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RESUMO SOBRE SOBREPESO E OBESIDADE

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RESUMO SOBRE SOBREPESO/OBESIDADE NO ADULTO, NA CRIANÇA E NO ADOLESCENTE.
 Obesidade é um estado de excesso de massa adiposa.
 Obesidade infantil é uma enfermidade que pode desenvolver-se desde os primeiros meses até o 12ª ano de vida, definida pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo, de origem multifatorial (fatores biológicos, psicológicos e socioeconômicos). 
O desenvolvimento da obesidade origina-se de um desequilíbrio energético que ocorre quando o número de calorias consumidas é superior ao número de calorias utilizadas para a obtenção de energia, ocasionando ganho ponderal. Outro fator determinante é a inatividade física que juntamente com a ingestão excessiva de calorias, correspondem de 95 a 98% dos fatores exógenos associados ao ganho de peso. E em menor proporção, os estão distúrbios pré-existentes como fatores endógenos (5%).
Epidemiologia: 
- Em 2013 a Pesquisa Nacional de Saúde contabilizou que 56,9% (IBGE, 2015) da população brasileira apresenta excesso de peso e a obesidade acomete quase 30 milhões de adultos.
- De acordo com os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF (IBGE, 2010), coletados entre 2008 e 2009, no Brasil, 15% das crianças na faixa de 5 a 9 anos estavam obesas e 37% com excesso de peso. Na faixa de 10 a 19 anos, as taxas de excesso de peso eram de 34,8% para meninos e 32% para meninas, e de obesidade eram, respectivamente, de 16,6% em meninos e 11,8% em meninas (IBGE, 2010). 
- Mais recentemente, o estudo populacional de base escolar ERICA2 - Estudo de Risco Cardiovascular em Adolescentes constatou taxa de obesidade de 8,4% entre os adolescentes, sendo mais alta na região Sul, atingindo 12,5% do total. O excesso de peso foi constatado em 17,1% do total de estudantes.
- SBP: Nas últimas décadas, a escalada mundial da obesidade impressiona: o número de indivíduos com excesso de peso (obesidade + sobrepeso) passou de 857 milhões em 1980 para 2,1 bilhão em 2013 e a projeção é que chegue a acometer 89% e 85% de homens e mulheres, respectivamente em 20303. Em 2016, a OMS estimava que 41 milhões de crianças menores de 5 anos e que mais de 34 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos estavam com sobrepeso ou eram obesas. https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/novo-documento-da-sbp-orienta-pediatras-na-identificacao-da-obesidade-infantil/
Fatores de risco para desenvolvimento de obesidade na infância: prematuridade, bebês PIG e GIG, filhos de mães diabéticas, pais obesos, interrupção precoce do aleitamento materno e introdução inadequada da alimentação complementar (oferta de alimentos ricos em gorduras e açúcares e o uso de leite de vaca antes do primeiro ano de idade).
Os períodos críticos para desenvolvimento da obesidade são, levando-se em consideração os fatores de risco, o período intrauterino, o primeiro ano de vida, entre cinco e seis anos e adolescência.
Diagnóstico de obesidade: Por meio da anamnese, dados nutrológicos (anamnese alimentar) e exame físico (peso, altura, IMC*, circunferência abdominal) é possível identificar critérios para o diagnóstico da obesidade. 
Anamnese: Na realização da anamnese da criança e do adolescente obesos, destacam-se, além dos dados comumente coletados, os seguintes fatores: 
a) História da obesidade – idade de início, relação com fatores desencadeantes, tentativas anteriores de tratamento e percepção da família sobre o problema. 
b) Antecedentes pessoais – alto ou baixo peso ao nascer, ganho de peso acentuado no primeiro ano de vida e uso de medicamentos (anti-histamínicos, corticosteroides e imunossupressores, psicotrópicos, entre outros). 
c) Antecedentes familiares – dados relacionados à obesidade e doença CV precoce. Devido à alta prevalência dessa doença na população adulta em nosso meio, seus antecedentes devem ser investigados em todas as famílias independentemente da condição nutricional da criança. Considera-se risco CV familiar se houver, em pais, avós, tios e tias, história de DCV < 55 anos nos homens e dos 65 anos nas mulheres. Também devem ser incluídas informações sobre hipertensão arterial, dislipidemias, diabetes e tabagismo.
