibilidade gustativa nos dois terços anteriores da língua), 
olho seco (por perda da inervação das glândulas lacrimais ipsilaterais) e 
hiperacusia 
Capítulo 2 – Paralisia Facial Central
CENTRAL PERIFÉRICA
16Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
(decorrente da perda da função do estapédio ipsilateral). Todas essas são 
características que podem ser encontradas na PFP.
 Na PFC, não existe essa fraqueza na parte superior da face, 
encontrada na PFP. Já a fraqueza na parte inferior da face, é encontrada em 
ambos os casos.
 
Sobre o local da lesão:
- PFP: nervo facial ou ponte ipsilateral;
- PFC: hemisfério cerebral contralateral.
 Tem um artigo muito bom chamado “Avaliação funcional da mímica na 
paralisia facial central por acidente cerebrovascular”, da Lucila Calais, com a 
Valéria Goffi, Ricardo Bento e Luiz Roberto Comerlatti, em que é feita essa 
avaliação funcional com o objetivo de avaliar os aspectos funcionais da 
musculatura facial de pacientes pós-AVC com PFC. Foram avaliados nove 
pacientes do serviço de Neurologia e a avaliação enfocou movimentos 
espontâneos, reflexos e voluntários. Todos os pacientes apresentaram 
movimentação voluntária e involuntária das pálpebras e testa, mas a 
movimentação de lábios e nariz estava prejudicada tanto voluntária como 
involuntariamente, dependendo da localização e extensão da lesão. Então, 
concluiu-se que a sintomatologia da PFC, na qual se espera a paralisia da 
movimentação da parte inferior apenas para movimentos voluntários, ocorre 
na minoria dos pacientes.
O que quer dizer tudo isso, Paola?
 Isso significa que ao avaliar o seu paciente com PFC, ele pode fazer 
um sorriso, um bico, com muita dificuldade quando você pede (voluntário), 
mas depois dar risada de piada, se alimentar, sem alteração no involuntário. 
Isso é extremamente comum em pacientes pós-AVC (movimento 
espontâneo íntegro e voluntário alterado), mas não é uma regra! Vai 
depender muito da região lesionada. Muitas vezes o paciente tem uma 
alteração central, mas que não é subcortical, e as lesões subcorticais são 
mais involuntárias e acometem também a espontaneidade do paciente na 
mímica. Essa é uma observação importante sobre a paralisia facial.
 O tratamento das paralisias faciais é baseado em: manobras passivas, 
exercícios miofuncionais, bandagem elástica e eletroterapia.a 
Capítulo 2 – Paralisia Facial Central
17Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Capítulo 3 
Disfagia
A disfagia é definida como um “distúrbio de deglutição, com sinais e sintomas 
específicos, que se caracterizam por alterações em qualquer etapa e/ou entre 
as etapas da dinâmica da deglutição” (Furkim e Silva).
 Como as alterações podem ocorrer em qualquer uma das fases da 
deglutição, é importante relembrarmos quais são elas:
· Antecipatória;
· Preparatória Oral;
· Manipulação do alimento e mastigação;
· Voluntária (a língua propulsiona o bolo para a região posterior até que o 
reflexo seja disparado);
· Faríngea (o ato reflexo);
· Esofágica (peristaltismo que leva o bolo do esôfago para p estômago).
 Espera-se que uma pessoa sem nenhum tipo de comprometimento 
neurológico ou miofuncional tenha uma deglutição típica, sem alterações. E 
como ocorre o processo? É necessário que haja adução das pregas vocais, 
aproximação das pregas ariepiglóticas, movimento anteroposterior da laringe 
e a descida da epiglote. É bastante coisa acontecendo quase ao mesmo 
tempo, né? Por isso, a disfagia orofaríngea é tão comum em pacientes com 
AVC, ocorrendo em 45 a 65% dos casos.
 As complicações mais comuns em decorrência da disfagia são a queda 
do estado nutricional e a pneumonia aspirativa. Então, é muito importante 
detectar o risco de aspiração durante a fase aguda, para prevenir 
complicações pulmonares e reduzir o tempo e o gasto com a internação.
 Para identificar alterações da deglutição, existem sinais clássicos aos 
quais devemos ficar atentos:
· Dificuldades para deglutir a saliva;
· Recusa alimentar;
· Emagrecimento;
· Desidratação;
· Complicações pulmonares;
· Tosses, engasgos ou pigarros durante a refeição;
· Dificuldades na mastigação;
· Demora para deglutir os alimentos;
Capítulo 3 – Disfagia
19Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
· Necessidade de deglutir várias vezes o mesmo alimento;
· Escape de alimentos pela boca ou pelo nariz;
· Sensação de alimento parado na garganta;
· Resíduos alimentares na cavidade oral após a deglutição;
· Alteração vocal e respiratória;
· Febre alta, sem motivos aparentes.
