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C_culturas_industriais_RAS

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C) CULTURAS INDUSTRIAIS
AUTORES
BRUNO FERNANDO FARIA PEREIRA
DÉBORA CLIVATI
Cultulra industriais
103
IntroduçãoIntrodução
Este caderno traz informações que seguramente contribuirão 
para o aprendizado teórico e prático do aluno de Licenciatura em 
Ciências Agrárias; trataremos nele de culturas industriais. O termo 
culturas industriais define as plantas ou culturas que produzem algum 
tipo de bem ou serviço. A energia, por exemplo, pode ser gerada através 
do biocombustível obtido a partir de diversas plantas como a cana-de-
açúcar, mamona, soja e outras. Vejamos outros exemplos: os estimulantes 
(como a cafeína) podem ser obtidos através dos frutos do café; a borracha 
pode ser obtida extraíndo-se o látex da seringueira; o açúcar e álcool 
podem ser oriundos da cana-de-açúcar. Sendo mais específico, neste 
caderno estudaremos as seguintes culturas industriais: mandioca, batata-
doce, guaraná, seringueira, cana-de-açúcar e o café. Estas culturas, 
principalmente as quatro primeiras, fazem parte da história e cultura da 
região norte do Brasil, e até hoje são fundamentais para a subsistência 
de grande parte da população e para o desenvolvimento econômico desta 
região.
O sucesso na produção das culturas industriais, ou de qualquer 
outra cultura agronômica, depende do uso correto de diversas técnicas; em 
sendo assim as mostraremos o uso delas, considerando desde o momento 
do cultivo, a colheita até o processamento das culturas industriais. De 
forma geral, aprenderemos os aspectos básicos sobre: i) importância 
econômica destas culturas; ii) aspectos sociais relacionados a estas 
culturas; iii) botânica; iv) exigências edáficas e climáticas; v) produção 
de mudas; vi) condução de mudas nos viveiros; vii) adubação e calagem; 
viii) da implantação das culturas; ix) tratos culturais; x) colheita; xi) 
beneficiamento; e xii) comercialização. 
É importante ressaltar que essas técnicas/operações, que 
serão estudadas neste caderno, podem variar conforme a região e serem 
alteradas de acordo com os recursos ou condições disponíveis no local onde 
se encontra a cultura. Elas também estão em constante aperfeiçoamento 
através de novas pesquisas e/ou experiência prática dos agricultores.
Palavras do professor autor
Você está cursando as últimas disciplinas do curso em Licenciatura 
em Ciências Agrárias. Se você chegou até aqui é porque provavelmente já 
possui grande parte do conhecimento básico para entender com facilidade 
o conteúdo que estudaremos nesta unidade.
Palavras do 
professor autor
Culturas industriais
104
Garanto a você que os conhecimentos transmitidos nesta disciplina, mesmo 
que de forma muito simplificada, terão muita valia em sua formação 
acadêmica. E, além disto, caso se dedique com esforço, a disciplina pode 
ser um diferencial em sua vida e das pessoas que o cercam.
É com sentimento de esperança que desejo que aproveitem 
essa oportunidade para investirem mais algumas horas de estudos em seu 
crescimento pessoal e profissional. 
Bons estudos.
 Bruno Fernando Faria Pereira
Débora Clivati
Orientações para estudo
Como você já está quase concluindo o curso de Licenciatura em 
Ciências Agrárias deduzimos que já adquiriram rotina e habilidade com os 
estudos no ensino à distância. Entretanto, mesmo assim, aqui vão algumas 
dicas:
1 - Motive-se. Principalmente nos momentos de dificuldades, 
lembre-se dos motivos pelos quais você decidiu cursar Licenciatura em 
Ciências Agrárias;
2 - Organize seu tempo conforme o calendário proposto neste 
módulo e siga rigorosamente as datas determinadas;
3 - Estabeleça um horário diário para iniciar e finalizar os 
estudos;
4 - Leia cuidadosamente o caderno antes da realização dos 
fóruns e demais atividades;
5 - Tire suas dúvidas com o tutor presencial, à distância ou 
professor;
6 - Estabeleça o seu período de lazer.
Ementa 
Estudo da importância econômica, aspectos sociais de cada cultura, 
botânica, exigências climáticas e edaficas, ecológicas e fisiológicas, tratos 
culturais, colheita, beneficiamento, comercialização e alternativas das 
culturas da mandioca, bata-doce, guaraná, cana-de-açúcar, seringueira e 
cafeeiro.
Orientação para 
estudo
Ementa
105
Unidade 1
Mandioca
Culturas industriais
Objetivos de ensino-aprendizagem
1. Demonstrar, através de atividades, conhecimento dos termos 
técnicos envolvidos com algumas culturas industriais; 
2. Discutir com os seus colegas as técnicas de cultivo mostradas 
neste caderno; 
3. Identificar as semelhanças e particularidades das técnicas de 
cultivos de algumas culturas industriais.
4. Demonstrar, através de atividades, a noção das quantidades 
de insumos necessárias para a implantação de determinadas culturas;
5. Realizar atividades agrícolas para demonstrar conhecimento 
das principais etapas de cultivo das culturas industriais.
Unidade1 Mandioca
Síntese: Nesta unidade estudaremos a importância econômica, os aspectos 
sociais, a botânica, as exigências climáticas e edaficas, os tratos culturais, 
a colheita, o beneficiamento e a comercialização da mandioca.
Importância econômica
A mandioca é produzida em larga escala nos países 
subdesenvolvidos e em desenvolvimento das regiões tropicais, sendo 
que os maiores produtores de mandioca no ano de 2009 foram: Nigéria, 
Tailândia e Indonésia. O Brasil foi o 7o maior produtor mundial daquele ano 
(FAOSTAT, 2009).
A mandioca é o 5o produto entre as culturas temporárias mais 
cultivadas no Brasil. Em 2009, os maiores produtores brasileiros foram os 
estados do Pará, Paraná e Bahia. O estado do Amazonas ficou em 6o lugar, 
produzindo quase 996 mil toneladas naquele ano (FAOSTAT, 2009;IBGE, 
2009).
Alguns estudos mostram que há uma perspectiva de crescimento 
de consumo da mandioca. Isto ocorre devido às mudanças de mercado 
(HENRI et al., 2004). Algumas são as razões que levam os estudiosos a esse 
ponto de vista. Continuando com Henri et al. (2004), eles creditam ao 
tempo que se despende em tarefas domésticas, mas podemos considerar 
também existirem outros fatores, como a tecnologia, o que pode elevar 
a procura por produtos mais práticos, como a mandioca pré-cozida 
e congelada e farofas prontas. Além disso, a fécula poderia reduzir as 
importações, substituindo a farinha de trigo em produtos como biscoitos, 
bolos, massas e misturas prontas para pães. Também se pode substituir a 
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106
Culturas industriais
Unidade 1
Mandioca
farinha de trigo nas colas das indústrias de móveis. Em alguns países da 
Europa essa substituição é feita com rações animais, quando o preço está 
favorável (EMBRAPA, 2006).
Atualmente, está sendo pesquisada a viabilidade de se utilizar 
o amido da mandioca como matéria-prima de etanol, especialmente no 
Amazonas onde esse combustível tem alto custo devido ao transporte 
desde a região sudeste; além disso, o amido também tem sido estudado 
como matéria-prima de bioplásticos que, além de biodegradar em 45 dias, 
podem ser mais baratos que o plástico derivado do petróle (CEREDA, 2003; 
VALLE et al. 2009).
Aspectos sociais da cultura
A mandioca é originária da América do Sul, provavelmente do 
Brasil Central. Essa cultura já era fonte de alimento para os indígenas 
desde antes da descoberta do Brasil. Mas o cultivo da mandioca foi 
difundido pelos colonizadores portugueses e espanhóis, e, atualmente, 
está presente em todos os estados brasileiros (EMBRAPA, 2009). A mandioca 
é amplamente cultivada nas propriedades rurais de produção familiar 
devido à possibilidade de diferentes usos dessa cultura. Ela é produzida 
tanto para subsistência quanto para comercialização. 
Antigamente, a atividade de beneficiamento da mandioca 
era feita por membros de uma mesma família, mas com a mecanização 
dos processos essa maneira de beneficiá-la (interação familiar) mudou. 
Atualmente há uma divisão das tarefas, nas quais os homens são responsáveis 
pelas operações dos equipamentos, as mulheres pela ação de descascá-la 
e torná-la preparada para a obtenção dossubprodutos, como o tucupi, o 
carimã, a tapioca, a farinha entre outros.
Botânica 
A mandioca também é conhecida no Brasil por outros nomes 
populares, como macaxeira e aipim e seu nome científico é Manihot 
esculenta Crantz (Euphorbiaceae). Essa família é conhecida pela produção 
de látex (a matéria prima da borracha). O gênero Manihot tem 98 espécies 
que ocorrem desde o estado do Arizona, nos Estados Unidos, até a Argentina.
Das 98 espécies, 80 ocorrem no Brasil. Manihot esculenta é a 
espécie mais cultivada para consumo humano, da qual se come a raiz e 
seus derivados (farinha e fécula). Algumas espécies são cultivadas para 
outros fins, como a maniçoba. Maniçoba é o nome popular dado às espécies 
Manihot dichotoma, M. caerulescens e M. glaziovii e foi utilizada por muito 
tempo no nordeste brasileiro como fonte alternativa de látex, pela sangria 
da raiz. As folhas de Manihot glaziovii ainda são utilizadas como forragem 
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Unidade 1
Mandioca
Culturas industriais
para gado, depois de destoxificadas, e as sementes de M. dichotoma são 
consumidas por pessoas de baixa renda e usadas pra alimentar porcos 
e galinhas. As maniçobas também são usadas na construção de cercas 
(CHACÓN et al., 2008; EMBRAPA, 2006).
Muitas espécies são tóxicas, pois contém até 5 glicosídeos 
cianogênicos, que depois de hidrolisados, liberam ácido cianídrico. Este 
é um dos vários componentes responsáveis pela toxicidade da mandioca. 
Quando ingerido, o ácido cianídrico pode causar diversos problemas de 
saúde, podendo levar até a morte (SILVA et al., 2004). 
Por isso, deve-se prestar muita atenção quando estiver 
identificando uma espécie. Como algumas características da mandioca 
são muito semelhantes, podem-se confundir as espécies tóxicas com as 
comestíveis. Deve-se então utilizar principalmente as características dos 
frutos e das flores para identificar as espécies de mandioca. 
Atualmente existem mais de 4 mil variedades de mandioca 
catalogadas no Brasil (EMBRAPA, 2011) e por isso é preciso conhecer muito 
bem as características de Manihot esculenta e as de suas variedades para 
identificá-las corretamente.