d) Uso de drogas, álcool (1 g=7 kcal) e tabaco – para que essa informação seja obtida de forma fidedigna é importante que o adolescente esteja confiante e à vontade no momento da consulta, sem a presença de familiares. 
e) Antecedentes alimentares – tempo de aleitamento materno (cada período de 3,7 meses no tempo total de aleitamento materno reduz em 6% o risco de desenvolvimento de obesidade); introdução da alimentação complementar e seus aspectos quantitativos e qualitativos. 
f) Hábitos alimentares – esses dados são obtidos com base em informações sobre o dia alimentar habitual e/ou pelo recordatório de 24 horas, além da frequência de consumo dos alimentos com maior densidade energética. Deve-se investigar também a dinâmica da refeição: onde é realizada, se ocorre com ou sem a presença de pais e irmãos, em que ambiente, horários, intervalos, o tempo gasto, se ocorre repetição, se há ingestão concomitante de líquidos, como é a mastigação. 
g) Comportamento e estilo de vida – comportamento com familiares e colegas da escola, rendimento escolar. Investigar a presença de ansiedade, depressão e compulsão alimentar. Pesquisar como a criança ou o adolescente vai para a escola, a periodicidade e a duração das atividades físicas curriculares e extracurriculares realizadas por eles, o tempo gasto com televisão, videogames e computador e quais são as brincadeiras e atividades que eles preferem. Investigar bullying.
Interrogatório sobre os diversos aparelhos: Além dos temas habituais, valorizar dados relacionados a: 
• Respiração oral, roncos, paradas respiratórias durante o sono, sibilância, fadiga aos esforços; 
• Alterações na pele; 
• Resposta vacinal; 
• Dor ou edema em articulações dos membros inferiores; 
• Dor abdominal, retroesternal e hábito intestinal; 
• Alterações menstruais; 
• Sono agitado; 
• Alterações comportamentais.
Dados antropométricos:
1. Peso e estatura – utilizados para a classificação da condição nutricional por meio do IMC. Muito importante observar a velocidade de crescimento, para afastar causas não nutricionais de obesidade, assim como o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. 
*IMC: é uma ferramenta conveniente de triagem que se correlaciona de maneira bastante viva com gordura corporal em crianças e adultos – cálculo: IMC = peso (kg) ÷ altura² (m).
O monitoramento dos dados antropométricos pode ser feito utilizando os gráficos de IMC do Ministério da Saúde, inseridos na caderneta de saúde da criança. O preenchimento adequado destes gráficos nas consultas de rotina permite que o profissional de saúde detecte desvios na curva e mudança nos canais de z escore (desvios em relação à média da população) e oriente a família quanto à importância da prevenção da obesidade.
Após aferição dos dados antropométricos o estado nutricional deve ser classificado pelo IMC, utilizando-se os referenciais da OMS, 2006 e 2007. Os valores do IMC estão distribuídos em percentis e escores z, segundo sexo e idade (0 a 19 anos).
Para esses cálculos é possível a utilização do software https://www.who.int/childgrowth/software/en/ e https://www.who.int/growthref/tools/en/ disponibilizado gratuitamente no website da OMS (http://www.who.int/childgrowth/en e https://www.who.int/childgrowth/standards/en/ .
 
 
Para adultos:
Indivíduos acima de 60 anos o critério para classificação do estado nutricional é diferente, sendo eutróficos aqueles com IMC entre 22 e 27 kg/m² e sobrepeso IMC >27 kg/m²
2. Prega cutânea tricipital (PCT), subescapular e circunferência do braço (CB) – os métodos e os valores de referência. A OMS considera a aferição das dobras cutâneas como complemento do peso e da estatura para a estimativa de adiposidade: PCT > p90. 
3. Circunferência abdominal (CA) – para a sua realização deve-se localizar, inicialmente, o ponto médio entre a última costela fixa (décima) e a borda superior da crista ilíaca, local onde a fita inextensível será colocada. Essa medida servepara a avaliação indireta da gordura visceral. A relação circunferência abdominal/estatura (CA/E) é considerada adequada menor ou igual a 0,5, sendo considerada, quando alterada, risco de adiposidade central.
4. Pressão arterial sistêmica – deve ser aferida em todas as consultas, utilizando-se manguitos apropriados. A classificação se dá por meio de tabelas específicas, considerando-se hipertensão arterial quando são obtidas três medidas (PAS e/ou PAD) acima do percentil 95, levando-se em conta o sexo, a idade e a estatura. Cerca de 30% das crianças e dos adolescentes obesos são hipertensos. Vale ressaltar que toda criança sadia, independentemente da condição nutricional, deve ter a pressão arterial aferida na consulta pediátrica. 
