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CUMPRIMENTO DE SENTENÇA E EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJ UDICIAL Aula 2 – Introdução à tutela jurisdicional executiva Profa. Ms. Janaina Rabelo janaina.rabelo02@gmail.com Objetivos da aula: • Iniciar o estudo da tutela jurisdicional executiva, apresentando os principais conceitos e tópicos relacionados ao conteúdo. Tutela jurisdicional executiva O que é execução? • Executar significa buscar o Poder Judiciário para que o juiz tome providências concretas, que tenham por objetivo a satisfação do titular do direito (credor), fundamentado em um título executivo e diante do inadimplemento do devedor. • “(...) conjunto de meios materiais previstos em lei, à disposição do juízo, visando a satisfação do direito.” (NEVES, 2021, p. 1049). • “Executar é satisfazer uma prestação devida. A execução pode ser espontânea, quando o devedor cumpre voluntariamente a prestação, ou forçada, quando o cumprimento da prestação é obtido por meio da prática de atos executivos pelo Estado.” (DIDIER, 2019, p. 47). • Busca-se a satisfação do titular do direito (credor), fundamentado em um título executivo e diante do inadimplemento do devedor. Processo autônomo de execução x Fase procedimental executiva: • CPC/1973 – regra: prevalência do processo autônomo de execução. Diversidade de atividades jurisdicionais: no processo de conhecimento são desenvolvidas atividades cognitivas; no processo de execução são praticadas atividades práticas e materiais; e Diferentes objetivos: no processo de conhecimento objetiva-se reconhecer o direito do autor; no processo de execução objetiva-se satisfazer o direito do exequente (credor). • Excepcionalmente: “ação sincrética” – um processo com duas fases procedimentais sucessivas: a primeira de conhecimento e a segunda de execução. • CPC/2015 – regra: execução imediata, por mera fase procedimental. • Excepcionalmente: processo autônomo de execução. • OBS.: CPC, Art. 515, §1º: Sentença penal condenatória transitada em julgado; Homologação de sentença estrangeira; Homologação de decisão interlocutória estrangeira; Sentença arbitral. • “Ocorre, entretanto, que não é possível aplicar nessas situações o procedimento do processo de execução, sob pena de tornar heterogênea a execução dos títulos judiciais, com a criação de títulos de segunda classe, para os quais a execução tem um procedimento menos favorável ao demandante. (...), entendo que estruturalmente, com a petição inicial e a citação, estar-se-á diante de um processo autônomo de execução, mas que o procedimento a partir da citação do executado passa a ser o cumprimento de sentença.” (NEVES, 2021, p. 1050). • Em resumo... • A execução pode ocorrer de 2 formas: a) Processo autônomo de execução: a efetivação é objeto de um processo autônomo, instaurado com essa preponderante finalidade; e b) Fase de execução: a execução ocorre dentro de um processo já existente, como uma de suas fases – cumprimento de sentença. • “Toda a execução realiza-se em um processo de execução, procedimento em contraditório, seja em um processo instaurado com esse objetivo, seja como fase de um processo sincrético.” (DIDIER, 2019, p. 48, itálico no original). • No título II, Livro I da Parte Especial (art. 513-538), o CPC dedica-se ao cumprimento de sentença (provisório e definitivo), consistente na execução forçada de títulos executivos judiciais, que se dá, em regra, como fase do mesmo processo em que a sentença foi proferida, ou, excepcionalmente, por processo autônomo. • Já no Livro II da Parte Especial (art. 771-925), o CPC dedica-se à execução forçada de títulos executivos extrajudiciais, que transcorre por processo autônomo (“processo de execução”). • OBS: as regras da execução de título extrajudicial aplicam-se subsidiariamente, no que couber, ao cumprimento de sentença e vice-versa. Espécies de Execução: • CPC/73 = Execução por título judicial e Execução por título extrajudicial. - Nesses casos, há a necessidade de petição inicial e citação do executado. - Trata-se de processo autônomo? • CPC/2015 = a execução por título judicial ganha o nome de “cumprimento de sentença”. Permanece a Execução por título extrajudicial. • Título executivo: • Judicial – art. 515, CPC x Extrajudicial – art. 784, CPC. • Cumprimento definitivo ou provisório de sentença (execução fundada em título judicial): • “O que é definitivo ou provisório é o título que embasa o cumprimento de sentença.” (Marinoni) • Cumprimento de sentença definitiva = sentença transitada em julgado. • Cumprimento de sentença provisória = julgamento antecipado parcial de mérito ou sentença impugnada mediante recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo. • Execução comum e execução especial: de acordo com o procedimento. Procedimentos executivos comuns: servem a uma generalidade de créditos. Ex: execução por quantia certa. Procedimentos executivos especiais: servem apenas para créditos específicos (Ex.: execução de alimentos e fiscal) ou que busca a satisfação da pretensão do autor tal como constituída no título executivo (São os casos do artigo 497 e 498, que condenam o devedor em obrigação de fazer ou não fazer ou à entrega da coisa, respectivamente). • Execução por sub-rogação (direta) x Execução por coerção (indireta): 1) Execução por sub-rogação (direta): • O Estado vence a resistência do executado substituindo a sua vontade, com a consequente satisfação do direito do exequente. • O juiz dispõe de determinados atos que geram a satisfação do direito. • Exemplos: penhora, depósito, entrega da coisa. 