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19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/30 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA AULA 6 Profª Rubiane Bakalarczyk Matoso 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/30 CONVERSA INICIAL Nesta aula, trataremos de forma resumida sobre a Previdência Social, sua estrutura e legislações vigentes. Falaremos também sobre o custeio, ou seja, de quem a Previdência Social recebe contribuições. Posteriormente, falaremos das contribuições em folha de pagamento tanto da empresa quanto do empregado e listaremos os benefícios concedidos pelo INSS. Como falaremos apenas sobre os aspectos gerais de cada tema listado acima, será importante o estudo de doutrinas complementares sobre o assunto. Bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Em 13 novembro de 2019, a Emenda Constitucional n. 103 foi publicada, trazendo um enorme impacto e alteração no sistema previdenciário brasileiro. A Reforma da Previdência impactou diretamente a concessão de alguns benefícios, enquanto outros permaneceram como estavam. Diante dessas alterações, como ficou a aposentadoria por tempo de contribuição? TEMA 1 – PREVIDÊNCIA SOCIAL A seguridade social está prevista na Constituição Federal de 1988, a partir do artigo 194, o qual declara que a seguridade “compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Portanto, diante desse conceito, percebemos que a seguridade social abrange três áreas: saúde, previdência e assistência social. Ainda na Constituição de 1988, no artigo 195, temos a definição de quem são os responsáveis pelo financiamento da seguridade social: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/30 I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) III - sobre a receita de concursos de prognósticos. IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (Brasil, 1988) Assim, vemos que todos são obrigados a custear a Previdência Social, ou seja, Estado, a sociedade, as pessoas físicas e jurídicas, direta ou indiretamente. O Instituto Nacional do Seguro Social – INSS – foi criado em 27 de junho de 1990, por meio do Decreto n. 99.350 e se constituiu da fusão do IAPAS – Instituto de Administração Financeira da Previdência Social e a Assistência Social e o INPS – Instituto Nacional de Previdência Social. Nos termos do artigo 201 da CF/88, o Regime Geral de Previdência Social possui caráter contributivo e, como regra, de filiação obrigatória. O Instituto é uma organização pública que presta serviços previdenciários para a população brasileira. O mesmo artigo menciona que a previdência atenderá a: I – cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; II – proteção à maternidade, especialmente à gestante; III – proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; IV – salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda; V – pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no parágrafo 2º. Atualmente, o INSS está vinculado ao Ministério da Economia. Mais de 50 milhões de segurados e mais de 33 milhões de beneficiários são concedidos benefícios em situações de doença, invalidez, 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/30 morte, maternidade e idade avançada (aposentadorias), garantindo a eles, bem como a seus dependentes, os benefícios destinados em cada situação conforme devido. A estrutura no INSS é composta de órgãos de assistência direta e imediata ao Presidente, órgãos seccionais, órgãos específicos singulares, unidades descentralizadas. Vejamos: I – Órgãos de assistência direta e imediata ao Presidente: GABINETE ACS: Assessoria de Comunicação Social; CGPGE: Coordenação-Geral de Planejamento e Gestão Estratégica; CGTI: Coordenação-Geral de Tecnologia da Informação; e II – Órgãos seccionais: PFE: Procuradoria Federal Especializada; AUDGER: Auditoria-Geral; CORREG: Corregedoria-Geral; DIROFL: Diretoria de Orçamento, Finanças e Logística; e DGP: Diretoria de Gestão de Pessoas; III – Órgãos específicos singulares: DIRBEN: Diretoria de Benefícios; DIRSAT: Diretoria de Saúde do Trabalhador; e DIRAT: Diretoria de Atendimento; IV – Unidades descentralizadas: SUP. REGIONAL: Superintendências-Regionais; GEX: Gerências-Executivas; 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/30 APS: Agências da Previdência Social; PROC. REGIONAL: Procuradorias-Regionais; PROC. SECCIONAL: Procuradorias-Seccionais; AUD. REGIONAL: Auditorias-Regionais; e CORREG. REGIONAL: Corregedorias-Regionais. Atualmente, a Previdência Social possui algumas legislações básicas que regulamentam tanto o custeio quanto a concessão dos benefícios da Previdência Social, sendo elas: a) Lei n. 8.212/1991: dispõe sobre a organização da seguridade social, institui Plano de Custeio e dá outras providências. b) Lei n. 8.213/1991: dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social e dá outras providências. c) Decreto n. 3.048/1999: instituiu o regulamento da Previdência Social. Outras legislações como decretos, portarias, resoluções, instruções normativas, ordens de serviços e orientações normativas fazem parte das normas editadas com o intuito de nortear a concessão e o gerenciamento dos benefícios. Podemos citar, como exemplo, a IN INSS n. 77/2015, que “estabelece rotinas para agilizar e uniformizar o reconhecimento de direitos dos segurados e beneficiários da Previdência Social, com observância dos princípios estabelecidos no art. 37 da Constituição Federal de 1988” (Brasil, 2015). TEMA 2 – CUSTEIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Como mencionamos anteriormente, de acordo com o artigo 195 da Constituição, a seguridade social é custeada pela sociedade, União, estados, Distrito Federal, municípios, pessoas jurídicas e pessoas físicas. Mas afinal, o que é custeio? Em linhas gerais, trazendo um conceito jurídico para essa relação, o custeio consiste em uma quantia “lançada” ao sistema previdenciário, por toda a sociedade e todos 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/30 os obrigados, de maneira direta e indireta, para financiar os benefícios e serviços disponibilizados por esse sistema (Leonardo, 2008, p. 25). Como fontes diretas de custeio temos as contribuições sociais previstas no art. 195 da Constituição de 1988, arrecadadas dos empregadores e trabalhadores em geral. Essa contribuição é realizada por meio da folha de pagamento. Já o financiamento indireto da seguridade social, aqui incluindoa previdência social, se dá por meio dos orçamentos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, que têm por obrigação destinar parte de seus orçamentos à seguridade social. De forma um pouco mais detalhada, temos o artigo 11 da Lei n. 8.212/91. Vejamos: Art. 