 O quadro se torna ainda mais grave quando ocorre a broncoaspiração. 
Os principais sinais clínicos de broncoaspiração são:
· Tosse, dispnéia e voz molhada;
· Fadiga, sudorese, queda da saturação, recusa alimentar.
 Muitos pacientes apresentam queixas de engasgos e estase de 
“alimento na garganta”. No entanto, a diminuição da sensibilidade laríngea e 
do reflexo de tosse, comum nas disfagias neurogênicas, pode mascarar o 
quadro e dificultar a autopercepção do paciente, fazendo com que ocorra a 
aspiração silente.
 A broncoaspiração tem incidência alta, atingindo de 21 a 42% dos 
pacientes. Os fatores que aumentam as chances de broncoaspirar são:
· Alteração do estado mental;
· Vômitos e refluxo gastroesofágico;
· Baixo nível de consciência;
· Idade;
· Doenças e Traumatismos;
· Iatrogênicos (avaliação da deglutição);
· Sonda de alimentação;
· Traqueostomia;
· Ausência de tosse.
 A ausência de tosse é mais comum em sono profundo; ou pacientes 
em coma; com baixo nível de consciência; que fazem uso de sedativos fortes; 
ou pacientes anestesiados.
Capítulo 3 – Disfagia
20Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Avaliação fonoaudiológica
 Geralmente, o fonoaudiólogo é acionado para uma avaliação 
quando existem fatores de risco, como: sinais clínicos de aspiração; 
movimento corporal compensatório; dificuldade no manejo com a saliva; 
retardo na refeição; infecções respiratórias frequentes; nível de consciência 
rebaixado; presença de traqueostomia; intubação orotraqueal (IOT) 
prolongada.
 A avaliação fonoaudiológica da disfagia é composta por duas etapas: 
avaliação estrutural e avaliação funcional. Quando necessário, são realizados 
exames objetivos também.
 Durante o processo avaliativo, o fonoaudiólogo deve verificar os 
mecanismos de proteção de vias aéreas; os órgãos fonoarticulatórios (força e 
mobilidade); dentição e se há prótese dentária; deglutição da saliva; 
sensibilidade e reflexo; tempo de trânsito oral; disparo do reflexo de 
deglutição; elevação do complexo hio-laríngeo; e sinais clínicos de 
broncoaspiração.
 Os exames objetivos que podem ser solicitados são a 
videofluoroscopia e a nasofibroscopia da deglutição.
 A Videofluoroscopia é considerada atualmente o melhor exame para 
avaliar objetivamente a dinâmica da deglutição, com a visualização de todas 
as fases. No exame, é possível observar além da penetração e/ou aspiração 
laringotraqueal, manobras, consistências e volumes mais adequados.
 Com a nasofibroscopia da deglutição é possível realizar uma análise da 
fase oral e faríngea da deglutição e da sensibilidade das estruturas, como 
também da mobilidade das pregas vocais, não envolvendo radiação. Assim 
como na videofluoroscopia, também é possível observar além da penetração 
e/ou aspiração laringotraqueal, manobras, consistências e volumes mais 
adequados.
 É interessante o fonoaudiólogo estar ciente dos medicamentos que opaciente toma, pois existem medicações que podem induzir a disfagia. Os 
aspectos farmacológicos incluem:
· Decréscimo do nível de atenção: Sedativos, drogas anticonvulsão, anti-
histamínicos;
· Provocam distúrbios do movimento: Neurolépticos, agonistas 
dopaminérgicos;
· Bloqueios na junção neuromuscular: certos antibióticos 
(aminoglicosídeos) e botox;
· Déficits sensoriais: anestésicos;
· Alterações da salivação: anticolinérgicos, tricíclicos, anti-histamínicos;
· Drogas que induzem alterações esofágicas.
Capítulo 3 – Disfagia
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·Alterações nas fases da deglutição
Fase preparatória
 A fase preparatória pode incluir alterações do vedamento labial (escape 
oral anterior, diminuição de pressão intraoral negativa e/ou resíduo vestibular 
anterior); alterações do movimento mandibular (dificuldade para triturar e 
preparar o alimento na mastigação); alterações da mobilidade lingual ou 
incoordenação de língua (dificuldade de manipulação do bolo, prejuízo da 
organização do bolo, alteração de ejeção, escape prematuro do bolo, 
aspiração antes da deglutição, resíduo em cavidade oral); e alteração de 
bucinadores (resíduo em porção de vestíbulos laterais e/ou repercussão 
mastigatória).
