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APG – Globo ocular OBJETIVOS 1. Compreender a anatomia e fisiologia do olho 2. Entender a histologia do globo ocular 3. Relacionar o trajeto do nervo óptico com a formação da imagem 4. Citar quais alterações geram os distúrbios da visão - Miopia, Astigmatismo, Hipermetropia e Presbiopia Anatomia e Fisiologia Órbitas As órbitas são cavidades ósseas no esqueleto da face. As paredes mediais das duas órbitas, separadas pelos seios etmoidais e pelas partes superiores da cavidade nasal, são quase paralelas, enquanto as paredes laterais formam um ângulo quase reto (90°). As órbitas e a região da órbita anterior a elas contêm e protegem os bulbos dos olhos e as estruturas acessórias da visão, que são: •Pálpebras, que limitam as órbitas anteriormente e controlam a exposição da região anterior do bulbo do olho •Músculos extrínsecos do bulbo do olho, que posicionam os bulbos dos olhos e levantam as pálpebras superiores •Nervos e vasos no trajeto para os bulbos dos olhos e músculos •Fáscia orbital circundando os bulbos dos olhos e os músculos •Túnica mucosa (conjuntiva) que reveste as pálpebras e a face anterior dos bulbos dos olhos e a maior parte do aparelho lacrimal, que a lubrifica. Músculos Extrínsecos Os músculos que movimentam os bulbos dos olhos são chamados de músculos extrínsecos dos olhos porque se originam fora dos bulbos dos olhos (na órbita) e se inserem na face externa da esclera. Os músculos extrínsecos dos olhos estão entre os músculos esqueléticos de contração mais rápida e controle mais preciso do corpo. Todos os movimentos exigem a ação de diversos músculos no mesmo olho, que se auxiliam, como sinergistas, ou se opõem, como antagonistas. Músculos que são sinérgicos para uma ação podem ser antagonistas para outra. Por exemplo, nenhum músculo isolado pode elevar a pupila diretamente a partir da posição primária. Os dois elevadores (músculos RS e OI) atuam de modo sinérgico para fazer isso. No entanto, esses músculos são antagonistas na rotação e neutralizam-se mutuamente, de modo que não há rotação quando eles atuam juntos para elevar a pupila. Bulbo do olho Bulbo do olho O bulbo do olho contém o aparelho óptico do sistema visual (Figura 8.45A). Ocupa a maior parte da porção anterior da órbita, suspenso por seis músculos extrínsecos que controlam seu movimento e por um aparelho suspensor da fáscia. Tem diâmetro aproximado de 25 mm. Todas as estruturas anatômicas no bulbo do olho têm disposição circular ou esférica. O bulbo do olho propriamente dito tem três túnicas; entretanto, há outra camada de tecido conjuntivo frouxo que circunda o bulbo do olho, sustentando-o dentro da órbita. A camada de tecido conjuntivo é composta posteriormente pela bainha do bulbo do olho (cápsula de Tenon), que forma a verdadeira cavidade para o bulbo do olho, e anteriormente pela túnica conjuntiva do bulbo. A bainha do bulbo do olho é a parte mais substancial do aparelho suspensor. Uma lâmina de tecido conjuntivo muito frouxo, o espaço episcleral (um espaço virtual) situa-se entre a bainha do bulbo do olho e a túnica externa do bulbo do olho, facilitando os movimentos do bulbo do olho na bainha. As três túnicas do bulbo do olho são: 1.Túnica fibrosa (camada externa), formada por esclera e córnea 2.Túnica vascular (camada intermédia), formada por corioide, corpo ciliar e íris 3.Túnica interna (camada interna), formada por retina, que tem partes óptica e não visual. TÚNICA FIBROSA DO BULBO DO OLHO A túnica fibrosa do bulbo do olho é o esqueleto fibroso externo, que garante a forma e a resistência. A esclera é a parte opaca resistente da túnica fibrosa do bulbo do olho que cobre os cinco sextos posteriores do bulbo do olho. É o local de inserção dos músculos extrínsecos (extraoculares) e intrínsecos do bulbo do olho. A parte anterior da esclera é visível através da túnica conjuntiva do bulbo transparente como “a parte branca do olho”. A córnea é a parte transparente da túnica fibrosa que cobre a sexta parte anterior do bulbo do olho. A convexidade da córnea é maior do que a da esclera e, portanto, ela parece protrair-se do bulbo do olho quando vista lateralmente. As duas camadas diferem principalmente em termos da regularidade da organização