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Legislação e políticas públicas da Educação Especial Inclusiva

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1 
 
Disciplina: Legislação e políticas públicas da Educação Especial Inclusiva 
Autores: D.ra Rita de Cássia Moser Alcaraz 
Revisão de Conteúdos: Sérgio Antonio Zanvettor Júnior 
Revisão Ortográfica: Esp. Juliano de Paula Neitzki 
Ano: 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas 
páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de 
Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em 
cobrança de direitos autorais. 
 
 
 
2 
 
Rita de Cássia Moser Alcaraz 
 
 
 
 
 
Legislação e Políticas Públicas da 
Educação Especial Inclusiva 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
2019 
Curitiba, PR 
Editora São Braz 
 
 
3 
 
Editora São Braz 
Rua Cláudio Chatagnier, 112 
Curitiba – Paraná – 82520-590 
Fone: (41) 3123-9000 
 
 
 
 
 
Coordenador Técnico Editorial 
Marcelo Alvino da Silva 
 
Revisão de Conteúdos 
Sérgio Antonio Zanvettor Júnior 
 
Revisão Ortográfica 
Juliano de Paula Neitzki 
 
Desenvolvimento Iconográfico 
Juliana Emy Akiyoshi Eleutério 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
ALCARAZ, Rita de Cássia Moser. 
Legislação e políticas públicas da Educação Especial Inclusiva / Rita de Cássia 
Moser Alcaraz. – Curitiba: Editora São Braz, 2019. 
47 p. 
ISBN: 978-85-5475-373-3 
1. Acessibilidade. 2. Educação. 3. Inclusão. 
Material didático da disciplina de Legislação e políticas públicas da Educação 
Especial Inclusiva – Faculdade São Braz (FSB), 2019. 
Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e 
grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e 
estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio.............................................................................................................. 06 
Aula 1 – Ideias de Pestalozzi: uma reflexão inicial .............................................. 07 
Apresentação da Aula 1 ..................................................................................... 07 
 1.1 – Pestalozzi, uma mudança paradigmática no método educacional ...... 08 
 1.2 – Aspectos formativos ........................................................................... 13 
Resumo da aula 1 .............................................................................................. 15 
Aula 2 – Políticas Públicas para a educação especial inclusiva, entre avanços 
e desafios ........................................................................................................... 
 
16 
Apresentação da aula 2 ..................................................................................... 16 
 2.1 – A institucionalização da educação especial ....................................... 18 
 2.2 – A redefinição da educação especial para uma educação inclusiva .... 19 
 2.3 – A Constituição Federal ....................................................................... 22 
Resumo da aula 2 .............................................................................................. 24 
Aula 3 – Lei 13.146 de 6 de julho de 2015 ........................................................... 25 
Apresentação da aula 3 ..................................................................................... 25 
 3.1 – O voto e o direito ................................................................................. 30 
Resumo da aula 3 .............................................................................................. 33 
Aula 4 – Identidades: políticas educacionais e espaços simbólicos ................... 34 
Apresentação da aula 4 ..................................................................................... 34 
 4.1 – Por uma escola inclusiva .................................................................... 35 
 4.2 – Inclusão de um direito ......................................................................... 39 
Resumo da Aula 4 .............................................................................................. 42 
Resumo da disciplina ......................................................................................... 43 
Índice Remissivo ................................................................................................ 44 
Referências........................................................................................................ 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Prefácio 
 
O princípio fundamental da educação inclusiva é o direito a ser, a existir, 
com pressupostos constitucionais de igualdade, quando as diferenças podem 
nos descaracterizar dentro de padrões pré-estabelecidos de “normalidade” e 
aceitação entre iguais. Portanto, a inclusão escolar fundamenta-se no princípio 
de uma escola democrática, sem discriminações a considerar todos com 
igualdade de valor, tal questão implica em revisar concepções e paradigmas 
educacionais para a reorganização da concepção do que se entende como 
escola, aprendizagem e ensino, em como se planeja para o desenvolvimento 
cognitivo, cultural e social. Para Romanelli (2010): 
 
Os efeitos de uma lei de educação, como qualquer outra lei, serão 
diferentes, conforme pertença ela ou não a um plano geral de reformas. 
[...] A aplicação de uma lei depende das condições da infraestrutura 
existente. A sua aplicação depende da adequação dos objetivos e do 
conteúdo da lei às necessidades reais do contexto social a que se 
aplica. Enfim, a eficácia de uma lei depende dos homens que a aplicam 
(ROMANELLI, 2010, p. 185). 
 
A educação possui procedimentos e os princípios para se pensar em uma 
educação para todos com uma escola menos assistencialista, mas responsável 
pela autonomia e construção e conquista da autonomia dos estudantes e poderá 
impactar uma sociedade e as políticas educacionais nela vigentes. 
A história da inclusão no ensino regular de estudantes com deficiência 
está ainda sendo muito debatida nas ultimas décadas em diferentes áreas. As 
políticas públicas educacionais, provocadas por meio dos debates dos 
profissionais do âmbito educacional, provocam as reflexões pertinentes que 
modificaram junto à sociedade a terminologia adotada, a efetivação de práticas 
que considerem os alunos e suas peculiaridades, diferenças e idiossincrasias 
quando diagnosticadas por neurologistas e equipe médica. Por isso, como 
expresso na citação acima, a educação inclusiva se relaciona à efetividade e 
atuação de políticas públicas na compreensão de uma mudança de 
pressupostos paradigmáticos da sociedade no trabalho com a escola, tendo em 
vista os estudantes e a educação como um direito de todos, responsabilidade de 
toda a sociedade. 
 
 
 
7 
 
Aula 1 – Ideais de Pestalozzi: uma reflexão inicial 
 
Apresentação da aula 1 
 
O texto inicial da nossa primeira aula contém algumas ideias de Pestalozzi 
paraa compreensão de sua metodologia, pois são importantes para propiciar 
reflexões sobre a inserção e adequação curricular na contribuição do 
pensamento para uma escola inclusiva. 
Vale enfatizar que as políticas públicas também são fundamentais na 
construção de espaços reflexivos e podem contribuir para a sociedade, onde os 
movimentos sociais da categoria se expressam, a fim de que sejam ouvidos, 
acolhidos e tenham espaço para debater sobre suas necessidades e anseios, 
como por exemplo: 
 
O “Movimento de Cegos” em luta por sua emancipação social, no Rio 
de Janeiro. Já na década de 80 se manifestava reivindicando seus 
direitos, diluindo, assim, o papel dos especialistas nesta questão. 
Abaixo, citamos um dos trechos da manifestação do Movimento 
editado em panfleto. Muitos especialistas têm falado para nós, por nós, 
sobre nós. Soluções contrárias aos nossos interesses, inteiramente 
desvinculadas de nossas reais necessidades têm sido sugeridas e até 
mesmo postas em prática, cristalizando os preconceitos e estimulando 
a discriminação que faz de nós um grupo minoritário, à margem da 
sociedade. Apesar disso, o processo de nossa emancipação social se 
desenvolve e, à frente de cada realização verdadeiramente 
significativa para tal processo, sempre está um de nós [...]. Queremos 
ter o direito de falar por nós, de ser os sujeitos de nossas ações. As 
atitudes e medidas paternalistas prejudicam nossa imagem, reforçando 
a posição de inferioridade a que ainda estamos relegados[...]. 
Precisamos do seu crédito e de seu apoio nessa luta, não para falar 
por nós, mas para lutar ao nosso lado! (ALMEIDA, 2003, p. 19). 
 
Isto significa, que o ato de falar e de ouvir são essenciais no fortalecimento 
social da categoria. O respeito às maneiras diferentes de pensar, de viver, de 
realidades e experiências denotam um outro ponto de aprendizagem, o qual a 
sociedade pode aprender por meio de ações conjuntas, e não isoladas. Assim 
pensar em uma educação inclusiva e reordenar os valores sociais de como se 
aprende e como se ensina. Para que a inclusão se concretize, é necessária uma 
reflexão profunda sobre a educação, a formação profissional, a sociedade, as 
políticas educacionais e os determinantes econômicos, sociais e políticos, Os 
avanços e as mudanças não podem ser consideradas apenas como discussões 
meramente opinativas. Com base nessas ideias, vamos pontuar algumas 
 
 
8 
 
questões em dialogo com Pestalozzi e o método como referencial para essa 
discussão. 
 
1.1 Pestalozzi, uma mudança paradigmática no método educacional 
 
Neste subcapítulo serão referenciadas as discussões de Zanatta, (2005), 
para a reflexão sobre a importância de Pestalozzi na educação e sobre o método. 
A autora faz o debate considerando a importância das escolas públicas da 
Prússia para as unidades políticas alemãs. A pesquisadora cita o relato 
elaborado em 1866 pelo inspetor de ensino da França, J. M. Baudoin: 
 
[...] em nenhuma parte, a instrução está tão difundida, nem é dada com 
tanto interesse, nem dirigida com tanto cuidado. O mais pequeno 
povoado tem sua escola primária; a mais insignificante cidade, seu 
ginásio, suas escolas médias, perfeitamente organizadas, dotadas e 
cuidadas. Na Alemanha todos se interessam pela juventude: os mais 
altos personagens e as mais ilustres senhoras lhes dedicam seu 
tempo, seu dinheiro, sua experiência, os melhores escritores redigem 
livros para as crianças; os poetas compõem, para as lições de ginástica 
e de canto, poesias que os mais ilustres compositores não têm 
desdenhado colocar música. Todo o povo alemão está convencido de 
que se ocupar da instrução da juventude é cumprir um dever pessoal 
e trabalhar para o futuro do país. Cada um, se faz voluntariamente 
Volkserzieher, mestre do povo, e contribui por sua vez para o 
progresso da instrução geral. (CAPEl, 1988, p. 89 In: ZANATTA, 2005). 
 