Fase faríngea
 As alterações na fase faríngea podem ser durante a deglutição em si 
(escape prematuro do bolo, aspiração antes da deglutição, ausência da 
deglutição); por alteração velofaríngea (refluxo nasal, dissipação da pressão 
intraoral por ausência de contato com dorso lingual); por diminuição do 
peristaltismo faríngeo (estase faríngea, aspiração após a deglutição); por 
elevação laríngea reduzida ou ausente (aspiração durante a 
deglutição/penetração laríngea, abertura incompleta do esfíncter esofágico 
superior - EES); por incoordenação da deglutição com a respiração (ausência 
de apneia fisiológica, aspiração durante a deglutição/penetração laríngea); 
por coaptação glótica incompleta (aspiração durante a deglutição/penetração 
laríngea, prejuízo da proteção – tosse).
Capítulo 3 – Disfagia
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Figura 1. Aspiração antes da deglutição, 
por redução do movimento da língua.
Figura 2. Aspiração antes da 
deglutição, por ausência de reflexo.
Figura 3. Aspiração durante a deglutição, por redução do vedamento laríngeo.
Fase esofágica
 Durante a fase esofágica podem ocorrer alterações referentes à 
diminuição de tempo ou de extensão de abertura do EES ou ausência desta 
abertura (estase faríngea, aspiração após a deglutição, impossibilidade de 
oferta por via oral); à diminuição do peristaltismo esofágico (estase esofágica, 
refluxo para faringe, sensação de dor ou incômodo esternal); doença do 
refluxo gastroesofágico (DRGE) (regurgitação, vômito, disfonia, aspiração 
após a deglutição); acalásia, divertículos, estenose, fístulas traqueoesofágicas 
(FTE) (distúrbio do trânsito alimentar, estase, aspiração após a deglutição).
Terapia fonoaudiológica
 A terapia fonoaudiológica da disfagia inclui tanto medidas 
compensatórias, como também, e principalmente, medidas reabilitadoras. As 
estratégias de compensação provêm um efeito imediato, mas não 
permanente na eficiência ou segurança da deglutição. Tais estratégias 
incluem posturas, adaptação da dieta oral e orientações relacionadas ao 
ambiente.
 Já a reabilitação é feita com intervenções que, quando providas ao 
longo do tempo, propiciam mudanças permanentes no substrato subjacente 
à deglutição. Fazem parte do processo de reabilitação a estimulação tátil 
térmica gustativa (ETTG), os exercícios e a indicação de tratamento 
farmacológico antirrefluxo e para reduzir saliva.
Capítulo 3 – Disfagia
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Estimulação tátil térmica gustativa (ETTG)
 A ETTG é usada quando o início da deglutição faríngea está atrasado, 
permitindo a não-proteção da via aérea na presença do bolo na faringe. 
Usada para aumentar a sensibilidade intraoral e a manipulação do bolo.
 O efeito é principalmente no tempo do início do reflexo de deglutição 
em caso de atraso no disparo, mas também aumenta a sensibilidade, 
preparando o sistema para a introdução e manipulação do bolo.
 Normalmente é realizada com a utilização de sabor azedo, diminuindo 
a penetração e/ou aspiração laringotraqueal em sujeitos com diagnóstico de 
disfagia neurogênica. A literatura sugere que esses resultados são 
decorrentes da estimulação das vias aferentes dos nervos trigêmio, 
glossofaríngeo e laríngeo superior.
 A sensação térmica fria na região do pilar das fauces mostra maiores 
resultados quanto ao tempo de trânsito oral. Tal achado sugere a existência 
de receptores térmicos nesta região, tornando a resposta faríngea mais 
imediata.
Exercícios
 Antes de selecionar os exercícios que usará com o seu paciente, é 
importante você ter em mente: qual é a alteração, qual é a estrutura que será 
trabalhada e se a atuação do paciente será ativa ou passiva.
 Para te ajudar, vou colocar uma descrição breve de cada um dos 
exercícios aqui, abaixo:
Mandelson
 Exercício indicado para diminuição da elevação laríngea ou constrição 
faríngea; em casos de hipertonicidade do esfíncter cricofaríngeo; quando há 
resíduos em valécula e seios piriformes com potencial risco de aspiração; 
para transferência do bolo para o esôfago com esforço.
 Melhora a musculatura supra-hioidea e faríngea; e relaxa o 
cricofaríngeo.
Masako
 Indicado para os casos em que há déficit na aproximação de base de 
língua com parede posterior faríngea; quando a pressão positiva do bolo é 
insuficiente ao entrar na faringe; e quando há diminuição da elevação 
laríngea ou constrição faríngea.
 Os efeitos incluem: contração faríngea e língua entre os dentes.
Capítulo 3 – Disfagia
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Shakeer
 Exercício indicado para quando existe diminuição na abertura do 
esfíncter cricofaríngeo; resíduo em seio piriforme; risco ou presença de 
aspiração.
 Melhora a excursão laríngea na duração da abertura do esfíncter 
esofágico superior (estabilização laríngea).