As folhas da mandioca são decíduas, ou seja, duram de um a 
dois meses e depois caem. O pecíolo varia bastante de comprimento e sua 
posição em relação à haste pode ser inclinada para cima, horizontal ou 
inclinada para baixo; a cor do pecíolo pode ser verde-amarelada, verde 
ou roxa. O limbo foliar é palmado, com 3 a 11 lobos. A cor das nervuras 
das folhas pode ser verde, amarela ou vermelha. As folhas porem ser 
concolores ou discolores (EMBRAPA, 2006).
A mandioca começa a florescer aos 6 meses de idade. As flores 
são agrupadas em uma inflorescência terminal que mede de 5 a 15 cm 
de comprimento e são dioicas. As flores femininas encontram-se na base 
da inflorescência e as masculinas na porção apical. O número de flores 
masculinas é quase 10 vezes maior que o de flores femininas. Então, 
em uma mesma inflorescência há em torno de 6 flores femininas e 50 
masculinas. Ambas as flores são monoclamídeas, com 5 tépalas (EMBRAPA, 
2006; GRANER, 1942).
A flor masculina tem pedicelo curto e reto. Sua cor varia de 
verde a amarelado. As tépalas são imbricadas e às vezes apresentam 
franjas nas margens. Na parte interna da flor masculina há um disco com 
10 dentes, dos quais partem 10 estames de 2 ciclos. Os estames internos 
são curtos e alternados com as tépalas, enquanto os externos são longos. 
As anteras são abertas por duas fendas, voltadas para o eixo da flor. O 
pólen é produzido em grande quantidade, é amarelo, esférico e apresenta 
muitos poros (EMBRAPA, 2006; GRANER, 1942).
108
Culturas industriais
Unidade 1
Mandioca
A flor feminina apresenta o pedicelo curvo e longo, é voltada 
para cima, mas depois de fecundada torna-se pêndula. As flores femininas 
são maiores que as masculinas e suas tépalas são separadas até a base. As 
tépalas são verde-amareladas com margem purpúrea, lisas ou com franjas 
curta. Os frutos são do tipo esquizocarpo, com carpóforos persistentes 
depois da deiscência do fruto (EMBRAPA, 2006; GRANER, 1942).
As plantas produzidas por estacas apresentam de 1 a 10 raízes 
tuberosas. Elas apresentam uma fina camada de súber, que se destaca 
com facilidade da raiz. Debaixo do súber está o córtex, muito reduzido 
e de cores variáveis conforme a variedade. A parte comestível da raiz é 
formada pelo xilema e também podem ter diversas cores, as mais comuns 
sendo creme, amarelo e rosa.
Exigências climáticas e edáficas 
A exigência climática de uma espécie diz respeito à faixa de 
valores ideais de variáveis como temperatura relativa do ar, precipitação, 
umidade, insolação e outros, para que determinada espécie vegetal possa 
se desenvolver plenamente e expressar sua máxima capacidade produtiva. 
Já a exigência edáfica refere-se às propriedades ideais do solo para que 
determinada cultura possa expressar o seu máximo desenvolvimento e 
consequentemente produtividade.
A cultura da mandioca é pouco restritiva quanto às condições 
climátias e edáficas. Devido a esta rusticidez da cultura o seu cultivo pode 
ser estabelecido em condições adversas de clima e solo, onde geralmente, 
as outras culturas não se adaptam. De forma geral esta cultura é adaptada 
em quase todo o território nacional. 
O cultivo da mandioca pode ocorrer mesmo em solos ácidos, 
pobres em nutrientes, com deficiência hídrica, alagados, ou pouco 
profundos. Conforme estes autores, 89% das raízes da mandioca encontram-
se até a profundidade de 1 m de profundidade. Sendo assim, solo com 
profundidade entre 1 e 2 m ou mais de 2 metros de profundidade, são 
adequados para o cultivo da mandioca. Solos de textura média ou arenosos 
são mais adequados à cultura. Solos com esta textura facilitam a aeração 
das raízes e facilitam o preparo do solo para o plantio e a colheita. Além 
disto, estes solos proporcionam maior drenagem da água no perfil do solo 
evitando o apodrecimento das raízes. Quanto aos nutrientes, a quantidade 
extraída pelas raízes da mandioca obedece a seguinte ordem: K > N > Ca 
> P > Mg (SOUZA; SOUZA; GOMES, 2006).
A possível degradação do solo ocasionada por esta cultura 
também deve ser considerada. O cultivo da mandioca proporciona grandes 
perdas de solo por erosão devido aos seguintes fatores: i) crescimento 
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109
Unidade 1
Mandioca
Culturas industriais
lento inicial da cultura; ii) espaçamento entre as plantas; iii) necessidade 
de capina nos primeiros estádios da cultura; iv) movimentação do solo 
durante o plantio e colheita. Sendo assim, para se minimizar os problemas 
com erosão no cultivo da mandioca, é fundamental o uso de práticas 
conservacionistas como o plantio em nível, cobertura morta sobre o solo, 
consorciação e rotação de culturas que auxiliam na redução de problemas 
com a erosão no cultivo da mandioca.
Esta cultura é sensível a solos salinos e a condutividade elétrica 
do solo não pode ultrapassar 4 dS m-1. A adição de matéria orgânica no 
solo (esterco, torta de mamona, adubo verde, etc), bem como a calagem 
e adubação em solos de baixa fertilidade possuem influência positiva na 
produção de mandioca (MATTOS; CARDOSO, 2003). Conforme estes autores, 
o pH do solo para esta cultura é de 6,5. Neste valor de pH do solo ocorre 
a maximização da disponibilidade de macro e micronutrientes às plantas 
(SOUZA; SOUZA; GOMES, 2006).
Implantação da cultura
 Para a implantação da cultura, inicialmente deve-se realizar 
a amostragem do solo para a análise química que será utilizada para a 
recomendação da calagem e consequentemente correção da acidez do 
solo e para a adubação da cultura. Mattos e Cardoso (2003) recomendam 
que a necessidade de calagem (NC) deve ser estimada conforme a fórmula 
abaixo:
NC (t/ha) = [2 – (cmolc Ca
2+ + Mg2+/100 cm3)] x f
f = 100/PRNT
Ainda conforme estes autores, a calagem deve ser feita com 2 
meses de antecedência do plantio, em qualquer época do ano, utilizando-
se calcáriodolomítico, a lanço em área total, como incorporação à 20 cm. 
Por outro lado, independentemente da recomendação de calagem, Gomes 
e Silva (2006) relatam que a aplicação doses entre 1 a 2 t ha-1 de calcário 
tem sido suficiente para a correção da acidez do solo.
Espaçamento, preparo da cova e plantio
O plantio deve ser realizado próximo à época das águas, 
assegurando-se que não haja estresse hídrico por falta d’água à cultura. A 
falta d’água no período inicial da cultura causará sérios prejuízos ao seu 
desenvolvimento e produtividade. No Estado do Pará, o plantio de inverno 
inicia-se no final de dezembro ou início de fevereiro e o de verão no final 
de maio e junho (MATTOS; CARDOSO, 2003).
O espaçamento para o plantio conforme Mattos (2006) 
geralmente é de 1,0 m entre linhas e 0,4 m 0,6 m entre plantas para solos 
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110
Culturas industriais
Unidade 1
Mandioca
menos férteis e de 1,2 m entre linhas e 0,4 a 0,6 m entre plantas para 
solos mais férteis.
 Deve-se atentar para a profundidade e posição de plantio das 
manivas. Mattos (2006) recomenda que o sulco para plantio deve ter 
10 cm de profundidade, sendo realizado com o auxílio de sulcadores à 
tração motora ou animal. O plantio também pode ser realizado em covas 
abertas com um golpe de enxada. Outra forma de plantio é com o auxílio 
de plantadeiras tracionadas por trator que possibilitam o plantio de 2 a 3 
linhas simultaneamente. Recomenda-se plantar uma maniva por cova em 
profundidade entre 5 e 10 cm. O plantio das manivas pode ser realizado na 
posição vertical, inclinada (45º) ou horizontal. Deve-se garantir que haja 
no mínimo 4 gemas por maniva. No plantio vertical a brotação das plantas 
ocorre mais rapidamente, porporcionando sombreamento mais rápido 
do solo. Contudo, neste sistema a colheita é mais difícil e onerosa. No 
plantio inclinado as raízes seguem a direção do ângulo da maniva. Já no 
plantio horizontal, o plantio é mais fácil e as raízes são mais superficiais, 
facilitando a colheita.
 Após a calagem deve-se então realizar a adubação de plantio. Par 
o Estado do Pará, com base no resultado da análise de solo recomenda-
se (quadro 1).
Nutriente Adubação
P (Mehlich) – mg dm-3 P2O5 (kg ha
-1)
Até 3 60
4 a 6 40
7 a 10 20
K (Mehlich) – mg dm-3 K2O (kg ha
-1)
Até 20 40
21 a 40 30
41 a 60 20
Quadro 1. Recomendação da adubação de plantio, com base nos teores de P e K no solo, 
para o cultivo de mandioca. Nitrogênio: Aplica-se 30 kg ha-1 de N mineral ou orgânico em 
cobertura aos 30 e 60 dias após a brotação das manivas. 
Fonte: Mattos; Cardoso (2003).
Após definidas as doses de P e K conforme quadro 1, os 
adubos devem ser distribuídos no fundo das covas ou no sulco de plantio. 
Recomenda-se o uso de superfosfato triplo ou simples e cloreto de potássio 
como fonte de P e K. Quanto aos micronutrientes, Mattos e Cardoso (2003) 
recomendam a aplicação de 20 kg ha-1 de ZnSO4 e 20 kg ha
-1 de MnSO4 no 
sulco de plantio junto com P e K. Contudo, deve-se atentar que adubações 
sucessivas ao longo dos anos com Zn e Mn podem ocasionar o acúmulo desses 
elementos no solo e possível toxidez às plantas. Assim, é fundamental se 
monitorar os teores dos nutrientes através da análise química de solo.
Além da adubação de plantio da mandioca, preconiza-se a 
consorciação de culturas. A consorciação consiste no plantio simultâneo 
111
Unidade 1
Mandioca
Culturas industriais
de outras culturas junto com a cultura principal. Este sistema apresenta 
diversas vantagens sobre o plantio convencional (monocultura), dentre os 
quais se destacam: i) ciclagem de nutrientes; ii) a interrupção do ciclo de 
pragas e doenças; iii) a melhoria da fertilidade do solo e; iv) a redução da 
população de plantas daninhas. Mattos e Cardoso (2003) recomendam o 
plantio da mandioca consorciado com milho, feijão, amendoim.
Tratos culturais
Irrigação
Índices pluviométricos entre 1000 a 1500 mm ao ano são 
satisfatórios ao cultivo da mandioca. Geralmente o plantio e os cinco 
meses de estabelecimentos da cultura são os mais críticos quanto ao 
déficite hídrico. Também é possível a utilização de sistemas de irrigação 
no cultivo da mandioca. Contudo, para a implantação de um projeto de 
irrigação alguns fatores devem ser considerados: capital e mão-de-obra 
disponíveis para a implantação e manutenção do sistema; número de 
colheitas à serem realizadas ao ano; acesso à compra e manutenção do 
sistema de irrigação; disponibilidade e qualidade da água de irrigação. 