 
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) 
Fonte: https://br.depositphotos.com/search/pestalozzi.html?qview=12831469 
 
 
9 
 
O movimento apresentado na citação do inspetor denota a organização 
escolar e também a geografia de tal espaço com impacto social. A educação foi 
presidida de um movimento social de interesse de diferentes áreas na 
composição da elaboração de material didático, de espaços organizados 
sistematicamente para a educação. Então, o contexto histórico influencia o social 
na ampliação e aperfeiçoamento do espaço local para os estudantes. Tal 
contexto assim é compreendido como uma das primeiras questões a serem 
consideradas para a ampliação e efetividade de uma escola inclusiva, ela precisa 
possuir políticas educacionais dialogadas com a sociedade em diferentes 
espaços. Um processo democrático só é consolidado quando a população dele 
participa, o desconhecimento sobre a organização da escola inclusiva, sobre a 
própria construção de um estado democrático que considere as diferenças 
permite uma vazão contrária a uma reforma educacional efetiva com garantias à 
igualdade entre as pessoas, seja na composição de material como em braile , de 
tratamento para pessoas com TDH, espectro autista, entre outras deficiências e 
de participação de atividades entre os pares com respeito às várias formas de 
se expressar. Ainda, na atualidade, ao tratar-se do tema educação especial e 
inclusão, utiliza-se uma régua que hierarquiza as relações nas instituições 
escolares, padronizando comportamentos e esperando resultados para se 
computar dados. O que se pretende então, considerando-se Johann Heinrich 
Pestalozzi (1746-1827), é uma reflexão sobre alguns pontos, pois quando ele 
pensou na aplicação de modelos pedagógicos baseados na atividade de 
observação da natureza foi uma proposta de concepção organicista. 
O instituto para órfãos, fundado em 1774, organizado como uma família, 
foi influenciado pelo pensamento de Rousseau, pelo o amor à natureza e 
compreendia a reforma política e social. O educador tinha a preocupação de 
educar intelectualmente e moralmente os rapazes e o mundo estava atento a 
suas ações. A escola em Yverdon foi um verdadeiro laboratório de experimentos 
pedagógicos, dos quais duas obras são escritas com base nestas experiências 
Leonardo e Gertrudes (1781) e Como Gertrudes instrui seus filhos (1801). Na 
primeira obra foram delineadas ideias acerca da reforma política, moral e social, 
tais ideias foram nas escolas da Prússia, organizando os métodos 
pestalozzianos. 
 
 
10 
 
Pestalozzi influenciou e reestruturou a educação na Prússia. A educação 
se relacionava com a natureza, com a liberdade de criar hipóteses, de bondade 
inata do ser e da personalidade. Ele defendeu uma educação não repressiva 
com o ensino como meio de desenvolvimento das capacidades humanas, como 
cultivo do sentimento, da mente e do caráter, ideias que se relacionavam com 
as de Rosseau, sendo elas: 
 
 As crianças podem ser levadas ao gosto pelo estudo, os ensinamentos 
da natureza, como a experiência e o sentimento, são grandes 
professores; 
 A educação é um processo natural, a criança tem uma tendência natural 
de se desenvolver (LIBÂNEO, 1991, p. 61). 
 
Assim, Pestalozzi (1946, p. 13) dedicou tempo para o desenvolvimento 
das capacidades humanas, difundindo a função social da escola como saber 
universal para todas as classes sociais. Manacorda (1989, p. 266) cita 
Pestalozzi: 
 
O aluno, seja qual for a classe social a que pertença e a profissão a 
que esteja destinado, participa de certos elementos da natureza 
humana que são comuns a todos e constituem o fundamento das 
forças humanas. Nós não temos direito algum de limitar a qualquer 
homem a possibilidade de desenvolver todas as suas faculdades [...]; 
não temos o direito de negar à criança a possibilidade de desenvolver 
nem que seja uma só faculdade, nem mesmo aquela que, no momento, 
julgamos não essencial para a sua futura profissão ou para o lugar que 
ele terá na vida. 
 
Pestalozzi (1946)tinha como propósito buscar as leis para o 
desenvolvimento integral das crianças, acreditava em uma nova formulação 
sobre a criança, pois acreditava nas pessoas baseado em ideais protestantes 
com uma grande atenção à espiritualidade. Assim, a concepção da criança é de 
bondade e pureza, aos quais os instintos humanos podem ser reprimidos e as 
leis humanas podem ser reveladas por meio de uma educação com a unidade 
da mente, coração e desenvolvidas por meio da educação intelectual, moral e 
profissional. 
Segundo Pestalozzi (1946), a criança desde pequena deve manter-se 
ocupada de forma produtiva, assim nas escolas se tinha muito a produção 
 
 
11 
 
manual de algo; a paciência e a escuta deviam ser as bases para os professores, 
bem como o amor às crianças. A ideia de uma educação intelectual era então 
relacionada à própria possibilidade na relação com a natureza, na seleção das 
impressões recebidas e transformadas em conceitos precisos. O educador tinha 
uma atenção especial ao outro, ao domínio de si, assim as crianças deveriam 
ser acompanhadas de forma geral para as especificidades necessárias de se 
reconhecer o outro. 
 
Esse conhecimento pode ser manifestado de maneira elementar pelo 
número, pela forma e pela palavra, que são produtos da inteligência 
criados por intuições maduras e que devem ser considerados como 
meios para a progressiva precisão de nossos conceitos. 
(PESTALOZZI,1946, p. 15). 
 
A intencionalidade em se influenciar e provocar o conhecimento pela 
atuação ao hábito de pensar com base em elementos baseados na realidade e 
não com regras abstratas, ao mesmo tempo que a educação é um processo 
mediado e não pré-determinando sobre o que se deseja ter ao final de um 
processo formativo. Assim, o professor acompanha as crianças naquilo que é 
necessário para o desenvolvimento delas. 
O ABC da intuição, formulado com base na observação das crianças por 
Pestalozzi, é em que ele observa a linguagem escrita relacionada ao desenho. 
O grafismo infantil é o primeiro passo para a posterior aquisição da escrita e da 
fala. Ainda, considera os sons como antecessores da palavra, estes são os 
primeiros passos para a teoria de Montessori. 
O educador ainda reflete sobre a curiosidade de pensar, sobre a lição das 
coisas, dessa forma, a aprendizagem então é um princípio básico natural 
resultante das atividades livres por meio da mediação. A seguir, as ideias de 
Pestalozzi na compreensão de como ela pode influenciar a educação inclusiva 
e as políticas públicas. 
Ví deo 
Sugestão para um apanhado do contexto da construção social 
e da escola, seguindo algumas ideias de Pestalozzi: Grandes 
educadores disco Pestalozzi, disponível no link: 
https://www.youtube.com/watch?v=EYZM_yy3VOE 
 
 
12 
 
Saiba Mais 
Para ampliar seus estudos, leia o texto abaixo sobre a vida 
de Johan Heinrich Pestalozzi (1746-1827), por Michel 
Soëtard: 
O "método" e seu espírito as Investigações de 1797 são um 
chamado à ação. E graças aos levantes políticos que são 
produzidos na Suíça em 1798, "o educador do povo" mais 
uma vez tem o vento na popa. Primeiro, há a experiência de 
Stans, iniciada em janeiro de 1799 e terminando 
abruptamente por causa da guerra, depois de alguns meses 
de existência. Então Pestalozzi é instalado em Burgdorf 
(Berthoud): o novo instituto não resiste à queda da República 
Helvética em 1803. Finalmente, o pedagogo é chamado a 
Yverdón, onde em 1º de janeiro de 1805 é inaugurado o 
castelo, é um estabelecimento que rapidamente ganha 
amplitude e adquire fama em toda a Europa. De todos os 
lados, observa-se o fenômeno pedagógico e os professores 
se seguem ondas (os prussianos, os franceses, os ingleses) 
para começar o método de Pestalozzi. O "método" é, sem 
dúvida, o projeto pedagógico que realiza todo o trabalho de 
Pestalozzi em seus três institutos. Na prática, começou em 
Stans, mas foram grandes as diretrizes e foram 
estabelecidas no trabalho de 1801, Comment Gertrude 
instruct ses enfants (Como Gertrude instrui seus filhos), 
embora seus vários componentes continuem sendo 
elaborados durante as experiências de Burgdorf e Iverdon. 
A questão da originalidade do "método de Pestalozzi" é 
geralmente levantada (a expressão é Herbart). Se isso se 
refere a materiais e técnicas, corremos o risco de 
desapontar-nos: o visitante do castelo de Iverdon procurará 
em vão esses "truques pedagógicos" que eles poderiam 
aplicar em sua prática. No que diz respeito às técnicas 
pedagógicas, pode-se dizer que Pestalozzi não inventou 
nada, nem mesmo o quadro negro, e que ele levou o que 
queria em todas as partes, na verdade, deve-se lembrar que 
sua experiência não se desenvolveu em um deserto 
pedagógico, mas foi inscrito em um vasto movimento de 
renovação do ensino que atingiu até o mais humilde pastor 
da aldeia. Além disso, o próprio Pestalozzi admitiu ter 
completamente errado ao desenvolver certas técnicas, em 
particular para a aprendizagem de linguagem, e ele não 
hesitou em modificar profundamente os instrumentos em 
certas fases de sua evolução. Para colocá-lo em poucas 
palavras, não precisa procurar a originalidade do método em 
seus aspectos materiais. [...] Pode-se dizer que a 
originalidade do método desenvolvido por Pestalozzi reside 
fundamentalmente em seu espírito. Seu mérito é, na 
verdade, o seguinte: enquanto quase todos os seus 
 
