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GINÁSTICA GERAL
CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD
Ginástica Geral – Prof.ª Dra. Eliana de Toledo Ishibashi e Prof.ª Ms. Andrea Desiderio da
Silva
Olá. Meu nome é Andrea Desiderio, sou licenciada em Educação
Física e bacharel em treinamento esportivo pela Unicamp, local que
fiz mestrado e onde participo do Grupo de Pesquisa em Ginástica
e do Grupo Ginástico Unicamp (GGU). Atualmente leciono na
Universidade São Judas Tadeu, no Centro Regional Universitário de
Espírito Santo do Pinhal.e na Escola do Sitio - Campinas/São Paulo.
Tenho experiência na área de Educação Física Escolar e disciplinas
relacionadas à área da Ginástica. Sou membro do Grupo de Estudos
e Pesquisa em Educação Física Escolar (GEPEFE) da Faculdade
de Educação da Unicamp. Desenvolvo trabalhos pedagógicos e
artísticos na área do circo e da ginástica desde a infância.
Caros alunos! Sou Eliana de Toledo e é uma alegria poder
lecionar para vocês a disciplina de Ginástica Geral, área que tanto
gosto e que há anos debruço minhas experiências, pesquisas
e docência. Sou licenciada em Educação Física, Bacharel em
Treinamento em Esportes e mestre em Educação Física pela
FEF/Unicamp, instituição onde faço parte do Grupo de Pesquisa
em Ginástica. Sou doutora em História pela PUC-SP, diretora da
Gímnica – Biblioteca Virtual de Ginástica (www.ginasticas.com/
gimnica) e atualmente leciono na Universidade São Judas Tadeu
– USJT/SP (na graduação e pós-graduação). Já atuei em vários
campos da ginástica: escolar, fitness, área competitiva (com foco
na Ginástica Rítmica – ginasta, técnica, árbitra etc.) e especialmente na Ginástica Geral
(ginasta e coordenadora de grupos – Unicamp e USJT, membro da comissão organizadora
de intercâmbios e eventos nacionais e internacionais etc.). Atuei e atuo em nível de
graduação (Fefisa, Metrocamp, Fia) e pós-graduação (Unicamp, FMU/Gama Filho e Fefisa)
como docente nessas áreas e em outras, como a História da Ginástica, Ginástica Laboral,
Fundamentos da Ginástica, Rítmica, Folclore, entre outras. Possuo várias publicações na
área da Ginástica, com destaque para oito capítulos e uma organização de livros, entre
outros artigos e trabalhos científicos que podem ser consultados na base de dados Lattes.
Gostaria, ainda, de dizer o quanto meus alunos foram importantes para meu aprendizado
nessa trajetória de quase 20 anos na Ginástica, portanto, espero que possamos compartilhar
e construir muitas experiências e saberes!
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
GINÁSTICA GERAL
Caderno de Referência de Conteúdo
Eliana de Toledo Ishibashi
Andrea Desiderio da Silva
Batatais
Claretiano
2013
Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação
© Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP)
Versão: dez./2013
796 T58g
Toledo, Eliana de
Ginástica geral / Eliana de Toledo, Andrea Desiderio – Batatais, SP :
Claretiano, 2013.
176 p.
ISBN: 978-85-67425-34-4
1. Aspectos históricos da ginástica geral e sua contextualização no universo da
ginástica, seu papel na Educação Física e sua relação com a escola. 2. Abordagem
de seu panorama na atualidade, seus conceitos, características e formas de
desenvolvimento na Educação Física escolar (aulas, eventos etc.). 3. Reflexões e
exemplos de sua prática na escola como instrumento de intervenção social. I.
Desiderio, Andrea. II. Ginástica geral.
CDD 796
Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional
Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves
Preparação
Aline de Fátima Guedes
Camila Maria Nardi Matos
Carolina de Andrade Baviera
Cátia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sançana de Melo
Luis Henrique de Souza
Patrícia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Bibliotecária
Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11
Revisão
Cecília Beatriz Alves Teixeira
Felipe Aleixo
Filipi Andrade de Deus Silveira
Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz
Rodrigo Ferreira Daverni
Sônia Galindo Melo
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto gráfico, diagramação e capa
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai
Lúcia Maria de Sousa Ferrão
Luis Antônio Guimarães Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
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SUMÁRIO
CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 15
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 36
UniDADE 1 – INTRODUÇÃO AO UNIVERSO DA GINÁSTICA
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 37
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 37
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 38
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 39
5 CONCEITOS DE GINÁSTICA ............................................................................. 41
6 O UniVERSO DA GinÁSTiCA (ÁREAS E TiPOS) .............................................. 47
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 54
8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 55
9 E-REFERÊnCiA .................................................................................................. 56
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 56
UniDADE 2 – A GINÁSTICA E A ESCOLA: ASPECTOS HISTÓRICOS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 57
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 57
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 58
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 60
5 ASPECTOS HISTÓRICOS DA RELAÇÃO ENTRE GINÁSTICA E ESCOLA ........... 61
6 TEXTOS COMPLEMENTARES ........................................................................... 73
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 75
8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 76
9 E-REFERÊnCiA .................................................................................................. 76
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 77
UniDADE 3 – PANORAMA DA GINÁSTICA GERAL NA ATUALIDADE
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 79
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 79
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ...............................................80
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 80
5 PANORAMA DA GINÁSTICA GERAL ................................................................. 81
6 GINÁSTICA GERAL EM DIFERENTES CONTEXTOS .......................................... 81
7 GINÁSTICA GERAL NO BRASIL E NO MUNDO ................................................ 83
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 97
9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 98
10 E-REFERÊnCiAS ................................................................................................ 98
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 99
UniDADE 4 – GinÁSTiCA GERAL – COnCEiTOS, ASPECTOS PEDAGÓGiCOS
E INTERVENÇÃO SOCIAL
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 101
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 101
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 102
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 104
5 CONCEITOS DE GINÁSTICA GERAL .................................................................. 105
6 ASPECTOS PEDAGÓGICOS DO ENSINO DE GINÁSTICA GERAL ..................... 110
7 A GINÁSTICA GERAL E A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA ............................... 111
8 INTERVENÇÕES SOCIAIS POR MEIO DA GINÁSTICA GERAL.......................... 118
9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 125
10 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 125
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 126
UniDADE 5 – O PLANEJAMENTO DE AULAS EM GINÁSTICA GERAL:
OBJETIVOS, CONTEÚDOS E MÉTODOS
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 129
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 129
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 130
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 131
5 OBJETiVOS – PARA QUE ENSINAR? ................................................................... 132
6 COnTEÚDOS – O QUE ENSINAR? ...................................................................... 135
7 MÉTODOS – COMO ENSINAR? .......................................................................... 142
8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 151
9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 152
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 152
UniDADE 6 – A ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS DE GINÁSTICA GERAL
1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 153
2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 153
3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE .............................................. 153
4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 155
5 ORGAniZAÇÃO DE EVEnTOS ESPORTiVOS E DE LAZER – ABORDAGEnS
GERAIS .............................................................................................................. 155
6 ESPETÁCULOS ................................................................................................... 166
7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 174
8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 175
9 E-REFERÊnCiA .................................................................................................. 175
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 175
EA
D
CRC
Caderno de
Referência de
Conteúdo
Ementa –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Aspectos históricos da ginástica geral e sua contextualização no universo da
ginástica, seu papel na Educação Física e sua relação com a escola. Aborda-
gem de seu panorama na atualidade, seus conceitos, características e formas
de desenvolvimento na Educação Física escolar (aulas, eventos etc.). Reflexões
e exemplos de sua prática na escola como instrumento de intervenção social.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
1. INTRODUÇÃO
Desde a década de 1980, a Educação Física escolar tem pas-
sado por transformações significativas. Uma delas refere-se à re-
flexão sobre a abordagem tecnicista nas aulas, muito utilizada na
década de 1970, com subsequentes propostas de novas aborda-
gens, entre elas a humanista.
Essa visão possibilitou um trato mais pedagógico à Educação
Física escolar, deslocando seu objetivo da performance esportiva
e detecção de talentos, para uma democratização das práticas cor-
porais, que deveriam ser vivenciadas por todos, de maneira praze-
© Ginástica Geral10
rosa e mais significativa (dialogando com a realidade do aluno, da
escola e da comunidade).
Já na década de 1990, destaca-se a influência da abordagem
culturalista que propôs uma nova concepção acerca dos conteú-
dos da Educação Física escolar, que passaram a ser denominados
e compreendidos como manifestações da cultura corporal. Outra
transformação proporcionada por esse grupo de autores foi uma
proposta metodológica para o ensino dessas manifestações.
Mas, nesse movimento, onde estava situada a ginástica?
Como ela foi inserida no contexto escolar? Como foi conceituada
e concebida para as aulas? Quais são os reflexos desse processo
na atualidade? Quais são as tendências atuais na área da ginástica
para a Educação Física escolar? Esses e muitos outros question-
amentos pretendem ser respondidos, reelaborados e ressignifica-
dos em nossas aulas de Ginástica Geral.
Assim, neste Caderno de Referência de Conteúdo (CRC), o
objetivo será possibilitar a você, aluno, os conhecimentos básicos
acerca do universo da ginástica, com foco na ginástica geral, assim
como seu diálogo com o ambiente escolar e sua presença (e au-
sência) na Educação Física escolar.
Para atingir esse objetivo serão compostos de seis unidades
temáticas, que de maneira correlata poderão proporcionar uma vi-
são geral da área da ginástica e seu desenvolvimento na Educação
Física escolar, de maneira crítica e reflexiva, a partir das propostas
da ginástica geral.
E para imergi-lo nessa área tão presente na atualidade, com
estudos acadêmicos crescentes e de melhor qualidade, no entan-
to, ainda pouco presente nos planejamentos e nas "quadras" da
Educação Física escolar, é que este CRC se inicia com a unidade
temática "Introdução ao universo da Ginástica". Nela você poderá
conhecer os conceitos e os tipos de ginástica existentes, distin-
guindo suas características, fundamentos e objetivos, e identifi-
cando seus contextos de prática.
Claretiano - Centro Universitário
11© Caderno de Referência de Conteúdo
Tendo adentrado nesse universo, na Unidade 2, você terá
contato com a relação historicamente construída entre a ginástica
e a escola, compreendendo como elas coexistiram ao longo do
tempo no Brasil, pontuando seus papéis políticos e educacionais,
seus objetivos, suas práticas etc.
O contato com essa temática possibilitará a você um mel-
hor e maior entendimento acerca de uma realidade que se con-
stitui num ecode alguns desses processos históricos, assim como
poderá instrumentalizá-lo a fazer intervenções para o presente e
para o futuro, de maneira menos fragmentada, mais crítica e pro-
cessual.
A Unidade 3 visa contextualizá-lo na área da ginástica na atu-
alidade, oferecendo informações sobre seu panorama nacional e
internacional, e provocando reflexões sobre o que vem sendo de-
senvolvido no mundo e o que realmente se apropria e/ou se res-
significa no contexto brasileiro.