11. No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social é composto das seguintes receitas: I - receitas da União; II - receitas das contribuições sociais; III - receitas de outras fontes. Parágrafo único. Constituem contribuições sociais: a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço; c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu salário-de-contribuição; d) as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro; e) as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos. (Brasil, 1991) Como podemos perceber, a Previdência Social faz parte da seguridade social e, portanto, também é custeada por todos os relacionados acima. Cumpre ressaltar que a Constituição, no artigo 195 (caput e §4º), permite a criação de novas receitas, sem que estas estejam vinculadas a novos benefícios ou majoração dos benefícios existentes, apenas para sustentar o sistema já existente. Nesta aula, estudaremos uma pequena parte do custeio, realizada pelas empresas e empregadores em geral e trabalhadores, além dos benefícios concedidos pelo INSS. TEMA 3 – ENCARGOS PATRONAIS NA FOLHA DE PAGAMENTO 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/30 Como vimos, toda empresa em atividade que possua empregados ou, ainda, contribuintes individuais (autônomos) lhe prestando serviços, deverá contribuir para a Previdência Social. Não estamos mencionando apenas as contribuições descontadas dos segurados pessoas físicas; a empresa também deverá contribuir mensalmente. Assim, a contribuição patronal é calculada sobre o total da folha de pagamento e é destinada à assistência social. A contribuição patronal está revista na Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, em seu artigo 22, e consiste em 20% de contribuição patronal previdenciária. Previsto no inciso I do artigo 22, os 20% serão calculados sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Brasil, 1991) Já o Inciso III estabelece o percentual de 20% a ser calculado sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços. A contribuição patronal é devida pelas empresas de regime normais, ou seja, de Lucro Real, Lucro Presumido e Lucro Arbitrado, associações, sindicatos, igrejas, partidos políticos, entre outros. Para as empresas tributadas pelo Simples Nacional, nos termos da Lei Complementar n. 123/2006, em regra, não é devida a contribuição supracitada. Apenas as empresas enquadradas no anexo IV da LC n. 123/2006 possuem a obrigatoriedade na contribuição. No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas, além das contribuições referidas neste artigo e no art. 23, é devida a contribuição adicional de 2,5% sobre a base de cálculo dos 20% patronal e da alíquota RAT (art. 22, §1º da Lei n. 8.212/91). 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/30 O SAT – Seguro Acidente de Trabalho está previsto no inciso II do artigo 22 e se destina a financiar a concessão da aposentadoria especial, prevista nos artigos 57 e 58 da Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Também se aplica ao grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos. O percentual da contribuição será calculado considerando o risco da atividade desenvolvida pela empresa. Vejamos: 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco seja considerado médio; 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco seja considerado grave. A definição da alíquota sempre levará em consideração o CNAE de atividade preponderante da empresa, conforme Instrução Normativa n. 1.027, de 22 de abril de 2010, que estabeleceu a última versão vigente da lista com as alíquotas. Para as empresas enquadradas no Regime do Simples Nacional, apenas as pertencentes ao anexo IV contribuem com a alíquota SAT/RAT. 3.1 MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) Para o empregador na qualidade de Microempreendedor Individual (MEI), o custo na folha de pagamento é menor. De acordo com o Portal do Empreendedor, o MEI deverá contribuir com o percentual de 3% da cota patronal, não lhe sendo devido RAT e outras entidades. Cumpre ressaltar que o empregado do MEI não poderá receber mais do que o salário mínimo nacional ou o piso da categoria (art. 18-C da LC n. 123/2006). 3.2 EMPREGADOR DOMÉSTICO Já o empregador doméstico deverá contribuir nos termos da Lei-Complementar n. 150/2015, sendo: 8% de contribuição patronal previdenciária; 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/30 0,8% de seguro contra acidentes de trabalho; 8% de FGTS; 3,2% de indenização compensatória (multa FGTS). 3.3 CONTRIBUIÇÕES PARA TERCEIRO OU OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS Além da contribuição patronal e da alíquota SAT/RAT, a empresa também contribui para o Sistema S, conhecido como outras entidades e fundos. Fazem parte do Sistema S: as entidades privadas de serviço social e de formação profissional a que se refere o art. 240 da Constituição de 1988, criadas por lei federal e vinculadas ao sistema sindical. Podemos citar: SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, SESI – Serviço Social da Indústria, SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, SESC – Serviço Social do Comércio, SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas, SESCOOP – Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo, entre outras. o Fundo Aeroviário, instituído pelo Decreto-Lei n. 270, de 28 de fevereiro de 1967; o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Profissional Marítimo, instituído pelo Decreto-Lei n. 828, de 5 de setembro de 1969; o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), criado pelo Decreto-Lei n. 1.110, de 9 de julho de 1970; o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), gestor da contribuição social do salário-educação, instituída pela Lei n. 9.424, de 24 de dezembro de 1996. Essas contribuições não estão previstas na legislação previdenciária, mas nas legislações de cada uma das entidades terceiras. No entanto, compete à Previdência Social a arrecadação e fiscalização dessas contribuições repassando para cada entidade os valores arrecadados. Ou seja, tais contribuições são arrecadas por meio de uma única guia (GPS quanto emitida pela SEFIP e DARF quando emitida na nova sistemática do eSociale DCTFWEB). Cumpre ressaltar que, atualmente, a arrecadação e fiscalização está sendo realizada pela Receita Federal (IN SRF n. 971/2009, art. 109). A alíquota da contribuição para outras entidades é definida pelo FPAS (Fundo de Previdência e Assistência Social), que consiste em um código definido pela Receita Federal, previsto atualmente na Instrução Normativa RFB n. 971/2009, anexo II (redação alteração pela IN RFB n. 1867, de 25 de janeiro de 2019). Em termos práticos, cada pessoa jurídica, para fins de recolhimento da contribuição 