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43 • Conhecer os documentos legais de proteção à criança e ao adolescente no Brasil; • Descrever os princípios e marcos legais de maior importância para a proteção da criança e do adolescente no contexto histórico até os dias atuais; • Identificar alguns instrumentos legais de proteção relevantes e específicos para crianças e adolescentes vítimas e testemunhas de violência. 3.1 A criança e o adolescente como sujeitos de direito A Constituição Federal de 1988 consagrou a Doutrina da Proteção Integral em seu artigo 227, que surge como forma de reconhecimento da criança e do adolescente como sujeitos de direitos e garantias fundamentais, exigindo a construção de um novo posicionamento frente à questão infanto-juvenil, que veio a ser delineado nas normas do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n.º 8.069 de 13 de maio de 1990). Assim, entende-se necessário que se faça um breve resgate histórico do reconhecimento dos direitos da criança e do adolescente, a fim de que se com- preenda em que contexto dos direitos humanos eles estão inseridos e o significado dessas conquistas para esses sujeitos de direito. Objetivos: UNIDADE 3 DOS DOCUMENTOS LEGAIS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE 44 3.1.1 Direitos da criança e do adolescente como direitos humanos O direito da criança e do adolescente pode ser classificado como um direito social, ou seja, um tipo de direito que exige a atuação do Estado a fim de possibili- tar sua concretização. São direitos de proteção, os quais necessitam de uma ação estatal positiva a fim de serem concretizados. a) As normas internacionais No contexto internacional, a garantia de direitos à infância iniciou-se em 1924, com a Declaração de Genebra. Esta proclamava a ideia da necessidade de proteção especial à criança e ao adolescente. Em seguida a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, em 1948, trouxe previsões referentes ao direito da infância, aos cuidados e assistências especiais. Em 1959 surge a Declaração Universal dos Direitos da Criança, trazendo princípios para o tratamento da questão infanto-juvenil pelos países signatários. É importante destacar que o Brasil assinou essa declaração. Outro pacto internacional ratificado pelo Brasil foi a “Convenção America- na de Direitos Humanos”. Esta convenção prevê a proteção especial a todas as crianças devido à sua condição especial de desenvolvimento, estabelecendo essa garantia como dever da família, da sociedade e do Estado. Finalmente, em 1989, foi elaborada a Convenção Internacional sobre Direi- tos da Criança. Esta procurou reunir em seu texto direitos que fossem aplicáveis a todas as crianças do mundo, independentemente de sua cultura, raça, naciona- lidade ou nível econômico, de forma a agredir o mínimo possível a diversidade de valores dos povos. Esta convenção consagrou a Doutrina da Proteção Integral como nova con- cepção a nortear o entendimento dos direitos infanto-juvenis. Reconheceu direitos específicos às crianças e adolescentes devido à condição peculiar de desenvolvi- mento em que se encontram, além dos direitos garantidos a toda pessoa humana. 45 b) As leis no Brasil No Brasil, o direito da criança e do adolescente é marcado pela utilização de três diferentes doutrinas, que vão orientar a legislação vigente em cada época dife- rente, são elas: a Doutrina do Direito Penal do Menor, a Doutrina Jurídica do Menor em Situação Irregular e a Doutrina Jurídica da Proteção Integral. A Doutrina do Direito Penal do Menor, prevista no Código Penal de 1890, preocupava-se com a delinquência praticada pela população infanto-juvenil. Assim, era conferida ao Juiz a possibilidade de avaliar se um menor era capaz ou não de cometer crimes, de acordo com seu comportamento e sua vida pregressa. Com a entrada em vigor do Código Mello Matos, o Código de menores de 1927, passou-se a observar a situação social e econômica do menor, bem como seu estado físico e mental. Estabelecia o recolhimento dos abandonados, dando início à cultura de internação/acolhimento da infância e juventude. Deve-se destacar a criação do SAM - Serviço de Assistência ao Menor pelo Decreto n.