Tendo adentrado o universo da ginástica, a sua relação his-
toricamente construída com a escola e tendo uma visão de seu pa-
norama no cenário nacional e internacional, partimos para as es-
pecificidades da ginástica geral, compreendendo-a como a prática
mais adequada ao ambiente escolar e uma tendência na área da
ginástica. Assim, a Unidade 4 versa sobre os aspectos conceituais
e pedagógicos da ginástica geral, a partir dos estudos de diferentes
autores.
E à Unidade 5 cabe o desenvolvimento da ginástica na Edu-
cação Física escolar, oferecendo subsídios para o planejamento
das aulas.
Para finalizar, acreditando que a ginástica geral também
pode ser desenvolvida numa proposta interdisciplinar e de en-
volvimento com a comunidade, cujos cidadãos fazem parte do en-
torno da escola e da vida dos alunos (pais, amigos, vizinhos etc.), a
Unidade 6 dedica-se à organização de eventos de ginástica.
© Ginástica Geral12
Para uma breve apresentação das unidades, e para um me-
lhor entendimento acerca da relação intrínseca existente entre elas,
apresentamos a seguir um texto da autora Eliana Ayoub (1996).
Ginástica Geral: um fenômeno
sociocultural em expansão no Brasil ––––––––––––––––––––
O objetivo central deste texto é refletir sobre o movimento da Ginástica Geral no
Brasil, questionando alguns equívocos que têm se verificado no seu processo
de expansão e ressaltando o trabalho do Grupo Ginástico Unicamp como uma
proposta de vanguarda para a Ginástica Geral brasileira, reconhecida internacio-
nalmente.
Apesar da escassa bibliografia específica de Ginástica Geral, é possível levantar-
mos algumas informações relevantes que possibilitem refletir sobre esse tema.
Iniciarei a discussão por um breve histórico a respeito da Ginástica Geral, pas-
sando em seguida para alguns acontecimentos que contribuíram para a sua ex-
pansão em nosso país, para, finalmente, abordar alguns equívocos que vêm
acompanhando esse processo.
Embora não se possa precisar quando a Ginástica nasceu, seu berço é, certa-
mente, a Europa – local do mundo onde ela é mais difundida e desenvolvida.
Segundo Alberto LANGLADE, o ano de 1800 é uma data muito indicada para
assinalar o nascimento da Ginástica atual, o qual foi possível devido a uma série
de circunstâncias históricas que propiciaram o aparecimento das primeiras sis-
tematizações sobre a Ginástica, através das "Escolas" Inglesa, Alemã, Sueca e
Francesa. Para o autor "Daí em diante, a ginástica evoluiu incessantemente, não
havendo alcançado ainda hoje formas definitivas" (1970, p.22)
A Ginástica Geral (GG) também tem sua origem na Europa e grande número de
adeptos nesse continente. A GG é proposta e difundida pela FIG, especialmente
por meio das Ginastradas Mundiais ("World Gymnaestrada"), e compreende a
esfera da Ginástica orientada para o lazer (FIG, 1993, p.3). Sem finalida-
de competitiva, ela se situa num plano diferente das modalidades gímnicas de
caráter competitivo – os esportes ginásticos, formalizados e institucionalizados,
como por exemplo: a Ginástica Artística, a Ginástica Rítmica Desportiva, a Gi-
nástica Aeróbica, o Trampolim Acrobático, a Ginástica Acrobática, as Rodas Gi-
násticas, entre outras.
De acordo com a Federação Internacional de Ginástica (FIG), além das manifes-
tações de caráter gímnico, a GG engloba ainda a dança, jogos e expressões
folclóricas nacionais. Seus objetivos são desenvolver a saúde, a condição física
e a integração social, assim como contribuir para o bem-estar físico e psicológico
de seus praticantes. A GG é considerada um fator sócio-cultural (FIG, 1993, p.3).
Devido à sua amplitude de possibilidades, a GG não determina limites em rela-
ção às metodologias gímnicas, idade, sexo, número e condição física ou técnica
dos participantes, tipo de música ou vestimenta, e proporciona uma infinidade de
experiências motrizes. Na GG não há "convenções" sobre o que ou como fazer
(desde que faça bem para quem está fazendo), o que possibilita uma adaptação
às características e interesses do próprio grupo e favorece uma ampla participa-
ção, fato que a situa como a forma mais abrangente de Ginástica.
Claretiano - Centro Universitário
13© Caderno de Referência de Conteúdo
Por tudo isso, a GG, cujo principal alvo de atenção é o ser humano que a pratica,
pode estimular a socialização, promovendo a integração entre as pessoas e grupos,
bem como o respeito pela cultura de cada povo, e desenvolver a criatividade e o sen-
tido de prazer, enfatizando o caráter lúdico da Ginástica. A ludicidade, a criatividade e
a liberdade de expressão são aspectos marcantes e determinantes na GG.
Estas características básicas da GG, organizadas aqui a partir de fontes diver-
sificadas, indicam o início de um longo caminho a ser percorrido para que esse
fenômeno sócio-cultural possa ser compreendido em profundidade naquilo que o
distingue e singulariza-o dentro do mundo vasto e complexo da Ginástica.
Considerar a Ginástica Geral como um fenômeno sócio-cultural significa estudá-
-la concretamente, enquanto processo e produto, no seu inter-relacionamento
com a sociedade e com a cultura – entendida no seu sentido mais amplo "(...)
como o conjunto de expressões humanas nascidas do processo de construção
coletiva criativa da existência social, que é fruto do diálogo humano com seu uni-
verso existencial, universo esse que se manifesta concretamente na sociedade
a partir das relações de poder travadas no confronto entre os diversos grupos da
sociedade." (AYOUB, 1993, p.31)
Foi no início da década de 1980 que a Ginástica Geral passou a ser alvo de maior
atenção no Brasil, especialmente devido ao empenho dos professores Carlos
Alcântara de Rezende (Minas Gerais) e Fernando Brochado (São Paulo). Desde
então, teve início o seu processo de expansão em nosso país, o qual vem se
acentuando nessa década.
Podemos assinalar como fatores significativos para a sua expansão:
- os Festivais Nacionais de Ginástica (FEGIN), realizados sob inspiração na
"World Gymnaestrada", de 1982 a 1992, na cidade de Ouro Preto – MG, sob a
coordenação do Prof. Carlos de Rezende;
- a criação de um Departamento de Ginástica Geral pela Confederação Brasileira
de Ginástica (CBG), com diretoria própria, em 1984, e a oficialização do FEGIN
pela CBG, como Festival Nacional de Ginástica Geral, em 1986;
- os Cursos de Ginástica Geral e os Festivais de Ginástica e Dança promovidos
pela Faculdade de Educação Física da UNESP, em Rio Claro, sob a coordena-
ção do Prof. Fernando Brochado, a partir de 1988;
- a realização da VII Gimnasiada Americada, em Mogi das Cruzes-SP, em 1990;
- o esforço da CBG em ampliar a divulgação e participação de grupos brasileiros
nas Ginastradas Mundiais.
As Ginastradas Mundiais ("World Gymnaestrada") são festivais Mundiais de Ginás-
tica Geral organizados pela FIG com o objetivo fundamental de promover um inter-
câmbio de idéias a respeito da variedade de enfoques dentro dos quais a Ginástica
é desenvolvida nos diferentes países. De acordo com o pensamento original do
seu idealizador, o holandês Jo Sommer, o elemento competitivo não está presente
nestes festivais, o que possibilita a participação de crianças a idosos, indepen-
dentemente do nível técnico, numa atmosfera de multiplicidade de formas e de
congraçamento entre os diferentes povos e culturas. É um evento em que se pode
apresentar livremente todas as formas, concepções e métodos de movimento, com
ou sem equipamentos extra, possibilitando suas idéias peculiares. Caracteriza-se
como um valiosoespaço gímnico criado para as demonstrações (performances)
e não para a competição, em que se pode rever e examinar tudo o que existe no
mundo amplo e variado da Ginástica. Lugar irrestrito de encontro, de troca e de
© Ginástica Geral14
festa, em que o potencial de cada país em relação aos diversos pontos de vista
sobre a ginástica são expostos e respeitados, o seu lema é o seguinte: "Os ganha-
dores da Gymnaestrada são os seus participantes". (KRAMER, 1991, p.7) Por tudo
isso, a "World Gymnaestrada" é, por excelência, o acontecimento internacional da
Ginástica Geral ou, em outras palavras, "La manifestation mondiale afficielle de la
Gymnastique Générale est la Gymnaestrada Mondiale". (FIG, 1993, p.3)
Em termos comparativos, especialmente com o continente europeu, a Ginástica
Geral é um elemento da cultura corporal muito pouco difundido aqui no Brasil.
Entretanto, o aumento significativo da participação brasileira nas Ginastradas
Mundiais (no ano de 1991, na "IX World Gymnaestrada", realizada em Amster-
dam-Holanda, 165 participantes, e no ano de 1995, na "X World Gymnaestrada",
realizada em Berlim-Alemanha, 662 participantes, sendo que pela primeira vez o
Brasil teve a oportunidade de realizar uma noite nacional independente, a "Noite
Brasileira" – em 1991, o Brasil participou conjuntamente com Portugal da "Noi-
te Luso-Brasileira") somado ao aumento da quantidade de festivais de GG em
âmbito loca, regional e nacional, demonstram que o movimento da GG no Brasil
vem ganhando maior número de adeptos, de modo geral em todo o país e mais
especificamente em algumas regiões como os estados de São Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais.
Paralelamente a esta expansão, podemos verificar alguns equívocos que têm
acompanhado esse processo, os quais revelam a necessidade de uma compre-
ensão mais clara da Ginástica Geral por parte dos profissionais que vêm atuando
nessa área.
Em primeiro lugar, a GG tem sido tratada como sinônimo de apresentação ou
demonstração de ginástica ou dança. A grande maioria dos grupos que têm
participado dos eventos de GG são equipes de competição de modalidades espor-
tivas de Ginástica, ou grupos de dança de academias, que transformam e adaptam
os seus trabalhos em "espetáculos coreográficos de GG" para serem demons-
trados. A Ginástica geral aparece, então como conseqüência de outros trabalhos
específicos e não como fruto de um trabalho próprio de GG. Nesse sentido, ela é
vista apenas enquanto um produto, desconectada de um processo.
Outro ponto a ser considerado é que, em ambos os casos acima mencionados,
a participação nos eventos de GG parece funcionar como um meio para
compensar possíveis lacunas. De um lado, a restrita participação dos atletas
em competições, devido ao processo seletivo próprio do esporte competitivo e,
de outro, a falta de oportunidade de muitas academias de dança em participar de
eventos próprios de sua área, sob a alegação do baixo nível dos seus trabalhos,
encontram nos festivais de GG uma brecha para a participação. Nessa perspec-
tiva, os eventos de GG assumem uma responsabilidade "compensatória",
funcionando como uma espécie de "depósito" de trabalhos.