Caso necessário, a irrigação da cultura pode ser realizada com os sistemas 
de irrigação por aspersão (pivô-central, aspersão convencional, canhão 
hidráulico e auto propelido), superfície (sulcos, bacias em nível, inundação, 
faixas), e localizada (gotejamento e microaspersão) (OLIVEIRA; COELHO; 
NOGUEIRA, 2006).
 
Controle de plantas daninhas
As plantas daninhas reduzem a produtividade, além de aumentar 
o custo e produção e de colheita, e reduzirem a qualidade do produto 
colhido. O período mais crítico de interferência das plantas daninhas no 
cultivo da mandioca ocorre do 4º ao 5º mês após o plantio (CARVALHO, 
PERESSIN; ARAÚJO, 2006). O controle das plantas daninhas pode ser 
realizado através de roçagem, capinas manuais, enxadas, cultivador, pelo 
controle químico, coberturas mortas ou vivas e cultivos intercalares. 
Em áreas sob clima tropical, como na maior parte do Brasil, 
chuva e sol são intensos. Estes fatores colaboram muito com a erosão do 
solo, perda de nutrientes, oxidação da matéria orgânica do solo, lixiviação 
de bases trocáveis, etc. Assim, é necessário haver uma proteção sobre o 
solo com folhas e material orgânico, como ocorre numa floresta primária. 
A roçagem consiste no corte do mato/planta daninha, em 2 a 3 cm acima 
da superfície do solo e a preservação da palhada sobre o solo. Assim, 
a roçagem elimina a competição das plantas daninhas com a cultura 
principal. Além disto, leva o acúmulo de matéria orgânica no solo que 
proporcionará inúmeros benefícios para a fertilidade do solo. 
112
Culturas industriais
Unidade 1
Mandioca
Controle de doenças e viroses
Como a propagação da mandioca é vegetativa, as viroses 
estão entre as doenças mais frequentes para esta cultura. As principais 
doenças que atingem esta cultura são: mosaico africano (African cassava 
mosaic virus), mosaico das nervuras (Cassava vein mosaic), couro de sapo 
(Cassava frogskin), mosaico comum (Cassava common virus). Controle de 
doenças feito através do uso de: i) variedades resistentes; ii) produção de 
mudas livres de vírus; iii) rotação de culturas; iv) uso de microganismos 
antagônicos; v) eliminação de plantas infectadas; vi) inspeção periódica da 
cultura; e vii) tratamento químico das manivas. Para viroses recomenda-se 
o tratamento das manivas com água à 35o C, desinfecção com hipoclorito 
de sódio, medidas quarentenárias, controle de vetores, erradicação de 
plantas doentes (FUKUDA, 2006; MAISSNER FILHO; VELAME, 2006).
Controle de pragas
As principais pragas que afetam a cultura da mandioca nas 
Américas são: ácaros, colchonilha farinha, mandorová, percevejo de 
renda, percevejo subterrâneo, mosca da fruta, mosca do broto, mosca 
das galhas, larvas brancas, cupins, brocas do caule, formigas cortadoras 
de folhas, colchonilhas das raízes e gafanhotos (FARIAS; BELLOTTI, 2006). 
De acordo com Gallo et al. (2002) os principais métodos de 
controle destas pragas são: 
-Métodos mecânicos: esmagamento manual de ovos dos insetos 
brocas, catação de larvas e formação de barreiras contra o ataque de 
gafanhotos;
-Método cultural: práticas culturais para o controle das pragas, 
por exemplo: rotação de culturas, época de plantio e colheita, destruição 
de restos culturais, podas, adubação e irrigação, plantio direto;
-Resistência varietal: utilizar varidades resistentes a 
determinadas pragas;
-Métodos de controle físico: fogo, drenagem de terras alagadas, 
inundação ou temperatura;
-Controle biológico: regulação do número de plantas e animais 
porinimigos naturais que ocasionaram a morte biológica das pragas.
Colheita/Arraquio
A colheita deve ser realizada quando a planta alcançar o 
máximo de sua quantidade de matéria seca e de suas características 
organolépticas. Contudo, outros fatores devem ser considerados (MATTOS; 
ALMEIDA 2006): i) tamanho do ciclo: precoce (10 a 14 meses), semiprecoces 
(ciclo de 14 a 18 meses), tardias (ciclo maior do que 18 meses); ii) estágio 
de desenvolvimento que se encontra cada área de plantio; iii) sistema de 
Cultulra industriais
113
Unidade 2 
Batata doce
plantio; iv) condições de solo e clima; v) situação das estradas e caminhos 
de acesso; vi) mercado e preços de produto; vii) disponibilidade de mão-
de-obra; e ix) compromisso assumido pelo produtor.
A primeira etapa do arraquio da mandioca consiste na poda 
da parte aérea a uma altura entre 20 e 40 cm da superfície do solo. A 
segunda etapa consiste no arranquio das raízes que pode ser manual em 
solos arenosos, ou com o auxílio de picareta em solos argilosos (MATTOS; 
ALMEIDA, 2006). Segundo estes autores, a colheita mecanizada da 
mandioca também pode ser realizada através de implementos denominados 
afofadores e arrancadores. Independentemente do método escolhido para 
colheita, deve-se cuidar para minimizar a quebra das raízes.
Beneficiamento, comercialização e alternativas 
Tanto as raízes quanto a parte aéra da mandioca são 
aproveitáveis. As folhas e hastes podem ser utilizadas na alimentação 
animal como silagem e feno, ou mesmo fresca. Para a alimentação 
humana as folhas também podem ser utilizadas como farinha após sua 
desidratação (CARDOSO; GAMEIRO, 2006). Quanto ao seu uso industrial, os 
mais importantes produtos são as farinhas e a fécula (CARDOSO; GAMEIRO, 
2006). A comercialização das raízes geralmente é in natura; contudo, a 
madioca pré-cozida e congelada e como snack (salgadinho) encontram-se 
em expansão. Estas são boas alternativas para pequenos produtores que 
podem agregar valor ao produto final. Estas alternativas exigem baixo 
investimento em tecnologia e são operacionalmente simples.
Unidade 2 Batata doce
Síntese: Nesta unidade, estudaremos a importância econômica, os aspectos 
sociais, a botânica, as exigências climáticas e edaficas, os tratos culturais, 
a colheita, o beneficiamento e a comercialização da batata-doce.
Importância econômica
A batata-doce é cultivada em 111 países, e 90% da produção 
são originárias da Ásia, 5% da África e 5% no restante no mundo. A China é 
o maior produtor mundial, produzindo 100 milhões T ano-1. É uma planta 
rústica, resistente à seca, às pragas, de ampla adaptação, crescendo em 
solos pobres e degradados e respondendo pouco a fertilizantes. É cultivada 
desde áreas ao nível do mar até 3000 m de altitude, em diversos climas, 
desde temperado até o tropical e o desértico (SILVA; LOPES; MAGALHÃES, 
2004).
Culturas industriais
114
Unidade 2 
Batata doce
A cultura de batata-doce é de grande importância para a 
agricultura familiar e geração de emprego e renda, pois demanda mão-
de-obra, principalmente na colheita, na qual não se utiliza processos 
mecanizados. Além disso, quase não há aplicação de inseticida ou 
herbicida, o que leva a despesa com insumos girar em torno de 13% o custo 
operacional total (MONTES et al., 2006). 
O investimento na cultura da batata-doce é baixo, especialmente 
em tecnologia, e o principal motivo é a baixa lucratividade. Apesar disso, 
o cultivo da batata-doce é amplo no país, mas desde a década de 1970 
até os anos 2000 houve declínio na sua produção. Isso devido ao intenso 
êxodo rural e substituição da batata-doce pelo pão. Antes a batata-doce 
era consumida também no desjejum pelas famílias rurais (SILVA; LOPES; 
MAGALHÃES, 2004). 
Aspectos sociais da cultura
A batata-doce adapta-se melhor em regiões tropicais onde vive a 
maior proporção de populações pobres. Nessas áreas é um alimento de alta 
qualidade nutricional, pois é fonte de energia e de proteínas, vitaminas A 
e C e minerais. As raízes apresentam Ca, K e teor de carboidratos variando 
entre 25% e 30%, dos quais 98% são facilmente digeríveis. Além disso, a 
cultura tem grande importância na alimentação animal e na produção 
industrial de derivados como a farinha, o amido e o álcool (SILVA; LOPES; 
MAGALHÃES, 2004).
Botânica
A batata-doce (Ipomoea batatas) pertence à família 
Convolvulaceae. Esta família é conhecida por seu hábito escandente e 
suas flores muito peculiares, com todas as pétalas unidas desde a base. 
O caule é herbáceo, prostrado, com variações na cor e na pilosidade. 
As folhas são largas, com pecíolo longo e margem recortada. As flores 
são hermafroditas, mas de fecundação cruzada. Os frutos são cápsulas 
deiscentes com 2 a 4 sementes pequenas e castanho-claras. Possui 2 tipos 
de raiz: uma de reserva de nutrientes e água, conhecida como “batata”; 
e a outra de absorção de água e nutrientes do solo. As batatas podem ser 
arredondadas, oblongas, fusiformes ou alongadas. Elas podem apresentar 
veias ou dobras, e a pele delas pode ser lisa ou rugosa. Essa variação da 
forma e a presença de dobras ocorrem devido à compactação do solo e à 
presença de pedras e torrões (SILVA; LOPES; MAGALHÃES, 2004).
As cores da pele e a da polpa da batata-doce variam de roxo 
a salmão, de amarelo a creme ou a branco. As batatas (raízes tuberosas) 
desenvolvem gemas vegetativas quando são destacadas da planta ou 
quando a parte aérea é removida ou ressecada. Então, quando a planta 
está em crescimento, as raízes tuberosas não apresentam gemas (olho). 
Cultulra industriais
115
Unidade 2 
Batata doce
O corte da raiz pode aumentar a brotação, mas isso pode levar ao 
apodrecimento, pois o tecido fica mais suscetível à ação de patógenos 
(SILVA; LOPES; MAGALHÃES, 2004).
Segundo os mesmos autores o caule (ou rama) pode ser divido 
e utilizado como rama semente para a formação de lavoura. As ramas 
sementes emitem raízes em 3 a 5 dias. Quanto mais quente o clima, mais 
rápido é o enraizamento.
Exigências climáticas e edáficas
Para o cultivo da batata-doce devem-se escolher áreas com 
boa exposição solar e evitar áreas sombreadas ou que receba ventos 
fortes (GOMES, 2007). A batata-doce se desenvolve melhor em locais com 
temperatura média superior a 24 ºC e pluviosidade anual média entre 750 
e 1000 mm (SILVA, LOPES; MAGALHÃES, 2008).