 
13 
 
discípulos, declarados ou não, sistematicamente permitiram 
que sua intenção desaparecesse na materialidade de um 
conhecimento, uma técnica, uma concepção a priori do 
homem, e eles lutaram sistematicamente para não 
confundirem o que queriam com o que tinham percebido, 
Pestalozzi entendeu que o método e todos os seus 
componentes não deveriam ser mais que os instrumentos 
nas mãos do pedagogo, a fim de que este produzido "algo" 
que não é encontrado no método e acaba por ser de natureza 
totalmente diferente do processo mecânico: a liberdade 
autônoma.” 
(El texto que sigue se publicó originalmente en Perspectivas: 
revista trimestral de educación comparada (París, UNESCO: 
Oficina Internacional de Educación), vol. XXIV, nos 1-2, 1994, 
págs. 299-313 – tradução livre pela autora). 
 
1.2 Aspectos formativos 
 
Com base nas ideias de Pestalozzi (1946), alguns aspectos são 
importantes e servem como reflexão para se pensar a educação especial 
inclusiva, como pode-se ver: 
 
 Faz-se necessário organizar as práticas escolares junto com uma equipe 
multidisciplinar, considerando a inclusão em diferentes âmbitos. Uma 
educação inclusiva prevê por meio das políticas educacionais uma 
adequação curricular, uma flexibilidade na construção e mediação entre 
o corpo docente e os discentes para a aprendizagem de forma inclusiva; 
 Uma educação que considere o outro, a qual possamos ir em direção ao 
outro, considerando suas especificidades sem tantos padrões a serem 
organizados e seguidos pode permitir uma interação sem tantas 
hierarquizações e ser includente em vez de excludente; 
 O estudo e a reflexão por meio da formação constante de professores, 
nos quais participem também a sociedade e não apenas familiares de 
crianças deficientes, para assim gerar uma responsabilização social por 
meio de politicas inclusivas, e principalmente de diálogo e reflexão na 
construção de uma sociedade mais justa; 
 Metodologias que se preocupem com as potencialidades dos estudantes 
e não com medições, que os limites não sejam escritos e nem prescritos, 
 
 
14 
 
mas que se acompanhe cada pessoa como única, com aprendizagens e 
alcances individualizados potencialmente atendidos por meio de 
recursos pedagógicos e diálogo, que as expressões sejam além da voz, 
que a aprendizagem ultrapasse as tecnologias em direção ao outro. 
Ainda, que o ensino regular seja inclusivo para que as terminologias 
sejam lembranças no passado, quando aprende a aprender, quando o 
ensino seja uma construção possível com os recursos postos e outros 
ainda desconhecidosrumo a uma mudança paradigmática da educação 
com alcance na sociedade e no desenvolvimento de tecnologias 
assistidas para todas as pessoas com diferentes formas de aprender. 
 
Com base nesses pressupostos também de acolhimento e afeto, pode-se 
elaborar documentos que vão desde as políticas educacionais, como a Lei 
13.146 de 6 de julho de 2015, até os refletidos na escola para o desenvolvimento 
de práticas inclusivas, de reconhecimento das diferenças como sendo 
pressupostos para uma sociedade justa. 
Na concepção inclusiva, a avaliação da aprendizagem pode ser 
acompanhada no percurso do aluno, com tempos distintos em um ciclo formativo 
e de desenvolvimento, considerando as especificidades. Por isso, é importante 
a sensibilização dos professores ao considerar os estudantes como construtores 
de conhecimentos, na organização das informações, na execução do trabalho e 
a participar ativamente da vida escolar. Assim: 
 
O tempo de aprender é o tempo de cada aluno; dispensam-se notas e 
conceitos, pois o que importa é o registro fiel do aproveitamento dos 
alunos que vai sendo conhecido dos professores do ciclo que o aluno 
está cursando e de outros ciclos mais avançados. Professores e alunos 
se auto avaliam rotineiramente, acompanham e compartilham o 
desenrolar dos processos de ensino e de aprendizagem, regulando-os 
e monitorando-os passo a passo. (MANTOAN, 2001, p. 6-7). 
 
Por isso as políticas para a educação especial e inclusiva preveem a 
formação continuada profissional na área educacional e são importantes 
conquistas para a sociedade. 
 
 
 
15 
 
Ví deo 
Assista Pensadores na Educação: Pestalozzi e a aprendizagem 
pela afetividade. Esta entrevista faz parte da segunda 
temporada da série Pensadores na Educação. A especialista 
Dora Incontri (Doutora em educação pela USP) destaca os 
aspectos da vida e obra do autor e reflete sobre alguns de seus 
principais conceitos. Disponível no link: 
https://www.youtube.com/watch?v=bYrgfYe8AJE 
 
Resumo da aula 1 
 
Nesta primeira aula estabeleceu-se a relação com a teoria de Pestalozzi 
para se pensar as políticas públicas, assim como alguns pontos essenciais que 
dialogam com um ideal de ensino democrático, adequação e flexibilidade nos 
trabalhos educacionais, quando se elabora um currículo para a educação 
especial e inclusiva. Também foi elaborado um diálogo com alguns princípios de 
Pestalozzi para se pensar na flexibilidade curricular por meio de políticas 
públicas, que considerem as especificidades de uma educação que se propõe a 
incluir. Neste sentido, marca-se um ponto central das políticas às proposições 
no sentido democrático e de igualdade, considerando a valorização dos sujeitos. 
Ainda, ao estabelecer a relação acima, destacou-se o percurso e a 
importância de Pestalozzi para se pensar nas metodologias de aprendizagem ao 
considerar os alunos, os ritmos próprios de cada um. Por isso, considerou-se 
para além do afeto e acolhimento a mediação do professor, em vez de se pensar 
em estabelecer metas ou objetivos, ouvir as crianças, observar os ritmos próprios 
na elaboração das atividades, considerando as respostas. Mesmo que 
contenham outras percepções e outras hipóteses, elas são importantes e 
inauguram possibilidades para se pensar em um ambiente educacional com 
possibilidades e valorização da voz de diferentes sujeitos e de suas vozes. 
Saiba Mais 
Leia o texto Processo de Inclusão: um grande desafio para o 
século XXI, por Elisabeth Rossetto. 
Durante séculos, prevaleceu o paradigma reducionista, 
segundo o qual a deficiência era entendida como um defeito, 
https://www.youtube.com/watch?v=bYrgfYe8AJE
 
 
16 
 
decorrente de uma patologia, o que tornava as pessoas 
”anormais. Vários autores analisaram como historicamente 
os indivíduos com deficiência tem sido considerado na 
sociedade (SILVA, 1988; BIANCHETTI, 1998; NERES, 
2001). Da eliminação da idade antiga, passando pela 
tolerância cristã, até a consideração de cidadãos com os 
mesmos direitos na atualidade, houve uma infinidade de 
termos para designar tais pessoas. Ainda assim, as 
mudanças terminológicas expressaram mudanças dos 
conceitos, tais como: A utilização de termos anormal, idiota, 
retardado, imbecil, débil, para designar indivíduos com 
deficiência foi superada em um primeiro momento histórico, 
pelo termo excepcional. A mudança considerava dois 
avanços: diminuição de aspectos estigmatizantes e 
pejorativos, bem como uma busca de maior precisão. Ao final 
do século XX, mais precisamente no ano de 1978, um novo 
conceito foi introduzido: pessoas com necessidades 
educacionais especiais. Autores como Jimenez (1997), 
Garrido (1997) apontam que o conceito de necessidades 
educacionais especiais é um conceito-chave que contém 
outros conceitos como o de dificuldades de aprendizagem e 
o de medidas educacionais. Texto de Elisabeth Rossetto. 
Processo de Inclusão: um grande desafio para o século XXI. 
Revista Eletrônica de Ciências da Educação, (v. 3, n. 1, 
2004). 
 
Atividade de Aprendizagem 
Isto posto, defina em um texto, no máximo em 10 linhas, o que é a 
educação especial inclusiva? 
 