A amplitude de possibilidades e a abrangência da Ginástica Geral têm sido
um outro motivo de preocupação quando observamos alguns trabalhos apresen-
tados em eventos de GG, no que diz respeito à qualidade. A partir da crença de
que na GG tudo cabe, tudo é possível, abre-se um espaço para o "vale tudo",
onde a técnica correta para a execução de movimentos é, muitas vezes, deixada
de lado, colocando em risco a condição física dos participantes. É o "vale tudo"
em detrimento da qualidade.
E, finalmente, as Ginastradas Regionais, promovidas pela Delegacia de Esporte,
com objetivo competitivo, têm se constituído num grave equívoco, uma vez que
Claretiano - Centro Universitário
15© Caderno de Referência de Conteúdo
contrariam um dos princípios mais básicos e fundamentais da GG que é a sua
finalidade não competitiva. Institucionalizar a competição na Ginástica Geral
significaria destruir uma das suas características mais preciosas e, porque
não dizer, revolucionárias.
Esses equívocos acima explicitados certamente não são os únicos pontos a se-
rem discutidos dentro da complexidade que envolve esse tema. Minha intenção
é tão somente que essas reflexões sirvam como um "pontapé inicial" para um
"jogo/diálogo" a respeito da Ginástica Geral como um fenômeno sócio-cultural
em expansão no Brasil.
A proposta de trabalho do Grupo Ginástico Unicamp (um grupo de Ginástica
Geral da Faculdade de Educação Física da Unicamp, criado desde 1989 e co-
ordenado atualmente pelos professores Elizabeth P. M. de Souza e Jorge S. P.
Gallardo) caracteriza-se como um exemplo significativo de avanço na área e tem
se diferenciado e se destacado no cenário da GG, nacional e internacionalmente.
Seus objetivos básicos são proporcionar o aumento da interação social (através
de um trabalho de grupo, em que cada um dos participantes assume o papel de
socializar as suas experiências e expectativas individuais com todo o grupo),
estimular a utilização de recursos materiais tradicionais e/ou adaptados e criar
coreografias que possam servir de inspiração para outros trabalhos de GG, com
ênfase para a Educação Física Escolar (AYOUB, 1996).
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Após essa introdução aos conceitos principais, apresentare-
mos, a seguir, no tópico Orientações para estudo, algumas orienta-
ções de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem
que poderão facilitar o seu estudo.
2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO
Abordagem Geral
Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais
deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de
aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse
modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento
básico necessário a partir do qual você possa construir um refe-
rencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no
futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência
cognitiva, ética e responsabilidade social.
© Ginástica Geral16
Histórico da Ginástica e da Atividade Física
Os exercícios físicos fazem parte e confundem-se com a história
do homem. Sob considerações gerais, a prática do exercício físico tem
origem na pré-história, assume um papel fundamental na Antigüida-
de, é excluída da vida do homem na Idade Média, fundamenta-se na
Idade Moderna e somente foi sistematizada, através das diferentes
escolas de ginástica nos primórdios da Idade Contemporânea.
No homem pré-histórico a atividade física tinha papel re-
levante para sua sobrevivência, principalmente pela necessidade
vital de atacar e defender-se. O exercício físico de caráter utilitá-
rio e sistematizado de forma rudimentar, era transmitido através
das gerações e fazia parte dos Na Antigüidade, principalmente no
Oriente, os exercícios físicos aparecem nas várias formas de luta,
na natação, no remo, no hipismo, na arte de atirar com o arco,
como exercícios utilitários, nos jogos, nos rituais religiosos e na
preparação guerreira de maneira geral.
"Mente sã, corpo são". Há milhares de anos, os homens gre-
gos botavam em prática, o que hoje é teoria. Eles se reuniam em
ginásios, em centros culturais, apreciavam belas-artes, ouviam a
boa música, discutiam filosofia profunda e, para recrear-se, prati-
cavam ginástica. Nus. Platão e Aristóteles cultuavam essa rotina,
que ressaltava a beleza através dos movimentos do corpo.
Nasce então na Grécia, o ideal da beleza humana, o qual pode
ser observado nas obras de arte espalhadas pelos museus em todo
o mundo, onde a prática do exercício físico era altamente valorizada
como educação corporal em Atenas e como preparação para a guer-
ra em Esparta. O fato de ser a Grécia o berço dos Jogos Olímpicos,
disputados 293 vezes durante quase 12 séculos (776 aC-393 dC), de-
monstra a importância da atividade física nesta época.
EmRoma, o exercício físico tinha como objetivo principal a
preparação militar e num segundo plano a prática de atividades
desportivas como as corridas de carros e os combates de gladia-
dores que estavam sempre ligados às questões militares. Recorda-
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17© Caderno de Referência de Conteúdo
ções das magníficas instalações esportivas desta época como as
termas, o circo, o estádio, ainda hoje impressionam quem os visita
pela magnitude de suas proporções.
Jogos, rituais e festividades
Mas, os cristãos, através do imperador romano Teodósio,
acabaram com o culto corporal: em 393 d.C., decretou o fim dos
Jogos Olímpicos antigos, em nome de Deus e da moral.
Assim, na Idade Média os exercícios físicos foram a base da
preparação militar dos soldados, que durante os séculos 11, 12
e XIII lutaram nas Cruzadas empreendidas pela igreja. Entre os
nobres eram valorizadas a esgrima e a equitação como requisitos
para a participação nas Justas e Torneios, jogos que tinham como
objetivo enobrecer o homem e fazê-lo forte e apto.
O exercício físico na Idade Moderna, considerada simboli-
camente a partir de 1453, quando da tomada de Constantinopla
pelos turcos, passou a ser altamente valorizado como agente de
educação. Com o Renascimento, houve a readoção dos ideais clás-
sicos. Vários estudiosos da época, entre eles inúmeros pedagogos,
contribuíram para a evolução do conhecimento da Educação Física
com a publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fisiologia
e à técnica. E o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau conclui: "O
exercício tanto torna o homem saudável como sábio e justo". No
século 17, desenvolve-se a pedagogia da ginástica, com o sociólo-
go inglês sir John Locke e o pedagogo suíço Jean-Henri Pestalozzi.
A alemã, influenciada por Rousseau e Pestalozzi, teve como
destaque Johann Cristoph Friederick Guts Muths (1759-1839) con-
siderado pai da ginástica pedagógica moderna.
Jahn grande nacionalista alemão considerado o pai da ginás-
tica, foi o responsável pela propagação da ginástica em aparelhos
pelo mundo inteiro, uma vez que durante o bloqueio ginástico de
1820 a 1842 na Alemanha, diversos ginastas alemães emigraram
para o mundo inteiro difundindo a ginástica de Jahn.
© Ginástica Geral18
Separa-se, então, a expressão corporal dos exercícios de
treinamento de guerreiros da Antigüidade e ela passa a chamar-se
"ginástica olímpica". Em 1861, em sua estréia pública, em Berlim,
reúne 6 mil pessoas.
A partir daí surgiu um grande movimento de sistematização
da prática de exercícios, a Ginástica.
A denominação Ginástica, inicialmente utilizada como refe-
rência à todo tipo de atividade física sistematizada, cujos conteú-
dos variavam desde as atividades necessárias à sobrevivência, aos
jogos, ao atletismo, às lutas, à preparação de soldados, adquiriu a
partir de 1800 com o surgimento das escolas e movimentos ginás-
ticos, uma conotação mais ligada à prática do exercício físico.
Inúmeros métodos ginásticos foram sendo desenvolvidos
principalmente nos países europeus, os quais influenciaram e até
os dias de hoje influenciam, a Ginástica mundial e em particular a
brasileira. Dentre aqueles que tiveram maior penetração no Brasil
destacam-se as escolas alemã, sueca e francesa.
Nos tempos modernos e contemporâneos, a prática de exer-
cícios físicos passa pelo contexto de educação do homem como
unidade psicobiológicos.
Métodos Ginásticos
Calistenia
A calistenia representa uma série de exercícios localizados,
com fins corretivos, fisiológicos e pedagógicos. Dada a sua mobili-
dade e simplicidade, adapta-se a qualquer tipo humano, podendo
ser considerada como uma ginástica eclética.
Modernamente, calistenia é uma série de exercícios físicos
executados sem aparelhos, com a finalidade de produzir saúde,
força, elegância e bem estar geral
Claretiano - Centro Universitário
19© Caderno de Referência de Conteúdo
Os exercícios calistênicos afetam principalmente as grandes
massas musculares que colaboram na manutenção ereta do tronco
e facilitam as atividades dos órgãos vegetativos, base importante da
saúde, enquanto o corpo adquire uma atitude esbelta e natural.
Escola Alemã
a) Teve início do século 19.
b) Defesa da pátria, espírito nacionalista.
c) Desenvolvimento do corpo saudável a partir de "bases
científicas" (biologia, fisiologia, anatomia).
d) Movimento ginástico na Alemanha: nacionalista, ultra-
nacionalista, socialista e racista. Indivíduo = soldado.
e) Brasil: influência de imigrantes alemães. De 1860 a 1912,
foi o método oficial na Escola Militar. Nas escolas foi com-
batido por Rui Barbosa que preferia o Método sueco.
Escola Sueca
• Perh Henrik Ling (Pedro Enrique Ling), poeta e educador,
representa no campo das atividades físicas um nome in-
confundível. Sua obra "A Ginástica Sueca ou de Ling", evo-
luiu extraordinariamente, constituindo hoje em dia, um
verdadeiro monumento educacional.
Contrariando as ideias dominantes da época, estabeleceu
novos rumos à prática dos exercícios físicos, com o objetivo de re-
generar o povo sueco, minado pela tuberculose, o raquitismo e o
alcoolismo.
• Em 1808, a Suécia deu os primeiros passos da ginástica
escolar com um regulamento que determinou que em
todos os centros de educação fossem criadas condições
favoráveis para a prática de exercícios de escalada, saltos,
acrobacias, natação, etc., sob a direção de um monitor.
• Em 1826, um novo regulamento estabeleceu: "nenhum
jovem deve ser dispensado da ginástica, salvo se provar
que ela lhe é nociva".
© Ginástica Geral20
• Introduziu a utilização de salas amplas e padronizadas,
providas de equipamentos e materiais especiais para a
prática da Ginástica Sueca, dividida em 4 partes:
a) Ginástica pedagógica ou educativa: para atender a to-
das as pessoas. Desenvolver o indivíduo normal e har-
moniosamente. Saúde, vícios, enfermidades, postura.
b) Ginástica militar: preparar o guerreiro/soldado. Tiro,
esgrima.
c) Ginástica médica e ortopédica: curar certas enfermi-
dades.
d) Ginástica estética: beleza e graça ao corpo.
Brasil: Rui Barbosa e Fernando de Azevedo, defensores da
ginástica sueca de Ling.
Escola Francesa
a) Primeira metade do século 19.
b) Educação voltada para o desenvolvimento social - ho-
mem completo e universal. Todo cidadão tem direito à
educação.
c) Baseado nas idéias dos alemães Jahn e Guts Muths.
d) Visão de corpo anatomofisiológico, forte traço moral e
patriótico.