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/30 destinadas à terceiros, deverá classificar a atividade por ela desenvolvida para atribuir um código FPAS. A empresa sempre deverá ter por base a principal atividade desenvolvida pela empresa, assim considerada a que constitui seu objeto social, conforme previsto do CNPJ. O artigo 109-C da IN RFB n. 971/2009 traz a classificação das atividades e os respectivos códigos de FPAS e suas alíquotas. Por exemplo, uma indústria de alimentos (grupo de atividade – alimentação) que possui um FPAS 507 terá sua alíquota total de recolhimento de 5,8%. Já uma empresa de comércio atacadista que possui FPAS 515 também terá sua alíquota de contribuição de 5,8%. Em contrapartida, uma empresa aeroviária possui um FPAS 558 e alíquota total de contribuição de 5,2%. Essas consultas podem ser realizadas na IN RFB n. 971/2009, artigo 109-C e anexo II. O percentual da contribuição limita-se em 5,8% e terá por base de cálculo a mesma base utilizada para o cálculo das contribuições previdenciárias. Podemos verificar com mais clareza a determinação no artigo 109 da IN SRF n. 971/2009. Vejamos: Art. 109. Compete à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), nos termos do art. 3º da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007, as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação e cobrança da contribuição devida por lei a terceiros, ressalvado o disposto no § 1º do art. 111. (...) § 5º A contribuição de que trata este artigo é calculada sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a empregados e trabalhadores avulsos, e é devida: I - pela empresa ou equiparada, de acordo com o código FPAS da atividade, atribuído na forma deste Capítulo; II - pelo transportador autônomo de veículo rodoviário, na forma do art. 111-I; e III - pelo segurado especial, pelo produtor rural pessoa física e jurídica, em relação à comercialização da sua produção rural, e pela agroindústria, em relação à comercialização da sua produção, de acordo com as alíquotas constantes do Anexo IV. (Brasil, 2009) 3.4 FATOR ACIDENTÁRIO PREVIDENCIÁRIO (FAP) A Medida Provisória n. 83/ 2002 trouxe em seu artigo 10 a possibilidade de flexibilização nas alíquotas do SAT/RAT pagas pelas empresas, o que consistia em uma redução ou majoração da contribuição em relação aos acidentes de trabalho sofridos na empresa. 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/30 A Alíquota do FAP consiste em um multiplicador variável entre 0,5000 (cinco décimo) a 2,0000 (dois) inteiros aplicado com as quatro casas decimais sobre a alíquota do RAT. Exemplo: RAT de 2% x FAP de 1,2000 = 2,4000 – nesse caso, a alíquota do FAP majorou a alíquota do RAT. O FAP é calculado anualmente pela Previdência Social e cada empresa poderá consultá-lo por meio de um login e senha previamente cadastrados junto à Receita Federal. A divulgação ocorre em setembro de cada ano e a empresa utilizará a alíquota divulgada sempre no ano seguinte. 3.5 FGTS Como vimos na aula anterior, o FGTS é devido pelo empregador a todos os empregados contratados a partir de 1988 de forma obrigatória. As regras podem ser vistas na aula 4. O percentual de 8% é calculado sobre os valores remuneratórios do trabalhador, ou seja, salário mais adicionais pagos mensalmente. 3.6 DESONERAÇÃO DA FOLHA DE PAGAMENTO – CPRB Não podemos deixar de mencionar a desoneração da folha de pagamento, criada pelo governo em 2011, no Plano Brasil Maior. Ela consiste na substituição da contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de pagamento por uma alíquota que pode variar de 1%, 1,5% 2%, 3% e 4,5% de acordo com a atividade da empresa e época em que ocorreram as substituições. A desoneração da folha vem sendo realizada desde 2011 e, inicialmente, era de cunho obrigatório. Após diversas alterações, a regra de substituição passou a ser opcional, por exemplo, as empresas de jornalismo e radiodifusão poderão contribuir sobre a receita bruta até 31 de dezembro de 2020 se assim optaram, em substituição aos 20% patronal na folha de pagamento. A regra definida no artigo 8º da Lei n. 12.546/2011 se aplica às atividades ali elencadas e, até o momento, essa substituição pode ocorrer até 31 de dezembro de 2020. Tudo indica que a desoneração da folha deixará de existir gradativamente. Diversas outras atividades podem se utilizar desta regra, desde que mais vantajosa para a empresa. As atividades e alíquotas estão previstas na Lei n. 12.546/2011, artigos 7º e 8º. 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/30 TEMA 4 – CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS TRABALHADORES A contribuição do empregado, inclusive o doméstico, trabalhador avulso, é calculada considerando o salário de contribuição mensal, de forma não cumulativa (art. 22 da Lei n. 8.212/91). Quanto aos percentuais de alíquota, a Emenda Constitucional n. 103/2019 alterou significativamente o cálculo. Até março de 2020, as alíquotas continuam sendo aquelas previstas no artigo 22 da Lei n. 8.212/91, ou seja, nos percentuais de 8%, 9% ou 11% nas faixas de salário de contribuição estabelecidas pelo governo. A partir de março de 2020, as alíquotas passam a ser progressivas, ou seja, quem ganha mais pagará mais, sendo elas: Para trabalhadores vinculados ao Regime Geral – RGPS: Até um salário mínimo: 7,5% Entre um salário mínimo e R$ 2 mil: 9% Entre R$ 2 mil e R$ 3 mil: 12% Entre R$ 3 mil e o teto do RGPS: 14% Para servidores públicos federais no Regime Próprio de Previdência Social – RPPS da União: Até um salário mínimo: 7,5% Entre um salário mínimo e R$ 2 mil: 9% Entre R$ 2 mil e R$ 3 mil: 12% Entre R$ 3 mil e o teto do RGPS: 14% Entre o teto do RGPS e R$ 10 mil: 14,5% Entre R$ 10 mil e R$ 20 mil: 16,5% Entre R$ 20 mil e o teto constitucional: 19% Acima do teto constitucional: 22% 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/30 Importante ressaltar que as alíquotas passarão a incidir sobre cada faixa de remuneração de forma semelhante ao aplicado hoje no cálculo do Imposto de Renda. Vejamos um exemplo comparativo entre os sistemas de contribuição: Um empregado que ganhou um salário de R$ 5.000,00 nos meses de janeiro e fevereiro de 2020 deverá contribuir com o percentual de 11% sobre o total do salário. Lembrando que o teto de contribuição para o ano de 2020 é de R$ 6.101,06 (Portaria SEPRT 3.659/2020): Janeiro e Fevereiro/2020 Valor da alíquota Salário de R$ 5.000,00 x 11% (alíquota) R$ 550,00 A partir de março de 2020, o cálculo deste trabalhador passará a ser realizado de forma progressiva: Salário de R$ 5.000,00 Cálculo Valor alíquota Primeira faixa - cálculo do salário até R$1.045,00 R$1.045,00 x 7,5% R$ 78,37 Segunda faixa - cálculo do salário de R$ 1.045,01 