O estadiamento puberal deve ser verificado em todas crianças e adolescentes.
Outros métodos propedêuticos complementares: impedância bioelétrica e absorciometria por dupla emissão de feixes de RX - DXA (Dual Energy X-ray Absorptiometry) podem ser úteis para a determinação mais precisa da composição corporal, permitindo a identificação do percentual de gordura e de massa magra.
Exames laboratoriais: devem ser criteriosamente escolhidos e interpretados. Geralmente são reservados para as crianças obesas (IMC > percentil 95), que têm evidências de comorbidades, ou ambos. Outros estudos devem ser guiados por achados em anamnese e exame físico. O Departamento Científico de Nutrologia da SBP sugere a realização dos exames subsidiários: CT + frações, GJ, HbA1c, função hepática e tireoidea (se houver um aumento mais rápido em peso do que altura). A associação americana de pediatria sugere pesquisar lipidograma entre 9 e 11 anos em todas as crianças.
Sinais clínicos mais frequentes em crianças e adolescentes obesos:
Cardiovascular: HAS, DLP, Arteriosclerose; Coagulopatias.
Gastrointestinal, hepático e nutricional: DRGE, Constipação intestinal, Colelitíase, Doença gordurosa não-alcoólica do fígado, Deficiência de vitamina D.
Respiratório: Síndrome da apneia obstrutiva do sono, Asma.
Geniturinário: Hiperfiltração glomerular, Glomerulopatia, Incontinência urinária.
Sistema nervoso: Pseudotumor cerebral e Problemas psicossociais
Endócrino: Resistência insulínica, Síndrome dos ovários policísticos, Avanço na puberdade.
Ortopédico: Joelho valgo (genu valgum), Epifisiólise da cabeça do fêmur, Osteocondrites, Artrites degenerativas, Pés planos.
Pele: Acanthosis nigricans, Estrias, Celulite, Acne, Hirsutismo, Furunculose, Infecção fúngicas.
Prevenção da obesidade infanto-juvenil
As estratégias devem se basear em: 
• Desenvolvimento de ações educativas de promoção da alimentação saudável desde o pré-natal; 
• Promoção do aleitamento materno; 
• Introdução adequada de alimentação complementar, de acordo com as recomendações técnicas; 
• Estímulo ao conhecimento sobre a importância da atividade física e práticas corporais no desenvolvimento da criança e do adolescente; 
• Promoção de atividades físicas lúdicas e recreativas; 
• Observação do comportamento sedentário; 
• Promoção adequada de horas de sono; 
• Controle do tempo de tela a que crianças e adolescentes estão submetidos (TV, tablet, celular e jogos eletrônicos); 
• Identificação dos pacientes de risco.
Esquema de orientações para a prevenção da obesidade na infância e adolescência elaborado pela SBP:
Atividades para prevenção de sobrepeso/obesidade
	INDIVÍDUO
	- Ser fisicamente ativo > 1 hora por dia
- Limite tempo de telas (televisão, jogos de computador/Internet, videogames) para < 1-2 horas por dia (sem TV para crianças < 2 anos).
- Consumir cinco ou mais porções de frutas e vegetais por dia
- Minimizar o consumo de bebidas açucaradas ou sucos adoçados
- Consumir um café da manhã saudável todos os dias
	FAMÍLIA
	- Comer à mesa, como uma família, pelo menos 5-6 vezes por semana
- Preparar mais refeições em casa, em vez de comprar comida de restaurante
- Permitir que a criança autorregule suas refeições e evitar comportamentos alimentares excessivamente restritivos
- Não recompensar as crianças com alimentos ou bebidas
- Ter apenas alimentos saudáveis disponíveis para lanches
- Incentivar a atividade ao ar livre
	COMUNIDADE
	Escolas
- Servir alimentos saudáveis
- Limitar o que está disponível nas máquinas automáticas de venda
- Ter atividade física diária
- Ter descanso ao ar livre diariamente
- Ensinar alimentação saudável
Profissionais de Saúde
- Fazer levantamento da história de nutrição
- Falar com os pacientes sobre peso saudável e boa nutrição
- Aconselhar a fazer exercícios
	GOVERNO
	- Aumentar o acesso a uma alimentação saudável e eliminar sobremesas
- Regular e regulamentar anúncios de alimentos ou porções
- Adicionar mais calçadas e parques
- Enfatizar a segurança
Promoção da alimentação saudável - 2ª edição do Guia Alimentar da População Brasileira, MS – 2014.