Classificação Geral da Ginástica
Ginástica é um conceito, que engloba modalidades compe-
titivas e não competitivas e envolve a prática de uma série de mo-
vimentos exigentes de força, flexibilidade e coordenação motora
para fins únicos de aperfeiçoamento físico e mental.
Atualmente podemos dividir a ginástica em cinco campos
de atuação: condicionamento físico, competitivas, terapêuticas ou
corretivas, de demonstração e de conscientização corporal.
As modalidades não-competivas, composta pelas ginásti-
cas de condicionamento físico ou Fitness, que englobam todas as
modalidades que possuem o objetivo final de adquirir e manter a
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21© Caderno de Referência de Conteúdo
condição física de um praticante ou de um atleta; pelas ginásticas
terapêuticas, que abarcam todas aquelas práticas responsáveis
pela utilização do exercício físico na prevenção ou tratamento de
doenças e as corretivas atuam sobre a postura; e pelas de conscien-
tização corporal, que reúnem as novas propostas de abordagem
do corpo, também conhecidas por técnicas alternativas ou Ginás-
ticas Suaves, que buscam solucionar problemas físicos, funcionais
e posturais, além da ginástica laboral e hidroginástica.
A ginástica de demonstração tem como principal função a
interação social e o compartilhamento do aprendizado e da evo-
lução gímnica. É representante deste grupo a Ginástica Geral, cuja
principal característica é a não-competitividade, tendo como fun-
ção principal a interação social isto é,a formação integral do indi-
víduo nos seus aspectos: motor, cognitivo, afetivo e social.
As modalidades competivas, que compõem o grupo de mo-
dalidades coordenado pela FIG (Federação Internacional de Ginás-
tica que é um órgão que tem como objetivo orientar, regulamentar,
controlar, difundir e promover eventos na área da Ginástica são 5:
Ginástica artística
(no Brasil, chamada também de olímpica)
Ginástica rítmica
Trampolim acrobático
Ginástica acrobática
Ginástica aeróbica
GA: suas competições dividem-se em duas submodalidades,
vistas pela FIG como modalidades diferentes e de igual importân-
cia às outras cinco: WAG (feminina) e MAG(masculina), com regras
e aparelhos distintos. Enquanto os homens disputam oito provas
- equipes, concurso geral, cavalo com alças, argolas, barras parale-
las, barra fixa, solo e salto -, as mulheres disputam seis - equipes,
individual geral, solo, trave e barras assimétricas. Os ginastas de-
vem mostrar força, equilíbrio, coordenação, flexibilidade e graça
(este último, unicamente na WAG).
© Ginástica Geral22
Em cada prova realizam-se dois conjuntos de exercícios, um
chamado de obrigatório e outro chamado de livre, criado pelo pró-
prio atleta. Para contagem dos pontos são levados em considera-
ção: dificuldade, combinação, originalidade e execução.
GR: 1996, tornou-se um esporte olímpico, e até 2000 era de-
nominada GRD.
Provas, aparelhos, arbitragem escolar
Trampolim Acrobático
Ainda que seu surgimento seja impreciso, é sabido que na
Idade Média os acrobatas de circo utilizavam tábuas de molas nas
suas apresentações e os trapezistas realizavam novos saltos a partir
do impulso realizado em uma rede de segurança. Contudo, apenas
no início do século 20, apareceram as performances realizadas em
"camas de pular", enquanto forma de entretenimento. Enquanto
esporte, o trampolim foi criado por George nissen, em 1936, e ins-
titucionalizado como modalidade esportiva nos programas de Edu-
cação Física em escolas, universidades e treinamentos de militares.
Popularizado, é praticado por profissionais do esporte e amadores.
Como modalidade regida pela FIG, o trampolim consiste em
liberdade, vôo e espaço. Inúmeros mortais e piruetas são executa-
dos a oito metros de altura e requerem precisão técnica e preciso
controle do corpo. As competições são individuais ou sincroniza-
das para os homens e para as mulheres. São usados um e dois
trampolins para um ou dois atletas de performances parecidas que
devem executar uma série de dez elementos.
Tumbling
Modalidade integrante dos Jogos Olímpicos de Los Angeles -
1932, teve como primeiro campeão do mundo, o norte-americano
Rolando Wolf. nas décadas de 1960 e 1970 o tumbling atingiu maior
popularidade na Europa Oriental, tendo gradualmente adquirido
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23© Caderno de Referência de Conteúdo
presença na Europa Ocidental, Estados Unidos, Ásia e Austrália.
O tumbling é executado em uma pista elevada de 25 metros, que
ajuda os acrobatas dando uma propulsão que os elevam até altura
superior a de uma tabela de basquetebol. Durante a performance,
o ginasta deve sempre demonstrar velocidade, força e habilidade,
enquanto executa uma série de manobras acrobáticas. Mortais com
múltiplos saltos e piruetas serão executados sempre em busca de
uma performance próxima ao limite de altura e velocidade.
Duplo-mini
Considerado um esporte relativamente novo, o duplo-mini é
um misto do trampolim acrobático e do tumbling: combina a cor-
rida horizontal do tumbling com os saltos verticais do trampolim.
Depois de uma pequena corrida, o atleta salta sobre um trampolim
pequeno, duplamente nivelado, para executar um salto em um dos
níveis, ressaltando no segundo, seguido imediatamente por um ele-
mento que irá finalizar sobre o colchão de aterrissagem. Os tram-
polins modernos podem propulsar os atletas treinados tão alto,
que estes podem chegar até 5/6 metros durante as performances!
Durante duas séries competitivas de 10 habilidades cada, os atle-
tas de nível superior podem facilmente demonstrar uma bela or-
dem de saltos duplos, triplos quádruplos e piruetas.
Trampolim Sincronizado
Exige a mesma habilidade técnica que o trampolim indivi-
dual, porém soma-se a isso uma maior precisão de tempo na exe-
cução dos exercícios. São usados dois trampolins para dois atletas
de performances parecidas que devem executar uma série de 10
elementos ao mesmo tempo. Assim, artisticamente, cada um exe-
cuta como se fosse uma imagem de espelho do outro, dobrando a
beleza visual da competição de trampolim.
Ginástica Acrobática
Embora a acrobacia, enquanto prática, tenha desenvolvido-
-se durante o século 8º, devido ao surgimento do circo, as primei-
© Ginástica Geral24
ras competições do esporte datam do século 20, com o primeira
realizada em 1974.
Suas competições possuem cinco divisões: par feminino, par
masculino, par misto, trio feminino e quarteto masculino. As ro-
tinas são executadas em um tablado de 12x12 metros, em igual
medida ao da prática artística. Os acrobatas em grupo devem ex-
ecutar três séries: de equilíbrio, dinâmica e combinada. As séries
dinâmicas são mais ativas e com elementos de lançamentos com
vôos do ginasta. As de equilíbrio valorizam os exercícios estáticos.
Em níveis mais altos, a combinada é um misto das duas séries an-
teriormente citadas. Todas as apresentações são realizadas com
música, a fim de enriquecer os movimentos corporais.
Ginástica Aeróbica
Esta modalidade - elaborada por Kenneth Cooper - foi ini-
cialmente desenvolvida para o treinamento de astronautas. Mais
tarde, a iniciativa fora continuada por Jane Fonda, que expandiu o
programa técnica e comercialmente para se tornar a popular fit-
ness aerobics. Assim, a ginástica aeróbica surgiu no final da déca-
da de 1980 como forma de praticar exercícios físicos, voltada para
o público em geral. Pouco depois, tornou-se também um esporte
competitivo para ginastas de alto nível. Esta modalidade requer do
ginasta um elevado nível de força, agilidade, flexibilidade e coor-
denação. Piruetas e mortais, típicos da ginástica artística, não são
movimentos executados pela modalidade aeróbica. Seus eventos
são divididos em cinco: individual feminino e masculino, pares
mistos, trios e sextetos.
De acordo com a FIG, o Brasil é o país com o maior número
de praticantes da ginástica aeróbica, com mais 500 mil praticantes.
Estados Unidos, Argentina, Austrália e Espanha, são outros países
de práticas destacadas.
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25© Caderno de Referência de Conteúdo
Modalidades Demonstrativas
Ginástica Geral
A ginástica para todos traz a essência da prática para den-
tro da Federação Internacional, ou seja, é o conceito da própria
ginástica, inserida na federação. Historicamente, a origem desta
modalidade não competitiva, está atrelada à trajetória da própria
FIG e tem por significado a junção de todas as modalidades, que
resultam em um conjunto de exercícios que visam os benefícios da
prática constante. O importante é realizar os movimentos gímni-
cos com prazer e originalidade. Esta modalidade não é competitiva
e pode ser praticada por todos independente de idade, porte ou
aptidão física.
A Ginástica Geral compreende um vasto leque de atividades
físicas orientadas para o lazer, fundamentadas nas atividades gí-
mnicas, assim como em manifestações corporais com particular
interesse no contexto cultural nacional.
A presença da Ginástica Geral como um comitê específico
dentro da estrutura da FiG a partir de 1984, vem demonstrar a
importância deste fenômeno de massa que envolve um incontável
número de praticantes em todo o mundo, ultrapassando em larga
escala o total de atletas das modalidades competitivas dirigidas
pela mesma federação.
Gymnaestrada
Por mostrar-se mais interessado pelos festivais de ginástica e
pelos benefícios da modalidade do que pelas competições, o até en-
tão presidente Nicolas Cupérus, idealizou uma Gymnaestradacom a
idéia de realizar um evento sem a preocupação com o aspecto com-
petitivo, isto é, um evento em que os participantes comparecessem
pelo prazer de sua performance e sem limitações de qualquer tipo.
© Ginástica Geral26
Modalidades Não Competitivas
Ginásticas de Condicionamento Físico/Fitness
Aqui estão incluídas todas as modalidades que tem por ob-
jetivo a aquisição ou a manutenção da condição física do indivíduo
normal e/ ou do atleta. A ginástica localizada é dita uma das formas
mais tradicionais e populares desta modalidade de ginástica, den-
tre as demais modalidades não esportivas e consiste em exercícios
priorizando séries para cada segmento muscular ou pelos segmen-
tos articulares. Com duração de aproximados sessenta minutos, as
práticas da ginástica localizada levam ao condicionamento físico,
emagrecimento e fortalecimento muscular.
A ginástica de academia, subdivide-se em categorias meno-
res - como step, aeroboxe, body pump, musculação e circuito -,
consiste em um apanhado organizado de movimentos ginásti-
cos, a fim de moldar o corpo e dar aos praticantes hábitos mais
saudáveis. É através da repetição, que a ginástica utilizada nas
academias atinge resultados satisfatórios.
Ginástica Corretiva
A ginástica corretiva, por sua vez, é uma modalidade de
prática individual, de uso da medicina, que visa a correção da col-
una vertebral, bem como o tratamento de anomalias musculares
e deformações congênitas. Entre alguns desvios posturais que a
corretiva é capaz de amenizar estão a escoliose e a hiperlordose.
As de compensação e de conservação possuem o mesmo caráter
individual da corretiva, e visam a melhora postural do indivíduo
antes da fase de correção.