até R$ 2089,60 R$ 1.044,60 x 9% R$ 94,01 Terceira faixa - cálculo do salário de R$ 2089,61 até R$ 3.134,40 R$ 1.044,80 x 12% R$ 125,37 Quarta faixa - cálculo efetuado sobre o restante do salário respeitando o teto máximo (R$ 3.134,41 até R$ 6.101,06) R$ 1.856,60 x 14 % R$ 216,18 TOTAL R$ 513,93 Portanto, conforme exemplo, o salário do trabalhador será desmembrado para cada uma das faixas, e a incidência será sobre a diferença entre a faixa anterior e a atual. Na primeira faixa, odesconto foi sobre o limite de R$ 1.045,00 (R$ 78,37). A segunda faixa será calculada considerando o teto de R$ 2.089,60 menos o teto da primeira faixa (R$ 2.089,60 – R$ 1,045,00 = R$ 1.044,60 x 9% = R$ 94,01). A terceira faixa segue o mesmo raciocínio da segunda: R$ 3.134,40 – R$ 2,089,60 = R$ 1.044,80 x12% = R$ 125,37. A quarta faixa é limitada ao valor do salário do trabalhador que está 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/30 abaixo do teto máximo de contribuição: R$ 5.000,00 – R$ 3.134,41 = R$ 1.856,60 x 14% = R$ 216,18. Somadas todas as contribuições calculadas, chegamos ao total de R$ 513.93. O salário de contribuição levará em consideração a remuneração total do empregado. Ele é definido pelo artigo 28 da Lei n. 8.212/91. Art. 28. Entende-se por salário-de-contribuição: I - para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; II - para o empregado doméstico: a remuneração registrada na Carteira de Trabalho e Previdência Social, observadas as normas a serem estabelecidas em regulamento para comprovação do vínculo empregatício e do valor da remuneração; III - para o contribuinte individual: a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, observado o limite máximo a que se refere o § 5º; IV - para o segurado facultativo: o valor por ele declarado, observado o limite máximo a que se refere o § 5º. (Brasil, 1991) Lembrando sempre que nos meses em que o empregado for admitido, dispensado, ocorrer afastamento ou falta injustificada, o salário de contribuição corresponderá ao proporcional sobre o número de dias de trabalho efetivo. Ou seja, se o empregado faltou durante o mês, o empregador poderá descontar do trabalhador os dias de faltas e seus respectivos DSR, e, consequentemente, a base de cálculo da contribuição previdenciária será reduzida. O artigo 28, § 9º da Lei n. 8.212/91, elenca a relação de valores recebidos pelo trabalhador que estão excluídos do salário de contribuição, isto é, que não são considerados para o cálculo da contribuição. Vejamos alguns exemplos: benefícios previdenciários; ajudas de custo e adicional mensal recebidos pelo aeronauta conforme Lei 5.929/1973; parcelas in natura recebidas a título de alimentação conforme PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador (Lei n. 6.321/1976); 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/30 férias indenizadas e o terço constitucional, inclusive o valor da dobra nos termos do art. 137 da CLT; diárias de viagens; indenizações valores recebidos a título de participação nos lucros e resultados. São várias as parcelas listadas no artigo 29, §9º, que estão excluídas da remuneração para fins de contribuição previdenciária. Sugerimos uma leitura do dispositivo para conhecimento de todas as parcelas excluídas. Cumpre ressaltar que as alterações promovidas no artigo 29 vieram pela Medida Provisória n. 905/2019 e terão validade somente durante a sua vigência, caso não ocorra sua conversão em lei ordinária. TEMA 5 – BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS A Previdência Social tem uma gama de benefícios que são devidos de acordo com a situação em que o segurado se encontre. Os benefícios concedidos pelo INSS são destinados a todos os segurados, ou seja, aqueles que contribuem para o sistema. Nos termos do artigo 18 da Lei n. 8.213/91, o Regime Geral de Previdência Social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente do trabalho, expressas em benefícios e serviços: Para o segurado: aposentadoria por invalidez; aposentadoria por idade; aposentadoria por tempo de contribuição (alterada a partir da Emenda Constituição n. 103/2019). aposentadoria especial; auxílio-doença; salário-família; salário-maternidade; auxílio-acidente; Para os dependentes: 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/30 pensão por morte; auxílio-reclusão; · Tanto para o segurado quanto para o dependente: § reabilitação profissional. Importante frisar que a Nova Previdência, instituída pela Emenda Constitucional n. 103, de 13 de novembro de 2019, alterou as regras de concessão de diversos benefícios, principalmente as aposentadorias e pensão por morte. Referente à idade mínima e ao tempo de contribuição, a regra geral de aposentadoria passa a exigir que as mulheres possuam 62 anos de idade e pelo menos 15 anos de contribuição. Já para os homens, 65 anos de idade e 20 anos de contribuição. O tempo de contribuição para os homens somente será de 15 anos para os segurados já filiados ao Regime Geral antes da publicação da Emenda Constitucional. Para os professores, o tempo mínimo passa a ser de 25 anos de contribuição e pelo menos 57 anos de idade para as mulheres e 60 anos para os homens. Essa regra, de acordo com as alterações, será aplicada aos professores que possuem tempo efetivo de exercício nas funções de magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou ensino médio. Já para os trabalhadores rurais, fica mantido o tempo de 15 anos de atividade e no mínimo de 55 anos de idade para as mulheres e 60 anos para os homens. Outra alteração está atrelada ao cálculo do benefício. Por exemplo, quando o trabalhador atingir a idade e o tempo mínimos para obter o benefício de aposentadoria, poderá se aposentar com no mínimo 60% da média de todas as contribuições previdenciárias realizadas a partir de julho de 1994. Antes da reforma, o cálculo era realizado considerando, como base, apenas os 80% maiores salários de contribuição. Não haverá mais a exclusão de 20% dos menores salários de contribuição para o cálculo. A Nova Previdência estabelece regras de transição para aqueles segurados que estavam na eminência de adquirir o benefício e que já eram filiados ao regime. Vejamos as regras extraídas do site da Previdência Social: RGPS: Transição por sistema de pontos 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/30 Essa regra soma o tempo de contribuição com a idade. Mulheres poderão se aposentar a partir de 86 pontos e homens, de 96, já em 2019. O tempo mínimo de contribuição de 30 anos, para elas, e de 35 anos, para eles, deverá ser respeitado. A cada ano será exigido um ponto a mais, chegando a 105 pontos para os homens, em 2028, e 100 pontos para as mulheres, em 2033. O valor do benefício seguirá a regra