• Escolher com consciência os alimentos, observando-se as quatro categorias definidas de acordo com o tipo de processamento empregado na sua produção: alimentos in natura ou minimamente processados, alimentos processados e alimentos ultraprocessados; Definições ABAIXO:
• Tornar os alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação; 
• Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias. Desde que utilizados com moderação em preparações culinárias com base em alimentos in natura ou minimamente processados, óleos, gorduras, sal e açúcar contribuem para diversificar e tornar mais saborosa a alimentação sem torná-la nutricionalmente desbalanceada; 
• No primeiro ano de vida, o sal não deve ser adicionado à papinha da criança, assim como o açúcar. Outros temperos podem ser utilizados como: o alho, a cebola, o manjericão, etc.; 
• Limitar o uso de alimentos processados, consumindo-os em pequenas quantidades, como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados; 
• Dar preferência aos alimentos in natura ou minimamente processados nas preparações culinárias; 
• Evitar alimentos ultraprocessados.
Alimentos in natura - são obtidos diretamente de plantas ou de animais (como folhas e frutos ou ovos e leite) e adquiridos para consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração após deixarem a natureza. 
Alimentos minimamente processados - são alimentos in natura que, antes de sua aquisição, foram submetidos a alterações mínimas. Exemplos incluem grãos secos, polidos e empacotados ou moídos na forma de farinhas, raízes e tubérculos lavados, cortes de carne resfriados ou congelados e leite pasteurizado. 
Alimentos processados – fabricados pela indústria com a adição de sal ou açúcar ou outra substância de uso culinário a alimentos in natura para torná-los duráveis e mais agradáveis ao paladar. 
Alimentos ultraprocessados – formulações industriais feitas inteiramente ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas) derivados de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor).
Recomendações de atividade física para crianças e adolescentes 
Recomendação geral: Ser fisicamente ativo todos os dias. É fundamental que as atividades sejam prazerosas e adequadas ao estado individual de crescimento e desenvolvimento da criança/adolescente. Enquanto é essencial para todos serem fisicamente ativos, concentrar-se nas crianças antes dos dez anos de idade pode mudar a trajetória da próxima geração. 
Evidências indicam que a atividade física durante a infância e a adolescência pode contribuir para o enfrentamento da obesidade ao menos por três caminhos: 
I) A prática de atividade física na infância e adolescência auxilia no equilíbrio do balanço energético e, consequentemente, na prevenção e tratamento da obesidade e de doenças relacionadas à obesidade nesta fase da vida; 
II) Jovens ativos tendem a se tornar adultosativos, aumentando o gasto energético durante todo o ciclo de vida; 
III) Jovens ativos possuem menor probabilidade de desenvolver obesidade e doenças relacionadas à obesidade na fase adulta. Por outro lado, jovens inativos têm mais de 90% de chance de se tornarem adultos sedentários.
Crianças de 0 a 2 anos de idade: Bebês devem ser incentivados a serem ativos, mesmo que por curtos períodos, várias vezes ao dia, como brincar, engatinhar e arrastar. Aqueles que ainda não começaram a se arrastar/ engatinhar devem ser encorajados a serem fisicamente ativos alcançando, segurando, puxando e empurrando, movendo a cabeça, corpo e membros durante as rotinas diárias e durante atividades supervisionadas no chão, incluindo tempo em decúbito frontal. 
Crianças que conseguem andar sozinhas devem ser fisicamente ativas todos os dias, durante pelo menos 180 minutos, em atividades que podem ser fracionadas durante o dia em ambientes fechados ou ao ar livre, como: ficar de pé, movendo-se, rolando e brincando, além de saltar, pular e correr. Essas crianças não devem permanecer em comportamentos sedentários por longos períodos, exceto quando estão dormindo. O comportamento sedentário representa o tempo em que as crianças estão fazendo muito pouco movimento físico, como passear de carro, ficar no colo, ou no carrinho de bebê. Permanecer em comportamentos sedentários por longos períodos não é benéfico para a saúde e para o desenvolvimento da criança e deve ser evitado. 
Recomenda-se que até os dois anos é que o “tempo de tela” (TV, tablet, celular, jogos eletrônicos) seja zero.