Ginástica de Conscientização Corporal
Baseadas em propostas inovadoras na abordagem corporal,
incluem-se neste ítem o Pilates, a Yoga, o Método Cidadão-Corpo,
de Ivaldo Bertazzo, o método GDS da Godelieve e outros mais.
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27© Caderno de Referência de Conteúdo
Também conhecidas por Técnicas alternativas ou Ginásticas
Suaves, que foram introduzidas no Brasil a partir da década de 70,
tendo como pioneira a Anti-Ginástica. A grande maioria destes
trabalhos teve origem na busca da solução de problemas físicos e
posturais.
Hidroginástica
A hidroginástica tem por finalidade melhorar a capacidade
aeróbica e cardiorespiratória, a resistência e a força muscular, a
flexibilidade e o bem-estar de seus praticantes. Possui a vantagem
de poder ser praticada por pessoas de qualquer sexo e idade. A
hidroginástica é uma opção alternativa para o programa de práti-
ca mais comum de exercícios, como a ginástica de academia. Sua
eficácia vai de atletas em treinamento, gestantes, pessoas em fase
de reabilitação, inclusive pessoas que estão acima ou abaixo do
peso ou apresentam algum tipo de deficiência.
Os exercícios aquáticos são divertidos, agradáveis, efica-
zes, estimulantes, cômodos e seguros. A hidroginástica permite a
redução no esforço articular.
Ginástica Laboral
A ginástica laboral é definida como a realização de exercí-
cios físicos no ambiente de trabalho, durante o horário de expe-
diente, para promover a saúde dos funcionários e evitar lesões de
esforços repetitivos e doenças ocupacionais. Além dos exercícios
físicos, consiste em alongamentos, relaxamento muscular e flexi-
bilidade das articulações.
Apesar da prática da ginástica laboral ser coletiva, ela é mol-
dada de acordo com a função exercida por cada trabalhador. Nas-
cida em 1925, na entre os operários poloneses, a ginástica laboral
foi passada à Holanda, Rússica, Bulgária e Alemanha Oriental. Mais
tarde, chegou ao Japão. Após a Segunda Guerra Mundial, o progra-
ma evoluiu e espalhou-se pelo mundo.
© Ginástica Geral28
Ginástica Formativa
A Ginástica Formativa ou Educativa é elaborada a partir de
exercícios artificiais, formais ou construídos, os quais tem a finali-
dade de educar ou "formar" o corpo humano, de forma segmen-
tada, sem considerá-lo como um todo. A Ginástica sueca e seus
movimentos estão aqui colocados pelas suas características real-
mente educativas, que buscam "formar" a criança e o adolescente,
e por isso recebem este nome quando aplicadas nesta faixa etária:
crianças e adolescentes.
Ginástica Escolar
A Ginástica Escolar apresenta uma perspectiva ampliada em
todos os níveis de ensino, considerando as diferentes fases do de-
senvolvimento motor e características do processo pedagógico e
da cultura corporal dos alunos, e será discutida em detalhes na
última Unidade deste caderno.
O que é importante para uma aula de ginástica?
a) Faixa Etária: ë determinante para a montagem do grupo.
Deve ser considerada juntamente com o estágio de desen-
volvimento motor em que a criança se encontra. Temos um
padrão para este desenvolvimento motor, que normalmen-
te se apresenta de acordo com as diversas idades. Ao iden-
tificar a etapa de desenvolvimento motor em que o grupo
se encontra, não corremos o risco de pular etapas e pode-
mos atuar sobre bases científicas mais concretas.
b) Sexo: embora nas primeiras etapas não exista muita mo-
dificação comportamental entre um sexo e outro, com
as mudanças hormonais a atividade física passa a ter se-
xualidade. Se pudermos durante esta fase de descober-
ta sexual trabalhar as diferenças e maiores capacidades
físicas com os sexos separadamente, até por causa do
constrangimento entre eles, os resultados serão mais
eficientes. Nos dias atuais as classes de educação física
são mistas, nos mais diferentes grupos. Tal atitude do
homem nos tem permitido visualizar melhor quais são
as diferenças sexuais de genótipo, no que se refere à ati-
Claretiano - Centro Universitário
29© Caderno de Referência de Conteúdo
vidade física, uma vez que as mesmas já são realizadas
por ambos os sexos igualmente.
c) Instalações: toda aula de atividade física, independente
do seu caráter deve levar em consideração as instala-
ções existentes e que estas realmente possam ser apro-
veitadas para qualificação da aula. Sabemos que salas
de ginástica sem barras e sem espelhos, que quadras
esportivas fora das medidas padronizadas, interferem
no padrão das performances, bem como servem como
fatores desmotivantes para os alunos.
d) Tempo Disponível: independente de outros fatores, uma
aula de educação física tem duração média de uma hora.
e) Número de Integrantes.
f) Habilidades e Atitudes.
g) Objetivos.
Partes Componentes de uma Aula de Ginástica
Aquecimento: O aquecimento é a primeira parte da ativida-
de física e tem como objetivo preparar o indivíduo tanto fisiologi-
camente como psicologicamente para a atividade física.
Parte Principal: Constitui 4/6 da aula ou do tempo dispo-
nível. É a parte mais importante da aula, onde serão trabalhados
os grandes grupos musculares, tem duração de aproximadamente
entre 30 e 40 minutos e caracteriza-se pela alta intensidade e au-
mento significativo dos parâmetros fisiológicos.
Volta à calma: São exercícios de alongamento de leve inten-
sidade e baixa amplitude articular, também conhecida como parte
regenerativa da aula. Visa à desaceleração cardíaca, trazendo cada
indivíduo para a frequência cardíaca normal, ou pelo menos, a
60% da Frequência Cardíaca Máxima (FCmax). Nesta parte da aula
os exercícios são feitos geralmente sentados ou deitados.
© Ginástica Geral30
Atitude do professor
a) Clareza na Comunicação.
b) Gestos.
c) Paciência e Compreensão.
d) Linguagem.
e) Voz.
Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápida
e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom do-
mínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo
Ginástica Geral. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos:
1) Educação Física: "[...] a Educação física é uma prática
pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de
atividades expressivas corporais como:jogo, esporte,
dança, ginástica, formas que configuram uma área de
conhecimento que podemos chamar de cultura corpo-
ral" (COLETiVO DE AUTORES, 1992, p. 50).
2) Escola: "[...] um espaço de formação e informação, em
que a aprendizagem de conteúdos deve necessariamen-
te favorecer a inserção do aluno no dia a dia das ques-
tões sociais marcantes e em um universo cultural maior.
A formação escolar deve propiciar o desenvolvimento
de capacidades, de modo a favorecer a compreensão e
a intervenção nos fenômenos sociais e culturais, assim
como possibilitar aos alunos usufruir das manifestações
culturais nacionais e universais" (BRASIL – Secretaria de
Educação Fundamental, 1997, p. 45).
3) Ginástica: entende-se por ginástica uma prática siste-
matizada de exercícios, com fundamentação científica,
cujas características principais podem ser identificadas
em práticas gímnicas historicamente consolidadas (em
especial a partir dos métodos europeus de ginástica).
4) Ginástica Geral: "[...] uma manifestação da cultura cor-
poral, que reúne as diferentes interpretações da ginás-
Claretiano - Centro Universitário
31© Caderno de Referência de Conteúdo
tica (natural, construída, artística, rítmica desportiva,
aeróbica etc) integrando-as com outras formas de ex-
pressão corporal (dança, folclore, jogos, teatro, mímica
etc), de forma livre e criativa, de acordo com as caracte-
rísticas do grupo social e contribuindo para o aumento
da interação social entre os participantes" (GALLARDO e
SOUZA, 1994, p. 292).
Esquema dos Conceitos-chave
Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Es-
quema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteú-
do. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de
conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício
é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignifican-
do as informações a partir de suas próprias percepções.
É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos
Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en-
tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você
na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se
que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque-
mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen-
to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos
significativos no seu processo de ensino e aprendizagem.
Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es-
colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas
em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es-
tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos
conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem.
© Ginástica Geral32
Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape-
nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci-
so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con-
siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei-
tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog-
nitivas, outros serão também relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é
você o principal agente da construção do próprio conhecimen-
to, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações
internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por
objetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando
o seu conhecimento sistematizado em conteúdo curricular, ou
seja, estabelecendo uma relação entre aquilo que você acabou
de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de
mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.
br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>.
Acesso em: 11 mar. 2010).
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33© Caderno de Referência de Conteúdo
Fonte: adaptado de Toledo (1999, p. 120).
Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave do Caderno de Referência de Conteúdo de Ginástica
Geral.
Como você pode observar, esse Esquema dá a você, como
dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im-
portantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre
um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu
processo de ensino-aprendizagem. Este esquema, por exemplo,
possibilita que você compreenda que a ginástica geral se legitima
no ambiente escolar por se tratar de uma prática que faz parte
da área da Ginástica, e que esta, por sua vez, caracteriza-se como
uma das manifestações da cultura corporal da disciplina curricular
escolar Educação Física.
O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de
aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien-
te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como
© Ginástica Geral34
àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza-
das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD,
deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio con-
hecimento.
Questões Autoavaliativas
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem
ser de múltipla escolha ou abertas com respostas objetivas ou dis-
sertativas. Vale ressaltar que se entendem as respostas objetivas
como as que se referem aos conteúdos matemáticos ou àqueles
que exigem uma resposta determinada, inalterada.
Responder, discutir e comentar essas questões, bem como
relacioná-las com o ensino da Ginástica Geral pode ser uma forma
de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução
de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se prepa-
rando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa
é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e
adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional.
Você encontrará, ainda, no final de cada unidade, um gabari-
to, que lhe permitirá conferir as suas respostas sobre as questões
autoavaliativas (as de múltipla escolha e as abertas objetivas).
As questões dissertativas obtêm por resposta uma interpretação
pessoal sobre o tema tratado. Por isso, não há nada relacionado a
elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o
seu tutor ou com seus colegas de turma.
Bibliografia Básica
É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus
estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio-
grafias complementares.
Claretiano - Centro Universitário
35© Caderno de Referência de Conteúdo
Figuras (ilustrações, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte
integrante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente
ilustrativas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados
no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os
conteúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o
conceitual faz parte de uma boa formação intelectual.
Dicas (motivacionais)
Este estudo convida você a olhar, de forma mais apurada,
a Educação como processo de emancipação do ser humano. É
importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e
científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem
como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com-
partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se
descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a
notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto,
umacapacidade que nos impele à maturidade.
Você, como aluno dos Curso de Graduação na modalidade
EaD e futuro profissional da educação, necessita de uma forma-
ção conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com
a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da
interação com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o
seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas.
É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu
caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas poderão ser
utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produções científicas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie
seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta
a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas.
No final de cada unidade, você encontrará algumas questões
autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os
© Ginástica Geral36
conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure-
cimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a
este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com
seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AYOUB, Eliana. Interesses físicos no lazer como Área de Intervenção profissional de
Educação Física. Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 1993. (Dissertação de
Mestrado).
