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Transtornos mentais decorrentes do uso de substâncias psicoativas

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Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica |Consenso de Abuso e Dependência do Álcool 
(2002), da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) | Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) | 
Classificação Internacional de Doenças (CID-10) 
 
1 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
Transtornos mentais decorrentes de 
substâncias psicoativas 
Conceitos Gerais 
Substâncias psicoativas ou drogas 
 Substâncias psicoativas, ou drogas, são substâncias que alteram o comportamento do usuário e o induzem a usá-las 
novamente. São classificadas de acordo com o efeito que causam no cérebro, em depressoras (álcool, inalantes, opioides), 
estimulantes (cocaína, nicotina e anfetamina) e alucinógenas (LSD). 
Abuso de substâncias 
 A característica essencial do abuso de substâncias é um padrão mal adaptativo de uso, manifestado por consequências, 
significativamente danosas e recorrentes, relacionadas ao uso repetido da substância. Em decorrência do abuso, pode haver 
fracasso repetido em cumprir obrigações importantes, uso repetido em situações em que isso apresenta perigo físico, 
problemas legais, sociais e interpessoais.Tais problemas devem ser recorrentes (com recaídas) durante um período de 12 meses. 
 A diferença entre dependência e abuso de substâncias diz respeito à tolerância (aumento na quantidade consumida), à 
abstinência (crise por falta da substância) ou a um padrão de uso compulsivo. Embora um diagnóstico de abuso de substâncias 
seja mais provável em indivíduos que começaram recentemente a consumi-las, alguns indivíduos continuam por longo período 
sofrendo as consequências sociais adversas relacionadas a ela, sem desenvolverem evidências de dependência de substância. 
A categoria “abuso de substância” não se aplica à nicotina e à cafeína. 
Dependência 
 Dependência é a presença de um agrupamento de sintomas psicofisiológicos, indicando que a pessoa continua a usar 
a substância apesar dos problemas significativos relacionados a ela. Há um padrão de uso repetido que, em geral, resulta em 
tolerância, abstinência (dependência física) e comportamento compulsivo de consumo da droga, com impulso irrefreável para 
consumi-la (dependência psicológica). 
Um diagnóstico de dependência de substância pode ser aplicado a toda classe de substâncias, exceto à cafeína. Os 
sintomas de dependência são similares entre as várias categorias de substâncias, mas, para certas classes, alguns são menos 
salientes e, em certos casos, nem todos os sintomas se manifestam. 
São requisitos básicos da dependência: 
1. Forte desejo ou compulsão para consumir a substância; 
2. Dificuldade no controle de consumir a substância em termos do seu início, término ou níveis de consumo; 
3. Estado de abstinência fisiológica quando foi cessado ou reduzido o uso (sintomas de abstinência ou uso da substância 
para aliviá-los); 
4. Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar 
efeitosoriginalmente produzidos por doses mais baixas; 
5. Abandono progressivo de prazeres ou de interesses alternativos em favor do uso da substância psicoativa, aumento do 
tempo necessário para obter ou tomar a substância psicoativa ou para recuperar-se dos seus efeitos; 
6. Persistência no uso da substância a despeito de evidência clara de consequências manifestamente nocivas, como dano 
ao fígado por excesso de álcool, depressão consequente a período de consumo excessivo da substância ou 
comprometimento cognitivo relacionado à droga. 
 
Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica |Consenso de Abuso e Dependência do Álcool 
(2002), da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) | Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) | 
Classificação Internacional de Doenças (CID-10) 
 