geral de cálculo da Nova Previdência: 60% da média de todas as contribuições registradas desde julho de 1994 mais dois pontos percentuais a cada ano de contribuição que exceder 15 anos, para as mulheres, e 20 anos, para os homens. Os professores da educação básica que comprovarem, exclusivamente, exercício da função de magistério na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio terão redução de cinco pontos. Assim, de imediato, as professoras poderão pedir aposentadoria a partir da soma de 81 pontos, desde que tenham o mínimo de 25 anos de contribuição, e os professores, com 91 pontos e, no mínimo, 30 anos de contribuição. Os pontos subirão até 92, para elas, e até 100, para eles. Transição por tempo de contribuição e idade mínima Por essa regra, as mulheres poderão se aposentar aos 56 anos, desdeque tenham pelo menos 30 anos de contribuição, em 2019. Já para os homens, a idade mínima será de 61 anos e 35 anos de contribuição. A idade mínima exigida subirá seis meses a cada ano, até chegar aos 62 anos de idade para elas, em 2031, e aos 65 anos de idade para eles, em 2027. O valor do benefício seguirá a regra geral de cálculo da Nova Previdência: 60% da média de todas as contribuições efetuadas desde julho de 1994 mais dois pontos percentuais a cada ano de contribuição que exceder 15 anos, para as mulheres, e 20 anos, para os homens. Os professores da educação básica que comprovarem, exclusivamente, exercício da função de magistério na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio terão redução de cinco anos na idade e no tempo de contribuição. Transição com fator previdenciário − pedágio de 50% Segundo essa regra, as mulheres com mais de 28 anos de contribuição e os homens com mais de 33 anos de contribuição poderão optar pela aposentadoria sem idade mínima, desde que cumpram um pedágio de 50% sobre o tempo mínimo que faltava para se aposentar (30 anos para elas e 35 anos para eles). Por exemplo, uma mulher com 29 anos de contribuição poderá se aposentar sem idade mínima, desde que contribua por mais um ano e meio (desse um ano e meio, um ano corresponde ao período que originalmente faltava para a aposentadoria; o meio ano adicional corresponde ao pedágio de 50%.) O valor do benefício será calculado levando em consideração a média de todas as contribuições desde julho de 1994, sobre ela aplicando-se o fator previdenciário. Transição com idade mínima e pedágio de 100% Essa regra estabelece uma idade mínima e um pedágio de 100% do tempo que faltava para atingir o mínimo exigido de contribuição (30 anos para elas e 35 anos para eles). Para mulheres, a idade 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/30 mínima será de 57 anos e, para homens, de 60 anos. Por exemplo, uma mulher de 57 anos de idade e 28 anos de contribuição terá de trabalhar mais quatro anos (dois que faltavam para atingir o tempo mínimo de contribuição mais dois anos de pedágio), para requerer o benefício. Para trabalhadores vinculados ao RGPS, o valor da aposentadoria será de 100% da média de todos os salários de contribuição desde julho de 1994. Professores da educação básica que comprovarem, exclusivamente, exercício da função de magistério na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio terão redução de cinco anos na idade e no tempo de contribuição (52 anos de idade e 25 de contribuição, para mulheres, e 55 anos de idade e 30 de contribuição, para homens). Transição – Aposentadoria por idade (RGPS) A regra da aposentadoria por idade exige idade mínima de 65 anos para homens. Ou seja, no caso deles, nada muda. Para as mulheres, a idade mínima começa em 60 anos, em 2019, e sobe seis meses a cada ano, até chegar a 62 anos em 2023. Em ambos os casos é exigido tempo de contribuição mínima de 15 anos. O valor do benefício seguirá a regra geral de cálculo da Nova Previdência: 60% da média de todas as contribuições mais dois pontos percentuais a cada ano de contribuição que exceder 15 anos, para mulheres, e 20 anos, para homens. Veremos a seguir alguns dos principais benefícios concedidos pela Previdência Social. 5.1 AUXÍLIO-DOENÇA O auxílio-doença é um benefício concedido em virtude da incapacidade total e temporária do segurado. A incapacidade pode ser decorrente de uma doença comum, acidente de trabalho típico ou doença ocupacional. Para o recebimento do benefício, o segurado empregado deverá afastar-se do trabalho por mais de 15 dias consecutivos. Os 15 primeiros dias serão pagos pela empresa conforme estudamos nas aulas anteriores. Neste caso, o benefício se inicia a partir do 16º de afastamento. Já no caso dos demais segurados, será concedido a contar do primeiro dia de incapacidade e enquanto ela perdurar. O segurado recluso em regime fechado não poderá receber o auxílio-doença. Se estiver recebendo o benefício, na data em que foi recolhida a prisão, o benefício será cessado pelo INSS. Se a prisão for declarada ilegal, o segurado terá direito ao recebimento do benefício, durante todo o período devido (Brasil,1991). 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/30 A nova regra trazida pela Emenda Constitucional n. 103/2019 estabelece que a média de contribuições para calcular o auxílio-doença será de 100% e não de 80%, como era antes da reforma. Os procedimentos para a obtenção do benefício continuam os mesmos. O segurado deverá agendar a perícia médica por meio do telefone 135 ou do site “Meu INSS”, passar por perícia e aguardar o resultado. Para obtenção do benefício, o segurado deverá comprovar: carência de 12 contribuições, salvo nos casos de acidente ou doença do trabalho previstas em lei; qualidade de segurado: se o trabalhador perder a qualidade de segurado, para a obtenção do auxílio-doença deverá contar, a partir da nova filiação à Previdência Social, com metade do período de carência, ou seja, pelo menos 06 meses antes de requerer o benefício nos termos do art. 27-A da Lei nº 8.213/91; existência de doença incapacitante ocorrida durante a manutenção da qualidade de segurado, ou seja, nos casos em que o segurado se filiar com doença preexistente, não lhe será devido o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão; para o empregado em empresa, estar afastado do trabalho há pelo menos 15 dias (corridos ou intercalados dentro do prazo de 60 dias). 5.2 AUXÍLIO-ACIDENTE Dispõe o art. 86 da Lei n. 8.213/91 a circunstância em que o auxílio-acidente será concedido ao segurado em virtude de uma sequela parcial e permanente que reduz a capacidade para o trabalho que o segurado habitualmente exercia antes do afastamento. Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. § 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria. (Brasil, 1991) 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/30 Assim, para concessão do benefício, deve ficar demonstrado, concomitantemente, os três requisitos exigidos, quais sejam: ocorrência de lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza; verificação de sequelas que reduzam a capacidade de trabalho exercido habitualmente; nexo causal entre o acidente e as lesões. Para o recebimento do benefício, não é necessário o cumprimento de carência, sendo um direito destinado a todos os segurados que cumprirem os requisitos acima listados. Para a concessão do direito, o segurado deverá passar por perícia médica, mas, na grande parte dos casos, os trabalhadores têm buscado a via judicial para o deferimento do benefício. A principal alteração promovida nesse benefício veio por meio da Medida Provisória n. 905/2019 com alteração do valor mensal do benefício, que passa a ser de 50% do benefício da aposentadoria por invalidez a que o segurado teria direito e será devido apenas enquanto perdurarem as condições de sequela. Isso indica que o benefício não será mais concedido de forma permanente até a concessão da aposentadoria, ou seja, o segurado deverá passar por perícias para avaliação da permanência das sequelas. Cumpre ressaltar que se a MP não for convertida em lei, seus efeitos serão válidos apenas durante a sua vigência. 5.3 AUXÍLIO-RECLUSÃO Esse benefício é destinado aos dependentes do segurado de baixa renda recolhido à prisão em regime fechado, que não receberremuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio-doença, de pensão por morte, de salário-maternidade, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço (Brasil, 1991). Os § 3º e § 4º do artigo 80 da Lei n. 8.213/91 determinam quem é o segurado de baixa renda: § 3º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se segurado de baixa renda aquele que, no mês de competência de recolhimento à prisão, tenha renda, apurada nos termos do disposto no § 4º deste artigo, de valor igual ou inferior àquela prevista no art. 13 da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, corrigido pelos índices de reajuste aplicados aos benefícios do RGPS. (Incluído pela Lei n. 13.846, de 2019) 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/30 § 4º A aferição da renda mensal bruta para enquadramento do segurado como de baixa renda ocorrerá pela média dos salários de contribuição apurados no período de 12 (doze) meses anteriores ao mês do recolhimento à prisão. (Incluído pela Lei n. 13.846, de 2019) Durante o recebimento desse benefício, o trabalhador em reclusão não poderá estar recebendo salário da empresa, caso seja empregado com vínculo ativo, sob pena de suspensão do benefício. Importante mencionar que a Lei n. 13.846/2019 incluiu o §7º ao artigo 80 da Lei n. 8.213/91 e determinou que “o exercício de atividade remunerada do segurado recluso, em cumprimento de pena em regime fechado, não acarreta a perda do direito ao recebimento do auxílio-reclusão para seus dependentes”. 5.4 PENSÃO POR MORTE A pensão por morte está prevista na Lei n. 8.213/91, a partir do artigo 74, sendo destinada aos dependentes do segurado que vier a falecer, sendo este aposentado ou não, e será concedida a contar: do óbito: quando o requerimento for protocolado em até 180 (cento e oitenta) dias após o óbito, para os filhos menores de 16 (dezesseis) anos, ou em até 90 (noventa) dias após o óbito, para os demais dependentes. do requerimento: quando requerida após o prazo mencionado acima. nos casos de morte presumida, da decisão judicial. São considerados como dependentes de acordo com a Lei n. 8.213/91: o cônjuge, companheiro(a), filho não emancipado menor de 21 anos de idade ou inválido, ou que apresente uma deficiência mental ou intelectual ou alguma outra deficiência grave; os pais do segurado; o irmão não emancipado, menor de 21 anos de idade ou inválido, ou que apresente deficiência mental ou intelectual ou alguma outra deficiência grave. O valor do benefício, a partir da Reforma da Previdência (EC n. 103/2019), passou a ser o equivalente a uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento) do valor da aposentadoria recebida pelo segurado ou servidor ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, acrescida de cotas de 10 (dez) pontos percentuais por dependente, até o máximo de 100% (cem por cento). (Brasil, 2019). 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/30 Importante frisar que a cota do dependente que deixou essa qualidade não será revertida a favor do demais. Nos casos de dependente inválido, deficiente intelectual, mental ou com qualquer deficiência grave, o valor da pensão será equivalente a: 100% (cem por cento) da aposentadoria recebida pelo segurado ou servidor ou daquela a que teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente na data do óbito, até o limite máximo de benefícios do Regime Geral de Previdência Social; e uma cota familiar de 50% (cinquenta por cento) acrescida de cotas de 10 (dez) pontos percentuais por dependente, até o máximo de 100% (cem por cento), para o valor que supere o limite máximo de benefícios do Regime Geral de Previdência Social (Brasil, 2019). A cessação da pensão continua vigente mesmo após a publicação da Emenda Constitucional n. 103/2019. Vejamos o disposto no artigo 77, §2º da Lei n. 8.213/91: § 2º O direito à percepção da cota individual cessará: I- pela morte do pensionista; II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, ao completar vinte e um anos de idade, salvo se for inválido ou tiver deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave; III - para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez; IV - pelo decurso do prazo de recebimento de pensão pelo cônjuge, companheiro ou companheira, nos termos do § 5º. V - para cônjuge ou companheiro: a) se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “b” e “c”; b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado: c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiário na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável: 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade; 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/30 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade; 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade; 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade; 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade. VI - pela perda do direito, na forma do § 1º do art. 74 desta Lei. 5.5 SALÁRIO-FAMÍLIA O salário-família é devido para o pai, mãe ou para ambos ao mesmo tempo, desde que possuam filhos com idade de até 14 anos ou que sejam inválidos. Os pais somente terão direito desde que sejam trabalhadores assalariados e que o valor do salário não ultrapasse o que é determinado por lei anualmente. Para o recebimento do benefício, não é necessária comprovação de um tempo mínimo de contribuição junto à Previdência Social. Sugiro a leitura da Lei n. 8.213/91 a partir do artigo 65 que traz os requisitos e forma de concessão. 