 
 
Aula 2 – Políticas Públicas para a educação especial inclusiva, entre 
avanços e desafios 
 
Apresentação da aula 2 
 
As possibilidades e os limites das políticas inclusivas e compensatórias 
na educação no Brasil tiveram avanços importantes, contudo as políticas 
inclusivas possuem um ideal avançado de democracia e de cidadania que 
 
 
17 
 
reverbera na efetividade jurídica. As políticas compreendidas no âmbito escolar 
são bens sociais de construções históricas, assim considerar os avanços na área 
supõe uma ideia de consolidação e efetividade que ainda está em construção. 
 
Ouça 
Para um aprofundamento sobre a Lei Brasileira de Inclusão 
(13.146/2015), ouça a jornalista Adriana Carla Aragão 
conversando sobre o assunto com o consultor legislativo da 
área de Cidadania e Direitos Humanos do Senado Felipe 
Basile, disponível no link: 
https://www12.senado.leg.br/noticias/audios/2016/07/lei-brasi 
leira-de-inclusao-trouxe-avancos-na-area-de-educacao 
 
Refletir sobre a educação inclusiva é considerar os direitos humanos entre 
a convivência e a relação de acesso e permanência como direito em qualquer 
espaço social. A construção de uma educação inclusiva então se relaciona à 
ideia da humanização, com base em direitos como a igualdade. Esta proposição 
é assumida por intelectuais e políticos em uma construção mediada na 
sociedade. Por isso, a ONU, organismo internacional, em 10 de dezembro de 
1948, proclama a Declaração Universal dos Direitos Humanos e refere-se: “do 
reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e 
de seus direitos iguais e inalienáveis”. Entre esses direitos: 
 
1. Todo homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo 
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar 
será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a 
todos, bem como a instrução superior, está baseada no mérito. 
2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da 
personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos 
do homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a 
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos 
raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas 
em prol da manutenção da paz. (Brasil, 1997, art. 26, p.134). 
 
As políticas inclusivas guardam em si a dialética excludente, já que a 
afirmação da inclusão pressupõe excluídos, por isso as políticas inclusivas 
podem ser compreendidas como estratégias voltadas para a universalização de 
direitos civis, políticos e sociais, assim: 
 
 
 
18 
 
A definição de inclusão que tem sido propagada é a que significa 
convidar a que se aproximem aqueles que estiveram historicamente 
excluídos ou deixados de lado. Esta “bem-intencionada” definição pode 
aprincípio parecer poderosa, porém há uma evidente fragilidade: 
Quem tem a autoridade ou direito para convidar outros? Finalmente, 
quem está promovendo a exclusão? Já é tempo de nós reconhecermos 
e aceitarmos que todos nós nascemos “dentro”. (Shafik Abu Tahir, líder 
das novas vozes africanas). 
 
Dessa maneira, as políticas públicas na área de educação especial 
inclusiva não devem ser observadas como destinadas apenas a grupos 
específicos, sejam por raízes culturais e étnicas. Essa é uma visão simplista, 
pois na verdade elas vêm combater e corrigir formas de discriminação e exclusão 
de políticas universais focalizadas nos indivíduos de uma determinada 
sociedade que possui desigualdades comprovadas, considerando o IDH - Índice 
de Desenvolvimento Econômico. Ela vem também incluir a sociedade em 
práticas de convivência nos diferentes âmbitos institucionais com as diferenças. 
 
2.1 A Institucionalização da Educação Especial 
 
No Brasil, a compreensão das políticas educacionais para pessoas com 
deficiência não pode ser descontextualizada da compreensão da história da 
educação brasileira em geral. Nos anos de 1930, e com mais ênfase após anos 
de 1950, a educação estava atrelada ao processo de industrialização e 
desenvolvimento econômico do país. Naquele período, a maioria das pessoas 
não tinha acesso à escola e vivia no meio rural. Considera-se, que os dados 
nesse período sobre pessoas com deficiências eram silenciados e 
invisibilizados, pois elas não chamavam a atenção por estarem em atividades 
manuais ou na agricultura, atividades que não exigiam a leitura e a escrita. 
Em 1973, ocorre a institucionalização oficial da Educação Especial, no 
período nominado como ditadura militar. A criação do Centro Nacional de 
Educação Especial (CENESP) e suas Diretrizes Básicas para a Ação (BRASIL, 
1974) foi de suma importância. Na década de 1980, o CENESP foi conhecido 
como Secretaria de Educação Especial (SESPE), fechada em 1990, durante o 
governo de Fernando Collor de Mello. Então, qual foi a importância do CENESP? 
Até aquele momento, poucas iniciativas oficiais haviam sido fundamentais para 
as demandas das pessoas com deficiência. O órgão coordenava ações políticas 
 
 
19 
 
educacionais específicas a favor de estudantes com deficiências. Ele foi o início 
de melhorias à expansão do atendimento sistematizado e à expansão do 
atendimento educacional com impacto nas secretarias estaduais de educação. 
Entretanto, à medida que se identificava tal necessidade no atendimento, a oferta 
de vagas era insuficiente. Portanto, o atendimento ainda se enquadrava no 
modelo de serviços paralelos à educação geral, pressupondo quais e quem se 
encaixava em modelos regulares de ensino e quais não. 
Ainda sobre o CENESP, destaca-se que a influencia norte-americana 
influenciou tais relações. Esses acordos também influenciaram a reforma do 
ensino primário e secundário, a reforma universitária e a profissionalização no 
segundo grau, hoje ensino médio (PLETSCH, 2014). 
Em 1992, foi renomeada de Secretaria de Educação Especial e foi extinta 
em 2011, quando as ações foram organizadas dentro da diretoria dentro da 
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão 
(SECADI), reformulada em 2016. Entre avanços e desafios, a educação inclusiva 
não saiu de pauta. 
 
Ví deo 
Assista Linha do tempo: educação inclusiva, que apresenta 
uma linha do tempo com muitas mudanças, considerando a 
legislação da educação especial inclusiva. Disponível no link: 
https://www.youtube.com/watch?v=a4Ntfg98xlY 
 
2.2 A Redefinição da educação especial para uma educação inclusiva 
 
A Educação Especial foi definida com base na Lei de Diretrizes e Bases 
da Educação Nacional (LDBEN) 9394/96, como referência de modalidade de 
educação escolar e está em todas as etapas e níveis de ensino. Assim, podemos 
compreender que em sua base se desvincula a “educação especial” de uma 
proposta de “escola especial”. Ainda, orienta relacionar a educação especial 
como um recurso para todos os estudantes, relacionado a atividade dos 
professores em toda a diversidade que constitui o ambiente educacional, assim, 
 
 
20 
 
pode-se pensar em atividades inclusivas para os grupos e estudantes, mas 
também como uma proposta ampla para todas as áreas educacionais. 
Dessa forma, quando se pensa em diferentes metodologias, necessita-se 
lembrar que a educação engloba uma série de relações internas educacionais, 
conselhos, serviços, apoios que estão alicerçados nas Diretrizes do ensino 
nacional. O discurso social relacionado aos contornos contextualizados 
historicamente excluíram uma serie de sujeitos devido à concepção de 
educação, comportamento e métodos comportamentais deterministas. 
O debate sobre a inclusão ganha um momento especial com a Declaração 
de Salamanca (1994) e desafia as concepções e nomenclaturas vigentes com o 
pressuposto de que todas as pessoas possuem limitações de aprendizagem. 
Nesse sentido, Capra (1982, p. 23) orienta que: “uma resolução só poderá ser 
implementada se a estrutura da própria teia for mudada, o que envolverá 
transformações profundas em nossas instituições sociais, em nossos valores e 
ideias”, assim, o princípio é de uma escola inclusiva que acolha os diferentes 
tipos de sujeitos independente da classe, etnia, crença ou local. Uma educação 
que se desenvolva para as pessoas. Então, as escolas especiais funcionariam 
como centro de apoio e assistência para facilitar a inclusão dos estudantes na 
classe comum. 
A Resolução CNE/CEB (02/2001) prevê a formação de professores, 
considerando: 
 
Art. 18, § 3º dessa Resolução, assim caracteriza a formação dos 
especialistas: Os professores especializados em educação especial 
deverão comprovar: I Formação em cursos de licenciatura em 
educação especial ou em uma de suas áreas, preferencialmente de 
modo concomitante e associado à licenciatura para educação infantil 
ou para os anos iniciais do ensino fundamental; II Complementação de 
estudos ou pós-graduação em áreas específicas da educação 
especial, posterior à licenciatura nas diferentes áreas de 
conhecimento, para atuação nos anos finais do ensino fundamental e 
no ensino médio. 
 
 
A formação inicial e/ou continuada é uma maneira de não isentar o 
ambiente educacional, a fazê-lo participar para que os desafios de uma 
educação especial inclusiva sejam minimizados. Pois, o atendimento 
educacional integra o sistema para a educação especial e inclusiva. Então, a 
 
 
21 
 
educação especial e inclusiva serve para todos em relações mais solidárias e 
participativas com o reconhecimento das diferenças. 
 