Deglutição com esforço
 É indicada para os casos em que há diminuição da elevação laríngea e 
redução da constrição faríngea; presença de resíduos em valécula e seio 
piriforme; risco de aspiração.
 Melhora a função da musculatura supra-hioidea e faríngea.
 Contraindicação: pacientes instáveis e com impedimentos para 
realização de esforço.
Estratégias compensatórias
 As estratégias compensatórias podem ser muito úteis durante a terapia, 
para um efeito imediato, como já comentei. Fazem parte de estratégias de 
compensação: a alternância de consistências alimentares (para limpeza da 
cavidade oral e recessos faríngeos); a adaptação dos utensílios utilizados 
(tamanho da colher, canudo etc); adaptar a ingestão dos medicamentos; a 
adequação do ambiente onde o paciente estará se alimentando; e o 
encaminhamento para Nutricionista.
 O uso do espessante também é uma compensação e é importante 
lembrar que o paciente deve ser informado sobre o que é um “líquido 
engrossado” (néctar, xarope, mel, purê). O grau de modificação deve ser 
indicado após a avaliação fonoaudiológica.
 Além dessas estratégias, temos também as posturas compensatórias, 
que vou descrever brevemente, a seguir:
Cabeça abaixada
 Postura indicada para controle oral e ejeção oral reduzida; e para 
quando há atraso no disparo do reflexo da deglutição.
 Essa postura alarga o espaço da valécula, proporcionando um espaço 
para coleção de alimento antes do início da proteção pelas vias aéreas.
 Contraindicação: em alguns pacientes, aumenta o risco de aspiração.
Capítulo 3 – Disfagia
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Cabeça estendida
 Postura indicada para quando o mecanismo motor oral deficiente inibe 
a eficiente transferência do bolo para a faringe.
 Utiliza o efeito da gravidade para auxiliar a transferência do bolo, que 
cai da base da língua para a cavidade faríngea.
 Contraindicações: pode aumentar o risco de aspiração em pacientes 
com mecanismos de proteção retardados/ou retardo no disparo do reflexo ou 
em pacientes com alterações em fase faríngea; aumenta a pressão no 
cricofaríngeo, inibindo a passagem do alimento para o esôfago.
Rotação de cabeça
 Indicada para quando há fraqueza unilateral ou comprometimento 
unilateral.
 Reduz o espaço das cavidades faríngeas no lado fraco, redirecionando 
o bolo e promovendo deglutição efetiva. A rotação contrária (para o lado 
sadio) também pode trazer benefícios, aumentando a abertura do esfíncter 
cricofaríngeo.
Limpeza do vestíbulo
 Indicada para casos em que existe dificuldade de formar um bolo 
coeso, resultando em resíduo em vestíbulo após a deglutição.
 Essa postura limpa o resíduo da cavidade oral e redireciona para a 
formação de um novo bolo.
Alternância de consistências
 Utilizada quando o paciente demonstra fraqueza ou incoordenação ou 
hipertonicidade no esfíncter esofágico superior, resultando em resíduo 
faríngeo pós-deglutição na valécula e seios piriformes.
 A ingestão de líquidos após os sólidos facilita a limpeza da valécula e 
seios piriformes.
 Contraindicação: não pode ser usada com pacientes que tenham 
restrições para a deglutição de líquidos.
Capítulo 3 – Disfagia
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Deglutição múltipla
 Indicada para quando há fraqueza ou incoordenação ou 
hipertonicidade no EES, resultando em resíduo faríngeo após deglutição.
 O principal efeito é a limpeza de resíduos após a deglutição.
Sugar e engolir – mastigar as bochechas
 Indicado para casos em que o controle oral é limitado, tornando-o 
incapaz de transferir o bolo da região anterior para a posterior.
 Esta manobra aumenta a velocidade do trânsito oral.
Supra-glótica
 Indicada quando existe inadequada proteção de via aérea e quando o 
paciente é um aspirador silente.
 Tem como efeitos: controle voluntário de proteção das vias aéreas; os 
pulmões são preenchidos de ar e as pregas vocais firmemente aproximadas, 
com uma expiração ou tosse forçada para limpar a laringe e prevenir 
aspiração.
Orientações
 A terapia fonoaudiológica não se resume apenas a exercícios e 
estratégias, é importante que os familiares e o paciente recebam as 
orientações adequadas.
 Orientar sobre a higiene oral e o uso de anstisséptico bucal é 
fundamental, pelos seguintes motivos: o número de dentes comprometidos, a 
frequência de escovação e a independência na higiene oral são fortemente 
associados à pneumonia. Isso acontece porque placas, gengivites e doenças 
periodontais alteram a flora dentro da boca e podem mudar a composição da 
saliva, fazendo com que o paciente aspire saliva com maior concentração de 
bactérias anaeróbias. A redução do fluxo salivar na xerostomia também 
contribui para o aumento da quantidade de bactérias por ml.