É considerada uma cultura bastante rústica e pouco exigente 
quanto à qualidade do solo. Ela se desenvolve melhor em solos arenosos 
e com boa drenagem. Os solos arenosos facilitam a penetração das raízes 
e o arranquio da batata na colheita. Isto evita sua quebra e aumenta a 
qualidade do produto colhido. De acordo com Gomes (2007) solos areno-
argilosos, soltos, bem estruturados e com boa areação, com profundidade 
maior do que 30 cm são de forma geral os mais adequados ao cultivo da 
batata doce. Conforme estes autores, o pH ideal de solo para esta cultura 
está entre 5,6 e 6,4.
Implantação da cultura
Solo
Como para a maioria das culturas agrícolas, é recomendável que 
antes do plantio seja realizado a amostragem do solo e análise química. 
Para o Estado de Minas Gerais recomenda-se a calagem buscando-se elevar 
a saturação por bases à 60% (CASALI, 1999). Caso seja necessária, a calagem 
deve ser realizada em área total com 2 meses de antecedência do plantio 
para que haja tempo suficiente para reação química do corretivo aplicado. 
Gomes (2007) recomenda que a adubação com P deve ser realizada com 50-
60 dias após a calagem, e com 5 dias de antecedência do plantio realiza-se 
nova aração e gradagem.
Espaçamento, preparo da cova e plantio
 Os espaçamentos mais utilizados para o cultivo da batata-
doce são de 0,80 a 1,00 m entre linhas e 0,25 a 0,50 m entre plantas. 
Para o plantio devem-se abrir sulcos no solo com 10 cm de profundidade 
mantendo-se o espaçamento desejado. O adubo deve ser distribuído e 
incorporado no sulco (GOMES, 2007). Conforme este autor, o plantio em 
Culturas industriais
116
Unidade 2 
Batata doce
leirascom 0,30 a 0,40 m de altura é o mais recomendável. Por fim, as mudas 
devem ser retiradas dos vasos onde foram desenvolvidas se eliminado as 
raízes enoveladas e colocando-se uma muda por cova. Então, adiciona-
se terra até a cobertura total do sistema radicular. Após a finalização do 
plantio recomenda-se fornecer água para as plantas. Para isto, podem-
se utilizar regadores manuais, mangueiras de borracha ou sistema de 
irrigação. Deve-se tomar o cuidado para que o jato d’água não cause o 
arraste das partículas do solo. Para isto, recomenda-se o uso de esguicho 
para tornar as gotas de água menores, diminuindo o seu impacto sobre o 
solo.
Tratos culturais
Adubação
 A recomendação de adubação para o cultivo da batata-doce 
varia conforme o Estado. Para os Estados do Espirito Santo, Minas gerais 
e São Paulo recomenda-se aplicar respectivamente 20, 60 e 40 kg ha-1 
de N para o ciclo da cultura. Já a recomendação de adubação com P e 
K deve serguir feita de acordo com os resultados das análises de solo e 
a interpretação das faixas limites. Conforme estes autores, no plantio, 
devem-se aplicar todo o P, 50% do N e 50% do K. O que restar do N e do K 
deve ser aplicado em cobertura após aproximadamente 40 dias do plantio. 
Veja o quadro:
Parâmetro analisado Baixo Médio Alto
 Fósforo (mg dm-³)
Textura argilosa < ou = 5 6-10 > 10 
Textura média < ou = 10 11-20 > 20 
Textura arenosa < ou = 20 21-30 > 30 
Potássio (mg dm-³) < ou = 30 31-60 > 60 
Quadro 2. Faixas de interpretação de P e K no solo utilizadas após a análise do solo.
Fonte: SILVA; LOPES; MAGALHÃES (2008).
Conforme a quadro acima, por exemplo, se o resultado da 
análise de um solo argiloso indicar o teor de P de 9 mg dm-3, o solo será 
classificado como “médio” para o teor de P. Se, para o mesmo solo o teor 
de K nutriente no solo fosse de 25 mg dm-3, este solo seria classificado como 
“baixo” quanto ao teor de K. Então, utilizando-se os dados do exemplo 
acima e quadro de interpretação abaixo a recomendação seria de: 120 kg 
ha-1 de P2O5 e 90 kg ha
-1 de K2O. 
No Estado do Espírito Santo recomenda-se aplicar 0,5 a 1,0 g 
ha-1 de B para o cultivo de batata-doce se a análise do solo indicar baixos 
teores deste elemento (ABREU et al, 2007).
Cultulra industriais
117
Unidade 2 
Batata doce
Fósforo
Potássio
Espirito Santo
Baixo Médio Alto
kg ha-1 de P2O5 – K2O
Baixo 90-100 90-70 90-40
Médio 60-80 60-70 60-40
Alto 40-100 40-70 40-40
Minas Gerais
Baixo 180-90 180-60 180-30
Médio 120-90 120-60 120-30
Alto 60-90 60-60 60-30
São Paulo
Baixo 100-120 100-90 100-60
Médio 80-120 80-90 80-60
Alto 60-120 60-90 60-60
Quadro 3. Recomendação de adubação para batata-doce para os Estados do Espirito Santo, Minas Gerais e São 
Paulo. 
Fonte: SILVA; LOPES ; MAGALHÃES (2008).
Controle de plantas daninhas
O controle de plantas daninhas após o plantio deve ser realizado 
principalmente até os 60 dias após o plantio. A capina de plantas daninhas 
é, geralmente, realizada manualmente (GOMES, 2007). Leia mais sobre 
controle de plantas daninhas a descrição sobre o assunto na Unidade 1 
Mandioca.
Doenças
Dentre as doenças fúngicas mais comuns no cultivo de batata-
doce estão mal-do-pé (Plenodomus destruens). Além disto, outros fungos 
fitopatogênicos causam danos nesta cultura: Ceratocystis fimbriata, 
Elsinoë batatas (Sphaceloma batatas), Albugo ipomoeae-panduratea, 
Alternaria spp., Fusarium spp., Monilochaetes infuscans, Sclerotium 
rolfsii, Rizoctonia solani, Cercospora. Doenças bacterianas também podem 
causar prejuízo à cultura da batata-doce. Como medida de controle para 
estas doenças, recomenda-se: i) evitar áreas que tenham sido cultivadas 
anteriormente com quiabo, tomate, alface e batata; ii) utilizar cultivares 
resistentes; iii) fazer rotação de cultura; iv) fazer cultivo de crotalárias 
ou outras plantas antagônicas; e, v) eliminar as soqueiras (SILVA; LOPES; 
MAGALHÃES, 2008).
Controle de pragas 
As principais pragas para a cultura são a broca-da-raíz Euscepes 
postfasciatus, Coleoptera, Curculionidae, e a broca das hastes (Megastes 
pusialis, Lepidoptera, Pyralidae) (SILVA; LOPES; MAGALHÃES, 2008). 
Insetos como vaquinhas (Diabrotica speciosa), lagartas, besouros, pulgões, 
Culturas industriais
118
Unidade 2 
Batata doce
cigarrinhas e outras também atacam a batata-doce. Segundo estes autores, 
o controle de pragas da batata-doce pode ser realizado através da rotação 
de culturas, uso de inseticidas, controle biológico (Beauveria bassiana, 
Bacillus thuringiensis) e pela formação de mudas com ramos/tubérculos 
isentos de brocas (GALLO et al, 2002; GOMES, 2007).
Colheita
Geralmente a colheita da batata-doce é feita entre 120 e 150 
dias após o plantio, quando as raízes apresentam aproximadamente 300 
g. Contudo, em condições ideais de cultivo, a colheita pode ser realizada 
até com 90 dias (SILVA; LOPES; MAGALHÃES, 2008). A colheita pode ser 
realizada manual ou mecanicamente escavando-se lateralmente as leiras, 
cuidando-se para não ferir as raízes e puxando-se as raízes do solo.
Beneficiamento
Após a colheida, a batata-doce deve ser lavada e selecionada. 
As batatas quebradas, perfuradas por broca, ou com coloração escurecida 
devido ao ataque de pragas ou doenças devem ser descartadas.
 Se houver necessidade de armazenamendo, as batatas não 
devem ser lavadas, pois podem prejudicar a conservação e aumentar as 
perdas devido ao ataque de patógenos (SILVA; LOPES; MAGALHÃES, 2008). 
Contudo, estes autores ressaltam que a lavagem geralmente é necessária 
quando a cultura é instalada em solos argilosos. Geralmente quando 
instalada em solos arenosos esta prática é dispensável.
Comercialização e alternativas 
Oficialmente não há uma norma para classificação para 
comercialização da batata-doce. Em mercados como os de São Paulo e Rio 
de Janeiro consideram-se tipo Extra-A 301 a 400 g; tipo Extra-B 201 a 300 
g; Especial – 151 a 200 g. A embalagem mais utilizida para comercialização 
é a caixa tipo “K” (SILVA; LOPES; MAGALHÃES, 2008).
Cultulra industriais
119
Unidade 3 
Guaraná
Unidade 3 Guaraná
Síntese: Nesta unidade, estudaremos a importância econômica, os 
aspectos sociais, a botânica, as exigências climáticas e edaficas, os tratos 
culturais, a colheita, o beneficiamento e a comercialização do guaraná.
Importância econômica 
O Brasil é o maior produtor comercial de guaraná do mundo 
(PEREIRA, 2005). O cultivo de guaraná é responsável pela geração de 
milhares de empregos diretos e indiretos na região norte do Brasil. O 
cultivo do guaraná também é fonte de renda para populações amazônidas 
interioranas contribuindo para redução de êxodo urbano (ARRUDA et al., 
2007). Em vários estados, a cultura é plantada por agricultores familiares. 
Mas no estado do Amazonas, o guaraná também é plantado por grandes 
produtores, especialmente na cidade de Maués.
No ano 2000, os principais produtores de guaraná no Brasil foram 
os estados da Bahia, Amazonas e Mato Grosso (SUFRAMA, 2003). Em 2003, 
quase 800 toneladas de sementes secas de guaraná foram produzidas em 
5.178 ha no Amazonas. Esse número ficou bem abaixo da media do Brasil, 
que no período alcançou 298 kg/ha.
Em 2010, foram destinados 2.868 hectares à colheita de guaraná, 
dos quais 2.150 hectares foram efetivamente colhidos. Nessa área, foram 
produzidas 24.429 toneladas de sementes de guaraná, com rendimento 
médio de 11.362 kg/ha, no valor correspondente de 28 milhões de reais 
(IBGE, 2010).
A produção brasileira de guaraná é quase toda destinada ao 
mercado consumidor interno. Apenas pequena parte é exportada para 
outros países. No Brasil, cerca de 70% das sementes de guaraná são 
absorvidas pelos fabricantes de refrigerantes e o restante é comercializado 
basicamente como xarope, pó, extrato e bastão (PEREIRA, 2005).
Aspectos sociais da cultura
Há séculos as civilizações indígenas utilizam o guaraná para 
diversos fins. Os registros mais antigos de sua utilização datam de 1669. 