BRASIL - Secretaria de Educação Fundamental, v.1, 1997 p. 45. COLETiVO DE AUTORES.
Metodologia do ensino da Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992GALLARDO, J. S. P.;
AZEVEDO, L. H. R. Fundamentos básicos da ginástica acrobática competitiva. Campinas:
Autores Associados, 2007.
1
EA
D
Introdução
ao Universo
da Ginástica
1. OBJETIVOS
• Apresentar o vasto universo da ginástica, que compreen-
de todas as suas manifestações gímnicas da atualidade.
• Compreender as particularidades que as distinguem, as-
sim como as similitudes que as fazem pertencer ao uni-
verso da ginástica.
• Estabelecer relações possíveis entre essas práticas no âm-
bito escolar, especialmente nas aulas de Educação Física.
• Identificar o que faz a ginástica geral pertencer a esse uni-
verso e uma tendência dentro dele.
2. CONTEÚDOS
• Conceitos de ginástica.
• Áreas de prática da ginástica, segundo seus objetivos
prioritários.
© Ginástica Geral38
• Tipos de ginástica que fazem parte dessas áreas, com des-
taque para as mais desenvolvidas atualmente no Brasil.
• Relação entre esses tipos de ginástica, identificando se-
melhanças e diferenças.
• Reflexões sobre a possibilidade de inserção das diversas
práticas gímnicas no contexto escolar.
3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE
Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que
você leia as orientações a seguir:
1) Antes de iniciar, avalie qual é o seu conceito de ginás-
tica e quais práticas gímnicas você conhece (seja pela
nomenclatura e/ou pelas características), que tenham
sido vividas, observadas, estudadas etc. Esse exercício
também é interessante de se fazer com aqueles que o
rodeiam (parentes, amigos etc.). E, ao longo da unidade,
tente estabelecer relações entre o que foi levantado e o
que foi apresentado. Dessa maneira, você poderá refle-
tir sobre os motivos desses saberes existirem ou não e
perceber o quão ainda é necessário que os professores
e a comunidade em geral conheçam melhor a vasta e
importante área da Educação Física e de nossa cultura.
2) Visite clubes, academias, atualmente os maiores con-
textos de prática da ginástica, escolas, associações, e
analise quais práticas gímnicas são desenvolvidas nes-
ses espaços. Tente relacionar o que foi desenvolvido na
unidade com o que for observado. Você poderá se sur-
preender por vários motivos (que serão refletidos nas
questões autoavaliativas.
3) Procure aprofundar os conhecimentos da unidade bus-
cando na internet não só as leituras disponíveis on-line
(indicadas na bibliografia e outras que não estejam), mas
também fotos e vídeos, que, de maneira mais didática,
poderão ilustrar o vasto e rico universo da ginástica.
4) Todas as referências a seguir foram mencionadas no
texto e podem ser encontradas na biblioteca virtual de
Claretiano - Centro Universitário
39© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica
ginástica. Disponível em: < http://www.ginasticas.com/
conteudo/gimnica/gimnica_apresentacao.html >. Aces-
so em: 23 fev. 2012.
a) SOUZA, E. P. M. O universo da ginástica. s. n. t., 1996.
b) ______. Ginástica geral: um campo de conhecimen-
to da Educação Física. Campinas: Universidade Esta-
dual de Campinas, 1997. (Tese de Doutorado).
c) SOUZA, E. P. M.; TOLEDO, E.; PALERMO, C. T. Elemen-
tos Corporais. s. n. t. 1995.
d) TOLEDO, E. Proposta de Conteúdos para a Ginástica
Escolar: um paralelo com a teoria de Coll. Campinas:
Universidade Estadual de Campinas, 1999. (Disser-
tação de Mestrado).
5) Você também pode complementar a leitura desta uni-
dade com:
• Códigos de pontuação das modalidades gímnicas
competitivas (artística, rítmica, acrobática, aeróbica,
de trampolim etc.), disponíveis em: <www.cbginasti-
ca.com.br>. Acesso em: 23 fev. 2012.
• Livros e manuais específicos das práticas gímnicas
(competitivas, de condicionamento físico, de de-
monstração etc.) para melhor conhecer e compreen-
der suas especificidades.
• Textos que não se caracterizam como artigos cientí-
ficos, desenvolvidos por professores renomados na
área da ginástica, utilizados como apoio ou leitura
básica de graduandos e professores e que estão dis-
poníveis on-line. Destacamos os textos O universo da
ginástica e Elementos corporais.
4. INTRODUÇÃO À UNIDADE
Vários estudos já publicados, como o de Polito (1998) e nos-
sa intervenção como docente, em cursos de graduação, especial-
ização e extensão, na organização de eventos nacionais e interna-
© Ginástica Geral40
cionais, atuando em intercâmbios como pesquisadoras etc., têm
deflagrado que a ginástica está, ainda, pouco presente nas aulas
de Educação Física escolar.
São inúmeros os motivos para que isso aconteça, entre os quais:
1) Os professores não tiveram a disciplina durante sua gra-
duação e não se sentem aptos a desenvolvê-la em suas
aulas.
2) Os professores que a tiveram e formaram-se há mais
tempo, somente tiveram acesso aos movimentos das gi-
násticas tradicionais, oriundas dos métodos europeus de
ginástica, ou somente uma ou duas práticas competitivas
(em especial a ginástica artística – antes denominada gi-
nástica olímpica – e a ginástica rítmica). No entanto, tive-
ram essas práticas num contexto específico (disciplinar e
competitivo) e não conseguem adaptá-las para o universo
da escola, com as tendências pedagógicas atuais.
3) Muitos não sabem lidar com a falta de material existente
nas escolas, o que acaba impedindo sua implantação.
4) Mesmo sabendo pouco a respeito da ginástica, muitos
professores ainda têm receio para ensinar os movimen-
tos gímnicos aos alunos, temendo que eles sofram le-
sões. O comportamento acontece porque não se sentem
aptos para dar a devida segurança e/ou fazer uma es-
trutura de aula em que um único professor possa "dar
conta" desse ensino para todos da classe.
5) Alguns professores não possuem o apoio da coordena-
ção pedagógica ou da direção da escola para desenvol-
ver os conteúdos gímnicos.
6) Quando a disciplina é desenvolvida, possui uma carga
horária menor e está presente em menos anos letivos do
que outras práticas tradicionais, como os esportes co-
letivos (futebol, basquetebol, voleibol e handebol). Isso
acontece porque os fatores anteriormente mencionados
influenciam e porque há, culturalmente, em nosso país,uma valorização dessas práticas em detrimento de ou-
tras, como a ginástica, os esportes de aventura (ou ra-
dicais ou da natureza), as lutas, a dança, a capoeira etc.
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41© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica
Em nosso entendimento, a presença da ginástica na escola, o
direito dos alunos de ter acesso a esse conhecimento, cultural e his-
toricamente construído, pode ser potencializado, primeiramente,
pelo acesso dos professores ao universo da ginástica (conceitos, áreas
e tipos). Ou seja, um ganho de saberes em sua diversidade e profundi-
dade acerca dessa área tão antiga, versátil, útil e encantadora.
Nossa meta é que você possa se aproximar desse mundo,
apropriando-se dele com autonomia para uma possível interven-
ção na escola, mesmo que inicialmente de maneira tímida.
A partir deste momento, liberte-se de eventuais "pré-conceitos"
e permita-se adentrar nesse universo. Transite nele com o entusiasmo
de quem está prestes a se surpreender com o que pode encontrar e
com a curiosidade de quem anseia pelo saber e por uma Educação
Física escolar mais digna e diferenciada!
Convite aceito, vamos nessa!
5. CONCEITOS DE GINÁSTICA
Muitos são os conceitos de ginástica que foram desenvolvi-
dos ao longo de seu percurso histórico, alguns existentes (de for-
ma ressignificada) até a atualidade.
Alguns autores consideram que o simples fato de o homem
primitivo exercitar-se era uma evidência da ginástica, ou seja, o
simples fato de o homem movimentar-se para sobreviver (lutar,
caçar etc.) caracterizava-se como uma prática gímnica. Outros ain-
da consideram que as práticas mais sistematizadas da Antiguidade,
como os movimentos respiratórios, o kung fu, a ioga, entre outras,
podem ser consideradas ginástica.
No entanto, ao estudarmos a história da ginástica e sua ori-
gem etimológica, foi na Grécia antiga que surgiu o primeiro con-
ceito do termo: "gymnastiké-salicet téchue; a arte de exercitar-se
com o corpo nu" (SÉRGiO e PEREiRA, s.d., p. 391).
© Ginástica Geral42
Segundo Jaeger (2001), Bonorino (1931), Azevedo (1960) e
Godoy (1996), a ginástica fazia parte dos jogos entre os povos, en-
tre outras práticas como as corridas (com e sem cavalos), as lutas
e os jogos.
De maneira geral, em especial no caso da ginástica, a principal
função dessas atividades estava vinculada à formação do cidadão
grego. Havia a concepção física e moral de que os conhecimentos
do culto ao corpo e à música estavam presentes juntamente com a
filosofia e a sabedoria da época.
Objetivava-se, também, com a prática da ginástica, o de-
senvolvimento da saúde e dos valores estéticos e morais. Ela era
praticada nos ginásios, locais que tinham somente esse objetivo.
Tais espaços eram considerados de convívio seletivo, uma vez que
somente os cidadãos gregos podiam praticar a ginástica (o que ex-
clui forasteiros, escravos, mulheres etc.).
Considerando que a ginástica tinha no contexto cultural e
histórico essa concepção, características e objetivos, não parece
coerente considerar que as práticas que a antecederam sejam
consideradas "ginástica". Dito de outra maneira, causa certa estra-
nheza a defesa de que práticas mais antigas que o surgimento da
ginástica possam ser "ginásticas".
Por esse motivo, defendemos que as práticas da Antigu-
idade não sejam assim denominadas, justamente porque possuem
uma concepção, características e um contexto cultural e histórico
próprios, que as legitimam e as identificam como tais.
No entanto, não é incomum encontrarmos em academias
de ginástica da atualidade e em conversas de professores de Edu-
cação Física a abordagem das artes marciais e das manifestações
da ioga como práticas de ginástica, o que, para nós, é um grande
equívoco.
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43© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica
Outros conceitos de ginástica vão surgir
a partir do Renascimento. Aproximadamente
em 1800, surgem os métodos europeus de
ginástica, cuja cronologia de origem foi orga-
nizada por Langlade & Langlade (1970, p.20).
Para muitos autores, o grande precur-
sor do método alemão Friedrich Ludwig Jahn,
denominado na literatura como Jahn (Figura
1), é considerado o pai da ginástica moderna.
Segundo Paoliello (1996, n. p.):
A denominação Ginástica, inicialmente utilizada como referência a
todo tipo de atividade física sistematizada, cujos conteúdos varia-
vam desde as atividades necessárias à sobrevivência, aos jogos, ao
atletismo, às lutas, à preparação de soldados, adquiriu, a partir de
1800, com o surgimento das escolas e movimentos ginásticos aci-
ma descritos, uma conotação mais ligada à prática do exercício físico.