 É igualmente importante orientar com relação à adaptação da prótese 
dentária, pois é comum o idoso ter diminuição da estrutura óssea da boca, 
fazendo com que a prótese fique frouxa, aumentando o movimento, o 
desconforto e a possibilidade de lesões na gengiva. Os mesmos efeitos 
podem ocorrer por decorrência da perda de peso. 
Capítulo 3 – Disfagia
27Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Como o fonoaudiólogo só acompanha o paciente durante a sessão, é 
imprescindível que se realize o treino do cuidador, com relação à melhor 
consistência, ao modo e ritmo de oferta, ao posicionamento do paciente e ao 
ambiente adequado para a alimentação.
Introdução de via alternativa
 Sim, há casos em que será necessária a introdução de via alternativa 
de nutrição. Por exemplo, quando a oferta via oral oferece grande risco de 
aspiração ou quando há baixa aceitação por via oral/inapetência.
 Se a via alternativa vai ser uma sonda nasoenteral (SNE) ou uma 
gastrostomia precisa ser discutido com a equipe, considerando a aceitação 
da família e o estado nutricional do paciente.
 Lembrando que a introdução de via alternativa de alimentação não 
exclui a intervenção fonoaudiológica.
Traqueostomia
 Como é muito comum encontrarmos pacientes traqueostomizados, vou 
fazer um resumo aqui para você, das principais funções da traqueostomia, 
dos benefícios que ela oferece, impactos e complicações.
Para quê traqueostomia?
1. Quando há obstrução das vias aéreas, por algum motivo:
· Disfunção laríngea;
· Trauma;
· Queimaduras e corrosivos;
· Corpos estranhos;
· Anomalias congênitas;
· Infecções;
· Neoplasias;
· Manejo pós-operatório;
· Apnéia do sono.
2. Para realizar uma limpeza das vias aéreas:
· Idade avançada;
· Fraqueza;
· Doenças neuromusculares.
3. Para dar suporte ventilatório.
Capítulo 3 – Disfagia
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Benefícios
· Aliviar a obstrução das vias aéreas superiores;
· Suporte ventilatório de pacientes críticos auxilia o desmame de IOT 
(tempo superior a 14 dias).
Impactos
· Redução da elevação/anteriorização do osso hioideo;
· Estabelecimento de novo padrão respiratório;
· Afonia;
· Dificuldade para manejo de secreções;
· Disfunção do fechamento das PPVV;
· Alteração do olfato e paladar;
· Alteração da pressão glótica.
Como funciona?
 Os tubos da traqueostomia possuem uma cânula interna que pode 
ser removida para limpeza. Ao final da década de 60, começaram a ser 
experimentadas as cânulas plásticas com cuff. Os cuffs atuais possuem 
um grande volume e baixa pressão. A pressão ideal de um cuff deve ser 
em torno de 25 mmH2O.
 Sobre os componentes da traqueostomia, tem-se:
· Conector: parte da cânula interna que fica para fora da pele e serve 
para conectar o tubo do ventilador, a bolsa de ressuscitação ou a válvula 
de fala;
· Cânula interna: é um tubo localizado internamente na cânula de 
traqueostomia que pode ser usado na remoção de muco. Algumas 
cânulas traqueais possuem uma cânula interna reutilizável que pode 
conter uma fenestração. Essa cânula deve ser devidamente higienizada 
para nova utilização;
· Tubo de inflação: é um tubo estreito que conduz o ar diretamente 
para o cuff;
· Balão piloto: um pequeno balão plástico, localizado ao final do tubo 
de inflação que serve para indicar se o cuff está insuflado;
· Válvula de escape: uma válvula localizada após o balão piloto que 
serve para se conectar uma seringa e insuflar ou desinsuflar o cuff.
Capítulo 3 – Disfagia
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Possíveis complicações
1. Intraoperatórias
· Mau posicionamento do tubo;
· Lesão do nervo laríngeo recorrente;
· Pneumotórax;
· Parada cardiorrespiratória.
2. Complicações precoces
· Infecção da ferida;
· Enfisema subcutâneo;
· Obstrução da cânula;
· Disfagia.
3. Complicações tardias
· Estenose traqueal e sub-glótica;
· Fístula traqueoesofágica;
· Dificuldade de extubação.
Válvula de fala
 A válvula de fala é utilizada em pacientes traqueostomizados 
dependentes ou não de ventilação mecânica, que são candidatos à 
comunicação oral, capazes de tolerar cuff desinsuflado e com deglutição 
faríngea presente.