das fibras colágenas que as compõem e do grau de hidratação de cada uma. Enquanto a esclera é relativamente avascular, a córnea é totalmente avascular e nutrida por leitos capilares periféricos e líquidos existentes sobre suas faces externa e interna (líquido lacrimal e humor aquoso, respectivamente). O líquido lacrimal também provê oxigênio absorvido do ar. A córnea é muito sensível ao toque; sua inervação é realizada pelo nervo oftálmico (NC V1). Mesmo corpos estranhos muito pequenos (p. ex., partículas de poeira) levam a pessoa a piscar, ao fluxo de lágrimas e, às vezes, à dor intensa. Sua nutrição provém dos leitos capilares em sua periferia, o humor aquoso e https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527734608/epub/OEBPS/Text/chapter08.html#fig8-45 o líquido lacrimal. O líquido lacrimal também provê oxigênio absorvido do ar. O ressecamento da superfície da córnea pode causar ulceração. O limbo da córnea é o ângulo formado pela interseção das curvaturas da esclera e da córnea na junção corneoescleral. A junção é um círculo translúcido, cinza, com 1 mm de largura que inclui várias alças capilares que participam da nutrição da córnea avascular. TÚNICA VASCULAR DO BULBO DO OLHO A túnica vascular do bulbo do olho (também denominada úvea ou trato uveal) é formada pela corioide, pelo corpo ciliar e pela íris. A corioide, uma camada marrom-avermelhada escura, está situada entre a esclera e a retina. Nesse leito vascular pigmentado e denso, os vasos maiores estão localizados externamente (perto da esclera). Os vasos mais finos (a lâmina capilar da corioide ou corioideocapilar, um leito capilar extenso) são mais internos, adjacentes à camada fotossensível avascular da retina, que supre com oxigênio e nutrientes. A corioide é ingurgitada com sangue nos seres vivos (tem a maior taxa de perfusão por grama de tecido de todos os leitos vasculares do corpo). Consequentemente, essa camada é responsável pelos “olhos com reflexo vermelho” observados em fotografias com flash. O corpo ciliar é um espessamento anular da camada posterior ao limbo da córnea, que é muscular e vascular. Une a corioide à circunferência da íris. O corpo ciliar é o local de inserção da lente. A contração e o relaxamento do músculo liso circular do corpo ciliar controlam a espessura e, portanto, o foco da lente. Pregas na face interna do corpo ciliar, os processos ciliares, secretam humor aquoso. O humor aquoso, um líquido aquoso transparente, ocupa o segmento anterior do bulbo do olho, o interior do bulbo anterior à lente, ao ligamento suspensor e ao corpo ciliar. A íris, que literalmente está sobre a face anterior da lente, é um diafragma contrátil fino com uma abertura central, a pupila, para dar passagem à luz. Quando uma pessoa está acordada, o tamanho da pupila varia continuamente para controlar a luz que entra no olho. Dois músculos involuntários controlam o tamanho da pupila: o músculo esfíncter da pupila circular, estimulado pelo sistema parassimpático, diminui seu diâmetro (miose pupilar), e o músculo dilatador da pupila, radial e estimulado pelo sistema simpático, aumenta seu diâmetro (dilata a pupila). A natureza das respostas pupilares é paradoxal: as respostas simpáticasgeralmente são imediatas, porém a dilatação da pupila em resposta à baixa iluminação, como em um cinema escuro, pode levar até 20 minutos. As respostas parassimpáticas costumam ser mais lentas do que as respostas simpáticas, porém a constrição pupilar estimulada pelo sistema parassimpático normalmente é imediata. A dilatação pupilar contínua anormal (midríase) ocorre em algumas doenças ou em consequência de traumatismo ou uso de alguns fármacos/drogas. TÚNICA INTERNA DO BULBO DO OLHO A túnica interna do bulbo do olho é a retina. É a camada neural sensitiva do bulbo do olho. Macroscopicamente, a retina é formada por duas partes funcionais com localizações distintas: uma parte óptica e uma parte cega. A parte óptica da retina é sensível aos raios luminosos visuais e tem dois estratos: um estrato nervoso e um estrato pigmentoso. O estrato nervoso é sensível à luz. O estrato pigmentoso é formado por uma única camada de células, que reforça a propriedade de absorção da luz pela corioide para reduzir a dispersão da luz no bulbo