º 3.779/41. Este programa foi caracterizado por utilizar a internação como meio para tirar crianças e adolescentes das ruas, fortalecendo a ideia, posterior- mente encampada na prática menorista, de se utilizar da privação de liberdade com o objetivo de sanar a situação de privação de direitos em que se encontrava o menor carente. A Doutrina Jurídica do Menor em Situação Irregular: em 1979, entra em vigor o Código de Menores que antecedeu o ECA até 1990. A situação irregular veio de- finir os menores a quem era dirigida a lei, delimitou-se a abrangência do direito do menor somente àqueles que possuíssem as características definidoras da situação irregular, época em que ficou conhecida a “FEBEM”, como lugar de internação do “menor” em situação irregular. Com a Constituição Federal de 1988, o Brasil acolheu a Doutrina da Prote- ção Integral como parâmetro a guiar a atuação na área infanto-juvenil. Reconheceu 46 direitos fundamentais à criança e ao adolescente, além daqueles provenientes de sua situação peculiar de desenvolvimento. São consagrados os princípios da prio- ridade absoluta, do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento e da co-gestão, os quais passam a orientar o tratamento da criança e do adolescente. Em 1990, foi sancionado o Estatuto da Criança e do Adolescente que de- talhou os direitos assegurados, constitucionalmente, pela Doutrina da Proteção Integral e deu formas de operacionalizar essas garantias, a fim de serem con- cretizadas. 3.2 A doutrina da proteção integral A Doutrina da Proteção Integral confere às crianças e adolescentes a condi- ção de sujeitos de direitos. Considera, ainda, a condição especial de crescimento em que se encontram, merecendo, por isso, atenção especial para que lhes sejam propiciados os meios necessários para um desenvolvimento sadio, não somente no aspecto material, mas também no psicológico e no emocional. A partir dessa concepção, foram consagrados princípios5 extraídos da norma contida no artigo 227 da Constituição Federal de 1988: o da prioridade absoluta, o do respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento e o da corresponsabilidade. Torna-se importante ressaltar que essas garantias constitucionais abrangem todas as crianças e adolescentes, independentemente das condições em que vivam. Alcança, de maneira especial, aqueles que se encontram em “situação de risco”. ___________ 5 Os princípios são fórmulas que direcionam a elaboração de leis e atuação dos profissionais que trabalham o Direito, os quais devem ser aplicados, em primeiro lugar, para regular uma atuação, podendo-se questionar até a validade de leis que não correspondam ao que prescrevem os princípios que norteiam uma determinada atividade. Portanto, os princípios são fundamentos valorativos que consagram preceitos maiores que devem ser mantidos, não podendo ser derrogados por normas legais. 47 SAIBA MAIS Situação de risco: situação em que crianças e adolescentes encontrem-se com seus direitos ameaçados ou violados por ação ou omissão da sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsáveis e em razão de sua conduta6. 3.2.1 O princípio da prioridade absoluta O princípio da prioridade absoluta possibilita tratar a infância e a adolescên- cia em primeiro lugar, em qualquer aspecto da prestação do Estado, da sociedade ou da família. Questões envolvendo interesses de crianças e adolescentes devem ser resolvidas de maneira prioritária, não somente objetivando a solução rápida do problema, mas também a adoção da medida que mais os beneficie, levando-se em conta o que melhor atenda a seu desenvolvimento de maneira saudável e ainda, considerando-se, sempre que possível, sua opinião a respeito do assunto tratado7. 3.2.2 O princípio do respeito à condiçãopeculiar de pessoa em desenvolvimento Esse princípio possibilita garantir à criança e ao adolescente que sejam res- peitadas as condições necessárias para o seu desenvolvimento completo de ma- neira saudável e feliz. __________________ 6 Artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº. 8069/90): As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I- por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II- por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III- em razão de sua conduta. 7 Nesse sentido, “José Afonso da Silva [2] conclui que ‘a liberdade de expressão é o aspecto externo da liberdade de opinião. A criança e o adolescente devem sempre ser ouvidos quando queiram ou devem emitir sua opinião, mormente nos assuntos que lhes digam respeito’ (p.67)” (grifos da autora). SILVA PEREIRA, Tânia da. Direito da criança e do adolescente: uma proposta interdisciplinar. Rio de Janeiro: Renovar,1996. p.86. 