Saiba Mais 
Concepção de Inclusão, as referências usualmente feitas 
de inclusão no campo da educação consideram as 
dimensões pedagógica e legal da prática educacional. Sem 
dúvida, dois campos importantes quando se pretende a 
efetivação destes ideais. No entanto, uma importante 
ampliação da discussão sobre os caminhos das políticas 
públicas para a inclusão escolar seria a consideração do 
contexto em que se pretende uma sociedade inclusiva. 
Documento Subsidiário à Política de Inclusão, documento 
Subsidiário à Política de Inclusão. As instituições 
educacionais, organizadas para estabelecer modelos de 
relações sociais, reproduzem com eficiência a lógica das 
sociedades. Trata-se de um lugar legitimado socialmente 
onde se produzem e reproduzem relações de saber-poder, 
como já teorizado por Foucault (1987). Nestas, a lógica das 
classificações sempre foi necessária para o estabelecimento 
da ordem e do progresso social. Daí pode advir a ideia de 
que a escola, como mais um equipamento de 
disciplinamento social, não foi concebida para ser inclusiva, 
mas para ser instrumento de seleção e capacitação dos 
“mais aptos” a uma boa conduta social. A efetivação de uma 
educação inclusiva neste contexto secular não é tarefa fácil. 
Não menos desprovida de dificuldades é a tarefade um 
Estado que intenta organizar uma política pública que, como 
tal, se empenha na busca de um caráter de universalidade, 
garantindo acesso a todos os seus cidadãos às políticas que 
lhes cabem por direito. O campo da inclusão, entretanto, 
fundamenta-se na concepção de diferenças, algo da ordem 
da singularidade dos sujeitos que acessam esta mesma 
política. Como não a tornar, a cada passo, um novo 
instrumento de classificação, seleção, reduzindo os sujeitos 
a marcas mais ou menos identitárias de uma síndrome, 
deficiência ou doença mental? Um possível recurso de que 
poderia se lançar mão neste sentido seria o de uma lógica 
que oferecesse elementos de processualidade ao longo 
deste trajeto. Pelo simples fato de se tratar, não somente em 
discurso, mas na prática cotidiana, de uma rede de relações 
no trabalho educativo que estão instituídas há séculos e que 
se repetem como naturais e definitivas. É por dentro desta 
lógica que uma política macro quer se instaurar. Uma nova 
concepção de educação e sociedade se faz por vontade 
pública e é essencial que o sistema educacional assuma 
 
 
22 
 
essa vontade. Para operar as transformações nos modos de 
relação dentro da escola é, também, necessário que os 
profissionais envolvidos tomem para si a tarefa de pensar 
estas questões de forma reflexiva e coletiva. Dito de outra 
forma, é necessário que todos os agentes institucionais se 
percebam como gestores e técnicos da educação inclusiva. 
Nesta perspectiva, é essencial que o exercício social e 
profissional destes agentes esteja sustentado por uma rede 
de ações interdisciplinares, que se entrelacem no trabalho 
com as necessidades educacionais especiais dos alunos. 
PAULON, S. M.; FREITAS, L. B. de L.; PINHO, G. S.; 
Documento subsidiário à política de inclusão, 2005. 
 
 
2.3 A Constituição Federal 
 
A Constituição Federal é uma das bases legais para se pensar em 
proposições afirmativas quando refere-se à inclusão. O artigo 205 da CF de 1988 
é claro: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho”. Ao inserir como um direito amplo, ela insere como 
pressuposto à inclusão de todo: 
 
Mas o conceito de educação básica também incorporou a si, na 
legislação, a diferença como direito. A legislação, mercê de amplo 
processo de mobilização, de disseminação de uma nova consciência, 
fez a crítica às situações próprias de minorias discriminadas e buscou 
estabelecer um princípio ético mais elevado: a ordem jurídica 
incorporou o direito à diferença. A educação básica, por ser um 
momento privilegiado em que a igualdade cruza com a equidade, 
tomou a si a formalização legal do atendimento a determinados grupos 
sociais, como as pessoas portadoras de necessidades educacionais 
especiais, como os afrodescendentes, que devem ser sujeitos de uma 
desconstrução de estereótipos, preconceitos e discriminações, tanto 
pelo papel socializador da escola quanto pelo seu papel de 
transmissão de conhecimentos científicos, verazes e significativos. 
(CURY, 2008, p.8). 
 
 
De forma correlata, o financiamento é importante para se ter uma 
educação ampla e pode dialogar com o artigo 3º, III, da CF/88: “erradicar a 
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”. Para 
 
 
23 
 
além do investimento, se faz necessária a expansão de uma educação básica 
com qualidade. 
A educação é um serviço público ofertado também pela iniciativa privada. 
Ela tem um papel importante como função social e assume a igualdade por meio 
de políticas democráticas para o acesso à inclusão. A ideia e o ideal de que as 
crianças deveriam frequentar a mesma escola é recente. Na década de 80, as 
escolas especiais surgiram para atender a uma demanda de crianças 
compreendidas como fora do padrão de normalidade. 
Acreditava-se na época que o desenvolvimento dos estudantes era de 
desenvolvimento da autonomia para eventualmente se integrar na escola 
regular. Tal modelo era denominado de integração, uma das críticas era a 
exclusão. Na atualidade, a proposta passou a ser de inclusão com todo os tipos 
de alunos. 
Art. 4º, “toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de 
oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de 
discriminação”. (BRASIL, 2015). Em seu bojo, a inclusão tem a ver com a 
diferença. De forma paradoxal, a diferença está posta para todos, então não faz 
sentido termos escolas para grupos classificando-os e distinguindo-os. 
 
Ví deo 
Assista ao vídeo da Constituição 30 anos o que mudou no 
Brasil. Fala da importância da CF de 1988, que estabeleceu 
pressupostos sociais como as políticas inclusivas, disponível no 
link: 
https://www.youtube.com/watch?v=FjKp3eKAj0g 
 
 
 
 
24 
 
 
Alguns marcos históricos da educação inclusiva no Brasil 
Fonte: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2018/10/04/incluir-para-igualar 
 
 
Resumo da aula 2 
 
Nesta aula observou-se como a inclusão no campo político foi ganhando 
espaço e inaugurando novas práticas relacionadas ao termo. Ainda, marcamos 
a expansão como essencial no campo das políticas e da educação como base 
da CF de 1988, para assegurar em parte uma mudança paradigmática nas 
escolas e na sociedade, tratando da base legal da educação inclusiva, 
considerando Diretrizes, LDB e Constituição Federal de 1988. Abordando sobre 
 
 
25 
 
o tema da inclusão, considerando a escola atual e os avanços na área das 
políticas educacionais sobre o tema. 
Ainda, considera-se que a inclusão também compreende a cidadania, a 
inclusão social e a sustentação de uma sociedade viável, que dê conta da 
pluralidade nela vivenciada e tenha como possibilidade o reconhecimento do 
outro. E que tal expressão de reconhecimento se contraponha à exclusão, à 
invisibilização ao silenciamento por meio de políticas públicas na área 
educacional e na sociedade de maneira ampla, modificando sua estrutura e 
garantindo o acesso e a permanência dos estudantes na escola regular. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Leia o texto a seguir, marque qual alternativa está correta e 
discorra sobre a resposta, baseando-se na aula. 
Regina é uma aluna de 13 anos, com Síndrome de Down, 
matriculada há pouco mais de três anos no ensino regular, na 
segunda série do Ensino Fundamental I. O fato de Regina não 
estar alfabetizada preocupa sua professora, que sugere à: 
a) Família, com a concordância da direção da escola, que 
transfira a aluna para uma escola especial, uma vez que ela 
não conseguiu se alfabetizar no decorrer dos três anos de 
escolarização. 
b) Professora especializada que auxilie a desenvolver um 
trabalho conjunto, a fim de que a aluna possa permanecer 
na classe comum e contar com apoio especializado, 
buscando- se, assim, formas de permitir o desenvolvimento 
global da aluna. 
 
 
 
Aula 3 – A Lei 13.146 de 6 de julho de 2015 
 
Apresentação da aula 3 
 
Nesta aula utilizar-se-á como base de reflexão a promulgação da 
Constituição Federal de 1988. Destaca-se como pontos importantes a defesa e 
a proteção à pessoa com deficiência, ainda se condena qualquer discriminação 
 
 
26 
 
no que se refere ao salário e aos critérios de admissão do trabalhador com 
deficiência. O inciso XXXI do artigo 7° da Carta Magna referência a reserva de 
percentual aos cargos e empregos públicos para pessoas com deficiência 
afirmadas no artigo 37. 
O artigo 208, inciso III, ainda afirma o atendimento educacional 
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, às pessoas com 
deficiências. E, o artigo 23, inciso II, prevê a previsão da competência comum da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no tratamento da saúde 
e assistência pública, como a proteção e a garantia dos direitos das pessoas 
com deficiência. No tocante aodireito à educação, o texto constitucional o define 
como um direito de todos e dever do Estado e garante o acesso universal e 
igualitário. 
De forma especifica, após a promulgação da Constituição Federal de 
1988, foram constantes os avanços na legislação de proteção e defesa dos 
direitos às pessoas com deficiência, um dos grandes avanços data de 6 de julho 
de 2015, a Lei 13.146. Em 9 de outubro de 2000, o Deputado Federal Paulo Paim 
apresentou o Projeto de Lei nº 3.638/00, que visava instituir o Estatuto do 
Portador de Deficiência e dar outras providências (PAIM, 2016), conforme 
fragmento em quadro abaixo: 
 
 
 
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015 
 
 
Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). 
 