do olho. A parte cega da retina é uma continuação anterior do estrato pigmentoso e uma camada de células de sustentação. A parte cega da retina estende-se sobre o corpo ciliar (parte ciliar da retina) e a face posterior da íris (parte irídica da retina) até a margem pupilar. Clinicamente, a face interna da parte posterior do bulbo do olho, onde é focalizada a luz que entra no bulbo do olho, é denominada fundo do olho. A retina do fundo inclui uma área circular bem definida chamada disco do nervo óptico (papila óptica), onde as fibras sensitivas e os vasos conduzidos pelo nervo óptico (NC II) entram no bulbo do olho. Como não contém fotorreceptores, o disco do nervo óptico é insensível à luz. Consequentemente, essa parte da retina costuma ser chamada de ponto cego. Imediatamente lateral ao disco do nervo óptico está a mácula lútea. A cor amarela da mácula só é visível quando a retina é examinada com luz sem vermelho. A mácula é uma pequena área oval da retina com cones fotorreceptores especiais que é especializada para acuidade visual. Não é normalmente observada com um oftalmoscópio (um aparelho para ver o interior do bulbo do olho através da pupila). No centro da mácula há uma depressão, a fóvea central, a área de maior acuidade visual. A fóvea tem diâmetro aproximado de 1,5 mm; seu centro, a fovéola, não tem a rede capilar visível em outra parte profundamente à retina. A parte óptica funcional da retina termina anteriormente ao longo da ora serrata, a margem posterior irregular do corpo ciliar. Com exceção dos cones e bastonetes do estrato nervoso, a retina é suprida pela artéria central da retina, um ramo da artéria oftálmica. Os cones e bastonetes do estrato nervoso externo recebem nutrientes da lâmina capilar da corioide. Tem os vasos mais finos da face interna da corioide, contra os quais a retina é comprimida. Um sistema correspondente de veias retinianas une-se para formar a veia central da retina. MEIOS REFRATIVOS E COMPARTIMENTOS DO BULBO DO OLHO No seu trajeto até a retina, as ondas luminosas atravessam os meios refrativos do bulbo do olho: córnea, humor aquoso, lente e humor vítreo. A córnea é o meio refrativo primário do bulbo do olho – isto é, desvia a luz no máximo grau, focalizando uma imagem invertida sobre a retina fotossensível do fundo do bulbo do olho. O humor aquoso ocupa o segmento anterior do bulbo do olho. O segmento anterior é subdividido pela íris e pupila. A câmara anterior do bulbo do olho é o espaço entre a córnea anteriormente e a íris/pupila posteriormente. A câmara posterior do bulbo do olho está situada entre a íris/pupila anteriormente e a lente e o corpo ciliar posteriormente. O humor aquoso é produzido na câmara posterior pelos processos ciliares do corpo ciliar. Essa solução aquosa transparente fornece nutrientes para a córnea avascular e a lente. Após atravessar a pupila e chegar à câmara anterior, o humor aquoso drena através de uma rede trabecular no ângulo iridocorneal para o seio venoso da esclera (canal de Schlemm). O humor é retirado pelo plexo do limbo, uma rede de veias esclerais próximas do limbo, que drenam para tributárias das veias vorticosas e ciliares anteriores. A pressão intraocular (PIO) é um equilíbrio entre a produção e a drenagem de humor aquoso. A lente situa-se posteriormente à iris e anteriormente ao humor vítreo do corpo vítreo. É uma estrutura biconvexa e transparente encerrada em uma cápsula. A cápsula da lente, extremamente elástica, é fixada pelas fibras zonulares (que juntas formam o ligamento suspensor da lente) aos processos ciliares circundantes. Embora a maior parte da refração seja produzida pela córnea, a convexidade da lente, sobretudo de sua face anterior, varia constantemente para a focalização fina de objetos próximos ou distantes na retina. A lente não fixada isolada torna-se quase esférica. Em outras palavras, na ausência de inserção externa e distensão, torna-se quase redonda. O músculo ciliar do corpo ciliar modifica o formato da lente. Na ausência de estimulação nervosa, o diâmetro do anel muscular relaxado é maior. A lente suspensa no anel está sob tensão, pois sua periferia é distendida, tornando-a mais fina (menos convexa). A lente menos convexa coloca objetos mais distantes em foco (visão para