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EXAMES DE IMAGEM AUTORIA DE Rebeca Zilli MÉDICO RADIOLOGISTA: é o profissional responsável por estudar órgãos e estruturas através da utilização de métodos de imagem, sendo funções deste especialista: ► Orientar a realização de exames, verificando indicações e contra-indicações, averiguando a necessidade do uso de contraste; ► Avaliar e Laudar exames, apresentando impressões diagnósticas, auxiliando outros médicos a chegar ao diagnóstico e traçar condutas, além de avaliar a resposta de tratamentos (como a diminuição de tumores frente à quimioterapia); ► Desempenha procedimentos guiados por imagem, como drenagem de derrame pleural, ascite, biópsias, refletindo em procedimentos mais baratos e com menores comorbidades. OBS.: os exames por imagem são geralmente realizados pelo Técnico de Radiologia, salvo o Exame de Ultrassom, que é desempenhado pelo médico. RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA: subespecialidade designada a fazer procedimentos minimamente invasivos guiados pelos diferentes métodos de imagem disponíveis, diagnosticando e tratando doenças em todo o corpo. Exemplos de procedimentos abrangidos nessa área são: correção de aneurismas e dissecções vasculares, quimioterapia intra-arterial, radioblação de tumores, quimioembolização de tumores (procedimento em que se coloca o quimioterápico diretamente no tumor, levando à resultados mais direcionados). Os principais exames de imagem são: RADIOGRAFIA: é uma técnica que utiliza RAIO X para a formação de imagens. → Raios X: É uma radiação ionizante, de alta frequência e comprimento curto, que interagem com a matéria orgânica (nossas células), podendo passar ou serem absorvidas de acordo com a densidade da célula, produzindo imagem no filme. → Filme de Raio X: É feito de cristais de prata, disposto em camadas, inicialmente branco, mas torna- se preto nos locais onde é sensibilizado pelo Raio X. Já os raios absorvidos pelo corpo (em estruturas muito densas, como o osso) não vão chegar ao filme e ele ficará branco nessas regiões. OBS.: o paciente deve ficar mais próximo ao filme do que ao tubo de raio x, de modo a ter uma imagem de dimensões mais próximas às reais. Realização de biópsia em nódulo de mama O médico está realizando o a inserção da agulha para biópsia olhando para a tela onde é projetada a imagem do ultrassom realizado concomitantemente. Assim, ele consegue disparar a agulha dentro do nódulo. agulha nódulo Coloca-se o paciente na frente de um filme e expõe ele aos raios que saem do tubo de Raio X; a interação desses raios com as diferentes partes do corpo geram a imagem no filme. → Nomenclaturas: Hipertransparente/ Radiotrasnparente→ “Preto” Quando o raio atravessa a matéria e atinge o filme. Densidade intermediária→ “Cinza” Quando apenas alguns raios atravessam a matéria. Hipotransparente/ Radiopaco→ “Branco” Quando o raio não atravessa a matéria e não atinge o filme. Radiografia de tórax convencional O pulmão é cheio de ar, pouco denso, e por isso se apresenta hipertransparente (preto); já estruturas como a coluna vertebral, arcos costais, fígado, coração são mais densas, e apresentam-se hipotransparente (branco). A radiografia de tórax é muito feita, pois, as densidades de suas vísceras são bem distintas, diferente do que ocorre no abdome, onde as várias vísceras não sólidas tem densidade mais próximas. diafragma/ fígado bolha gástrica coração pulmão Radiografia de antebraço e mão É possível observar claramente as diferentes “cores” da imagem, que são obtidas em função da densidade. Onde não há material orgânico, o Raio X passou completamente para o filme, então fica totalmente hipertransparente; locais como o osso, sobretudo na camada cortical, são muito densos e os raios ficam retidos, não atingindo e filme e implicando hipotransparência. Em músculos e tecido adiposo, alguns raios conseguem passar e outros não, visto que há uma intensidade intermediária, e com isso o filme fica com coloração acinzentada. OBS.: As estruturas mais densas do nosso corpo são os dentes. Radiografia é o primeiro exame para o sistema musculo esquelético, para artrose, dor articular em geral, fratura, trauma, é o primeiro exame que pedimos OBS.: para identificar direita e esquerda na radiografia, imagine o paciente na sua frente; o lado direito dele é sua esquerda, e o lado esquerdo dele é sua direita. ► VANTAGENS: é geralmente o primeiro método de escolha; é simples, barato, e muito disponível (a maioria dos lugares tem). ► DESVANTAGENS: → sobreposição de estruturas: tudo aparece no mesmo plano (se tenho uma caneta no bolso ou um eletrodo na pele, vai aparecer sem diferenciação de plano); → expõe o paciente à radiação: é importante avaliar sempre a necessidade real de escolher este método, evitando submeter o paciente à risco desnecessário; → limitação de esclarecimento diagnóstico: por vezes, é necessário a solicitação de outro método diagnóstico. RADIOGRAFIA CONTRASTADA: É basicamente um exame de imagem realizado na forma de vídeo, em tempo real, onde os raios são incididos continuamente e concomitantemente a isso o paciente ingere/ injeta o chamado contraste iodado ou baritado a fim de observar seu trajeto pelo sistema em estudo. → o contraste pode ser ingerido por via oral, a fim de avaliar esôfago, estômago, duodeno etc. → o contraste pode ser injetado por via retal, a fim de avaliar cólons, reto etc. → o contraste pode ser injetado por via uretral, a fim de avaliar bexiga. → o contraste pode ser injetado por via uterina, a fim de avaliar o útero, as tubas etc. Radiografia de tórax Percebe-se hipotransparência em 1/3 inferior do pulmão direito. Radiografia de ombro Percebe-se hipotransparência por projétil de arma de fogo em ombro esquerdo, e hipertransparência em Úmero esquerdo, indicativo de trauma. Assim como os projeteis, materiais ortopédicos mostram-se bem brancos e brilhantes na radiografia. MAMOGRAFIA: É uma radiografia de mama feita com equipamento especial, sem uso de contraste, utilizado tanto para rastreio, quanto para diagnóstico de anormalidades em tecido mamário. Para realização do exame, a mama é colocada entre duas pás e recebe Raio X a fim de formar uma imagem. OBS.: o rastreio é feito em toda a população, em pacientes assintomáticas, em busca precoce de alterações; e o exame diagnóstico é feito quando já houve algum achado que necessite investigação. Esofagografia Nessa radiografia de tórax em que o paciente ingeriu contraste, toda a área do esôfago por onde essa substância passa fica opacificada, permitindo a avaliação do trajeto. Dessa forma, é um bom método para avaliar Doença do Refluxo, estenoses e dilatações. Uretrocistografia Inserção de contraste pela uretra para avaliação de bexiga. Histerossalpingografia Utiliza-se muito esse método de injetar o contraste através do colo uterino para avaliar tuba livre, em busca de infertilidade. O contraste inserido, em condições fisiológicas, deve cair na cavidade peritoneal, pois a comunicação tuba-cavidade é o esperado; do contrário, pode ter alguma obstrução na tuba. ► Classificação de BIRADS: (Breast Imaging Reporting Data System) é uma sistematização internacional que uniformiza termos usados no laudo, tal como condutas frente a avaliações mamárias, a fim de maior segurança diagnóstica. Essa classificação é baseada em evidência e envolve 6 classificações de acordo com os achados. TOMOGRAFICA COMPUTADORIZADA: Este exame de imagem consiste em um tubo pelo qual o pacientepassa e é submetido à Raio X em todas as direções, resultando em imagens de diversos segmentos do corpo de forma a acabar com o problema de sobreposição de estruturas encontrado na radiografia convencional. Também é um exame passível de utilização de contraste. OBS.: neste aparelho não há o filme como na radiografia, mas há detector de raios. → Planos de estudo: pode ser formada a imagem com base nos planos → Utilização de contraste: Vai ser utilizado contraste com base de iodo para realçar tecidos; tumores, por exemplo, ficam opacificados frente à substância. Para um exame seguro, é importante sempre verificar alergia à iodo no paciente, tal como verificar se paciente tem boa função renal, pois em pacientes com comprometimento renal (como idosos), há risco de desenvolver nefropatia induzida por contraste. Exame mamográfico A mamografia em questão detecta lesão na mama; além disso, observa-se que a parte clara é o parênquima mamário, e a escura é a gordura. Sagital Coronal Axial/ Transversal sem contraste com contraste → Nomenclaturas: Hipodenso Cor mais escura que a do parênquima. Isodenso Cor igual ou semelhante à do parênquima. Hiperdenso Cor mais clara que a do parênquima. ► VANTAGENS: sem sobreposição, rápido, barato, e disponível (mais que Ressonância Magnética). ► DESVANTAGENS: exposição ainda maior à radiação. OBS.: é um método diagnóstico indicado para avaliação de AVE, estadiamento, TEP, avaliação pulmonar. Todos os métodos de diagnóstico por imagem vistos até agora utilizam radiação ionizante como originadora de imagem. Por isso, é