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a 
seguinte Lei: 
 
LIVRO I 
PARTE GERAL 
TÍTULO I 
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
CAPÍTULO I 
 
 
27 
 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
Art. 1o É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da 
Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o 
exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à 
sua inclusão social e cidadania. 
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção sobre os Direitos das Pessoas 
com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional por meio 
do Decreto Legislativo no 186, de 9 de julho de 2008, em conformidade com o procedimento 
previsto no § 3o do art. 5o da Constituição da República Federativa do Brasil, em vigor para o 
Brasil, no plano jurídico externo, desde 31 de agosto de 2008, e promulgados pelo Decreto 
no 6.949, de 25 de agosto de 2009, data de início de sua vigência no plano interno. 
Art. 2o Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo 
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou 
mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de 
condições com as demais pessoas. 
§ 1o A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por 
equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: 
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; 
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; 
III - a limitação no desempenho de atividades; e 
IV - a restrição de participação. 
§ 2o O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência. 
Art. 3o Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: 
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança 
e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, 
informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros 
serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto 
na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; 
II - desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a 
serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, 
incluindo os recursos de tecnologia assistiva; 
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, 
recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a 
funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com 
mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão 
social; 
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou 
impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus 
direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso 
à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em: 
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados 
abertos ao público ou de uso coletivo; 
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados; 
c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes; 
d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude 
ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens 
e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Congresso/DLG/DLG-186-2008.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art5%C2%A73
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6949.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D6949.htm
 
 
28 
 
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a 
participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades 
com as demais pessoas; 
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com 
deficiência às tecnologias; 
V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, 
as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, 
o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos 
multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios 
de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de 
comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações; 
VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e ajustes necessários e 
adequados que não acarretem ônus desproporcional e indevido, quando requeridos em cada 
caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade 
de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades 
fundamentais; 
VII - elemento de urbanização: quaisquer componentes de obras de urbanização, tais 
como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamento para esgotos, distribuição de 
energia elétrica e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação, abastecimento e 
distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento 
urbanístico; 
VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias e nos espaços públicos, 
superpostos ou adicionados aos elementos de urbanização ou de edificação, de forma que 
sua modificação ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses elementos, tais 
como semáforos, postes de sinalização e similares, terminais e pontos de acesso coletivo às 
telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer 
outros de natureza análoga; 
IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer motivo, 
dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da 
mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, 
gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso; 
X - residências inclusivas: unidades de oferta do Serviço de Acolhimento do Sistema 
Único de Assistência Social (Suas) localizadas em áreas residenciais da comunidade, com 
estruturas adequadas, que possam contar com apoio psicossocial para o atendimento das 
necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens e adultos com deficiência, em situação 
de dependência, que não dispõem de condições de autossustentabilidade e com vínculos 
familiares fragilizados ou rompidos; 
XI - moradia para a vida independente da pessoa com deficiência: moradia com 
estruturas adequadas capazes de proporcionar serviços de apoio coletivos e individualizados 
que respeitem e ampliem o grau de autonomia de jovens e adultos com deficiência; 
XII - atendente pessoal: pessoa,membro ou não da família, que, com ou sem 
remuneração, assiste ou presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com deficiência no 
exercício de suas atividades diárias, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados 
com profissões legalmente estabelecidas; 
XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de alimentação, 
higiene e locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares 
nas quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições 
públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com profissões 
legalmente estabelecidas; 
XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com deficiência, podendo ou 
não desempenhar as funções de atendente pessoal. 
 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm 
 
 
29 
 
A lei federal 13.146 de 2015 é uma referência na defesa e proteção de 
pessoas com deficiência, por meio dela cria-se uma base legal para se pensar 
várias áreas e instituiu a Lei Brasileira de Inclusão, também denominada como 
Estatuto da Pessoa com Deficiência. Destaca-se nela o ideal da efetividade da 
inclusão social e da cidadania da pessoa com deficiência. 
Os mecanismos legais objetivam promover o exercício de direitos e das 
liberdades fundamentais. Ao se tratar de pessoas com deficiência, partimos do 
ideal de condições de igualdade. 
 A lei prevê atendimento prioritário e enfatiza a importância das políticas 
públicas em áreas como saúde, trabalho, educação, infraestrutura urbana, 
esporte e cultura e institui o auxílio-inclusão, pago às pessoas com deficiência 
moderada ou grave no mercado de trabalho; determina a pena de reclusão de 
um a três anos para a discriminação de pessoas com deficiência; e ainda 
assegura a reserva de 10% de vagas nos processos seletivos de curso de ensino 
superior, técnico e tecnológico para este público. Um ganho também é a criação 
do Cadastro Nacional de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que serve na base 
de coleta e processamento das informações na identificação e caracterização 
socioeconômica, que podem ser barreiras de exclusão, pois historicamente 
sofreram subtrações. 
 
Mas na história da humanidade a imagem que muitos deficientes 
carregavam era a imagem de deformação do corpo e da mente. Tal 
imagem denunciava a imperfeição humana. Há relatos, segundo Gugel 
(2007), de pais que abandonavam as crianças dentro de cestos ou 
outros lugares considerados sagrados. Os que sobreviviam eram 
explorados nas cidades ou tornavam-se atrações de circos. O 
nascimento de indivíduos com deficiência era encarado como castigo 
de Deus; eles eram vistos como feiticeiros ou como bruxos. Eram seres 
diabólicos que deveriam ser castigados para poderem se purificar. 
Nesse período, a Igreja se constitui como um grande aliado dos 
deficientes, pois os acolhiam. (FERNANDES, MOSQUEIRA e 
SCHLESNER, 2011 p.134). 
 
Diante disso, historicamente os deficientes foram subjugados e as 
relações hierarquizadas, por isso a afirmação de política pública é um avanço e 
procura assegurar para deficientes oportunidades para a transformação de uma 
sociedade excludente em inclusiva. 
 
 
 
 
30 
 
3.1 O voto e o direito 
 
Abaixo vamos descrever o voto do Relator, Ministro Edson Fachin, o qual 
extraem-se alguns fragmentos para o debate e a reflexão: 
 
[...] à luz da Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com 
Deficiência, e, por consequência, da própria Constituição da República, 
o ensino inclusivo em todos os níveis de educação não é realidade 
estranha ao ordenamento jurídico pátrio. Ao contrário, é imperativo que 
se põe mediante regra explícita. Mais do que isso, dispositivos de 
status constitucional estabelecem a meta de inclusão plena, ao mesmo 
tempo em que se veda a exclusão das pessoas com deficiência do 
sistema educacional geral sob o pretexto de sua deficiência. [...] A Lei 
nº 13.146/2015 estabelece a obrigatoriedade de as escolas privadas 
promoverem a inserção das pessoas com deficiência no ensino regular 
e prover as medidas de adaptação necessárias sem que o ônus 
financeiro seja repassado às mensalidades, anuidades e matrículas. 
Analisada a moldura normativa, ao menos neste momento processual, 
infere-se que, por meio da lei impugnada, o Brasil atendeu ao 
compromisso constitucional e internacional de proteção e ampliação 
progressiva dos direitos fundamentais e humanos das pessoas com 
deficiência. Ressalte-se que, não obstante o serviço público de 
educação ser livre à iniciativa privada, ou seja, independentemente de 
concessão ou permissão, isso não significa que os agentes 
econômicos que o prestam o possam fazê-lo ilimitadamente ou sem 
responsabilidade. [...] 
 
 
O Estatuto tem como base a Convenção Internacional dos Direitos da 
Pessoa com Deficiência (CDPD), este é o primeiro tratado internacional de 
direitos humanos aprovado pelo Congresso Nacional. Dessa forma, possui a 
condição de norma constitucional. Os objetivos possuem uma base humanista e 
tem uma visão jurídica a respeito da pessoa com deficiência, tendo por ideal 
reabilitar a sociedade e não o deficiente. O intuito é minimizar as exclusões 
históricas, permitindo ao deficiente uma vida independente com autonomia e 
emancipação na inserção com a comunidade. 
Por isso, as condições de adaptações e flexibilizações estão também 
organizadas na área da educação, com as adaptações curriculares e a 
flexibilização que se têm como ideal passar por toda a sociedade. 
 