2) Execução por coerção (indireta): • O Estado não substitui a vontade do executado; pelo contrário, atua de forma a convencê-lo a cumprir com sua obrigação. • O juiz atuará de forma a pressionar o executado para que ele modifique a sua vontade originária de ver frustrada a satisfação do direito do exequente. • Duas formas: a) Ameaça de piorar a situação da parte caso não cumpra a obrigação. b) Melhora na situação da parte caso cumpra a obrigação. • Exemplos: Imposição de multa coercitiva patrimonial; Imposição de prisão civil ao devedor de alimentos pessoal; “Sanção premial” ou sanção positiva, como no caso de redução dos honorários advocatícios se houver o pagamento integral incentivo/estímulo. • “Sendo a obrigação de fazer infungível (personalíssima), na qual somente o devedor pode cumprir a obrigação, de nada adiantará a aplicação de medidas de execução por sub-rogação, considerando-se que nesse caso, a vontade do devedor não pode ser substituída pela vontade do Estado-juiz. Nessa espécie de execução resta somente a aplicação de astrintes na tentativa de convencer o executado a cumprir a obrigação.” (NEVES, 2021, P. 1053). Princípios da Execução: 1) Nulla executio sine titulo: • Não há execução sem título que a embase. Motivo = além da permissão para a invasão do patrimônio do executado por meio de atos de constrição judicial, o executado é colocado numa situação processual desvantajosa em relação ao exequente. • Desse princípio decorre o princípio da tipicidade dos títulos executivos ou nulla titulus sine lege, ou seja, o rol de títulos previstos em lei é taxativo (numerus clausus). 2) Patrimonialidade: • A execução é sempre real, nunca pessoal, em razão de serem os bens do executado os responsáveis pela satisfação do direito do exequente. 3) Utilidade: • O processo de execução deve ter uma utilidade prática, ou seja, satisfazer o direito do exequente. • A execução não é forma de vingança privada, não servindo apenas para prejudicar o devedor, sem trazer qualquer proveito prático ao credor. 4) Disponibilidade da execução: 5) CPC, Art. 775. O exequente tem o direito de desistir de toda a execução ou de apenas alguma medida executiva.• Sem que haja necessidade de concordância do executado! • Salvo Ministério Público***, pois defende interesse alheio. • CPC, Art. 775. (...) • Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: • I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o exequente as custas processuais e os honorários advocatícios; a extinção dos embargos que versem sobre matéria de mérito (direito material) está condicionada à concordância do embargante. • II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do impugnante ou do embargante. 5) Menor onerosidade: • CPC, Art. 805. Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado. • Gravames desnecessários à satisfação do direito do exequente devem ser evitados sempre que for possível satisfazer o direito por meio da adoção de outros mecanismos. • Ex: Em caso de leilão do(s) bem(ns) do executado, não será aceito lance que ofereça preço vil (art. 891, CPC). 6) Lealdade e Boa-fé processual: • Sanções previstas nos artigos 77, 80 e 81 do CPC; • Atos atentatórios à dignidade da justiça – art. 774, CPC; O processo é extinto sem resolução do mérito, podendo, posteriormente, ingressar com a ação. Quando há pluralidade de meios à disposição do exequente. Ex: execução de alimentos – prisão ou expropriação. • STJ, Informativo 578 (2016): A multa por ato atentatório à dignidade da Justiça constitui punição cuja aplicabilidade restringe-se aos atos do executado em procedimento executivo. 7) Contraditório; 8) Atipicidade dos meios executivos: • O juiz pode adotar outros meios executivos que não estejam expressamente consagrados em lei. 9. Do exato adimplemento: o credor deve, dentro do possível, obter o mesmo resultado que seria alcançado caso o devedor tivesse cumprido voluntariamente a obrigação. ▫ A execução deve ser específica, atribuindo ao credor exatamente aquilo que ele faz jus. ▫ CPC, Art. 831: A penhora deverá recair sobre tantos bens quantos bastem para o pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas e dos honorários advocatícios. Ler os informativos postados no teams, pois abordam dois princípios que não constam no material: princípio da causalidade e da efetividade da execução. • Referências bibliográficas: 1. BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil. 4ª ed. São Paulo: Saraiva; 2. GONCALVES. Marcus Vinícius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. São Paulo: Saraiva; 3. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. Salvador: Ed. Juspodivm. 4. DIDIER JR., Fredie. Curso de Direitos Processual Civil: Execução. Salvador: Ed. Juspodivm. 5. MARINONI. Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz, METIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo Civil – Tutela dos Direitos Mediante Procedimento Comum. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, vol. 2.
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