longe). A estimulação parassimpática através do nervo oculomotor (NC III) causa contração do músculo ciliar, semelhante a um esfíncter. O anel torna- se menor e a tensão sobre a lente diminui. A lente relaxada torna-se mais espessa (mais convexa), focalizando objetos próximos (visão para perto). O processo ativo de modificação do formato da lente para visão de perto é chamado de acomodação. A espessura da lente aumenta com a idade, de modo que a capacidade de acomodação costuma ser limitada depois dos 40 anos de idade. O humor vítreo é um líquido aquoso contido na malha de fibrina do corpo vítreo, uma substância gelatinosa transparente nos quatro quintos posteriores do bulbo do olho, posterior à lente (segmento posterior do bulbo do olho, também chamado de câmara postrema ou vítrea). Além de dar passagem à luz, o humor vítreo mantém a retina no lugar e sustenta a lente. Nervo Óptico Origem do Nervo Óptico As fibras do nervo óptico são os axônios das células na camada ganglionar da retina. Elas convergem para o disco do nervo óptico e deixam o olho, a 3 ou 4 μm do lado nasal do seu centro, como o nervo óptico. As fibras do nervo óptico são mielinizadas, porém as bainhas são formadas de oligodendrócitos em vez de células de Schwann, pois o nervo óptico é comparável a um trato dentro do sistema nervoso central. O nervo óptico deixa a cavidade orbital através do canal óptico e une-se com o nervo óptico do lado oposto formando o quiasma óptico. Quiasma Óptico O quiasma óptico situa-se na junção da parede anterior e do assoalho do terceiro ventrículo. Seus ângulos anterolaterais são contínuos com os nervos ópticos, e os ângulos posterolaterais são contínuos com os tratos ópticos. No quiasma, as fibras da metade nasal (medial) de cada retina, incluindo a metade nasal da mácula cruzam a linha média e entram no trato óptico do lado oposto, enquanto as fibras da metade temporal (lateral) de cada retina, incluindo a metade temporal da mácula, seguem posteriormente no trato óptico ipsilateral. Trato Óptico O trato óptico emerge do quiasma óptico e segue postero-lateralmente em volta do pedúnculo cerebral. A maioria das fibras termina emsinapses com as células nervosas no corpo geniculado lateral, que é uma pequena projeção da parte posterior do tálamo. Algumas das fibras seguem para o núcleo pré-tetal e o colículo superior do mesencéfalo e estão implicadas nos reflexos fotomotores. Corpo Geniculado Lateral O corpo geniculado lateral é uma tumefação oval pequena que se projeta do pulvinar do tálamo. Consiste em seis estratos de células, com as quais os axônios do trato óptico formam sinapses. Os axônios das células nervosas dentro do corpo geniculado deixam-no para formar a radiação óptica. Radiação Óptica As fibras da radiação óptica são os axônios das células nervosas do corpo geniculado lateral. O trato segue posteriormente através da parte retrolenticular da cápsula interna e termina no córtex visual (área 17), que ocupa os lábios superior e inferior do sulco calcarino na face medial do hemisfério cerebral. O córtex de associação visual (áreas 18 e 19) é responsável pelo reconhecimento de objetos e percepção das cores. Neurônios da Via Visual e Visão Binocular Quatro neurônios conduzem os impulsos visuais ao córtex visual: (1) bastonetes e cones, que são neurônios receptores especializados na retina; (2) neurônios bipolares, que conectam os bastonetes e cones às células ganglionares; (3) células ganglionares, cujos axônios seguem até o corpo geniculado lateral; e (4) neurônios do corpo geniculado lateral, cujos axônios destinam- se ao córtex cerebral. Na visão binocular, os campos direito e esquerdo da visão se projetam em partes das duas retinas. A imagem de um objeto no campo direito da visão é projetada na metade nasal da retina direita e na metade temporal da retina esquerda. No quiasma óptico, os axônios dessas duas metades das retinas são combinados formando o trato óptico esquerdo. Os neurônios do corpo geniculado lateral projetam todo o campo visual direito no córtex visual do hemisfério esquerdo, e o campo visual esquerdo no córtex visual do hemisfério direito. Os quadrantes retinianos inferiores (campo de visão superior) projetam-se na parede inferior do sulco calcarino, enquanto