 
 
 
 
31 
 
Saiba Mais 
Flexibilizações vs. adaptações curriculares: como incluir 
alunos com deficiência intelectual, por Raquel Paganelli 
 
Em meados de 2001, diante de um cenário paradoxal 
marcado por conquistas no acesso de alunos com deficiência 
em escolas regulares de toda a Inglaterra e altos índices de 
fracasso escolar, a especialista britânica em educação 
inclusiva Jenny Corbett declarou: “chegou o momento de focar 
na pedagogia e em como a comunidade escolar pode ser um 
ambiente de apoio para todos”. 
A constatação de que a chegada de crianças e adolescentes 
com deficiência demandava reformas também no âmbito 
pedagógico resultou em inúmeros arranjos e concessões no 
fazer cotidiano da escola. “Remendos” que se revelam 
insuficientes, visto que há alunos que continuam não 
aprendendo, e contraditórios em relação aos pressupostos da 
educação inclusiva, já que continuam fundamentados na ideia 
de incapacidade a partir de características individuais. Um 
exemplo disso é a redução do tempo de permanência na 
instituição de ensino para alguns estudantes com base em 
seus diagnósticos. Outro remendo, bastante comum, é o das 
assim chamadas adaptações curriculares – muitas vezes 
apontadas como “a” solução diante do desafio de incluir 
alunos com deficiência intelectual, autismo ou dificuldades de 
aprendizagem. 
Mas o que são, afinal, as adaptações curriculares? Na maioria 
das escolas, essa expressão diz respeito à redução do 
conteúdo para alguns estudantes sob a alegação de que estes 
não têm condições de acessar o currículo comum como os 
demais. Mas essa não é a lógica da integração? A perspectiva 
inclusiva indica o direito de acessar o mesmo currículo. 
Conforme Daniela Alonso afirma no artigo “Desafios na sala 
de aula: dimensões possíveis para um planejamento flexível”, 
a inclusão implica em oferecer uma mesma proposta ao grupo 
como um todo e, ao mesmo tempo, atender às necessidades 
de cada um, em especial daqueles que correm risco de 
exclusão em termos de aprendizagem e participação. Ou seja, 
o que pode (e deve) diferir são as estratégias pedagógicas e 
aspectos como complexidade, quantidade e temporalidade 
para acessar um mesmo currículo. 
Diferenças entre adaptar e flexibilizar o currículo: 
Mas que currículo é esse? Um pré-formatado, que 
desconsidera o contexto e as diferenças que o compõe? 
Certamente não, já que, segundo a especialista em educaçãoinclusiva Maria Teresa E. Mantoan, a inclusão pressupõe “a 
garantia do direito à diferença na igualdade do direito à 
 
 
32 
 
educação”. É justamente aí que entra o conceito de 
flexibilização curricular. 
O termo flexível indica oposição ao que é duro, fixo, fechado. 
Assim, no contexto educacional, flexibilizar significa garantir o 
direito à diferença no currículo. Implica a busca pela coesão 
da base curricular comum com a realidade dos estudantes, 
suas características sociais, culturais e individuais, 
incorporando assim também os diferentes modos de aprender 
e as múltiplas inteligências presentes em sala de aula. De 
modo que todos se reconheçam no currículo e sejam 
protagonistas no próprio processo educacional. 
Ou seja, flexibilizações e adaptações curriculares não são a 
mesma coisa. Mais do que isso, a diferença entre ambas é 
basilar. A própria expressão “adaptado” denuncia que se trata 
de um “remendo”, uma mudança pontual, específica para 
alguns: os “diferentes”. Como se os demais fossem todos 
iguais. No artigo “Receita de inclusão? ” Fabio Adiron se refere 
às adaptações curriculares como um modelo de intervenção 
individualizado, baseado em “um paradigma que define a 
deficiência das pessoas como única causa de seus problemas 
de aprendizagem”, no qual o currículo é definido pelo déficit, 
o que ressalta as incapacidades e não as possibilidades dos 
alunos. E pondera: “esse é um problema ideológico, mais do 
que pedagógico, pois está focado na homogeneidade e não 
na diversidade”. 
No livro “Supporting inclusive education: a connective 
pedagogy site externo”, Jenny Corbett propõe uma pedagogia 
que relaciona as necessidades individuais dos estudantes aos 
recursos disponíveis na escola e aos valores da comunidade. 
E descreve tal abordagem como um processo de duas etapas 
em que, em primeiro lugar, cada aluno deve ser conhecido, 
reconhecido e valorizado individualmente para que o que traz 
consigo e o modo como aprende possam ser incorporados ao 
currículo e à comunidade. É importante notar que a autora não 
relaciona “necessidades individuais” à deficiência ou a 
educandos que diferem da maioria em termos de estilo de 
aprendizagem. Segundo ela, “uma comunidade escolar 
inclusiva é aquela que valoriza todos os seus alunos 
igualmente e responde às suas necessidades individuais, com 
o termo ‘especial’ tornando-se redundante”. 
Para Corbett, educação inclusiva tem a ver com criar e 
sustentar sistemas e estruturas que apoiam e desenvolvem 
abordagens de aprendizagem flexíveis. Nesse sentido, o 
também britânico Peter Mittler ressalta, no livro “Curriculum 
and pedagogy in inclusive education site externo”, que “a 
pedagogia inclusiva não pode ser algo adicional atrelado à 
pedagogia existente; o lugar de partida deve ser uma ‘boa 
pedagogia’, que pode, oportunamente, tornar-se uma boa 
pedagogia para todos”. Disponível no link: 
 
 
33 
 
https://diversa.org.br/artigos/flexibilizacoes-adaptacoes-curri 
culares-como-incluir-alunos-deficiencia-intelectual/ 
 
 
Portanto, as políticas públicas servem como base para incluir a sociedade, 
como afirmado anteriormente, e tal afirmação política será elaborada por meio 
de documentos institucionais para uma mudança no ambiente educacional e na 
sociedade como um todo. 
 
Resumo da aula 3 
 
Nesta aula, foi visto sobre a Lei 13.146 de 6 de julho de 2015 em diálogo 
com a sociedade e como possibilidade de mudança das estruturas excludentes 
históricas em relação aos deficientes e na própria transformação da sociedade 
na área da inclusão. A reflexão desta aula mostra que, apesar das normas e do 
avanço das políticas educacionais, precisa-se alterar os discursos sociais 
encorajar os alunos e sensibilizar a sociedade contra os rótulos que segregam, 
categorizam e limitam o desenvolvimento sociocognitivo. As pessoas com 
deficiência podem contar com a sua própria história para reconhecer o valor 
intrínseco das diferenças para que elas não produzam desigualdades. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Observe o depoimento de Robert Martin, em palestra ocorrida no 
dia 21 a 26 de agosto de 2013, na Conferência Asiática sobre 
Deficiência Intelectual. Com base nesse depoimento, enumere a 
importância das políticas públicas na área educacional para 
transformar a sociedade: 
“Aprendi que a discriminação e a segregação se tornam uma parte 
aceita da comunidade. Nossos pais começam a aceitar que isso 
está correto. Mesmo nós com deficiência começamos a aceitar 
que isso está correto. As pessoas pensam que todos estão em 
seus lugares legítimos e a comunidade começa a parabenizar a si 
mesma pela forma como ela cuida das pessoas menos 
favorecidas. Ela diz: “Olhem como essas pessoas têm um lugar 
maravilhoso para viver”, “Olhem a maravilhosa equipe técnica que 
cuida delas”, “Olhem quanto dinheiro gastamos para cuidar 
 
 
34 
 
dessas pessoas infelizes”. Eu faria uma pergunta simples: Se é 
tão maravilhoso assim, por que ninguém quer crescer como eu 
cresci? Estar segregado da comunidade nos impede de participar 
em esportes. Impede que façamos coisas que os outros tomam 
como naturais. Mas, acima de tudo, impede que sejamos as 
pessoas que temos o direito de ser.” 
DE LIMA, S. S.; A lei da inclusão e o empoderamento das pessoas 
com deficiência. Editora da Universidade do Estado do Pará, p. 
52. 
 
 
 
Aula 4 – Identidades: políticas educacionais e espaços simbólicos 
 
Apresentação da aula 4 
 
Nesta última aula refletir-se-á sobre as identidades na compreensão da 
importância das políticas públicas na área da educação que considerem as 
identidades na contemporaneidade. Os Estudos Culturais Contemporâneos, os 
quais compreendem identidades, no plural, não são uma essência, mas, sim uma 
criação cultural contextualizada, histórica, por isso instável, contraditória, 
fragmentada e em mudança. Tal visão é contrária às versões essencialistas que 
se basearam na biologia, as quais não se alterariam ao longo do tempo. A 
identidade na concepção pós-estruturalista reflete sobre as identidades 
relacionadas com a produção social, e ainda em um campo simbólico e 
discursivo. Dessa forma, as identidades estão relacionadas às relações sociais 
e culturais, organizadas em sistemas de representação contextualizados por 
significados relacionais e com impacto em contextos (HALL, 2005). 
Tal relação também é transposta nas escolares em um sentido de 
pertencimento, de inclusão ou de exclusão, em como institucionalmente tais 
relações se organizam e estão organizados por meio de referenciais 
socioculturais. Em uma sociedade na qual enunciamos constantemente a 
inclusão com tantos desafios, sejam eles estruturais, formativos e reflexivos, as 
fronteiras educacionais acabam sendo demarcadas por critérios e padrões na 
relação de produção de identidades de grupos semelhantes e grupos não 
semelhantes. Para Silva (2000): 
 
 
35 
 
 
A identidade e a diferença se traduzem, assim, em declarações sobre 
quem pertence e sobre quem não pertence, sobre quem está incluído 
e quem está excluído. Afirmar a identidade significa demarcar 
fronteiras [...] A identidade e a diferença estão estreitamente 
relacionadas às formas pelas quais a sociedade produz e utiliza 
classificações. As classificações são sempre feitas a partir do ponto de 
vista da identidade. (SILVA, 2000, p. 82). 
 