Suas propriedades medicinais teem sido comprovadas cientificamentee 
a planta já é utilizada como antitérmico, antinevrálgico, antidiarreico, 
estimulante, analgésico e antigripal (HENMAN, 1982).
É das sementes que se extrai a matéria prima para as indústrias 
farmacêuticas e também alimentícias, como para a fabricação de 
refrigerantes, xaropes, sucos, pós-solúveis e bastões. Essa variedade 
de produtos influencia seu cultivo em pequenas propriedades pelos 
agricultores familiares (PEREIRA, 2005). 
Culturas industriais
120
Unidade 3 
Guaraná
Botânica
O guaraná (Paullinia cupana Kunth) pertence à família 
Sapindaceae. Ele pode ser reconhecido por seu hábito escandente 
arbustivo. Seus ramos são sulcados e suas folhas são compostas com 5 
folíolos. Algumas espécies apresentam gavinhas, que são axilares. 
As flores são monoicas, teem a corola amarela, zigomórfica, 
com 5 pétalas e 5 sépalas pilosas, 8 estames e ovário trilocular com um disco 
glandular na base. Uma inflorescência de aproximadamente 25 cm pode 
produzir, em condições ideais, cerca de 50 frutos. O fruto é uma cápsula 
carnosa, obovada, glabra, profundamente segmentada, com pedúnculo 
longo. Mede de 2 a 2,5 cm de diâmetro, é vermelho-alaranjado quando 
maduro. Cada fruto contém de 1 a 3 sementes, as quais são parcialmente 
cobertas por um arilo branco e farináceo, com um tegumento (ou testa) 
marrom escuro brilhante. As sementes, depois de tostadas, formam o 
produto comercializável. Elas possuem uma alta quantidade de cafeína, 
mais do que a do próprio café. Os nativos da região amazônica preparam 
o guaraná retirando a testa da semente, em seguida socam, amassam 
e secam as sementes, defumando-as. Depois de secas, são moídas para 
serem utilizadas em forma de pó diluído em água. Mas, atualmente, o uso 
mais comum do guaraná tem sido em forma de xarope (HENMAN, 1982).
Há duas variedades de Paullinia cupana, a ‘Cupana’ e a 
‘Sorbilis’. A primeira difere da segunda por não apresentar gavinhas, seus 
folíolos são mais lobados e suas flores e frutos são maiores. O guaraná 
é uma planta alógama (que se reproduz por fecundação cruzada), cuja 
polinização é realizada principalmente por abelhas. Por esse motivo, os 
grandes produtores de guaraná mantém a produção no meio da mata, para 
que os agentes polinizadores tenham acesso às plantas de guaraná.
A planta ocorre no Brasil, Equador, Peru e Venezuela. No Brasil, 
o guaraná está distribuído na Amazônia legal e nos estados da Bahia, 
Espírito Santo, Mato Grosso e São Paulo (EMBRAPA, 2005; MISSOURI, 2011).
O cultivo do guaranazeiro
Produção de mudas
A produção de mudas vigorosas é o primeiro passo para 
formação de uma lavoura produtiva (BRAUN et al., 2007). Devido a grande 
variabilidade genética não se recomenda a propagação via semente. A 
propagação comercial do guaranazeiro geralmente ocorre por mudas 
formadas através do enraizamento de estacas. A primeira etapa para 
propagação é o enraizamento de estacas, e a segunda, a formação das 
mudas. A escolha das estacas será detalhada no item abaixo “Coleta de 
estacas” (PEREIRA, 2005).
Cultulra industriais
121
Unidade 3 
Guaraná
Assim, para produção de mudas deve se possuir um viveiro para 
o enraizamento e outro para a formação das mudas. Para o enraizamento 
de mudas, o viveiro deve possuir cobertura com sombrite que proporcione 
70% de sombra. Já para produção de mudas o viveiro deve ser construído 
com sombrite que proporcione 40-50% da redução de luz. Detalhes da 
construção do viveiro são encontrados em Pereira (2005).
Coleta de estacas 
Para a produção das mudas, deve-se escolher-se os clones, 
ou seja, as plantas das quais serão retirados os ramos para a formação 
das novas plantas/mudas. Por que escolhler os clones em vez das plantas 
tradicionais? Pereira (2005) nos apresenta algumas vantagens, tais como: 
a) o tempo para formação da muda é diminuído; pois se usarmos 
a semente o tempo de formação é de 12 meses, enquanto com o clone a 
formação da muda só leva sete. 
b) o clone é resistente à antracnose. 
c) com o clone a produtividade é dez vezes maior. 
d) há precocidade para que se possa iniciar a produção. Com o 
clone temos o início da produção a partir de dois anos enquanto que com 
as sementes temos que esperar quatro. 
e) a sobrevivência em relação às plantas, produzidas a partir 
dos clones, é maior do que as que foram produzidas a partir das sementes. 
A sobrevivência em relação às primeiras é de 95% e quanto às últimas é 
de 20%. 
As estacas (pedaços de ramos) de plantas matrizes de guaraná, 
para a formação das novas plantas, devem apresentar bom vigor e não estar 
com sintomas de deficiência nutricional, ataque de pragas e/ou doenças. 
Para o Estado do Amazonas, a coleta das estacas é realizada entre março 
e maio. Esta atividade deve ser realizada na época de lançamento dos 
ramos entre 5 e 7 h da manhã a fim de se diminuir a perda de água das 
estacas (PEREIRA, 2005).
Preparo do substrato
O substrato para a produção das mudas constitui-se de uma 
mistura com diferentes proporções de terra, material orgânico e adubo. 
Ele será o meio físico para o desenvolvimento das mudas e o reservatório 
de água e nutrientes. É fundamental para o enraizamento das estacas e 
para que a muda cresca vigorosa. 
Na literatura são encontrados diversos tipos de substratos feitos 
pela mistura de diversos componentes. A escolha da mistura a ser utilizada 
dependerá principalmente da matéria prima disponível no local. Pereira 
Culturas industriais
122
Unidade 3 
Guaraná
(2005) recomenda que o substrato para produção de mudas de guaraná 
contenha uma proporção de terriço de mata: areia de 4:1. Para cada 1 
metro cúbio desta mistura acrescenta-se 3 kg de superfosfato simples, 
fonte de fósforo (P). Substratos comerciais à base de casca de pinus 
misturado com esterco de galinha e carvão moído têm proporcionado bons 
resultados na produção de mudas de guaranazeiro (ARRUDA et al., 2007).
Após o preparo do substrato deve-se acondicioná-lo em saco 
plástico preto (23 x 18 cm e 0,15 mm de espessura). O terço inferior do 
saco deve conter aproximadamente 24 furos com 5 mm de diâmetro para 
a aeração do das raízes e drenagem da água (PEREIRA, 2005). Os furos 
no fundo do saco plástico das mudas são importantes para a aeração das 
raízes e para a drenagem de água.
Plantio de estacas
Para o plantio das estacas, primeiro, com o auxílio de um pedaço 
de madeira roliço e pontiagudo com diâmetro de aproximadamente 2 cm, 
realiza-se um furo no substrato ao centro do saco a uma profundidade de 3 
a 5 cm. Em seguida, a estaca deve ser introduzida neste furo e depois feita 
uma leve pressão ao redor da estaca assegurando-se que o substrato e a 
estaca estejam em contato. Não deve haver bolhas de ar no substrato. Se 
existirem bolhas de ar no substrato, as raízes não se desenvolverão nestes 
locais. Isto reduzirá a eficiência da planta em absorver água e nutrientes, 
consequentemente prejudicando o crescimento da muda (PEREIRA, 2005).
Irrigação de mudas
A irrigação feita com nebulizadores tem proporcionado 
melhores resultados para o desenvolvimento das mudas de guaranazeiro. 
Os nebulizadores pulverizam micro gotículas de água sobre as folhas. 
Este tipo de irrigação proporciona o aumento da umidade relativa do ar 
e mantém a superfície foliar do guaraná umidecida. Durante a irrigação 
do guaranazeiro deve-se evitar o excesso de umidade no substrato. As 
mudas de guaranazeiro são sensíveis ao excesso de água, podendo ocorrer 
a morte das plantas no caso de echarcamento do substrato (ARRUDA et al., 
2007; PEREIRA, 2005).
 
Condução das mudas no viveiro 
Adubação de mudas
Além do adubo utilizado na composição do substrato, preconiza-
se a realização de novas adubações das mudas ainda no viveiro. Esta 
adubação garantirá o desenvolvimento de mudas bem nutridas e saudáveis. 
Nesta operação são fornecidos N e K. Para esta adubação, deve-se preparar 
Cultulra industriais
123
Unidade 3 
Guaraná
uma solução contendo 200 g de uréia, fonte de N, mais 200 g de KCl, fonte 
de K diluídosem 20 L de água. A cada 30 dias deve-se realizar adubação 
das mudas aplicando-se 25 mL por planta desta solução. Esta adubação, 
junto com aquela realizada durante o preparo do substrato, garantirá o 
suprimento dos 3 macronutrietes às plantas. 
Controle de plantas daninhas das mudas
Manualmente devem-se retirar as plantas daninhas do substrato 
das mudas. As plantas daninhas concorrem por água, luz e nutrientes, 
desacelerando o desenvolvimento das mudas de guaraná. As plantas 
daninhas que ocorrem no substrato geralmente são originárias de sementes 
trazidas na terra coletada para a fabricação do substrato, pelo ar ou agentes 
dispersores de sementes como pássaros. É importante que o controle das 
plantas daninhas seja feito periodicamente, preferencialmente a cada 4 
ou 5 dias. Deve-se evitar que as plantas daninhas floresçam, pois, isto 
dificultará o seu controle.
Implantação do guaranazal
Clima e solo
O guaranazeiro se desenvolve melhor em locais com temperaturas 
médias de 23oC a 28oC e precipitação pluviométrica de 1500 a 3000 mm 
ano-1. Estas condições são encontradas na Amazônia, sul da Bahia e norte 
do Mato Grosso. Por questões de custo e preservação ambiental devem-
se escolher áreas para o plantio anteriormente cultivadas ou de capoeira 
(PEREIRA, 2005).
O mesmo autor recomenda que os solos mais adequados ao 
cultivo de guaranzeiros são aqueles profundos, bem drenados, sem 
predegozidade, com textura variando de média a argilosa. Conforme 
já descrito no item “Irrigação de mudas”, o guaranazeiro é bastante 
susceptível ao encharcamento do solo. O excesso de água no solo por 
períodos prolongados pode ocasionar a podridão das raízes e morte da 
planta. Logo, na escolha do local de plantio, devem ser evitadas as 
baixadas ou áreas sujeitas a alagamento.