Vantagens
· Aumento de ventilação e oxigenação;
· Melhoria do manejo das secreções;
· Aumento do olfato e paladar;
· Produção de voz;
· Emissões mais longas;
· Auxílio na deglutição;
· Restaura pressão positiva fisiológica;
· Reestabelece pressão infraglótica;
· Permeia a decanulação.
Capítulo 3 – Disfagia
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Contraindicações
·Laringectomias totais;
·Paralisia bilateral de pregas vocais;
·Estenoses laríngeas ou traqueais importantes;
·Estado clínico grave;
·Nível cognitivo rebaixado;
·Pacientes com cuff sempre insuflado;
Muita atenção com:
·Aumento do esforço respiratório;
·Sensação de calor;
·Queda de saturação de oxigênio;
·Alteração da frequência cardíaca/frequência respiratória;
·Aumento de secreção e de tosse.
Procedimento de aspiração
 O procedimento de aspiração consiste na retirada passiva das 
secreções, com técnica asséptica, por um cateter conectado a um sistema 
de vácuo, introduzido na via aérea artificial. A aspiração somente 
deverá ser realizada quando necessária, isto é, quando houver sinais 
sugestivos da presença de secreção nas vias aéreas.
 As possíveis complicações do procedimento incluem: tosse, 
broncoespasmo, hipoxemia, arritmias e danos à mucosa e ao sistema 
mucociliar (associados à técnica do operador e à quantidade de pressão 
usada).
Descrição do procedimento
1. Checar montagem de material necessário: sonda de aspiração traqueal 
conectada ao sistema de aspiração a vácuo, luva estéril de procedimento, 
máscara e óculos protetores;
2. Calçar luva de procedimento na mão não dominante e luva estéril na 
mão dominante;
3. Segurar a sonda de aspiração com a mão dominante;
4. Com a mão não-dominante, clampear a extensão de látex e introduzir a 
sonda com a mão dominante até onde for possível;
5. Desclampear a extensão para que ocorra a aspiração da secreção;
6. Retirar lentamente a sonda, realizando movimentos circulares;
7. Retirar as luvas.
Capítulo 3 – Disfagia
31Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Se você foi aluno do “Disfagia na Prática”, nada disso é novidade, certo? 
Foi só para relembrar. Caso você não tenha participado do curso, não se 
preocupe, que estudaremos disfagia aqui no “AVC na Prática” também, no 
Módulo 2!
 E agora, vamos para a próxima patologia: Afasia!
Capítulo 3 – Disfagia
32Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Capítulo 4 
Afasia
A afasia é um distúrbio de linguagem decorrente de uma lesão neurológica 
que pode comprometer as habilidades de compreensão e/ou expressão 
oral e/ou escrita. As etiologias podem ser vasculares, traumas, processos 
inflamatórios e tumores.
 A classificação das afasias baseia-se no desempenho do sujeito em 
aspectos de linguagem: linguagem espontânea, compreensão, repetição, 
nomeação e leitura/escrita. Também são classificadas de acordo com a 
fluência de fala: fluentes ou não-fluentes; e de acordo com a região 
perisilviana: lesão na região ou lesão extra-região.
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS AFASIAS:
Afasia de Broca
1. Local da lesão:
· Lobo frontal dorso-lateral;
· Substância branca periventricular frontal;
· Núcleos da base.
2. Manifestações:
· Redução da fluência;
· Presença de estereotipias e perseverações;
· Agramatismo na fala e escrita;
· Alteração da repetição.
3. Alterações associadas:
· Apraxia de fala;
· Disartria.
Capítulo 4 – Afasia
34Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Afasia de Wernicke
1. Local da lesão:
· Giro temporal superior;
· Área temporo-parieto-occipital.
2. Manifestações:
· Comprometimento da compreensão;
· Logorreico;
· Presença de parafasias fonêmicas, neologismos;
· Repetição prejudicada;
· Alterações de leitura e escrita proporcional à fala.
3. Alterações associadas:
· Hemianopsia;
· Surdez verbal;
· Anosognosia.
Afasia Transcortical
· Repetição preservada;
· Área perissilviana: lesão em região anterior X posterior.
Afasia transcortical MOTORA:
· Redução da fluência de fala: ecolalia
Afasia transcortical SENSITIVA:
· Dificuldade de compreensão;
· Expressão: circunlóquios, parafasias semânticas.
Outras afasias cada vez mais estão sendo estudadas.
Há a área de Dronker, estudada pra patologias neurológicas de fala, mas 
assistindo ao curso você vai notar que a semiologia nada ajuda sem o 
raciocínio clínico de cada habilidade da comunicação.
Afasia de Condução
· Lesão no fascículo arqueado (desconexão entre áreas frontais e 
temporais posteriores);
· Estudos recentes referem lesão em região parietal inferior esquerda;
· Dificuldade de repetição;
· Presença de parafasias fonêmicas;
Capítulo 4 – Afasia
35Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
· Compreensão oral satisfatória: evolução da afasia de Wernicke;
· Leitura e escrita prejudicadas.