 As relações simbólicas de grupos que se sentem pertencendo e de 
grupos que não pertencem demarcam fronteiras simbólicas entre “eu” e o “outro”, 
“nos” e “eles”. Tais distinções envolvem relações de poder que agrupam, 
categorizam e estabelecem o ato de incluir e de excluir. Por isso, a Lei 13.146 
de 6 de julho de 2015, no capítulo IV, do direito a educação, afirma: 
 
Art. 27. A educação constitui do direito da pessoa com deficiência, 
assegurando sistema educacional inclusivo em todos os níveis e 
aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo 
desenvolvimento possível de seus talentos e habilidadesfísicas, 
sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, 
interesses e necessidades de aprendizagem. Parágrafo único. É dever 
do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade 
assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, 
colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e 
discriminação. 
 
Por isso, pensar em políticas educacionais para a área pode ser um 
movimento atrelado à ação da comunidade escolar em organizar as fronteiras 
simbólicas na atuação escolar na formulação dos planejamentos escolares, na 
organização dos grupos escolares, na referenciação e classificação dos grupos 
de estudantes. 
 
4.1 Por uma escola inclusiva 
 
Apesar de o colonialismo em moldes antigos não existir mais, conforme 
indicam Quijano (2007), os estudos pós-coloniais de Homi K. Bhabha (2014), 
Edward W. Said (2001) e Stuart Hall (1997), há um deslocamento epistêmico e 
de descentralização hegemônica voltado à valorização linguística, cultural, 
estética e de poder dos deficientes, inclusive na permanência de espaços 
simbólicos nas esferas institucionais. 
 
 
36 
 
Ví deo 
Assista ao vídeo: Las colores de las flores, esse pequeno 
documentário espanhol trata da inclusão e da percepção 
poética e possível em um espaço de escuta, acolhimento e 
confiança. Disponível no link: 
http://emeijdmontebelo.apertaqual.com.br/categorias/educador
es-refletindo/page/6/ 
 
Com o eixo de estruturas subjetivas, como a estereotipação das 
diferenças, a subalternização de saberes determina os eixos de conhecimentos, 
por vezes ainda seguem interesses hegemônicos, econômicos e eurocêntricos, 
herança da colonialidade referenciada em padrões de normalidade e com matriz 
referencial branca, e contribuem para práticas curriculares modelares universais 
nas ciências, silenciando outras formas de conhecimento, de aprender e ensinar. 
As relações políticas, econômicas e culturais expostas em relações de 
poder entre uma nação com outros povos está configurada como colonialismo 
(SAID, 2001). A colonialidade faz referência às relações de poder que não estão 
concentradas na relação de dois povos em si, mas na maneira pela qual se 
organizam o trabalho, a intersubjetividade, as políticas educacionais e também 
os artefatos culturais. Temos “as imagens da autoridade imperial ocidental 
permanecem persistentes, atraentes e instigantes” (SAID, 2001, p.179). A 
condição garantida pelo direito à emancipação, à diferença e ao reconhecimento 
de outros são entendidos como resistência. Nela, os povos passam ao exercício 
da liberdade material e ao protagonismo nas searas políticas, epistemológicas, 
sociais e educacionais. Conforme Quijano (2007, p. 93), o colonialismo e a 
colonialidade são duas concepções distintas. O colonialismo perpetua a 
dominação e a exploração à medida que: 
 
O colonialismo é, obviamente, mais antigo; no entanto, a colonialidade 
provou ser, nos últimos 500 anos, mais profunda e duradoura que o 
colonialismo. Porém, sem dúvida, foi forjada dentro deste, e mais 
ainda, sem ele não poderia ser imposta à intersubjetividade de modo 
tão enraizado e prolongado. (QUIJANO, 2007, p.93). 
 
Assim, consideramos que o colonialismo e todas as formas de dominação 
posteriores que subjugaram as populações e padronizaram a beleza, o 
 
 
37 
 
comportamento e as relações no interior da escola estruturam ainda ações de 
exclusão sob a perspectiva de exclusão, mesmo quando na política temos 
reflexões includentes. 
Dado o caráter contextual e histórico de afirmações no espaço político, 
cultural e social inclusivos, como considerar que, apesar de tantas afirmações 
políticas, ainda temos a exclusão? Acreditamos que se mantém um 
ordenamento, com base na colonialidade com a repetição de padrões, práticas 
e saberes. Como consequência, influenciam as estruturas simbólicas da 
sociedade brasileira por meio das relações de poder. Supomos que a herança 
da colonialidade perpassa o modus operandi no momento de se pensar as 
deficiências, as infâncias, as formas de aprender e ensinar e mesmo se tendo 
afirmações políticas, ainda há manutenção das desigualdades, determinando os 
discursos da impossibilidade da inclusão. Sem dúvida nenhuma, identificamos 
até este momento os avanços, mas eles precisam estar na área, no campo 
escolar, nas ações e nos discursos das professoras e professores. Entre as 
garantias e as ações ainda há alguns passos a serem dados. 
 
Vocabula rio 
Modus operandi é uma expressão em latim que significa 
“modo de operação”, na tradução literal para a língua 
portuguesa. Essa expressão determina a maneira que 
determinada pessoa utiliza para trabalhar ou agir, ou seja, as 
suas rotinas e os seus processos de realização. 
 
Então, existe uma teia social e de sociabilidade que vai se alterando por 
meio das políticas públicas, do comportamento social, uma escola para todos é 
uma escola que passa por todos nós em uma tomada de consciência e postura, 
de formação e continuidade, de inserção e reflexão. Assim, no texto escolhido 
abaixo complementa tais ideias. 
 
 
 
 
38 
 
Saiba Mais 
Leia o texto Por uma práxis educativa inclusiva e 
responsável, por Norma Silvia Trindade de Lima. 
Uma escola aberta às diferenças não é feita para o sujeito 
constituinte, universal, abstrato, idealizado, padronizado e 
previsível por uma verdade essencial como o “aluno normal”. 
Trata-se de uma escola para um aluno/sujeito singular, 
constituído em uma trama histórica de múltiplos elementos e 
condições, que se articulam e se modificam conforme as 
possibilidades, as interações e inserções sociais. Como 
sistema aberto, a escola inclusiva modifica-se, buscando 
adaptar-se a multidimensionalidade do funcionamento 
humano, à medida que reconhece e valoriza as diferenças 
entre as pessoas. Mantoan (2001), na apresentação do livro 
que organizou, afirma: É certo que somos o mesmo, mas não 
os mesmos, como nos ensinou Shafik Abu-Tahir, líder das 
Novas Vozes Africanas, e que essa diversidade nos remete 
a uma redefinição dos parâmetros pelos quais entendíamos 
o que acontece conosco e com o nosso entorno mais 
próximo e mais remoto, em todas as suas manifestações 
físicas, culturais, sociais, materiais, tecnológicas. A escola 
não pode continuar anulando e marginalizando as diferenças 
nos processos através dos quais forma e instrui os alunos e 
muito menos desconhecer que aprender é errar, ter dúvidas, 
expressar dos mais variados modos o que sabemos, 
representar o mundo a partir de nossas origens, valores, 
sentimentos. O reconhecimento da heterogeneidade 
humana demanda novos parâmetros de abordagem, 
tratamento, organização e funcionamento institucional, ou 
seja, outro paradigma. Nesse sentido, a inclusão engendra 
um movimento radical de ressignificações de: valores, 
atitudes, critérios e, sobretudo, identidades. Enfim, outras 
concepções de educação, sociedade, relacionamento 
humano interpessoal que, evidentemente, requerem 
transformações funcionais, organizacionais, pedagógicas e 
culturais, conforme discute Lima (2003). Nessa direção, um 
ambiente educacional aberto trabalharia com o princípio de 
que a diferença nos iguala e nos afirmar como seres 
singulares e originais, ou seja, a diferença é o consenso. Dito 
de outra maneira, pelas palavras de Guattari (2001, p. 33): 
“Longe de buscar um consenso cretinizante e infantilizante, 
a questão será, no futuro, a de cultivar o dissenso e a 
produção singular de existência”. Entendemos que conviver, 
criar e cooperar são atributos que precisam ser cultivados na 
contemporaneidade e que consubstanciam a inclusão como 
contribuição educacional (MANTOAN, 1997). O 
reconhecimento das diferenças nas relações sociais 
estabelecidas nas escolas modifica o retrato pacífico e 
 
 
39 
 
harmonioso que muitos fazem ao falar desse universo. A 
escola é um local tenso, de embate entre alteridades. É um 
espaço cultural e político, conforme advertiu Silva

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