Solos muito argilosos podem desfavorecer a cultura por 
possuirem baixa velocidade de infiltração de água no perfil, tendendo 
ao encharcamento do solo e morte das plantas. Assim, solos de textura 
média, por apresentarem mais velocidade de infiltração da água no perfil, 
favorecerão o desenvolvimento da cultura. Solos pedregosos devem ser 
evitados por dificultarem o desenvolvimento das raízes e a fixação das 
plantas.
Culturas industriais
124
Unidade 3 
Guaraná
Espaçamento, preparo da cova e plantio
O espaçamento recomendado para o guaranazeiro é de 5 m 
entrelinhas e 5 m entre plantas. O plantio pode ser feito mecanicamente 
utilizando-se sulcadores numa profundidade de 40 cm o que reduz os 
custos de plantio.
Para o plantio manual deve-se raspar 5 cm de terra da superfície 
do solo num raio de aproximadamente 1 m, deixando esta porção da terra 
separada. Em seguida, abre-se uma cova com pelo menos 40 x 40 x 40 
cm de largura, separando-se outra porção de terra. Na primeira porção 
separada adiciona-se 150 g de superfosfato simples e pelo menos 10 L 
de esterco de gado ou 4 L de esterco de aves curtidos. Mistura-se bem e 
preenche-se a cova. Se a quantidade da mistura não for suficiente para 
encher a cova, deve-se utilizar o solo dela, retirada para completá-la. O 
nível do solo da cova não deve ser inferior ao nível do solo da área para 
não haver o acúmulo de água. O plantio das mudas deve ser feito no 
período chuvoso de janeiro a março (PEREIRA, 2005).
Após a muda ter sido colocada na cova e sua lateral preenchida 
com a terra, deve-se fazer uma leve pressão no solo para garantir que não 
haja espaços com ar ao redor da muda trasplantada. Grandes espaços de 
ar em contato com as raízes podem impedir o bom desenvolvimento da 
planta conforme descrito no item ”Plantio das estacas”. Estes espaços 
inibem localmente o desenvolvimento das raízes, dificultando a absorção 
de água e nutrientes.
 
Sombreamento
Este procedimento visa à proteção das mudas contra a exposição 
direta dos raios solares e sua adaptação gradual à radiação solar. Após o 
plantio, deve-se cobrir as mudas com folhas de palmeiras utilizando-se 3 
folhas com aproximadamente 1 m cada (PEREIRA, 2005).
Tratos culturais
Controle de plantas daninhas
Durante os dois primeiros anos deve-se fazer o coroamento 
das plantas com exada num raio de um metro ao redor da planta. Este 
procedimento deve ser realizado com cuidado, evitando-se cortar as 
raízes do guaranazeiro. O corte das raízes pela enxada diminui a eficiência 
da planta em absorver água e nutrientes do solo, além de favorecer a 
exposição da planta por pragas e doenças no solo. O coroamento da planta 
é importante, pois: i) impede a competição das plantas daninhas; ii) 
facilita a rega das mudas no campo; e, iii) diminui a dispersão dos adubos 
granulados aplicados.
Após o segundo ano de cultivo com o desenvolvimento da 
Cultulra industriais
125
Unidade 3 
Guaraná
cultura a copa da planta se desenvolverá. Isto aumentará a área de 
sombreamento ao redor dos guaranazeiros, inibindo o desenvolvimento 
das plantas daninhas facilitando o seu controle. 
Cobertura morta
A cobertura morta consiste na manutenção de uma camada 
de vegetal (resto de folhas e caules) sobre o solo e ao redor da planta. 
Comumente utiliza-se o mato roçado na entrelinha como cobertura morta. 
A cobertura morta não deve tocar o tronco da planta, pois favorece o 
aumento de umidade ao redor do tronco, criando condições adequadas 
para o desenvolvimento de doenças as quais poderão prejudicar o 
desenvolvimento das plantas (PEREIRA, 2005).
Além de inibir o desenvolvimento das plantas daninhas, a 
cobertura morta é benéfica ao longo dos anos, pois aumentará a quantidade 
de matéria orgânica sobre o solo. Isto proporcionará inúmeros benefícios 
à fertilidade do solo, tais como: i) aumento da disponibilidade de água 
e nutrientes às plantas; ii) redução da incidência direta de raios solares 
sobre o solo; iii) redução da temperatura da superfície do solo; iv) redução 
das variações excessivas da temperatura do solo; v) manutenção de um 
ambiente mais favorável ao desenvolvimento de microrganismos no solo; 
vi) facilitar a infiltração da água e favorecer a manutenção da umidade no 
solo; e, vii) aumento a atividade microbiológica do solo; 
Pereira (2005) preconiza a manutenção da cobertura morta sobre 
o solo durante os 2 primeiros anos de cultivo. Contudo, estudos recentes 
com outras culturas, como citros, têm demonstrado efeitos benéficos da 
permanente manuteção da cobertura morta sobre a produção das plantas. 
Assim é recomendável que a cobertura morta seja sempre mantida sobre 
a superfície do solo.
Podas
De forma geral as podas visam manter ou recuperar a estrutura 
produtiva das plantas e diminuir custos nos tratos culturais das lavouras 
(MATTIELO; GARCIA; ALMEIDA, 2007). Conforme estes autores, a poda das 
plantas proporciona também: i) entrada de luz na planta; ii) aumenta 
a área de ramos produtivos, devido ao crescimento de novos ramos; iii) 
renovação dos ramos das plantas; iv) eliminação do excesso de ramos; v) 
reduz a altura das plantas facilitando os tratos culturais; vi) arejamento 
no interior da copa, reduzindo a incidência e facilitando o controle de 
pragas e doenças; e, vii) facilita a colheita.
Pereira (2005) nos diz que basicamente são realizados dois tipos 
de poda na cultura do guaranazeiro. 
. Poda de limpeza: A poda de limpeza deve ser realizada após a 
colheita, janeiro-fevereiro. Devem-se eliminar os ramos secos, quebrados 
Culturas industriais
126
Unidade 3 
Guaraná
ou doentes. Deve-se cortar tambem um terço da exremidade dos ramos 
mais longos. Isto evitará que as plantas fechem as linhas de cultivo. Devem 
ser retirados os restos de flores e frutos
. Poda de frutificação: Deve ser realizado entre abril e maio, 
reduzindo-se em 50% o número de lançamentos e em 50% o comprimento 
dos ramos remanescentes. Primeiro, retira-se os ramos da base da copa e, 
em seguida, retira-se os ramos da parte superior da planta. A planta ficará 
com o formato de taça.
 
Adubação
Como regra geral, a adubação das culturas agrícolas deve 
sempre ser realizada com base na quantidade de nutrientesdisponíveis 
no solo, estimado através da análise química do solo. Para culturas 
agrícolas bastante estudadas, como milho, citros, café, e outras, foram 
estabelecidos as tabelas de recomendação com base na análise de solo. 
Contudo, pouco se estudou sobre a relação entre as concentrações de 
nutrientes no solo e a produção de guaraná esperada.
Coforme as plantas se desenvolvem, elas absorvem os nutrientes 
do solo. Os nutrientes então passam do solo para a planta e são utilizados 
para o crescimento das raízes, caules, folhas, produção de flores e frutos. 
Sendo assim, é fundamental a reposição dos nutrientes no solo para que a 
planta possa ser nutrida. Para o Estado do Amazonas, a recomendação de 
adubação e épocas de aplicação é sugerida por Pereira (2005). A adubação 
do guaranazeiro deve ser realizada aplicando-se N, P, K, manganês (Mn), 
boro (B) e zinco (Zn). As doses de N e K devem ser parceladas apartir do 
segundo ano de cultivo.
Idade Parcelamento
Sulfato 
de 
amônio
Superfosfato 
simples
Cloreto 
de 
potássio
Sulfato 
de 
magnésio
Boráx
Sulfato 
de 
zinco
g planta-1
1º ano
Plantio - 150 - - - -
3 meses após 
plantio 40 - 40 50 10 10
Total 40 150 40 50 10 10
1º aplicação 40 300 - 50 - -
2º ano 2º aplicação 40 - 40 - 10 10
3º aplicação 40 - 40 - - -
Total 120 300 80 50 10 10
1º aplicação 90 300 - 50 - -
3º ano 2º aplicação 90 - 40 - 10 10
3º aplicação 180 - 80 - - -
Total 360 300 120 50 10 10
Quadro 4. Recomendação de adubação para o guaranazeiro para o Amazonas conforme teores 
disponíveis no solo.
Fonte: Pereira (2005). 
 
Cultulra industriais
127
Unidade 3 
Guaraná
Controle de pragas
Comparando-se com outras culturas agrícolas, o guaraná 
apresenta um pequeno número de pragas que podem interferir em seu 
desenvolvimento e produção. O tripes (Liothrips adísi) é a principal 
praga que ataca as mudas do guaranazeiro. O ataque de tripes provoca 
ressecamento das flores e pode atacar frutos em estádio inicial de 
desenvolvimento prejudicando seu desenvolvimento. Quando necessário 
deve-se fazer uso de inseticidas para o seu controle (PEREIRA, 2005).
Controle de doenças
Mudas de guaraná com sintomas de antracnose ou 
superbrotamento devem ser descartadas. A antracnose é causada 
pelo fungo Colletotrichum dematium. A podridão vermelha das raízes 
(Ganoderma philippii) pode causar prejuizos ao guaranazeiro causando a 
seca das plantas. Para o controle destas doenças recomenda-se erradicar 
a plantas doentes e queimá-las envitando-se a disseminação dos fungos. O 
uso de fungicidas pode também auxiliar no combate a estas doenças.
 
Colheita
No Estado do Amazonas, o período de colheita vai de setembro 
até janeiro (PEREIRA, 2005). Conforme este autor, a colheita dos frutos 
do guaraná deve ser feita manualmente com o auxílio de tesouras para 
retirada dos cachos. O ponto de colheita é determinado quando no mínimo 
50% dos frutos estiverem abertos, com coloração amarelo à vermelha. 
Segundo o autor, o guaranazeiro possui a frutificação desuniforme, sendo 
então necessário realizar a colheita no mínimo duas vezes por semana.
Beneficiamento
Após a colheita, os frutos devem permanecer durante três 
dias em local limpo e seco sobre cerâmica ou cimento para que haja a 
fermentação dos frutos. Após o despolpamento, as sementes deverão ser 
classificadas conforme o tamanho, separadas e torradas em tacho de barro 
em fogo brando. Pereira (2005) descreve que as sementes estão prontas 
para comercialização quando sua umidade estiver em torno de 5 a 12%, 
variando de acordo com o uso que se vai dar a elas.
Comercialização e alternativas
O guaraná possui diversos usos e alternativas de comercialização. 
Dentre os principais usos estão: em produtos elaborados pelas indústrias 
de refrigerante e farmacêutica; em bastão, uso em pó; fabricação de 
sorvetes, cosméticos, artesanatos e outros. A escolha dos métodos 
Culturas industriais
128
Unidade 4
Cana -de-açúcar
de comercialização dependerá da disponibilidade dos compradores, 
disponíveis no mercado (PEREIRA, 2005).
