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MIRIÃ ORTEGA . 1 BBPM III BIOQUÍMICA Metabolismo de lipídios • Com 7 dias após o nascimento, a glicólise e a oxidação de lactato diminuem a níveis semelhantes aos do coração adulto, e o metabolismo predominante passa a ser a beta-oxidação de ácidos graxos, que são o substrato preferencial dos cardiomiócitos para a geração de energia na vida adulta • Essa alteração de preferencia do substrato energético e no perfil do metabolismo energético é acompanhada por alterações na expressão gênica de proteínas, com hipo-expressão de enzimas glicolíticas e hiper-expressão de enzimas do ciclo do ácido tricarboxílico e da beta-oxidação • Biogênese mitocondrial → aumento da capacidade oxidativa de células cardíacas • O metabolismo cardíaco requer níveis elevados de ATP Produz e consome de 3,5 a 5kg de ATP diariamente • ATP cardíaco: 98% por processos oxidativos; 2% por glicólise anaeróbia PLASTICIDADE DO CORAÇÃO • PLASTICIDADE METABÓLICA DO CORAÇÃO: quando o órgão usa substratos alternativos Em jejum prolongado, o coração tem ajuda do fígado: o fígado sintetiza CORPOS CETÔNICOS • CORPOS CETÔNICOS: acetoacetato, beta-hidroxibutirano, acetona (volátil, então não tem um papel primordial) -As moléculas de acetil-CoA geradas pela beta-oxidação no fígado pode ser desninhadas para a manutenção do ciclo do ácido cítrico -Alguns níveis de acetil-CoA são direcionadas para a síntese de corpos cetônicos → outra rota chamada de cetogênese -O fígado só produz esses corpos cetônicos, porem não consegue utiliza-los → coração, musculo liso, cérebro • Beta-hidróxibutirado → gera acetil-CoA e liberação de NADH2 → usado no ciclo de Krebs MIRIÃ ORTEGA . 2 BBPM III BIOQUÍMICA DISTURBIOS RELACIONADOS OU ERROS INATOS DO METABOLISMO • Uma das mais frequentes causas de óbito no primeiro ano de vida • Segundos estudos, de 3 a 6% das causas de morte do recém-nascido são caracterizadas como SUDI (sudden unexpectec death in infancy) em decorrência de erro inato do metabolismo (EIM) • A deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia média (MCAD), um defeito de beta-oxidação de ácidos graxos, parece ser o principal EIM associado a SUDI • Muitos erros inatos do metabolismo são tratáveis, e seu diagnóstico e tratamento precoces poderiam prevenis a ocorrência de SUDI SOBRE EIM • São enfermidades relativamente raras individualmente • Representa uma vasta, diversa e heterogênea coleção de condições genéticas que são uma causa significante de morbidade e mortalidade, principalmente na infância • A maioria dos EIM é causada por deficiências enzimáticas ou defeitos em proteínas de transporte • Os sintomas são variados e a gravidade depende da rota metabólica afetada bem como do metabólito acumulado • Atualmente são conhecidos aproximadamente 1000 EIM, com uma incidência total estimada em 1:800 CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DOS ERROS INATOS DO METABOLISMOS ♦ GRUPO 1: Distúrbios que afetam o metabolismo intermediário de pequenas moléculas ♦ GRUPO 2: Distúrbios que envolvem o metabolismo energético -Defeitos mitocondriais são os mais graves e geralmente sem tratamento → defeitos em enzimas que cooperam com a rota da beta-oxidação ♦ GRUPO 3: Distúrbios envolvendo moléculas complexas SINTOMAS QUE PÇODEM INDICAR UM DISTÚRBIO METABÓLICO • METABOLISMO DE ÁCIDOS GRAXOS I. Doenças mitocondriais de beta-oxidação de ácidos graxos: está entre os distúrbios mais comuns -A MCAD é a principal II. Deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia muito longa – VLCAD III. Deficiência de acil-CoA desidrogenase de cadeia média – MCAD IV. Múltiplas deficiências de acil-CoA desidrogenases V. Deficiência da desidrogenase de 3-hidroxi- acilCoA de cadeia longa VI. Doenças de transporte da carnitina e do ciclo da carnitina VII. Deficiência do transporte da carnitina VIII. Deficiência da carnitina palmitoiltransferase I IX. Deficiência da carnitina-acilcarnitina translocase X. Deficiência da carnitina palmitoiltransferase II MIRIÃ ORTEGA . 3 BBPM III BIOQUÍMICA • A MCAD → essa deficiência se dá devido a uma herança autossômica recessiva → mutação em que a substituição da lisina por ácido glutâmico -é uma doença mitocondrial de beta-oxidação de ácidos graxos -Esse defeito pode promover um bloqueio total da rota metabólica (beta0oxidação) → tem como consequência o acúmulo de acil-CoA graxo e um déficit nos produtos (acetil-CoA e as coenzimas que movimentam o ciclo de Krebs e a cadeia transportadora) → gera uma lipotoxicidade que afeta tanto a integridade quanto a função dos órgãos -Os pacientes afetados por essa deficiência geralmente são assintomáticos e os sintomas são precipitados por períodos de jejum ou de outras formas de estresse metabólico, usualmente associados a infecções virais ou bacterianas -Responsável por 5% dos casos de morte súbita em neonatos -RESUMINDO: há uma disfunção mitocondrial nessa