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MICROBIOLOGIA GERAL BORRELIA E LEPTOSPIRA Os principais gêneros são representados por: Treponema (sífilis), Borrelia (doença de Lyme) e Leptospira (leptospirose). Características gerais: - São bactérias espiraladas, delgadas, flexíveis, móveis (filamentos axiais) e de formato helicoidal (movem-se de maneira ondulante). 1. Leptospira sp Apesar de apresentar características de bactérias gram positivas e negativas, elas não pertencem a nenhum dos dois grupos. Apresenta morfologia filiforme (muito delgado), helicoidal, com curvaturas em forma de gancho nas extremidades, apresenta DNA e não se coram com corantes convencionais. Além disso, possuem membrana citoplasmática associada a peptidoglicano e uma membrana externa com um aspecto mais fluido. São bactérias sensíveis a ambientes secos e a pH ácido. Possuem 28 sorogrupos (grupo que contém sorotipos com antígenos em comum) com aproximadamente 200 sorotipos. Os fatores de virulência incluem: endotoxinas (LPS), fraca atuação do sistema imune contra Leptospira, toxinas hemolíticas, produção de superantígenos, adesinas e hialuronidase. ● Cultivo: são aeróbicas, temperatura ótima entre 28 e 30°C, podem ser cultivadas em meio líquido, sólido ou semi-sólido e produzem colônias redondas em um período médio de 6 a 10 dias. ● L. interrogans: 19 sorogrupos e 180 sorotipos. ● Sorogrupos mais comuns: icterohaemorrhagiae, pomona, canicola e grippotyphosa. No Brasil os mais comuns são Icterohaemorrhagiae e Copenhageni. ● Classificação clássica (duas espécies): a espécie mais patogênica é a L. interrogans. ● Espécie saprófita (nutrição a partir de matérias orgânicas em decomposição): L. biflexa. ● Transmissão: pelo contato direto ou indireto com urina de animais infectados, contato com água ou solo contaminados, pela penetração através de cortes na pele, pela mucosa oral, nasal ou conjuntival, inalação de água ou aerossol. Raramente é transmitido de pessoa a pessoa. ● O maior número de casos é em períodos chuvosos e em locais que tendem a acontecer enchente e estão manifestados por roedores. ● A leptospira sobrevive por até 180 dias em local úmido e água doce. ● Os principais reservatórios são os roedores sinantrópicos (ou seja, que convivem no mesmo ambiente que o homem porém contra a vontade dele): Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto) e Mus musculus (camundongos). Os seres humanos são hospedeiros acidentais!!! ● Patogenia: a Leptospira penetra na pele úmida e integra ou através de mucosas e ganha a corrente sanguínea, espalhando-se por todo organismo. Mesmo após a produção de anticorpos ela pode persistir nos túbulos renais, olhos e meninges. A leptospira chega a corrente sanguínea através do endotélio, onde se liga a glicoproteínas nas células endoteliais (VE-caderina) levando a quebra das junções que as mantém unidas, assim ela consegue chegar ao sangue e também favorece o aumento da permeabilidade celular e de hemorragias. No túbulo renal, ela consegue passar entre as células proximais tubulares e assim, ser eliminada na urina. Com relação aos macrófagos, ela possui mecanismo para induzir a apoptose e com isso diminuir a resposta imune. No fígado, causa alterações hialinas citoplasmáticas, variação de tamanho celular dos hepatócitos, destruição das junções hepatocíticas e vazamento de bile através de capilares biliares. ● Amostras para diagnóstico: 1ª fase - sangue e líquor 2ª fase - urina As amostras teciduais podem ser de fígado, rins ou feto abortado. ● Diagnóstico Laboratorial: para métodos específicos vai depender da fase evolutiva do paciente; na fase precoce as Leptospiras podem ser visualizadas no sangue por meio de exame direto e cultura ou pela detecção do DNA pelo PCR; na fase tardia é feito exame de urina podendo ser por cultura, ELISA-IgM ou microaglutinação (MAT). Os exames são realizados por um laboratório da Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública. > Obs.: podem ser visualizadas pela microscopia de campo escuro ou contraste de fase no exame direto. > Obs.: coloração usada é giemsa, vermelho congo ou impregnação pela prata. > Obs.: os meios de cultura que podem ser utilizados são o semi-sólido de Fletcher Korthof ou meio líquido EMJH. Imunológico: pode ser feito ELISA (coleta ocorre 7 dias após o início dos sintomas para procurar IgM, é um exame de triagem não muito específico) ou MAT (padrão ouro, utiliza 19 culturas diferentes de sorotipos de leptospira). ● Não existe vacina para uso humano contra leptospirose no Brasil. ● De acordo com a classificação molecular existem 17 espécies de Leptospira sendo 8 patogênicas. A diversidade de sorotipos está relacionada com diferenças na estrutura e composição do LPS da membrana externa. ● É uma doença ocupacional (ou seja, desencadeada no exercício do trabalho) de trabalhadores de abatedouros, fábricas de laticínios, cirurgiões veterinários e trabalhadores manuais (água, esgoto, bombeiros e socorristas). 2. Borrelia sp São espiroquetas flexíveis, em formato helicoidal, móveis, gram negativas, microaerófilos (sobrevivem na presença de pouquíssimo oxigênio), temperatura ótima de 33°C em meio artificial, se reproduzem por fissão binária transversal, não possuem túbulos citoplasmáticos, apresenta protoplasma cilíndrico envolto pela membrana celular (de onde partem os flagelos) e possui uma membrana extra contendo proteínas de superfície. ● As espécies patogênicas são classificadas em 5 categorias: B. recurrentis (febre recorrente), B. anserina (borreliose aviária), B. theileri (borreliose bovina), B. coriacea (aborto enzoótico bovino) e B. burgdorferi (doença de Lyme). ● A borrelia se aloja nas microvilosidades e espaços intercelulares do epitélio do intestino médio de carrapatos do gênero Ixodes, Amblyomma e Rhipicephalus. Para que eles consigam transmitir a bactéria é necessário que eles fiquem aderidos na pele por um período maior que 12h. ● A transmissão ocorre no momento do repasto sanguíneo através da inoculação de saliva infectada, ocorrendo, ainda, um bloqueio de células fagocíticas e inflamatórias, o que facilita a disseminação bacteriana. A picada é indolor e por esse motivo a pessoa não sabe dizer quando foi infectada. No local da picada geralmente se desenvolve um eritema migratório recidivante que vai aumentando com o tempo. ● A borrelia burgdorferi é responsável pela doença de Lyme, que é uma zoonose. ● Ainda que a principal forma de transmissão seja por carrapatos, pode ocorrer também pela urina de roedores, transfusão sanguínea e transplante de tecido. ● Diagnóstico Meio de cultura de rotina - geralmente amostras de sangue e LCR são negativas , as positivas se dão através de amostras do vetor. São visualizados por microscopia de campo escuro quando corados por coloração de prata ou giemsa. Sorologia - podem ser feitos os métodos de imunofluorescência indireta, ELISA ou immunoblotting. Molecular - PCR.
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