De acordo com Soares (1994:64), a partir desta época, a Ginástica
passou a desempenhar importantes funções na sociedade industrial,
"apresentando-se como capaz de corrigir vícios posturais oriundos
das atitudes adotadas no trabalho, demonstrando assim, as suas vin-
culações com a medicina e, desse modo, conquistando status.
Nesse período, destacam-se os pesquisadores de diferentes
áreas do saber (médicos, filósofos, pedagogos), que irão protago-
nizar as publicações na área da ginástica, objetivando sua com-
preensão e ensino.
Alguns nomes e obras em destaque, de acordo com Toledo
(1999, p. 84), são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 Pesquisadores e publicações na área da ginástica
Maffeo Vegio Educação da Creança
Antonio Gazi Florida de Corona
Francisco Rabelais Gargantua e de Pantagruel
Jeronimo Merculiari De Arte Gymnastica
F. Hoffmann Do movimento artificial e As sete regras da saúde
Fonte: Toledo (1999, p. 84).
Figura 1 Friedrich Ludwig Jahn.
© Ginástica Geral44
Nessa época, a ginástica aparece como "grande salvadora"
de um momento histórico que exigia homens (trabalhadores) for-
tes, saudáveis, disciplinados e patriotas. O objetivo era aprimorar
a saúde dos indivíduos (crianças e adultos), assim como neles sus-
citar conceitos higiênicos e morais.
Ou seja, independentemente do método, o conceito de
ginástica estava voltado para esses objetivos, como esclarece
Soares (1994, p. 65):
Apresentando algumas particularidades a partir do país de origem,
essas escolas, de um modo geral possuem finalidades semelhan-
tes: regenerar a raça (não nos esqueçamos do grande número de
mortes e de doenças); promover a saúde (sem alterar as condições
de vida); desenvolver a vontade, a coragem, a força, a energia de
viver (para servir à pátria nas guerras e na indústria) e , finalmente,
desenvolver a moral (que nada mais é do que uma intervenção nas
tradições e nos costumes dos povos).
E durante muitos anos, até o século 20, a ginástica terá essa
conotação. É possível analisar esse conceito na Revista Educação
Physica (publicada nas décadas de 1930 e 1940, no Brasil), vincu-
lada a um preceito higienista e eugenista da época, gradualmente
também aplicada à beleza feminina e à performance esportiva.
E é no final do século 20 que sua conceituação parece sofrer
algumas modificações. Provavelmente, devido ao movimento em
prol da saúde que foi preconizado em todo mundo, especialmente
na Europa, denominado "Sport For All", traduzido no Brasil como a
campanha do "Mexa-se" (TOLEDO, 2010).
Mais uma vez, a ginástica é atrelada ao conceito de saúde e
considerada um de seus carros-chefes dentro do contexto do condi-
cionamento físico proposto pelas academias e endossado por médi-
cos e educadores físicos (pesquisadores do treinamento desportivo
e das relações entre doenças crônico-degenerativas e exercício).
Com o forte respaldo acadêmico da área médica, seu concei-
to parece ter sido voltado para um objetivo muito mais funcional
do que pedagógico. Um desses conceitos expressa essa constata-
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45© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica
ção, conforme aponta a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasi-
leira apud TOLEDO, 1995a, p. 15):
Uma forma ou modalidade de educação física, isto é, uma maneira de
formar fisicamente o corpohumano, sendo as restantes, além dela,
os jogos e os desportos. A definição científica diz-nos que a ginástica
é a exercitação metódica dos órgãos no seu conjunto (relacionada ao
movimento e à atitude), por intermédio de exercícios corporais, de
"forma" precisamente determinada e ordenados sistematicamente,
de modo a solicitar não só todas as partes do corpo, como as grandes
funções orgânicas vitais e sistemas anatômicos, nomeadamente: o
respiratório, o cárdio-circulatório, o de nutrição (assimilação e desas-
similação), o nervoso, os órgãos de secreção interna, etc.
Conforme falamos na apresentação deste CRC, a Educação
Física sofreu uma grande influência da área pedagógica em mea-
dos das décadas de 1980 e 1990. Esse movimento também influ-
enciou a conceituação de ginástica, considerada como conteúdo
fundamental para ser desenvolvido na escola. As literaturas que
mais influenciaram essa mudança conceitual foram:
• Coletivo de Autores (na obra Metodologia de Ensino da Edu-
cação Física) – considerando a ginástica uma manifestação
da cultura corporal necessária a ser desenvolvida na escola.
• Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (desenvolvido
por professores e pesquisadores de Educação Física, com
a promoção do MEC) – a ginástica é considerada um dos
conhecimentos de um dos três blocos de conteúdos pro-
postos a serem desenvolvidos na escola: 1º bloco: espor-
tes, jogos, lutas e ginástica; 2º bloco: atividades rítmicas e
expressivas; 3º bloco: conhecimentos sobre o corpo.
Em seu Dicionário da Educação Física e Esporte, o autor Bar-
banti (2003, p. 292) sinaliza uma nova modificação no conceito de
ginástica para o século 21:
O termo ginástica originou-se aproximadamente em 400 a.C. É de-
rivado de Gymnos, que quer dizer nu, levemente vestido e geral-
mente se refere a todo tipo de exercícios físicos para os quais se
tem que tirar a roupa de uso diário. Durante o curso da História
as interpretações de ginástica variaram. Atualmente o termo está
perdendo seu uso e tem sido substituído por exercício.
© Ginástica Geral46
Embora tenhamos algumas ressalvas, às considerações fei-
tas ao entendimento grego da palavra e da prática da ginástica,
a indicação feita pelo autor acerca da tendência do uso dessa pa-
lavra no século 21, parece proceder. Talvez, não no que se refere
ao seu desaparecimento, mas, principalmente, ao seu uso como
sinônimo de exercício.
Não é incomum ouvirmos de pessoas leigas na área da Edu-
cação Física que o termo "ginástica" refere-se a qualquer tipo de
exercitação, como, por exemplo, caminhadas, corridas, exercícios
domésticos, esforços físicos no trabalho etc. Isso pode ocorrer por
alguns motivos:
• uso da palavra ginástica referindo-se ao seu conceito mais
antigo (o grego), no qual as exercitações com o corpo nu
eram assim denominadas;
• falta de um entendimento maior acerca do termo "siste-
matização" (inclusive utilizando-se a palavra "método")
que foi inerente ao conceito de ginástica científica, de-
senvolvida a partir de 1800 (termo utilizado por Carmen
Lúcia Soares) até a atualidade (nas práticas de fitness,
competitivas, laborais etc.);
• as pessoas, de modo geral, parecem não estar acompanhan-
do a evolução científica da área da Educação Física, consi-
derando que qualquer exercício é ginástica. Ou seja, desco-
nhecem todos os processos (decodificados e sistematizados)
que envolvem a execução de uma sequência de exercícios
apropriada para caracteres específicos e individuais (estuda-
dos pelo treinamento desportivo, pela fisiologia do exercício
etc.), e para determinados contextos de prática.
Enfim, a discussão sobre um conceito único e/ou "legítimo"
de ginástica parece não se esgotar. Mas vale o conhecimento acer-
ca dessas conceituações ao longo da História, e sob diferentes
perspectivas, para que possamos melhor transitar por elas e dis-
cernir qual vai ao encontro de nosso entendimento.
Claretiano - Centro Universitário
47© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica
6. O UNIVERSO DA GINÁSTICA (ÁREAS E TIPOS)
Depois de conhecer um pouco da trajetória histórica da
ginástica e suas conceituações, cabe, nesse segundo momento,
conhecermos com mais propriedade o grande universo que com-
preende suas práticas na atualidade.
Abordar o universo da ginástica é, portanto, a tentativa de carac-
terizar, mapear e organizar essas práticas, identificando suas peculiari-
dades, assim como as semelhanças que as tornam parte desse mundo.
Segundo Souza (1997, p. 25), é possível fazer uma classifica-
ção desse amplo universo a partir de cinco campos de atuação da
ginástica. Observe a Figura 2.
Fonte: SOUZA (1997, n. p.).
Figura 3 Classificação da ginástica de acordo com seus campos de atuação.
Para Elizabeth Paoliello (1996), autora do texto O universo da
ginástica, esses campos de atuação, por nós, também, denominados
"áreas de intervenção da ginástica", referem-se especificamente a:
© Ginástica Geral48
1) Ginásticas de condicionamento físico: englobam todas as
modalidades que tem por objetivo a aquisição ou a manu-
tenção da condição física do indivíduo normal e/ou do atleta.
2) Ginásticas de competição: reúnem todas as modalida-
des competitivas.
3) Ginásticas fisioterápicas: responsáveis pela utilização do
exercício físico na prevenção ou tratamento de doenças.
4) Ginásticas de conscientização corporal: reúnem as no-
vas propostas de abordagem do corpo, também conhe-
cidas por "técnicas alternativas" ou "ginásticas suaves"
(Souza, 1992). Elas foram introduzidas no Brasil a partir
da década de 1970, tendo como pioneira a antiginásti-
ca. A grande maioria desses trabalhos tiveram origem na
busca da solução de problemas físicos e posturais.
5) Ginásticas de demonstração: é representante desse
grupo a ginástica geral, cuja principal característica é a
não competitividade. A função principal é a interação
social entre os participantes.
Para Gaio (2006), o universo da ginástica subdivide-se so-
mente em dois grupos: das práticas competitivas e não competiti-
vas. Para a autora (2006, p. 13):
Dessa divisão que fizemos, podemos no momento mergulhar no
imenso universo dos movimentos gímnicos, seja pela estrada da
Federação Internacional de Ginástica, conhecendo as Ginásticas
consideradas esportes, ou pelo canal das atividades gímnicas peda-
gógicas, terapêuticas, corretivas, de condicionamento, de apresen-
tação, de lazer, entre outros objetivos e interesses que possamos
encontrar a partir da experiência em Ginásticas não-competitivas.
A lógica proposta por Gaio parte do pressuposto do que é
estabelecido convencionalmente no mundo da ginástica. Ou seja,
atualmente, temos uma área muito organizada e claramente
definida historicamente pela Federação Internacional de Ginástica
e pelo contexto esportivo: as práticas gímnicas esportivizadas.
A partir daí, podemos conceber aquelas que fazem parte do univer-
so competitivo e as que estão fora dela. Já a lógica proposta por Paoliello
(ou Souza) é de uma divisão mais voltada para os objetivos específicos
de cada prática gímnica (competir, apresentar, condicionar o corpo etc.).
Claretiano - Centro Universitário
49© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica
Consideramos que a classificação proposta por Paoliello (ou
Souza) é mais didática e específica do que a proposta por Gaio,
permitindo ao graduando e ao professor de Educação Física um
melhor entendimento acerca de suas possibilidades de interven-
ção e de uso no contexto escolar.