doença que resulta no bloqueio da oxidação de ácidos graxos -Essa lipotoxicidade diminui a liponeogênese sobretudo hepática, que é responsável por 90% dessa rota para manutenção da glicemia; além de diminuir a velocidade do ciclo do ácido cítrico A enzima MCAD bloqueia uma importante via da beta-oxidação que gera, de uma forma sistêmica, uma lipotoxicidade A LIPOTOXICIDADE – EXCESSO DE ÁCIDOS GRAXOS LIVRES Acúmulo de ácidos graxos livres → quadro de citocinas pró-inflamatorias instalado; além de promover uma alteração no receptor tirosona quinase → alteração conformacional que resulta na resistência periférica a insulina → causa a resistência a insulina -Os ácidos graxos livres não passam pela beta-oxidação -Esse defeito gera a DESCOMPENSAÇÃO METABÓLICA AGUDA: ocorre uma sobrecarga metabólica do fígado, que acaba não suprindo o organismo -Em condições de jejum onde ocorra o estresse metabólico: a via alternativa é a síntese de corpos cetônicos pelo fígado → aciona a rota de beta-oxidação PQ A MCAD DIMINUI A SÍNTESE DE CORPOS CETÔNICOS: pois a MCAD é a primeira enzima da rota cíclica da beta- oxidação e, em sua ausência há o acumulo dos acil-CoA graxo e consequentemente não haverá o encurtamento da cadeia e nem a liberação de acetil-CoA → comprometimento da via alternativa de produção de corpos cetônicos O fígado procura compensar não so a glicemia, mas o aporte energético de outros tecidos e órgãos → a inativação MIRIÃ ORTEGA . 4 BBPM III BIOQUÍMICA das duas rotas há uma hipoglicemia hipocetótica -Há também a redução da ureagênese → hiperamonemia -Essas três condições metabólicas gera um risco de dano neurológico, culminando para uma encefalopatia hepática • DEFICIÊNCIA DA L-CARNITINA -As causas de deficiência de carnitina compreendem: a) Ingestão inadequada (dietas da mota, falta de acesso, nutrição parenteral ao longo do prazo) b) Incapacidade de metabolizar a carnitina em razão de deficiências enzimáticas (deficiência de carnitina palmitoiltransferase) c) Diminuição da síntese endógena de carnitina decorrente de disfunção grave do fígado d) Perda excessiva de carnitina decorrente de diarreia, diurese e hemodiálise e) Distúrbio hereditário em que a carnitina extravasa dos túbulos renais f) Aumento das necessidades de carnitina em estado de cetose e alta demanda de oxidação de gordura (durante doenças críticas como a sepse ou queimaduras extensas. Após grande cirurgia do trato gastrointestinal) g) Níveis musculares de carnitina reduzidos por conta de dano mitocondrial (por exemplo devido ao uso de zidovudina) h) Uso de valproato -A carnitina tem relação com a beta-oxidação na mitocondria -é uma molécula organica derivada de metionina e lisina → obtida em 75% dos casos por dieta e também por biossíntese endogena (rins e fígado 25%) • CT: transportador de carnitida → crucial pra internalização da carnitina • CPT I: carnitinapalmitoil transferase I → CAT 1 → essa enzima transfere a carnitina disponível na célula para a molécula de LC-A carnitina → esse complexo é reconhecido pela CACT • CACT: enzima acilcarnitina translocase: está ancorada na membrana mitocondrial interna → internaliza para a matriz o complexo, onde entra em ação CAP 2 • CPT II: carnitina palmitoil transferase II → recicla a carnitina (liberação) e marca o LC-A com a coenzima A → chamado de acil-CoA graxo que, então, é o substrato para a beta- oxidação MIRIÃ ORTEGA . 5 BBPM III BIOQUÍMICA OS DEFEITOS NO CICLO DA CARNITINA: -Recém nascidos Japão, Austrália e EUA • SINTOMAS: perda de apetite, hepatomegalia, irritáveis, letárgicas, gastroenterites, infecção do trato respiratório, hipoglicemia, com teor reduzido de corpos cetônicos na urina, hiperamonemia – coma e morte • TRATAMENTO: suplementação de carnitina: Melhora do peso corporal -Esteatose hepática reduzida -Redução de AGL após carga de glicose -Estímulo da biogênese mitocondrial e oxidação de AG -L-carnitina parece reduzir a gravidade da descompensação metabólica – liga-se aos metabólitos tóxicos acumulados = excreção • FORMULA METABÓLICA CARDÍACA: Cápsulas – 1 CP VO 2X dia -Magnésioa Glicil Glut – 200mg -Coenzima Q10 – 200mg -L-carnitina – 500mg -Resveratol – 0,5mg • Principais achados neuropatológicos dos pacientes com deficiência de MCAD: microcefalia, edema cerebral e anomalias no lobo frontal -Em muitos casos ocorre acúmulo microvesicular de lipídeos no fígado, similar ao acúmulo observado em pacientes com síndrome de Reye. -Também pode ocorrer rabdomiólise, acúmulo microvesicular de lipídeos entre as miofibrilas e de glicogênio detectados por biópsia muscular • REPERCUSSÃO METABÓLICA: a maioria das doenças de beta-oxidação de ácidos graxos impedem o uso de gordura ou proteína como fonte alternativa durante períodos de jejum e/ou períodos de aumento de demanda metabólica -São sintomas de doenças metabólicas ocultas: hipoglicemia e acidose metabólica
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