importante saber se o exame sugerido é o mais indicado àquele paciente, os riscos envolvidos à essa exposição, e os cuidados a serem tomados, visto que ela interage com células próprias e pode levar a danos, principalmente a longo prazo, causando efeitos biológicos e acumulativos. Algumas células são mais radiosensíveis: células jovens (constantemente em mitose, momento em que mais podem ser afetada), e células indiferenciadas (glóbulos brancos e vermelhos, que se encontram em constante mitose, além de óvulos e espermatozoides) (constante mitose), óvulos e espermatozoides. Por isso muitas Tomografia de pelve com contraste Cortes multiplanares, com contraste, que permite melhor definição das estruturas (visualizo melhor onde estão os rins, fígado etc. Tomografia axial de abdome Há várias lesões nodulares hipodensas na região do fígado, indicativas de metástase. Tomografia axial contrastada de artéria pulmonar Há ponto hipodenso no meio de região hiperdensa, refletindo um trombo obstrutivo. Logo, esse tipo de exame é o de escolha pra TEP. vezes utiliza-se proteção durante a realização do exame, sobretudo em crianças, como protetores de gônadas, capote de chumbo etc. ► Efeitos da radiação ionizante a CURTO PRAZO: Síndrome Aguda da Radiação, uma síndrome rara resultante, principalmente, de acidentes com essa radiação; leva à náuseas, vomito, desidratação, hemorragias). ► Efeitos da radiação ionizante a LONGO PRAZO: comprometimento genético (espermatozoide com defeito fecunda óvulo e essa característica é passada ao feto), comprometimento somático (como câncer, catarata, leucemias). ULTRASSONOGRAFIA: É um exame descoberto na 2ª guerra mundial, com o desenvolvimento de sonares, e utiliza ondas elétricas de alta frequência, maiores que 20 kHz, acima da nossa capacidade auditiva (por isso ultra som). Esse método não utiliza Raio X, sendo um método muito utilizado em gestantes (ultrassom obstétrico), visto que exames por imagem com radiação ionizante podem prejudicar o feto. → Formação da imagem: A imagem vai se formar a partir do chamado Efeito Piezoelétrico, responsável por formar ondas; o transdutor do aparelho é ligado à energia elétrica, e esta é transformada em energia mecânica, produzindo ondas muito rápidas, de alta frequência. Essas ondas saem do transdutor que está sobre o paciente, batem nos tecidos e voltam para o transdutor. A velocidade com que a onda retorna varia nos diferentes tecidos do corpo, e é o que vai determinar a formação da imagem. → Nomenclaturas: baseada em ecogenicidade Cor mais escura, porém, não totalmente preta, como as estruturas Anecoicas; geralmente caracteriza partes moles. As “bolinhas” pretas do ultrassom de fígado ao lado são hipoecoicas. Ultrassonografia de Rim De cima para baixo, observa-se a pele, tecido subcutâneo, gordura, musculatura da parede abdominal e rim. Hipoecoico Cor mais clara, branca, que surge quando o som bate em uma estrutura e rapidamente volta, não a ultrapassando; geralmente caracteriza cálculos (biliares, renais), ossos. No ultrassom de vesícula ao lado, observa-se o cálculo hiperecoico e abaixo dele uma sombra escura chamada de Sombra Acústica Posterior, comum em ultrassonografia de cálculos. Anecoico Cor totalmente escura, preta, que surge quando não há eco em seu interior, a onda não reflete em nada; geralmente caracteriza estruturas com componentes líquidos, como bexiga, vesícula biliar, cistos, ascite, derrame pleural. Quando há muito ar, também dificulta a reflexão da onda. Quando há líquido, aparece um rastro branco chamado de Reforço Acústico Posterior logo abaixo da estrutura anecoica. Ao lado, exame de bexiga, onde seu conteúdo é anecoico e é possível observar o reforço acústico posterior abaixo. → Efeito Doppler: Este é um método de avaliação de estruturas em movimento, sobretudo as hemácias, de forma a avaliar vasos, velocidade do sangue, fluxo, sentido, obstruções como trombos, doenças arteriais. Logo, fornece informações adicionais ao ultrassom. Ao lado, ultrassom com doppler mostrando dois vasos: um em vermelho, indicando fluxo sanguíneo e outro hipoecoico¸ sem sinais de fluxo, indicando obstrução do vaso. ► VANTAGENS: barato, sem radiação, avaliação em tempo real, disponível e seguro para criança e gestante. ► DESVANTAGENS: difícil exame em pacientes obesos, ruim para avaliar ossos, pulmão, operador dependente (sujeito a erro de operador se não for bem capacitado). OBS.: é um método diagnóstico indicado para avaliação de vesícula biliar, tireoide, músculo esquelético, exame