5.6 SALÁRIO-MATERNIDADE Vimos na quarta aula que o salário-maternidade será devido à segurada empregada e será pago diretamente pela empresa. Apenas para as trabalhadoras autônomas, seguradas facultativas e empregadas domésticas, o benefício será pago pela Previdência Social. Para a segurada facultativa, contribuinte individual e nos casos de adoção, o benefício será pago pelo INSS. A duração do benefício será de 120 dias, podendo ser iniciado no período entre 28 (vinte e oito) dias antes do parto e a data de ocorrência deste. Para a segurada empregada, avulsa e doméstica, o benefício será concedido independentemente de cumprimento de carência. O salário-maternidade será pago inclusive nos casos de óbito da mãe. Será pago pelo restante do tempo que a segurada teria direito, ao cônjuge ou companheiro sobrevivente que tenha a qualidade de segurado, exceto no caso do falecimento do filho ou de seu abandono, observadas as normas aplicáveis ao salário-maternidade. Importante mencionar que nos casos de aborto espontâneo, a segurada terá direito ao benefício pelo prazo de 14 dias. 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 24/30 Para a trabalhadora na condição de contribuinte individual, facultativo e segurada especial, o período de carência é de 10 contribuições nos termos do artigo 25, inciso III da Lei n. 8.213/91. São isentas de cumprimento de carência a segurada empregada (inclusive a doméstica) e trabalhadora avulsa (que esteja em atividade na data do afastamento, parto, adoção ou guarda com amesma finalidade) nos termos do artigo 26, IV da Lei n. 8.213/91. Para as desempregadas, é necessário comprovar a qualidade de segurado do INSS e, conforme o caso, cumprir carência de 10 meses trabalhados. Caso tenha perdido a qualidade de segurado, deverá cumprir metade da carência de 10 meses antes do parto/evento gerador do benefício (Lei n. 13.457/2017). 5.7 APOSENTADORIAS A grande alteração trazida pela Reforma da Previdência está relacionada às aposentadorias. Como são inúmeras as regras, neste tópico traçaremos apenas os principais pontos. Sugiro a leitura da Emenda Constitucional n. 103 e consulta ao site da Previdência Social, que traz com clareza e de forma dinâmica as principais alterações. 5.7.1 APOSENTADORIA POR IDADE Antes da reforma trabalhista, a aposentadoria por idade era concedida para o homem com 65 anos de idade e para a mulher com 60 anos desde que cumprida a carência de 180 contribuições. O valor da aposentadoria consistia na média dos 80% dos maiores salários de contribuição após 1994 até o mês anterior à aposentadoria. Tais regras eram definidas pela Lei n. 8.213/91, artigos 48 a 51. A partir da Reforma, a aposentadoria por idade será devida para o homem com 65 anos de idade e 20 anos de contribuição e para a mulher que tenha 62 anos de idade e 15 anos de contribuição. O valor da aposentadoria levará em consideração a média aritmética de todos os salários de contribuição. O valor do benefício consistirá no percentual de 60% + 2% para cada ano de contribuição acima de 20 anos para o homem e + 2 % para cada ano de contribuição acima de 15 anos para as mulheres no limite de 100%. Essa nova regra vale apenas para aqueles filiados após a publicação da Emenda Constitucional n. 103. 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 25/30 Para os segurados filiados antes da Reforma, o INSS levará em consideração as regras de transição existentes da Emenda n. 103. 5.7.2 APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO A aposentadoria por tempo de contribuição era concedida considerando o tempo de contribuição do segurado independentemente da idade. Ela incluía, nesse caso, o fator previdenciário para reduzir o valor do benefício conforme a expectativa de vida do segurado. Antes da reforma, a aposentadoria seguia os seguintes requisitos, conforme Lei n. 8.213/91, artigos 52 a 56: homem:35 anos de tempo de contribuição; mulher: 30 anos de tempo de contribuição; valor da Aposentadoria para ambos: média dos 80% dos maiores salários após 1994 até o mês anterior à aposentadoria e a aplicação do fator previdenciário. O fator previdenciário somente não era aplicado no caso em que o segurado preenchesse os requisitos da regra dos pontos 86/96, ou seja, a regra considerava o tempo de contribuição somado à idade do segurado. Vejamos os requisitos: Para o homem: 35 anos de tempo de contribuição; 96 pontos (somatória do tempo de contribuição e sua idade, em anos, meses e dias). Para a mulher: 30 anos de tempo de contribuição. 86 pontos (somatória do tempo de contribuição e sua idade, em anos, meses e dias). A regra dos pontos foi estabelecida de forma progressiva, conforme artigo 29-C da Lei n. 8.213/91, até o ano de 2026. Ou seja, a cada dois anos, será acrescido um ponto, até a soma de 90 pontos para mulheres e 100 para homens. Após a Reforma, a aposentadoria por tempo de contribuição deixará de existir depois de concluídas as regras de transição. De acordo com a EC n. 103/2019, a regra dos pontos virou uma regra de transição. Sugerimos a leitura dos boletins e matérias informativas disponíveis no site da Previdência Social para melhor compreensão dessas regras. 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 26/30 5.7.3 APOSENTADORIA POR INVALIDEZ A aposentadoria por invalidez é um benefício inicialmente de caráter provisório, concedido ao segurado que, uma vez cumprida a carência exigida, estando este em gozo de auxílio-doença ou não, encontrar-se incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta o sustento (Lei n. 8.213/91, art. 42 ao 47). A concessão da aposentadoria será realizada pela Previdência mediante exame médico pericial. Somente será concedido o benefício para as patologias ou incapacidades adquiridas após a filiação, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. Caso o trabalhador recupere sua capacidade laborativa, poderá retornar ao trabalho, sendo que a aposentadoria será cessada. Uma vez recebida a aposentadoria, o trabalhador deverá passar por perícias regulares para verificar a manutenção da incapacidade laborativa, com exceção dos maiores de 60 anos, que estão isentos dessa obrigatoriedade. Para a concessão da aposentadoria, é exigido, pela Previdência, o cumprimento de uma carência mínima de 12 meses, salvos os afastamentos decorrentes de acidente de trabalho devidamente comprovados. 