48 Ao se atribuir importância à situação específica em que se encontram e sua personalidade em formação, deve-se procurar possibilitar-lhes o acesso aos meios que facilitem esse crescimento como a educação, a cultura e o lazer. O princípio da condição peculiar de pessoa em desenvolvimento orienta que, em qualquer análise que envolva a criança e o adolescente, seja necessário que se observe que eles se encontram em crescimento, isto é, em uma fase de aprendizagem das regras que regem a convivência social e que ainda estão à procura do lugar em que vão se inserir, construindo sua subjetividade, para se reconhecerem enquanto pessoas que fazem parte do mundo. 3.2.3 O princípio da corresponsabilidade A efetivação dos direitos da criança e do adolescente é responsabilidade do Estado, da sociedade e da família, por constituir-se obrigação de todos a prestação que atenda, de forma prioritária, a infância e a juventude. Assim, cabe também à sociedade a responsabilidade pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, tornando inconsistentes posicionamentos de indivíduos que pensam que o assunto não lhes diz respeito, colocando para o Estado toda a responsabilidade. ATENÇÃO! A sociedade é chamada a participar e a Lei n.º 8.069/90 exige essa tomada de atitude por parte dos cidadãos, para possibilitar a concretização dos direitos que prescreve. O ECA criou vários órgãos que necessitam da participação da coletividade para a sua existência, como os Conselhos Tutelares, onde seus membros são escolhidos entre as pessoas da comunidade e por ela própria, e os Conselhos de Direitos, que exigem a participação de representantes da sociedade civil 49 organizada, para, de forma paritária com os membros do poder público, definir as políticas públicas voltadas para a infância e a juventude. A corresponsabilidade tornou possível a recíproca cobrança de atitudes dos entes responsabilizados, quais sejam, o Estado, a sociedade e a família, pela concretização dos direitos infanto-juvenis nas diversas áreas que lhes forem pertinentes. 3.2.4 A trilogia da Doutrina da Proteção Integral Além dos princípios acima referidos, é importante abordar, quando se fala da Doutrina da Proteção Integral o que alguns autores chamam de trilogia8, que acompanha essa ideologia, que são os direitos à liberdade, ao respeito e à dignidade, como garantias que traduzem as inovações trazidas pela Constituição de 1988 em seu artigo 227. O direito à liberdade traz à criança e ao adolescente uma garantia, já assegurada aos adultos desde os Direitos Humanos de Primeira Geração9, que pode ser entendida como a “independência em face de todo constrangimento imposto pela vontade de outro”10. O direito ao respeito traz a concepção de que a criança e o adolescente também devem ser considerados enquanto indivíduos que possuem sua subjetividade e necessitam que sua integridade moral seja mantida, para que se lhes possa propiciar um desenvolvimento saudável, por se encontrarem em formação de sua personalidade e em construção de seus valores. Para isso, deve-se considerar sua necessidade de privacidade e o respeito de suas opiniões e crenças. _______________ 8 “Considera Deodato Rivera, finalmente, que ‘a trilogia liberdade-respeito-dignidade é o cerne da Doutrina da Proteção Integral, espírito e meta do Estatuto, e que nesses três elementos, cabe à dignidade a primazia, por ser o coroamento da construção ética estatutária’ (p.8).” (grifos da autora) SILVA PEREIRA, Tânia da. Op. cit.p.80. 9 Os Direitos Humanos de Primeira Geração são conhecidos como direitos de liberdade por englobarem as liberdades de locomoção, de expressão, de religião, entre outras. 10 BOBBIO, Noberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Campus, 1992. p.74. 50 3.2.5 A criança e o adolescente não podem ser vistos como objetos de vontade dos adultos Além da integridade moral, deve-se o respeito à integridade física da criança e do adolescente, tendo estes o direito a permanecerem livres de qualquer tipo de agressões físicas ou atentados contra a sua saúde. O direito à dignidade exige o respeito à condição de criança ou adolescente e que sejam satisfeitas suas necessidades físicas, para o crescimento com saúde. Acrescente-se, ainda, a visão de que são pessoas que precisam, além da satisfa- ção de suas necessidades, da possibilidade de lutar pela satisfação de seus direi- tos de forma digna, construindo-se perspectivas de vida, para que possam buscar algo no seu amanhã. É também poder ser diferente e respeitado por isso, sendo reconhecido como ser humano. 