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FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 1 FARMACOLOGIA APLICADA 3o semestre Vitor Enrique Bini AULA 1 PRINCÍPIOS GERAIS DA FARMACOLOGIA Ciência que estuda a interação entre uma substância química e um organismo vivo ou sistema biológico, resultando em um efeito maléfico (tóxico) ou na maioria das vezes benéfico (medicamento). DROGA É toda substância capaz de alterar uma função fisiológica. É o composto biologicamente ativo. Podem estar presentes em: medicamentos; componentes de alimentos; bebidas e cigarros; cosméticos... **Toda droga é um fármaco, mas nem todo fármaco é uma droga (tóxicos). Quais os limites da farmacologia como disciplina? A farmacologia como disciplina não inclui a preparação e a dispensação de drogas. A farmacologia preocupa-se com o efeito das drogas nos sistemas vivos ou nos seus componentes tais como células, membranas e enzimas. Como resultado, sua abrangência inclui desde a compreensão da interação molecular das drogas, até o efeito. • FÁRMACOS São substâncias que produzem efeitos preferencialmente benéficos ao organismo, diferente da ação dos alimentos. Exemplo botox ou outra aplicação estética. • REMÉDIO É toda substância, não necessariamente uma droga. Pode ser um recurso ou medida capaz de curar, prevenir uma enfermidade. Pode ser um método como acumpultura, fisioterapia. • MEDICAMENTO É toda substância capaz de curar, prevenir ou diagnosticar uma enfermidade, com uma série de regras e testes para comprovar sua eficácia. Exemplo: contraste para exame. • TÓXICO (veneno) É a substância química que ingerida ou aplicada externamente, e que sendo absorvida, determina a morte do indivíduo, ou coloca sua vida em risco. • POSOLOGIA Estuda a dosagem dos medicamentos, e a frequência com que estes devem ser administrados. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 2 Formas farmacêuticas • Maneira como as drogas se apresentam para uso; • De acordo com a forma farmacêutica, têm-se a via de administração. COMPONENTES DE UMA FÓRMULA (uma fórmula deve ter no mínimo 4) • Princípio ativo: responsável pelos efeitos; • Coadjuvante: potencializa/auxilia o princípio ativo; • Corretivo: torna a droga mais atraente. Tira o gosto amargo, por exemplo; • Veículo ou excipiente: torna a droga farmacotécnica viável. Usado por exemplo para passar pelo estômago. Ex.: cápsulas. AULA 2 FARMACOCINÉTICA VIAS DE ADMINISTRAÇÃO >>> CLASSIFICAÇÃO PRESCRIÇÃO • uso interno (engolir, sublingual. Somente via oral) - enteral • uso externo (aplicação) - parenteral MODO DE ATUAÇÃO DA DROGA • sistêmica: corrente sanguínea • tópica: local de aplicação QUANTO À NECESSIDADE DE ABSORÇÃO • Enteral: contato com o trato gastro-intestinal: oral, bucal (bochecho, atuação tópica, local), sublingual. • Parenteral: EV (IV) (intra venosa), IM (intra muscular), SC (sub cutânea), intra-arterial, conjuntival, intra tecal, etc. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA DROGA • Ph { ácido (absorvido em local preferencialmente ácido, estômago) { básico (absorvido preferencialmente em local básico, no intestino) **PH oral e retal não influenciam a absorção. ** Todas as drogas possuem veículo. • Aspecto químico {lipossolúvel (não ionizada, apolar, estável quimicamente) Pode ser administrada via oral, porque a célula é formada na sua maior parte por lipídios. {hidrossolúvel (ionizada, polarizada, instável, reativa quimicamente) **Não pode administrar via oral pois não haverá absorção. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 3 **O PH é importante somente pelo local de absorção. PH somente importa em absorção no estômago e intestino. • Aspecto físico {sólido: pó, comprimidos, drágeas, cápsulas (veículo) {gel: supositório • Líquido {aquoso {oleosa **Veículo oleoso não deve ser utilizado por via intravenosa nunca. Somente aquoso, porém pode ser administrado por outra via como a intramuscular, ex.: benzetacil. O ato da droga transpor o estômago ou intestino chama-se absorção. ESTÔMAGO Epitélio Tecido conjuntivo Circulação Geral FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 4 AULA 3 FARMACOCINÉTICA (CONTINUAÇÃO) Revisão rápida: As vias podem ser de uso tópico e sistêmico. Sistêmico tem que cair na circulação para agir no corpo todo. Tópico só atua no local aplicado. A drágea demora mais que a cápsula para ser absorvida. Gel é mais rápido que comprimido e líquido é mais rápido que o gel. Na enteral deve ser lipossolúvel. Oleoso não pode administrar na corrente sanguínea. Na parenteral só o veículo que importa. Na enteral é obrigatório ser lipossolúvel. A via sublingual é a via emergencial pois absorve mais rápido. A absorção é mais rápida, porém a porção absorvida é muito baixa pois a maior parte acaba sendo engolida. ABSORÇÃO DE DROGAS Capacidade de a droga transpor a mucosa do trato gastrointestinal, alcançar a circulação sistêmica, por meio de mecanismos de transporte passivo de substâncias. Única via considerada de uso interno: oral, todas as outras vias uso externo. Â absorção é a primeira etapa da farmacocinética Fatores que influenciam a absorção • Lipossolubilidade; • A absorção ocorre exclusivamente em vias enterais; Nas parenterais cai direto na circulação sistêmica, ou seja, não há absorção. • pH do local de absorção; • Espessura da mucosa (a espessura da mucosa influencia na velocidade de absorção. Quanto mais fina, mais rápido); • Irrigação local; • Superfície absortiva; Quanto maior a superfície maior a absorção. Não confundir maior superfície com superfície mais grossa. Maior superfície quer dizer maior contato para absorção. • Condições locais (alimentos, patologicos, etc); • Estado físico da droga. METABOLISMO HEPÁTICO DE 1a PASSAGEM ABSORÇÃO X BIODISPONIBILIDADE VIA HORAL X VIA SUBLINGUAL X VIA RETAL X FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 5 Antes da droga chegar na circulação sistêmica ocorre o Metabolismo Hepático de 1a passagem. O fígado entende que toda droga faz mal e tenta combatê-la. O fígado faz então a droga perder uma parcela, pois o metabolismo hepático a combate. O restante da droga que sobra se chama taxa de biodisponibilidade.A pior perda da biodisponibilidade é pela via retal, podendo chegar até a 50%, devido às irregularidade do sistema retal. A menor perda é pela via sublingual, pois cai direto na circulação sistêmica, sem precisar ser absorvida, pois não sofre metabolismo hepático de 1a passagem. Quanto maior a superfície absortiva, maior a velocidade de absorção (superfície maior e não mais grossa). Quando possui inflamação no local a absorção será mais rápida pois a espessura do tecido vai ser mais fina. As condições locais influenciam, pois se o remédio é ácido, por exemplo, é preferível que se tome após uma pequena refeição, pois após a pequena refeição o estômago está mais ácido. Por isso existem as drogas que devem ser tomadas em jejum e outras só após refeição. O pH então influencia. Se o pH for ácido a absorção deve ser no estômago, se for básico deve ser no intestino. Circulação Sistêmica FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 6 AULA 4 FARMACOCINÉTICA (CONTINUAÇÃO 2) DISTRIBUIÇÃO DAS DROGAS FATORES ASSOCIADOS • Afinidade da droga à proteínas plasmáticas – albumina • Irrigação tecidual; • Biodisponibilidade (quantidade de droga que caiu no sangue e gerou efeito); • Metabolismo hepático de 1a passagem – ocorre somente em vias enterais, com excessão da sublingual. DESTINOS DA DISTRIBUIÇÃO • Tecido susceptível (tecido alvo): local onde a droga biodisponível livre é metabolizada e gera o efeito principal; • Tecido ativo (local onde a droga atua e gera efeitos, porém não é o local alvo susceptível): local onde a droga biodisponível livre é metabolizada e gera efeitos secundário e adverso; Gera os efeitos colaterais. • Tecido emunctório (a droga vai para esse local, não gera efeito e é eliminada): local onde a droga é eliminada antes de ser metabolizada; • Tecido indiferente (tecido reservatório. Pode se ligar a gordura ou aos ossos. É armazenada para ser usada depois): local onde a droga é armazenada. **quando a droga livre vai perdendo efeito, a droga ligada a albumina vai desligando para se tornar novamente droga livre. Quando acabar a livre e a ligada, a droga no tecido indiferente armazenada volta ao sangue. Nesse caso o medicamento vai gerar 3 doses de efeito pois passou 3 períodos distintos. O mesmo ocorreu para o efeito colateral (tecido ativo). LIGAÇÃO À PROTEÍNAS • Droga ativa: droga livre (droga que pode ser livremente metabolizada) A droga livre pode ir para o tecido susceptível, tecido ativo, tecido indiferente ou tecido emunctório. • Droga inativa: droga ligada (droga ligada à albumina. Estando ligada à albumina, a droga não pode ser metabolizada). **Se tem mais afinidade à albumina demora mais para começar a fazer o efeito, porém a meia vida será maior pois irá liberar a droga ligada a albumina aos poucos. Ou seja, quanto mais droga ligada a albumina, mais lentamente essa droga será liberada para ser livre, consequentemente isso acarretará num maior tempo de atuação da droga. Para efeito emergencial a afinidade tem que ser menor da droga, pois ela deve ser livre de uma vez para fazer efeito. Para drogas não emergenciais pode ser com maior afinidade. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 7 AULA 5 FARMACOCINÉTICA (CONTINUAÇÃO 3) METABOLISMO OU BIOTRANSFORMAÇÃO • Gerar os efeitos principais (susceptível), secundários e adversos (ativo) da droga; • Tornar a droga passível de ser excretada – ionizada ou parcialmente ionizada. **Enquanto a droga não fica ionizada, ela não é eliminada do corpo. REAÇÕES DO METABOLISMO Todas as drogas sofrem reações, de fase 1 ou 2. A droga não pode sofrer uma das fases sem a presença da enzima citocromo P-450 hepático. Ou seja, para que a droga seja metabolizada, a mesma deve se ligar a uma enzima catalizadora, a qual cataliza as reações fase 1 e 2. Esse processo serve para transformar a droga não ionizada em ionizada ou parcialmente ionizada. • Reações de fase 1 ou funcionalização = a droga pode sofrer hidrólise, oxidação ou redução. Hidrólise é a perda de água; oxidação é o ganho oxigênio; redução é a perda de oxigênio. Se uma droga é totalmente não ionizada (lipossolúvel) e passa por essa fase, ela fica parcialmente ionizada. Então para se tornar ionizada ela pode passar várias vezes novamente nessa fase 1; Ou passar para a fase 2, onde irá se ligar a uma molécula mais pesada e ser eliminada. Na fase 1 a via é enteral pois a droga está mais lipossolúvel, ou seja, não ionizada. Tecido Susceptível Tecido Ativo Tecido Indiferente Tecido Emunctório FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 8 Ex.: H H – C – H H • Reações de fase 2 ou conjugação: associação a uma substância plasmática de alto peso molecular e polarizada. Uma droga injetável é parcialmente ionizadas (hidrossolúvel). A droga que está parcialmente ionizada se liga a uma molécula mais pesada e é eliminada. Se ela passa direto pela fase 2 é de se supor que ela possui um “pequeno braço” ionizado para poder se ligar à molécula maior para ser eliminada. Quando passa na fase 2 a droga está parcialmente ionizada e deve ser utilizada via parenteral Injetada) pois a absorção nos tecidos estará prejudicada por conta da diminuição da lipossolubilidade. Porém a droga deve estar nessa forma logo na aplicação. Ex: H H - C - (braço de uma molécula parcialmente ionizada. Esse braço pode se ligar a H uma molécula mais pesada para ser excretada). A droga pode passar diretamente para a fase 2 sem necessariamente passar pela 1 primeiro. Se passar primeiro pela fase 2, sem antes passar pela fase 1, quer dizer que a droga era parcialmente ionizada (parcialmente hidrossolúvel), e se é parcialmente ionizada tem que ser por via parenteral. As drogas por via enteral podem ser tanto totalmente não ionizadas quanto parcialmente ionizadas. As lipossolúveis sempre tem que passar pela fase um (pode passar várias vezes) e depois passar pela 2, ou pode só passar pela fase um. Reações catalisadas pelo citocromo P-450 hepático. AULA 6 Correção de provas. AULA 7 EXCREÇÃO DAS DROGAS Após a ionização das drogas pelas reações de fase 1 e 2 do metabolismo, os metabólitos formados são eliminados pelo organismo. • Este mecanismo visa eliminar principalmente metabólitos inativos e altamente polares. • Vias de eliminação (metabólitos ativos): leite, suor, saliva, cabelo, etc. Utilizado em odontologia forense. • Vias de excreção: renal (principal) e pelas fezes. **Eliminação é quando a droga é eliminada antes de ser metabolizada, ou seja, é eliminada a droga pura/bruta. Excreção é quando a droga é excretada após passar por metabolismo. 99% das drogas é excretada pelos rins após ser metabolizada. O rim pode eliminar também droga não metabolizada, mas predomina a excreção metabolizada. Tecido emunctório é um dos locais onde a droga é eliminada antes de ser metabolizada. FA R M A C O LO G IAV it o r En ri q u e B in i 9 EXCREÇÃO RENAL 1) Filtração glomerular: baseia-se no peso molecular do metabólito. 2) Secreção tubular ativa: por meio de canais de transporte de substâncias de alto peso molecular. 3) Reabsorção tubular passiva: por meio de difusão simples para um gradiente de menor concentração. INFLUÊNCIA DO ALIMENTO NA EXCREÇÃO RENAL Filtração glomerular Primeira etapa da formação da urina Alimentação ácida -> diminui o pH da urina -> aumenta a reabsorção de metabólitos ácidos -> aumenta a excreção de metabólitos básicos. Túbulo Renal Sequência de excreção das drogas: 1) Ionizada de alto peso molecular 2) Ionizada de baixo peso molecular 3) Não ionizadas com alto peso molecular 4) Não ionizadas com baixo peso molecular Caso 1 - O pH está básico e tomei Aspirina (ácida) e Tetrex (básica). Como está muito básico o pH do túbulo renal, eu tenho que estabilizar o pH, nesse caso o Tetrex vai voltar ao sangue e a parte ácida vai ser elimina no túbulo renal, aumentando a meia vida plasmática do Tetrex. Caso 2 - O pH está ácido e tomei Aspirina (ácida) e Tetrex (básica). Como está muito ácido o pH no túbulo renal eu tenho que estabilizar o pH, então a aspirina (ácida) vai voltar ao sangue aumentando a meia vida plasmática da aspirina. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 10 AULA 8 FARMACODINÂMICA Farmacodinâmica é tudo que a droga faz no organismo. INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA 1) Interação medicamento x medicamento Duas ou mais drogas podem ou não interagir. a) ANTAGONISMO: duas ou mais drogas interagem e uma inibe o efeito da outra. b) POTENCIAÇÃO: duas ou mais drogas e uma estimula o efeito da outra. c) EFEITO ADITIVO: duas ou mais drogas de efeitos similares (drogas com mesmo efeito) somam seus efeitos. d) NOVO EFEITO DA DROGA: duas ou mais drogas se interagem gerando uma substância com efeito diferente das demais. No final é gerado um efeito nem de A e nem de B, mas sim de C, ou seja, como se fosse uma outra droga. 2) Interação medicamento x alimento O alimento pode influenciar tanto a absorção quanto o metabolismo. A interação mais importante é a interação do alimento na absorção. a) Quanto a quantidade de alimento: • Grande quantidade: barreira mecânica = dificulta a absorção. Se tiver muito alimento no estômago poderá levar à dificuldade de absorção, pois cria uma barreira mecânica. • Pequena quantidade: estimula a produção de suco gástrico – favorece a absorção de drogas ácidas e dificulta drogas básicas (exceção – alimentos lipídicos – apesar de estimular o ácido gástrico, também estimulam a bile, o que favorece a absorção das drogas básicas no intestino). A pequena quantidade de alimento influencia dependendo do medicamento. Drogas ácidas: analgésico de ação periférica, antinflamatórios não–hormonais e penicilinas Existe um alimento que não é contra-indicado para medicamento básico, que é o lipídio, ou seja, o medicamento pode ser melhor absorvido quando se come gordura (mas isso só na teoria, na prática não se aplica). b) Quanto a natureza do alimento (influencia o metabolismo da droga) • Aminoácidos: estimulam a produção de citocromo P-450 – estimula o metabolismo das drogas. Acelera o metabolismo das drogas e diminui a meia vida plasmática da droga. • Ácidos graxos e carboidratos: inibem a produção de citocromo P-450? Retardam o metabolismo da droga e aumenta sua meia vida plasmática. 3) Interação medicamento x poluentes • Indução enzimática: hidrocarbonetos da fumaça estimulam a produção de citocromo P- 450 – acelerando o metabolismo das drogas. O remédio ainda é capaz de sofrer influência de fumaça e outros poluentes. Alguns hidrocarbonetos estimulam a produção do citocromo P-450, aumentando o metabolismo da droga, diminuição da meia vida plasmática e aumentando seus efeitos colaterais. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 11 AULA 9 INTERAÇÃO MEDICAMENTOSA 1) Medicamento x Medicamento 2) Medicamento x Alimento 3) Medicamento x Poluente 4) Medicamento x Etanol Sempre que administrar muitos medicamentos eles podem interagir (não necessariamente irão interagir todas as vezes).E quando interagem temos 4 formas de interação. **Exemplo antagonista: antibiótico bacteriostático e antibiótico bactericida. Se um impede a proliferação/multiplicação, como que o bactericida vai matar? Então o bacteriostático antagonizou o bactericida. **Se for dois bactericidas vai ser efeito aditivo. Já na potenciação. **O alimento altera a absorção ou o metabolismo. O mais importante é quando interfere na absorção. Grandes quantidades de alimentos alteram a absorção, dificultando. Já a pequena refeição pode favorecer (acida) ou dificultar (básica) a absorção. Aminoácidos estimulam o citocromo. Os ácidos graxos e carboidratos inibem a produção de citocromo P450. A) INTERAÇÃO FARMACOCINÉTICA • Etanol - aumento do suco gástrico. • Diminuição do pH – favorece drogas ácidas e dificulta as básicas. O álcool vai alterar a absorção da droga. O álcool estimula a liberação de suco gástrico, favorecendo a absorção de drogas ácidas e prejudicando as básicas. O álcool com antibiótico não é que corta o efeito, o que acontece é que ele pode prejudicar ou estimular a absorção. B) INTERAÇÃO FARMACODINÂMICA • Antagonismo, potenciação e efeito aditivo com drogas que atuam no SNC. • Novo efeito da droga com o Metronidazol e com o Dissulfiran. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 12 FARMACOLOGIA APLICADA 4o semestre Vitor Enrique Bini AULA 1 ANALGÉSICOS DE AÇÃO PERIFÉRICA Se utiliza analgésicos por 48 a 72 horas, pois a inflamação aguda dura em torno de 48 a 72 horas. Não empregados no pré-operatório. ANALGÉSICOS { Central ou Opióide de ação periférica [Comentário do professor]: Um analgésico combate/tira a dor instalada. Algumas drogas possuem função analgésica secundária, como bebidas alcóolicas. Dois grupos combatem de forma primária: central ou periférico. O central tem poder analgésico maior, mas são os menos usados. Usa-se mais os periféricos devido ao maior custo- benefício pois os periféricos já são capazes de sanar as dores com menos efeitos colaterais. A principal dor odontogênica é a inflamação. 1) Salicilatos: Acão periférica. Inibição de COX2. Ex.: aspirina – 500mg 4/4 hs. - Ação antinflamatória/antitérmica. - Causam efeitos colaterais como: alterações gástricas, intestinais, renais, cardiovasculares, respiratórios, síndrome de Reye, etc. - Dosagem: 500 mg de 4 em 4 horas por 48 horas. - Não se utiliza em grávidas, pacientes com problemas hemáticos, ou com problemas de gastrite. Deve-se evitar também o uso em crianças. [Comentário do professor]: Aspirina atua em COX-1 também. A COX-1 protege estômago, intestino e rins, por isso causa efeitos colaterais gástricos, intestinais e renais. COX-1 é fisiológico. Quanto mais uma droga agir em COX- 1, pior. São os analgésicos que mais provocam efeitos colaterais. 2) Paraaminofenol:Ação periférica. Ex.: paracetamol – Tylenol 500 mg 4/4 hs. - Sem atividade antinflamatória. - Inibição de COX-3. - Efeitos colaterais: alterações hepáticas. - Dosagem: 500/750mg de 4 em 4 horas por 48 horas. - Risco de superdosagem é maior quando administrado com álcool. Então o alcoolismo se torna uma contra-indicação. [Comentário do professor]: Inibe o COX-3. É considerado o analgésico menos agressivo. Pode causar alergia e é hepatotóxico (mais que os outros dois analgésicos). FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 13 3) Piralozona: Ex.: dipirona – Novalgina / Anador 500mg 4/4 hs. - Ação analgésica e antitérmica. - Inativação dos nociceptores. - Efeitos colaterais: aplasia medular X agranulocitose. - Dosagem: 500/750mg de 4 em 4 horas por 48 horas. - Abolido em muitos países. - Precaução nos casos de amigdalite, pois ela pode mascarar os sintomas de Agranolocitose. - Evitar uso nos primeiros 3 meses de vida e nas últimas 6 semanas de gestação. Fora dessa época de gestação só se administra em casos de extrema necessidade. - Evitar uso em idosos. [Comentário do professor]: Dipirona mata. Ela é abolida dos EUA e alguns países da Europa. De 0,8 a 23% de quem toma de forma crônica (acima de 4g diária por semana) dipirona desenvolve aplasia medular ou agranulocitose. A dipirona se prescreve para problema agudo, para resolver logo. [Comentário do professor]: Sem prostaglandina não há como a pessoa sentir dor. A prostaglandina também é vaso dilatador, porém ela ativa a terminação para poder ativar o impulso elétrico de dor. Porém, para a dor se desencadear, precisa-se de mais um mediador químico, sendo a prostaglandina o obrigatório para haver a dor, que deve ser associada com outro mediador químico. Deve haver também a COX-3 para poder interpretar o impulso de dor feito da associação da prostaglandina que ativa a sensibilização do impulso, sendo associada com a histamina (mastócitos), bradicinina (vem das plaquetas) ou cerotonina (células endoteliais da parede do vaso). Ou seja, a prostaglandina ativa a sensibilização, enquanto os outros mediadores químicos atuam sobre essa sensibilização. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 14 [Comentário do professor]: Alguns mecanismos para atuar na inibição da dor: • Inibir a COX-3; • Drogas para deprimir a terminação nervosa periférica; • Inibir COX-2: não haverá formação de endoperióxidos, não havendo impulso elétrico. Ex: aspirina. Porém combatendo a COX-2 pode combater a ação de combate do organismo, ele é anti-inflamatório, inibindo a vasodilatação, não deixando haver exsudato. Isso pode ser bom ou ruim pois não é só analgésico. • Inibidor o ácido aracdônico inibindo a fosfolipase A. Isso é um corticosteroide, o analgésico mais potente, pois inibe o processo de inflamação no início do processo. [Comentário do professor]: Só existem 3 tipos de inibição periférica. O que muda é o nome. De forma grosseira existem apenas 3 tipos de medicamentos. Qual o melhor para combater a dor (mais potente)? Na teoria os 3 são eficientes. A prostaciclina atua na musculatura lisa, contração cardíaca, contração dos vasos sanguíneos,... O tromboxano atua/ativa as plaquetas, atua na coagulação sanguínea. Combate a hemorragia. Se não há tromboxano não combate a hemorragia. Não se dá Aspirina para criança pois a síndrome de Reye está relacionada à associação de aspirina com virose. Os 3 tipos de analgésico podem ser combinados e somar os efeitos, porém geram muitos efeitos colaterais. AULA 2 ANTINFLAMATÓRIOS Inibem COX 2 e seus efeitos indesejados se dão pela inibição de COX 1. [Comentário do professor]: O objetivo dos antinflamatórios não é combater a dor, porém todo antinflamatório é analgésico, mais potente que os próprios analgésicos. Então por que não se receita no lugar de analgésicos? Porque retarda a cicatrização e prejudica a defesa do organismo. [Comentário do professor]: A função do antinflamatório para os dentistas é a prevenção de edema intenso que leve à perda de função. O ideal é prescrever o antinflamatório antes do procedimento. Dependendo do tipo de procedimento deve-se receitar também, após o procedimento, o antinflamatório. *Hormonal = corticosteróides *Não hormonal = AINES (Antinflamatórios Não Esteróides) – devem ser evitados na gravidez. FUNÇÃO DOS ANTINFLAMAÓTIOS • Prevenção de edema intenso. Não combate o edema, apenas previne. O edema evolui por 48 a 78 horas. • Combate a dor intensa (não responsiva aos analgésicos periféricos) • Retardam a reparação favorecendo a intercorrências. “Os AINES estão indicados como medicação pré e pós-operatória nas intervenções odontológicas onde há expectativa de resposta inflamatória de maior intensidade, com o objetivo de se prevenir a dor e o edema excessivos, e também nos casos de quadro inflamatório agudo já instalado. A FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 15 duração do tratamento com estes medicamentos deve ser estabelecida por um período máximo de 48hs; a prescrição dos AINES de forma crônica (por 4 a 5 dias ou mais) não tem base científica.” [Comentário do professor]: Antinflamatórios não devem ser indicados quando o paciente sentir apenas dor. Nesse caso se usa analgésico. Os antinflamatórios devem ser evitados em pacientes com cirrose hepática ou insuficiência cardíaca. CLASSIFICAÇÃO DOS ANTINFLAMATÓRIOS • Específico – atua em apenas um “alvo” como por exemplo atuando no COX-2. São os melhores para prevenir dor e tumores. Ex.: Celebra 200mg 12/12hs / Viox 25mg 24/24hs. • Seletivos – atuam em mais de um “alvo”, dividindo sua ação, atuando preferencialmente em COX-2. São bons para prevenir tumores (não mais que os específicos). São baratos e são cômodos. Ex.: Scaflam 100mg 12/12hs. • Não seletivos – são os piores, atuando em COX-1 e COX-2, sendo os melhores para causar efeitos colaterais. São os piores para prevenir tumor e são menos cômodos, não sendo mais baratos também. Ex.: Voltaren / Cataflam 50mg 8/8hs. CONTROLE DO INCHAÇO PÓS-OPERATÓRIO • Procedimentos prolongados ou quando há grande manipulação de tecido mole – INCHAÇO; • EDEMA – parte funcional do processo de cicatrização; • Pode comprometer a cicatrização, dificultar a função, higienização e respiração. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 16 QUESTÃO: Por que a aspirina não deve ser utilizada no pós-cirúrgico? Por que inibe cox 2, consequentemente inibe tromboxano e causa hemorragia. [Comentário do professor]: Os salicilatos inibem todos os COX-2 de forma equivalente. Porém, AINES inibem 8 vezes mais prostaglandina do que prostaciclina e tromboxano. Ou seja, é 8 vezes mais potente na COX-2 que inibe a prostaglandina do que na COX-2 que inibe a prostaciclina e tromboxano. AULA 3 (Atividade em sala)PARA A PRÓXIMA AULA: Descreva como os corticosteróides a médio e longo prazo podem desencadear diabetes e hipertensão arterial. AULA 4 CORTICOSTERÓIDES • Glicocorticóide: CORTISOL – controla o metabolismo de glicose, proteínas, lipídeos, ajuda no efeito de defesa, etc. São os antinflamatórios mais eficazes, superando os AINES. Ex.: Hidrocortisona. • Mineralocorticóide: ALDESTERONA – controla o equilíbrio hidro-eletrolítico (água no corpo). • Esteróides sexuais: TESTOSTERONA – controla as características sexuais, secundárias masculinas. [Comentário do professor]: Os corticosteroides são utilizados para controle da dor e edema intensos, quando os AINES não forem suficientemente eficientes para fazer isso. CORTICOSTERÓIDE IDEAL: É aquele que tenha máxima atividade glicocorticóide e mínima atividade mineralocorticóide. [Comentário do professor]: Corticosteróide é um grupo de antinflamatório hormonal. A indicação é a mesma dos AINES, prevenir o edema. Evitar o EDEMA retarda a restauração tecidual. O edema causa perda de função estomatognática. O corticosteróide é mais potente que os AINES (até mesmo o seletivo), pois eles atuam em fosfolipase, assim não há formação de endoperióxidos e leucotrienos, ao contrário dos AINES que somente inibem COX-2. O corticosteróide é produzido no córtex adrenal ou glândula supra-renal. Então se receita uma imitação sintética do corticosteróide, já que o mesmo é produzido pelo corpo. Testosterona ajuda no controle emocional e maior grau de inteligência e facilidade de aprendizado, com isso o homem possui maior massa óssea, muscular e encefálica. O corpo produz cortisol, aldosterona e testosterona. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 17 [Retirado da apostila]: Indicações dos corticosteroides: • Pós-extração traumática (para reduzir edema); • Endodônticos – pós tratamento; • Artrite articular de ATM; • Reações alérgicas – antinflamatório e imunossupressor; • Ulcerações bucais. [Comentário do professor]: Cortisol é a “gasolina” do corpo (produz ATP). Antes de despertar a adrenal libera todo cortisol que irá utilizar no dia e conforme passa o dia o corpo vai utilizando-o. O fim do cortisol causa o cansaço físico/muscular. Cortisol: O hipotálamo pega o LDL e transforma em hormônio liberador de corticotrofina (ACTH) que vai atuar na hipófise. A hipófise também produz ACTH que ativa a adrenal que produz cortisol. Quando o pico de cortisol é atingido, inibe o hipotálamo e hipófise. O mesmo processo se aplica à testosterona. Feedback positivo noturno e negativo diurno. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 18 [Comentário do professor]: Aldosterona: o rim produz a renina que converte um carboidrato (angiotensinogênio) em angiotensina que vai para a suprarenal fazendo-a liberar a aldosterona. A aldosterona aumenta a absorção de sódio, com isso o sódio tem que ser diluído, com isso é necessário absorver água dos rins e intestino, aumentando o volume de sangue (maior volemia). Isso pode ocorrer quando há perda elevada de sangue. **Aldesterona absorve sódio do intestino. **Osmolaridade (sangue com alta concentração de sódio). **Volemia (quantidade de sangue). APLICAÇÕES CLÍNICAS DOS CORTICOSTERÓIDES • Antinflamatório: prevenção de edema – máximo 72 horas. É a principal aplicação dessa droga. • Imunodepressor: doenças autoimunes – médio e longo prazo. • Antialérgico: coadjuvante. [Comentário do professor]: Usa-se os corticosteóides como função de imunossupressor quando: for tratar doença autoimune. Deve-se fazer o “desmame” do paciente quando o uso é imunodepressor, não pode parar de tomar de uma vez, deve-se ir tirando aos poucos a droga. Isso por que o hipotálamo e a hipófise são parados durante o tratamento, então se tira o corticosteróide aos poucos para ir estimulando as glândulas a liberarem hormônio. O efeito antialérgico é utilizado pelo médico (não pelo CD). O efeito alérgico do corticosteróide é de longo prazo. Ajuda a longo prazo o anti-histamínico. EFEITOS ADVERSOS DO USO DE CORTICOSTERÓIDES. Todos associados ao uso a médio/longo prazo. - Diabetes, hipertensão, imunodepressão, síndrome de Cushing (grande absorção de sódio), etc. [Comentário do professor]: Diabetes: causado por uso a médio/longo prazo de glicocorticóide. Deprime também a imunidade. Causa aumento de glicose no sangue. Hipertensão e síndrome de Cushing: causados por uso a médio/longo prazo de mineralocorticóides. A pessoa não pode desenvolver hipertensão e diabetes por uso de mineralocorticóides, mas pode ter problemas renais de forma secundária por conta dessa diabetes, pois a mesma atinge os rins. GRUPOS - Hidrocortisona – administração 4 em 4 horas. Idêntico ao cortisol. - Prednisona, predimisolona – administração de 12 em 12 horas. Efeito 80 vezes menor que hidrocortisona em relação aos mineralocorticoides. Prednisona/Prednisolona 10mg 12/12 hs; - Dexametasona, Betametasona – administração de 36 em 36 horas. Nenhum efeito colateral. Dexametadona 12mg 36/36 hs. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 19 AULA 5 PRESCRIÇÃO MEDICAMENTOSA ASPECTOS GERAIS • Identificação do profissional (nome, endereço e CRO); • Identificação do paciente (nome); • Identificação do comprador (ATBs); • Identificação do vendedor; • Posologia e instruções; • Duas vias; • Assinatura do paciente; • Assinatura, data, local e carimbo do profissional. ITENS NÃO OBRIGATÓRIOS • CPF do profissional, titulação (ex.: ortodontista), celular, nome genérico da droga (conforme consta). • EXEMPLO DE RECEITA ESTÁ NA PÁGINA SEGUINTE [Comentário do professor]: Essa é receita para qualquer droga. Para algumas drogas é necessário a receita e a notificação de receita. Para antibióticos é necessário a identificação do comprador e do vendedor (somente para antibiótico). A receita por exemplo de antibiótico serve para comprar anti-inflamatório, mas a do anti-inflamatório não serve para comprar antibiótico. A receita deve possuir duas vias, com a assinatura do paciente e do profissional. As assinaturas são realizadas na última página. Caso coloque o nome do medicamento e na última página “vender conforme consta”, isso significa que não poderá ser vendido medicamento que não seja o solicitado, como por exemplo genérico. O R./ significa “receba”. Sempre deve-se colocar para cada droga se é uso interno ou externo e numerar 1), 2), etc. Lembrando que uso interno é por via oral. Quando sobrar espaço na página da receita faz-se um risco na folha para evitar que escrevam no espaço. Isso evita problemas futuros ao profissional, caso haja adulteração da receita. Não há valor jurídico neste espaço riscado. Identificação do comprador e vendedor só é necessário para compra de antibióticos. FA R M A C O LO G IAV it o r En ri q u e B in i 20 Dr. José da Silva CRO-GO 0001 Paciente: Maria da Silva R./ Uso Interno 1) Celebra 200mg ------------------------------VO----------------------------- 6 comprimidos Tomar 01 comprimido de 12 em 12 horas durante três dias utilizar a medicação após as refeições. Uso interno 2) Paracetamol 500mg------------------------VO----------------------------12 comprimidos Tomar 1 comprimido de 6 em 6 horas enquanto tiver dor e por no máximo 3 dias. Uso interno 3) Amoxicilina 500 mg ------------------------------------------------------- 30 comprimidos Tomar 1 comprimido de 8 em 8 horas durante 10 dias. Utilizar após as refeições. Uso externo 1) Oncilon Orabase -------------------------Tópico------------------------- 1 tubo Aplicar sobre as lesões três vezes ao dia durante 5 dias. ___________________ Assinatura do paciente Goiânia, 05/08/2016 Carimbo Assinatura do profissional Identificação do Identificação do comprador vendedor Rua 1, N 10, Centro, Goiânia – GO Fone: 2222-2222 FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 21 RELATÓRIO 1 Paciente 30 anos de idade chegou ao seu consultório para extração dos quatro 3o molares inclusos. Durante anamnese, paciente relatou ter gastrite. Após planejamento radiográfico você constatou que a cirurgia seria muito invasiva e demorada. A) Faça uma receita medicamentosa para que o paciente utilize antes da cirurgia. B) Faça uma receita medicamentosa para que o paciente utilize após a cirurgia. AULA 6 ANTIBIÓTICOS (ATBs) Infecção bacteriana instalada associada à sinais de sepse. } secreção purulenta intensa Leves/moderados } celulite/trismo } linfoadenopatia Severos } febre } taquicardia [Comentário do professor]: Profilaxia com antibiótico é para o coração e não para a boca. O antibiótico combate bactérias patogênicas. A maior parte das infecções acontecem pelo desequilíbrio das bactérias que já temos no corpo. Mas como o antibiótico sabe o tipo de bactéria combater? Ele combate as bactérias em proliferação bacteriana. Então, as que não estão se proliferando não serão atingidas. Para usar antibiótico deve haver infecção instalada, mais do que isso, deve haver septicemia. *Sepse: infecção generalizada que se espalha por todo corpo. ASPECTOS GERAIS Bactericida x Bacteriostático Aeróbio x Anaeróbio Espectro de ação: pequeno x grande Ácido x básico Associação com AINES [Comentário do professor]: Como escolher o melhor antibiótico? Bactericida mata a bactéria em proliferação/bacteriostático (azidromicina) impede a proliferação. Segundo fator importante: saber se a droga combate preferencialmente aeróbio ou anaeróbio. O anaeróbio é mais difícil de matar. Terceiro aspecto a ser observado: espectro de ação, se é pequeno ou grande. Se combate pequena variedade de bactérias ou grande variedade de bactérias. O de pequena variedade é mais específico, causando menos efeitos colaterais. Quanto maior o espectro, mais bactérias do trato intestinal são afetadas. Quanto melhor a droga, menor o espectro. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 22 A quarta característica a observar é se o antibiótico é ácido ou básico. A amoxixilina é ácida e deve ser tomada após a refeição. Se tomar com suco de laranja haverá hidrólise da droga. O último aspecto é o antibiótico associado com AINES. Pode fazer essa associação? Ou você usa uma droga para matar a bactéria ou receita um medicamento que impede o exsudato para combater as bactérias. Não faz sentido isso. Essa associação não pode ocorrer. Há uma excessão para isso, onde pode haver a associação: imagine uma infecção que está levando ao trismo. Receita-se um antibiótico para extrair o dente e depois da extração. Nesse caso, depois da extração o paciente vai sentir dor pelo trismo, então se receita um AINES, mesmo ele atrapalhando o antibiótico, pois senão haverá perda de função. Nesse caso ao invés de receitar o antibiótico por exemplo por 5 dias, prolonga-se por 8. RESISTÊNCIA BACTERIANA • Má prescrição; • Erro de orientação; • Falha na adesão do paciente: - produção de enzimas; - impermeabilidade da parede celular; - modificação dos receptores [Comentário do professor]: A forma de resistência mais comum é a bactéria produzir enzimas que destroem o antibiótico. O antibiótico penetra na bactéria e antes de chegar ao receptor ele é destruído. Outra forma de resistência é a parede média da bactéria ficar impermeável, assim o antibiótico não consegue chegar até o receptor. Outra forma é a mudança de forma do receptor da bactéria, impedindo que o antibiótico se ligue a ele. As bactérias multirresistentes possuem mais de um tipo de resistência associados. Parede média FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 23 ANTIBIÓTICOS (PARTE 2) {Cristalina {Procaína { Benzilpenicilina penicilinaG {Benzetina { Naturais {Fenoxmetalopenicilina = miraciclina 1 – Betalactâmicos { Penicilinas (ácido) { Sintéticos = amoxicilina 500mg – 8/8hs – Ampicilina 500mg – 6/6hs. . {Cafalosporina (básico) = 1a, 2a, 3a e 4a gerações = Keflex/Keflin 500mg Betalactâmicos (aeróbio, bactericida, pequeno espectro) 2- Macrolídeos {Estolato de eritromicina = Eritrex, Pantomicina, Ilisone (500mg = 6/6hs). Básico. { Azalídeo = Azitromicina = zitromax 500mg (1x ao dia por 3 dias). Básico. (aeróbio, bacteriostático, pequeno espectro, básico) *azitromicina tem espectro maior que eritromicina. Os macrolídeos são usados em substituição às penicilinas em caso de alergia às penicilinas. 3 – Lincosamina = Clindamicina = Dalacin C 300mg (8/8hs) – aeróbio, bacteriostático, amplo espectro, básico. 4 – Metronidazol = Flagyl 400mg – 8/8hs – anaeróbio, pequeno espectro, bactericida, ácido. 5 – Tetraciclina = Tetrex, vibramicina, Minociclina = anaeróbio, amplo espectro, bacteriostático, básico. Terapêutica antibiótica -----> infecções instaladas com sepse. -----> campo cirúrgico aberto (+60 minutos) [Comentário do professor]: A terapêutica antibiótica serve para tratar quando se sabe que há risco de infecção devido à previsão de campo cirúrgico aberto por muito tempo e combater infecções já instaladas. A dose é dobrada e depois deve-se continuar o tratamento por 7 a 10 dias. Profilaxia antibiótica • Imunodeprimidos; • Alterações morfológicas cardíacas; • Diabéticos/hipertensos descompensados. [Comentário do professor]: A profilaxia tem função de evitar endocardite (infecção no coração). Usa-se dose dobrada em pacientes que tem predisposição a endocardite e continua-se por 7 a 10 dias. A profilaxia é somente para esses pacientes. A profilaxia possui a mesma dose da dose terapêutica, mas a diferença é que ela serve para evitar endocardites e sepsemia. FA R M AC O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 24 SEPSE (infecção generalizada) {Celulite • Leve/moderada {Trismo {Linfoadenopatia • Severa {Febre {Taquicardia [Comentário do professor]: Existem duas indicações para uso de antibióticoterapia em odontologia: em cirurgia prolongada e em infecção instalada (sepse). Paciente com sepse a terapia se inicia 1hora antes do procedimento, e depois continua-se por 7 a 10 dias com o antibiótico. A dose é dobrada. Não é profilaxia, é terapêutica. O campo cirúrgico aberto por muito tempo, mesmo não havendo infecção, deve-se considerar que está infeccionado. Desse jeito também se usa antibiótico 1 hora antes e se continua por 7 a 10 dias após. A dose é dobrada. Não é profilaxia, é terapêutica. 80% das infecções são causadas por bactérias anaeróbias, com exceção de doença periodontal e seio maxilar. Então caso seja nessas duas regiões deve-se associar um bactericida e bacteriostático. O ideal para odontologia é de pequeno espectro, aeróbio, bactericida ou bacteriostático, ou seja, os betalactâmicos. A penicilina tem menor espectro que a cefalosporina, então a penicilina é melhor. Na teoria a penicilina natural seria melhor, já que existe sintética. Antibióticos com menor espectro possuem maior seletividade e menor efeito colateral. Por exemplo: um antibiótico de menor espectro combate 2 tipos de bactérias, já um antibiótico de maior espectro combate mais tipos de bactérias e causa maiores efeitos colaterais. A amoxicilina é de grande espectro comparado somente com as outras penicilinas, pois é sintética e não natural. Por que não se usa a natural então? Por que se usou muito e já há resistência bactericida. Cada vez que há resistência bacteriana deve-se usar um antibiótico de maior espectro. A cefalosporina não é muito utilizada na odontologia pois ela atua mais na pele. Ela possui maior espectro que as penicilinas. Os macrolídeos não podem ser associados aos betalactâmicos, pois um anula o outro. A azitromicina possui maior espectro que a eritromicina entre os macrolídeos. Lencosaminas são de tão alto espectro que matam até bactérias da flora natural do organismo que pode causar Colite Pseudomembranosa. A única droga anaeróbia que pode ser associada aos betalactâmicos é o metranidazol, pois os dois são bactericidas e os dois são ácidos. SEPSE Quanto menos grave a sepse usa-se um antibiótico de menor espectro. A sepse severa está associada a bactérias anaeróbias, nesse caso usa-se um antibiótico aeróbio e um anaeróbio. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 25 AULA 8 A IMPORTÂNCIA DA REDUÇÃO DO ESTRESSE AO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO Tópicos da aula: • Qual a influência da ansiedade na odontologia? • Como identificar o paciente estressado? • Como as drogas atuam? • Quais as vantagens e desvantagens destas drogas? • Quais pacientes podem e não podem utilizar estas drogas? • Como devem ser utilizadas? FATORES QUE GERAM ESTRESSE E SUA RELAÇÃO COM A DOR Dor = sensações somáticas + componentes psicológicos e comportamentais. • Fatores psíquicos atuam diretamente no limiar de percepção de dor (Lautch). • Auto-sugestão ou sugestão de terceiros; • Quadro psíquico: ansiedade, sobrecarga emocional e desequilíbrio provocado pela tensão. FATORES GERADORES DE ESTRESSE DURANTE O ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO O que pode gerar estresse: 1) A visão do instrumental; 2) As vibrações ou sons provocados pelas turbinas de alta-rotação; 3) Movimentos bruscos ou ríspidos do profissional; 4) Sensação inesperada de dor. [Comentário do professor]: Como se sabe que o paciente está estressado? Sinais somáticos clássicos. PACIENTES COM SINAIS DE ANSIEDADE OU MEDO • Comportamento e pela avaliação ou reconhecimento de alguns sinais físicos: - Dilatação das pupilas; - Palidez da pele; - Transpiração excessiva; - Sensação de formigamento das extremidades; - Aumento da PA ou frequência cardíaca. CONTROLE DA ANSIEDADE • Verbalização ou tranquilização verbal: primeira opção. • AGENTES FARMACOLÓGICOS: ansiolíticos, barbitúricos, neurolépticos, hidrato de cloral, anti-histamínicos e beta-bloqueadores. • Benzodiazepínicos: dentre os agentes farmacológicos, são drogas de primeira escolha no tratamento da ansiedade. [Comentário do professor]: Atuam mais rápido; meia vida plasmática menor; menos efeitos colaterais; atuam mais rápido e acabam os efeitos mais rápido. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 26 MECANISMO DE AÇÃO • Necessitam da liberação do ácido gama-aminobutírico (GABA), um neurotransmissor endógeno específico: - A liberação dentre mediador químico tem por objetivo controlar as reações somáticas e psíquicas aos estímulos geradores do estresse. - Potencializam o efeito do GABA na inibição das sinapses neuronais. • Pode ser Considerado como o “calmante ou ansiolítico natural do organismo”. [Comentário do professor]: Os benzodiazepínicos não acalmam propriamente dito, eles atuam potencializando o GABA, que é um calmante natural. O GABA demora muito para acalmar sozinho. É uma droga extremamente segura, só atuando em pessoas nervosas, pois todos produzem GABA, mas somente em situações de estresse. As vantagens dessas drogas? Acalmam o paciente reduzindo a dor. VANTAGENS DO USO Além de diminuir a ansiedade tornando o paciente mais cooperativo ao tratamento. Efeitos secundários: 1) Diminuem o metabolismo basal, retardando o metabolismo dos anestésicos locais, permitindo o uso destes em menor quantidade. Pois há menor fluxo cardíaco por estar mais calmo. 2) Reduzem o fluxo salivar e o reflexo do vômito – isso acaba reduzindo o reflexo de vômito. 3) Provocam o relaxamento da musculatura esquelética – por exemplo: paciente pode cansar a musculatura ao abrir a boca. Isso ajuda o paciente a ficar mais tempo com a boca aberta. 4) Em pacientes hipertensos ou diabéticos, ajudam a manter a PA e a glicemia em níveis aceitáveis; 5) Podem induzir amnésia anterógrada (não está dormindo, mas também não se lembra do procedimento): esquecimento dos fatos que se seguiram a um evento tomado como ponto referência. 6) Prevenção das chamadas situações de emergência (apnéia, desmaios, etc). EFEITOS COLATERAIS • Sonolência é o principal efeito colateral; • Outros efeitos: ataxia, confusão mental, visão dupla, depressão, cefaleia, aumento ou diminuição do libido, incoordenação motora, e em especial, farmacodependência, geralmente ocorrem em casos de tratamento prolongado. INDICAÇÕES Existem situações em que o CD pode e deve fazer uso de benzodiazepínicos: 1) Quando o quadro de ansiedade, apreensão e medo não é controlável somente pela tranquilização verbal ou outras técnicas de condicionamento psicológico; 2) Como medicação pré-anestésica (MPA) nas intervenções odontológicas mais invasivas, envolvendo maior grau de traumatismo, mesmo naqueles pacientes que apresentam estar tranquilos ou que normalmente são cooperativos. [Comentário do professor]: Endodontia, cirurgia, implantodontia. FA R M A C O LO G IAV it o r En ri q u e B in i 27 CONTRA-INDICAÇÕES 1) Gestantes (1o trimestre e ao final da gestação); 2) Dependes de outras drogas depressoras do SNC – pode haver parada cardiorespiratória; 3) Pacientes com hipersensibilidade (alergia) aos benzodiazepínicos. [Comentário do professor]: A gama de contra-indicações é muito pequena. Já a gama de precaução/restrição é maior. USO COM PRECAUÇÃO 1) Pacientes com tratamento com outras drogas com ação ano SNC – barbitúricos, anticonvulsionantes e anti-depressivos; 2) Mulheres em idade fértil; 3) Crianças com idade abaixo de cinco anos e idosos (acima de 65 anos), em virtude da maior incidência dos efeitos paradoxais. [Comentário do professor]: Desenvolveu efeito paradoxal manda-se o paciente embora. Paciente com fobia (grande trauma de dentista) usa-se uma dose na noite anterior e uma dose antes do procedimento. Para paciente normal usa-se uma dose 1 hora antes do procedimento. Ele pode ser associado com corticosteróide e anti- inflamatório no pós cirúrgico. Ë necessário de receita e notificação de receita para uso desses medicamento. USO DO MEDICAMENTO BENZODIAZEPÍNICOS MAIS COMUMENTE EMPREGADOS NA ODONTOLOGIA: Nome genérico Nome comercial Apresentação Dose usual diazepan vallum Comp. 5 a 10 mg Ampolas 10 mg Adultos – 5 a 10 mg Crianças – 0,1 a 3 mg/kg Lorazeoan lorax Comp. 1 a 2 mg Adultos – 1 a 2 mg Idosos – 0,5 a 1 mg Bromazepan lexotan Comp. 3 a 6 mg Adultos – 3 mg Idosos – 1,5 mg [Comentário do professor]: Sempre inicia-se pela menor posologia. Antes da cirurgia dá-se uma dose de diazepan 5mg. AULA 9 SITUAÇÕES ESPECIAIS: FÁRMACOS EM ODONTOLOGIA [Comentário do professor]: A partir de agora os 6 grupos de drogas serão aplicadas à pediatria. FÁRMACOS EM ODONTOPEDIATRIA • Lembre-se: A criança não pode ser tratada como um adulto pequeno, apesar de características semelhantes, deve-se observar as peculiaridades próprias da infância. • Dificuldade: Restrição quanto a pesquisa clínica em crianças. • Contato com o médico pediatra: pp em casos de doenças sistêmicas (ética e confiança). FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 28 [Comentário do professor]: A diferença para o adulto é a dosagem, que é menor. Isso se dá pela involução dos sistemas da crianças, ou seja, absorção, distribuição e metabolismo são diferentes. O trânsito gastrointestinal da criança é mais rápido, então o contato com o trato gastrointestinal vai ser reduzido. A absorção por conta disso será menor. O metabolismo e excreção vai ser diminuído (citocromo p450), demora mais para ser excretado, ou seja, a droga fica mais tempo no sangue. Por conta de cair no sangue ela vai ser metabolizada nos tecidos ativos. Os tecidos são mais susceptíveis a sofrer alterações, ou seja, maiores efeitos colaterais na criança. Por isso deve-se ter cuidado na prescrição dos medicamentos para crianças. FARMACOCINÉTICA: • Absorção: (reduzida) 1. Menores de 6 meses: variável devido velocidade de esvaziamento maior. 