Levamos em conta, ainda, que a divisão proposta por Paoliello
não deva ser compreendida de maneira "estanque", rígida, fixa, pois
ela está pautada nos objetivos prioritários dessas práticas gímnicas. Ou
seja, nada impede que essas práticas possam transitar de um grupo para
outro, dependendo de seu objetivo no contexto em que está inserido.
Vamos dar um exemplo: a ginástica rítmica é considerada uma prá-
tica competitiva, pois possui um código de pontuação, é organizada por
uma federação e está voltadapara a performance como um esporte.
No entanto, ao ser desenvolvida no ambiente escolar (curri-
cular ou extracurricular) e/ou no clubístico (para crianças inician-
tes) ela pode ter como objetivo o contato com o esporte, em sua
configuração demonstrativa.
É muito comum assistirmos a festivais de encerramento do
ano em clubes, onde há grupos infantis que se apresentam e fazem
parte de turmas de modalidades gímnicas competitivas (rítmica,
artística, acrobática, de trampolim etc.). Nesse contexto, o objetivo
prioritário não é a competição (embora as práticas sejam concebi-
das como competitivas), e sim a participação (a demonstração).
Essas classificações por campos de atuação ou áreas de in-
tervenção possibilitam que as práticas gímnicas sejam agrupadas
segundo características principais ou objetivos prioritários. E den-
tro de cada grupo desses há, ainda, outras divisões estabelecidas
de acordo com as particularidades de cada prática.
Por exemplo, no grupo das práticas competitivas temos a ginás-
tica rítmica e a artística. A primeira pode ser melhor identificada por
seu biótipo magro e flexível, tipo de vestimenta, uso da musica (obri-
gatório), uso de aparelhos portáteis (arco, bola, corda, fita e macas)
etc.; já a artística, pode ser identificada pelo biótipo mais robusto e
© Ginástica Geral50
forte, tipo de vestimenta, gênero (feminina e masculina), provas com
aparelhos fixos (que diferem de acordo com o gênero) etc.
O mesmo paralelo vale para as práticas de condicionamento
físico e dos outros grupos propostos por Paoliello. Infelizmente não
é possível apresentarmos nesta unidade a conceituação e caracter-
ização dessas práticas gímnicas. Por isso, sugerimos que você as pes-
quise a partir do referencial teórico sugerido para leitura, visitas a
clubes e academias, além de consultas a vídeos e fotos na internet.
Mas o que é comum a todas essas praticas gímnicas que as
identificam como ginástica? Podemos dizer que dois aspectos são
fundamentais:
• são práticas sistematizadas e que possuem origem nas gi-
násticas científicas (métodos europeus de ginástica), seja
de maneira direta ou indireta. Por exemplo, a musculação,
prática gímnica de condicionamento físico, pode ser consi-
derada ginástica por ser oriunda do método alemão e por
possuir uma sistematização (com respaldo científico);
• suas práticas possuem muitos movimentos em comum,
os quais denominamos "elementos ginásticos" ou "ele-
mentos corporais". Por exemplo, quase todas as práticas
gímnicas de condicionamento físico (especialmente as
com música) e as práticas competitivas utilizam elemen-
tos como saltos, equilíbrios e giros.
Nessa perspectiva, fica fácil identificar o que é e o que não é
ginástica. Muitas pessoas consideram que a dança, o nado sincronizado,
as artes marciais, entre outras modalidades podem ser consideradas
ginástica. Se utilizarmos essas prerrogativas, podemos afirmar que es-
sas práticas não são ginásticas, mas possuem elementos comuns a ela.
Com relação a esses elementos, vale a consideração feita por
Souza (1996, n. p.):
Todo movimento ginástico, assim como os movimentos
característicos dos esportes, evoluíram dos movimentos naturais do
ser humano, ou habilidades específicas do ser humano que, segundo
Pérez Gallardo (1993:130), "são aquelas que se caracterizam por
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51© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica
estar presentes em todos os seres humanos, independentes de seu
lugar geográfico e nível sócio-cultural e que servem de base para
aquisição de habilidades culturalmente determinadas..."
Estes movimentos naturais ou habilidades específicas do
ser humano, quando analisados e transformados, visando o
aprimoramento da performance do movimento, entendida aqui de
acordo com vários objetivos como: economia de energia, melhoria
do resultado, prevenção de lesões, beleza do movimento entre
outros, passam a ser considerados como movimentos construídos
(exercícios) ou habilidades culturalmente determinadas. Por
exemplo, um movimento próprio do homem como o saltar, foi
sendo estudado, transformado e aperfeiçoado através dos tempos,
para alcançar os objetivos de cada um dos esportes onde ele
aparece: salto em altura, em distância e triplo no Atletismo, cortada
e bloqueio no Voleibol, salto sobre o cavalo na Ginástica Artística,
salto "jeté" na Ginástica Rítmica Desportiva, entre outros.
A Figura 4 apresenta uma síntese dos elementos que consti-
tuem a ginástica.
Os elementos corporais podem ser visualizados e melhor
compreendidos no texto "Elementos corporais", de Souza, Paler-
mo e Toledo (1999), cujo exemplo pode ser observado na Figura 5.
Fonte: SOUZA (1996, n. p.)
Figura 4 Elementos constitutivos da ginástica.
© Ginástica Geral52
Saltos
São definidos como "movimentos que se caracterizam por
uma acentuada permanência do corpo no ar", podendo variar de
acordo com as fases de impulso, voo e/ou aterrissagem.
Figura 5 Saltos.
Acompanhe, na Figura 6, exemplos de saltos utilizados na
ginástica:
Claretiano - Centro Universitário
53© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica
Fonte: Toledo (1995b, n. p.)
Figura 6 Exemplos de saltos utilizados na ginástica.
Apresentamos somente um exemplo de elemento ginástico.
É necessário que você conheça os outros elementos apresentados
nesse mesmo texto, assim como nos códigos de pontuação das
modalidades gímnicas e nos manuais e livros de práticas de condi-
cionamento físico, entre outras práticas.
Ao encerrarmos esta unidade, esperamos que você tenha
conhecido melhor os conceitos, as áreas, os tipos e os elementos
que fazem parte do universo da ginástica. Reforçamos que você
aprofunde essa apreciação por meio de novas pesquisas, indo
além do que foi aqui apresentado.
Dada a amplitude desse universo, torna-se muito difícil reu-
ni-lo e condensá-lo num único texto. Assim, essa apreciação é ne-
cessária para que você possa dele se apropriar nas suas aulas de
ginástica geral na escola.
© Ginástica Geral54
7. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
Sugerimos que você procure responder, discutir e comen-
tar as questões a seguir que tratam da temática desenvolvida
nesta unidade, ou seja, dos conceitos, áreas, tipos e elementos
constitutivos do universo da ginástica. Você pode, também, esta-
belecer relações entre eles e suas possibilidades de intervenção
na escola.
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se você encontrar dificuldades em
responder a essas questões, procure revisar os conteúdos estuda-
dos para sanar as suas dúvidas. Esse é o momento ideal para que
você faça uma revisão desta unidade. Lembre-se de que, na Edu-
cação a Distância, a construção do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas desco-
bertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questões propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Descreva exemplos do cotidiano que apontem qual (ou quais) conceito(s) de
ginástica está(ão) mais presente(s) no dia a dia do brasileiro, e portanto, de
pais, alunos e professores no ambiente escolar. Tente fazer isso estabelecen-
do paralelos com os conceitos apresentados na unidade.
2) Você está num churrasco e começa a passar na televisão a competição de
ginástica artística (Copa do Mundo de Ginástica no Brasil). Todos vão assistir
a série do Diego Hipólito e o churrasqueiro grita do quintal "Eu que estou
fazendo ginástica aqui, arrumando a churrasqueira e preparando a carne
sozinho!". Nota-se que há dois conceitos de ginástica em cena. Como você
explicaria aos leigos na área da ginástica e da Educação Física quais são esses
conceitos, suas origens e o que significam?
3) Posicione-se a favor de algum dos conceitos de ginástica que foram apre-
sentados e argumente sua opinião. Ou, proponha um conceito de ginástica,
argumentando porque e como o concebeu (qual referencial usou? Utilizou-
-se de uma percepção da realidade?).4) Compreendendo as propostas de classificação do universo da ginástica
(campos de atuação) propostas pelas autoras Paoliello e Gaio, responda:
a) Com qual proposta você mais se identifica e por quê?
Claretiano - Centro Universitário
55© U1 - Introduçãoao Universo da Ginástica
b) O que você mudaria numa dessas propostas, com relação à lógica de sua
subdivisão? Argumente.
c) Aponte indícios ou ideias básicas de como você explicaria esses campos de atu-
ação da ginástica numa aula de Educação Física escolar (escolha o ano letivo).
5) Como você argumentaria para uma pessoa leiga na área da ginástica que a
dança ou o nado sincronizado não são práticas gímnicas?
8. CONSIDERAÇÕES
Conhecer com profundidade esse vasto universo da ginás-
tica não é tarefa fácil e demandaria muitas leituras, pesquisas,
observações, entre outras estratégias. No entanto, parece-nos
possível conhecer os conceitos, as áreas, os tipos e os elementos
da ginástica de maneira básica, não considerando-os como partes
dissociadas de um mesmo contexto.
Assim, uma das sugestões que propomos é que você possa,
ao invés de "decorar" esses saberes, entendê-los e estabelecer di-
álogos entre eles e o que está ao seu redor. Essa troca de ideias
pode acontecer na sua experiência de vida, no seu bairro, na vi-
vência dos seus alunos, na mídia (escrita e televisiva), nas redes
sociais, nos sites de imagens etc.
A apropriação desses saberes também é gradual. Ela pode ser
potencializada da mesma forma, por meio de sua aplicabilidade no
seu dia a dia, em aulas, encontros com amigos, consultas virtuais
etc. No ambiente escolar, ela pode ser construída conjuntamente
com o aluno, com outras disciplinas e com os projetos da escola.
No entanto, ressaltamos o quanto é importante você inte-
ressar-se por esses saberes e tentar fortalecê-los por meio da exe-
cução, com boa qualidade, das estratégias propostas para o estu-
do das unidades que virão.
Esperamos que tenha gostado desse primeiro encontro aca-
dêmico com a ginástica e que esteja empolgado para a próxima
unidade, que focará a relação entre a ginástica e a escola.
© Ginástica Geral56
9. E-REFERÊNCIA
Figura
Figura 1 Friedrich Ludwig Jahn. Disponível em: <http://www.germany.info/Vertretung/
usa/en/08__Culture__Sports__Events/06/05/Feature__5__Gymnastics.html>. Acesso
em: 23 fev. 2012.
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BARBANTI, V. J. Dicionário de Educação Física e Esporte. 2. ed. Barueri: Manole, 2003.
BONORINO, L. L. et all. Histórico da Educação Física. Vitória: imprensa Oficial, 1931.
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Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1997. v. 17
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GAIO, R. O rico universo da ginástica: as ginásticas. In: GAIO, R.; BATISTA, J. C. F. (Orgs). A
ginástica em questão – corpo e movimento. Ribeirão Preto: Tecmedd, 2006.
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