3.3 O sistema de garantia de direitos da criança e do adoles- cente vítima ou testemunha de violência (Lei 13.431/2017) A lei 13.431/2017 estabeleceu princípios e modos de agir para garantir a proteção de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência, sendo importante a sua leitura para aqueles que pretendem se aprofundar no tema, o que pode ser feito no site sugerido abaixo. SUGESTÃO DE SITE Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/Lei/L13431.htm11. Citaremos alguns deles como exemplo, pois essa lei coloca em termos práticos (procedimentais) o que expomos como princípios, como o respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, à liberdade, à dignidade da criança e do adolescente vítimas de violência. 11Há, ainda, o Decreto 9603 de 10.12.2018, que regulamenta a aplicação da lei 13431/2017, acessível no seguinte link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/Decreto/D9603.htm 51 O artigo 4º, da Lei 13.431/2017, traz definições de tipos de violência, distribuindo-as em violência física, psicológica, sexual e institucional. Como violência sexual, define: qualquer conduta que constranja a criança ou o adolescente a praticar ou presenciar conjunção carnal ou qualquer outro ato libidinoso, inclusive exposição do corpo em foto ou vídeo por meio eletrônico ou não. De acordo com a lei, subdivide-se em: a) Abuso sexual, entendido como toda ação que se utiliza da criança ou do adolescente para fins sexuais, seja conjunção carnal ou outro ato libidinoso, realizado de modo presencial ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou de terceiro; b) Exploração sexual comercial, entendida como o uso da criança ou do adolescente em atividade sexual em troca de remuneração ou qualquer outra forma de compensação, de forma independente ou sob patrocínio, apoio ou incentivo de terceiro, seja de modo presencial ou por meio eletrônico; c) Tráfico de pessoas, entendido como o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento da criança ou do adolescente, dentro do território nacional ou para o estrangeiro, com o fim de exploração sexual, mediante ameaça, uso de força ou outra forma de coação, rapto, fraude, engano, abuso de autoridade, aproveitamento de situação de vulnerabilidadeou entrega ou aceitação de pagamento, entre os casos previstos na legislação; Além desses conceitos que podem ajudar a identificar a violência, a referida lei traz garantias e mecanismos de proteção (artigo 5º) à criança e ao adolescente, como o direito à informação adequada, direito à assistência jurídica, direito de ser ouvido e de se expressar, bem como de permanecer em silêncio se assim desejar, direito de ser resguardado e protegido de sofrimento, prioridade no trâmite processual, celeridade, limitação das intervenções. Um mecanismo de proteção importante encontrado na Lei 13.431/2017 é o direito à escuta especializada e ao depoimento pessoal. a) Escuta especializada: entrevista com a criança ou adolescente sobre situação de violência realizada em órgão de proteção e limitada ao estritamente necessário; 52 b) Depoimento pessoal: oitiva da criança e do adolescente perante autoridade policial ou judicial. Ambos deverão seguir os parâmetros definidos nos artigos 10,11 e 12, da Lei 13.431/2017.12 __________ 12 Art. 10. A escuta especializada e o depoimento especial serão realizados em local apropriado e acolhedor, com infraestrutura e espaço físico que garantam a privacidade da criança ou do adolescente vítima ou teste- munha de violência. Art. 11. O depoimento especial reger-se-á por protocolos e, sempre que possível, será realizado uma única vez, em sede de produção antecipada de prova judicial, garantida a ampla defesa do investigado. § 1º O depoimento especial seguirá o rito cautelar de antecipação de prova: I - quando a criança ou o adolescente tiver menos de 7 (sete) anos; II - em caso de violência sexual. § 2º Não será admitida a tomada de novo depoimento especial, salvo quando justificada a sua