Alterações associadas:
· Hipoestesia;
· Quadrantanopsia.
Afasia Anômica
· Lesão anterior X posterior;
· Fala fluente;
· Presença de circunlóquios, fala vazia;
· Parafasias semânticas;
· Repetição preservada;
· Compreensão oral preservada;
· Escrita compatível com a fala.
Afasia Global
· Lesões extensas;
· Fala não-fluente;
· Presença de estereotipias ou mutismo;
· Compreensão oral comprometida;
· Leitura e escrita ausentes.
Outras Afasias
· Afasia Subcortical;
· Talâmicas;
· Não-Talâmicas;
· Afasia Cruzada;
· Afasia do Bilíngue;
· Lesão em hemisfério DIREITO: alteração da comunicação.
Capítulo 4 – Afasia
36Paola Pucci - AVC na PRÁTICA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 
Capítulo 5
Disartria
A disartria é uma alteração decorrente de distúrbios no controle 
muscular do mecanismo de fala, resultante de lesão periférica ou 
central do sistema nervoso. Corresponde a aproximadamente 45% 
das patologias neurogênicas adquiridas e compromete a comunicação 
oral devido à paralisia, fraqueza ou incoordenação da musculatura da 
fala.
 Afeta a velocidade, força, alcance, ritmo ou precisão dos 
movimentos da fala, além de afetar também a respiração, a fonação, 
ressonância, articulação e prosódia.
 Pode ser classificada em 6 tipos: flácida, espástica, atáxica, 
hipocinética, hipercinética, e neurônio motor superior unilateral. A 
sétima classificação seria a mista, quando ocorre mais de uma 
simultaneamente.
CLASSIFICAÇÃO DAS DISARTRIAS
Avaliação
 Uma avaliação de disartria deve considerar quatro componentes 
importantes:
1. História;
2. Identificação das características predominantes, que contribuem 
diretamente para o diagnóstico (ver o quadro abaixo);
3. Identificação dos sinais confirmatórios: pistas adicionais sobre a 
localização da patologia que ajudam na confirmação do diagnóstico 
(atrofias, redução do tom, fasciculações, pouca inibição do riso ou 
choro, redução dos reflexos normais, reflexos patológicos, força da 
tosse, golpe de glote);
4. Integração dos achados.
Capítulo 5 – Disartria
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CARACTERÍSTICAS PREDOMINANTES NA DISARTRIA
Avaliação perceptual da fala
 É importante que as amostras de fala sejam gravadas para 
posterior análise dos seguintes itens:
· Pitch;
· Loudness;
· Qualidade vocal;
· Ressonância (pressão intraoral);
· Respiração;
· Prosódia;
· Articulação;
· Inteligibilidade;
· Outros (desvios, velocidade, palilalia).
Disartria Flácida
 O que esperar da voz na disartria flácida?
· Hipernasalidade;
· Soprosidade (contínua);
· Diplofonia;
· Emissão nasal (audível);
· Inspiração audível – estridor;
· Frases curtas;
· Deterioração rápida e recuperação pós-descanso;
· Falar na inspiração;
· Quebra do pitch;
· Monopitch;
· Monoloudness (sem variação de loudness);
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· Loudness reduzido.
 E com relação às alterações físicas?
· Reflexo gag hipoativo;
· Hipotonia;
· Atrofia;
· Espasmos faciais;
· Fasciculações;
· Deterioração rápida e recuperação após descanso;
· Sincinesias (piscar o olho e abaixar a cabeça);
· Regurgitação nasal;
·Fraqueza unilateral do palato;
· Disfagia;
· Sialorreia.
Disartria Espástica
 A voz na disartria espástica:
· Hipernasalidade;
· Frases curtas;
· Aspereza;
· Pitch baixo;
· Ritmo lento;
· Qualidade de voz tensa-estrangulada;
· Quebra do pitch;
· Movimentos alternados lentos e regulares (ex: /pa/ /pa/ /pa/ 
pronunciados de forma lenta e regular);
· Tonicidade/ênfase excessiva e igualitária;
· Ênfase reduzida;
· Loudness reduzido.
As alterações físicas da disartria espástica:
· Disfagia;
· Sialorreia;
· Relfexo gag hiperativo;
· Reflexo de sucção;
· Reflexo do músculo orbicular dos lábios;
· Reflexo de mandíbula (jaw jerk reflex): contração espasmódica dos 
músculos temporais que segue para a mandíbula quando esta encontra-se 
em abaixamento;
· Acometimento pseudobulbar;
· Redução na amplitude ou mobilidade em tarefa motora de fala alternada.