2 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
Para haver dependência, deve haver abstinência, comportamento compulsivo de consumo com impulso irrefreável e 
tolerância. O uso diário de substância não é critério para dependência. 
Tolerância 
 Tolerância é a necessidade de crescentes quantidades da substância para atingir o efeito desejado ou um efeito 
acentuadamente diminuído com o uso continuado da mesma quantidade da substância. 
 O grau em que a tolerância se desenvolve varia imensamente. Indivíduos em uso intenso de opioides e estimulantes 
podem desenvolver níveis substanciais (multiplicados por 10) de tolerância. Em geral, a tolerância ao álcool é muito menos 
extrema do que no caso das anfetaminas. Muitos tabagistas consomem mais de 20 cigarros/dia, quantidade que teria produzido 
sintomas de toxicidade quando começaram a fumar. Os indivíduos em uso intenso de maconha, em geral, não têm consciência de 
que desenvolveram tolerância (embora esta tenha sido demonstrada em estudos com animais e em alguns indivíduos). 
Síndrome de abstinência 
 A síndrome de abstinência é uma alteração comportamental mal adaptativa, com elementos fisiológicos e cognitivos, 
que ocorre quando as concentrações de uma substância no sangue e nos tecidos declinam em um indivíduo que manteve uso 
intenso e prolongado dela. Após o desenvolvimento dos sintomas desagradáveis de abstinência, a pessoa tende a consumir a 
substância para aliviá-los ou evitá-los, tipicamente o dia inteiro, começando logo após o despertar. 
Os sintomas de abstinência variam imensamente entre as classes de substâncias, de modo que são oferecidos conjuntos 
separados de critérios de abstinência para a maioria das classes. Sinais acentuados e, com frequência, facilmente mensuráveis de 
abstinência são comuns com álcool, opioides e sedativos, hipnóticos e ansiolíticos. Os sinais e sintomas de abstinência com 
frequência estão presentes, mas podem ser menos visíveis no caso de estimulantes, como anfetaminas, cocaína e nicotina. 
Nenhuma abstinência significativa é vista, mesmo após o uso repetido de alucinógenos. Tolerância e abstinência estão presentes 
na dependência de substâncias e ausentes no abuso de substâncias. 
Intoxicação 
 A intoxicação é o desenvolvimento de uma síndrome reversível específica, ocasionada pela recente ingestão de uma 
substância (ou exposição a ela). Diferentes substâncias podem produzir síndromes similares ou idênticas. Alterações 
comportamentais ou psicológicas clinicamente significativas e mal adaptativas, em razão do efeito da substância sobre o Sistema 
Nervoso Central (SNC – beligerância, instabilidade do humor, prejuízo cognitivo, comprometimento da memória, prejuízo no 
funcionamento social ou ocupacional), que se desenvolvem durante ou logo após o uso da substância. Os sintomasnão são 
atribuídos a uma condição médica geral nem são mais bem explicados por outro transtorno mental. 
Agentes tóxicos Antídotos específicos 
Anticolinérgicos (atropina, ADT) Fisostigmina 
Anticolinesterásico (organofosforados) Atropina 
Benzodiazepínicos Flumazenil 
Cianeto Nitrito de sódio, tiossulfato de sódio 
Metanol Etanol 
Opioides Naloxona 
 
 Na intoxicação por ADT (antidepressivos tricíclicos), pode-se encontrar agitação ou sedação, midríase, taquicardia, 
convulsões generalizadas, perda da consciência, depressão respiratória, arritmia cardíaca, parada cardíaca e morte. Tendo 
em vista a grande afinidade proteica dos ADTs, sua eliminação por diálise ou diurese é muito difícil. 
 Nos casos de intoxicação, indica-se o uso de anticolinesterásicos (fisostigmina ou Prostigmine® intramusculares ou 
intravenosas) e medidas de sustentação geral. Na intoxicação por anticolinesterásico, como os organofosforados, as manifestações 
tóxicas devem-se à inibição da acetilcolinesterase no sistema nervoso. Manifestações muscarínicas incluem miose, lacrimejamento 
aumentado, broncoespasmo, visão turva, broncorreia, diaforese, salivação, bradicardia, hipotensão, incontinência urinária e 
motilidade gastrintestinal aumentada. Manifestaçõesnicotínicas incluem fasciculações, fraqueza muscular, hipotensão, cãibras e 
 
Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica |Consenso de Abuso e Dependência do Álcool 
(2002), da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) | Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) | 
Classificação Internacional de Doenças (CID-10) 
 