Crianças de 3 a 5 anos de idade: Crianças dessa faixa etária devem acumular pelo menos 180 minutos de atividade física de qualquer intensidade distribuída ao longo do dia. As brincadeiras ativas como: andar de bicicleta, atividades na água, jogos de perseguir e jogos com bola são as melhores maneiras para essa faixa etária se movimentar. A partir dos três anos de idade atividades físicas estruturadas, como natação, danças, lutas, esportes coletivos, entre outras, também podem ser incluídas. 
Recomenda-se que o “tempo de tela” seja limitado em até duas horas por dia, sendo que quanto menos tempo gasto frente às telas será melhor.
Crianças e adolescentes de 6 a 19 anos de idade: A recomendação da OMS é que os jovens de 5 a 17 anos devem acumular ao menos 60 minutos diários de atividade física de intensidade moderada a alta. A ideia é atingir esta meta realizando atividades distribuídas em períodos menores durante o dia (30 minutos de manhã e a tarde). Qualquer tempo superior a esta recomendação mínima resulta em benefícios adicionais para a saúde. 
Atividades de intensidade vigorosa, incluindo as resistidas - aquelas que predominantemente sejam capazes de fortalecer músculos e ossos a partir de sobrecargas, em especial o próprio peso corporal para, progressivamente, utilizar outras formas, como sobrecargas externas, como ocorre na musculação - devem ser realizadas em, pelo menos, três dias por semana, com vinte e cinco minutos de duração por sessão. 
Para a população pediátrica essas atividades podem ser não estruturadas, como brincadeiras que incluam saltos, atividades de empurrar, puxar e apoiando/ suportando o peso corporal. Crianças e adolescentes devem ser encorajados a participar de uma variedade de atividades que contribuam para o desenvolvimento natural, tais como, caminhadas, andar de bicicleta, praticar esportes diversos, se envolver em jogos e brincadeiras tradicionais da comunidade em que estão inseridas. 
Para crianças e jovens caracterizados por um comportamento mais sedentário, aconselha-se um aumento progressivo no nível de atividade até que se atinja a meta mencionada acima. É melhor começar com um volume menor de atividade física e, com o tempo, ir aumentando sua duração, frequência e intensidade. Assim como para crianças de 3 a 5 anos de idade, comportamentos sedentários devem ser evitados e recomenda-se que o tempo de tela seja limitado em duas horas por dia, sendo que quanto menos tempo gasto frente às telas será melhor. Porém, este limite não deve levar em consideração o tempo destinado ao uso de computador para realização de tarefas escolares.
Tratamento da obesidade infantil: O principal objetivo da perda de peso é reduzir ou adequar a quantidade de gordura corporal para diminuir o risco de complicações futuras. A reeducação alimentar a partir da adoção de uma alimentação saudável, voltada para a adequação da quantidade de calorias, as preferências alimentares, o aspecto financeiro e o estilo de vida, juntamente com a atividade física são aspectos importantes para o tratamento da obesidade infantil.
Fluxograma da abordagem de crianças e adolescentes com excesso de peso e obesidade, elaborado pela SBP:
Com relação à indicação de cirurgia bariátrica em crianças e adolescentes, não está claro se algum perfil de paciente - criança ou adolescente - pode se beneficiar do tratamento cirúrgico.
Tratamento adulto:
Abordagem clínica da obesidade - entende-se a adoção de estilo de vida com hábitos saudáveis em conjugação com a adoção de medicamentos, quando necessário, e nos casos de perda de peso insuficientes e pouca melhoria no quadro das comorbidades, a realização do tratamento cirúrgico.
Recomendações para a adoção de hábitos de vida saudáveis 
Alimentação saudável:
O consumo regular de frutas, verduras e legumes são benéficos para diversas funções orgânicas e manutenção da saúde, já que são fontes de vitaminas, sais minerais e fibras, sendo recomendado o consumo diário de maior variedade possível. Dessa forma, é fundamental incentivar o consumo de frutas, verduras e legumes em quantidades regulares.
As pessoas inativas devem iniciar com atividades de curta duração e baixa intensidade, progredindo até volumes mais adequados, como atividades moderadas: caminhar, dançar ou realizar atividades domésticas, ou mesmo as atividades vigorosas que incluem a corrida, pedalar ou nadar em ritmo forte, mover ou levantar cargas pesadas. Ressalte-se que o gasto calórico durante as atividades físicas varia com a dosagem (intensidade e duração) do esforço e o peso do indivíduo. Além disso, a atividade física deve ser prazerosa, de preferência ao ar livre e na companhia de amigos ou familiares.