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Disartria Atáxica
 A voz na disartria atáxica:
· Soprosidade (contínua);
· Ritmo lento;
· Tonicidade/ênfase excessiva e igualitária;
· Quebras articulatórias irregularares;
· Movimentos alternados irregulares (ex: /pa/ /pa/ /pa/ pronunciados de 
forma irregular);
· Vogais distorcidas;
· Excesso de variação de loudness;
· Prolongamento de fonemas;
· Encurtamento de sílabas;
· Movimentos alternados lentos e irregulares.
 As alterações físicas na disartria atáxica:
· Hipotonia;
· Movimentos imprecisos de mandíbula, face e língua em tarefa motora 
de fala alternada;
· Face em máscara;
· Língua, mandíbula e lábios trêmulos;
· Redução na amplitude ou mobilidade em tarefa motora de fala 
alternada;
· Tremor de cabeça.
Disartria Hipocinética
 A voz na disartria hipocinética:
· Hipernasalidade;
· Monopitch;
· Redução na amplitude ou mobilidade em tarefa motora de fala alternada.
· Ênfase reduzida;
· Monoloudness (sem variação de loudness);
· Loudness reduzido;
· Pausas inapropriadas;
· Emissões breves;
· Ritmo de fala variado;
· Ritmo de fala aumentado nos segmentos;
· Ritmo de fala total aumentado;
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· 
· Movimentos alternados rápidos e ininteligíveis (ex: /pa/ /pa/ /pa/, /ta/ /ta/ 
/ta/, /ka/ /ka/ /ka/);
· Repetição de fonemas;
· Palilalia;
· Ecolalia;
· Inspiração audível – estridor;
· Frases curtas;
· Aspereza;
· Pitch baixo;
· Ritmo lento;
· Quebras articulatórias irregulares;
· Movimentos alternados irregulares (ex: /pa/ /pa/ /pa/ pronunciados de 
forma irregular);
· Vogais distorcidas;
· Excesso de variação de loudness;
· Prolongamento de fonemas;
· Pausas inapropriadas;
· Ritmo de fala variado;
· Intervalos de fala prolongados.
 As alterações físicas da disartria hipocinética:
· Disfagia;
· Sialorreia;
· Face em máscara;
· Língua, mandíbula e lábios trêmulos;
· Redução na amplitude ou mobilidade em tarefa motora de fala 
alternada;
· Tremor de cabeça.
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Disartria Hipercinética
 A voz da disartria hipercinética:
· Expiração/Inspiração repentinas e forçadas;
· Paradas/interrupções da voz;
· Respirações transitórias;
· Tremor vocal;
· Prolongamento mioclônico das vogais (prolongamento das vogais com 
um ataque vocal brusco);
· Hipernasalidade intermitente;
· Movimentos alternados lentos e irregulares;
· Deterioração marcada com aumento do ritmo de fala
· Ruídos vocais inapropriados;
· Ecolalia;
· Coprolalia;
· Tensão vocal e interrupções vocais intermitentes;
· Segmentos com soprosidade/afonia intermitentes;
· Erros articulatórios inconsistentes.
 As alterações físicas da disartria hipercinética:
· Disfagia;
· Tremor de cabeça;
· Movimentos involuntários de cabeça, mandíbula, face, língua, palato e 
respiratórios, durante postura sustentada ou no movimento;
· “Truques” Sensoriais;
· Desvio na sustentação da cabeça (torcicolo);
· Mioclonia de palato, faringe, laringe, lábios, narinas, língua ou 
músculos respiratórios;
· “Tiques“ motores;
· Tremor de mandíbula, lábio, língua, faringe ou palato;
· Realização de “caretas” durante a fala.
Disartria do Neurônio Motor Superior Unilateral
 A voz da disartria do neurônio motor superior unilateral:
· Ritmo lento;
· Quebras articulatórias irregulares;
· Movimentos alternados irregulares (ex: /pa/ /pa/ /pa/ pronunciados de 
forma irregular);
· Loudness reduzido.
Capítulo 5 – Disartria
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As alterações físicas da disartria do neurônio motor unilateral:
· Disfagia;
· Sialorreia;
· Paresia facial inferior unilateral;
· Paresia de língua unilateral sem atrofia ou fasciculações;
· Apraxia oral não verbal.
Tratamento Fonoaudiológico
 O tratamento fonoaudiológico das disartria pode ser realizado de 
acordo com as manifestações nas 5 bases.
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1ª edição, junho de 2019
Considerações Finais
 Bom, essas foram algumas informações resumidas, mas 
fundamentais. Este e-book é o seu material de apoio do curso e 
eu espero que você aproveite muito!
 Pronto para começar?!
 Então, agora que você já terminou de ler tudinho, boa aula, 
bom curso e nos vemos nos encontros ao vivo!
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