os quadrantes retinianos superiores (campo de visão inferior) projetam-se na parede superior do sulco. Repare também que a mácula lútea é representada na parte posterior da área 17, e a periferia da retina é representada anteriormente. Histologia CÓRNEA É formada por três camadas celulares com morfologia e origem distintas. Essas camadas são separadas por duas importantes membranas (acelulares) que parecem homogêneas quando observadas ao microscópio óptico. As cinco camadas da córnea observadas em corte transversal são: •Epitélio da córnea (epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado) •Membrana de Bowman (membrana basal anterior) •Estroma da córnea •Membrana de Descemet (membrana basal posterior) •Endotélio da córnea. ESCLERA A opacidade da esclera, como a de outros tecidos conjuntivos densos, é atribuída, sobretudo, à irregularidade de sua estrutura. A esclera é perfurada por vasos sanguíneos, nervos e nervo óptico. A esclera é dividida em três camadas não bem-definidas: •A lâmina episcleral, a camada externa, é o tecido conjuntivo frouxo adjacente ao tecido adiposo periorbital •A substância própria (esclera propriamente dita, também denominada cápsula de Tenon) é a fáscia que reveste o olho e é composta de uma densa rede de fibras colágenas espessas •A lâmina supracoróidea (lâmina fosca da esclera), a face interna da esclera, está localizada adjacente à coroide e contém fibras colágenas mais finas e fibras elásticas, além de fibroblastos, melanócitos, macrófagos e outras células do tecido conjuntivo. Além disso, o espaço episcleral (espaço de Tenon) está localizado entre a lâmina episcleral e o estroma ou substância própria da esclera. Esse espaço e o tecido adiposo periorbital circundante possibilitam a livre rotação do olho dentro da órbita. Os tendões dos músculos extraoculares se inserem no estroma da esclera. RETINA A retina é a parte sensível à luz do olho e contém (1) os cones, responsáveis pela visão em cores; e (2) os bastonetes que podem detectar a penumbra e são responsáveis principalmente pela visão em preto e branco em condições de baixa luminosidade. Quando bastonetes e cones são excitados, os sinais são transmitidos, primeiramente, através de sucessivas camadas de neurônios na própria retina e, por fim, propagam-se pelas fibras do nervo óptico e para o córtex cerebral. CAMADAS DA RETINA Os componentes funcionais da retina que se dispõem em camadas de fora para dentro: (1) camada pigmentar; (2) camada de bastonetes e cones que se projeta para a camada pigmentar; (3) camada nuclear externa, contendo os corpos celulares dos bastonetes e cones; (4) camada plexiforme externa; (5) camada nuclear interna; (6) camada plexiforme interna; (7) camada ganglionar; (8) camada de fibras do nervo óptico; e (9) membrana limitante interna. Depois que a luz passa do sistema de lentes do olho e, então, atravessa o humor vítreo, ela entra na retina por sua camada mais interna do olho, ou seja, atravessa primeiro as células ganglionares e depois as camadas plexiforme e nuclear, antes de, por fim, chegar à camada de bastonetes e cones, que ocupa a retina até sua borda mais externa. REGIÃO DA FÓVEA RETINIANA E SUA IMPORTÂNCIA PARA VISÃO ACURADA. A fóvea é área diminuta, no centro da retina, é, sobretudo, capaz de visão acurada e detalhada. A fóvea central, com apenas 0,3 milímetro de diâmetro, é composta quase inteiramente por cones. CAMADA PIGMENTAR DA RETINA. O pigmento negro melanina, na camada pigmentar, impede a reflexão da luz por todo o globo ocular, o que é extremamente importante para a visão nítida. Esse pigmento realiza a mesma função no olho que a cor negra dentro do fole de uma câmera. Sem ele, os raios de luz seriam refletidos em todas as direções, dentro do globo ocular e causariam iluminação difusa da retina, e não o contraste normal entre as manchas escura e clara, necessário para a formação de imagens precisas. A importância da melanina na camada pigmentar é bem ilustrada por sua ausência em albinos, pessoas que não têm, hereditariamente, o pigmento melanina em todas as partes do corpo. FOTOQUÍMICA DA VISÃO Bastonetes e cones contêm substâncias químicas que se decompõem pela exposição à luz e, no processo, excitam as fibras do nervo óptico. A