3 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
paralisia respiratória. Toxicidade do SNC gera ansiedade, fala pastosa, alterações do estado mental (delirium, coma e convulsões) 
e depressão respiratória. 
Dados epidemiológicos 
Dados epidemiológicos dos transtornos mentais decorrentes de substâncias psicoativas: 
1. 20% da população utiliza substâncias psicoativas no decorrer da vida; 
2. 15%, no mínimo, podem ser classificados como dependentes químicos; 
3. 10 a 12% usam mais de uma droga concomitantemente; 
4. A incidência de dependência química é de duas a seis vezes maior no homem; 
5. A dependência química evolui do álcool para drogas mais pesadas; 
6. 150.000 óbitos/ano por alcoolismo nos Estados Unidos; 
7. 15% dos dependentes químicos cometem suicídio (incidência 20 vezes maior do que na população em geral). 
Álcool 
Mecanismo de ação 
 Quando consumido, o álcool passa pelo estômago e começa a ser absorvido no intestino, caindo na corrente sanguínea. 
Ao passar pelo fígado, começa a ser metabolizado. A 1ª substância formada pelo álcool chama-se acetaldeído, depois convertido 
em acetato por outras enzimas. Essas substâncias, como o álcool excedente, são eliminadas pelos rins. As que, eventualmente, 
voltam ao fígado, são transformadas em água e gás carbônico expelido pelos pulmões. 
 A passagem do intestino para o sangue ocorre conforme a velocidade com que o álcool é ingerido; já o processo de 
degradação do álcool pelo fígado obedece a um ritmo fixo, podendo ser ultrapassado pela quantidade consumida. Quando isso 
ocorre, tem-se a intoxicação pelo álcool (estado de embriaguez). 
 Como a quantidade de enzimas é regulável, um indivíduo em uso contínuo de álcool acima do necessário produzirá mais 
enzimas metabolizadoras do álcool,tornando-se mais “resistente” a ele. A presença de alimentos no intestino lentifica a absorção 
do álcool. Apesar de ser altamente calórico, o álcool não fornece material estocável, assim a energia oferecida é utilizada enquanto 
ele circula ou é perdida. 
 O dano físico direto do álcool sobre o cérebro é um fato inquestionavelmente confirmado. A parte mais afetada costuma 
ser o córtex pré-frontal, responsável pelas funções intelectuais superiores, como raciocínio, capacidade de abstração de conceitos 
e lógica. Os mesmos estudos que investigam as imagens do cérebro identificam uma correspondência linear entre a quantidade de 
álcool consumida ao longo do tempo e a extensão do dano cortical. 
 Quanto mais álcool, maior o dano. Depois do córtex, as áreas envolvidas são as relacionadas com a memória e o 
cerebelo, que é a parte responsável pela coordenação motora. O estresse oxidativo, decorrente do metabolismo do etanol, produz 
alto nível intracelular de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, que são os pontos cardiais da patogênese de uma série de 
complicações clínicas relacionadas ao álcool, como hepatopatia alcoólica, pancreatopatia alcoólica, miocardiopatia 
alcoólica, alterações hematológicas etc. A peroxidação de lipídios, formando ácidos graxos, também contribui com as lesões 
orgânicas advindas do metabolismo do álcool. A ação do etanol interfere em macromoléculas celulares, em ácidos nucleicos e na 
cascata de sinalização intra e extracelular, altera as mitocôndrias e produz dano no retículo endoplasmático, no DNA e nos 
ribossomos. 
Intoxicação 
 Os estados de intoxicação e embriaguez normalmente são obtidos de modo voluntário. Neles, a pessoa tem alteração da 
fala (fala arrastada), incoordenação motora, ataxia, nistagmo, prejuízos na memória e atenção, estupor ou coma nos casos 
mais extremos. 
 
Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica |Consenso de Abuso e Dependência do Álcool 
(2002), da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) | Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) | 
Classificação Internacional de Doenças (CID-10) 
 
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 Em geral, junto a essas alterações neurológicas, apresenta-se um comportamento inadequado ou impróprio da pessoa 
intoxicada. 
 O tratamento consiste em medidas gerais de suporte à vida e atenção para trauma cranioencefálico e 
broncoaspiração de vômitos, bastante comuns. O intoxicado deve receber, sempre, tiamina antes do início do soro glicosado, 
para prevenir complicações como a Síndrome de Wernicke-Korsakoff (SWK). 
Embriaguez patológica é uma condição em que, com ingestão de pequenas doses de álcool, há comportamento violento, 
crepuscularização da consciência e amnésia lacunar. 
Abuso 
 O critério de abuso existe para caracterizar as pessoas com eventuais problemas em razão de consumos excessivos de 
álcool em curtos períodos de tempo. 
Para o diagnóstico, é preciso que o paciente esteja tendo problemas com álcool durante, pelo menos, 12 meses e apresente, pelo 
menos, uma das seguintes situações: 
1. Prejuízos significativos no trabalho, na escola ou na família, como faltas ou negligências nos cuidados com os filhos; 
2. Exposição a situações potencialmente perigosas, como dirigir ou manipular máquinas perigosas embriagado; 
3. Problemas legais, como desacato a autoridades ou a superiores; 
4. Persistência no uso de álcool, apesar do apelo das pessoas próximas para que interrompa o uso. 
Dependência 
 Para o diagnóstico de dependência alcoólica, é preciso que o usuário venha tendo problemas decorrentes do uso de 
álcool durante 12 meses seguidos e preencher, ao menos, três dos seguintes critérios (Classificação Internacional de 
Doenças – CID-10): 
1. Tolerância ao álcool: marcante aumento da quantidade ingerida para produção do mesmo efeito obtido no início ou 
marcante diminuição dos sintomas de embriaguez ou, ainda, outros resultantes do consumo de álcool, apesar da contínua 
ingestão; 
2. Sinais de abstinência: após a interrupção do consumo de álcool, o indivíduo passa a apresentar sudorese excessiva, 
aceleração do pulso (acima de 100), tremores nas mãos, insônia, náuseas e vômitos, agitação psicomotora, ansiedade, 
convulsões e alucinações táteis. A reversão desses sinais com a reintrodução do álcool comprova a abstinência; 
3. O dependente de álcool, geralmente, bebe mais do que planejava; 
4. Persistente desejo de voltar a beber ou incapacidade de interromper o uso; 
5. Emprego de muito tempo para obter a bebida ou recuperar-se do seu efeito; 
6. Persistência na bebida, apesar dos problemas e dos prejuízos gerados, como perda do emprego e das relações 
familiares. 
Outro instrumento cada vez mais utilizado para avaliação de dependência ao álcool é o questionário CAGE. Ele é composto por 
quatro perguntas, de fácil memorização, sendo bastante preciso para identificar pacientes dependentes de álcool, conforme a 
definição dos critérios diagnósticos. Duas respostas afirmativas sugerem indicação positiva de dependência de álcool. As 
perguntas são: 
1. Cut down (diminuir): você já pensou em largar a bebida? 
2. Annoyed (aborrecido): você já ficou aborrecido quando outras pessoas criticaram o seu hábito de beber? 
3. Guilt (culpa): você já se sentiu mal ou culpado pelo fato de beber? 
4. Eye-opening (ao despertar): você já bebeu pela manhã para ficar mais calmo ou se livrar de uma ressaca? 
Diante de um caso de dependência, ainda podemos categorizar cada indivíduo de acordo com a classificação de Cloninger, que 
toma por base a epidemiologia e a genética do dependente, servindo para identificar comportamentos e estabelecer melhor 
abordagem terapêutica para o alcoolismo. Cloninger classificouo alcoolismo em dois tipos: 
• Alcoolismo tipo I ou alcoolismo decorrente do meio, que é a forma mais frequente, com igual equivalência em ambos 
os sexos, de progressão lenta e de início após os 20 anos de idade, associada à personalidade passivo-dependente. 
 
Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica |Consenso de Abuso e Dependência do Álcool 
(2002), da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) | Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) | 
Classificação Internacional de Doenças (CID-10) 
 
5 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
• Alcoolismo tipo II, que foi definido como o alcoolismo exclusivamente masculino, com início antes dos 20 anos de 
idade, de rápida progressão para a dependência em sujeitos muito impulsivos, e com tendência à personalidade 
antissocial. 
Abstinência 
 A síndrome de abstinência constitui-se no conjunto de sinais e sintomas observados nas pessoas que interrompem o 
consumo de álcool após longo e intenso uso. As formas mais leves de abstinência apresentam-se com tremores, aumento da 
sudorese, aceleração do pulso, insônia, náuseas e vômitos e ansiedade depois de 6 a 8 horas desde a última bebida. 
A síndrome de abstinência leve limita-se a tremores, insônia e irritabilidade. A síndrome de abstinência torna-se mais perigosa com 
o surgimento do delirium tremens. Graus de abstinência dos transtornos mentais orgânicos: 
I. Ansiedade, irritabilidade. 
II. Grau I e alucinações. 
III. Grau II e convulsões. 
IV. Delirium tremens 
Delirium Tremens 
 O delirium tremens é uma forma mais intensa e complicada da abstinência, que se inicia, geralmente, após 72 horas 
da última ingesta. Delirium é um diagnóstico inespecífico em Psiquiatria, que designa estado de confusão mental (a pessoa não 
sabe onde está, em que dia está, não consegue prestar atenção em nada, tem comportamento desorganizado, além de fala 
desorganizada ou ininteligível, e à noite pode ficar mais agitada do que durante o dia). 
A abstinência e várias outras condições médicas não relacionadas ao alcoolismo podem causar esse problema. Um traço 
comum no delirium tremens, mas nem sempre presente, são as alucinações táteis e visuais, em que o paciente vê insetos ou 
animais asquerosos próximos ou pelo seu corpo, podendo levá-lo a um estado de agitação violenta. Trata-se de uma condição 
potencialmente fatal, principalmente nos dias quentes e nos pacientes debilitados. A fatalidade, quando ocorre, é atribuída ao 
distúrbio hidroeletrolítico. 
Tratamento 
 Segundo o projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira, de 2012, e o Consenso de Abuso e Dependência do Álcool, 
da ABP, de 2002: 
1. Reposição vitamínica: tiamina intramuscular, nos primeiros 7 a 15 dias; após esse período, por via oral. Doses de 300 
mg/d de tiamina são recomendadas com o objetivo de evitar a SWK, que cursa com ataxia, confusão mental e 
anormalidades de movimentação ocular extrínseca (esta última, nem sempre presente); 
2. Benzodiazepínicos: a prescrição deve basear-se em sintomas. Dessa forma, as doses recomendadas são as que, em 
média, o paciente pode receber em determinado dia. O diazepam é usado na dose de 20 mg/d VO, com retirada gradual 
ao longo de 1 semana. O clordiazepóxido pode ser usado até 100 mg/d VO, com retirada gradual ao longo de 1 semana. 
Nos casos de hepatopatias graves: lorazepam 4 mg/d VO, com retirada gradual em 1 semana. 
Deve-se sempre administrar tiamina antes da glicose no tratamento da abstinência, para evitar a síndrome de Wernicke-
Korsakoff. 
Tratamento das complicações 
1. Convulsões: a maioria das crises é do tipo tônico-clônica generalizada. As crises convulsivas correspondem à 
manifestação relativamente precoce da abstinência; mais de 90% ocorrem até 48 horas após a interrupção do uso de 
álcool (pico entre 13 e 24 horas) e estão associadas à evolução para formas graves de abstinência. Cerca de 1/3 dos que 
apresentam crises evolui para delirium tremens, se não tratado. Em 40% dos casos, as crises ocorrem isoladamente. 
Nos pacientes que apresentam mais de uma crise, ocorrem, em geral, em número limitado. O diazepam (ou um 
 
Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica |Consenso de Abuso e Dependência do Álcool 
(2002), da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) | Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) | 
Classificação Internacional de Doenças (CID-10) 
 
6 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
benzodiazepínico de ação longa) é a medicação de escolha, na dose de 10 ou 20 mg VO. O uso intravenoso é 
especialmente indicado durante os episódios convulsivos; 
2. Delirium tremens: forma grave de abstinência, geralmente se inicia entre 1 e 4 dias após a interrupção do uso de álcool, 
até 3 ou 4 dias. Caracteriza-se por rebaixamento do nível de consciência, com desorientação, alterações sensoperceptivas, 
tremores e sintomas autonômicos (taquicardia, elevação da pressão arterial e da temperatura corporal). Doses elevadas 
de benzodiazepínico são necessárias, mas o uso associado de neurolépticos é, em maior parte, indicado. O 
tratamento farmacológico inclui diazepam, 60 mg/d (ou lorazepam, até 12 mg/d, em casos de hepatopatia grave) e 
haloperidol, 5 mg/d. 
Efeitos crônicos 
Os alcoólatras crônicos podem desenvolver algum problema grave de memória. Há dois desses tipos: a chamada SWK e a demência 
alcoólica. 
Wernicke-Korsakoff (síndrome amnésica) 
 A SWK caracteriza-se por incoordenação motora, movimentos oculares rítmicos, como durante uma leitura (nistagmo), 
e paralisia de certos músculos oculares, provocando algo parecido ao estrabismo para quem antes não o possuía. Além desses 
sinais neurológicos, o paciente pode estar em confusão mental, ou, se com a consciência clara, apresentar prejuízos evidentes 
na memória recente (não consegue gravar o que o examinador falou 5 minutos antes). Muitas vezes, para preencher as lacunas 
da memória, o indivíduo inventa histórias (a isso se chama fabulação). 
 Tal quadro deve ser considerado emergência, pois requer imediata reposição da vitamina B1 (tiamina) para evitar o 
agravamento da situação. Os sintomas neurológicos, já citados, são rapidamente revertidos com a reposição da tiamina, mas o 
déficit da memória pode tornar-se permanente. 
Síndrome demencial alcoólica 
A síndrome demencial alcoólica é semelhante à demência propriamente dita, como a de Alzheimer. No uso intenso e 
prolongado, mesmo sem a SWK, o álcool pode provocar lesões difusas no cérebro, prejudicando, além da memória, a 
capacidade de julgamento, de abstração de conceitos; a personalidade pode alterar-se; todo o comportamento fica prejudicado. A 
pessoa torna se incapaz de se sustentar. 
Tratamento 
 Segundo o projeto Diretrizes da Associação Médica Brasileira, de 2012, o tratamento é complexo, pois depende, 
principalmente, da motivação do indivíduo para parar de beber. Podem-se usar medicações (naltrexona, acamprosato) para 
diminuir o desejo pelo álcool, e devem-se prevenir recaídas, especialmente, com consultas próximas, psicoterapia ou grupos de 
ajuda. A internação deve ocorrer se o paciente não consegue parar de beber e apresenta danos físicos que o coloquem em 
risco, se tem outro transtorno psiquiátrico associado em estado grave ou se as recaídas são muito constantes. 
Cocaína 
Mecanismo de ação 
Ocorre bloqueio da recaptação de dopamina, aumentando tal substância na fenda sináptica. Há, então, aumento da 
transmissão de estímulos da sensibilidade e do número de receptores. A dopamina aumenta a atividade psicomotora, provoca 
comportamentos estereotipados e reduz o consumo de alimentos, além de estar relacionada aos centros límbicos, 
responsáveis pelo prazer. 
 
Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica |Consenso de Abuso e Dependência do Álcool 
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7 PSIQUIATRIA | INTERNATO | Eva Gabryelle Vanderlei Carneiro 
Intoxicação aguda 
Os sintomas mais comuns são: 
1. Taquicardia ou, menos frequentemente, bradicardia; 
2. Midríase, tornando mais difícil estar em ambientes claros; 
3. Elevação da pressão sanguínea ou, menos constantemente, diminuição da pressão; 
4. Calafrios, náuseas e vômitos; 
5. Perda de peso consequente à anorexia; 
6. Agitação psicomotora ou, menos frequentemente, retardo psicomotor; 
7. Dores musculares, diminuição da capacidade respiratória e arritmias cardíacas; 
8. A relação entre o consumo de cocaína e infarto do miocárdio vem sendo estudada. 
 Tanto o crack como a merla também são derivados da coca, com efeitos semelhantes. Porém, a via de uso dessas duas 
formas confere diferenças importantes; assim que fumados (crack e merla), alcançam o pulmão, que é intensivamente vascularizado 
e apresenta grande superfície, levando à absorção instantânea. Caem quase imediatamente na circulação, chegando rapidamente 
ao cérebro, aparecendo os efeitos da cocaína muito mais rapidamente que por outras vias. Pela via pulmonar, os primeiros efeitos 
já ocorrem em 10 a 15 segundos; pela via inalatória, após 10 a 15 minutos e, pela via intravenosa, em 3 a 5 minutos. A duração dos 
efeitos, contudo, é muito rápida: em torno de 5 minutos, ao passo que, após injetar ou cheirar, é de cerca de 20 a 45 minutos, 
respectivamente. Essa duração efêmera dos efeitos faz que o usuário volte a utilizar a droga com mais frequência (praticamente a 
cada 5 minutos) por essa via do que pelas outras, gerando compulsão, popularmente denominada “fissura” , uma vontade 
incontrolável de sentir os efeitos de prazer provocados pela droga. Uma dose alta da droga pode desencadear um quadro de 
overdose, ou seja, falência de um ou mais órgãos, com alto risco de morte. A overdose pode acometer tanto usuários crônicos 
quanto eventuais. A dose letal é incerta, dependendo de fatores como tolerância e pureza da droga consumida. Ocorre aumento do 
tônus simpático por bloqueio da recaptação das monoaminas no SNC. 
Os sintomas mais comuns na overdose são: 
1. Agitação psicomotora; 
2. Arritmia cardíaca; 
3. Angina ou infarto agudo do miocárdio; 
4. Acidente vascular cerebral; 
5. Convulsões. 
Abstinência 
 A interrupção do uso contínuo de cocaína é, em geral, seguida de uma crise que pode ser vista como síndrome de 
abstinência, na qual a exaltação dá lugar a apreensão, depressão profunda, sonolência e inércia. A abstinência pode durar 
até 10 semanas, e são frequentes as recaídas. A cocaína possui ação parecida com a dos antidepressivos, portanto, a 
abstinência dela leva a sintomas depressivos. 
Efeitos crônicos 
 Síndrome psicótica com delírios paranoides, alucinações visuais e auditivas e ideias de autorreferência. Nas grávidas que 
usam cocaína, foram descritos efeitos teratogênicos, incluindo anormalidades do trato urinário e deformidade dos membros. 
Tratamento 
 Tratam-se, basicamente, sintomas depressivos, ansiosos ou psicóticos produzidos pela droga ou pela abstinência. O 
tratamento é sintomático e de manutenção; na psicose cocaínica, aplica-se haloperidol (5 mg IM ou VO, a cada 6 horas) ou 
tioridazina (25 a 50 mg, a cada 8 horas). 
 
Compêndio de Psiquiatria: Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica |Consenso de Abuso e Dependência do Álcool 
(2002), da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) | Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) | 
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Cannabis (maconha) 
Intoxicação 
 Durante a fase de intoxicação, o usuário apresenta hiperemia ocular, aumento do apetite, xerostomia e taquicardia. 
Acontece, ainda, aumento da sensibilidade aos estímulos externos, revelando cores e detalhes antes não percebidos. A 
percepção do tempo também é afetada, passando a ser sentido como se estivesse mais lento. Sensações de que o mundo está 
diferente, distante ou de que houve uma mudança em si mesmo, como se não fosse a mesma pessoa ou se estivesse sonhando, 
também podem ocorrer. 
Como efeito imediato, há prejuízo na memória de curto prazo, na atenção e na capacidade de recordação e de 
retenção do conhecimento. Há dificuldade para a realização de tarefas que apresentem múltiplas etapas. A capacidade de traduzir 
em palavras o que se pensa também fica lesada. Além disso, as capacidades motoras ficam prejudicadas, como a de exercer a 
força muscular original. Inibição dos reflexos, incoordenação e desequilíbrio podem acontecer em doses mais altas. 
Efeitos em longo prazo 
 Têm sido muito estudados os prejuízos permanentes que a maconha pode causar após o uso intenso durante tempo 
prolongado (mais de 10 anos). Os achados não são conclusivos; não se pode, por enquanto, confirmar nem descartar efeitos como 
a síndrome amotivacional (indivíduo apático, sem persistência em seus objetivos), embora ela se manifeste em muitos usuários. 
 Os testes neuropsicológicos não puderam detectar prejuízos, assim como os testes de imagens. A ausência de 
alterações nos exames não pode ser considerada ausência de prejuízo; é possível que este só aconteça a uma parte dos usuários, 
ou que os instrumentos e as técnicas de pesquisa ainda não sejam capazes de localizar o problema. 
Dependência e abstinência 
 A maioria não se torna dependente, e a minoria desenvolve síndrome de uso compulsivo da droga. Na abstinência, os 
sintomas sãoirritabilidade, insônia, tremores, visão turva e incoordenação dos movimentos. 
Tratamento 
 O tratamento baseia-se nos mesmos princípios de outras drogas. Deve-se incentivar a abstinência e tratar seus efeitos 
sintomaticamente. Grupos de apoio e psicoterapia são de grande ajuda. 
Opioides 
Definição 
 Opioide é um termo designado para qualquer substância (endógena ou sintética) similar à morfina. São elas: heroína, 
ópio, codeína, metadona, fentanila e meperidina. 
Intoxicação aguda 
 Pode haver sonolência e até inconsciência, miose, depressão respiratória, resposta reduzida à dor, bradicardia, convulsões 
e coma. Tríade clássica: coma, pupilas “em ponta de alfinete” e depressão respiratória. Trata-se de uma emergência, 
devendo-se garantir suporte à vida e medicar o paciente com naloxona (antagonista opioide). 
 