Unidade 4 Cana-de-açúcar
Síntese: Nesta unidade, estudaremos a importância econômica, os aspectos 
sociais, a botânica, as exigências climáticas e edáficas, os tratos culturais, 
a colheita, o beneficiamento e a comercialização da cana-de-açúcar.
Importância econômica 
A cana-de-açúcar foi a primeira grande riqueza brasileira, 
tanto agrícola quanto industrial. O seu cultivo trouxe desenvolvimento 
econômico ao Brasil colônia e, por longo período, foi a base da economia 
colonial. 
A partir de 1975, com a criação da PRO-ÁLCOOL, houve um 
crescimento expressivo no cultivo de cana-de-açúcar. Nos últimos 10 anos, 
a cana passou a estar entre as 3 culturas que mais ocupam as lavouras 
temporárias no Brasil, junto com as do milho, soja e feijão. Todas as 
regiões do Brasil cultivam cana-de-açúcar, totalizando quase 7 milhões de 
hectares de área cultivada, mas as que mais se destacam são as regiões 
Sudeste (com mais de 4,5 milhões de hectares) e Nordeste (em torno de 
1,2 milhões de hectares) (ALVARENGA; QUEIROZ, 2008). 
Estima-se que mais de 46% da cana-de-açúcar cultivada são 
destinados à produção de açúcar e 53% a do álcool. Entretanto, não 
apenas açúcar e álcool são produzidos a partir da cana, mas também o 
álcool germicida (para uso doméstico e hospitalar), o bagaço para diversos 
fins (desde combustível para caldeiras até compostagem para adubação 
orgânica), o palhiço (resíduo de folhas e ponteiros usado para controlar 
ervas daninhas), o óleo fúsel (matéria prima para extração de álcool), a 
vinhaça (resíduo de destilação, rico em nutriente, utilizado como adubo 
orgânico e alimentação animal), a torta de filtro (resíduo do caldo, rico em 
fósforo, utilizado com adubo) e o melaço (líquido residual da fabricação 
do açúcar, é matéria prima para a produção de álcool etílico, acetona, 
butanol, glicerol e outros) (TOMAZ, 2011). 
Essa ampla diversidade de produtos derivados da cana-de-
açúcar mostra sua enorme importância econômica para o Brasil.
 
Aspectos sociais da cultura
Cultulra industriais
129
Unidade 4
 Cana-de-Açúcar
Por muito tempo, a cana-de-açúcar foi cultivada em latifúndios, 
nos quais funcionavam os engenhos de açúcar, operados por escravos 
(indígenas ou africanos). O açúcar produzido nessas propriedades era 
vendido ao mercado europeu.
Atualmente, o setor sucroalcooleiro dispõe de mais de 1 
milhão de empregos diretos, sendo 770 mil relacionados à produção de 
álcool. Além dos empregos gerados pela indústria sucroalcooleira, há 
muitas vantagens que este setor traz para a sociedade. Uma delas é a 
utilização dos resíduos da cana na produção agrícola, como acabamos de 
ver. Outra vantagem é a geração de energia pela própria indústria para 
a produção de álcool e açúcar. O que excede desta energia é vendido 
para as empresas distribuidoras de energia. E o álcool utilizado como 
combustível emite menos poluentes para a atmosfera, quando comparado 
com os combustíveis derivados de petróleo; também é vantajoso por ser 
renovável (TOMAZ, 2011).
Apesar de tantas vantagens e tantos empregos gerados, a 
indústria sucroalcooleira pouco evoluiu na questão das condições dos 
cortadores de cana. Atualmente, os cortadores recebem seus salários 
de acordo com sua produção pessoal, o que causa muitos problemas de 
saúde pelo excesso de trabalho. A seleção para essa função requer que o 
trabalhador corte de 8 a 10 toneladas diárias de cana. Em 2010, o preço 
pago por tonelada foi pouco mais de 3 reais. O perfil desses trabalhadores 
é de baixo grau de escolaridade, sem outra capacitação profissional, o que 
os impede de procurar outros empregos (ALVARENZA; QUEIROZ, 2008).
A mecanização da colheita tem trazido ainda mais problemas 
aos trabalhadores, que ultrapassam seus limites físicos. Eles precisaram 
aumentar a colheita para não serem dispensados, competindo com as 
máquinas que fazem o trabalho de 100 homens, cada. Além disso, a 
descoberta da maior concentração de açúcar na baseda cana exige hoje que 
os trabalhadores cortem a cana rente ao chão, curvando exageradamente 
seu corpo para baixo, causando graves problemas de saúde (LIMA, 2011).
Conforme o recente zoneamento agroecológico da cana-de-
açúcar, que determina os limites do território nacional para o plantio 
desta cultura, estabeleceu-se que:
Conforme Manzatto (2009) foram excluídas as seguintes áreas: 
1. As terras com declividade superior a 12%, observando-se a 
premissa da colheita mecânica e sem queima para as áreas de expansão; 
2. As áreas com cobertura vegetal nativa; 
3. Os biomas Amazônia e Pantanal; 
4. As áreas de proteção ambiental; 
Culturas industriais
130
Unidade 4
Cana -de-açúcar
5. As terras indígenas; 
6. Remanescentes florestais;
7. Dunas; 
8. Mangues; 
9. Escarpas e afloramentos de rocha; 
10. Reflorestamentos; e,
11. Áreas urbanas e de mineração. Nos Estados da Região 
Centro-Sul (GO, MG, MT MS, PR e SP). 
Botânica
O nome científico da cana-de-açúcar é Saccharum officinarum 
L. Ela pertence à família Poaceae, mesmo grupo da aveia, do milho, sorgo, 
trigo, etc. É uma planta cultivada nas regiões tropicais e subtropicais, 
e seu cultivo se deve principalmente à grande concentração de açúcar 
em seu colmo, mas também tem outros fins, como: forragem, fonte de 
energia e como matéria prima da cachaça.
Pode ser identificada por sua capacidade de perfilhamento (ou 
capacidade de rebrota) e pelo colmo cilíndrico e afinado na região de 
crescimento da planta. Cada variedade apresenta um colmo característico. 
Suas folhas são alternadas, apresentam a lâmina plana, alongada, de 
comprimento variável entre 2,5 a 10 cm, conforme a variedade. A margem 
das folhas é geralmente serrilhada e pode ter pêlos finos, chamados de 
joçal. Quando velhas, as folhas morrem e desprendem-se do colmo, 
deixando uma cicatriz. Acima desta cicatriz, há uma região chamada de 
zona radicular, cujo tecido poderá dar origem a um novo sistema radicular, 
muito importante para a formação de novas mudas (SCARPARI; BEAUCLAIR, 
2010).
A inflorescência é do tipo panícula, a flor é hermafrodita 
e tem apenas um óvulo. Os estigmas são roxos a avermelhados, com a 
extremidade plumosa. A flor possui 3 estames os quais carregam grãos de 
pólen muito pequenos, cuja viabilidade dura cerca de 12 minutos após sua 
dispersão pelo vento. O fruto é do tipo cariopse, ou seja, há apenas uma 
semente por fruto (SCARPARI; BEAUCLAIR, 2010).
O gênero Saccharum possui 6 espécies, mas somente a S. 
officinarum possui alta concentração de açúcar com finalidade comercial. 
Entretanto, a cana hoje cultivada no Brasil e no mundo é um híbrido entre 
S. officinarum L. e S. spontaneum L. Isso porque S. offininarum tem altos 
níveis de açúcar, mas é pouco resistente a doenças e a S. spontaneum, 
apesar de não acumular sucrose, é muito resistente a doenças. Assim, o 
híbrido resultante acumula sucrose e é mais resistente a doenças.
Cultulra industriais
131
Unidade 4
 Cana-de-Açúcar
Implantação da cultura
Clima e solo
 Dentre as culturas industriais estudadas nesta disciplina, 
a cana-de-açúcar destaca-se quanto ao número de estudos realizados 
buscando conhecer as condições ideais de clima e solo para o seu 
cultivo e maximização da produtividade. Os fatores de solo que podem 
estimar o potencial de uma área para produção de cana-de-açúcar são: a 
profundidade do solo; a fertilidade; textura; e, a disponibilidade de água 
(PRADO et al., 2010). Estes autores descrevem que a profundidade do 
solo está diretamente relacionada com o volume de solo explorado pelas 
raízes e com a disponibilidade de água. A fertilidade do solo relaciona-se 
à disponibilidade de nutrientes à cultura. Já a textura relaciona-se com 
os teores de matéria orgânica do solo, com a CTC e a disponibilidade de 
água. A água é parte da solução do solo, que é vital à sobrevivencia das 
plantas. De forma geral, Argissolos, Latossolos, Nitossolos, Chernossolos, 
Cambissolos e Gleissolos com alta quantidade de água disponível, eutróficos/
eutroférricos/mesoférricos e com CTC média/alta são considerados como 
solos com potencial de alta produtividade para o cultivo da cana-de-
açúcar. 
Quanto às exigências climáticas da cultura da cana-de-açúcar, 
devem-se considerar as temperaturas máximas e mínimas, fotoperíodo, 
radiação solar e precipitação. Conforme Brunini (2010), o cultivo da cana-
de-açúcar é realizado desde a latitude 35 ºN até a 35 ºS. Esta cultura se 
desenvolve bem em locais com temperaturas entre 30 e 34 ºC, sendo que 
o seu crescimento é lento em temperaturas abaixo de 25º ou acima de 35 
ºC (TAUCNNIER; BASSEREAU apud BRUNINI, 2010). De forma geral, 12 a 
12,5 horas de fotoperíodo são necessárias para a indução do florescimento 
desta cultura. Após a indução floral, inicia-se o processo de isoporização 
da cana-de-açúcar. Como a cana-de-açúcar é uma planta do tipo C4, 
quanto maior for a radiação solar, mais intensa será sua fotossíntese, 
maior será a produção de açúcares. Nas regiões com mais tradição na 
produção canavieira a precipitação anual está entre 1000 e 1600 mm 
(BRUNINI, 2010).
Produção de mudas e propagação
A produção de mudas saudáveis é o primeiro passo para o sucesso 
na implantação da cultura da cana-de-açúcar. A propagação da cultura 
da cana-de-açúcar é geralmente vegetativa. De forma geral, utilizam-se 
plantas de um canavial com idade entre 8 e 10 anos para a retirada das 
mudas que darão origem a um novo canavial. É desejável que o canavial 
que irá fornecer as mudas esteja bem nutrido e isento de pragas e doenças 
para que possa dar origem a plantas saudáveis. 