substância química sensível à luz, nos bastonetes, é chamada rodopsina; as substâncias químicas fotossensíveis nos cones, os chamados pigmentos dos cones ou pigmentos coloridos, têm composições, apenas, discretamente diferentes das da rodopsina. ÍRIS É formada por estroma de tecido conjuntivo ricamente vascularizado e recoberto na superfície posterior por células muito pigmentadas, o epitélio pigmentar posterior. A lâmina basal dessas células está voltada para a câmara posterior do olho. O grau de pigmentação dessas células é de tal ordem, que torna impossível ver o núcleo, bem como as características do citoplasma ao microscópio óptico. Subjacente a essa camada, há uma camada de células mioepiteliais, o mioepitélio pigmentar anterior. O número de melanócitos no estroma é responsável pela variação na cor dos olhos. A função dessas células pigmentadasna íris é absorver os raios luminosos. Se houver poucos melanócitos no estroma, a cor dos olhos é derivada da luz refletida pelo pigmento existente nas células da superfície posterior da íris, o que produz cor azul. À medida que aumenta a quantidade de pigmento no estroma, a cor passa de azul a tons de azul-esverdeado, cinza e, por fim, castanho. Embriologia Os tecidos oculares são derivados do neuroectoderma, do ectoderma e do mesoderma. No 22º dia do desenvolvimento, os olhos surgem como sulcos rasos – os sulcos ópticos – nas pregas neurais da extremidade craniana do embrião humano. Quando o tubo neural se fecha, esses dois sulcos formam saliências denominadas vesículas ópticas. À medida que cada vesícula óptica cresce lateralmente, há constrição da conexão com o prosencéfalo, com formação de um pedúnculo óptico, e espessamento do ectoderma da superfície sobrejacente, com formação dos primórdios do olho, o placoide do cristalino. Em seguida, ocorre invaginação concomitante das vesículas ópticas e dos placoides do cristalino. A invaginação da vesícula óptica acarreta o surgimento de um cálice óptico bilaminar. A camada interna dá origem à camada neural da retina; a camada externa forma o EPR. O mesênquima que circunda o cálice óptico origina a esclera. A invaginação da região central de cada placoide do cristalino leva à formação das vesículas do cristalino. Na quinta semana de desenvolvimento, a vesícula do cristalino perde contato com o ectoderma superficial e a abertura do cálice óptico. Depois que a vesícula do cristalino se separa do ectoderma superficial, esse mesmo local volta a se espessar para formar o epitélio da córnea. Em seguida, as células mesenquimais da periferia dão origem ao endotélio e ao estroma da córnea. Sulcos que contêm vasos sanguíneos derivados do mesênquima se desenvolvem ao longo da superfície inferior de cada cálice óptico e de cada pedúnculo óptico. Por meio desses sulcos, denominados fissuras corióideas, a artéria hialóidea chega à câmara interna do olho. Essa artéria e seus ramos irrigam a câmara interna do cálice óptico, a vesícula do cristalino e o mesênquima no cálice óptico. A veia hialóidea conduz o sangue que sai dessas estruturas. As partes distais dos vasos hialóideos se degeneram, mas as partes proximais persistem e formam a artéria central da retina e a veia central da retina. No fim da sétima semana, ocorre a fusão das margens da fissura corióidea, e uma abertura redonda, a futura pupila, se forma sobre a vesícula do cristalino. A camada externa do cálice óptico forma uma camada única de células pigmentares (Figura 24.3 https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527729888/epub/OEBPS/Text/chapter24.html#ch24fig3 C). A pigmentação começa no fim da quinta semana. A camada interna sofre uma complexa diferenciação em nove lâminas da camada neural da retina. No sétimo mês já estão presentes as células fotorreceptoras (bastonetes e cones) assim como as células bipolares, amácrinas e ganglionares e as fibras nervosas. A depressão macular começa a se desenvolver durante o oitavo mês e só se completa a partir de 6 meses depois do nascimento. Durante o terceiro mês, o crescimento do cálice óptico dá origem ao corpo ciliar e à futura íris, que forma um epitélio biestratificado na frente do cristalino. O mesoderma localizado externamente a essa região torna-se o estroma do corpo ciliar