2. Aumento do trânsito intestinal até 2 anos. • Alteração da distribuição, devido maior quantidade de água relacionada à superfície corporal (principalmente em recém-nascidos). • Biotransformação dificultada: imaturidade sistemas enzimáticos hepáticos. • Excreção retardada: imaturidade renal, como ↓FG. [Comentário do professor]: A farmacologia para pediatria não é igual a do adulto, diferenciando na dosagem. A diferença é devido aos sistemas involuídos da criança (órgãos com diferenciação funcional). A absorção, distribuição, metabolismo são diferentes. O trânsito gastrointestinal da criança é mais rápido, então o tempo de contato da droga com o trato gastrointestinal vai ser menor; absorção reduzida. Distribuição vai estar alterada pois a quantidade de sangue na criança é menor (menos albumina). O órgão que metaboliza as drogas é o fígado; como a criança tem o fígado imaturo (produção de citocromo p450 menor), então a droga cai no sangue e demora muito mais para ser metabolizada na criança. Para ser excretado (rim imaturo) demora mais, deixando a droga mais tempo no sangue. Então, como a droga fica mais tempo no sangue e demora a ser metabolizada, ela vai ser metabolizada nos tecidos principais (objetivo) ou nos ativos? Nos ativos, gerando mais efeitos colaterais. Um pouco de droga na criança fica muito mais tempo nela. Os tecidos, como estão em desenvolvimento, estão mais susceptíveis a efeitos colaterais. Resumindo, toda farmacocinética está alterada na criança. O cálculo deve ser extremamente criterioso para criança. CÁLCULOS DE DOSES • Em crianças, a posologia deve ser criteriosamente calculada (Peso ou superfície corporal). • Não existem doses infantis padronizadas como para os adultos. • Quanto menor a criança, mais criteriosa deve ser a dose. [Comentário do professor]: O resultado do cálculo nunca pode ser maior que a dose do adulto. Principais parâmetros para definir a droga: peso e idade. Para farmacologia criança é até 12 anos e 30 kg. O mais importante é o peso e não a idade. Por exemplo, criança de 10 anos que pesa 35 kg, já recebe dosagem de adulto. Quais são os parâmetros para definir dose para uma criança: peso e idade. Uma criança é considerada até 12 anos e 30kg (segundo OMS). Qual é mais importante, idade ou peso? Peso. Exemplo, criança de 11 anos com 40kg recebe dose de adulto. 3 fórmulas (ou 3 fatores) devem ser usados. Um é extremamente difícil, que é o mais importante e melhor, pois é o mais criterioso, Superfície Corporal. Somente quem for fazer mestrado em pediatria irá fazer isso. Ela fica restrita a fins científicos. No consultório não se usará superfície corporal, mas sim o peso do paciente. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 29 CÁLCULOS DE DOSES Medicamentos sem doses definidas, principalmente medicamentos novos: • POR SUPERFÍCIE CORPORAL • Dose criança: Superf. Corporal criança X dose adulto Superf. Corporal adulto • Superfície corporal adulto = 1,73 m² (valor fixo) • Superf. Corporal = peso X 4 + 7 Peso + 90 [Comentário do professor]: O primeiro critério é o mais complexo: decorar a fórmula para fazer o cálculo. Usa- se mais esses cálculos em estudos de mestrado de pediatria. Medicamentos sem doses definidas, principalmente medicamentos novos no mercado. [Comentário do professor]: 3 fórmulas (ou 3 fatores) devem ser usados. Um é extremamente difícil, que é o mais importante e melhor, pois é o mais criterioso, Superfície Corporal. Somente quem for fazer mestrado em pediatria irá fazer isso. Ela fica restrita a fins científicos. No consultório não se usará superfície corporal, mas sim o peso ou idade do paciente. Lembrando, independente do fator que escolha (superfície corporal, peso ou idade) o cálculo nunca pode ser maior que a dose para adulto. Por exemplo: Clindamicina 300mg (adulto), então para a criança não pode passar de 300mg. Então, o cálculo da superfície corporal faz-se da seguinte maneira: Superfície corporal da criança, dividida pela superfície corporal do adulto, vezes a dose da adulto. “Mas não sei a superfície corporal da criança”, então, nesse caso, calculamos: peso da criança vezes 4 mais 7, dividido pelo peso da criança mais 90. Em exemplo: criança pesa 10kg. Calculando: Superf. Corporal = Peso X 4 + 7= 10 x 4 + 7 = 47 = 0,47 Peso + 90 10 + 90 100 Então 0,47 é a superfície corporal da criança. Mas a dose qual seria? Dose criança: Superf. Corporal criança X dose adulto = 0,47 x 300mg = 81,50mg Superf. Corporal adulto 1,73 Deve-se decorar as fórmulas. [Comentário do professor]: Qual se deve aprender então para usar no dia-a-dia do consultório? A mais importante e a mais fácil: regra de Clark (baseada no peso), onde a criança deve ter menos de 30kg, pois acima disso é considerado adulto. • POR PESO: ➢ Regra de Clark (< 30kgs): Dose pediátrica = dose do adulto x peso da criança (kg) 70kgs (peso padrão de homem de farmacologia) [Comentário do professor]: A dose da criança é o peso da criança vezes a dose do adulto dividido por 70. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 30 No exemplo usando Clindamicina 300mg com uma criança de 10kg. Dose pediátrica = dose do adulto x peso da criança (kg) = 300mg x 10kg = 42,85 mg 70kgs 70kg Então essa sim será usada no consultório.Mas caso não se saiba o peso da criança pode-se fazer o cálculo pela idade da criança. Se a criança tiver menos de um ano se usa meses para o cálculo, usando a regra de LAW. Se tiver mais de 1 ano se usa a Fórmula de Young. • POR IDADE: Regra de Law: (< 1 ano de idade) Dose pediátrica = idade da criança (meses) x dose adulto 150 [Comentário do professor]: É a idade da criança em meses vezes a dose do adulto dividido por 150. Exemplo onde a criança tenha 8 meses e seja usado Clindamicina 300mg. Dose pediátrica = idade da criança (meses) x dose adulto = 8 x 300 = 16mg 150 150 Somente se usa a regra de Law se a criança for menor de 1 ano. Fórmula de Young: (1 a 12 anos de idade) Dose pediátrica = idade criança (anos) x dose do adulto (idade criança + 12) [Comentário do professor]: Se a criança tiver mais de 1 ano usa-se a Fórmula de Young. É a idade da criança (em anos) vezes a dose do adulto dividido pela idade da criança mais 12. Criança com 8 anos e usando Clindamicina 300mg. Dose pediátrica = idade criança (anos) x dose do adulto = 8 x 300mg = 120mg (idade criança + 12) 8 + 12 [Comentário do professor]: Qual das duas é mais importante? A que calcula o peso, no caso de Clark. Mas melhor ainda é da superfície corporal, mas só é usada em mestrado e pesquisas científicas. A maior parte das drogas prescritas na pediatria quem calcula é a própria indústria. Por exemplo: paracetamol já vem calculada a dosagem no medicamento (1 gora por kg); então maioria das drogas já vem com cálculo. Então precisa usar as fórmulas para calcular? Não, somente para as que não vem com cálculo. Algumas drogas que já vem calculadas: dipirona, paracetamol, cataflan, ibuprofeno, amoxicilina, celestone, e até mesmo diazepan. Pouquíssimas são as drogas que precisam de cálculo: um exemplo é a clindamicina que necessita de cálculo; prednisona também. *PRESTAR ATENÇÃO nas pegadinhas do tipo: criança com 10 anos e é necessário se prescrever um paracetamol. Qual cálculo da dosagem? Não é necessário calcular pois já vem na bula, pois já vem calculado 1 gota por kg. Como saber quais vem com cálculo então? Será visto abaixo. (*** o maior problema na pediatria é a imaturidade dos órgãos, a droga ficará mais tempo no organismo causando mais efeitos colaterais). FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 31 MEDICAMENTOS DE USO MAIS FREQUENTE EM PEDIATRIA ANSIOLÍTICOS • Futuros bons pacientes odontológicos: criança com bom ambiente familiar, educação segura dos pais e com experiências previas satisfatórias em consultórios médicos e odontológico. • Medicação pré-anestésica: tem sido benéfica em casos de procedimentos cirúrgicos ou operatórios longos, em pacientes temerosos ou apreensivos e em crianças resistentes ou rebeldes. SEMPRE QUANDO EMPREGADAS, DEVE SER UTILIZADA COMO COMPLEMENTO E NÃO COMO SUBSTITUTO DAS ABORDAGENS PSICOLOGICAS TRADICIONAIS [Comentário do professor]: Em criança normalmente não se usa ansiolítico, e sim um condicionamento verbal. Ansiolítico é a última opção, sendo a primeira conversar com ele (condicionamento verbal). Caso a verbalização não resolva, parte-se para as drogas. A principal droga para criança é ansiolítico? Não, são outras drogas. Os ansiolíticos podem ser usados em casos de ansiedade generalizada ou dificuldade de compreensão (pacientes especiais); Quando os objetivos esperados não são atingidos, não adianta aumentar as doses, e sim optar por outro plano terapêutico, como a anestesia geral. OUTRAS DROGAS • Soluções orais de pimetixeno (Muricalm, Sonin): 1 gota/kg. • Dextroclorefeniramina (Polaramine): 1 a 2 colheres medida de 5 ml, 1 hora antes. • Outros neurolépticos e anti-histaminicos, sem confirmação cientifica de sua eficácia. • Não devem ser considerados como 1ª opção para sedação, a não ser que o pediatra relate que tenha tido experiências satisfatórias com estas drogas. ANSIOLÍTICOS BENZODIAZEPÍNICOS • Diazepan (Valium): efeitos superiores ao hidrato de cloral – propriedades ansiolíticas específicas. • Dose: 0,15 a 0,3mg/kg (VO), com efeitos observados de 45 a 60 minutos após