Culturas industriais
132
Unidade 4
Cana -de-açúcar
Diversas técnicas podem ser utilizadas para a propagação 
da cana-de-açúcar, dentre elas estão: “quebra-quebra”, “divisão de 
touceiras”, “meiose”, “cultivo de meristemas” e “minitoletes”. Estas 
técnicas são detalhadas por Xavier; Mendonça; Sanquino (2010). Para a 
técnica do “quebra-quebra”, devem-se cortar colmos com 5 a 7 gemas 
viáveis de plantas com aproximadamente seis meses de idade e plantá-las 
para formação de um novo talhão. Em relação a “divisão em touceiras”, 
a muda é plantada e após 60 dias é desmembrada e replantada. Para 
“meiose” devem-se plantar duas linhas de cana, deixando-se 10 linhas 
livres para a rotação de cultura. Após a colheita da cultura intercalar 
(cultura plantada nas entrelinhas da cana), a cana é quebrada e plantada 
nas dez linhas previamente oculpadas pela cultura intercalar. No cultivo 
de meristemas, os meristemas são retirados de mudas provenientes de 
viveiros, tratados termicamente e submetidos a controle fitossanitário e 
testes sorológicos de diagnose das principais doenças. Após o cultivo do 
meristema, a plântula é transplantada para o substrado, aclimatizada e 
finalmente transferida para o campo.
Preparo do solo para plantio
O primeiro passo para o preparo do solo para o plantio da 
cana-de-açúcar deve ser a amostragem do solo para análise química 
das camadas de 0 a 20 cm e 20 a 40 cm. Após a análise de solo, caso 
necessário, deve-se realizar a calagem buscando a saturação por bases 
em 60%. Metade da quantidade necessária de calcário deve ser aplicada 
antes da aração e outra metade após aração, incorporando-se com grade 
niveladora (STORINO; PECHE FILHO; KURACHI, 2010). 
Korndörfer, Ribeiro; Andrade (1999) recomendam a gessagem se 
os teores de Ca2+ na camada 20-40 cm forem inferiores a 0,4 cmolc dm
-3 e/
ou a saturação por Al3+ for maior que 40%. A dose de gesso é estabelecida 
conforme se segue: Teor de argila (%) x 60 = kg ha-1 de gesso. A fosfatagem 
realizada com fosfato natural ou termofosfato em área total deve ser 
feita buscando-se incorporar o fosfato o mais profundo possível. Storino; 
Peche Filho; Kurachi (2010) recomendam ainda que antes de qualquer 
operação é necessário que se observe alguns itens como: tipo de solo; tipo 
de colheita; épocas de plantio e de colheita; tipo de preparo do solo; tipo 
do traçado (em nível ou em quadra); cobertura do solo;e, o tamanho e 
geometria dos talhões.
Sistemas de preparo reduzidos do solo veem sendo utilizados 
no cultivo da cana-de-açúcar. Conforme Storino; Peche Filho; Kurachi 
(2010), estes sistemas utilizam implementos menos agressivos como: os 
escarificadores; técnicas conservacionistas, como a rotação de culturas; 
Cultulra industriais
133
Unidade 4
 Cana-de-Açúcar
adubação verde; e, culturas com sistema radicular pivotante. A associação 
de leguminosas e o plantio direto sobre a soja veem sendo preconizados 
como preparo conservacionista do solo para o cultivo da cana-de-açúcar.
Algumas variações no sistema de preparo mínimo sobre a ótica 
conservacionista são sugeridas por Coleti (2010):
Associação com leguminosas: 
•	 Dessecação do canavial anterior;
•	 Aplicação de corretivos;
•	 Semeadura a lanço de leguminosas (cortalária juncea, 
crotalária spectabilis, feijão-guandú);
•	 Subsolador/destorroador/incorporador;
•	 Pousio no verão;
•	 Incorporação da massa, preferencialmente com rolo faca;
•	 Aguarde de tempo para secagem da massa verde; e,
•	 Sulcação e plantio.
Rotação de cultura com grãos:
 Modalidade 1
•	 Dessecação da cana soca velha;
•	 Distribuição de corretivos;
•	 Incorporação com subsolador/destorroador;
•	 Plantio da cultura eleita para rotação (ex: soja ou amendoim); 
e,
•	 Pousio no verão e colheita do grão no outono. 
 Modalidade 2
•	 Distribuição de corretivos após o corte; 
•	 Subsolador/destorroador;
•	 Plantio de soja que permita a dessecação de remanescentes 
da soca; 
•	 Pousio no verão e colheita do grão no outono; e,
•	 Sulcação e plantio.
Espaçamento, preparo da cova e plantio
Na região Centro-Sul, o plantio geralmente ocorre entre 
setembro e outubro para “cana de ano” e janeiro a março para “cana de 
ano e meio”. No Nordeste, o plantio ocorre entre junho a setembro, ou 
seja, durante inverso chuvoso (RIPOLI; RIPOLI, 2010).
De forma geral, espaçamentos mais adensados requerem maiores 
cuidados com pragas e doenças, exportam maior quantidade de nutrientes 
por área além de outros fatores. Contudo, plantios adensados, ao que 
Culturas industriais
134
Unidade 4
Cana -de-açúcar
indica, oferecem maiores produtividades. Os espaçamentos entre linhas 
de plantio de cana-de-açúcar de 1 m eram superiores quando comparado 
com os talhões espaçados em 2 m (GALVANI et al., 1997). Contudo, estes 
autores concluiram que os espaçamentos em torno de 0,90 m aumentaram 
ainda mais a produtividade. Conforme Anjos e Figueiredo (2010), o 
espaçamento para o plantio da cana-de-açúcar pode variar de 0,80 até 
1,50 m, em áreas mecanizadas deve ser de 1,30 até 1,50 m. Para o cultivo 
de cana-de-açúcar forrageira no Estado de Rondônia, o espaçamento de 
1,20 m é o adequado.
Após a realização do preparo da terra, como descrito no tópico 
“Preparo do solo para plantio” desta unidade, devem-se abrir os sulcos de 
plantio no solo com o auxílio de sulcadores, enxadões ou equipamentos 
similares disponíveis. De forma geral, a profundidade de plantio deve 
variar entre 25 e 30 cm (ANJOS; FIGUEIREDO, 2010). Após o preparo 
do sulco realiza-se a adubação conforme descrito no tópico – “Tratos 
culturais/Adubação”. Então, após o preparo das mudas como descrito no 
tópico “Produção de Mudas”, as mudas/toletes devem ser destribuidas no 
solo, horizontalmente, no sentido do sulco, numa profundidade variando 
entre 25 e 30 cm. Finalmente as mudas devem ser cobertas com uma capa 
de aproximadamente 8 cm de terra. Esta operação pode ser realizada 
com auxílio de enxadas ou então mecanicamente, utilizando-se um 
equipamento cobridor tracionado por um trator.
Tratos culturais
Dentre os principais tratos culturais da cana-de-açúcar 
Coleti (2010) destaca: i) o fornecimento de água; ii) o fornecimento de 
nutrientes; e, iii) o controle de plantas daninhas. Certamente a absorção 
dos nutrientes fornecidos dependerá da disponibilidade de água. Ou seja, 
a planta só terá nutrientes disponíveis à absorção se estes estiverem no 
solo sob forma assimilável na solução do solo. Assim, o controle das plantas 
daninhas por sua vez é importante para diminuir a competição por água, 
nutrientes e luminosidade com a cana-de-açúcar.
Na ausência de um sistema de irrigação, o fornecimento de água 
dependerá da época da chuva. Assim, a escolha da variedade e a época do 
plantio devem ser previamente determinadas para combinar a necessidade 
hídrica da variedade e a época de chuva na região. Entretanto, o uso 
de sistemas de irrigação pode possibilitar o fornecimento de água para 
a cultura em épocas de estiagem. Além disto, a presença da cobertura 
morta sob o solo também diminui a perda d’água através da evaporação, 
o que pode elevar a disponibilidade de água às plantas.
 
Controle de plantas daninhas
O controle das plantas daninhas pode ser realizado através de: i) 
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 Cana-de-Açúcar
medidas preventivas; ii) manejo cultural; iii) método mecânico; iv) método 
físico; e, v) método químico (AZANIA; ROLIM; AZANIA, 2010). Estes autores 
relatam que dentre as medidas preventivas estão o cuidado com as mudas 
que devem ser bem limpas e cortadas com cuidado. Além disto, deve-se 
ter atentar com a aplicação de vinhaça e outros resíduos para garantir que 
estes não transportem sementes para a área de cultivo. As ferramentas, 
veículos e equipamentos que transitam nas diferentes áreas dentro e fora 
da propriedade devem ser sempre limpos para evitar a contaminação das 
áreas de cultivo. O manejo cultural inclui o uso correto de espaçamento 
de mudas, escolha das variedades adaptadas, manejo adequado do solo, 
uso racional da água, profundidade correta de plantio. Os métodos físicos 
consitem na adição de materiais como serragem, bagaço de cana e palhas 
sobre a superfície do solo que impediram a incidência de raios solares 
sobre o solo, evitando assim a germinação e desenvolvimento das plantas 
daninhas. Por fim os métodos químicos consistem no uso de herbicidas 
para o controle das plantas daninhas.
 
Cobertura morta
 A adição de cobertura morta ou a manutenção de restos 
culturais em cobertura sobre o solo é considerada como técnica mecânica 
de controle de plantas daninhas. Além dos efeitos da cobertura morta 
no controle de plantas daninhas, lembramos que esta cobertura morta 
ou matéria orgânica, proporcionará vários benefícios físicos, químicos e 
biológicos para o solo como: i) ciclagem de nutrientes; ii) aumento da CTC; 
iii) redução da adsorção de P em solos sob clima tropical; iv) aumento da 
atividade microbiana do solo; v) redução da temperatura na superfície do 
solo; vi) redução da variação de temperaturas extremas na superfície do 
solo; vii) aumento da taxa de infliltração de água no solo; viii) controle 
da erosão do solo; ix) manutenção da umidade do solo; x) inibição da 
brotração de plantas daninhas; e, xi) diminuição do banco de sementes de 
plantas daninhas no solo.
Adubação
Assim como para as demais culturas industriais já estudadas, para 
a região Norte, poucos estudos foram realizados quanto à recomendação 
de corretivos e fertilizantes. Já os Estados do Sudeste, Centro-Oeste do 
Brasil já possuem recomendações de adubação para cana-de-açucar bem 
definidas. De forma geral a recomendação da adubação com N, P e K para 
o cultivo da cana-de-açúcar é feita conforme o resultado da análise de 
solo e a produtividade esperada. Vamos exemplificar. Tendo-se o resultado 
da análise de solo e o teor de argila no solo, o primeiro passo é identificar 
a faixa dos teores de P e K no solo conforme quadro 5 utilizado para o 
Estado de Minas Gerais. Ora, se o teor de argila do solo é de 70% e os 
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Cana -de-açúcar
teores de P e K no solo, conforme análise de solo, são 24 mg dm-3 e 100 mg 
dm-3, respectivamente, quais são os critérios de interpretação para este 
solo? Com base no quadro 5, o P está no nível médio e o K no nível bom.
Característica Muito baixo Baixo Médio Bom Muito bom
Argila P disponível – Mehlich 1 (mg

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