Tto Medicamentoso: O objetivo é a perda de 10% do peso corporal, o que determina melhora das complicações da obesidade, como diabetes e hipertensão arterial. Atualmente, quatro medicamentos são registrados para o tratamento da obesidade no Brasil pela ANVISA e são utilizados de acordo com diretrizes clínicas específicas. 
Sibutramina: exerce seus efeitos terapêuticos através da inibição da recaptação da noradrenalina, serotonina e dopamina.
Orlistate: Inibe a enzima lipase pancreática que é a enzima responsável pela degradação da gordura ingerida no intestino. Sem a sua ação a gordura é evacuada com as fezes.
Liraglutida: utilizado para o tto do DM2, é um análogo do hormônio GLP-1, o qual é liberado pelo TGI com o propósito de aumentar a secreção de insulina pelas células beta pancreáticas. O GLP-1 acresce significantemente a secreção de insulina de forma dependente de glicose, diminui a secreção de glucagon, retarda o esvaziamento gástrico e diminui o apetite.
Lorcasserina: é um agonista serotoninérgico seletivo dos receptores 5-HT2C localizados em neurônios pró-opiomelanocortina hipotalâmicos. Acredita-se que o agonismo do receptor 5-HT2C reduza a ingestão de alimentos e aumente a saciedade.
A associação de fitoterápicos e benzodiazepínicos com medicamentos para perda de peso é proibida pelo Conselho Federal de Medicina - CFM. Além de desnecessária e sem evidência científica, esse tipo de abordagem é responsável por estigmatizar o tratamento da obesidade. Observa-se na prática clínica a utilização de algumas substâncias classificadas como fitoterápicas ou suplementos alimentícios que não encontram amparo nas melhores práticas e evidências médicas.
Tto Cirúrgico: A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes obesos que não apresentaram respostaao tto clínico com medicamentos e MEV. A realização da cirurgia bariátrica determina perda de peso de 20-35% do peso inicial após 2-3 anos do procedimento, o que está associado a melhora de complicações da obesidade, como diabetes tipo 2 e câncer, além de aumentar o tempo e a qualidade de vida dos pacientes.
Indicações de gastroplastia / cirurgia bariátrica por videolaparoscopia ou por via laparotômica:
 “1. Cobertura obrigatória para pacientes com idade entre 18 e 65 anos, com falha no tratamento clínico realizado por, pelo menos, 2 anos e obesidade mórbida instalada há mais de cinco anos, quando preenchido pelo menos um dos critérios listados no Grupo I e nenhum dos critérios listados no Grupo II: 
Grupo I a. IMC entre 35 Kg/m2 e 39,9 Kg/m2, com comorbidades (doenças agravadas pela obesidade e que melhoram quando a mesma é tratada de forma eficaz) que ameacem a vida (diabetes, ou apnéia do sono, ou hipertensão arterial, ou dislipidemia, ou doença coronariana, ou osteo-artrites, entre outras); 
b. IMC igual ou maior do que 40 Kg/m2, com ou sem comorbidades. 
Grupo II a. pacientes psiquiátricos descompensados, especialmente aqueles com quadros psicóticos ou demenciais graves ou moderados (risco de suicídio); 
b. uso de álcool ou drogas ilícitas nos últimos 5 anos.
Avaliação laboratorial no pré e pós-operatório da Cirurgia Bariátrica:
Acompanhamento multidisciplinar no pré e pós operatório da cirurgia bariátrica:
Referências:
, M. Nelson Princípios de Pediatria . Grupo GEN, 2016. 
BOMFIM, Natália da Silva et al. Obesidade infantil: principais causas e a importância da intervenção nutricional. Catussaba Revista Científica da Escola da Saúde, v. 5, p. 31-44, 2016.
http://www.ans.gov.br/images/final_obesidade_18_12.pdf MANUAL DE DIRETRIZES PARA O ENFRENTAMENTO DA OBESIDADE NA SAÚDE SUPLEMENTAR BRASILEIRA, 2017
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Manual_de_Obesidade_-_3a_Ed_web_compressed.pdf Departamento Científico de Nutrologia Sociedade Brasileira de Pediatria 2019

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