a ingestão (max. 5mg). • Grande margem de segurança clínica: doses tóxicas: 30 a 40x maiores . • Desvantagens em crianças: tempo de duração de 6 a 8 horas – longo período de eliminação. [Comentário do professor]: Primeiro condicionamento verbal; não resolveu? Então se usa drogas mais inócuas: antistamínicos ou antierméticos. Caso não se possa usar esses medicamentos usa-se os benzodiazepínicos. Mas não é bom usar benzodiazepínicos pois causa efeito rebote (paradoxal), deixando a criança agitada. Dentre os FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 32 benzodiazepínicos, dois são mais indicados para criança: Diazepan e midazolan. O diazepan causa efeito paradoxal e possui longo período de eliminação, o rim demora a eliminar. Isso faz a criança dormir muito tempo, além de efeitos colaterais. Diazepan não se calcula, já vem na bula (0,15mg/kg), ou seja, não se usa nenhuma fórmula para calcular. Existe um “menos ruim” que o Diazepan, o Midazolan (Dormonid). A eliminação é muito mais rápida (2 a 3hs). Qual seria o cálculo para Dormonid? Nenhum, 0,2mg/kg. Se tem 20kg usa-se 4mg, por exemplo. BENZODIAZEPÍNICOS (continuação) • Midazolan (Dormonid): empregado por via parenteral para indução da anestesia geral ou em procedimentos ambulatoriais para diagnóstico. • Promissor na odontologia: ação em 15 a 20 min, meia vida plasmática curta, mas com inconveniente de induzir a criança ao sono. • Nos EUA, seu uso é restrito em ampolas (mistura-se ao suco de laranja). • Dose: 0,2 a 0,75mg/kg. [Comentário do professor]: Ansiolítico nunca primeira indicação.A primeira é condicionamento verbal. Não tem como condicionar? Usa-se então drogas mais inócuas. A criança nunca usou essas drogas ou não deu certo o uso (não deu sono), aí tenta-se ansiolítico. Diazepan pode ser usado, mas tem longa vida plasmática; Midazolan (Dormonid), melhor, vida plasmática menor. Ambos causam efeito paradoxal. Gerou efeito paradoxal dispensa-se o paciente. ANSIOLÍTICOS UTILIZADOS EM ODONTOPEDIATRIA • Diazepam Comp. 2,5, 5 e 10mg dose: 0,1-0,3mg/kg/dia 30-60 mins antes do procedimento. • Midazolam Comp. 15mg dose: 0,2-0,75mg/kg 10-30 mins antes do procedimento. Amp. 1 ou 5mg/ml 0,05-0,15mg/kg EV 1-3 mins antes do procedimento 0,5-1,0mg/kg IM / 5-10 mins antes do procedimento [Comentário do professor]: Segundo grupo de medicamentos: anestésicos. Não é falar da ação, mas das diferenças dos anestésicos para criança: os mais indicados, os menos indicados e por que. ANESTÉSICOS LOCAIS • Apesar de seu baixíssimo índice de mortalidade, a criança é o paciente com maior sensibilidade a esta droga. • Casos fatais: associados a doses excessivas em crianças. • Complicações: - Maior nível plasmático do sal anestésico e injeção intra-vascular. - Criança de 3,5 anos tem aproximadamente 1,5L de sangue e o adulto 6L de sangue. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 33 [Comentário do professor]: Nenhum CD tem receio de usar anestésico, mas tem de ansiolíticos. Por que? Quanto mais se usa mais displicente se fica. Então como o anestésico é mais comumente usado, causa falsa sensação de segurança, deixando o CD confiante no medicamento. Comparando os dois (anestésico e ansiolítico), o mais provável de provocar morte no paciente é anestésico. Nas crianças há muito mais chance de ter sequelas pela anestesia do que pelo ansiolítico. Enquanto um adulto tem 6 litros de sangue a criança tem 1 litro. 1 tubete no adulto vale 4 na criança (pois tem menos sangue); mas o rim e o fígado estão imaturos, então na verdade 1 tubete no adulto pode equivaler na criança a uns 6 ou 7. A dose máxima para criança é pequena. A criança, como está em desenvolvimento, às vezes, há alterações anatômicas ainda, e acaba-se anestesiando um vaso sanguíneo sem querer. Pode injetar nesse vaso causando problemas na criança, por exemplo. Então esse anestésico possui esse agravo ainda em relação ao ansiolítico. ANESTÉSICOS LOCAIS [Comentário do professor]: Até 10kg 1 tubete; 30kg 3,5 tubetes; 40kg 4,5 tubetes. Se tomar ansiolítico tem que reduzir 1/3 a dosagem. Essa dosagem citada é em anestésicos que não possuem vasoconstritor (adrenalina). Prilocaína se usa em casos de alérgicos a outros anestésicos, mas ela é contraindicada para criança, pois pode causar anemia grave (metemoglobinemia), podendo levar à morte. Além da prilocaína, existe outro contraindicado em criança, a Bupivacaína, pois favorece a auto mutilação, pois fica muito tempo no organismo, favorecendo a criança a morder a boca e com isso vai causando lesões, pois a mesma está anestesiada e não sente. ANESTÉSICOS LOCAIS Quando houver o uso de ansiolíticos ou sedativos a dose de anestésicos deve ser menor que a usual, pois as crianças são mais sensíveis às drogas depressoras do SNC (redução de 1/3 da dose) • Criança de 10kg: 1 tubete, 30kg: 3,5 tubetes, 40kg 4,5 tubetes (sem vasoconstritor – menos 30%) 1ª opção: lidocaína 2% com adrenalina 1 : 100.000 2ª opção: mepivacaína 2% com adrenalina 1:100.000 3ª opção: prilocaína 3% com felipressina 0,003 UI/mL Bupivacaína por ser de longa duração (7hs) é contraindicada pelo risco de traumatismo involuntários. Se utilizar anestésicos sem vasoconstritor – optar por mepivacaína 3%; sem vasoconstritor reduzindo a dose máxima a 30%. Bupivacaina não é indicado devido a possibilidade de automutilação, pois possui meia vida alta. [Comentário do professor]: O anestésico mais indicado para criança é a Lidocaína (e para adultos também). O problema é saber a quantidade a ser prescrita. Criança até 10kg: 1 tubete; 20kg: no máximo 2 tubetes; 30kg (já é adulto) no máximo 3 tubetes; isso se o anestésico tiver adrenalina (vasoconstritor), pois se for sem vasoconstritor reduz-se essa quantidade em 1/3. Uma criança de 10kg, por exemplo, usa 70% de um tubete sem vasocontritor. É o máximo que pode ser aplicado. Se a criança estiver tomando ansiolítico também se reduz em 1/3 a dose de anestésico. Se a criança não pode tomar lidocaína, qual a segunda opção para ela? Mepvacaína. Se não puder lidocaína e nem mepvacaína há um problema, pois a terceira opção já é uma contraindicação para a criança: prilocaína com felipressina. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 34 Para usar prilocaína deve haver alergia à lidocaína e mepvacaína, o que é raro. Então no último caso se utiliza prilocaína. A prilocaína pode causar na criança (principalmente no feto) anemia chamada metimoglobinemia. Além da prilocaína temos outro contraindicado em criança: a Bupivacaína. Ela dura bem mais (até 12hs). Então pode causar automutilação pois fica muito tempo anestesiado e quando vai comer morde lábios, língua e etc. Então a bupivacaína na criança dura 7hs na criança e em adulto 12hs. ANESTÉSICOS LOCAIS • A prilocaína 3% com felipresina deve ser evitada em crianças com anemia – risco de metemoglobinemia • Metomoglobinemia: distúrbio hematológico no qual a hemoglobina é oxidada a metemoglobina tornando-se incapaz de transportar oxigênio (cianose) • Prilocaína: aumenta a taxa de oxidação da hemoglobina • CARROLL 1) Conhecimento da solução anestésica 2) Usar anestésico com vasoconstritor 3) Evitar injeção intravascular 4) Injeção lenta 5) Usar menor volume e menor concentração 6) Redução da dose habitual para 1/3 • Bupivacaína por ser de longa duração (7hs) é contraindicada pelo risco de traumatismo involuntários. • Se utilizar anestésicos sem vasoconstritor – optar por mepivacaína 3% sem vasoconstritor reduzindo a dose máxima a 30%. Bupivacaina não é indicado devido a possibilidade de automutilação, meia vida alta. [Comentário do professor]: Terceiro grupo de drogas para crianças: analgésicos. ANALGÉSICOS • Não-opióides: devem ser prescritos em esquemas fixos por 24 a 48 horas, quando se prevê a ocorrência de dor, evitando-se o uso “se necessário”. • Analgésicos e antipiréticos de escolha: PARACETAMOL • Não usar por período maior que 5 dias. • Dose excessiva: hepatotoxicidade. [Comentário do professor]: Os mais usados em crianças é o periférico ou central? Periférico. Dentre os periféricos, salicilatos, paaraminofelonol, piralozona, qual o mais indicado? Paaraminofenol, desde que não ultrapasse 48hs. Lembrando que ele é o mais hepatotóxico de todos. Por isso ele deve-se ter critério muito grande na sua prescrição, pois pode causar hepatite na criança. FA R M A C O LO G IA V it o r En ri q u e B in i 35 ANALGÉSICOS • AAS: não é recomendado. [Comentário do
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