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Dependência e abstinência 
 A tolerância desenvolve-se rapidamente. Todavia, os sintomas de abstinência sucedem unicamente com uso crônico 
e parada abrupta. Na abstinência ocorrem sudorese, midríase, ansiedade e fissura, lacrimejamento, rinorreia, tremores, 
diarreia, náuseas e vômitos, dor muscular e nas articulações, taquicardia, aumento da pressão arterial, calafrios e insônia. 
Tratamento e complicações 
 A metadona pode evitar sintomas de abstinência. As complicações são atribuídas ao uso intravenoso (tromboflebites, 
úlceras, meningite bacteriana, hepatites e HIV) e podem ser evitadas, por exemplo, com agulhas descartáveis. 
Inalantes 
Intoxicação aguda 
 Incidem euforia, desinibição, zumbidos, ataxia, risos imotivados e fala pastosa. Com doses mais altas, podem ocorrer 
arritmia cardíaca, depressão do SNC com convulsões, coma e morte. 
Efeitos em longo prazo 
 Não há evidências de tolerância ou abstinência. As principais complicações crônicas são atrofia cortical e cerebelar, 
insuficiência renal crônica e hepatite tóxica. 
Sedativos e hipnóticos 
(benzodiazepínicos) 
Abstinência 
 A abstinência tem início de 2 a 10 dias após a parada do uso.Podem advir irritabilidade, insônia, tremores, sudorese, 
palpitação, cefaleia, dores musculares e déficits de memória. Os benzodiazepínicos não são indicados por períodos 
prolongados, devendo-se diminuir gradualmente a sua dosagem, até a retirada do medicamento. 
Efeitos em longo prazo 
 O risco de dependência é muito grande, e podem ocorrer piora da memória e da coordenação motora, sonolência, tontura, 
quedas e fraturas. Benzodiazepínicos devem ser sempre introduzidos por curto espaço de tempo, para evitar dependência. 
Alucinógenos 
Definição 
 Os alucinógenos são substâncias naturais (cogumelos) e sintéticas (LSD) que causam alucinações e perda de 
contato com a realidade. Os principais efeitos ocorrem no sistema serotoninérgico. A tolerância desenvolve-se rapidamente, 
mas não existe dependência ou abstinência. 
 
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Intoxicação aguda 
 Podem ocorrer ansiedade, ideação paranoide, medo de perder o juízo, despersonalização, desrealização, 
comprometimento da crítica, ilusões, alucinações, midríase, taquicardia, sudorese, visão turva, tremores e incoordenação motora. 
Efeitos em longo prazo 
 Mesmo com pouco ou único uso, pode haver fenômeno de flashback (alucinações dias após a ingestão), transtorno 
psicótico prolongado e bad trip (pânico, depressão e comportamento suicida). 
Anfetaminas 
Definição 
 A mais conhecida é a metanfetamina, ou ecstasy, de uso recreativo. Porém, as anfetaminas também podem ser utilizadas 
para o tratamento de doenças psiquiátricas, como o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. 
Intoxicação 
 O indivíduo sob sua ação tem insônia, inapetência, sente-se cheio de energia e fala mais rápido. Quem toma 
anfetaminas é capaz de executar uma atividade qualquer por mais tempo, sentindo menos cansaço, o qual só aparece horas 
mais tarde, quando a droga já não está mais presente no organismo; com uma nova dose, as energias voltam, embora com menos 
intensidade. De qualquer modo, as anfetaminas fazem que o organismo reaja além de suas capacidades, exercendo esforços 
excessivos, o que, logicamente, é prejudicial à saúde. 
 Causam midríase, taquicardia e aumento da pressão sanguínea (crise hipertensiva). Se uma pessoa exagera na 
dose fica mais agressiva, irritadiça, começa a suspeitar de que outros estão tramando contra ela (delírio persecutório). Os 
sinais físicos ficam também muito evidentes: midríase acentuada, pele pálida devido à contração dos vasos sanguíneos e 
taquicardia. Tais intoxicações são graves, e a pessoa, geralmente, precisa ser internada até a desintoxicação completa. Algumas 
vezes, durante a intoxicação, a temperatura aumenta muito, o que é bastante perigoso, pois pode levar a convulsões. 
Abstinência 
 Chega a atingir quase 90% dos usuários. A pessoa sente grande falta de energia (astenia), tornando-se bastante 
deprimida, ansiosa e agitada. 
Nicotina 
Mecanismo de ação e intoxicação 
A nicotina age como agonista nicotínico de receptores de acetilcolina. Na intoxicação, podem ocorrer cefaleia, náuseas e 
tontura. 
Abstinência 
Ocorrem humor disfórico ou deprimido, insônia, irritabilidade, ansiedade, inquietação e dificuldade de concentração. Dentre as 
perturbações físicas, estão bradicardia e aumento do apetite e do peso. 
 