e da íris. As duas camadas epiteliais da íris tornam-se pigmentadas. No corpo ciliar, no entanto, apenas a camada externa é pigmentada. Ao nascimento, a íris tem cor azul- clara em pessoas de pele clara, porque geralmente não há pigmento. Os músculos dilatador e esfíncter da pupila se desenvolvem durante o sexto mês como derivados do neuroectoderma da camada externa do cálice óptico. Principais distúrbios da visão Em um olho com visão normal, o poder de foco da córnea e da lente é perfeitamente compatível com o comprimento do olho. Raios de luz paralelos de um objeto distante são colocados em foco precisamente na retina e uma imagem clara é percebida. A – Emetropia B- Miopia C – Hipermetropia Erros refrativos ocorrem quando os raios de luz que entram no olho não se concentram adequadamente na retina: ●Na miopia (miopia), o tipo mais comum de erro refrativo, a córnea é muito curvada ou a lente é muito poderosa para o comprimento do globo. Objetos distantes não podem ser vistos claramente porque os raios de luz estão focados na frente da retina. ●Na hipermetropia (miopia), a córnea e as lentes são muito fracas para o comprimento do globo. Como resultado, os raios de luz atingem a retina antes de serem focados em um único ponto (figura 1). Um objeto distante pode ser colocado em foco usando acomodação, mas a visão clara é difícil. ●Com um astigmatismo, o poder refrativo do olho é diferente em diferentes meridianos. Raios de luz nunca podem ser levados a um único ponto e objetos aparecerão embaçados a qualquer distância. Astigmatismo pode ocorrer com miopia ou hipermetropia. Presbiopia é um tipo diferente de erro refrativo no qual a perda de acomodação ocorre à medida que a lente endurece com a idade. Isso resulta em uma incapacidade de colocar um objeto próximo em foco na retina e requer o uso de óculos de leitura, tipicamente em pacientes na faixa dos 40 anos. A presbiopia não é corrigida por cirurgia refratária a laser, e a cirurgia pode de fato acelerar o desenvolvimento da presbiopia. Um outro distúrbio visual é a catarata é uma opacidade da lente do olho que pode causar visão turva ou distorcida, desconforto com alta luminosidade ou, em casos muito avançados, cegueira. Cataratas ocorrem com frequência com o aumento da idade e podem ser uma parte normal do envelhecimento. A diabetes melito pode estar associada à catarata pelo excesso de glicose que se liga às proteínas da lente, causando “visão borrada”. Já o Glaucoma é causado por alterações no ângulo iridocorneal que podem obstruir a drenagem do humor aquoso. A região do limbo, especificamente o ângulo iridocorneal, contém o sistema de drenagem do humor aquoso. No estroma, canais revestidos de endotélio denominados malha trabecular (ou espaços de Fontana) se fundem e formam o seio venoso da esclera (canal de Schlemm), que circunda o olho. O humor aquoso é produzido pelos processos ciliares que margeiam o cristalino na câmara posterior do olho. O líquido passa da câmara https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9788527729888/epub/OEBPS/Text/chapter24.html#ch24fig3 https://www.uptodate.com/contents/image?imageKey=PC%2F66973&topicKey=PC%2F6908&search=olhos&rank=4%7E150&source=see_link posterior para a câmara anterior através da abertura virtual valvulada entre a íris e o cristalino. Em seguida, atravessa as aberturas da malha trabecular na região do limbo e chega ao seio venoso da esclera. Vasos coletores da esclera, denominados veias aquosas pelo fato de conduzirem humor aquoso em vez de sangue, transportam o humor aquoso até veias (sanguíneas) na esclera. REFERÊNCIAS: • H., R.M.; WOJCIECH, P. Ross | Histologia - Texto e Atlas - Correlações com Biologia Celular e Molecular, 7ª edição. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. • L., M.K.; F., D.A.; R., A.A.M. Anatomia Orientada para Clínica, 8ª edição. Rio de janeiro: Grupo GEN, 2018. • HALL, John E. Guyton & Hall Fundamentos de Fisiologia. Elsevier Brasil, 2017. • BOWER, Kraig S. Laser Refractive Surgery. UPTODATE, 2020 • Snell, Richard S. Neuroanatomia clínica / Richard S. Snell ; traduzido por MarcioMoacyr de Vasconcelos. – [Reimpr.]. – Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2019.
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