imprescindibilidade pela autoridade competente e houver a concordância da vítima ou da testemunha, ou de seu representante legal. Art. 12. O depoimento especial será colhido conforme o seguinte procedimento: I - os profissionais especializados esclarecerão a criança ou o adolescente sobre a tomada do depoimento especial, informando-lhe os seus direitos e os procedimentos a serem adotados e planejando sua participação, sendo vedada a leitura da denúncia ou de outras peças processuais; II - é assegurada à criança ou ao adolescente a livre narrativa sobre a situação de violência, podendo o profis- sional especializado intervir quando necessário, utilizando técnicas que permitam a elucidação dos fatos; III - no curso do processo judicial, o depoimento especial será transmitido em tempo real para a sala de audiên- cia, preservado o sigilo; IV - findo o procedimento previsto no inciso II deste artigo, o juiz, após consultar o Ministério Público, o defensor e os assistentes técnicos, avaliará a pertinência de perguntas complementares, organizadas em bloco; V - o profissional especializado poderá adaptar as perguntas à linguagem de melhor compreensão da criança ou do adolescente; VI - o depoimento especial será gravado em áudio e vídeo. § 1º À vítima ou testemunha de violência é garantido o direito de prestar depoimento diretamente ao juiz, se assim o entender. § 2º O juiz tomará todas as medidas apropriadas para a preservação da intimidade e da privacidade da vítima ou testemunha. § 3º O profissional especializado comunicará ao juiz se verificar que a presença, na sala de audiência, do autor da violência pode prejudicar o depoimento especial ou colocar o depoente em situação de risco, caso em que, fazendo constar em termo, será autorizado o afastamento do imputado. § 4º Nas hipóteses em que houver risco à vida ou à integridade física da vítima ou testemunha, o juiz tomará as medidas de proteção cabíveis, inclusive a restrição do disposto nos incisos III e VI deste artigo. § 5º As condições de preservação e de segurança da mídia relativa ao depoimento da criança ou do adolescente serão objeto de regulamentação, de forma a garantir o direito à intimidade e à privacidade da vítima ou testemunha. § 6º O depoimento especial tramitará em segredo de justiça. 53 Por fim, deve ser mencionado para aqueles que pretendem aprofundar-se no Decreto 9603 de 10.12.2018, que regulamenta a Lei nº 13.431 de 4 de abril de 2017, que ele estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. SUGESTÃO DE SITE Para saber mais sobre o assunto, acesse o link a seguir: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ ato2015-2018/2018/Decreto/D9603.htm. RESUMO Nesta Unidade, você conheceu as leis e princípios que protegem as crianças e adolescentes e garantem o seu reconhecimento como sujeitos de direitos, as normas internacionais e brasileiras, além de uma breve caminhada histórica que resultou na proteção integral da infância no Brasil em termos constitucionais e legais, passando pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8069/90) e pela Lei 13431/2017 que instituiu o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente Vítima ou Testemunha de Violência. 54 REFERÊNCIAS ALBERGARIA, Jason. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Rio de Janeiro: Aide Ed., 1991. 280p. ALENCAR, Ana Valderez A. N. de. Código de Menores: lei n.º6697/79: compara- ções, anotações, histórico, informações. 2. ed. Brasília: Senado Federal, Subsecre- taria de Edições Técnicas,1984. p.473 2. ed. DORNELES, João Ricardo W. O que são direitos humanos. São Paulo: Brasiliense, 1989. 229 p. LAFER, Celso. Os direitos humanos como construção da igualdade: a cidadania como o direito a ter direitos. In: A reconstrução dos direitos humanos: um diálo- go com Hannah Arendt. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 147-166 LIBERATI, Wilson Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adoles- cente. 3. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1995. SILVA PEREIRA, Tânia da. Direito da criança e do adolescente: uma proposta interdisciplinar. Rio de Janeiro: Renovar,1996. 720p. SIMONETTI, Cecília et alli (orgs). Do Avesso ao Direito: da situação irregular à proteção integral da infância na América Latina. São Paulo: Malheiros Editores, 1994. 392p.
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