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Tratamento 
 De acordo com uma publicação de 2018, do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 428 pessoas morrem por dia no Brasil 
em decorrência do tabagismo, contabilizando 12,6% de todas as mortes registradas no país. Ao todo, 156.216 mortes poderiam ser 
evitadas todos os anos, caso o uso de tabaco fosse eliminado. O INCA ainda aponta que R$56,9 bilhões são perdidos a cada ano 
em função de despesas médicas e perda de produtividade decorrentes do tabaco. 
A avaliação global do paciente e do grau de dependência a nicotina é fundamental para estabelecer um planejamento 
terapêutico na cessação do tabagismo. A avaliação é feita pelo questionário de tolerância de Fagerström, que também ajuda na 
tomada de decisão sobre a conduta individualizada. Recomenda-se o tratamento farmacológico a todo fumante acima de 18 
anos, com consumo maior do que 10 cigarros/dia, sendo essa uma medida efetiva para a cessação do tabagismo. 
Verifica-se o grau de interesse do paciente em parar de fumar, de acordo com o modelo que o classifica em fases 
motivacionais comportamentais: pré-contemplativa (não quer parar de fumar), contemplativa (pensa em parar de fumar), ativa 
(preparado para iniciar tratamento), manutenção e recaída (voltou a fumar). 
Deve-se avaliar o grau de dependência à nicotina, saber sobre experiência pregressa com fármacos para tabagismo e 
considerar a presença de comorbidades. A prescrição deve considerar todos esses aspectos acrescidos das contraindicações, 
efeitos colaterais e precauções para o uso. 
Para tratamento, segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de Dependência de Nicotina, podem ser usados: 
1. Adesivos de nicotina: 21 mg, 14 mg e 7 mg, em 24 horas, e 15 mg, 10 mg e 5 mg, em 16 horas. A dose deve ser prescrita 
considerando-se o consumo médio de cigarros/dia, variando de 14 a 21 mg/d, com o objetivo de controlar os sintomas de 
abstinência, podendo aumentar a dose a critério médico; 
2. Goma de nicotina ou pastilhas: 4 e 2 mg. Fumantes de 25 cigarros ou mais devem utilizar gomas ou pastilhas de 4 mg e 
fumantes de menos de 25 cigarros/dia devem utilizar gomas de 2 mg. As gomas devem ser consumidas a cada 1 ou 2 horas ao 
longo de 6 semanas, com redução progressiva do consumo até a 14ª semana; 
3. Bupropiona: comprimidos de 150 mg de cloridrato de bupropiona de liberação prolongada. Iniciar com 150 mg, 1x/d, no quarto 
dia prescrever 150 mg, 2x/d, usualmente por 12 semanas; 
4. Vareniclina: comprimidos de 0,5 e 1 mg de tartarato de vareniclina. Iniciar com 0,5 mg, 1x/d. No quarto dia, prescrever 0,5 mg, 
2x/d, no sétimo dia prescrever 1 mg, 2x/d, por 12 ou 24 semanas. 
 A terapia com bupropiona e vareniclina não requer cessação imediata do tabagismo. Recomenda-se a interrupção 
deste a partir do oitavo dia após o início desses medicamentos. 
Embora não tenham aprovação do Food and Drug Administration (FDA) para tratamento do tabagismo e provoquem muitos 
efeitos colaterais, existe evidência científica de que a nortriptilina e a clonidina sejam superiores ao placebo no tratamento do 
tabagismo, podendo contribuir em situações em que não se podem utilizar os medicamentos considerados de primeira linha 
mencionados. 
 
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