5.7.4 APOSENTADORIA ESPECIAL Outra espécie de benefício é a aposentadoria especial, concedida ao trabalhador que tenha trabalhado em condições mais danosas, ou seja, com exposição a agentes nocivos físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais pelo período de 15, 20 ou 25 anos. Atualmente, a comprovação da exposição é realizada através do PPP – Perfil Profissiográfico Previdenciário. O PPP constitui-se em um documento histórico laboral do trabalhador, segundo modelo instituído pelo INSS. O preenchimento desse documento levará em consideração as informações contidas no LTCAT – Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho. Na falta desse documento, a empresa poderá se utilizar dos seguintes documentos: IN INSS nº 77/2015: Art. 261. Poderão ser aceitos, em substituição ao LTCAT, e ainda de forma complementar, desde que contenham os elementos informativos básicos constitutivos relacionados no art. 262, os seguintes documentos: 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 27/30 I - laudos técnico-periciais realizados na mesma empresa, emitidos por determinação da Justiça do Trabalho, em ações trabalhistas, individuais ou coletivas, acordos ou dissídios coletivos, ainda que o segurado não seja o reclamante, desde que relativas ao mesmo setor, atividades, condições e local de trabalho; II - laudos emitidos pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO; III - laudos emitidos por órgãos do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE; IV - laudos individuais acompanhados de: a) autorização escrita da empresa para efetuar o levantamento, quando o responsável técnico não for seu empregado; b) nome e identificação do acompanhante da empresa, quando o responsável técnico não for seu empregado; e c) data e local da realização da perícia. V - as demonstrações ambientais: a) Programa de Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA; b) Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR; c) Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção - PCMAT; e d) Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO. Portanto, antes da Reforma, o requisito para a concessão da aposentadoria era apenas o tempo de atividade especial: 25 anos de atividade especial de menor risco; 20 anos de atividade especial de médio risco; 15 anos de atividade especial de maior risco. O valor do benefício era calculado considerando a média dos 80% dos maiores salários após 1994 até o mês anterior à aposentadoria, não sendo aplicado o fator previdenciário. Após a Reforma, tudo indica que a aposentadoria será extinta. A regra de transição é pesada e a idade mínima estabelecida prejudicará milhares de trabalhadores. A partir de agora, os requisitos para a concessão da aposentadoria especial será: 60 anos de idade + 25 anos de atividade especial de menor risco. 58 anos de idade + 20 anos de atividade especialde médio risco. 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 28/30 55 anos de idade + 15 anos de atividade especial de maior risco. O valor da aposentadoria para o trabalhador com 20 e 25 anos de atividade especial será de 60% da média aritmética dos salários + 2% por ano de trabalho especial a partir dos 20 anos de atividade especial. Já para aqueles que trabalharam 15 anos, o valor será 60% da média aritmética dos salários + 2% por ano de trabalho especial a partir dos 15 anos de atividade especial. TROCANDO IDEIAS Um debate muito importante seria sobre as novas alíquotas de contribuição previdenciária vigentes a partir de março de 2020, para os trabalhadores ligados ao Regime Geral de Previdência Social. As novas alíquotas foram definidas pela Emenda Constitucional n. 103/2019 (7,5%, 9%, 12% e 14%) e passam a ser aplicadas de forma progressiva. Ou seja, um trabalhador com um salário de R$ 4.000,00 terá a sua contribuição calculada respeitando o limite de cada uma das faixas até o limite de seu salário. Qual a sua opinião sobre essa nova forma de cálculo das contribuições previdenciárias? NA PRÁTICA Um MEI – Microempreendedor Individual – (José da Silva) presta serviços de marceneiro. Devido ao aumento da demanda de sua empresa, resolve contratar João da Paz, como empregado, para trabalhar 44 horas semanais, de segunda a sábado. João da Paz receberá o valor de R$ 1.045,00 (salário mínimo). Nesse caso, quais serão as contribuições devidas pelo MEI da folha de pagamento? FINALIZANDO O objetivo de nosso estudo foi a seguridade social brasileira, em especial o terceiro pilar – a Previdência Social. Estudamos as contribuições dos empregadores e dos trabalhadores e as principais espécies de benefícios concedidos pela Previdência. REFERÊNCIAS 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 29/30 ALCANTARA, S. A. Legislação trabalhista e rotinas trabalhistas. 3. ed. Curitiba: InterSaberes, 2018. BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 13 abr. 2020. BRASIL. Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 24 jul. 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm>. Acesso em: 13 abr. 2020. BRASIL. Decreto n. 3.048, de 06 de maio de 1999. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 maio 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048compilado.htm>. Acesso em: 13 abr. 2020. BRASIL. Instrução Normativa n. 77, de 21 de janeiro de 2015. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 jan. 2015. Disponível em: <http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/32120879/do1-2015-01- 22-instrucao-normativa-n-77-de-21-de-janeiro-de-2015-32120750>. Acesso em: 13 abr. 2020. BRASIL. Emenda Constitucional n. 103, de 12 de novembro de 2019. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 nov. 2019. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc103.htm>. Acesso em: 13 abr. 2020. DELGADO, M.G. Curso de direito do trabalho. 10. ed. São Paulo: LTr, 2011. LEMES, E. C. Manual dos cálculos previdenciários: benefícios e revisões. 2. ed. Curitiba: Juruá, 2012. LEONARDO, M. T. Direito previdenciário. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. MARTINS, S. P. Direito do Trabalho. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2001. ______. Manual de direito do trabalho. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. RESPOSTA 19/09/2020 UNINTER - LEGISLAÇÃO TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 30/30 Como vimos em nossa aula, o MEI contribuiu com o encargo previdenciária de 3% de responsabilidade do empregador, bem como com a alíquota de 8% de FGTS calculado sobre o salário do empregado. Já o empregado terá descontado o percentual de 8% (até março de 2020) e, a partir de março de 2020, o percentual de 7,5%, considerando as novas alíquotas de contribuição. Portanto, a contribuição total devida pelo MEI, que será desembolsada pelo empregador, é de 11%: 3% cota patronal + 8% de FGTS.