ginecológico, trombose venosa (doppler), exame obstétrico, avaliação de glândulas e para guiar procedimentos como biópsias. Hiperecoico RESSONANCIA MAGNETICA: É um exame que utiliza campo magnético, de modo a magnetizar o íon hidrogênio. Temos vários ions hidrogênio no nosso corpo, dado que ele é cheio de água, e a partir disso são feitos pulsos de radiofrequência que alinham e desalinham esses íons, liberando energia que produzirá a imagem. → Realização do exame: O aparelho utilizado é semelhante ao de Tomografia Computadorizada, mas a realização do exame é bem diferente: na TC, o paciente passa rapidamente pelo aparelho, enquanto na RM, o paciente deve ficar 15 minutos imóvel dentro do aparelho. → Nomenclaturas: termos baseados em intensidade/ sinal Hiposinal/ Baixo Sinal/ Hipointenso→ “Preto” Isossinal/ Sinal Intermediário/ Isointenso→ “Cinza, nem preto, nem branco” Hipersinal/ Alto Sinal/ Hiperintenso→ “Branco” A Ressonância Magnética é diferente da Tomografia Computadorizada, pois a TC faz cortes em secções iguais, enquanto a RM tem estudo em diversas sequencias, entre elas: T1, T2, FLAIR e DIFUSÃO. Ressonância de crânio em T1 Ressonância de crânio em T2 Córtex Isointenso Líquor em T1 Hipointenso Líquor em T2 Hiperintenso T2 T1 Líquidos como líquor, suco biliar, urina, conteúdo de cistos aparecem com baixo sinal nesta sequência. OBS.: pode-se optar por contraste em T1. Líquidos como líquor, suco biliar, urina,conteúdo de cistos aparecem com alto sinal nesta sequência. OBS.: pode-se optar por contraste em T1. líquor hipointenso líquor hiperintenso ► VANTAGENS: ótima resolução, sem radiação ionizante. ► DESVANTAGENS: caro, pouco disponível, mais demorado, incomodo (péssimo para pacientes com claustrofobia), necessitando muitas vezes a sedação do paciente. (MÉTODO MAIS DIFÍCIL) OBS.: é contraindicado para pacientes com qualquer material de metal, sejam acessórios, moedas, relógio, ou próteses metálicas (titânio pode), clips de aneurisma. E é um exame indicado para avaliação de neuroeixo, avaliação de doenças osteoarticulares, avaliação de abdome. CASOS CLINICOS: 1. Sexo masculino, 80 anos, queixa de dor torácica. A radiografia de tórax ao lado mostra uma área de hipotransparência em lobo médio de pulmão esquerdo: o Raio X não conseguiu ultrapassar esse conteúdo, visto que é algo mais denso que o pulmão, fazendo o filme permanecer branco (não foi sensibilizado pelos raios que atingiram aquele conteúdo). DIFUSÃO FLAIR Sequência que avalia unicamente o crânio, em que o líquor é de baixo sinal, mas o parênquima é mais similar à T2 (alto sinal). Sequência muito utilizada no crânio para avaliar AVE, sendo que é a primeira sequência a aparecer alterada frente ao acidente vascular. Onde há células mortas, pus, tumores a região fica em alto sinal e esse local recebe o nome de Restrição à Difusão. restrição à difusão Ressonância de abdome em T2 Também pode ser feito o uso do contrasta de gadolínio para avaliações na RM. Esse conteúdo não piora funções renais, mas também deve ser avaliado seu uso em paciente que não tem função renal boa, pois pode causar Fibrose Sistêmica Nefrogênica, uma doença sem tratamento em que se formam placas de fibrose pelo corpo todo, podendo afetar órgãos e funções importantes. restrição à difusão 2. Sexo masculino, 25 anos, queixa de dor torácica. A radiografia de tórax mostra hipotransparência em hemitórax esquerdo, sugestivo de pneumotórax, além de área de hipotransparência central. OBS.: as “correntes”/ramificações brancas são a trama vascular pulmonar. 3. Sexo masculino, 40 anos, queixa de febre e dispneia. A radiografia do tórax desse paciente revela hipotransparência em todo o hemitórax direito, sugestivo de Derrame Pleural; pontos brancos por todo o tórax, muito redondos e iguais, são eletrodos colocados na pele do paciente; a aérea da traqueia em que ela se divide em brônquio principal direito e esquerdo, quando preenchida por ar, fica mais hipotransparente. A tomografia computadorizada desse paciente mostra hipodensidade em todo o hemitórax direito. Nesse exame, foi feito o uso de contraste (percebo a aorta bem definida, logo à frente da vértebra). aorta traqueia trama pulmonar 4. Sexo feminino, 5 anos, em tratamento para pneumonia há 7 dias sem melhora. Ultrassonografia de pulmão com área anecoica, bem preta, onde todos os ecos passam; em baixo, é possível verificar o reforço acústico posterior. Esse ultrassom é sugestivo de derrame pleural. reforço acústico posterior
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